Você está na página 1de 12

Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.

br
ISSN 1519 9940

Quadro clínico de cães infectados naturalmente por Leishmania chagasi em uma área
endêmica do estado da Bahia, Brasil

Clinical profile of naturally infected dogs from an endemic area for “Leishmania chagasi”
(infantum) in Bahia State, Brazil

AGUIAR, Paulo Henrique Palis 1; SANTOS, Silvana Ornelas 2; PINHEIRO, Alisson


Azevedo 2; BITTENCOURT, Diana Velloso Vianna 2; COSTA, Rafael Lyra Gaspar 2;
JULIÃO, Fred da Silva 2; SANTOS, Washington Luis Conrado 3; BARROUIN-MELO, Stella
Maria 1

1-
Departamento de Patologia e Clínicas, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil.
2-
Laboratório de Infectologia Veterinária, Escola de Medicina Veterinária, UFBA, Brasil.
3-
Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia, FIOCRUZ, Brasil.
*
Endereço para correspondência: sicavet@yahoo.com.br

RESUMO SUMMARY

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma The purpose of this study was to report a
zoonose de importância em Saúde Pública, causada description of the clinical profile of naturally
no Novo Mundo pela Leishmania chagasi e é infected dogs from an endemic area for Leishmania
associada a uma doença sistêmica crônica à qual se chagasi (infantum)-caused visceral leishmaniosis in
atribui uma gama variada de sinais clínicos. Foram Brazil, where a wide range of clinical signs are
examinados 61 cães, identificados como attributed to the infection in dogs. Sixty one dogs,
soropositivos pelo teste ELISA indireto para seropositives for anti-L. chagasi antibodies by
anticorpos anti-Leishmania, provenientes do ELISA, from the urban and peri urban areas of
município de Jequié, área endêmica para LVC na Jequie, in Bahia State were studied. Each clinical
Bahia, tendo-se como o objetivo delinear o perfil sign of disease was recorded. Parasitological
clínico dos animais infectados. Os caninos foram diagnosis of Leishmania infection was positive by
submetidos ao exame físico e estudo parasitológico culture of spleen aspirated samples in 21.3 %
por cultivo do parasito em amostras de aspirado (13/61) seropositive dogs, although all of them
esplênico. Todos os cães foram classificados como (100%) were defined as symptomatic by physical
sintomáticos, sendo 13 positivos ao exame examination. A positive statistical correlation was
parasitológico. Foi encontrada correlação entre os found between seropositivity with high levels of
resultados positivos de cultura esplênica e a optical density (above 1.0) in ELISA and presence
densidade óptica obtida no ELISA dos cães of parasites in culture of spleen aspirates (r=0.8555;
estudados (r=0,8555; p=0,00327) e entre os p=0.00327), cutaneous disease (p=0.0402),
resultados de ELISA e a presença de alterações conjunctivitis (p=0.050), enlargement of spleen
cutâneas (p=0,0402), conjuntivite (p=0,050), (p=0.0272) and lameness (p=0.0256). A tendency
esplenomegalia (p=0,0272) e dificuldade de of lowered red blood cell counts was also found
locomoção (p=0,0256), além de tendência à among animals with higher seropositivity. The
redução no número de hemácias nos animais. group of animals with positive parasitological tests
Observaram-se positividade na cultura e alterações presented more mucosal lesions (p=0.0106), apathy
das mucosas (p=0,0106), apatia (p=0,0469), (p=0.0469), and leucocytosis with left deviation
aumento de bastonetes (p=0,0224) e leucocitose (p=0.0224). The conjunct of clinical alterations
com desvio à esquerda. O conjunto de sinais associated to positive serological or parasitological
clínicos encontrados mostrou-se equivalente aos diagnosis for Leishmania chagasi infection were
sinais descritos na literatura em cães infectados por similar to the reported signs of disease caused by L
L. infantum e L. donovani nos países do velho infantum and L. donovani in Old World countries.
mundo.
Key words: dog, clinical profile, Leishmania
Palavras-chave: cão, Leishmania chagasi, perfil infantum/chaga,
clínico

283
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

INTRODUÇÃO A LVC é considerada uma doença


imunomediada, devido à capacidade do
parasito de modificar o sistema
Atualmente, a leishmaniose encontra-se imunológico do hospedeiro (PINELLI et
entre as seis endemias consideradas al., 1994). O parasito multiplica-se dentro
prioritárias no mundo (BRASIL, 2003). No dos macrófagos, causando uma inflamação
Brasil, onde ocorrem cerca de 90% dos crônica associada à intensa resposta
casos de leishmaniose visceral (LV) policlonal de células B. A
humana relatados nas Américas Central e hipergamaglobulinemia resultante leva á
do Sul, cães domésticos e raposas deposição de imunocomplexos e á ativação
(Cerdocyon thous e Dusycion vetulus) são do sistema complemento nos tecidos, que
considerados os principais reservatórios culmina com vasculite, uveíte, artrite,
naturais do parasito (DEANE et al., 1955; dermatite e, especialmente
COURTENAY et al., 1996). A doença é glomerulonefrite e falha renal (LOPEZ et
causada pela Leishmania infantum, na al., 1993; IKEDA et al., 2003).
Europa, e pela Leishmania chagasi, nas O quadro clínico que se segue é grave,
Américas, sendo ambas pertencentes ao comprometendo a sobrevida do cão e o
complexo Leishmania donovani (WHO, tratamento com antimoniais e outros
1990). Alguns estudos indicam que a fármacos freqüentemente resulta em falha
introdução do parasito nas Américas (AMUSATEGUI et al., 1998). O período
deveu-se à colonização européia, uma vez de incubação da infecção até o
que há evidências de que L. chagasi e L. aparecimento dos sinais pode levar de
infantum pertençam à mesma espécie poucos meses a anos (PARANHOS-
(MAURÍCIO et al., 2001). O parasito é SILVA et al., 1996). Os cães infectados
transmitido para o homem e para os pela Leishmania chagasi apresentam um
animais através da picada de mosquitos do espectro de características clínicas, que
gênero Lutzomyia no Novo Mundo e varia do aparente estado sadio à caquexia
Phlebotomus no Velho Mundo no estágio final. A infecção evolui para os
(CIARAMELLA et al., 1997). estados latente ou patente que, por sua vez,
A infecção canina no Brasil coexiste com a em períodos variáveis de semanas, meses
doença humana em todos os focos ou anos, podem evoluir para a forma
conhecidos. Do ponto de vista aguda, subaguda, crônica ou regressiva
epidemiológico, a doença canina é (MARZOCHI et al., 1985).
considerada de grande importância, pois há Os estudos clínicos reportados em vários
um grande contingente de animais países na Europa e nas Américas não
assintomáticos albergando parasitos na identificam predisposição racial, apesar de
derme (MARZOCHI et al., 1985). Casos haver aparente predominância de raças de
de LV humana e LV canina já foram grande porte, utilizadas com certa
notificados em 19 estados brasileiros, freqüência em atividades realizadas no
sendo as principais áreas endêmicas ambiente externo, como caça ou guarda,
localizadas no Nordeste (MOURA et al., estando esses animais naturalmente mais
2002). Medidas profiláticas de controle expostos aos vetores da infecção. Nesse
vêm sendo aplicadas nas áreas de risco, contexto, não foi verificada predisposição
observando-se o declínio da LVC em associada à idade ou gênero
alguns anos, porém, desde 1988, a doença (ABRANCHES et al., 1991; KOUTINAS
encontra-se em franca expansão, et al., 1995; FRANÇA-SILVA et al.,
principalmente em áreas suburbanas dos 2003).
municípios localizados nas regiões O diagnóstico clínico da leishmaniose
sudoeste, centro-oeste e norte do estado da canina pode ser difícil devido à grande
Bahia (BRASIL, 2003). variedade de sintomas clínicos. Alguns

284
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

sinais podem ocorrer de forma semelhante imunohistoquímica ou a reação em cadeia


ou concomitante com outras doenças da polimerase (PCR).
infecciosas ou linfoproliferativas Não há sinais clínicos marcadores de risco
(SLAPPENDEL & GREENE, 1990; que permitam determinar se um indivíduo
ABRANCHES et al., 1991; KONTOS e infectado poderá evolução da doença,
KOUTINAS, 1993). De modo geral, os permitindo assim uma intervenção. Neste
animais desenvolvem um processo estudo, foram classificados uma série de
debilitante, crônico, com achados clínicos em cães de uma área
linfoadenomegalia generalizada, anemia, endêmica no estado da Bahia, segundo
lesões cutâneas ulcerativas ou parasitismo esplênico e soropositividade
descamativas e glomerulonefrite com para anticorpos anti-Leishmania, sendo
proteinúria. Blefarite, úlcera e edema de traçados perfis clínicos equivalentes a
córnea, conjuntivite e uveíte são comuns. marcadores clínicos, utilizados no
Sinais inespecíficos como perda de peso diagnóstico precoce da doença.
progressiva, apesar de apetite normal, e
distúrbios locomotores associados à
fraqueza muscular são também comumente MATERIAL E MÉTODOS
relatados. A suspeita clínica da infecção é
mais facilmente levantada e confirmada
quando o animal apresenta O município de Jequié apresenta uma série
simultaneamente vários sinais, mas quando de aspectos que caracterizam o caráter
há envolvimento de apenas um sistema ou endêmo-epidêmico da LVC na região. São
quando ocorrem lesões atípicas ou observados: crescente número de casos da
incomuns, o diagnóstico torna-se bastante doença em áreas de ocupação recente pelo
difícil. A presença de proteinúria e estabelecimento de aglomerados
alterações nas proporções de proteínas habitacionais, a interferência no equilíbrio
plasmáticas pela eletroforese, como a ecológico pelo deslocamento e/ou extinção
hiperproteinemia com hipoalbuminemia e da fauna pela destruição dos habitats
elevação das frações alfa-2, beta e naturais. A área localiza-se no sudoeste do
gamaglobulinas são dados que orientam, Estado da Bahia, sendo seu principal
mas não definem o diagnóstico. município Jequié, que dista 189 km da
Testes sorológicos têm sido utilizados para capital situada a 13º 52’ S e 40º 04’ W.
detecção de anticorpos específicos, entre Com população total de 147.115 habitantes
eles, a imunofluorescência indireta (IFI) em 2000, sendo que 130.207 (88,51%)
(ABRANCHES et al., 1991; PARANHOS- vivem em áreas urbanas e 16.908 (11,49%)
SILVA et al., 1996), o ensaio em áreas rurais. A região é entremeada por
imunoenzimático (ELISA) (DYE et al., pequenas serras e morros, recobertos de
1993; BADARÓ et al., 1996) e a vegetação do tipo higrófilo-megatérmico,
aglutinação direta (DAT) (DYE et al., representada por caatingas e capoeiras,
1993; FERRER et al., 1995). A experiência com poucas áreas cobertas por floresta
clínica, em países onde a doença é tropical ou mata. A região apresenta clima
endêmica, demonstra que alguns animais tropical semi-árido, com temperatura
infectados apresentam respostas negativas média anual de 24 ºC e pluviosidade anual
à sorologia (FERRER et al., 1995; de 500 mm. Além da precipitação de chuva
Paranhos-Silva et al., 1996). Reações ser muito baixa, a zona é periodicamente
cruzadas com outras infecções nos testes assolada pelas secas. Este estudo foi
sorológicos, comumente, tornam realizado em parceria com o Centro de
necessária a confirmação da infecção com Referência em Doenças Endêmicas Pirajá
outros métodos, como o cultivo, a da Silva, o CERDEPS/PIEJ – SESAB
(Secretaria da Saúde do Estado da Bahia)
onde desenvolvem-se atividades de
285
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

prevenção e controle da leishmaniose linfonodos e do baço, além de histórico e


tegumentar e visceral. A partir do estudo evidências clínicas de outras infecções
epidemiológico realizado por Paranhos- foram detalhadamente pesquisados.
Silva et al. (1996), na cidade de Jequié, a Amostras de sangue com EDTA foram
prevalência estimada da doença situa-se obtidas para realização de hemograma de
em torno de 20%. O município foi todos os animais estudados por punção na
subdividido em áreas urbanas e veia cefálica (5,0 mL de cada animal).
periurbanas habitadas em 140 clusters de Amostras foram também coletadas sem
0,25 km2. Neste trabalho foi estudado o anti-coagulante para separação de soro
bairro de Vera Cruz, sendo realizadas duas para teste sorológico.
intervenções com intervalo de um ano, em O sorodiagnóstico da infecção para
que os cães foram selecionados pesquisa de anticorpos anti-Leishmania por
aleatoriamente, incluindo-se animais meio de ELISA indireto, utilizando-se
domiciliados e errantes. antígenos solúveis de L. chagasi, em
Foi realizado um censo completo na área método descrito previamente (Paranhos-
escolhida, em um estudo de coorte Silva et al., 1996) foi realizado no
transversal pelo método ELISA indireto Laboratório de Infectologia Veterinária
para anticorpos anti-Leishmania voltado à (LIVE – Escola de Medicina Veterinária –
identificação dos grupos soropositivos e UFBA). Para obtenção do antígeno, foi
soronegativos provenientes do município utilizado um cultivo obtido a partir de
de Jequié (PARANHOS-SILVA et al., isolado local de Leishmania, caracterizado
1996). Os animais soropositivos foram como L. chagasi por técnica de
submetidos à punção esplênica para identificação isoenzimática e comparação
realização do diagnóstico parasitológico e com uma cepa de referência (LTCC -
subdivididos em dois novos grupos: Leishmania Typing Culture Collection -
animais parasitologicamente positivos e WDCM731). O antígeno se consistiu na
negativos em cultura. Os animais de cada fração solúvel (sobrenadante resultante de
grupo foram avaliados e os achados centrifugação a 10.000 g durante 30
clínicos catalogados em fichas clínicas minutos) de um lisado total de formas
individuais. De acordo com as normas da promastigotas do parasito. Todos os testes
Vigilância Sanitária do município, os cães foram feitos em triplicata e os valores
soropositivos foram sacrificados e os médios de densidade óptica (DO) acima do
soronegativos mantidos em domicílios e ponto de corte foram considerados
acompanhados por um período de um ano, resultados positivos. A determinação dos
sendo realizada posteriormente uma nova valores de DO para ponto de corte foi feita
triagem sorológica e parasitológica. Todos utilizando-se a curva ROC (Receiver
os procedimentos descritos, envolvendo Operating Characteristics), desenhada com
animais, estão de acordo com as normas os valores de absorvância obtidos com os
definidas pelo comitê de Ética em soros de 30 cães comprovadamente
Experimentação Animal da Fundação positivos para infecção por L. chagasi, em
Oswaldo Cruz, Bahia, Brasil. testes sorológico e parasitológico, e de 71
Todos os cães foram examinados para cães sadios, não infectados provenientes de
verificação e catalogação quantitativa e áreas não-endêmicas segundo Griner et
qualitativa de alterações clínicas. al.(1981).
Alterações cutâneas, na cor e integridade Os animais foram tranqüilizados por meio
das mucosas, crescimento anormal das de uma injeção intravenosa com 0,5 mg/kg
unhas, alterações oculares e palpebrais, de acepromazina e posicionados em
presença de secreções anormais, perda de decúbito lateral direito. A epilação foi
peso, alterações comportamentais e do realizada no local da punção e a anti-sepsia
estado geral, alteração no tamanho dos com solução a 0,5 % álcool-iodado. A

286
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

punção esplênica foi realizada no flanco positivos de cultura esplênica e a


esquerdo dos animais, um pouco abaixo da densidade óptica obtida no ELISA dos cães
última costela, utilizando-se agulha 40 x 12 estudados (r=0,8555; p=0,00327).
mm e seringa de 10 mL (Barrouin-Melo et Os animais foram divididos em dois
al., 2006). As amostras (100 a 200 µL) grupos, de acordo com os resultados do
foram colocadas, em cultivo, em um meio teste sorológico e parasitológico em: grupo
bifásico contendo 1,5 mL de meio sólido 1 (13 cães ELISA positivo e parasitológico
(ágar-sangue) acrescido com 2 mL de meio positivo) e grupo 2 (48 cães ELISA
Schneider’s (Sigma, USA) e suplementado positivo e parasitológico negativo).
com 20 % de soro bovino fetal (Sigma, Todos os animais estudados foram
USA). As amostras foram mantidas em classificados como sintomáticos por meio
cultivo a 23°C e examinadas semanalmente da avaliação clínico-patológica para
sob microscopia óptica durante um mês. estabelecimento dos padrões de resposta
Foi analisada a correlação entre os sinais orgânica à infecção e alterações clínicas.
clínicos apresentados e a técnica ELISA e Os animais estudados apresentaram
cultura de parasitos, sendo os dados condições clínicas que variaram de
obtidos avaliados estatisticamente pelo oligossintomático (39/61, 65% cães -
método Qui-quadrado, através do aqueles com três sinais clínicos no
programa SPSS (versão 10), considerando- máximo, incluindo pêlos opacos e/ou
se um intervalo de confiança de 95% (p< alopecia localizada e/ou perda de peso
0,05). moderada) a polissintomáticos (21/61, 35%
cães - aqueles com sinais clínicos
característicos da leishmaniose visceral,
RESULTADOS E DISCUSSÃO tais como pêlos opacos, perda de peso
severa, onicogrifose, lesões cutâneas,
apatia e ceratoconjuntivite).
Um total de 61 cães identificados como O conjunto de sinais clínicos encontrados
soropositivos pelo teste ELISA, indireto mostrou-se equivalente aos sinais descritos
para anticorpos anti-Leishmania, foram na literatura relativa a cães infectados por
examinados clínica e parasitologicamente, L. infantum e L. donovani em países do
sendo 24 cães selecionados no primeiro velho mundo. A distribuição de cães com
inquérito sorológico e 37 no segundo. O parasitismo comprovado entre os grupos de
teste ELISA indireto identificou cães que cães soropositivos com diferentes
apresentaram resposta humoral específica condições clínicas está demonstrada na
contra os antígenos de Leishmania Tabela 1.
presentes na fração solúvel, estando de Os principais sinais clínicos observados
acordo com a prevalência estimada de nos animais com positividade aos
23,5% para a área estudada, como citado resultados de ELISA foram alterações
anteriormente por Paranhos-Silva et al. cutâneas (p=0,0402), conjuntivite
(1996). (p=0,050), esplenomegalia (p=0,0272) e
Os exames parasitológicos por cultivo de dificuldade locomoção (p=0,0256).
aspirados esplênicos dos animais Observou-se também uma tendência à
soropositivos identificaram parasitos em redução no número de hemácias nos
13 cães (13/61, 21,3%). Observou-se uma animais.
correlação significativa entre os resultados

287
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

Tabela 1. Achados clínicos observados em animais soropositivos para anticorpos anti-L.


chagasi em relação a positividade no teste parasitológico

Grupo 1 (13 cães) ELISA Grupo 2 (48 cães) ELISA


Sinais clínicos observados positivo /Cultura positiva positivo/Cultura negativa
% Animais
Emaciação 61,6 27,1
Febre 69,2 39,6
Apatia 46,2 16,7
Anemia 46,2 20,8
Linfoadenomegalia 38,5 62,5
Esplenomegalia 23,1 14,6
Alterações Cutâneas 100,0 100,0
Alterações Oculares 53,9 41,7
Alterações Locomotoras 23,1 8,3
Alterações Neurológicas 30,8 8,3
Alterações Digestivas 38,5 45,8

Nos animais positivos para o exame pelo estímulo da matriz ungueal pelo
parasitológico, constatou-se a ocorrência parasito, ou pela apatia do cão, que leva a
dos seguintes sinais clínicos: alterações de uma diminuição do desgaste natural das
mucosas (anemia) (p=0,0106), apatia unhas (SILVA et al., 2001).
(p=0,0469) e aumento de bastonetes De fato, o perfil dos cães examinados no
(p=0,0224). Com base nos resultados de presente estudo caracteriza uma população
hemograma, foi observada uma correlação de área endêmica para leishmaniose
entre leucocitose (r=0,4873, p< 0,0362) e visceral canina. Os achados clínicos
os achados de cultura positiva. obtidos assemelham-se aos achados
Nos animais com sorologia e parasitologia reportados por outros autores em outras
positivas, observaram-se anemia (46,2% áreas endêmicas (ABRANCHES et al.,
dos animais), linfoadenomegalia (38,5%), 1991; BLAVIER et al., 2001; FRANÇA-
esplenomegalia (23,1%), alterações SILVA et al., 2003; BORJA-CABRERA et
oculares (caracterizadas por conjuntivite, al., 2004). A maior parte dos animais
ceratite, ceratoconjuntivite seca, blefarite e infectados apresentou sinais clínicos
uveíte em 53,9%), alterações locomotoras cutâneos, em mucosas, oculares e
(23,1%) e alterações cutâneas (100%) perioculares, assim como evidências de
(Tabela 1). A presença de uma ou mais anemia que os animais soropositivos sem
alterações cutâneas caracterizadas por achados positivos em cultivos.
alopecia, despigmentação, descamação, Alguns sinais clínicos observados como
lesões ulcerativas, formação de nódulos ou problemas locomotores caracterizados por
pústulas particularmente no focinho e dificuldade de locomoção, claudicação,
lábios foram observadas em todos os atrofia muscular e intolerância ao
animais dos dois grupos estudados. exercício, assim como as alterações
Um percentual de 30,8% dos cães oculares, conjuntivite, edema de córnea e
apresentou onicogrifose, no presente opacidade da córnea, além das alterações
estudo. A maioria dos animais (50,1%) que cutâneas foram comuns nos animais
apresentaram crescimento exagerado das examinados no presente estudo, descritos
unhas demonstraram também emaciação, também por outros autores (KONTOS e
apatia e problemas locomotores. O KOUTINAS, 1993; LOPEZ et al., 1993).
crescimento anormal das unhas é explicado
288
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

No presente estudo, os linfonodos mais 1994) e pneumonite intersticial (DUARTE


comumente afetados foram os poplíteos e et al., 1986).
mandibulares. Outros autores citaram Na literatura, as alterações clínicas mais
predominância de linfoadenomegalia pré- comuns são: a diminuição da atividade
escapular (GÓMEZ NIETO et al., 1992). física, lesões de pele, perda de peso
Provavelmente esses sinais decorrem de progressiva apesar de apetite normal, sinais
um maior número de lesões cutâneas na de falha renal, epistaxe intermitente ou
região cranial dos animais. severa, lesões oculares e distúrbios
Palidez de mucosas e redução nas locomotores (SLAPPENDEL e GREENE,
contagens de eritrócitos no hemograma, 1990; ABRANCHES et al., 1991;
consistentemente encontrados nos animais KONTOS e KOUTINAS, 1993).
infectados no nosso estudo podem refletir Entretanto, nossos resultados indicam a
o comprometimento da capacidade de ausência de sinais clínicos característicos
reposição celular da medula óssea, já para a leishmaniose canina que possam ser
demonstrada na infecção canina por usados como um marcador clínico
Leishmania pela maioria dos autores específico para infecção, útil na elaboração
(KONTOS e KOUTINAS, 1993; LOPEZ do diagnóstico clínico. A enorme
et al., 1993; FONT, 1996). Achados variedade de sinais clínicos não específicos
hematológicos quantitativos, obtidos pelo torna as técnicas laboratoriais
hemograma fornecem subsídios indispensáveis para a obtenção de um
importantes quanto à resposta orgânica do diagnóstico preciso. Os sinais clínicos
cão portador de leishmaniose (IKEDA et podem ser influenciados por inúmeros
al., 2003). fatores tais como, raça dos animais, estado
Um problema significativo para o nutricional e doenças concomitantes que
diagnóstico clínico de leishmaniose canina podem afetar o curso da infecção nos
é o fato de que alguns sinais clínicos animais (SOLANO-GALLEGO et al.,
podem surgir em inúmeras outras doenças 2000; MORENO &ALVAR et al 1997).
infecciosas e em casos de desordens Os resultados de soropositividade sem
linfoproliferativas. Clinicamente a confirmação parasitológica em animais
leishmaniose canina se confunde com sintomáticos no presente estudo são
distúrbios auto-imunes sistêmicos e equivalentes aos achados de outras áreas
dermatológicos (lúpus eritematoso geográficas (DYE et al., 1993; PINELLI,
sistêmico) e com doenças como a et al., 1994; INIESTA et al, 2002;
cinomose, babesiose, hepatozoonose, REITHINGER et al., 2003 e RIERAA et
dirofilariose, trichuríase e ancilostomoses al, 2004). De fato os testes sorológicos
(KONTOS & KOUTINAS, 1993), utilizados para diagnóstico da infecção
leptospirose e brucelose (LOPEZ et al., podem apresentar tanto resultados falso-
1993) e erlichiose (FONT, 1996). Existem positivos, como em cães sadios que
relatos de casos demonstrando o entraram em contato com o parasito quanto
envolvimento da leishmania em quadros falso-negativos, como em cães afetados
patológicos como poliartrite (SPRENG, que não produziram anticorpos
1993; WOLSCHRIJN et al., 1996), (BONATES, 2003). Reações cruzadas
trombose vascular da aorta, artérias ilíacas, podem dever-se à existência de
veia cava e veias femurais (FONT et al., determinantes antigênicos e de proteínas
1993), pênfigo foliáceo (GINEL et al., comuns a parasitos como Tripanossoma
1993), coagulação intravascular cruzi, Leishmania chagasi e Leishmania
disseminada (FONT et al., 1994), colite brasiliensis (ALVES et al., 1998).
crônica (FERRER et al., 1991), A partir de dados fornecidos pelo Centro
hemangiosarcoma (MARGARITO et al., de Referência em Doenças Endêmicas
Pirajá da Silva (PIEJ), no município de

289
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

Jequié-BA, foi possível observar que as transmissão de homem para homem


ocorrências do número de casos de (ALVES et al., 1998; SILVA et al., 2001).
leishmaniose caninas e humanas Vários estudos clínicos, descrevendo
apresentaram oscilações durante o período aspectos clínicos de cães portadores de
de 1998 a 2005. Essas oscilações podem infecção natural por leishmania foram
ser atribuídas a mudanças nos fatores produzidos na Europa, onde a L. infantum
ecológicos, como o desmatamento da é o agente etiológico da doença (MATHIS
cobertura vegetal original, interferência no & DEPLAZES, 1995; REALE et al.,
equilíbrio ecológico causando 1999). Há evidências de que L. chagasi e
deslocamento e/ou extinção da fauna pela L. infantum sejam a mesma espécie de
destruição dos habitats naturais, as Leishmania (MAURICIO et al., 2001),
transformações do ambiente provocadas provavelmente introduzida no Continente
pelo processo migratório, à urbanização Americano durante a colonização por
crescente e o esvaziamento rural. Além de países da Europa. De fato, a maioria dos
mudanças nos fatores climáticos como, as achados clínicos reportados em estudos
secas periódicas e o efeito do El Niño, o clínicos realizados com cães em países da
qual comprovadamente tem efeito sobre o América se sobrepõem aos achados em
ciclo de incidência anual da LVC no estudos europeus. Entretanto, pode haver
Brasil, promovendo a redução da mesma. variações na patogenicidade de isolados de
O El Niño provoca impactos sobre a Leishmania, associados à LVC, em
dinâmica das populações humana, animal diferentes áreas geográficas, como
(canídeos, roedores, entre outros) e dos sugerem alguns trabalhos, que
vetores. Para diminuir o impacto demonstraram que potenciais de
provocado medidas preventivas são disseminação e lesão em diferentes áreas
tomadas, como melhoria da infra-estrutura, corporais podem ser devidos a diferentes
controle de doenças e de vetores, zymodemas expressos por isolados de L.
reduzindo dessa forma ainda mais o risco infantum (ALVAR et al., 1997;
epidêmico (FRANKE et al., 2002). A SULAHIAN et al., 1997). Da mesma
disseminação e a manutenção da forma, algumas diferenças foram
leishmaniose humana têm sido atribuídas verificadas na distribuição de parasitos em
ao reservatório canino, e o controle da infecções por isolados variados de L.
LVC no Brasil enfatiza a eliminação de chagasi (NOYES et al., 1997).
cães soropositivos. Segundo Ribeiro e
Michalick (2001), em estudos controlados,
a propagação da leishmaniose não foi AGRADECIMENTOS
significativamente afetada pela eliminação
dos cães soropositivos, o que foi Agradecemos ao suporte do Conselho Nacional de
confirmado no nosso trabalho. Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);
Em outras áreas endêmicas do estado da FAPESB ao Programa de Iniciação Científica
Bahia, casos humanos de LV nunca foram (PIBIC)-UFBA; ao CPqGM - FIOCRUZ
(Fundação Oswaldo Cruz) e a Eliane Góes
observados em locais com alta Nascimento do Centro de Referência em Doenças
soroprevalência canina (PARANHOS- Endêmicas Pirajá da Silva, CERDEPS / PIEJ,
SILVA et al., 1996). No Ceará, SESAB – Jequié-BA.
evidenciaram parasitismo na pele de 40%
dos pacientes infectados, provando que o
dermato-tropismo ocorre em L. chagasi e REFERÊNCIAS
pode ser freqüente na LV humana tropical,
pois os parasitos na pele podem agir como
fonte de infecção, permitindo a ABRANCHES, P.; SILVA-PEREIRA, M.
C.; CONCEICAO-SILVA, F. M.;

290
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

SANTOS-GOMES, G. M.; JANZ, J. G.. polysymptomatic animals. The Veterinary


Canine leishmaniasis: pathological and Journal, n.171, p..331-339, 2006.
ecological factors influencing transmission
of infection. The Journal of Parasitology, BLAVIER, A.; KEROACK, S.;
n.77, p.557-561, 1991. DENEROLLE, P.; GOY-THOLLOT, I.;
CHABANNE, L.; CADORE, J. L.;
ALVAR, J.; CANAVATE, C.; BOURDOISEAU, G. Atypical forms of
GUTIERREZ-SOLAR, B.; JIMENEZ, M.; canine leishmaniosis. The Veterinary
LAGUNA, F.; LOPEZ-VELEZ, R.; Journal, n. 62, p.108-20, 2001.
MOLINA, R.; MORENO, J. Leishmania
and human immunodeficiency virus BONATES, A. Leishmaniose visceral
coinfection: the first 10 years. Clinical (calazar). Vet News, v. 61, p. 4 -5, 2003.
microbiology reviews, n.10, p.298-319,
1997. BORJA-CABRERA, G. P.; MENDES A.
C.; SOUZA, E. P.; OKADA L. Y. H.;
ALVES, A. L.; BEVILAQUA, C. M. L.; TRIVELLATO F. A. A.; KAWASAKI, J.
MORAES, N. B.; FRANCO, S. O. K.; COSTA, A. C.; REIS, A. B.;
Levantamento epidemiológico da GENARO, O.; BATISTA, L. M.;
leishmaniose visceral em cães vadios da PALATNIK, M.; PALATNIK-DE-
cidade de Fortaleza, Ceará. Ciência SOUSA, C. B. Effective immunotherapy
Animal, v.8, n.2, p.63-68, 1998. against canine visceral leishmaniasis with
the FML-vaccine. Vaccine, n.2, p.2234-43,
AMUSATEGUI, I.; SAINZ, A.; 2004.
TESOURO, M. A. Effects of antimonial
therapy for canine leishmaniasis on BRASIL. Ministério da Saúde.
antibody titer. Annals of the New York Departamento de Vigilância
Academy of Sciences, n.29, p.44-46, Epidemiológica. Manual de vigilância e
1998. controle da leishmaniose visceral,
Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
BADARÓ, R.; BENSON D.; EULALIO,
M.C.; FREIRE, M.; CUNHA, S.; CIARAMELLA, P.; OLIVA, G.; LUNA,
MARTINS NETTO, E. M.; PEDRAL- R. D.; GRADONI, L.; AMBROSIO, R.;
SAMPAIO, D.; MADUREIRA, C.; CORTESE, L.; SCALONE, A.;
BURNS, J. M.; HOUGHTON, R. L.; PERSECHINO, A. A retrospective clinical
DAVID, J. R.; REED, S. G. rK39: A study of canine leishmaniais in 150 dogs
cloned antigen of leishmania chagasi that naturally infected by Leishmania infantum.
preticts ative visceral leishmaniasis. The The Veterinary record, n.41, p..539-543,
Journal of Infectious Diseases, n.173, 1997.
p.758-761, 1996.
COURTENAY, O.; SANTANA, E. W.;
BARROUIN-MELO, S. M.; JOHNSON, P. J.; VASCONCELOS, I. A.;
LARANJEIRA, D. F.; ANDRADE VASCONCELOS, A. W. Visceral
FILHO, F. A.; TRIGO, J.; JULIAO, F. S.; leishmaniasis in the hoary zorro Dusicyon
FRANKE, C. R.; AGUIAR, P. H. P.; vetulus: a case of mistaken identity.
DOS-SANTOS, W. L. C.; PONTES-DE- Transactions of the Royal Society of
CARVALHO, L. Can spleen aspirations be Tropical Medicine and Hygiene, n.90,
safely used for the parasitological p.498-502, 1996.
diagnosis of canine visceral leishmaniosis?
A stydy on assymptomatic and DEANE, L. M.; DEANE, M. P.;
ALENCAR, J. E. Control of Phlebotomus

291
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

longipalpis by DDT house spraying FRANÇA-SILVA, J. C.; COSTA, R. T.;


endemic foci of kala-azar in Ceara. SIQUEIRA, A. M.; MACHADO-
Revista brasileira de malariologia e COELHO, G. L.; COSTA, C. A.;
doenças tropicais, n.7, p.131-41, 1955. MAYRINK, W. VIEIRA, E. P.; COSTA,
J. S.; GENARO, O.; NASCIMENTO, E.
DUARTE, M. I.; LAURENTI, M. D.; Epidemiology of canine visceral
NUNES, V. L. B.; REGO JUNIOR, A. F.; leishmaniosis in the endemic area of
OSHIRO, E. T.; CORBETT, C. E. Montes Claros Municipality, Minas Gerais
Intersticial pneumonitis in canine visceral State, Brazil. Veterinary Parasitology,
leishmaniasis. Revista do Instituto de n.13, p.161-73, 2003.
Medicina Tropical de São Paulo, v.28,
n.6, p.431-436, 1986. FRANKE, C. R.; ZILLER, M.;
STAUBACH, C.; LATIF, M. Impacto of
DYE, C., VIDOR, E.; DEREURE, J. the El Niño/Southern Oscillation on
Serological diagnosis of leishmaniasis: on Visceral Leishmaniasis, Brazil. Emerging
detecting as well as disease. Epidemiology infectious diseases, n.8, p.914-917, 2002.
and infection, n.103, p.647–656, 1993.
GINEL, P. J.; MOZOS, E.; FERNANDEZ,
FERRER, L.; AISA, M. J.; ROURA, X.; A.; MARTINEZ, A.; MOLLEDA, J. M.
PORTUS, M. Serological diagnosis and Canine pemphigus foliaceus associated
treatment of canine leishmaniasis. The with leishmaniasis. The Veterinary
Veterinary Record, n.136, p.514-516, Record, n.133, p.526-527, 1993.
1995.
GÓMEZ NIETO, C.; NAVARRETE, I.;
FERRER, L.; JUANOLA, B.; RAMOS, J. HABELA, M. A. Phatological changes in
A.; RAMIS, A. Chronic colitis due to Kidneys of dogs whit natural Leishmania
leishmania infection in two dogs. infection. Veterinary Parasitology, n.5,
Veterinary Pathology, v.28, p.342-343, p.33-47, 1992.
1991.
GRINER, P. F.; MAYEWSKI, R. J.;
FONT, A. Consider leishmaniasis in MUSHLIN, A. I. Selection and
diferential for monoclonal gammopathies interpretation of diagnostic tests and
in dogs. Journal of the American procedures: principles and applications.
Veterinary Medical Association, n.208, Annals of Internal Medicine, n.94, p.557-
p.184, 1996. 92, 1981.

FONT, A.; GINES, C.; CLOSA, J. M.; IKEDA, F. A.; CIARLINI, P. C;


MASCORT, J. Visceral leishmaniasis and FEITOSA, M. M. Perfil hematológico de
disseminated intravascular coagulation in a cães naturalmente infectados por
dog. Journal of the American Veterinary Leishmania chagasi no município de
Medical Association, v.204, n.7, p.1043- Araçatuba- SP: um estudo retrospectivo de
1044, 1994. 191 casos. Revista clinica veterinária,
n.8, p.42-48, 2003.
FONT, A.; CLOSA, J. M.; MOLINA, A.;
MASCORT, J. Trombosis and nephotic INIESTA, L.; FERNANDEZ-BARREDO,
syndrome in a dog with visceral S.; BULLE, B.; GOMEZ, M. T.;
leishmaniasis. The Journal of Small PIARROUX, R.; GALLEGO, M.;
Animal practice, v.34, p.446-470, 1993. ALUNDA, J. M.; PORTUS, M. Diagnostic
techniques to detect cryptic leishmaniasis
in dogs. Clinical and Diagnostic

292
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

Laboratory Iimmunology, n.9, p.1137– typing and phylogeny of the Leishmania


1141, 2002. donovani complex by restriction analysis
of PCR amplified gp63 intergenic regions.
KONTOS, V. J.; KOUTINAS, A. F. Old Parasitology, n.122, p.393-403, 2001.
world canine leishmaniasis. Continuing
Education Articles, n.15, p.949-959, MORENO, J.; ALVAR, J. Canine
1993. leishmaniasis: epidemiological risk and the
experimental model. Trends in
KOUTINAS, A. F.; KONTOS, V.; Parasitology, n.18, p.399-405, 2002.
KALDRIMIDOU, H. Canine
leishmaniasis- associeted nephropathy: a MOURA, R. O. D.; PAULA, V. V.;
clinical, clinicopathologic and pathologic SOARES, M. J. V. Alterações renais em
study in 14 spontaneous cases with cães (Canis familiaris) sorapositivos para
proteinuria. European Journal of leishmaniose: aspectos clínicos,
Companion Animal Practice, n.5, p.31- laboratoriais e histopatológicos. Revista
38, 1995. Brasileira de Medicina Veteterinária,
n.4, p.61-64, 2002.
LOPEZ, M.; INGA, R.; CANGALAYA,
M.; ECHEVARRIA, J.; LLANOS- NOYES, H.; CHANCE, M.; PONCE, C.;
CUENTAS, A.; ORREGO, C.; PONCE, E.; MAINGON, R. Leishmania
AREVALO, J. Diagnosis of leishmania chagasi: genotypically similar parasites
using the polimerase chain reaction; a from Honduras cause both visceral and
simplified procedure for field. The cutaneous leishmaniasis in humans.
American journal of tropical medicine Experimental Parasitology, n.85, p.264-
and hygiene, n.49, p.348-356, 1993. 73, 1997.

MARGARITO, J. M.; GINEL, P. J.; PARANHOS-SILVA, M.; FREITAS, L.


MOLLEDA, J. M.; MORENO, P.; A.; SANTOS, W. C.; G. JUNIOR, G.;
NOVALES, M.; LOPEZ, R. PONTES-DE-CARVALHO, L. C.;
Haemangiosarcoma associated with OLIVEIRA-DOS-SANTOS, A. J. A cross-
leishmaniasis in three dogs. The sectional serodiagnostic survey of canine
Veterinary record, n.134, p.66-67, 1994. leishmaniasis due to L. Chagasi. The
American Journal of Tropical Medicine
MARZOCHI, M. C.; COUTINHO, S. G.; and Hygiene, n.55, p.39-44, 1996.
SOUZA, W. J.; TOLEDO, L. M.;
GRIMALDI JUNIOR, G.; MOMEN, H.; PINELLI, E.; KILLICK-KENDRICK, R.;
PACHECO, R. D. A. S.; SABROZA, P. WAGENAAR, J.; BERNADINA, W.;
C.; SOUZA, M. A.; RANGEL JUNIOR, F. REAL, G.; RUITENBERG, J. Cellular
B. Leishmaniose visceral canina no Rio de and humoral immune responses in dogs
Janeiro- Brasil. Caderno de Saúde experimentally and naturally infected with
Pública, n.1, p.432-446, 1985. Leishmania infantum. Infection and
Immunity, n.62, p.229-35, 1994.
MATHIS, A.; DEPLAZES, P. PCR and in
vitro cultivation for detection of REALE, S.; MAXIA, L.; VITALE, F.;
Leishmania spp. in diagnostic samples GLORIOSO, N. S.; CARACAPPA, S.;
from humans and dogs. Journal of clinical VESCO, G. Detection of Leishmania
microbiology, n.33, p.1145-9, 1995. infantum in dogs by PCR with lymph node
aspirates and blood. Journal of Clinical
MAURICIO, I. L.; GAUNT, M. W.; Microbiology, n.37, p.2931-5, 1999.
STOTHARD, J. R.; MILES, M. A. Genetic

293
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.8, n.4, p. 283-294, out/dez, 2007 http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

REITHINGER, R.; ESPINOZA, J. C.; of viscerotropic and dermotropic isolates


COURTENAY, O.; DAVIES, C. R. of Leishmania infantum from
Evaluation of PCR as a Diagnostic Mass- immunocompromised and
Screening Tool to Detect Leishmania immunocompetent patients in a murine
(Viannia) spp. in Domestic Dogs (Canis model. FEMS Immunology and medical
Familiaris). Journal of Clinical Microbiology, n.17, p.131-8, 1997.
Microbiology, p.1486–1493, 2003.
WHO. World Health Organization:
RIBEIRO, V. M.; MICHALICK, M. S. M.. Control of the Leishmaniasis. Geneva:,
Protocolos terapêuticos e controle da World Health Organization, 1990.
leishmaniose visceral canina. Revista
Nosso Clínico, n.4, p.10-20, 2001. WOLSCHRIJN, C. F.; MEYER, H. P.;
HAZEWINKEL, H. A.; WOLVEKAMP,
RIERA, C.; FISA, R.; UDINA, M.; W. T. Destructive polyarthritis in a dog
GALLEGO, M.; PORTUS, M.. Detection with leishmaniasis . The Journal of small
of Leishmania infantum cryptic infection animal practice, n.37, p.601-603, 1996.
in asymptomatic blood donors living in an
endemic area (Eivissa, Balearic Islands, Data de recebimento: 25/05/2007
Spain) by different diagnostic methods. Data de aprovação: 09/07/2007
Transactions of the Royal Society of
Tropical Medicine and Hygiene, n.98,
p.102-110, 2004.

SILVA, E. S.; ROSCOE, E. H.; ARRUDA,


L. Q. Leishmaniose visceral canina: estudo
clínico-epidemiológico e diagnóstico.
Revista Brasileira de Medicina
Veteterinária, n.23, p.111-116, 2001.

SLAPPENDEL, R. J.; GREENE, C. E.


Leishmaniasis. In: GREENE, C.E.:
Infectious diseases of the dog and cat,
Philadelphia: WB Saunders, 1990. p.769-
777, 1990.

SOLANO-GALLEGO, L.; LLULL, J.;


RAMOS, G.; RIERA, C.; ARBOIX, M.;
ALBEROLA, J.; FERRER, L. The Ibizian
hound presents a predominantly cellular
immune response against natural
Leishmania infection. Veterinary
parasitology, n.90, p.37–45, 2000.

SPRENG, D. Leishmanial polyarthritis in


two dogs. The Journal of small animal
practice, n.4, p.559-563, 1993.

SULAHIAN, A.; GARIN, Y. J.;


PRATLONG, F.; DEDET, J. P.;
DEROUIN, F. Experimental pathogenicity

294

Você também pode gostar