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AO JUIZO DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RIO


VERDE/GO 

Jurema (...), já qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, muito


respeitosamente, diante de Vossa Excelência, por meio de seu advogado, com
procuração em anexo, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO com fulcro no art.
396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos motivos que passa a expor.

1. DOS FATOS
Conforme narrado na denúncia, no dia 10 de janeiro de 2021, Jurema,
encontrava-se em um curso preparatório para concurso na cidade de Rio Verde/GO.
Ao final da aula, resolveu ir comprar um Refrigerante na cantina do local, tendo
deixado seu celular carregando na tomada. Ao retornar, retirou um celular da
tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi informada de que foi
realizado registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que
as câmeras de segurança da sala de aula captaram o momento em que subtraiu o
celular de Cleorisvalda, sua colega de classe, que havia colocado seu celular para
carregar em substituição ao de Jurema, o qual estava ao lado. No dia seguinte,
antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem ou atitude da autoridade
policial, Jurema restituiu a coisa subtraída.
Com base nesses fatos foi denunciada pela prática do crime previsto no art.
155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida em 01 de fevereiro de 2021. 

2. DO MÉRITO

Dispõe o caput do art. 155 do Código Penal que pratica furto, quem subtrai
coisa alheia móvel para si ou para outrem. O diploma repressivo exige ao seu
reconhecimento, que a finalidade do agente seja a de subtrair a coisa alheia móvel
para si ou para outrem. Portanto, deve-se agir com o chamado animus furandi ou,
ainda, animus rem sibi habendi, deve haver o dolo, a vontade de se assenhorar da
coisa subtraída.

O que pode ser verificado no caso de Jurema, é a ocorrência da atipicidade


formal pois a acusada incorreu em erro frente a uma das elementares do tipo penal
do furto, qual seja, a coisa alheia móvel, pois levou o celular de Cleorisvalda para
casa achando que era o seu, equívoco tal que exclui a configuração do crime. 
De acordo com o Art. 20 do Código Penal, o erro sobre elemento constitutivo
do tipo, exclui o dolo, mas permite a punição do agente a título de culpa, caso
previsto em lei. Mas deve ser destacado que o erro de tipo, é escusável, de modo
que não há que se falar em dolo ou culpa.
Ademais, ainda que assim não fosse, não existe previsão da modalidade
culposa do furto, logo, ainda assim, Jurema deveria ser absolvida, pois achava de
forma sincera que não estava praticando um crime e, portanto, foi movida por um
equívoco, tanto que ao ser informada, devolveu o celular que havia trocado.
Resta, assim, absolutamente, caracterizada a atipicidade de sua conduta.
Ainda que o erro fosse inescusável, não há previsto no delito de furto a modalidade
culposa. Deve, pois, ser absolvida nos termos do art. 397, III, do Código de
Processo Penal.

3. PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer:
a) Seja recebida a resposta a acusação.

b) A absolvição com base no art. 397, III, do Código de Processo Penal, em


decorrência do reconhecimento do erro de tipo essencial. 

c) Caso não seja este o entendimento protesta por todos os meios de prova passo
requer a oitiva das testemunhas relacionadas no rol abaixo:

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. (testemunha), CPF (...), endereço (...), Telefone (...).


2. (testemunha), CPF (...), endereço (...), Telefone (...)

Nestes termos, 
Pede deferimento.

Rio Verde, 18 de fevereiro de 2021

Advogado
nº OAB

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