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A VOCAÇÃO MISSIONÁRIA
DA IGREJA
(At 13–17)
124
A fase decisiva da expansão do Evangelho teve início em Antioquia,
onde havia alguns profetas e doutores. Estes, orando e jejuando, foram
instruídos pelo Espírito Santo a separar de entre si a Paulo e Barnabé, e
enviá-los como missionários (13.1). Os acontecimentos, antes, tinham
como ponto de partida a cidade de Jerusalém; agora, tudo centralizava-se
em Antioquia.
Conquanto muitos judeus tivessem sido alcançados pelo
movimento, os avanços mais significativos aconteceram entre os gentios
e os pagãos. Cumpria-se, enfim, a Grande Comissão (Mt 28.19-20). O
Evangelho deixava de ser um dom judaico e tornava-se um patrimônio
outorgado por Deus a todos os povos. A Igreja adquirira uma visão
global da vontade de Jesus, que era de tornar a vontade salvadora de Deus
conhecida em todas as nações, tribos, povos e línguas.
Esboço da Lição
Objetivos da Lição
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TEXTO 1 | A PRIMEIRA VIAGEM MISSIO-
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
NÁRIA DE PAULO (AT 13,14)
(AT 13 E 14)
Estamos agora diante do missionário PAULO,
O Comissionamento de
homem que, diríamos, viveu intensamente o antes
Barnabé e Paulo (13.1-3)
e o depois. Isto é, antes, sem Cristo; depois, com
Dos cinco líderes da igreja de Antioquia Cristo. Dois períodos, dois nomes. No tempo
citados em Atos 13.1-3, apenas dois têm re- sem Cristo, ia de Tarso a Damasco. Era o valente
levância na Bíblia. Dos outros três não temos
SAULO. No tempo com Cristo, foi de Damasco a
informações suficientes, nem mesmo extra-
bíblicas, que nos forneçam um perfil deta-
Óstia (porto em Roma). Era o intrépido PAULO.
lhado. Os cinco são mencionados como se Lucas faz um registro de maneira sutil no Livro de
fossem os líderes da igreja, e nenhum outro Atos a respeito dos dois nomes do maior apóstolo
oficial é apresentado. Nesta passagem, Bar- de todos os tempos “Todavia, Saulo, também
nabé e Paulo estão sendo separados formal- chamado Paulo...” (At 13.9).
mente, pela imposição de mãos, para serem
os representantes da igreja. Voltando Barnabé e Saulo de Jerusalém
para Antioquia, levaram consigo João Marcos, o
A Missão a Chipre (13.4-12) sobrinho de Barnabé e, por algum tempo, conti-
Estamos no ano 45 da era cristã, inician- nuaram ministrando a Palavra de Deus à igreja
do a primeira viagem missionária de Paulo, naquela cidade. Além de Barnabé e Paulo, a Igreja
acompanhado de Barnabé. Começamos de Antioquia tinha mestres ilustres, como Lúcio de
indo a Chipre, e de lá até Perge, onde João
Cirene, Simeão por sobrenome Níger (Negro), que
Marcos abandona a equipe. Nesse ponto,
começa o que geralmente é chamado de
alguns comentadores cogitam ser Simão Cirineu,
“primeira viagem missionária” de Paulo. que na subida para o Calvário ajudou Jesus a levar
Dois fatos devem ser observados: Primeiro, a cruz (Lc 23.26), e Manaém, colaço (alguém que,
o percurso não era uma iniciativa pessoal de não sendo irmão consanguíneo, é amamentado
Barnabé e Paulo. A igreja dava suporte ao pela mesma mãe, ou seja, “irmão de leite”) de
seu trabalho, pois comissionara-os solene- Herodes Antipas.
mente e os enviara como seus representan-
tes. Segundo, Barnabé ainda era o líder da
empreitada. No início, seu nome permanece
Os primeiros missionários da Igreja
em primeiro lugar, embora Lucas logo mos-
Todavia, o Espírito Santo tinha outra obra a
tre uma tendência a dar destaque a Paulo.
Em Listra, Barnabé é tomado por Zeus (14.12)
realizar, pelo que orientou à igreja em Antioquia
e Paulo por Hermes – “porque ele era o prin- (possivelmente, através de um daqueles profetas) a
cipal orador”. Sem dúvida, foi em grande que separasse Barnabé e Saulo para executarem o
parte por esse motivo que Paulo tornou-se trabalho para o qual os chamara.
o principal alvo da oposição (At 14.19).
É bom lembrar aqui que Saulo já havia sido
Não está claro que Lucas pretendesse
organizar formalmente as viagens de Pau-
escolhido como apóstolo aos gentios, desde a sua
lo em três, como é habitualmente feito em conversão. É certo que ele se ocupou da tarefa de
nossos estudos. Contudo, esse é um bom doutrinar os gentios convertidos em Antioquia,
arranjo didático. Além disso, consideremos mas, nos planos de Deus, deveria seguir para além
das fronteiras da Síria.
Antioquia, onde ficaram, por algum tempo, Nesta passagem surge uma questão in-
ministrando a Palavra de Deus, contando teressante: o nome do apóstolo dos gen-
tios é registrado como Saulo e como Paulo.
também com a cooperação do sobrinho de
Por que? Orígenes, apoiado mais tarde por
Barnabé, que era Jerônimo, disse que Saulo adotou o nome
___a) Pedro. de seu famoso convertido, Sérgio Paulo,
como um conquistador tomaria para si o
___b) João Marcos.
nome de uma nação vencida. Mas esse
___c) Cláudio. argumento não tem qualquer base, prin-
___d) Lúcio. cipalmente se observamos o gênio forte
e impositivo de Paulo. Outros estudiosos
apontam que a mudança é porque Lucas
7.02 Mestres ilustres, como Lúcio de Cirene e estaria usando outra fonte de pesquisa, na
Simeão Níger, foram cooperadores junta- qual Saulo é chamado de Paulo. Esta expli-
mente com Barnabé e Saulo no ministério cação também não se sustenta diante da
da igreja em elevada qualidade historiográfica de Lucas.
buscasse justificar tal atividade sob a alegação de ser A aceitação da teoria da Galácia do Sul
conveniente, o efeito foi lamentável. Até Barnabé simplifica muito a leitura de Atos. O livro
estava decidido a seguir-lhe o exemplo. Paulo obviamente foca um dos estágios princi-
pais do trabalho missionário de Paulo. Ele
encarou o problema com energia, acusando franca-
fala da fundação de igrejas na Macedônia,
mente a Pedro de dissimulação. Sua repreensão Acaia e Ásia. Das epístolas, aprendemos
produziu um efeito salutar. Na assembleia de que havia também uma importante comu-
Jerusalém, que se seguiu, Pedro apoiou intransi- nidade cristã na Galácia. Paulo a visitara
gentemente a argumentação de Paulo. pelo menos duas vezes, e sua carta reflete
um conhecimento íntimo, que só poderia
Mas o problema levantado pelos judaizantes advir de um estreito relacionamento.
continuava fervilhando e tinha de ser resolvido para
evitar o risco de a Igreja ser dividida, logo no início, A Missão na Panfília do Sul
e ao Sul da Galácia
em dois grupos: um judaico e outro gentílico.
Chipre não era um território intocado
Para ajudar na solução de tão delicado para esses missionários cristãos; há outras
problema, a igreja de Antioquia enviou represen- referências no livro de Atos sobre as ativi-
tantes aos apóstolos e anciãos em Jerusalém. O dades dos judeus cristãos na ilha. Entre-
assunto foi discutido amplamente e, apesar dos tanto, o lugar para onde Paulo e Barnabé
se dirigem agora é um território completa-
argumentos do partido judaizante da igreja, preva-
mente novo. Ao saírem de Chipre, vão para
leceu o peso da influência de Pedro, apoiado por a parte continental da Ásia Menor. Essa vas-
Barnabé e Paulo, que narraram as bênçãos de Deus ta porção de terra na Anatólia terá grande
sobre a missão gentílica.
O discurso de Paulo
1 Ágora: praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica. Nor-
malmente, era um espaço livre de edificações, configurado pela presença de mercados e feiras
livres em seus limites, assim como por edifícios de caráter público. Enquanto elemento de cons-
tituição do espaço urbano, a Ágora manifestava-se como a expressão máxima da esfera pública
na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convivia
com o outro, onde ocorriam as discussões políticas e os tribunais populares: era, portanto, o
espaço da cidadania. Por este motivo, a Ágora (juntamente da pnyx, o espaço de realização das
assembleias) era considerada um símbolo da democracia direta e, em especial, da democracia
ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. A Ágora de Atenas, por
este motivo, também é a mais conhecida de todas as Ágoras nas cidades da Antiguidade.
EXERCÍCIOS
Associe a coluna “A” de acordo com a coluna “B”.
Coluna “A”
___7.16 Como se chamava o conselho que regia Atenas.
___7.17 Cidade grega reconhecidamente idólatra.