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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 12 – O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA


4º TRIMESTRE DE 2023 (At 11.19-26; 13.1-5)

INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre o padrão de missões à luz da Igreja de Antioquia; veremos algumas informações
gerais sobre essa importante congregação e sua atuação na obra evangelística; e, por fim, veremos as características de um
verdadeiro modelo de uma igreja missionária.
I – DEFINIÇÃO DO TERMO MODELO
1.1 Definição. O dicionarista Houaiss (2001, p.1941) informa que modelo é: “coisa ou pessoa que serve de imagem, for-
ma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo dado por uma pessoa, uma coisa que possui deter-
minadas características em mais alto grau”. No Novo Testamento uma das palavras que são traduzidas por modelo é o
termo: “tupos” que pode significar: (a) no sentido técnico: “modelo de acordo com o qual algo deve ser feito”; e, (b) num
sentido ético: “exemplo dissuasivo, padrão de advertência; exemplo a ser imitado; de pessoas que merecem imitação”
(1Tm 4.12; 2Tm 1.13; Tt 2.7).
II – A IGREJA DE ANTIOQUIA

2.1 Sua localização geográfica. A cidade de Antioquia da Síria destacada na atual lição (não confundir com Antioquia da
Psídia), era localizada às margens do rio Orontes, a uns 24 km do mar Mediterrâneo, fundada em cerca de 300 a.C, por
Seleuco Nicanor (chamado de Seleuco I), um dos generais de Alexandre, que lhe deu nome em honra a seu pai, Antíoco.
Chegou a ser a sede do legado imperial da província romana da Síria e Cilícia, e aparecia como a capital do Oriente, sendo
a terceira maior cidade do império romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. Antioquía era o
centro de adoração para vários cultos pagãos que promoviam a imoralidade sexual e outras formas de maldade comuns a
religiões pagãs, era famosa pelo culto a Dafne, cujo templo estava a uns 8 km da cidade. Também foi um centro comercial
vital, a porta ao mundo oriental (CHAMPLIN, 2004, p.195 - acréscimo nosso). Foi nesse contexto, que nasceu uma igreja
multicultu-ral e multirracial para liderar a obra missionária no mundo.

2.2 Sua fundação. Como igreja, Antioquia surgiu em decorrência do ministério de evangelistas anônimos. A perseguição
que explodiu na cidade de Jerusalém em virtude da morte de Estêvão (At 8.1-4), não fez a igreja retroceder, antes, saíram
pregando a Palavra de Deus: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminha-
ram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus” (At 11.19). Os
crentes dispersos, Judeus helenistas que haviam se convertido a Cristo, saíram pregando o evangelho aos gentios, alargan-
do as fronteiras geográficas e culturais. Esses missionários anônimos pregaram na Fenícia, que corresponde ao Líbano de
hoje; também pregaram em Chipre, a terra natal de Barnabé (At 4.36), chegando até Antioquia da Síria, imponente cidade
do império romano: “E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram
aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20).

2.3 Sua importância para o trabalho missionário. A igreja de Antioquía da Síria exerceu um papel muito importante no
I século da igreja primitiva. Ela foi a primeira igreja gentílica e foi ali onde os crentes foram chamados cristãos pela pri-
meira vez: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os
discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26). O trabalho prosperou, tendo de Deus a sua aprovação: “E a
mão do Senhor era com eles [...]” (At 11.21-a), confirmando a amplitude da graça divina, aumentando o número de genti-
os alcançados: “[...] e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.21-b), tornando-se pública e evidente a ação
graciosa de Deus: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé
até Antioquia, o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou [...]” (At 11.22,23). Em razão da sua posição
geográfica e sobretudo seu crescimento espiritual, a igreja de Antioquia adquiriu proeminência ao enviar missionários ao
mundo gentio. nesta cidade se deu o ponto de partida para as viagens missionárias. Sendo, portanto, uma cidade chave não
só para Roma, mas também para a igreja primitiva.

III – O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA


A igreja de Antioquia tornou-se um modelo não só de moralidade (o que se entende, em serem identificados por cristãos,
“parecidos com; ou pertencentes a Cristo”), como também de uma liderança estruturada (At 11.25,26; 13.1), um exemplo
de igreja altruísta e solidária, enviando donativos aos irmãos da Judéia (At 11.28-30), como igualmente se tornou um mo-
delo, de como deve ser a obra missionária e qual deve ser o perfil dos que trabalham nela.

3.1 Barnabé e Paulo serviam na Igreja Local (At 13.2). Lucas relaciona cinco homens que ministravam na igreja: Bar-
nabé (At 4.36,37; 9.27; 11.22-26); Simeão, que talvez fosse da África, uma vez que tinha o sobrenome “Niger” (ou “ne-
gro”); Lúcio de Cirene, que talvez tenha sido um dos fundadores da igreja em Antioquia (At 11.20); Manaém, um amigo
íntimo (ou talvez um irmão adotivo) de Herodes Antipas, que havia mandado matar João Batista; e, Saulo (Paulo), o último
da lista, mas que em breve estaria exercendo uma liderança proeminente na obra missionária. Todos estavam ligados à
igreja local e a serviço dela, como demonstração de seu compromisso com Deus. Ficando claro que antes de exercerem
missões transculturais estavam exercendo atividades numa igreja local, subordinadas a igreja mãe em Jerusalém com a sua
respectiva liderança apostólica e não à parte dela (.

3.2 Barnabé e Paulo foram separados pelo Espírito Santo para a obra missionária (At 13.2). Deus já havia chamado
Paulo para ministrar aos gentios (At 9.15; 21.17-21) e convocou Barnabé para que trabalhassem juntos. Enquanto a igreja
servia, o Espírito Santo tornou conhecida a sua vontade designando Barnabé e Saulo como missionários. O Espírito Santo
não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. O Espírito se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra, que ora e
jejua (At 13.2,3). O Espírito Santo fala por intermédio de homens (At 4.23), a igreja de Antioquia recebeu a mensagem,
que os conclamou a separar dois dos ativos obreiros para a tarefa por Deus conferida. Deus sempre se encarregará de mos-
trar e nomear por meio da liderança espiritual constituída, aqueles a quem o Senhor estabeleceu para tarefas específicas (At
8.39; 9.31; 10.19,44). Ao longo de Atos, Lucas ressalta que o Espírito Santo controla o trabalho missionário do começo ao
fim (At 1.8; 13.9; 15.8,28; 16.6,7; 20.28; 28.25).

3.3 Barnabé e Paulo tiveram a chamada reconhecida pela Igreja (At 14.26; Gl 2.9). A igreja confirmou seu chamado e
os enviou para o campo missionário. Faz parte do ministério do Espírito Santo, trabalhando por meio da igreja local, prepa-
rar e chamar cristãos para ir a outras partes e servir. Esse equilíbrio é sadio e evita ambos os extremos. O primeiro é a ten-
dência para o individualismo, pelo qual uma pessoa alega direção pessoal e direta do Espírito, sem nenhuma referência à
igreja. O segundo é a tendência para o institucionalismo, pelo qual todas as decisões são tomadas pela igreja sem nenhuma
referência ao Espírito. Apesar de não podermos negar a validade da escolha pessoal, ela só é sadia e segura quando vincu-
lada ao Espírito e à igreja através da sua liderança (At 14.28).

3.4 Barnabé e Paulo foram enviados pela Igreja em Antioquia (At 13.3). A despedida dos missionários foi precedida
por mais uma sessão de oração e jejum, tratando-se de um período de intercessão em prol da obra. Depois, os missionários
receberam a imposição das mãos, o que segundo Champlin (2002, p.258 - acréscimo nosso) era um método usado para a
consagração de pessoas às funções oficiais da igreja cristã, desde os tempos primitivos como uma forma de aprovação e
reconhecimento de alguém para uma tarefa específica (1Tm 4.14; 2Tm 1.6), como também pode indicar um ato de benção,
de concordância, de identificação com eles para o trabalho (At 6.6), enfatizando o compromisso da igreja na comissão dos
missionários, os recomendando à graça de Deus (At 14.26).

3.5 Barnabé e Paulo prestavam relatório a Igreja de Antioquia (At 14.24-28). Os missionários haviam passado em
vários lugares estratégicos, enfrentando muitos desafios, porém, cumpriam com êxito a obra que lhes fora confiado. Ao
regressarem, prestam contas das atividades realizadas, do sucesso da obra missionária. O testemunho é algo legítimo e
necessário para enco-rajar a igreja. A igreja estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço missionário. Paulo
e Barnabé rela-tam cuidadosamente não o que fizeram por Deus, mas o que Deus fez com eles e por eles: “E, quando che-
garam e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles e como abrira aos gentios a porta da fé”
(At 14.27), como também fortaleceu a comunhão com a igreja local: “E ficaram ali não pouco tempo com os discípulos”
(At 14.28). Não há trabalho missionário desconectado da igreja local (At 16.4). Eles se abastecem na comunhão da igreja e
também encorajam a igreja a estar ainda mais comprometida com a obra missionária.

CONCLUSÃO
O trabalho missionário possui uma motivação divina a ser realizado e um padrão a ser seguido. Como Igreja do
Senhor, sigamos firmes na realização em cumprir essa honrosa missão da evangelização mundial, seguindo os padrões de
Deus deixados pela sua Palavra.
REFERÊNCIAS

• KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos. Vol. 1. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
• PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
• STOTT, John. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra. ABU EDITORA.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• CHAMPLIN, Russel, Normam. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Vol. 3. HAGNOS.
• HOWARD, Marshall, I. Atos: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
• LOPES, Hernandes dias. Atos: A Ação do Espírito Santo na vida da Igreja. HAGNOS.

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