Você está na página 1de 176

Dedicatória

para meu irmão Fábio,

que segurou a minha mão quando fazer o que eu faço hoje

parecia a maior loucura

para Estela e Flora

Cris
Sumário

CAPA
DEDICATÓRIA
SUMÁRIO
CONVITE AO OLHAR COM CARINHO PARA SI MESMA
AUTOESTIMA E AUTOCONHECIMENTO
ESTILO PESSOAL X ESTILO DE VIDA
SILHUETAS: EQUILÍBRIO E HARMONIA
CORES: COORDENAÇÕES E MENSAGENS
CONSTRUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE GUARDA-ROUPA
COMPRAS: PLANEJAMENTO E CONSCIÊNCIA
MONTAGEM DE LOOKS
ACABAMENTOS
DEFINIÇÃO DE IDENTIDADE VISUAL + PLANO DE AÇÃO
GLOSSÁRIO
CRÉDITOS
Oi, leitora!

A gente AMA essa “versão mudérna” do nosso livro, sabia? Muito chique!
Acontece que a ideia aqui – você vai ver – é conhecer os conceitos que
a gente te apresenta e colocá-los em prática já durante a leitura. Vamos
te mostrar de que jeito o autoconhecimento conduz a caminhos certeiros,
em forma de escolhas-de-vestir coerentes com quem a gente é, com a
vida que vive e com a sensação que cada uma de nós quer ter em frente
ao espelho.
Pra isso o livro propõe exercícios ao longo de cada capítulo, pra que
você já comece a organizar suas ideias. É assim que a gente vai te
ajudando a montar um plano de ação muito prático, pra ser vivido na
medida em que a leitura avança. :)
Então trate de manter um caderninho e uma caneta aí do lado do seu
tablet, nada de preguiça: é muito, muito importante abrir o coração e
disponibilizar tempo extra pra preencher as atividades sugeridas –
construção de estilo pessoal demanda trabalho e uma autopermissão
pra sentir e experimentar o seu melhor. Mas ó: a gente tem CERTEZA de
que a recompensa tá garantida, você vai ver.
Um beijo e mãos à obra!

Cris e Fê

Ô época boa pra ser mulher! A gente vive o tempo mais democrático da
história das roupas no mundo, em que todo mundo pode tudo, e que
tudo – absolutamente tudo! – está disponível pra ser usado como se
quiser. Não tem grandes tendências que regem décadas inteiras (como
no passado), não tem regra nem certo-e-errado: legal é individualizar
tanto quanto possível a própria aparência, expressar quem a gente é por
meio do que usa, se reconhecer em frente ao espelho.
E, se é assim, se a gente pode tudo – e se há tanta informação de
moda disponível nas revistas, TV, internet –, por que é que tanta gente
se veste igual? Ou quer se vestir igual a outras pessoas? Por que
passamos tanto tempo penduradas nos blogs de “look do dia” pensando
em como fazer acontecer, no nosso universo, esse look que já
aconteceu no universo da blogueira (alô!)? Por que será que a gente
ainda não sabe o que fazer com essa informação toda? Por que é tão
difícil individualizar o look, fazer da moda a expressão de quem a gente
é (na prática, todo dia)?
Talvez porque a gente se vista todos os dias no piloto automático. É
obrigatório por lei, aqui no Brasil, sair às ruas vestindo roupas – e quem
sai pelada pode ser presa (sabia?). Há muito tempo, talvez desde bem
criancinha, temos escolhido o que comprar e vestir por necessidade,
com pressa, por limite de orçamento e mesmo por uma pressão social
(quase sempre imaginária, é ou não é?). E escolher individualizando é o
contrário disso tudo: significa usar como direção referências que vêm
mais de dentro do que de fora.
Este livro convida, então, a tirar o vestir do piloto automático, a
conscientizar essa atividade tão deliciosa para nós, mulheres. A maior e
mais eficaz ferramenta para individualizar o que escolhemos vestir é o
autoconhecimento, e ao longo dos próximos capítulos a gente quer
facilitar o “olhar pra dentro”. Ter clareza de quem somos e da vida que
levamos, do que é importante de verdade e quais sensações queremos
ter em frente ao espelho: isso sim é direção certeira pra escolher o que
ter no guarda-roupa e o que usar todo dia! A partir daí, toda escolha é
feita como uma tradução, fica fácil identificar quais elementos das roupas
representam a personalidade e os objetivos variados que se possa ter. E
é essa escolha que dá satisfação, que gera confiança e que faz a gente
até ter uma postura diferente na vida. Mais que tudo, conduz para o que
a gente quer que você sinta todos os dias: autoestima higher!
A ideia é embarcar agora numa jornada – gostosíssima! – de
autoconhecimento. Por isso mesmo, por querer expandir possibilidades
de cada dona-de-livro, este exemplar será único, diferente de todas as
outras cópias dele: há propostas de reflexão e exercícios-do-olhar a
cada capítulo, você vai ver. Autoconhecimento é uma viagem que
ninguém mais pode fazer por você, e o conteúdo compartilhado aqui
passa a fazer muito mais sentido se complementado com o seu próprio
conteúdo: cada capítulo vai ser ainda mais eficaz se refletido com
consistência; somos – juntas! – coautoras desse “manual de se vestir de
acordo com quem a gente é”. Moda pra vida real de verdade, com
aplicação prática como você nunca experimentou antes.
O resultado dessa sequência de conteúdos e reflexões pode vir em
forma de segurança nas escolhas, menos tempo para se vestir, guarda-
roupa mais coerente e coordenável, aparência mais original e autêntica
e, claro, mais sorrisos em frente ao espelho todos os dias de manhã.
Respire fundo e arregace as manguinhas, o fim do livro não é o fim do
processo: é o começo do treino – e construção de estilo pessoal é
projeto para a vida toda.
Então, seja bem-vinda a essa jornada!
por que autoconhecimento é ferramenta pra
conquistar satisfação •
Ninguém precisa ser incrível 24 horas por dia, 7 dias por semana
(ninguém é!), mas é possível se curtir o tempo todo, sim. Afinal, a gente
se veste para quem? Não é para si mesma? A ideia não é se cuidar e
então entregar esse cuidado para o mundo, em forma de aparência
bacana? “Se encontrando”, amadurecendo (visualmente), determinando
através das roupas quem a gente é e o que quer da vida?
Marido tem opinião, mãe também sempre dá uns pitacos (nossas
primeiras consultoras de estilo) e amigas reparam e temperam com
entusiasmo ou – Deus nos defenda! – até com uma invejinha… Mas o
cuidado com o visual, a inteligência para comprar e coordenar o que se
tem, só é ganho para quem adquire e exercita.
Pouco importa se quem está em volta reconhece as marcas das peças
que a gente escolhe, ou sabe de que coleção determinado look faz
parte. Não é preciso esperar nada de ninguém – não em relação ao que
se veste. Mais esperto é se preocupar com o que o espelho devolve e
querer aprender a trabalhar em parceria com ele (e apenas ele!).
Importante é estar confortável (no sentido mais amplo que essa palavra
pode ter), encontrar versões cada vez mais aperfeiçoadas de si mesma,
se sentir tão bonita quanto é possível ser. Se curtir!
Aparentemente, quanto mais envolvimento com o mundo da moda se
tem, mais importância (vazia) se dá ao vestir. E isso pode render
frustração extra em relação a expectativas não “supridas”: se nos
vestimos para os outros, suprir expectativas não depende de nós; se o
vestir é pra si, é possível errar, experimentar, acertar quantas vezes for
preciso (em frente ao espelho) até receber um sorriso de volta – da
gente pra gente mesma!
Ânsia de querer estar o tempo todo fabulosa parece ser coisa de quem
não tem outras atividades com que preencher a existência. Tanto tempo-
esforço-debate-melindre entregue só à aparência… não tem por quê. Se
vestir é parte da vida – nem de longe é tudo que se vive. E a gente se
veste para estar incrível, sim, especialmente se toda essa incredibilidade
corresponde à vida que se vive dentro das roupas que se veste. E uma
coisa não depende da outra de jeito nenhum!
autoestima na prática* •

A definição do dicionário diz que autoestima é a “valorização que uma


pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos próprios
atos e pensamentos”. Para a psicologia, a autoestima é a avaliação que
fazemos de nós mesmas – o que se pensa e se sente sobre quem se é.
De todos os julgamentos feitos ao longo da vida, nenhum é tão
importante quanto o que fazemos sobre nós mesmas. E essa avaliação,
essa valoração – de acordo com o significado da própria expressão –
afeta todas as nossas ações e decisões. Muito além de apenas roupa.
Então, autoestima pode ser a soma de autoconfiança com autor-
respeito. Essas sensações podem ser encontradas do lado de dentro de
cada uma de nós e também podem sofrer influência do ambiente em que
vivemos/estamos, dos exemplos que tivemos e temos, das próprias
experiências. Quando crianças, nossa autoconfiança e nosso
autorrespeito podem ter sido alimentados ou destruídos pelos adultos –
conforme eles nos respeitaram, amaram, valorizaram e nos encorajaram
a confiar em nós mesmas.
A boa notícia é que, seja qual tenha sido a educação recebida, quando
crescemos esse assunto passa para as nossas mãos. Autoestima não é
sensação estática e pode (deve!) ser desenvolvida. Quanto mais atentas
estamos, mais conseguimos enxergar e reconhecer “o que é” e “o que
não é” – não é preciso gostar do que se vê, mas é bom saber que
desejos, medos e negação não alteram a realidade. Assim, a gente
consegue fazer o melhor que pode com os recursos que tem!
** Trecho selecionado e adaptado do programa You in Action de autoconhecimento <3
fórmula da boa relação com o espelho •

Fazer o melhor que se pode começa quando a gente reconhece os


recursos que tem – e trabalha e estuda para aumentar, tanto quanto
possível, esse repertório. Antes mesmo de descobrir ou trabalhar no
aperfeiçoamento do estilo pessoal, é preciso não só encarar a realidade
– mas também abraçá-la! E todo mundo é capaz! Simplificando
beeeeem essa questão, o começo de uma boa relação entre nós
mesmas e o espelho acontece quando:

_a gente disfarça o que não curte tanto;


_aceita o que não pode ser modificado;
_valoriza o que a gente ama na gente mesma.

O que pode ser valorizado e o que pode ser disfarçado só depende de


nós mesmas – da nossa observação, gosto pessoal e autoavaliação.
Tem que querer para fazer funcionar: não adianta procurar padrões e
sensações do lado de fora, quando a satisfação precisa ser sentida do
lado de dentro, né?
Independente do corpo da mulherada das fotos da internet,
independente de elogios ou críticas que já recebemos na vida, o que
curtimos e o que não agrada tanto só fazem diferença de verdade
quando é identificado e conscientizado POR NÓS MESMAS. Nesse
meio – entre o legal e o não-tão-legal – tem esses detalhes que a gente
não tem como modificar (às vezes nem tem como disfarçar, nem nada!).
Fazer o quê, então? Chorar? Não sair mais de casa? Passar calor (ou
frio)? Viver a vida com desconforto? Essas são alternativas para os
fracos. A gente, que decidiu tomar para si a responsabilidade pela
imagem que se entrega ao mundo, aceita o que tem, abraça, faz o
melhor que pode com os recursos que tem e foca no que é incrível.
Porque, graças a Deus, ninguém é perfeito – e que chatice seria se
fosse diferente!
Quando a gente “se estuda” e tem clareza de preferências, passa a
escolher o que vestir de acordo com objetivos autênticos e eficazes, que
fazem sentido de verdade. Viver na ignorância, transferindo
responsabilidade, procurando ser alguém que não é, não leva a sucesso
nenhum. E a gente já é tão legal, já dá conta de tanta coisa nessa vida,
já alcançou tantas vitórias em tantas áreas diferentes… Não é a hora,
então, de tomar as rédeas da própria aparência e começar a cuidar de
quem a gente é (visualmente!) de dentro pra fora? Vambora refletir o
nosso melhor? :)

CONSTRUÇÃO DE ESTILO PESSOAL DEMANDA


TEMPO, DEDICAÇÃO E MUITO TRABALHO

Todo aperfeiçoamento depende de ação, e com estilo pessoal não é


diferente. Mil vezes a gente se olha no espelho e não “se encontra” na
imagem que vê – ou não está feliz com o que tem no armário, ou não
acerta o que escolher para vestir – e quando isso acontece é preciso
fazer alguma coisa. Não adianta só conscientizar, não adianta botar as
mãozinhas na testa e intuir, meditar. É preciso partir para a ação mesmo!
Geralmente essa ação implica sair da nossa zona de conforto. Se a
gente sente que pode mais, que está do mesmo jeito há muito tempo ou
que não é mais aquilo que o espelho está mostrando, o jeito é esse: dar
aquele passinho adiante, se permitir experimentar, dar a cara-fashion à
tapa mesmo e ver qual é o resultado. Não adianta só folhear revistas, só
montar um mural de referências ou só idealizar outras pessoas pelo
modo como se vestem – tem que colocar toda e qualquer ideia para
funcionar, na prática! Mesmo que aos pouquinhos, em pequenos
detalhes do nosso vestir. É assim que a gente atualiza o próprio estilo e
faz a nossa aparência “evoluir”. Experimentando e melhorando sempre.
E é pra isso que estamos aqui, não é mesmo? Pra brilhar! :)
EXERCÍCIO •

IMAGEM-TERAPIA

Selecione referências que se relacionem com você, com as suas prefe-


rências e com os seus objetivos – não apenas na moda ou no universo
do estilo, mas na vida. Vale imprimir da internet, destacar páginas de
revistas e catálogos, vale escolher fotos de viagens e imagens de
comida, arquitetura, cinema, animais, de tudo... não apenas de looks.
A ideia é escolher 5 imagens impactantes para ilustrar ideias diferentes:
o primeiro grupo representa quem você é hoje; o segundo, como você
nunca seria; e o terceiro, como você adoraria ser. Não é preciso gostar
ou desgostar de uma imagem por completo – vale curtir um cabelo, uma
atitude, uma peça de roupa... Ou odiar uma sensação, uma cor, uma
textura.

_5 imagens = “eu sou assim”


_5 imagens = “eu nunca seria assim”
_5 imagens = “eu adoraria ser assim”

Selecionadas as imagens, agrupe-as e observe conscientemente o que


escolheu inconscientemente! Quais são as semelhanças entre as
imagens de cada grupo? Há uma supercoerência entre elas ou há uma
ou outra que destoa das outras? O que elas têm em comum e o que se
destaca como incomum? O que é mais forte (que provoca sensação,
vontade, ideia) em cada um desses grupos? Esse primeiro movimento-
do-olhar pode render bons insights, prontos para serem revisitados
durante a leitura dos próximos capítulos.
Vale até fazer uma colagem com as fotos de que você mais gosta para
pendurar na porta do armário.
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Estilo de vida, tempo x atividades, importâncias

Organizar as atividades da rotina pode ser um bom mapeamento de


demandas estilísticas. Pensa só: se a gente trabalha 5 dias por semana,
sai à noite 2 vezes por semana (alô, animação!), tem um casamento ou
uma festona 3 vezes por ano, faz ginástica 3 vezes por semana e, por
exemplo, tem um programinha bacana, de dia mesmo, a cada fim de
semana, então a vida fica mais ou menos “dividida” assim:

Quanto mais tempo a gente passa com um determinado tipo de roupa –


de trabalho, de saídas à noite, de lazer – mais valiosa é a atenção que
pode ser dada a esse “guarda-roupa específico” (e é assim que se
calcula a relação custo x benefício do que levar pro armário, como
veremos juntas mais adiante). Pode ser que valha a pena começar o
exercício do aperfeiçoamento do estilo pessoal dando importância
equivalente às quantidades de uso de cada roupa! Sacou?
Que tal, então, pensar em quanto tempo é consumido nas atividades
mais importantes da sua vida? Faça uma pizza para uma semana – você
pode dividir o espaço disponível pensando em quantas horas fica no
trabalho, quantas horas são dedicadas ao lazer de dia (nos fins de
semana, por exemplo) e no lazer à noite (em jantares, cinema, happy
hours), quanto tempo se dedica à ginástica – e mais: quanto tempo
cursos, igreja, praia e outras atividades do dia a dia demandam:
Vale pensar no tempo gasto em cada atividade, em quanto tempo de
vida isso representa e na importância que essas atividades têm pra você
nesse momento. Pense também em quais dessas “áreas” gostaria de
focar, aperfeiçoar, quais podem ser prioridade na hora de pôr em prática
as habilidades adquiridas no decorrer da leitura – pra começar com
objetivos reais, possíveis, e ao longo da vida (e da leitura!), revisitar esse
mapa e replanejar a ação. Parece um bom plano, né? :)
Anote no seu caderninho as áreas que quer trabalhar como prioridade
neste momento – e repare que essas são as áreas que podem dar pistas
fundamentais sobre o seu estilo de vida:
EXERCÍCIO •

POR QUE A GENTE ESCOLHE O QUE ESCOLHE E O QUE É


IMPORTANTE PRA GENTE?
Vamos entender pra, então, viver de acordo com isso?

Essa é uma brincadeira (adaptada do livro Style Statement, de Danielle


LaPorte), apenas, e não tem resposta certa nem resposta errada. Leia
os pares de palavras e anote a que mais tem a ver com você em cada
duplinha, a que faz o olho brilhar instintivamente, sem precisar pensar
muito. Não tem gabarito, É SÓ TREINO E SERVE APENAS PARA
REFLETIR: como um exercício de consciência pra perceber como
nascem e de onde vêm nossas preferências. Escolha com o coração – e
se ficar indecisa entre uma e outra, passe adiante e depois reveja no fim
do exercício.

introvertida | extrovertida
opaca | brilhosa
cabana | hotel
escrito à mão | digitado
off-white | cinza
prateado | dourado
redondo | quadrado
jazz | música clássica
atender o telefone | secretária eletrônica
frugal | supercaro
dentro de casa | fora de casa
herança | contemporâneo
ansiosa | relaxada
liberal | conservadora
vinho branco | vinho tinto
impulsiva | cautelosa
discrição | impacto
EXERCÍCIO •

chocolate ao leite | chocolate amargo


expansiva | tímida
teatro | DVD
pessoa da manhã | pessoa da noite
couro | renda
SP | RJ
Ana Maria Braga | Hebe Camargo
poesia | gospel
rústico | retrô
café | chá
educação formal | aprendizado da vida
minimalista | acumuladora
algodão | seda
cristal | brilhante
medicação | meditação
seguidora | líder
rebelde | pacificadora
amontoado | espaçado
tofu | steak
cromado | cobre
dormir pelada | dormir de pijama
lápis | caneta
jornal nacional | cultura pop
diamante | esmeralda
direta | sutil
xadrez | listras
ficção | realidade
tulipa | rosa
digital | analógico
EXERCÍCIO •

astrologia | astronomia
futebol | golfe
política | filosofia
grafitar | pichar
sexy | lady
pilha de papéis | arquivo
sozinha | em grupo
liso | textura
aperto de mão | abraço
doce | azedo
guerreiro | mágico
romance | realidade

Agora volte às palavras, releia suas escolhas e pergunte à você mesma


a pergunta mais importante desse capítulo: POR QUÊ? Por que você se
sentiu relacionada a tudo que anotou? Parece profissional ou
responsável? Lembra alguém ou algum tempo passado? Sua mãe ou o
ambiente em que você cresceu podem ter influenciado? Que razões,
sensações ou motivações fazem essas escolhas terem importância pra
você, na sua vida? Tente responder a esses porquês com outras
palavras-chave – e não se importe se elas se repetirem!
EXERCÍCIO •

Não é preciso responder “por que” para todas as escolhas feitas, mas
se você conseguir, esse pode ser um supercomeço pra agrupar
pensamentos, palavras e razões que justifiquem preferências – saber o
que atrai a gente e o que inspira, o que faz o olho brilhar, é um grande
passo para abrir um leque incrível de possibilidades de estilo! :)
Agora reescreva no seu caderninho as palavras mais importantes deste
exercício, as que mais se repetiram, as que mais fazem sentido pra você
e pra sua vida – mesmo que elas pareçam abstratas demais:
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
A tolerância que temos conosco é igual à tolerância que temos com
os outros

Quanto mais nos curtimos, mais facilidade temos para curtir tudo e todo
mundo em volta. E MAIS: quanto mais tolerante somos com o universo,
mais tolerante somos conosco – e com falhas, com má interpretações,
com intenções e ideias (próprias e de outros).
Amor e tolerância juntos (os dois valendo pra nós mesmas e para os
outros, pra tudo) inevitavelmente rendem bom humor. Se a gente tá feliz
consigo mesma, se tem tolerância elástica (é tão desgastante quando
tudo irrita a gente, quando comportamento bélico é default), então é
natural que a gente sorria mais, se estresse menos, entregue menos
energia de graça, sem precisar. E assim, mais energizadas e experientes
a gente vai ficando. Isso é bom, né?
Descobrir e aperfeiçoar estilo pessoal é trabalho de amor, de tolerância
e de bom humor. Precisa ser!
Tolerância com o mundo rola mais leve depois da gente exercitar
tolerância com a gente mesma. E mais: como consultoras de estilo a
gente entende, todo dia, que amor pelo mundo rola tranks quando se
tem primeiro autoamor (!!!), no sério e na prática. E aí, bom humor é
consequência. Talvez se a gente cuidasse mais do que sente em frente
ao espelho (e não só do que veste!), nosso universo particular se
expandiria mais e mais com doçura e alegria. Autoestima higher é bom
pra gente e pro mundo também.
EXERCÍCIO •

SENSAÇÕES NO PAPEL: NOSSAS EXPECTATIVAS, VONTADES E


ASPIRAÇÕES BEM ORGANIZADINHAS!

As respostas das próximas perguntas não precisam ser divididas com


ninguém; elas valem somente pra você. Responda para você mesma
com toda a sinceridade do coração, independentemente de expectativas,
limitações ou suposições!

Como você se veste hoje em ocasiões de cada uma das “áreas da vida”
que selecionou como importantes na pizza das atividades?

Como você acha que as pessoas te percebem pela maneira como você
se veste? Que imagem você acredita que transmite?

Que imagem você gostaria de comunicar? Como você gostaria de ser


percebida?

Pronto! Releia suas respostas focando no que é mais importante pra


você em cada uma delas – o que é recorrente, o que mais passa pela
sua cabeça enquanto você responde e lê, o que gruda no seu
pensamento. Escolha duas ou três ideias centrais, palavras-chave que
representem quem você é e como quer se sentir – vale também usar as
palavras anotadas e os porquês como repertório.
Essas ideias centrais serão ferramenta pra delinear, a partir de agora, a
seleção, a coordenação e o jeito de usar de tudo que você quiser!
Registre suas palavras-chave e saiba que elas não são definitivas: você
pode rever essas direções na medida em que avançar nos capítulos, no
conhecimento e na prática. Ao longo da vida essas direções também
mudam: ninguém é árvore, a gente é rio e flui – então, a gente não É, tá
todo mundo SENDO!
o que é estilo pessoal •

A gente entende que estilo pessoal é a soma das preferências, do estilo


de vida e da personalidade de cada uma de nós – e, por isso, também
pode ser chamado de identidade visual. Não é estático e se aperfeiçoa à
medida que a gente amadurece − ou se adapta a diferentes
circunstâncias da vida! Como nós mesmas, ele tem uma essência e
evolui. É quem a gente é, só que em forma de aparência.
É possível enxergar elementos desse estilo em referências do passado
(na maneira como cada uma foi criada, no jeito de vestir das mães, tias e
colegas de infância e adolescência, no que fomos ensinadas a ver valor),
em que tipo de vida levamos hoje (que meios de transporte usamos,
quais os nossos horários, qual a nossa rotina, que pessoas estão
sempre à nossa volta e em que ambientes) e, especialmente, no que nos
inspira – no que faz nosso olho brilhar.
Sendo assim, todo mundo tem estilo! Pode ser que essa identidade
visual ainda não tenha sido descoberta ou conscientizada, ou até que
não esteja sendo mostrada ou evidenciada... Pode não estar claro
(visualmente), mas o estilo existe pra todo mundo que tem rotina,
referências de vida e inspiração. :)
Vamos juntas, agora, entender como investigar, descobrir, identificar,
conscientizar e colocar para fora tudo o que a gente é por dentro. Como
potes de geleia com o conteúdo mais doce e precioso, a gente vai se
embalar com um rótulo pertinente, autêntico, objetivo e eficaz!
como as escolhas são feitas •
MUITAS VEZES SEM QUE A GENTE SE DÊ CONTA! OLHA SÓ!

Se estilo pessoal é a soma das preferências, do estilo de vida e da


personalidade de cada uma de nós, todo mundo tem estilo. Escolhas
(não só de guarda-roupa) são superguiadas pelo conjunto de sensações
que envolve referências do passado +
rotina/horários/compromissos/companhias + o que fascina, o que faz o
olho brilhar. Então, a chave pra investigar, identificar e construir estilo
pessoal é procurar sentidos e importâncias nos pormenores desses
elementos. Muito na prática, muito programado pra ter eficácia e uso
real: o que se está preferindo agora, mas também o que já foi preferido;
de que jeito a rotina, os horários, as companhias e os compromissos
estão acontecendo hoje e de que jeito eles evoluem; o que é importante
e o que é prioridade; como a gente é, como se sente, como quer se
sentir e de que jeito quer viver.
prioridades: de alma x de vida •
QUEM A GENTE É + O QUE A GENTE QUER VIVER

As pessoas não mudam, mas amadurecem. É assim que estilo pessoal


pode começar a ser observado, refletido, exercitado. Valores em que
acreditamos, com os quais a nossa personalidade foi construída e
consolidada, não precisam mudar nunca: tem prioridades que sempre
vamos ter (um pouco mais fortes ou um pouco mais fracas) e
mensagens que sempre vamos querer transmitir. Mas né, a gente vai
amadurecendo, vai se moldando à vida que leva, ampliando horizontes –
não dá pra ser a mesma pra sempre, mas somos sempre nós mesmas.
Então chamamos de prioridades de alma o que tem a ver com
referências do passado, com exemplos, com a maneira com que
crescemos e aprendemos a ser nós mesmas, com preferências
inerentes e com personalidade, com jeito de ser. Sensações que as
roupas que a gente escolhe precisa nos garantir, de algum jeito, o tempo
todo. “O que foi e o que sempre será”, sabe como?
Por outro lado, o amadurecimento e as mudanças que vêm com o
trabalho, com o lugar em que se vive, com a idade, com relacionamentos
e amizades, com os programas que a gente escolhe, com o que a gente
vai descobrindo na terapia – fazem a gente pensar em prioridades de
vida. Demandas de guarda-roupa que têm a ver com o que se está
vivendo agora, no presente, e que têm a ver com estilo de vida e com
inspirações.
Inconscientemente todo mundo escolhe o que vestir a partir dessas
prioridades, que geralmente são:

_sentir conforto
_estar adequada
_causar impacto
_chamar atenção masculina

Quando você consegue enxergar (e trabalhar!) o que é prioridade de


alma e o que é prioridade de vida, toda escolha relacionada a estilo
pessoal é feita com coerência, consistência e – melhor! – é adaptável:
estilo pessoal é construído dia a dia, através de repetição de imagens
que representem quem somos e símbolos no vestir que proporcionem
essa “leitura”. Se em qualquer novo momento de vida esse estilo precisa
ser revisado ou atualizado, não há necessidade de ser 100% diferente e
jogar todo o armário no lixo. A beleza dessa proposta de identificação e
definição de estilo pessoal está em construir uma relação valiosa com a
própria aparência – e então ter ferramentas práticas pra ajustar o que for
preciso, quando for preciso.
Ninguém conhece mais as suas prioridades e “importâncias” do que
você mesma. Como suas consultoras de estilo, vamos entregar a partir
de agora ferramentas eficazes para clarear, conscientizar e trabalhar
essas ideias em forma de roupas, de coordenações, de guarda-roupa
bem abastecido. Mas você precisa, junto com a gente, fazer a sua parte
e “pegar no pesado”: a intenção é que, ao logo desse aprendizado, você
consiga – em frente ao espelho, a partir do que está vestindo – sentir e
confirmar as sensações que quer ter na vida.

COMO IDENTIFICAR PRIORIDADES DE ALMA:

QUEM PRIORIZA CONFORTO:


_geralmente escolhe tamanhos maiores do que o que veste
de verdade;
_prefere tudo mais básico, sem necessidade de amarrar/afivelar/colocar
no lugar;
_leva a sério a ideia de praticidade no vestir;
_pode ter uma “preguicinha” de se arrumar;
_tem horror a roupa que “pinica”;
_geralmente tem uma boa relação com espaços abertos, ao ar livre;
_preza liberdade – e liberdade de movimentos;
_não curte se maquiar tanto, nem “perder tempo” no cabeleireiro
ou na manicure;
_tem mais preocupação com o bem-estar ao longo do dia do que
com o look perfeito.

QUEM PRIORIZA ADEQUAÇÃO:


_quer ser aceita e geralmente tem facilidade com dress codes rígidos
(curte regrinhas);
_se preocupa com tradições e com o que é “certo” ou “errado”;
_geralmente se preocupa com o que os outros pensam;
_pode ser um pouquinho mais rígida;
_não segue novas tendências (ou segue só depois que todo mundo
já adotou);
_não curte modismos;
_não gosta de extravagâncias, não quer se destacar;
_detesta tecido que amassa, tipo linho;
_gosta de impecabilidade, de tudo no lugar;
_avalia custo x benefício e durabilidade de tudo;
_se ampara em marcas estabelecidas e ama ícones clássicos.
QUEM PRIORIZA IMPACTO:
_chega-chegando e é sempre notada – e não se importa de chamar
atenção (até curte!). É gente de presença marcante, que não segue
regras (mas faz as próprias), que não gosta de usar o que todo mundo
está usando e que pode seguir duas direções diferentes:

IMPACTO-ARQUITETURA:
_quer deliberadamente chamar atenção, se fazer notada;
_gosta de formas e de peças grandes – de imponência;
_procura certa limpeza no total, tipo poucas e boas peças;
_coordena com facilidade cores contrastantes ou superfortes;
_é sempre quem compra as peças mais bafônicas da loja, tipo peça de
desfile;
_geralmente é mais controlada, cria uma distância, carrega uma ideia de
inacessibilidade;
_vive a vida como uma diva no palco;
_é contemporânea e geralmente minimalista;
_calcula a performance e precisa que o público participe – admirando ou
se espantando.
IMPACTO-DECORAÇÃO:
_chama atenção muito sem querer, pela liberdade e originalidade
naturais;
_sabe misturar tudo com maestria, como um dom – cores, texturas,
brilhos, estampas, acessórios;
_é geralmente bem alegre, divertida;
_geralmente acha que ser original e artística é mais valioso que qualquer
outra qualidade;
_se diverte com o próprio look sozinha, não quer admiração ou
aprovação de ninguém;
_usa peças que carregam histórias, que rendem conversa; :)
_sente que se vestir é uma festa!
QUEM PRIORIZA CHAMAR ATENÇÃO MASCULINA:
_gosta de ser notada por ser bonita, escolhe roupas pra não esconder
sua beleza – mas, sim, favorecer seus atributos, como se a roupa
aperfeiçoasse a sua beleza. Essa mulher não quer parecer
estranha/esquisita de jeito nenhum e gosta de tudo que um homem
normalmente também gosta numa mulher, tipo cabelo longo, roupa com
caimento mais próximo do corpo, aparência de bem-cuidada, pezinhos
de fora e mais. Essa prioridade pode ser manifestada com abordagens
e objetivos diferentes:
ATENÇÃO MASCULINA DE UM JEITO MULHERZINHA:
_é delicada, gosta de laços, babados;
_curte tudo que é hiperfeminino – referências da época em que a gente
aprendeu como era ser menina;
_geralmente procura movimento nas roupas, peças que rodam ou
balançam;
_curte transparências, rendas, trabalhos artesanais feitos à mão;
_ama marcar a cintura;
_está sempre procurando sapatos que deixem os dedinhos à mostra.
ATENÇÃO MASCULINO DE UM JEITO MAIS MULHERÃO:
_quer evidenciar o corpo com decotes, comprimentos curtos, caimentos
justos;
_curte cuidar do corpo, tem orgulho dele;
_geralmente é superconfiante e gosta de causar inveja nas outras
mulheres; :)
_carrega certa “agressividade” – gosta de ser notada, é destemida,
corajosa, “fala mesmo”;
_sabe se valorizar e segura várias ondas que o resto da mulherada não
segura por nada.
EXERCÍCIO •

Topa registrar no seu caderninho o que parece ser a sua prioridade de


alma – ou as suas prioridades de alma? As sensações e vontades que
estão arraigadas em você, que te acompanham desde a infância e são
imprescindíveis em quaisquer momentos da vida?

PRIORIDADES DE VIDA:

Como/quando aparecem e por que motivos


“é só querer o bem e aceitar”

CONFORTO PODE SER PRIORIDADE:


_pra quem tem crianças;
_por conta de ganho de peso;
_pra atender aos meios de locomoção que se usa (ônibus, metrô, trem,
bicicleta etc.);
_em ocasião de parar de trabalhar;
_pra quem tá se dedicando a hobbies.

ADEQUAÇÃO PODE SER PRIORIDADE:


_na troca de emprego ou quando rola uma promoção no trabalho
(mudança de cargo);
_em mudança de cidade/de país;
_pra quem tá num novo grupo de amigos;
_pra quem casa com alguém bem mais velho;
_pra quem trabalha em um ambiente muito masculino.

IMPACTO PODE SER PRIORIDADE:


_pra quem trabalha com moda (!!!);
_pra quem é pessoa pública;
_quando se quer simplificar (ter pouco, mas bom);
_pra quem assume posições muito importantes e visadas no meio
profissional;
_quando se muda radicalmente de área de atuação.
ATENÇÃO MASCULINA PODE SER PRIORIDADE:
_depois da separação;
_com o casamento;
_pra quem tá com filhos crescidos; :)
_pra quem emagrece super;
_quando se passa a ganhar mais dinheiro;
_ao perder alguém próximo;
_pra quem trabalha em ambiente muito masculino;
_pra quem é mãe de menino (e serve de exemplo pra escolha da futura
nora);
_na vida de mulheres independentes, que sempre tiveram que se virar
sozinhas, quando elas percebem que podem ser cuidadas também. <3
EXERCÍCIO •

Se identificou? Essas são algumas circunstâncias/ocasiões que


demandam adaptação de guarda-roupa, usadas aqui como exemplos...
mas não são as únicas – é claro que pode haver na sua vida uma outra
questão a ser considerada além dessas. O que tá rolando agora na vida
pessoal, no trabalho, nos fins de semana? Deixe vir à mente que
prioridades a vida pode estar demandando nesse momento – e registre
quais são elas:
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
“A humanidade esqueceu-se de ser”

A gente precisa se concentrar em “ser” e não em “ter”. Diz o Saramago,


dono do título entre aspas, que “ser” dá muito trabalho porque demanda
pensamento, dúvida, perguntar-se sobre si mesmo e mais. Para ser
alguém bacana, pra ser humano mesmo, a gente tem que olhar pra
dentro, absorver o mundo e devolver já em forma de reflexão, já com
alguma opinião. Independente das compras que fazemos ou do que
vestimos (ou temos!). Se não for assim, somos quem passa o cartão de
crédito e só. Tudo bem, vivemos num mundo que funciona mais com
consumidores do que com seres humanos, mas consciência de si
mesmo é questão individual e cada um cuida de ser a melhor criatura
que pode ser – porque a gente quer o melhor da vida, né?
Vale mais ver filme, ver gente, viajar, entender o universo, ler, pensar
sobre o que tá à nossa volta (e sobre o que tá mais longe também!),
plantar árvore, ir à praia, se aprofundar em relacionamentos e, então,
deixar isso tudo fazer efeito no exterior, no visual. Pra ser alguém que
vive direitinho, se divertindo, SENDO ALGUÉM. Senão a gente, além de
só “ter”, passa a só “parecer” também – e o “ser” fica pra trás, e a vida
passa pela gente sem a gente ter consciência dela passando.
Autoamor vem com a reflexão. E, se nos cuidamos e nos aplicamos em
fazer o melhor que podemos pra ser alguém legal, se usamos de
compaixão com nós mesmas e passamos a ser tolerantes com as
próprias questões, vamos também nos capacitando pra compreender as
questões de quem tá em volta. Quanto mais a gente se ama, se respeita,
se tolera e busca aperfeiçoamento, mais a gente ama, respeita, tolera e
compreende o outro. Mulheres seguras, que estão à vontade com a
própria aparência, bem-resolvidas com suas imperfeições, conseguem
ver beleza em todo lugar. É um raciocínio simples e um exercício diário –
especialmente pra nós, que nos importamos com qualidade de vida.
manipulação de elementos visuais •
QUANDO A MÁGICA ACONTECE!

Não adianta se entender, compreender e assimilar de verdade todos os


pormenores da vida, captar prioridades de alma e de vida, se a gente
não tiver subsídios para traduzir isso num plano de ação prático, pronto
pra implementar no guarda-roupa. Traduzir quem a gente é + a vida que
se vive pra elementos de vestir, na real e na prática, é a essência desse
nosso trabalho como consultoras de estilo – sem essa “tradução” a gente
seria terapeuta!
Tendo em mente quais prioridades guiam nossas escolhas de guarda-
roupa, veremos agora cores, estampas, caimentos, detalhes, acessórios
e acabamentos que representam visualmente essas prioridades.
Vejamos, então, que elementos visuais transmitem mensagens de estilo
relacionadas diretamente ao que a gente quer sentir e a como quer
parecer. Ao trabalho!
mensagens de estilo •
PRIORIDADES X ELEMENTOS VISUAIS

PRIORIDADE CONFORTO

Pra transmitir ideia de conforto no vestir é importante procurar


simplicidade/naturalidade, utilidade e praticidade – a aparência de chique
sem esforço traduz bem a preocupação maior com o bem-estar do que
com o look (a roupa é menos importante que os movimentos e a
liberdade!).
CORES/ESTAMPAS
_neutros e terrosos, tidos como “básicos” (fáceis de coordenar!);
_cores primárias, alegres, claras;
_coordenações de cores análogas (vizinhas no círculo cromático, aquele
da orelha do livro);
_estampas simples como xadrezes e listras.

CAIMENTOS/DETALHES
_tecidos naturais (lã, seda, linho, algodão, couro);
_com aspecto “relax” e toque agradável na pele;
_nada que aperte, nada que incomode, nada que segure movimentos;
_caimentos soltinhos, sem grudar na pele, mas também sem ser largos
demais.

ACESSÓRIOS
_nada que pese, que pinique, que faça barulho demais;
_bolsas com alças longas no lugar de alças de mão, fáceis de carregar,
que deixem as mãos livres;
_sapatos presos aos pés, sapatilhas, anabelas confortáveis,
saltos mais espessos;
_no lugar de acessórios de metal, materiais alternativos como
couro, tecido, sementes, palha etc.;
_a ideia é agregar uma simplicidade chique; :)
CABELO/MAQUIAGEM
_a maior diferença entre a mulher “chique sem esforço” e a desleixada é
o cuidado pessoal;
_o que faz com que a primeira pareça ter acordado linda e a segunda
pareça ter acordado atrasada é a maquiagem supersuave, os cabelos
bem-cuidados e controlados, mãos e pés feitos, a pele bonita, o sorriso
branco, cara de saúde;
_a mulher natural gasta tempo com ela, mas no macro – e não no micro:
esse aspecto de “não fiz nada para ser assim” demanda visitas
espaçadas mas regulares ao dermatologista, dentista, ginástica e
nutricionista… sacou?

PRIORIDADE ADEQUAÇÃO

Quem quer se sentir adequada geralmente não arrisca nem inova/lança


tendências. O look adequado não quer atrair atenção – pelo contrário,
quer mais é estar mesclado no grupo –, e o mais importante é ter tudo
no lugar: imagem impecável, elegante em símbolos clássicos e
facilmente reconhecíveis.

CORES/ESTAMPAS
_cores neutras;
_coordenações monocromáticas;
_estampas clássicas (paisley/cashmere, listras, padronagens
masculinas).

CAIMENTOS/DETALHES
_caimento impecável;
_materiais de qualidade;
_tudo mais estruturado, “no lugar”.
ACESSÓRIOS
_clássicos: colares de pérola, lenços de seda, escarpins tradicionais,
_marcas tradicionais;
_escolhidos pensando na relação custo x benefício;
_bolsas-ícone.

CABELO/MAQUIAGEM
_cabelo controlado, sem exageros;
_cabelo preso;
_maquiagem impecável, sem excessos (pele uniforme, bochechas
de saúde, boca hidratada, olhos destacados).

PRIORIDADE IMPACTO-ARQUITETURA

A ideia é alcançar um visual limpo, sofisticado, minimalista e muito


contemporâneo. A noção de arquitetura é bastante literal nos elementos
que constroem essa imagem: formas, superfícies lisas e mais
estruturadas como concreto (!!!), poucos detalhes, mas
importantes/impactantes.

CORES/ESTAMPAS
_cores contrastantes, coordenações de cores complementares;
_cores fortes, intensas e de impacto;
_sem tantas estampas.

CAIMENTOS/DETALHES
_poucos detalhes;
_imagem limpa, “clean”;
_formas, assimetrias, dobraduras;
_caimento mais estruturado.

ACESSÓRIOS
_geometrias, pontas, assimetrias;
_poucos acessórios, mas superpoderosos;
_brilho (do metal, do envernizado, tipo do futuro!);
_bolsas grandonas ou carteiras (mesmo para o dia a dia);
_sapatos com formas arquitetônicas.

CABELO/MAQUIAGEM
_cortes assimétricos e desfiados, arrojados, com pontas;
_maquiagem que enfatiza contraste: sobrancelha marcada,
boca vermelha.

PRIORIDADE IMPACTO-DECORAÇÃO

A motivação aqui é a liberdade, a subversão das regras, a diversão –


sem ligar pra moda ou pra tendências. A sensação clara a se buscar na
aparência é a de que é mais valioso ser original e artística do que
qualquer outra qualidade. São as mulheres-agostinho-carrara da vida
real – as que sustentam o look com tanta naturalidade que tamanho
exotismo não fica parecendo maluquice, mas claramente faz sentido!

CORES/ESTAMPAS
_facilidade para misturar cores e fazer coordenações ousadas
(alô, blocos de cor!);
_muitas cores coordenadas juntas, tudo ao mesmo tempo, agora;
_muitas estampas e mix de estampas (mesmo discretas);
_mix de texturas.

CAIMENTOS/DETALHES
_misturas de tecidos;
_misturas de materiais;
_misturas de leves com pesados (subversão!).

ACESSÓRIOS
_divertidos;
_lúdicos, inusitados;
_que contam histórias;
_com texturas e materiais alternativos.
CABELO/MAQUIAGEM
_maquiagem neon, delineador colorido;
_cabelo com cores inusitadas como pink, verde, azul;
_cabeça raspada;
_sobrancelhas descoloridas;
_vale tudo!

PRIORIDADE ATENÇÃO MASCULINA – MULHERZINHA

Esse é o protótipo da mulher que a gente aprende a ser quando criança,


que curte tudo que há de mais feminino no universo. A mulher que quer
atrair atenção do jeito “mulherzinha” faz questão de usar o que transmite
delicadeza, doçura, suavidade e movimento.

CORES/ESTAMPAS
_estampas arredondadas;
_florais, bolinhas;
_cores delicadas;
_coordenações de cores monocromáticas e análogas, sem
muito contraste.

CAIMENTOS/DETALHES
_caimento fluido;
_cintura marcada;
_muitos pequenos detalhes;
_tudo que é hiperfeminino: babados, laços, rendas, coraçõezinhos;
_materiais agradáveis ao toque;
_transparências.

ACESSÓRIOS
_movimento, tudo que balança;
_formas arredondadas, detalhes fofos;
_saltinho;
_bolsas redondas, de tecido, fofuchas.
CABELO/MAQUIAGEM
_cabelo longo e natural, com movimento;
_preso em tranças ou coques;
_maquiagem suave em cores delicadas;
_maquiagem de boneca.
PRIORIDADE ATENÇÃO MASCULINA – MULHERÃO

A mulher que curte a inveja das outras mulheres está preparada para
assumir, na própria aparência, várias extravagâncias que outras
mulheres jamais “carregariam”. Uma dificuldade de quem quer se sentir
“mulherão” pode ser manter a adequação ao ambiente profissional –
sem assustar ou intimidar todo mundo em volta.
CORES/ESTAMPAS
_para que cinza se existe pink? E vermelho, e laranja, e azulão?;
_cores fortes e vibrantes;
_estampas de animais: onça, cobra, zebra.

CAIMENTOS/DETALHES
_caimentos ajustados;
_pele à mostra;
_decotes e transparências;
_recortes estratégicos.

ACESSÓRIOS
_de verniz e materiais lisos e lustrosos, metais e correntes (alô
vermelhos brilhantes!);
_com tiras bem fininhas e amarrações (subindo pelas pernas e tudo);
_feitos de couro de animal – onça, serpente, vaquinha;
_com spikes, metais, tachas e pontas;
_colares que caem pra dentro do decote (e não se sabe onde vão
parar!);
_tornozeleiras e saltos superfinos.
CABELO/MAQUIAGEM
_cabelón longo, com movimento;
_ondas e volume (exuberância);
_ousadia em cores;
_olhos marcados/marcantes;
_boca volumosa (gloss!).
EXERCÍCIO •

VAMOS COMEÇAR A MONTAR UM QUEBRA-CABEÇA!

Resgate suas prioridades de alma e de vida, e resgate também as


palavras-chave escolhidas como direção nas páginas 48, 50 e 39. (E se
você só tiver uma prioridade de vida ou de alma, tudo bem! E se você
identificar duas, três ou quatro... tudo bem também!) Procure relação
entre as palavras e suas prioridades e, em seguida, defina quais podem
estar intimamente relacionadas com essas prioridades. Selecione, então,
elementos do vestir em cada grupo de características que identifiquem –
visualmente! – quem você é e o que é importante pra você:
prioridade de alma
palavras-chave
cores/estampas
caimentos/detalhes
acessórios
cabelo/maquiagem
prioridade de alma
palavras-chave
cores/estampas
caimentos/detalhes
acessórios
cabelo/maquiagem
EXERCÍCIO •

prioridade de vida
palavras-chave
cores/estampas
caimentos/detalhes
acessórios
cabelo/maquiagem
prioridade de vida
palavras-chave
cores/estampas
caimentos/detalhes
acessórios
cabelo/maquiagem
QUEBRA-CABEÇA DA VIDA REAL
Como duas das nossas clientes alcançaram equilíbrio
visual na prática
CLIENTE Nº 1

Questões trazidas pela cliente: tinha um guarda-roupa sem graça, com


algumas peças muito especiais, mas, por circunstâncias da vida (dois
períodos de gravidez em sequência), fazia muito tempo que não ia às
compras. Aliás, a cliente não curtia fazer compras, mas sentia
necessidade de ser mais interessante que aquilo que vinha sendo. Tinha
uma personalidade forte, vibrante, engraçada.

Diagnóstico: seu guarda-roupa não dizia quase nada sobre ela, a não
ser uma ou outra peça especial. Sua personalidade era divertida e ela
gostava de tudo que era não convencional. Em uma primeira análise, a
gente achou que ela era criativa, da decoração, mas depois de conhecer
a cliente melhor deu para ver que ela era mais moderna, mais do grupo
da arquitetura. O show não era particular, ela vivia de plateia.

Solução: ela precisava mostrar toda essa personalidade também


através do que vestia, e no começo isso rolou através dos acessórios
(todos eram um acontecimento!) e formas. Os tecidos passaram a ser
mais sofisticados, e o corte de cabelo, bem mais ousado (pontas, cores
contrastantes, mais curto).

Aprendizado: a personalidade forte da cliente, a necessidade de criar


impacto e sua originalidade poderiam ser interpretadas de duas formas:
impacto decorativo ou impacto-arquitetura. A gente teve que entender
que tipo de impacto ela intencionava, e isso só é possível quando se
entende as sutilezas e se tem clareza do que é importante.
RESULTADO: AUTOESTIMA HIGHER!

CLIENTE Nº2

Questões trazidas pela cliente: tinha um supercorpo e adorava


valorizar isso, mas sentia que as outras mulheres não interpretavam isso
muito bem (oi, climão!). Ao passar dos 30, começou a sentir uma
necessidade de sofisticar um pouco o visual. Por ser chefe de cozinha,
tinha um dia a dia superesportivo e vontade de se arrumar mais.

Diagnóstico: ela adorava chamar atenção, inclusive a masculina, mas


algumas coisas não combinavam com uma mulher-de-trinta-anos-bem-
casada-e-mãe-de-três-filhos. Ela queria se destacar no dia a dia, mesmo
trabalhando de “uniforme”.

Solução: manter a sensualidade, mas com um pouquinho mais de


sofisticação. Trocar o caimento justééésimo por um que acompanhasse
a silhueta (mesmo sendo mais justinho) já ajudava. Os materiais
passaram a ser de superqualidade, assim como os acessórios. E a
ousadia foi acrescentada na coordenação de cores muito fortes e
estampas supercoloridas.

Aprendizado: a cliente tinha uma relação superboa com a sua


sensualidade, o que não é tão comum de encontrar. E, a partir do
momento em que ela se aceita e reconhece o próprio estilo, fica muito
mais fácil montar o “quebra-cabeça”.
RESULTADO: AUTOESTIMA HIGHER!
EXERCÍCIO •

Essa é a essência do nosso plano de ação.


Até aqui você se permitiu pensar sobre a vida, sobre as suas escolhas,
sobre você mesma e tudo em volta. Toda essa reflexão – e outras mais,
propostas nos capítulos a seguir – vai delinear um plano de ação pronto
pra ser colocado em prática no seu guarda-roupa, com eficácia a cada
escolha.
Aproveite esta pausa pra colocar em ordem um pensamento extra muito
importante pra esse plano – uma reflexão que vai ser especialmente
valiosa na prática, como vamos mostrar no decorrer da sua leitura.
Escreva no seu caderninho com o coração e com toda sinceridade que
há nele.

O que eu quero sentir:

Como quero parecer:


ninguém é só pedaços de corpo •
VAMOS ABANDONAR ESSA VISÃO-AÇOUGUEIRA DA SILHUETA FEMININA?

Quando a gente se olha no espelho, vê um conjunto de coisas, todas


parte de uma mesma aparência. Ninguém é só quadril, ou só peitinho,
ou só barriga, ou só coxa grossa. A ideia de conjunto pode ser
libertadora, porque dá a possibilidade da gente encontrar pontos fortes
pra valorizar na própria aparência de mais de um jeito, sob mais
perspectivas. Ao mesmo tempo, esse conjunto de lindezas dá a chance
de harmonização, de compensação: se fosse tudo uma coisa só e a
gente não curtisse essa coisa, estava tudo perdido... Mas, não! Não está
tudo perdido − pelo contrário: se a gente não curte uma coisinha que
seja, essa coisinha pode ser “neutralizada com amor” quando a gente
valoriza outras coisas, e então desvia a atenção de um “desgosto” para
um “gosto”. Bom, né?
Corpo faz parte da aparência que a gente tem, mas todo mundo é muito
mais que só aparência! Diz um ditado indiano que “não somos corpos
que têm uma alma, somos almas que têm corpos” – ó, que lindeza de
pensamento pra vida!
o que compõe a aparência •

ESTATURA

É o tamanho que a gente tem, não só de altura, mas também de largura.


Independente de quilinhos a mais, é o tamanho que a nossa estrutura
óssea tem − observando circunferências de punhos e tornozelos dá para
ter uma supernoção de estatura média, pequena ou grande. Sabe o
espaço que a gente ocupa no mundo? Então. E a gente sente,
naturalmente, se é pequenina, média-como-todo-mundo ou maiorzona,
né?

TRAÇOS

Sobrancelha, nariz, lábios e olhos formam linhas no rosto, que são os


nossos traços − podendo ser mais arredondados ou mais retos,
angulares; também podem ser mais delicados, suaves, ou mais fortes,
de presença marcante.

FORMAS

Todo mundo pode ter formas mais arredondadas ou mais retas, como os
traços. Vale observar as curvas do quadril e dos ombros, por exemplo,
pra (por comparação) identificar as nossas formas. Quem está acima do
peso tem tendência a arredondar geral; quem é muito magrinha tem
tendência a ter ângulos mais evidentes.

AUTOIMAGEM

O que a gente pensa sobre o nosso próprio corpo e como a gente avalia
nossas próprias formas são dados tão importantes quanto a realidade!
peso visual •
UMA NOVA ABORDAGEM PRA SE RELACIONAR COM O PRÓPRIO CORPO

Independente das formas que temos, sempre dá pra definir − em


qualquer silhueta! – uma área que chama mais atenção, que parece
ocupar mais espaço, que dá (visualmente) essa sensação de peso. Pode
ser que esse peso visual esteja na parte de cima ou na de baixo da -
silhueta (ou no meio, pra quem tem barriguinha que teima em ser sa-
liente). O bom é que esse peso não tem a ver com peso de quilos (ufa!),
mas, sim, com espaços. É em frente ao espelho que a gente confirma
onde está o peso visual de cada silhueta – e, a partir dessa
identificação/confirmação, é que a gente tem direção objetiva do que
escolher e do que usar para equilibrar e harmonizar a aparência.
Com postura bem bonitinha e reta, você compara distâncias entre os
ombros, a largura da cintura e a largura do quadril. Não tem nada a ver
com medidas − esquece a fita métrica. Importante é notar, em relação à
cintura, que medida é mais extensa (ou que medida você SENTE como
mais extensa, maior – geralmente onde a gente engorda primeiro!). E
pronto: o espaço maior é exatamente onde o peso visual da silhueta
está. Quem tem quadril, bumbum e coxão geralmente tem ombros
sequinhos, peitinho pequenino = peso visual na parte de baixo. E o
contrário geralmente é válido: quem tem peitão, ombrão, pescoço curto e
mais largo geralmente tem quadril retinho, pouco bumbum, pernocas
mais finas = peso visual na parte de cima.
Acontece que a gente é brasileira e sabe que tem um monte de peitinho
e bumbum com o mesmíssimo peso visual por aí, chegando junto com a
mesma presença – nesse caso, o peso visual pode ser definido por
autoimagem e autoamor: o que mais se curte pode ser valorizado, o que
menos se curte pode ser disfarçado. <3
efeitos das roupas na silhueta •
CONHEÇA A NOSSA TEORIA ROBIN HOOD PRA EQUILIBRAR SILHUETA

Melhor do que pensar em formatos de corpo (pera, uva, maçã, salada


mista) é pensar no peso visual de cada silhueta – que todo mundo tem,
independentemente de formas e peso.
Tudo que a gente veste pode ter forma, estampa, textura, cor (colorida),
detalhes e mais… ou pode ser bem liso, retinho, sem volume e em cor
neutra. Essa nossa teoria Robin Hood − haha! − ajuda a compensar
escolhas e a equilibrar silhuetas com o seguinte pensamento: tirar de
quem tem mais e dar pra quem tem menos.
Tipo, quem tem mais quadril pode escolher menos elementos pra essa
parte da silhueta e então encher de coisas as outras partes − as que têm
menos volume. Daí o quadril vai ser coberto com saias e calças e
bermudas bem lisas, em cores neutras, retinhas e sem frufrus demais;
ao passo que a parte de cima da silhueta pode ter bolsos, ser coloridona,
ter pregas e drapeados e rendas e tachas e tudo mais que quiser. Outro
exemplo: quem tem ombros superlargos pode tirar a atenção dessa
riqueza de largura pra chamar mais atenção nas partes pobres de
largura − blusas e vestidos com ombros superbásicos fazem com que
cintura, bumbum, quadril e barras de saias sejam chamariz de olhares,
cheias de mil “atraidores de olhares”.
A direção central é fazer a conta dos “ricos” e dos “pobres” (e também
do que tirar e do que dar) tendo em mente volumes e larguras de
silhueta x elementos de design de cada peça de roupa. Funciona de
verdade e ainda pode render umas risadas na descoberta, né?
elementos visuais que avançam e retraem •
ALÔ, ILUSÃO DE ÓTICA NO VESTIR!

Cores claras, coloridas ou vivas expandem visualmente e podem criar


efeito de maior/mais largo nas partes do corpo que cobrem. Cores
escuras, neutras ou opacas contraem visualmente e podem criar efeito
de menor/mais fino no que cobrem.
Isso acontece em situações de comparação (cinza pode ser claro em
relação ao preto ou escuro em relação ao bege!) e pode ser manipulado
para disfarçar peso visual e valorizar/chamar atenção para o que se tem
de mais legal.
Do mesmo modo, texturas parecem acrescentar volume à área da
silhueta que cobrem, podem arredondar ainda mais as curvas que a
gente tem e criar efeito de maior/mais largo (também através de
comparações: uma textura em superfície escura e opaca “aumenta”
menos que uma superfície lisa em amarelo vibrante!).

QUE RETRAEM VISUALMENTE

_cores escuras
_cores neutras
_cores opacas
_superfícies lisas
_estampas sem contraste
_estampas pouco espaçadas
_pouca informação visual

QUE AVANÇAM VISUALMENTE

_cores coloridas
_cores claras
_cores vivas e intensas
_brilhos
_texturas felpudas
_estampas contrastantes
_estampas espaçadas ou grandes
_bordados
_amarrações
linhas e formas do que a gente veste •

Todo mundo, com qualquer corpo ou qualquer peso, pode criar ilusões
de silhueta harmônica manipulando elementos de design que toda roupa
carrega em si. Esses elementos são as cores, texturas, linhas externas
(que compõem formas) e linhas internas (recortes, aberturas, botões,
pregas, zíperes e mais: tudo que direciona o olhar para os lados, na -
diagonal ou no sentido da altura).
Conhecer os efeitos que cada elemento de design tem na silhueta
possibilita LER roupas e acessórios conscientemente – e esse é o nosso
abecedário agora! Geral já faz essa leitura INCONSCIENTEMENTE, é
trunfo de quem se interessa e estuda (!!!) entregar mensagens que
façam todo mundo ler exatamente o que a gente quer.

LINHAS VERTICAIS

Podem afinar e alongar quando direcionam o olhar do outro de cima pra


baixo, no sentido da altura. Exemplos: camisa fechada por botões,
calças compridas, vestidos, lenços usados ao longo do torso.

LINHAS HORIZONTAIS

Podem encurtar e alargar o que cobrem, já que direcionam o olhar no


sentido de uma “borda” à outra da silhueta. Exemplos: cintos
contrastantes, decote ombro a ombro, lavagem contrastante no jeans
(chamada de bigodes).

LINHAS DIAGONAIS

Podem camuflar gordurinhas ou desproporções ao mover os olhos


indiretamente uhuuuuu! Exemplos: vestidos e blusas transpassados,
saia pareô, estampas com direção diagonal.
LINHAS CURVAS E FLUIDAS

Podem arredondar e acrescentar formas. Exemplos: mangas bufantes,


saia tulipa.

LINHAS RETAS/ANGULARES E ESTRUTURADAS

Podem camuflar o que naturalmente parece mais arredondado e criar a


sensação de “nova silhueta”, impor a forma da roupa sobre a forma do
corpo. Exemplos: paletós com ombros marcados, calças com pernas
retas.
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Mais importante que imagem é autoimagem!

Tem coisas no nosso corpo que a gente pode mudar: peso se perde
fazendo regime; forma se “molda” fazendo ginástica; orelha e nariz se
consertam fazendo plástica e tal. Tem coisas que não podemos mudar −
proporção, alturas, distâncias, circunferências (algumas). Essas a gente
PRECISA aceitar.
Estamos numa época em que a moda não manda na gente, mas a
gente manda na moda – YAY! E o que veste essa moda é o nosso corpo,
portanto é ele o ponto fundamental de partida para decidir como
queremos usar essa moda, disponível pra a gente manipular do jeito que
quiser. É muito privilégio, estamos muito no comando, DEPENDE SÓ DA
GENTE: se aceitar é a primeira etapa no caminho de se estudar e fazer
o que de melhor tem para ser feito com as roupas em relação à nossa
silhueta.
Temos que nos curtir do jeito que somos (ou estamos). O ponto não é
procurar o que temos de ruim, mas focar no que temos de bacana. A
vida é muito curta, e desejar loucamente o inatingível é uma
grandessíssima perda de tempo. A gente pode sim fazer o melhor que
pode com os recursos que tem − a cada tempo da vida. E quando nos
aceitamos, aí sim abraçamos o que é único, o que nos diferencia, o que
contribui para a diversidade da humanidade no mundo!
Mesmo que a gente (ainda) não sinta amor por muitas partes da própria
aparência, é possível prestar atenção no que tem POTENCIAL. Beleza,
por definição, é o que proporciona prazer ao olhar (ou aos outros
sentidos!). E é superpossível sentir prazer com a maneira de usar cores,
texturas, tecidos e design − isso tudo pode complementar nossas
características e harmonizar formas, independentemente do tamanho
que a gente veste. Não é maravilhoso? Prontas pra viver o autoamor na
prática? :)
pausa pra refletir

Copie a coluna das “minhas características” no seu caderninho, faça


uma autoavaliação e marque o quanto você ama cada detalhe da própria
aparência, usando graduação de 1 a 3 coraçõezinhos (1 O pra o que
você menos ama, 3 R R R para o que você mais ama). Em seguida,
complete essa autoavaliação sublinhando a palavra com o que pode ser
mais/melhor explorado, valorizado, apreciado – o que tem potencial!
Minhas características Quanto amo Tem potencial?
Pele O O O 
Cabelo O O O 
Sobrancelha O O O 
Olhos O O O 
Nariz O O O 
Boca O O O 
Dentes O O O 
Sorriso O O O 
Bochechas O O O 
Queixinho / Maxilar O O O 
Pescoço O O O 
Ombros O O O 
Colo O O O 
Peito O O O 
Braços O O O 
Cintura O O O 
Costas O O O 
Quadril O O O 
Bumbum O O O 
Coxas O O O 
Pernas O O O 
Mãos O O O 
Pés O O O 
Selecione, agora, as três características mais lindas da sua aparência,
as top três que você mais curte.

Registre o que você menos gosta na sua aparência.

É possível modificar essa característica? Se sim, o que você vai fazer a


partir de agora para fazer acontecer essa modificação?

Se não for possível modificar essa característica, assuma agora o


compromisso de se aceitar e de fazer o melhor que pode com os
recursos que tem! Reproduza o texto abaixo no seu caderninho,
completando com o seu nome e a característica que não pode ser
modificada:

Eu, _________________________________, aceito meu/minha

______________________________ de coração, entendo que essa

característica contribui pra um mundo de maior diversidade e me comprometo

a usar os recursos que tenho pra manipular a minha melhor aparência.


além da teoria Robin Hood •

A gente é muito legal, muito camarada, e separou umas receitinhas


amigas pra lidar com questões específicas de silhueta, além do peso
visual na parte de cima ou de baixo de cada tipo físico. As receitas se
garantem 100% na teoria, mas só ganham valor real quando
experimentadas – e comprovadas – na prática!

PERNAS CURTAS X TRONCO LONGO •

_blusas com barras mais curtas alongam as pernas;


_calças compridas, cobrindo os tornozelos, alongam a silhueta inteira;
_quanto menos intermediários os comprimentos da barra, menos curtas
as pernas parecem − melhor escolher comprimentos no tornozelo, nos
joelhos ou curtos-curtíssimos;
_sapatos com gáspea baixa rendem sensação de perna mais longa;
_sapatos com tiras no tornozelo podem encurtar pernocas se as tiras
tem contraste com a pele.

PESCOÇO CURTO X PESCOÇO LARGO •

_decotes verticais alongam o pescoço e dão sensação de rosto mais


fino;
_golas muito fechadas intensificam sensação de pescoço curto ou largo:
a altura para golas pode ser considerada a partir da linha da
saboneteira pra garantir efeito alongador;
_quanto mais colo à mostra, mais fino e longo o pescoço parece;
_colares longos que caem sobre o colo também funcionam como
alongadores (gargantilhas e colares curtos/pesados garantem efeito
contrário, ixi!).

PEITINHO X PEITÃO •
_decotes fechados e detalhes como drapeados, volumes, recortes,
estampas e texturas valorizam seios pequenos;
_decotes mais abertos e verticais, colo à mostra, cores mais escuras e
opacas, poucos detalhes e superfícies mais lisas valorizam seios
grandes.

QUADRIL LARGO X BUMBUM GRANDE •

_peso visual no bumbum e no quadril puxa o olhar do outro pra baixo e


pode fazer parecer baixinha − salto alto/altinho é antídoto fácil e eficaz!;
_detalhes, bolsos, estampas, drapeados, texturas e babados
acrescentam volume visualmente;
_pregas são controversas: na teoria aumentam, mas na prática podem
criar um volume bom, percebido como do tecido e não da silhueta!;
_cores escuras e opacas, padronagens verticais e estampas sem tanto
contraste ajudam a desviar a atenção;
_sobrinhas de tecido no bumbum são imprescindíveis pra exterminar o
efeito-popozuda − é superválido experimentar partes de baixo em
número maior para que o caimento bacana seja garantido no quadril e
no bumbum, e então ajustar o tecido extra na cintura;
_pernas retas que não afunilam diminuem visualmente o quadril.

BRAÇOS GROSSOS •

_o ideal é que os braços não fiquem à mostra – o que rola suave se,
especialmente no calor, os tecidos das peças forem naturais, leves e em
cores claras (alô, terceira peça!);
_elásticos nas barras das mangas, punhos e amarrações não são legais;
_mangas podem cobrir a parte mais cheia do braço − comprimento
nessa altura só enfatiza o que se tem de maior.

PERNAS GROSSAS •

_comprimentos de shorts, vestidos e saias que terminam no meio da


coxa fazem alargar visualmente essa que é a área mais larguinha de
todas as coxas :);
_sapatos precisam ser proporcionais à estatura: saltos muito pesados
podem engrossar pernas mais ainda, saltos muito finos podem dar a
impressão de que vão quebrar;
_lavagens mais claras e horizontais nos jeans (bigodes) não colaboram!;
_sapatos muito fechados, cobrindo demais o peito do pé, rendem
sensação de pernas ainda mais grossas.

BARRIGUINHA •

_caimentos que acompanham a silhueta sem grudar na pele fazem


parecer o que tem ali dentro menor do que a roupa, confortável
e “cabendo”;
_tecidos levemente encorpados, um pouquinho estruturados, podem
garantir uma barriga lisinha com seu próprio caimento;
_estampas (especialmente as que têm direção diagonal) ajudam a não
definir contornos e, assim, enganam o olhar do outro.

SILHUETAS BEM MAGRINHAS •

_sobreposições e volumes construídos com efeito blusê (quando a barra


da blusa é mais apertada que o resto por uma amarração ou elástico),
balonê ou mesmo com amarrações ajudam a criar sensação de curvas;
_a intenção pode ser sempre preencher a silhueta com formas;
_texturas são ótimas acrescentadoras de volumes localizados;
_cortes horizontais provocados por contraste de cores ao longo da
silhueta também preenchem visualmente.

SILHUETAS GORDINHAS •

_tudo muito largo ou superjusto não ajuda: caimento emagrecedor


acompanha a silhueta sem grudar na pele;
_acessórios bacanas usados perto do rosto fazem todo mundo olhar pra
cima quando a gente chega;
_cintura no lugar ou levemente mais alta faz pernas gordinhas
parecerem mais leves; cintura deslocada levemente pra baixo faz
troncos cheios (ou quadrados demais) parecerem menos pesados
visualmente;
_calças com pernas retas ou mais larguinhas fazem com que as pernas
pareçam estar acomodadas no conforto da roupa e dão sensação de
“tamanho certo”;
_linhas retas “desarredondam” formas que estão arredondadas por
excesso de peso e criam silhuetas que remetem às formas (mais
angulares) de quem é bem magrinha;
_detalhes na vertical criam sensação de silhueta alongada;
_looks monocromáticos têm efeito alongador eficaz, de verdade.

ACESSÓRIOS P, M E G •

_o tamanho dos acessórios que a gente usa pode acompanhar o nosso


próprio tamanho/estatura;
_traços de rosto mais arredondados vão encontrar mais harmonia com a
escolha de acessórios com formas orgânicas, com movimento, também
arredondados;
_traços de rosto mais retos harmonizam melhor com acessórios
angulares, pontudos, com “esquinas”;
_quem identifica traços mais suaves e delicados no próprio rosto pode
se sentir mais bonita com acessórios translúcidos, vazados, leves e com
linhas também delicadas – nada pesadão demais;
_quem identifica em si mesma traços fortes, marcados e marcantes (!!!)
pode complementar essas características com harmonia escolhendo
acessórios pesados, densos, contrastantes (com o tom de pele que se
tem), “de presença”.
terceira peça que afina e acrescenta elegância •
Pensa nas fotos que a gente vê nas casas das nossas tias e avós: na
época delas, bem antigamente, era supercomum montar looks com três
peças – blusa, saia e paletozinho; ou calça, camisa e cardigã; ou saia,
tricô e colete. Hoje, podendo tudo, nosso tempo estabeleceu uma onda
de “informalização” na moda por conta do “estilo das ruas”, das modas
mais jovens e desencanadas… e a gente foi se habituando a correr para
o que é mais prático, para o que é essencial.
É possível perceber que quanto mais formal o ambiente (especialmente
o profissional), mais comum é o uso das três peças: ó como tem terno e
tailleur em bancos e empresonas. Então, usar três peças é um jeito
instantâneo de ficar mais elegante, mais formal – mesmo num look
informal! A terceira peça – qualquer uma – faz superdiferença. Vale
acrescentar jaquetinha, cardigã, colete, casaqueto, paletó, bolerinho etc.
mesmo no calor, já que essas peças funcionam também em versões
leves e até transparentes.
Sacada extra é que a terceira peça ainda pode funcionar como
um emagrecedor instantâneo de silhueta: o vão que se forma ao longo
do torso com abas abertas (de casacos e jaquetas usados soltinhos,
sem fechar) cria uma linha vertical superimpactante – que chama
atenção para o centro do corpo e tira importância (visual) das bordas…
sacou? Esse truque afinador de cintura funciona especialmente se a
terceira peça tem cor mais neutra, mais opaca ou mais escura que a cor
da parte de dentro do look (já vamos ver adiante como as cores também
podem criar ilusões de ótica!).
QUEBRA-CABEÇA DA VIDA REAL
Como essas sacadas ajudaram uma das nossas clientes a escolher melhor:

Questões trazidas pela cliente: ela trabalhava num ambiente


profissional muito masculino, em posição de liderança com equipe quase
100% formada por homens. Sentia dificuldade de transmitir um pouquito
de feminilidade que fosse – e o seu jeito também já não era muito
delicado. Depois que se tornou mãe (de uma menina!) teve vontade de
ficar um pouco mais mulherzinha.

Diagnóstico: sua personalidade, estilo de vida e preferências


naturalmente não colaboravam muito para despertar o seu lado mais
feminino, e sua silhueta – bem reta, sem cintura definida − também não
ajudava em nada!

Solução: mantendo o tipo de peça que ela já usava (dress code


profissional super-rígido) e trabalhando só materiais (de bastante
qualidade pra que ela ficasse mais elegante e menos tradicional),
coordenações de cores análogas e mais românticas (pra ficar mais
jovial) e definindo sua cintura (pra que ela ficasse mais feminina, sem
exageros), sua aparência já poderia mudar consideravelmente!

Aprendizado: mesmo sem a cliente perceber, ela tinha um tipo físico


que não colaborava com a mensagem que queria transmitir – e se ela
carregava elementos do universo masculino no vestir (por conta do
código de vestir do trabalho), cuidar desse tipo físico a partir de uma
“exclusividade” do universo feminino – homem não marca cintura, né! –
fez muita diferença no resultado do trabalho.
RESULTADO: FEMINILIDADE DISCRETA E ADEQUADA + AUTOESTIMA HIGHER!
o elemento mais impactante da aparência •

De todos os elementos que compõem o look, as cores são o que mais


impacta e o que causa impacto primeiro, antes de qualquer coisa.
Independente das formas que cada peça de roupa tenha, das linhas, das
direções de estampa e corte, dos materiais de que é feita, até dos
acessórios, é esse o primeiro elemento que se nota na aparência, que
chama atenção. E a gente sabe que cor tem efeito na silhueta,
dependendo das suas características e da área que cobre. Sabe
também que cores transmitem mensagens de estilo e podem reforçar ou
equilibrar características de personalidade que a gente já tem de fábrica.
Então let’s entender como as cores podem funcionar – a nosso favor – e
de que maneiras elas colaboram pra que a gente sinta o que quer sentir
em frente ao espelho. Começando agora, vamos manter toda essa info
fresquinha em mente pra manipular efeitos e mensagens do jeito como a
gente quiser!
coordenação de cores •
MENSAGENS DE ESTILO

A forma como a gente coordena cores transmite mensagens importantes


de estilo, e a forma como a gente escolhe USAR essas coordenações
diz muito sobre a nossa personalidade. Sabia?!? :)
Um auxílio-amigo na hora de coordenar cores é o círculo cromático,
como um arco-íris com pontas emendadas, fatiado ao meio no sentido
horizontal; esse da orelha daqui do livro! É legal pensar não só nas cores
que a gente consegue ver nesse círculo cromático, mas em todas as
tonalidades que “cabem” dentro de cada cor − desde os mais claros aos
mais escuros, dos mais vivos aos mais opacos. Como se cada cor
rendesse toda uma família de tonalidades.
Assim, é possível coordenar cores monocromáticas (usando tons
diferentes de uma mesma cor, por exemplo), complementares (que ficam
umas de frente para as outras no círculo, tipo vermelho e azul) e também
análogas (que ficam dos dois lados de cada “família”, como azul e roxo e
verde-azulado). Cores “em tríade” (separadas pela mesma distância no
círculo) também funcionam bem juntas, tipo laranja, verde e roxo. E com
o círculo servindo de direção não tem como escorregar – nem dá medo
de experimentar coisas novas!
Não é preciso decorar a ordem em que as cores aparecem no círculo
cromático – ninguém decora! Essa referência pode ser consultada a todo
tempo (o nosso pode ser destacado pra ir até o guarda-roupa!). Assim, a
gente tem direção certeira e pode ir procurando variações claras e
escuras, mais neutras ou mais coloridonas, até mais vivas e vibrantes de
cada tom contido ali pra criar coordenações.

COORDENAÇÕES DE CORES MONOCROMÁTICAS

São as coordenações de peças em uma cor só dos pés à cabeça, ou em


tom-sobre-tom, sem contraste ou quebra de cor. Acontecem também
com cores diferentes num mesmo tom (marinho e cinza-escuro, por
exemplo) ou com cores iguais em tons diferentes (verde-bandeira e
verde-oliva, por exemplo). Essa é a coordenação que mais alonga
silhuetas! É também o tipo de coordenação que garante mensagens de
elegância e refinamento a todo look, mesmo os mais informais.
Coordenações monocromáticas demandam uso esperto de texturas,
formas, comprimentos e acessórios pro look não ficar monótono ou com
cara de velha!

COORDENAÇÕES DE CORES ANÁLOGAS

Cores análogas são vizinhas no círculo cromático e, por serem tão


próximas, rendem pouco contraste quando usadas juntas, porque têm
pigmentos muito próximos nas suas composições – como laranja e
vermelho, ou verde e azul. Essas coordenações transmitem mensagem
elegante, mas mais jovial e original que as monocromáticas.

COORDENAÇÕES DE CORES COMPLEMENTARES

As cores opostas no círculo cromático são as complementares – como


azul e esverdeado laranja. Criam altos contrastes quando usadas juntas
e transmitem mensagens de informalidade, ousadia e criatividade. Essas
coordenações são sempre impactantes e funcionam também em “tríade”,
com cores separadas pela mesma distância no círculo – como laranja +
verde + roxo, por exemplo.

COORDENAÇÕES DE CORES ENTRE TONS NEUTROS

Coordenações de tons neutros com neutros não chamam superatenção


e carregam em si mensagens de discrição e de elegância. E não precisa
ser básico pra ser neutro: dá pra criar coordenações originais só
juntando dois ou mais tons neutros, podendo render alto contraste entre
as cores (cinza-chumbo e creme) ou baixo contraste (cinza e
bege/marinho e vinho).
Sacada boa é usufruir dos neutros com outros neutros − e separar o
preto do branco. Tipo, preto e branco tá fácil, todo mundo já faz (oi, look
garçom!). Mais legal é juntar marrom e cinza, vinho e marinho, marinho e
preto, marrom e vinho, bege e branco, bege e cinza, roxão e marinho e
seguir nesse caminho − moldando quantidades e proporções de cada
tom de acordo com a personalidade que se tem.

COORDENAÇÕES ENTRE CORES-COLORIDAS

São as coordenações mais informais e descontraídas de todas, mesmo


quando feitas em looks formais − mas também são entendidas como
destemidas (seguras!), livres e criativas. Vale coordenar cores-coloridas
em tons mais claros ou mais escuros, com alto ou baixo contraste, em
tons mais quentes ou mais frios − mesmo tons coloridos mais vivos ou
mais opacos. Coerência entre cores claras/escuras e vivas/mais
apagadas é a chave para fazer muitas cores coloridas funcionarem
juntas. E, por mais que a gente tenha visto o color blocking como
tendência em desfiles de moda nos últimos anos, coordenar blocos de
cores é truque de estilo atemporal, dos mais fáceis (e baratos!) que a
gente pode exercitar no dia a dia. Fica a dica. :)

COORDENAÇÕES COM PONTOS DE COR E CONTRASTE

A linearidade de determinada coordenação de cores pode ser quebrada


e interrompida sem grandes esforços (e com algum charme!) com o uso
de pequenos pontos de cor e contraste. Em looks neutros, cores-
coloridas em acessórios, detalhes ou maquiagem acrescentam alegria,
jovialidade, maleabilidade. Em looks supercoloridos, neutros sóbrios
garantem uma pitada de confiabilidade, discrição, aconchego. Vale
também para looks em tons claros com pontos superescuros, assim
como para looks em tons opacos com pequenos pontos super intensos
(e vice-versa).
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Teoria do sapato vermelho

Sabe quando a gente tá se sentindo superbásica e vê em uma vitrine um


sapatinho vermelho desses incríveis? Sabe quando a gente pensa em
ser mais ousada e aí compra na-ho-ra o sapatinho? Daí, chega em casa
e coordena um look todo pretinho, “pra não ter erro”, e arremata com o
sapato vermelho??? (Vale substituir o look todo preto por um com jeans
e camiseta branca.) NÃO, NÉ, GENTE! Assim não! Assim o que aparece
é só o sapato vermelho − e a ousadia, a criatividade, a vontade de ser
original que motivou a compra e a coordenação ficam pra trás. Desde
quando é superoriginal coordenar cor com preto − ou com qualquer
coisa basiquinha demais?
Bem mais legal é usar nossos sapatinhos coloridos (e bolsas e lenços e
paletós e o que mais tiver cor!) com algum outro elemento no look que
também chame atenção. Tipo: look bacanérrimo com texturas diferentes,
daí entra o sapato vermelho. Ou acessórios impactantes que super se
destaquem − muito legais se usados no mesmíssimo look do sapato
vermelho. Como coordenação de estampas diferentes e, junto, o sapato
vermelho.
E sapato vermelho, aqui, vale pra qualquer item do armário que a gente
“reserve” pra usar com um look nada, com medo de ficar “demais”! Não
é legal usar tudo básico e uma coisinha de nada colorida, gente. É legal
coordenar pontos de cores no look – sempre alguns e nunca um só. E
um desses pontos pode sempre estar perto do rosto, pra garantir que a
atenção seja chamada para o que realmente conta: a gente mesma. O
sapato colorido tem que ser um “algo a mais”, um elemento interessante
entre tantas outras interessâncias do look − mais importante é o
conjunto, é a inteligência de coordenar!
quebra-cabeça colorido •
SACADAS PRONTAS PRA USAR

quanto mais cores num look, mais informal ele é.


quanto menos cores, mais formal.
cores coloridas = mais expansivas, descontraídas, informais,
animadas.
cores neutras = mais discretas, mais elegantes, mais formais, mais
contidas.
pouco ou médio contraste entre cores = inspira mais proximidade,
mais abertura, mais leveza, mais doçura.
muito contraste = mais distância, mais rigidez, mais sobriedade, mais
assertividade, mais força.
prata, dourado, cobre, ouro rosê, todo tipo de metalizado SEMPRE
acrescenta uma ideia elegante e mais sofisticada. :)
coordenações com mensagens mais esportivas, desencanadas: 3 a
4 cores num look, cores claras e médias, cores mais vivas e tons
terrosos.
coordenações tradicionais e mais clássicas: 2 a 3 cores num look,
tons de bege, marrom, cinza e marinho.
coordenações elegantes: monocromáticos e tons-sobre-tom, tons mais
claros, cores neutras.
coordenações românticas: 1 a 2 cores num look, cores análogas que
ficam lado a lado no círculo cromático, claras e médias, tons suaves e
delicados e cores de sorvete, estampinhas pequeninas.
coordenações sexy: 1 a 2 cores num look, blocos de cor, cores fortes
do círculo cromático puxando pros vermelhos, laranjas, roxos, pinks,
tons que chamam atenção sem medo (!!!).
coordenações criativas, mais pra decoração: várias cores (sem
limitação!), coordenações complementares (de cores que ficam uma em
frente à outra no círculo cromático) e em tríade (coordenação das cores
que são separadas pela mesma distância no círculo), toques de neon.
coordenações modernosas, mais pra arquitetura: 1 a 2 cores, muito
contraste na coordenação, tons de pedras preciosas, dramáticas.
coordenações doces mas não bobinhas: coordenação com maior
proporção de cores claras, doces, coloridas e pequenas porções de
cores neutras, escuras, intensas.
coordenações fortes com toques de suavidade: maior proporção de
cores neutras, escuras e intensas e, em menor proporção, pontos de
cores claras, coloridas, suaves.

COORDENAÇÕES DE CORES E ESTAMPAS

Estampa é um elemento visual que carrega em si muita informação,


especialmente de cor – e quanto mais cores num look, mais informal ele
fica.
Vale também manter sempre em mente que estampas podem ter alto ou
baixo contraste entre as cores que a compõem, viu? ;-)
Coordenação de liso com estampa: sempre dá certo coordenar uma
peça estampada com outra lisa − sacada pra fazer a coordenação
acontecer com segurança é repetir na peça lisa uma das cores contidas
na estampa (ou uma cor similar, que seja compatível e ainda renda
harmonia no conjunto).
Coordenação de estampas diferentes em cores iguais: vale juntar
tudo nas mesmas cores (xadrez em azul e branco e bolinhas em azul e
branco também) ou vale coordenar estampas com pelo menos uma cor
em comum (tipo listras em rosa e vermelho e floral em rosa e bege). É o
melhor jeito de começar a misturar estampas − nem precisa ser blusa
estampada + calça estampada − dá pra fazer o mix com um shortinho e
um lenço, por exemplo, e outras peças lisas pra acalmar, sabe como?
Coordenação de estampas em valores iguais: pense em tudo neutro
ou tudo colorido – vale também pra tudo claro ou tudo escuro. Bem legal
pensar em misturar estampas em tons diferentes e ainda assim criar
looks monocromáticos e elegantes. Tipo estampas pretas com estampas
em marinho, ou estampas em laranja com outras estampas em salmão.
Coordenação de estampas em tamanhos diferentes: nível quase
avançado (hihihi): vale prestar atenção no tamanho e no espaçamento
das estampas e tentar coordenar também esses elementos com
harmonia. Tem estampa de desenho/forma grandona, tem estampa com
pequenos desenhinhos. Tem estampa com muito espaço entre os temas
e outras em que a estampa fica bem juntinha, quase sem espaço para
aparecer o fundo. Coordenar essas diferenças é legal quando elas não
são tããão diferentes entre si − dá mais certo coordenar uma estampa
maior e outra menor do que juntar uma gigantona e uma minúscula,
sacou?
Coordenação de estampas com temas diferentes: o universo das
estampas é superamplo e pode ser explorado através das cores, mas
também de acordo com personalidade, humor, ocasião, adequação, hora
do dia etc. Se a gente se guia por isso, é possível coordenar “temas”
diferentes – e, assim, complementar mensagens que se transmitem
através do que se veste (nem que seja mensagem de criatividade!).
Tipo, listras com florais, étnicos com florais, estampa de bicho em uma
peça de roupa com outra estampa de bicho em um acessório, gráficos
com abstratos/artísticos, étnicos com gráficos, xadrez com bolinhas,
florais com xadrez etc. etc. etc.
QUEBRA-CABEÇA DA VIDA REAL
Coordenações de cores e mensagens trabalhadas 100% ao gosto de uma das
nossas clientes :)

Questões trazidas pela cliente: personalidade delicada e até um pouco


infantil que não combinava com seu corpo de mulherão, de estatura
grande. Ser grande era um superproblema, ela se achava básica demais
e, quando tentava ousar, ficava com cara de velha. Estava em um
processo de mudança de vida (casa, trabalho, namorado, tudo!) e queria
transmitir essa renovação.

Diagnóstico: as cores que ela curtia e costumava usar combinavam


com o seu jeito fofinho de ser, mas não tinham a ver com seu tipo físico
nem com a “nova” imagem que queria transmitir. Sua maior ansiedade
era como alcançar uma imagem mais forte, com mais personalidade, de
alguém que estava tomando as rédeas da vida e transformando tudo.

Solução: a gente sugeriu incluir pequenos pontos de cores muito fortes,


muito vibrantes e às vezes muito escuras – pra sacudir as coordenações
de cores calmas, suaves e com pouco contraste que ela já fazia (e que
ficavam mesmo superlindas pra ela!). Esses pontos de “oposição”
funcionaram perfeitamente pra criar contraste e agregar força, ousadia e
jovialidade à aparência da cliente.

Aprendizado: coordenar cores no look não significa só escolher peças


inteiras de roupas em determinadas tonalidades; vale também pequenos
acessórios, detalhes ou pontos na maquiagem. Às vezes a mensagem
que a gente quer transmitir pode ser alcançada quando se manipula o
que, a princípio, poderia até dar errado – em pequenas doses o efeito
alcançado é o de tirar a linearidade do look!
RESULTADO: ADEUS LOOKS SEM GRAÇA − A CLIENTE PASSOU A SE DIVERTIR MUITO
MAIS NA HORA DE COORDENAR CORES, O QUE RENDEU AUTOESTIMA HIGHER!
pausa pra refletir
Pra tirar de uma vez por todas as escolhas de cores do piloto automático!

Quais as suas cores preferidas?

Como você gosta/costuma coordenar cores?

Você escolhe as cores das peças que compra por motivação ou por
falta de opção?

Com que cores você se sente feia?

Agora volte para o exercício “Vamos começar a montar um quebra-


cabeça!” para resgatar as palavras-chave que definiu como direção para
suas prioridades de alma e de vida. Liste tipos de cores e coordenações
que podem representar essas direções no que você vai vestir:
prioridade de alma
palavra-chave
tipos de cores e coordenações

prioridade de alma
palavra-chave
tipos de cores e coordenações

prioridade de vida
palavra-chave
tipos de cores e coordenações

prioridade de vida
palavra-chave
tipos de cores e coordenaçõe
prepare-se para viver o seu plano de ação! •
Chegamos à metade do nosso caminho juntas: desde o início deste livro
você está olhando pra dentro, identificando importâncias, preferências,
prioridades de vida, de alma; página a página foi trabalhando na
tradução desses elementos para a linguagem visual – anotando o que
corresponde à cada direção desejada em forma de linhas, cores,
coordenações, formas e até acessórios, cabelo e maquiagem. Você já
sabe o que veste melhor a sua silhueta e quais coordenações de cores
te fazem sentir como você mesma. E o melhor é que toda essa
informação está sendo angariada dentro de você mesma, super de
acordo com a sua personalidade e com a vida que você vive. Olha só:
você já está construindo um plano de ação! E esse plano está sendo
estruturado POR VOCÊ MESMA! Estamos muito orgulhosas aqui! :)
É hora, então, de treinar todo esse autoconhecimento e fazer valer as
direções definidas até agora na prática. Você tem um “mapa de si
mesma” organizado nos capítulos anteriores e está aprendendo a
decifrar códigos de vestuário que te representam de verdade. Let’s pôr a
mão na massa no seu guarda-roupa, em provadores das suas lojas
favoritas, planejar próximas aquisições e fazer com que elas rendam mil
coordenações novas no seu armário. Let’s?
o que, na real, faz um bom guarda-roupa •

QUANTIDADE X QUALIDADE •

Mamãe já dizia que qualidade é mais importante que quantidade, certo?


Isso faz um supersentido na hora de planejar nosso próprio guarda-
roupa. Pensa assim: mais dinheiro = menos quantidade de peças
(qualidade proporcional!). Vale pensar em quanto custa a peça e em
quantas vezes a gente vai usar. É de usar todo dia? O material vai durar,
é resistente a lavagens e ao uso, é especial? O acabamento é seguro e
precioso? Qualidade em material e em confecção implica valor maior,
mas também vida mais longa à peça − e quanto mais qualidade, mais
carinho com a gente mesma (roupa abraça a gente mais que namorado,
mãe, vizinha, amigos!).

QUALIDADE NAS PEÇAS •

_O primeiro “requisito” para que uma peça seja considerada de


qualidade é o material de que ela é feita. É legal dar preferência a peças
que têm em sua composição maior quantidade de fibras naturais
(algodão, seda, lã e linho). Elas duram mais, têm aspecto mais refinado
(mesmo em peças informais) e respiram – por isso não esquentam tanto
(nem dão mau cheiro).
_Um jeito bom (e gostoso) de reconhecer um material de qualidade é o
toque. Passar a mão com atenção, sentir o tecido, perceber se o toque
é agradável. A gente não pode esquecer que é aquele toque que a
gente vai sentir enquanto estiver usando a roupa!
_O acabamento também revela a qualidade da peça: costuras não
devem ser “tortas” nem grosseiras; sapatos não podem ter cola
aparecendo perto da sola; barras não podem ficar retorcidas; forros não
podem ficar pra fora. Vale a pena virar a peça do avesso, porque, se por
dentro ela é bem-feita, quer dizer que houve um cuidado extra na
execução da peça.
_Caimento é superimportante! A peça tem que vestir bem, tem que “cair”
lisa ao longo do corpo, as costuras precisam ser bem fechadinhas e
alinhadas umas com as outras − a peça não pode ficar “suspensa” nem
torta no corpo!
_Qualidade não quer dizer preço alto. Tem peças boas que custam mais,
tem peças boas que não custam tanto, tem peças caras que não são
tão boas assim e tem peças não tão boas, mas que são bem
baratinhas. Pra saber se vale a pena adquirir ou não, é bom “calcular” o
custo x benefício dessa peça levando em conta o tecido, o acabamento
e o uso dela na vida real.

CUSTO X BENEFÍCIO •

Vale gastar mais com o que se usa mais, não é preciso gastar tanto com
o que vai ser pouco usado! Bom é gastar valores equivalentes às
quantidades de uso de cada roupa: quanto mais a gente usa uma peça,
mais ela vale o que se pagou por ela. Essa conta é ótima pra lembrar
que não vale gastar horrores naquele vestidón longo pra ir à formatura
da amiga, mas pode ser bem mais esperto investir no que a gente usa
todo dia, durante a semana toda, durante bem mais tempo.
Imagina gastar 100 reais num vestido glamouroso desses e usá-lo
somente 3 vezes num ano. Dividindo o valor da peça pela quantidade de
vezes que ela foi usada, o vestido custou 33 reais por uso. Agora, pensa
numa calça linda de trabalho que custou os mesmos 100 reais mas é
usada pelo menos 2 vezes por semana, durante o mesmo ano: essa
calça custa menos de 1 real por uso – e a gente tem menos dinheiro
parado dentro do armário, sacou?

TECIDOS NATURAIS X TECIDOS “SINTÉTICOS” •

Olha, quase tudo que a gente adquire – em peças de roupa – é feito de


tecido. Então, é bem inteligente de nossa parte conhecer tipos de tecidos
e saber das propriedades (boas e ruins) de cada um, não é mesmo?
Conhecendo, a gente consegue avaliar o que vale mais e o que vale
menos, assim como quando usar cada tipo desses materiais e mais.
Todo tecido pode ser feito com fibras naturais ou artificiais/sintéticas. As
fibras naturais são o algodão, o linho, a lã e a seda – só. Esses tecidos
são bem confortáveis e flexíveis, duráveis, resistentes, de toque
agradável, práticos de manter e todos “respiram” (não dão cheirinho
ruim!); mas amassam com mais facilidade e super podem desbotar com
o tempo. Os tecidos feitos com fibras artificiais (tipo acetato, poliéster,
acrílico e nylon) secam muito rápido e são muito práticos porque quase
não amassam (óóótemos para viagens), mas não absorvem a
transpiração, dão cheirinho (ixi!) e queimam com superfacilidade na hora
de passar.
Sabe aquela etiqueta que vem dentro da peça, grudadinha na costura
do lado do corpo? É lá que conhecemos a mistura de fios que compõe
cada peça que compramos, até com porcentagens de cada fio na
confecção da roupa – sabia? Toda roupa tem obrigação (por lei) de vir
com essa etiqueta. E aí, entendendo a etiqueta, podemos avaliar coisas
do tipo:

_peças com maior quantidade de tecido natural sempre são mais


fresquinhas: no calor, mesmo em cores escuras – se feitas em algodão,
seda e afins –, dão menos sensação de muito quente do que as
“sintéticas” (que fazem parecer que a gente se enrolou no plástico –
nada fresco, né?); e quanto mais tecido natural na composição, mais o
valor cobrado pode ser justificado.
_uma peça com maior quantidade de tecido “sintético” é mais quente:
então malhas feitas em fios artificiais, bem pro frião mesmo, aquecem
mais (e a gente pode sempre usar com camiseta de algodão por baixo,
espertinhas que somos!) e podem ser bem baratinhas – o que não vale
é pagar supercaro por uma peça 100% “sintética” sabendo que não vai
super durar, entende?
_materiais naturais transmitem instantaneamente uma imagem mais
elegante e duram bem; materiais “sintéticos” têm questões de
manutenção recorrentes e enjoadas de cuidar, tipo bolinhas, enrugados,
cara de velhinho logo depois das primeiras lavagens, costuras que
entortam e tal.
_tudo que tem stretch/elastano tem fio “sintético” na composição;

E, em cada guarda-roupa, para cada tipo de personalidade e de estilo


de vida, a gente encontra necessidades diferentes. Quem viaja muito
precisa de uma coisa, quem vai andando pro trabalho precisa de outra
coisa, quem tem criança precisa de outra, quem tem momentos
diferentes pode precisar de uma coisa pra cada momento desses. Bom é
conhecer e estudar pra todo mundo investir certo, em valores e em
quantidades!

TECIDOS PLANOS X MALHAS •

Simples assim: tecido plano é aquele que não estica, tipo lã, sarja, seda,
tricoline etc. E malha é o tecido que deforma e cresce quando a gente
estica, tipo viscolycra, algodão de camiseta, jérsei, tricô etc. Tanto
tecidos planos quanto malhas podem ser feitos de fibras naturais,
“sintéticas”ou mistura das duas!
Na prática o que mais importa é saber que esses dois tipos de tecidos
transmitem mensagens bem diferentes: tecido plano parece (quase)
sempre mais sofisticado e formal, enquanto a malha parece sempre ser
mais confortável e esportiva. Peças em malha não vão pra eventos mais
elegantes, tipo festonas ou casamentos, e também não são -
superadequadas pra ambientes profissionais muito formais. Já as peças
em tecido plano vão pra qualquer lugar!
Maaaas, ao contrário do que parece, a malha não é vilã – e existem
inúmeras situações em que ela é investimento certeiro. Por ser maleável
e mais confortável, a malha é uma ótima companheira de viagem –
amassa menos e é mais fácil de “desamassar” – e veste bem em
momentos em que todo o resto do guarda-roupa “aperta”. É bom pras
grávidas, pra quem tá amamentando, pra passear com o cachorro no fim
de semana… e é o tecido perfeito pra servir como “roupa de ficar em
casa”. Outra vantagem das peças de malha é que elas normalmente são
(ou deveriam ser) mais baratinhas.
Existem maneiras de deixar a malha mais refinada. As peças podem ter
modelagens mais interessantes, podem ser mais fininhas e ter uma leve
transparência, ter cores mais neutras. Hoje em dia, quase todas as
marcas bacanas confeccionam camisetas em malhas finas, com cortes e
recortes que fazem com que elas não sejam “simples camisetas” –
normalmente, essas são as peças mais “em conta” de todas as
coleções.
Peças em tecido plano também podem ficar mais moderninhas se
tiverem modelagens menos clássicas, se forem em cores mais coloridas,
estampadas, com texturas mais aparentes ou mais opacas. Elas acabam
sendo, muitas vezes, mais caras, mas também acabam durando mais!
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Guarda-roupa pra vida que a gente leva

Roupas bonitas não significam, necessariamente, roupas certas pra


nossa vida, já percebeu? Depois de tantos anos (!!!) atendendo clientes,
visitando guarda-roupas e fazendo compras com um monte de mulheres
superdiferentes umas das outras − principalmente em estilo de vida −, a
gente percebeu que ter uma identidade visual forte e consistente não
significa usar uniforme todos os dias (isso seria uma prisão), mas
também não significa ter as roupas mais fantásticas do mundo que não
saem de dentro do armário.
No final das contas, um bom guarda-roupa é aquele que tem um monte
de coisas lindas, que combinam de verdade com a vida que a gente
leva. A maior parte das clientes reclama de ter um guarda-roupa cheio
de peças incríveis, mas de não conseguir se livrar da sensação de não
ter nada pra vestir − toda manhã, se vestir é um martírio; as clientes
acabam usando todo dia as mesmas cinco peças e, quanto mais fazem
compras, menos opções parecem existir!
O diagnóstico pra isso é certeiro: muita gente compra roupas pra vida
que sonha ter e não pra vida que vive! De que adianta uma mulher com
uma carreira que toma conta de grande parte da vida dela só comprar
peças confortáveis, de usar no final de semana? Ou uma mulher que mal
sai à noite só ter peças de balada dentro do guarda-roupa? Ou então
uma que não gosta das suas coxas só ter saias, vestidos e shorts
curtíssimos? Pra quem está de fora fica muito fácil enxergar que essas
roupas não vão ter oportunidades reais de sair de casa!
No fim, a pergunta crucial que a gente tem que se fazer pra ter um bom
guarda-roupa, que funcione, é: QUAL É A VIDA QUE A GENTE LEVA? −
qual o “código de vestir” coerente com o ambiente de trabalho, quais são
os programas de fim de semana, quantas baladas a gente frequenta de
verdade, se a gente é mais do dia ou mais da noite etc.? Alô, pizza da
página 32!
Isso não significa que só porque você ama sua profissão e passa muito
tempo no trabalho suas roupas precisam ser todas cinzas e pretas e
chatas, ou que só porque no fim de semana você fica com as crianças
não pode ter um pouco de glamour, ou que só porque você badala quase
todas as noites todos os seus sapatos têm que ter salto 15! O desafio
mais legal é conseguir fazer funcionar o nosso estilo de vida com a
nossa personalidade e com o gosto pessoal. Mesmo porque sonhar um
pouquinho só pode fazer bem, né?!
hora da prática •
“SE QUERES SER UNIVERSAL, COMEÇA POR PINTAR A TUA ALDEIA.” (TOLSTÓI)

É no próprio guarda-roupa que a gente começa a exercitar tudo que


sabe sobre si mesma e sobre o que representa a gente no universo do
vestir. Um exercício e tanto esse de identificar nas nossas próprias
roupas – compradas ao longo de uma vida toda e usadas há tanto tempo
– o que tem a ver com quem a gente é de verdade, com o momento de
vida que vive, o que faz bem pra silhueta e que cores contribuem pra se
sentir como quer. Mas é assim, “preparando terreno”, que a gente treina
o olhar e o raciocínio – e já cuida pra abastecer esse repertório-de-vestir
de forma certeira daqui pra frente.

REVITALIZAÇÃO DO GUARDA-ROUPA •

Não dá pra jogar fora todas as nossas roupas e começar um guarda-


roupa do zero. Isso até pode acontecer em programas de TV, mas na
vida real é inviável! Esperto é programar revitalizações periódicas no
próprio armário − se “limpeza de guarda-roupa” remete a tirar tudo de lá
e passar um pano de pó, a ideia de revitalizar consiste em rever peça a
peça bem objetivamente a fim de tirar do guarda-roupa o que não
funciona mais. O resultado faz parecer que as roupas que ficam são
todas novas – e, mesmo com quantidade menor, as possibilidades se
expandem (de verdade!).
Com uma revitalização, a gente pode se perguntar, à medida que
“revisa” cada peça, o que quer desse guarda-roupa – lembra da
essência do plano de ação? Cada uma dessas peças te faz sentir o que
você quer sentir? Faz você parecer como quer parecer?
Junto com toda informação sobre você mesma já organizada nas
páginas anteriores, existem algumas direções extras pra orientar o que,
de repente, não precisa ocupar espaço (físico e mental!) no seu guarda-
roupa.
O que pode sair:

_tudo que não serve mais (tanto pro corpo quanto pra vida!);
_tudo que já foi usado à exaustão e tá velhinho;
_cores que não têm tanto a ver com as mensagens que você
quer transmitir;
_peças manchadas, furadas, desgastadas, malconservadas, com "prazo
de validade de uso" vencido;
_peças que você põe e tira toda vez que vai sair (essas podem ficar pra
ser testadas num eventual momento de montagem de looks – e, se nem
nessa ocasião elas funcionarem, então o adeus é definitivo);
_peças que só dão certo com uma única outra peça do armário;
_peças velhuscas (e não vintage*).

*O QUE É VINTAGE •
e o que é só velho mesmo

Uma vez uma cliente perguntou pra gente como diferenciar o que é
vintage do que é só antiguinho – pra saber o que tem valor, o que vale a
pena guardar e o que pode ser descartado. A gente tentou explicar o
valor da informação de moda na roupa – mas nem com muito esforço a
gente conseguiria definir tão bem o que é vintage quanto o coletivo
espanhol Cajon DeSastre**. É deles a melhor definição de vintage dos
últimos tempos:
“Para uma peça ser vintage os requisitos são os seguintes: ter pelo
menos 20 anos de antiguidade, ser testemunha de um estilo próprio ou
de um estilista, não haver sofrido nenhuma transformação, representar
um instante de moda e estar em perfeito estado.”
Agora informadas e sabidinhas, vale levar em conta que o que é vintage
provavelmente custou um pouco mais se veio de brechós – mas também
tem mais valor e mais informação de moda. O que faz com que aquela
pechincha de 5 euros trazida de viagem provavelmente seja só um item
velhinho descartado por alguém – e que de repente não merece tanto
apego, se não tem função no armário. Vale pra pensar também na
diferença de valor sentimental e valor de moda: o que nossas mães
usaram é tão valioso quanto um Gucci da década de 1970, mesmo que
não tenha tanta idade assim.

A TAREFA DE MONTAR “PILHAS” •

Rever um guarda-roupa inteiro não é tarefa tranks pra ninguém – nem


pra gente que faz isso profissionalmente há anos! Durante essa
“repassada geral” a gente acaba encontrando mais do que peças que
não precisam mais fazer parte do nosso “acervo pessoal” – mas também
coisas que precisam de atenção extra. À medida que a gente investiga
os próprios cabides, pode também organizar tarefas práticas por “pilhas”.
Veja só!

PILHA DO QUE SAI:


Pode ainda ser dividida entre as peças que vão ser doadas pra caridade,
o que vai ser doado pra família (pra irmã, mãe, primas etc.) e o que vai
ser vendido em brechó etc.

PILHA DE CONSERTOS:
Peças que demandam atenção podem ser divididas entre o que vai ser
mandado pra própria loja de origem, o que vai pra costureira, o que vai
pro sapateiro, o que vai pro lugarzinho que conserta bijus etc.

PILHA DO QUE PRECISA DE LIMPEZA:


E que pode ser separada pra lavar em casa, pra levar à lavanderia do
bairro ou a uma lavanderia megaespecializada.
** http://www.mi-cajon.com.br/
pausa pra refletir
Guarda-roupa não é só guarda-roupa

A gente sabe que armário de mulher é bem mais do que uma caixona de
madeira cheia de pedaços de pano cortados e costurados em forma de
roupa. Sabe que tudo que faz parte desse universo particular foi levado
pra casa imbuído de muita emoção (mais do que de raciocínio), e por
isso é legal manter fresca a ideia de que mexer ali é mexer com a vida
toda – não só com o que se usa. Tem sentimento bom e ruim
intimamente ligados a uma peça ou outra de roupa, e quase tudo que se
tem carrega lembranças boas ou não-tão-boas de sensações vividas em
algum momento.
A relação com essas peças e com o próprio guarda-roupa também não
é tão simples quanto pode parecer. Tem gente mais apegada e gente
superdesapegada; gente bagunceira e gente organizadinha; gente que
tem tudo muito-demais-da-conta e gente que tem muito pouco; gente
querendo comprar e comprar e comprar e gente querendo otimizar o que
tem; gente que naturalmente faz “revitalizações” periódicas e gente que
tem coisas guardadas desde 1920… Se a humanidade é sortida, é
natural que as relações entre tudo e todo mundo sejam as mais variadas
também, né? O que não varia é essa certeza: a de que tudo que o
guarda-roupa armazena demandou investimento de tempo, disposição,
dinheiro e alguma emoção – e que, por isso, carrega história.
Faz sentido, então, procurar certa leveza ao se propor revitalizar o
próprio armário. O que a gente adoraria alcançar com você, como
resultado, é que esse conjunto de roupas que compõem o seu acervo
seja aliado de uma vida mais produtiva, de mais autoamor e de mais
facilidade – e não um empecilho, um entrave a cada manhã.
Por isso a gente prefere chamar essa etapa prática da nossa jornada de
‘revitalização de guarda-roupa’. Não é por acaso que a gente renega a
nomenclatura “limpeza de guarda-roupa”, e sim, para firmar conceito e
motivação: limpeza diz pra gente que o foco está no que sai do armário,
no que é descartado. Pra gente, revitalização deixa claro que o foco é no
que fica e no que pode render e funcionar ainda melhor.
DIREÇÕES SUPERPRÁTICAS DE VERSATILIZAÇÃO DE PEÇAS

Se o que não é essencial já foi descartado, o momento seguinte é o de


pensar em como o que fica vai funcionar, com o quê e de que maneiras.
Três direções podem dar caminhos práticos a se seguir – e auxiliar todo
esse processo, veja só!
1 X 3
Pensa sempre que toda peça de roupa que você tem no armário, ou que
quer comprar, tem que render pelo menos três looks diferentes. Isso
quer dizer que cada peça precisa ser coordenável com outras três peças
que você tem. E não vale camiseta pink com jaqueta preta, short preto,
saia preta: pra valer a pena ter e comprar quaisquer peças, todas
precisam funcionar com outras três peças bem diferentes – feitas pra
ocasiões diferentes, temperaturas diferentes, com coordenações de
cores e estampas diferentes. Vale até pra vestido, viu? Essa é uma
direção incrível (!!!) e, com ela, o guarda-roupa fica enxuto e coeso – e, a
partir dessa consciência, a gente economiza um tanto em compras
dispensáveis.
1 X 5
A conta é bem simples: um guarda-roupa que funciona tem que ter mais
partes de cima que partes de baixo. A proporção dos sonhos é de cinco
partes de cima pra cada parte de baixo que você tem. Parte de cima é
blusa, camisa, camiseta, bata, jaqueta, cardigã, casaco, tricô etc. E parte
de baixo é calça, short, saia, bermuda, vestido.
A blusa é sempre a peça de roupa que fica mais perto do rosto,
exatamente por isso chama mais atenção e acaba sendo a peça que
mais permanece na memória de quem vê a gente. Assim, repetir uma
mesma calça com cinco partes de cima diferentes faz parecer que a
gente tem cinco looks diferentes − e se a gente usa uma mesma parte
de cima com cinco calças diferentes, parece que esteve o tempo todo
com a mesma roupa! Que choque, hein?!
Exatamente por isso não adianta ter no armário um monte de roupa
igual. Vale mais a pena ter um pouquinho de cada variedade. De -
verdade! E então, nessa ideia de proporção e variedade, vestidos podem
ser a peça a ocupar menos espaço no armário, porque permitem menos
variações de coordenações. A partir de agora, quando a gente for
“enfrentar” o armário (e também na hora de fazer comprinhas), vale se
lembrar da aula de matemática e focar em proporções, porque isso faz
render looks elevados a enésima potência.

1 X 1
A gente só deveria ter roupas que ama usar, não é mesmo? Pra que ter
alguma coisa que fica “mais ou menos” ou que é bonitinha, mas…? A
regrinha da substituição é inteligentíssima: a cada peça nova que entra
no armário, sai uma “velha”. Daí a gente pensa muito mais na hora de
comprar e acaba ficando com um guarda-roupa conciso e superatual,
sempre! Ter muita-coisa-demais-da-conta mais atrapalha que ajuda.
EXERCÍCIO • PARA PRATICAR

INVENTÁRIO DE CORES E QUANTIDADES PARA ORGANIZAÇÃO E


PLANEJAMENTO :)

Pegue um bloquinho e uma caneta, vá para a frente do armário e


comece a listar as partes de baixo e as partes de cima que estão lá (ou
as campeãs de uso). Daí, faça uma outra lista paralela, a das cores
dessas partes de baixo e das partes de cima. Quando tiver duas listonas
de cores, separe tudo em cores neutras e cores-coloridas. Tipo:

12 partes de baixo − 8 em cores neutras e 4 em cores-coloridas


20 partes de cima − 18 em cores neutras e 2 em cores-coloridas

Nesse cenário imaginário, o guarda-roupa estaria precisando


desesperadamente de partes de cima coloridas, sacou? E a dona dele
poderia se programar para as próximas compras direitinho. Ou, em outro
exemplo, tipo este:

15 partes de baixo − 10 coloridas e 5 neutras


12 partes de cima − todas coloridas

Nesse exemplo, o planejamento direcionaria compras de mais partes de


cima que partes de baixo, e as partes de cima novas poderiam ser bem
mais neutras pra fazer render esse monte de parte de baixo colorida.
Entendeu?
Essa “catalogação” de guarda-roupa ainda pode ser dividida em peças
de frio ou calor, em cores claras e escuras, em peças com texturas ou
peças lisas, em formal e informal, mil variações. Todas dão direção para
as próximas aquisições − e ainda rendem umas ideias novas de
coordenação. Pode testar, dá supercerto!
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Hitchcock e as limitações

Diz que Alfred Hitchcock, cineasta inglês que trabalhou muito nas
décadas de 1950 e 1960, dizia que limitação aumenta a criatividade.
Tipo, quando se pode tudo, não se exercita a criatividade de burlar
regras, não se pensa em jeitos diferentes de fazer alguma coisa
funcionar ou em soluções. Ele mesmo se impunha limitações no
trabalho, tipo fazer um filme inteiro sem cortes – ele escolheu ser criativo
e foi assim que se superou e fez Festim diabólico, um super celebrado
filme (põe no Google!). Tem cara de que ele teve um trabalhão, mas
também que se divertiu como nunca e que se sentiu muito
recompensado por ter alcançado um resultado legal mesmo com
adversidades.
Quando a gente tem limitações, a gente se esforça mais, estuda mais,
experimenta mais – e nem por isso precisa perder a espontaneidade (até
parece!). Então, limitações de peso, medidas, proporções, quantidades,
e até de orçamento viram estimuladores de criatividade. E se dão mais
trabalho pra gente, se sentir capaz e feliz em frente ao espelho –
independente de regras vazias mas atendendo o que a gente mesma
define como direção! – pode uma ser super-recompensa.
EXERCÍCIO •

O QUE JÁ NÃO DEVIA MAIS ESTAR NO ARMÁRIO

Escolha, no próprio guarda-roupa, (pelo menos) duas peças pra avaliar


objetivamente, exercitando o conhecimento organizado sobre você
mesma até aqui. Essas duas peças precisam ser do tipo que já não de
viam estar no seu armário há muuuuito tempo, mas que ainda não
saíram – e você nem sabe por quê. A partir dessa seleção vale refletir
sobre:
Há quanto tempo as peças não são usadas? E quando elas foram
usadas pela última vez (se é que foram algum dia), o que você sentiu?
Que tipo de look elas renderam?
peça 1
peça 2

As peças selecionadas rendem coordenação com quantas outras peças


do seu guarda-roupa? (Só vale listar peças superdiferentes entre si – ou
que rendam looks diferentes, pra diferentes ocasiões, com diferentes
propósitos.)
peça 1
peça 2

Há questões relacionadas com manutenção que podem fazer com que


essas peças sejam aproveitadas de alguma maneira? Algum conserto ou
ajuste?
peça 1
peça 2
EXERCÍCIO •

Essas peças têm efeitos bacanas ou ruins na sua silhueta? Quais são
esses efeitos?
peça 1
peça 2

Essas peças compõem, com outras do seu armário, coordenações de


cores que transmitem as mensagens que você quer transmitir?
peça 1
peça 2
EXERCÍCIO •

As peças têm a ver com os elementos de estilo que traduzem pra prática
as suas prioridades? Quais são, desses elementos, os que aparecem
nessas peças?
peça 1
peça 2

Essas peças de roupa fazem sentido no seu guarda-roupa hoje? Elas


têm função ou podem ser úteis? Fazem você se sentir bem? Por quais
motivos reais elas devem permanecer no seu acervo ou podem ser
descartadas?
peça 1
peça 2

Esse treino pode acontecer de novo durante a manhã ou a tarde que


você reservar na agenda pra revitalizar o próprio guarda-roupa. Feche a
porta, ligue a música, vista alguma coisa confortável (e fácil de tirar, pro
caso de você querer provar algumas peças durante o processo) e mãos
à obra – vale a pena! :)
QUEBRA-CABEÇA DA VIDA REAL
O armário-de-cliente mais abastecido que a gente já conheceu era também o
menos eficaz

Questões trazidas pela cliente: ela tinha muitas centenas, milhares,


milhões (!!!) de peças, mas usava sempre as mesmas coordenações –
ou seja, parecia que não tinha roupa! Por ter um código de vestir
superlivre no trabalho, acabava se vestindo sempre igual (no trabalho,
no fim de semana, em programinhas à noite) e estava cansada da sua
aparência.

Diagnóstico: tinha muito mais roupas e acessórios do que a própria vida


comportava. E exatamente porque seu acervo era enooorme, dava muito
trabalho coordenar tudo que havia ali, e se arrumar todos os dias era um
suplício.

Solução: o que parecia ser uma solução (ter muitas opções de roupa)
era, na verdade, um problema bastante limitador. Era preciso fazer uma
super-revitalização e tirar tudo o que não combinava com pelo menos
outras três peças do guarda-roupa. A prioridade nesse trabalho era
versatilizar o que a cliente tinha pra que menos rendesse mais, e o
momento dessa revisão detalhada no armário da cliente garantiu
aprendizado na prática. (Essa revitalização durou quase dois dias
inteiros!!!)

Aprendizado: muita roupa não quer dizer praticidade e garantia de


muitos looks – pelo contrário!
RESULTADO: FACILIDADE DE SE VESTIR TODO DIA DE MANHÃ, VISUALIZAÇÃO
OTIMIZADA DOS USOS VARIADOS DAS PRÓPRIAS PEÇAS E AUTOESTIMA HIGHER!
o que faz a diferença, o que é essencial •

A cada revitalização feita no guarda-roupa – seja a cada estação, de 6


em 6 meses ou de ano em ano – a gente já consegue detectar e definir
necessidades, pra, então, delinear uma lista de futuras aquisições, do
que seria muito legal acrescentar ao nosso acervo. Esse é um momento
superpropício de estudo do que se tem, de avaliação de vontades e de
planejamento pra looks futuros − pensando em variações de estação e
de ocasiões. A ideia não é reconstruir um armário inteiro ou estar
“pronta” (afffff! ninguém nunca tá pronta!), mas, sim, procurar peças-
chave que, nesse primeiro momento, rendam muito exercício de novas
direções e estimulem a gente a evoluir naturalmente, a partir do uso
dessas próprias peças novas.
Uma possível lista de compras já pode nascer dividida em duas partes:
uma com tudo que seria incrível comprar durante tooooda a vida, mais
genérica; outra com o que é prioridade pra já, mais específica, com o
que pode impactar na nova vibração agora (!!!) e funcionar como uma
cola pra dar liga em tudo que ficou no guarda-roupa revitalizado.
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Trecho de entrevista feita com o psicanalista Flávio Gikovate pela
Revista Moda/Joyce Pascowitch, em Junho de 2012.

REVISTA MODA: O desejo é ruim?


FLÁVIO GIKOVATE: É impossível não desejar, mas vivemos numa
cultura que valoriza muito esse sentimento. Isso leva ao sexo casual, por
exemplo. Você não pode pensar em casais monogâmicos estáveis
porque o interesse por outra pessoa pode surgir. Ora, o desejo não é
uma ordem! O máximo que pode acontecer quando ele não é realizado
é uma pequena frustração, mas ninguém suporta passar por isso. A
mesma coisa acontece com o desejo de consumo. Queremos algo até
obtê-lo e, assim que conseguimos, parte-se para o próximo objetivo. A
vida fica infernal. A situação oposta seria focar no aspecto sentimental, o
apego. Em vez de trocar de aparelho celular, posso perfeitamente
começar a gostar dele. O consumismo vem de uma relação erótica com
objetos no lugar de um elo romântico em que se tem o mesmo relógio
para a vida inteira.

REVISTA MODA: Como lidar com essa troca frequente de desejos?

FLÁVIO GIKOVATE: O desejo é induzido pela indústria. Você sobe ou


desce a cintura da calça jeans pra vender mais. Para encarar isso de
forma saudável é preciso se fortalecer internamente. Com o
crescimento emocional, você ganha mais consciência e não se
deixa seduzir tão facilmente. O problema é que a maioria das pessoas
não tem controle nenhum sobre o tema e aceita sugestões da
publicidade. Em uma época em que, teoricamente, a liberdade é máxima
e todos poderiam ser superirreverentes, as pessoas nunca foram tão
parecidas e obedientes às normas. Não existe nenhum impedimento
para não consumir e a maioria o faz loucamente. Não é proibido andar
fora da moda.

REVISTA MODA: É possível definir uma pessoa pelos objetos que ela
consome?

FLÁVIO GIKOVATE: Se ela usar uma roupa que a defina, sim. Quem se
veste só com grifes mostra apenas sua posição econômica: você pode
até dizer que ela é esnobe, mas não saberá nada sobre sua
personalidade. Para conhecer alguém, é preciso que a pessoa se vista
sempre da mesma forma. Há uma enorme diferença entre a cultura
europeia e a americana. Os europeus consomem boas coisas em
quantidades pequenas. É o apego aos objetos. Uma roupa bacana é
aquela que deixa você aparecer, que te caracteriza. O consumo não
deixaria de existir, as peças precisariam ser trocadas eventualmente. Até
porque a roupa que escolhemos é a primeira coisa que aparece aos
olhos dos outros.
treinamento de provador •
VISITAS A LOJAS PODEM SER EXPERIÊNCIAS DE CONSUMO
CONSCIENTE!

É vivendo que a gente compreende 100% todas as direções que perso-


nalidade e rotina entregam pra gente. Provar mil possibilidades em lojas
é experiência valiosa e pode durar tanto quanto necessário, já que nada
do que é vestido em provador é efetivamente nosso ou tem obrigação de
ser levado pra casa. Essa é uma sacada mais que maravilhosa: em
provadores a gente pode experimentar ser o que quiser, sem
compromisso, apenas se permitindo se ver e se sentir diferente. Isso
proporciona muito mais benefício – em forma de autoconhecimento! – do
que só as compras eventualmente feitas, muito mais valioso que peças
de roupa em si.
Cada look experimentado rende reflexão: não vale pensar só “isso é
bonito” ou “isso ficou horrível”. É possível pensar sobre coordenações de
cores, comparar na prática o que é mais vivo ou mais opaco, o que cria
mais ou menos contraste. O provador rende também novas sensações
relacionadas à silhueta: como cada peça, tecido, modelagem cai no
corpo e como a gente se sente é infinitamente mais eficaz do que a
explicação na teoria. Em especial, experimentar roupa – sem
compromisso! – dá chance de identificar na gente mesma as mensagens
de estilo que se quer transmitir e avaliar o custo x benefício de cada
peça provada, observando na prática acabamentos e qualidade dos
materiais.
E mais: a cada look experimentado a gente deve se perguntar – com
aquela sinceridade já treinada antes:

“Essa peça me faz sentir o que quero sentir?”


“Me faz parecer como quero parecer?”

Essas duas perguntinhas – e suas respostas – são o que nos permite


fazer (ou não) compras certeiras, seguras e conscientes em quaisquer
lojas, em todo lugar do mundo, com qualquer orçamento.
Uma delícia quando a gente se sente exatamente como quer e se
reconhece – com prioridades claramente atendidas – em frente ao -
espelho! E, se as nossas próprias expectativas não são atendidas, é o
caso de se despir de qualquer imagem sugerida pra então devolver as
peças à vendedora. Simples (e maravilhoso!) assim.

LISTA DE POSSÍVEIS COMPRAS EM MÃOS •


hora de fazer valer o planejamento

Tem um ditado sueco (!!!) que diz que “quem compra coisas de que não
precisa ou que não usa está roubando de si mesmo”. Estamos há alguns
anos visitando os guarda-roupas mais abarrotados e convencendo geral
de que ninguém precisa de tanto − vale mais ter pouco que se usa
muito, e de muitos jeitos! Por isso planejar é tão eficaz: com uma lista de
possíveis peças-necessidades-demandas em mãos, feita com reflexão a
partir da revitalização do guarda-roupa, a chance de se comprar o que é
supérfluo já nem existe mais (assim esperamos!).
Pode ser legal, antes mesmo de sair de casa, usar a lista de peças
como direção de onde procurá-las. E rende mais ter um tempo
determinado pra visitar uma quantidade específica de lojas mais ou
menos definida do que bater perna sem rumo o dia todinho. Guarda-
roupa que já está preparado pra receber peças-chave que possibilitem,
junto com as antigas, o exercício de um plano de ação “estilístico” tão
carinhosamente preparado merece planejamento, certo? Que tal abrir os
sites dos shoppings, pesquisar as lojas de cada um e traçar um possível
roteiro?

Já em frente às vitrines, é hora de exercitar comportamentos e truques


que ajudam a comprar menos e melhor:

_Informação nunca é demais. Se a gente pode programar compras para


o sábado, durante a semana é legal dar uma olhada nas revistas de
agora, nos sites das marcas (para ir se familiarizando com as coleções)
e no site da Oficina de Estilo (né!).
_Sair com foco é bem importante. Os meninos não têm armários
abarrotados porque compram por necessidade − a gente não: o
shopping é um passeio e uma desculpa pra encontrar a mãe, as
amigas… E quando a gente resolve fazer compras como se fosse
terapia, pra “curar” alguma coisa?!?? Foco, gente. Antes de sair vale
repassar os resultados da última revitalização feita no armário pra ter
em mente as peças favoritas do momento, as campeãs de uso e o
grupo de cores disponível em casa, pra então escolher peças que vão
render muitas combinações e cores que vão dar certo na hora de
coordenar. Pensar em look e não em peças específicas: cada peça
escolhida precisa ser coordenável com pelo menos outras três ou
quatro que você já tem (lembra?).
_Superajuda sair usando a lingerie adequada pro que se quer comprar.
Tem que pensar no que não marca e no que é mais confortável, pensar
que as luzes brancas e os espelhos doidos dos provadores já são
enfeiadores (né?). Se for o caso de comprar um vestido ou look de
festa, é bom levar os sapatos da ocasião pra provar junto.
_Uma coisa é perceber o que mais se usa e o que sempre dá certo no
guarda-roupa e nos looks de todo dia; outra coisa é comprar um monte
do mesmo! Se você adora saia e camiseta polo, não precisa comprar
todas as cores da mesma camiseta e três estampas da mesma saia: só
quando escolhe variedade é que a gente tem possibilidades de mais
usos (e de usos mais originais). Tudo bem ter seis jeans (se você usa
muito, tipo todo dia!), mas que todos eles sejam bem diferentes entre si,
cada um de um jeito especial. Também não é legal comprar tudo na
mesma loja, pra não ficar com cara de catálogo: vale mais comprar uma
ou duas peças em cada loja e montar looks mais pessoais, mais com a
nossa cara, sabe como?
_Investir de acordo com o prazo de validade fashion de tudo: vale gastar
um pouco mais no que é básico, clássico, em uma cor que é neutra e
naquilo que a gente usa mais, que vai servir mais vezes, que a gente
tem certeza de que funciona bem. O que é modinha, o que é vontade
“passageira”, sempre vale menos − dá pra esperar a liquidação.
_A gente não deixa cliente nenhuma levar nada sem provar. E tem que
provar de frente, de costas, sentada, andando, “dirigindo” (de
mentirinha!), dançando etc. Com a gente, ninguém compra nada que
gera dúvida: se a cliente não tem certeza, a gente pede à vendedora
para reservar durante um tempo, anota os preços do que provou e olha
mais lojas, toma um café, conversa, pensa e, aí sim, volta pra buscar a
peça ou para des-reservar. E você pode fazer isso também, por que
não? Vale pensar de um dia para o outro também (pra gente mesma –
Fê e Cris – é sempre assim: a gente prova num dia, reserva, pensa e,
se no dia seguinte a gente ainda tem vontade de ter aquilo, volta lá e
arrasa!).
_Por fim, não pode comprar nada que não ame, que não faça o olho
brilhar e que não seja per-fei-ta para quem compra. Às vezes pra ficar
perfeito precisa de ajustes e tal. Mas quando é amor, amor de verdade,
a gente sabe, né? ;-)

BRILHO NO OLHO •

A filósofa Olgária Matos diz que “fascinação é o inexplicável da beleza −


um amor (por algo) que não se explica objetivamente, não se explica
pela forma, pelo movimento, pela cor ou pelo design... por nada”. Se
permitir amar uma peça de roupa assim, arrebatadoramente, pode
render observação valiosa pra gente que se interessa pelo estilo pessoal
– especialmente se esse amor rola por um item não-necessário.
Geralmente, marcas registradas, direções de estilo e até novos (e
evoluídos!) elementos de identidade visual surgem a partir disso, desse
amor louco. Tem que ficar de olho, tem que se permitir, se estudar,
perguntar os porquês!

DEUS MORA NOS DETALHES •


sutilezas pra observar no provador

A cada peça experimentada, em quaisquer provadores, a gente pode


perceber:

_se a costura dos ombros está onde deve estar: bem sobre o encontro
dos ombros com o braço;
_se o entorno da gola tá com a forma bonita, encaixadinho;
_a abertura do decote;
_como o tecido cai nas costas, como cai na cintura;
_altura de barras (de partes de cima e de baixo!);
_possíveis abotoamentos e amarrações;
_sobrinhas de tecido no bumbum e como cai no bumbum;
_abertura e altura de bolsos;
_largura das pernas;
_aberturas de saias e vestidos tipo envelope;
_fendas;
_transparências;
_se há necessidade de lingerie especial (e se já tem essa lingerie);
_se as costuras estão tortas ou alinhadinhas, se elas enrugam
(não deveriam!);
_de que material a roupa é feita;
_se o material pinica, puxa fio fácil, demanda manutenção complicada;
_e mais!

Mas né, mais importante que tudo isso junto é que você se sinta
confortável – física e emocionalmente – dentro de cada peça de roupa
provada.
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Substitua consumo por autoestima

Todo mundo já viveu isso: passar em frente a uma vitrine (ou clicar num
endereço de venda on-line) e pensar “eu preciso disso!”. Quem nunca se
justificou usando essa necessidade doida que às vezes a moda faz a
gente sentir (é ou não é?!). Mas, né, com guarda-roupas abastecidos
durante toda uma vida, duas-três-quatro portas de armário cheio de
pecinhas ótimas (às vezes até mais!)… será que a gente PRECISA
mesmo de alguma coisa?
A verdade-verdadeira é que ninguém precisa de nada. Em moda, a
expressão “necessidade” pode ser inteligentemente substituída por
“fazer a diferença”. Simples assim: a gente não precisa de nada, mas a
gente pode ter coisas que façam a diferença no armário, no vestir de
todo dia, na vida prática.
E essa troca – de valores! – não é desculpa pra justificar as mesmas
compras que a gente faria por “necessidade”, não. Precisar, precisar
mesmo, a gente precisa é de consciência, de inteligência pra cuidar do
dinheiro que ganha, de esperteza pra escolher onde se vai gastar e com
o quê. A troco de quê. Então, o que faz a diferença? Como identificar o
que é chilique-chamado-convenientemente-de-necessidade e o que faz-
a-diferença?
Peça de roupa (ou acessório) que faz a diferença é o que nos faz dar
um salto – de quem a gente é pra quem a gente quer ser, sabe como?
Peça que dá liga, que serve como cola entre outras tantas peças que
podem estar paradas no armário, que faz render um monte de
coordenações (lembra de fazer acontecer – pelo menos – três
coordenações pra cada peça!) –, essa faz diferença. Faz toda diferença
o que não tem substituto no guarda-roupa, o que acrescenta informação
extra, original, nova de verdade dentro do conjunto de peças disponível.
Isso faz a diferença.
É um tempo de consciência, de viver bem a vida, de dar importância ao
que é importante de verdade – e não ao que parece ser urgente. Moda é
legal mas não é tão importante, gente. Não tanto quanto ter dinheiro na
conta pra estar tranquila, quanto planejar/garantir conforto no futuro,
quanto ter contas em dia. Roupa a gente tem – até sobrando. Comprar
por comprar é bem démodé. E quando o dinheiro compra o que faz a
diferença (e não o que é falsa necessidade), a gente é mais esperta.
EXERCÍCIO •

ANÁLISE DAS ÚLTIMAS COMPRAS

Feche os olhos e se lembre da última peça de roupa ou acessório que


comprou. Qual o tamanho do seu amor por essa compra? Ela combina
com você e com o que você tem no armário?

Tente listar outras 3 peças que rendam coordenações com essa compra:

Quantas vezes você já usou essa compra desde o dia em que a levou
pra casa? Valeu o investimento?

Sem querer criar climão (!!!), mas ó: esse exercício serve pra lembrar
que roupa que a gente compra e não usa é equivalente a ter dinheiro
parado no guarda-roupa, sem poder usufruir.
consumir com consciência não significa não comprar •
Estudar o próprio armário, escolher lojas com propósito específico,
provar peças escolhidas com base numa lista de necessidades
elaborada com objetividade afiada, avaliar importâncias e valores,
separar o que funciona melhor e anotar preço por preço de tudo, pensar,
comparar tudo que foi experimentado para definir o que comprar, voltar
na loja e sóóóóó então passar o cartão de crédito – é substituir consumo
por autoestima, bem diferente de “só” comprar. É o que faz com que a
gente deixe de assimilar essa atividade como foi feita até hoje – no piloto
automático – e passe a perceber todo esse processo como importante,
com o valor que tem.
E compras feitas assim, planejadas, refletidas, reverberam o bem não
só nos nossos armários – concisos, versáteis, inteligentes! –, mas
também no universo particular em volta da gente. Outras compras,
querendo ou não, vão pra sempre ser feitas com influência desse
aprendizado. E assim também vai ser com filhas, mãe, irmã, amigas, e
então todo mundo em volta da gente, de algum jeito, vai dar mais valor
ao dinheiro, ao que compra e ao tempo/satisfação que tem ao consumir
(efetivamente) com consciência.

SE AINDA NÃO FEZ, FAÇA!


Dá trabalho, a gente sabe bem (ô, se sabe!), mas tem valor real na vida
prática e na maneira como a gente se relaciona com o que veste/tem. Se
você chegou até aqui e ainda não fez a sua revitalização de guarda-
roupa: faça! Tá fácil com todas as ferramentas que você tem sobre você
mesma − sobre cores, silhueta e estilo (de ser e de vida).
Aproveite para elaborar a sua lista de próximas aquisições: uma lista
real, que possa ser concluída a médio e longo prazo, pensando no que
pode ser comprado em liquidações, no que pode ser ganhado como
presente de aniversário ou Natal (delícia), o que pode ser trazido de
futuras viagens. Vale avaliar no que se pode gastar mais e no que se
deve gastar menos. Selecione 5 prioridades nessa lista, as top 5 que
agora podem fazer toda a diferença no seu guarda-roupa!
QUEBRA-CABEÇA DA VIDA REAL
Comprar não serve pra se “re-inventar”, serve pra incrementar!

Questões trazidas pela cliente: ela era esposa de um antigo cliente da


Oficina e parecia, na época em que a gente trabalhou com ele, uma
mulher apagada, sem muita vida... Era professora de música, cantava
num coral, era supercontida e na vida dela tudo era muito regrado,
certinho demais. Queria apenas um guarda-roupa mais coordenável – na
verdade, estava contratando a gente por conta do bom resultado que o
marido teve. O trabalho foi bom, ela ficou feliz, tudo tranks… mas legal
de verdade foi quando, anos depois, ela procurou a gente de novo –
tinha se separado, estava bem mais animada e soltinha, namorando um
motoqueiro!!!

Diagnóstico: é claaaaro que o guarda-roupa dela precisava ser


atualizado, adaptado para uma nova rotina, novas atividades, novas
aventuras (literalmente!) – mas não precisava ser refeito. A carinha dela
era a mesma, a silhueta e suas proporções eram as mesmas, ela era a
mesma cliente de antes: mas estava mais solta, mais feliz e com
vontade de parecer mais feminina.

Solução: adicionar peças que funcionavam bem com o que ela já tinha,
mas que acrescentassem feminilidade e um pouquinho mais de ousadia.
Procuramos juntas 5 ou 6 peças bastante novas em relação ao que ela
usava até então, com muitos elementos que transmitissem essas novas
mensagens, pra que, mescladas ao guarda-roupa de sempre, a cliente
sentisse sua aparência renovada com naturalidade.

Aprendizado: não aconteceu nenhuma revolução na identidade visual


da cliente, mas uma evolução!
RESULTADO: AUTOESTIMA AINDA MAIS HIGHER!
versatilizando o que se sabe e o que se tem •
Uma top maravilha dessa proposta de descoberta e aperfeiçoamento de
estilo pessoal – a partir da gente mesma – está em raciocinar sobre o
que é importante de verdade pra, então, encontrar sentido no que a
gente veste e tem. Pode ser muito produtivo, de tempos em tempos, tirar
uma manhã ou uma tarde sem compromissos ou horários muito rígidos
pra testar as possibilidades de versatilização dos próprios looks. “Mas
gente, séééério?” – ahãm, seríssimo!
Montar looks é treinamento das ferramentas que a gente tem pra
manipular a própria aparência, é o exercício de tradução posto em
prática – é quando a gente vira personal stylist de si mesma. Tudo que
compõe esses looks é nosso, é o nosso universo que rende, é possível
usar de mil maneiras – e do jeito que quiser – tudo que a gente tem: isso
é semente e pode fazer germinar toda uma floresta de árvores.
Independente de quantos looks você consegue fazer num período
determinado, o que esses looks te garantem – a cada nova coordenação
– é a confiança pra manipular quaisquer fórmulas a partir do seu próprio
olhar e das suas próprias vontades, com segurança de que o resultado
só pode ser bom… porque ele já foi experimentado no seu universo
particular, no seu armário. Isso, sim, rende autoestima higher!
festa do cabide :) •
COMO MONTAR LOOKS

Já sabemos: quando a gente olha pra dentro, define o que é importante


(pra gente, independe de moda!) e sabe com clareza o que quer da vida,
essas “importâncias” viram direção pronta pra montar looks. Tipo, se pra
você é importante estar confortável, seduzir e ainda assim se sentir
elegante, então todos os looks – mesmo os de fim de semana, mesmo
os de balada, mesmo os de trabalho – precisam fazer com que você se
enxergue confortável, sexy and elegante em frente ao espelho. Sacou? A
partir daí o serviço é mecânico e a gente tem um passo a passo, ó:

SELEÇÃO DE PEÇAS •

A primeira coisa que você pode fazer é separar um número variado de


partes de baixo, de acordo com a intenção dos looks. Mais calças e
saias retinhas pra fazer muitos looks de trabalho, mais shortinhos e
jeans pra fazer muitos looks de finde/balada. Geralmente a gente
seleciona, com as nossas clientes, 10 partes de baixo ao todo e 2 ou 3
vestidos – considerando mais ou menos 2 horas disponíveis para essa
atividade (porque, né, gente, vestir tudo + tirar tudo é uma superginástica
e cansa!). A gente dispõe as partes de baixo sobre a cama, com um
pequeno espaço entre elas pra acomodar opções de partes de cima
sobre cada uma – mas você pode também organizar tudo numa arara,
ou sobre cadeiras, ou numa bancada… como preferir. As partes de cima
você seleciona na sequência, já montando os looks.
MONTAGEM
Para cada parte de baixo, selecione 3 partes de cima diferentes e
variadas. Você pode pensar em variações que rendam, com as mesmas
partes de baixo:

_looks de frio e de calor;


_looks claros e escuros;
_looks mais coloridos e mais neutros;
_looks mais formais e mais informais;
_looks com estampas e lisos;
_looks pra usar com salto e sem salto;
_com bolsa grande e com bolsa pequena.

E as partes de cima são responsáveis por essa variação de


temas/propósitos. Vale escolher também terceiras peças pra incrementar
o que for menos de calor ou mais formal. Todas as partes de cima
podem ser colocadas sobre cada parte de baixo, como num pequeno
monte de looks “desmontados”, e cada parte de baixo vira um centro de
possibilidades (alô, bagunça!).

SELEÇÃO DE ACESSÓRIOS
É legal deixar a porta dos sapatos e das bolsas aberta ou separar uma
quantidade boa e variada pra usar nas coordenações que fizer (e deixar
tudo por perto). Você pode também separar lenços, colarzões,
braceletes, broches e tiaras/acessórios de cabelo – esses a gente troca
bastante e é com eles que toda a vibração de um look pode mudar (!!!).
Brincos, anéis e pulseiras muito finas são muito pequeninos e valem
mais quando incrementam os looks usados na vida real do que esses do
nosso treinamento.

MAS, GENTE, E OS VESTIDOS?


Vestidos contam como parte de baixo nessa manhã/tarde de looks! Pra
cada um você pode acrescentar colete, cinto, lenço, meia-calça, cardigã,
jaquetinhas, bota/sandália etc. etc. etc. Tem que arranjar jeitos diferentes
de usar a mesma peça – e isso vale também pra macaquinho e
macacão!
AÇÃO + FOTOS!
Com partes de baixo selecionadas, partes de cima diferentonas es-
colhidas pra cada uma e acessórios à mão, você já está pronta pra ação
e já pode começar a provar tudo que separou. Comece por uma parte de
baixo, prove a primeira possibilidade de parte de cima, acessorize, se
veja no espelho e então… tire uma foto pra registrar! Vale em frente ao
espelho, vale pedir ajuda de quem tá em casa, vale até armar um tripé
pra fazer uma sessão profissa de fotos. Bora pra segunda possibilidade
de parte de cima, bora re-acessorizar, bora fotografar de novo. E assim
você segue: a cada parte de baixo vai provando/acessorizando cada
uma das três possibilidades pensadas e fotografando tudo, um look por
foto.
No fim, você tem um álbum não só de looks, mas de infinitas
oportunidades de exercitar trocas e substituições pra fazer render tudo
que tem no armário!

KIT DE PRIMEIROS SOCORROS DE GUARDA-ROUPA


Não custa ter sempre à mão, especialmente em dias de montar looks,
uns apetrechos de “primeiros socorros” de guarda-roupa. Vai que tem
linha solta, botão caindo, essas coisas, né? Nosso kit anda com a gente
numa pequena nécessaire e contém:

– tesourinha de ponta e alicates de biju;


– alfinetes de cabeça e de marcar ajustes;
– cola de tecido;
– colchetes e tic-tacs (para as prendadas que souberem pregar!);
– produtos pra tirar manchas;
– escova de dentes pra tirar sujeirinhas de fivelas e reentrâncias de
acessórios;
– elásticos tipo de dinheiro (que seguram mangas puxadinhas sobre os
cotovelos sem cair!);
– linha clara e linha escura + botões extra;
– navalhinha específica pra tirar etiquetas (fácil de encontrar em
armarinhos);
– pinça ou alfinetão pra passar elásticos por costuras;
– e o que mais puder ajudar sem ocupar tanto espaço. ;-)
fugindo da primeira ideia •
“TOLICE É VIVER A VIDA ASSIM, SEM AVENTURA”
(LULU SANTOS)

Sabe quando a gente tem coordenações já prontas – e previsíveis – com


as peças do próprio armário? Tipo “ah, essa blusa estampada de azul e
branco eu uso com… calça branca!” ou “vestidinho cáqui com verde eu
sempre uso com coletinho cáqui”? Derivação do pensamento: “blusa
pink eu uso com jeans” ou pior, “qualquer top supercolorido eu uso
com… calça preta!”. Essa é a “primeira ideia” de que a gente tá falando.
E é dessa primeira ideia que vem à mente quando se pensa em
coordenar qual-quer-coi-sa, dessa ideia mais óbvia e segura é que a
gente pode se esforçar pra fugir.
Quase sempre as alternativas que a gente se força a achar pra essas
primeiras ideias são mais legais, mais originais e mais autênticas. Nem
sempre é fácil – às vezes a gente só pensa num tipo de coordenação, e
é assim que vale mais o esforço: tem que tentar de um jeito, tentar de
outro, provar até o que na teoria tem tudo para dar errado… até dar
certo. E tentar pensar em outras cores, em outras estampas, em outras
texturas e em outras mensagens. Tipo: com uma saia longa muito étnica
a gente pensa logo em regata branca e colar de madeira, né? Pois mais
legal seria caminhar pra direção contrária e juntar essa saia com uma
camisa de botõezinhos, mais larga, e com um colar de correntes
douradas, por exemplo. Sacou?
Isso daí vale pra tudo: pra peças específicas, sapato, bolsa, acessórios
menores etc., e funciona na prática com pequenas ousadias, mas
gerando grandessíssimos resultados. Exercício que todo mundo pode
pôr em prática a cada escolha do que usar de manhã, a cada provador
de loja visitada, a cada look montado. Porque ideias que parecem
conflitar, quando colocadas em prática, só acrescentam interessância – e
originalidade! – ao look. Em campanha contra a obviedade do visual, pra
além das zonas de conforto!
acessórios •
PEQUENINOS MAS IMPORTANTES

Mesmo ocupando espaços bem menores que as roupas na aparência,


os acessórios têm o poder grandioso de transmitir informação sobre
quem usa. Pensa só: sapatos, bolsas, brincos, anéis, colares, cintos,
pulseiras, broches, óculos, acessórios de cabelo (e mais!) conseguem
mudar totalmente a cara de um mesmo visual pra dress codes,
temperaturas, ocasiões e formalidades diferentes.
Com esses pequenos “puxadores instantâneos de olhar” é possível
acrescentar tons neutros e mais calmos num look multicolorido, inserir
um pouquinho de elegância clássica num look despojado-informal,
acrescentar personalidade e o “fator UAU” em qualquer coordenação.
Por isso a gente pode cuidar com carinho desse complemento essencial,
pode dedicar um raciocínio extra na escolha de cada tipo de acessório
pra cada look.

Pra começar, a gente pensa no que direciona a escolha dos acessórios


assim:

_linhas e formas dos acessórios = de acordo com prioridades de alma e


de vida (sensações e mensagens) e também com linhas e formas da
nossa própria aparência – mais retas e angulares ou mais
arredondadas, fofinhas;
_peso, espaço que ocupa na aparência (se o acessório é mais marcante
e pesado ou mais delicadinho, vazado) = de acordo com silhueta e
traços de rosto;
_materiais, cores e texturas = de acordo com estilo/prioridades.

Tipo: tamanhos menores pra quem é menor e tem traços delicadinhos,


tamanhos maiores pra quem é grande e tem traços mais fortes. Formas
arredondadas ou angulares e retas pra quem tem características de um
jeito ou de outro: brinquinhos redondos pra quem tem olhos redondos,
colares e pingentes mais retos e pontudos pra quem tem sobrancelhas
retas e nariz reto. Cores fortes pra quem tem cores fortes na pele, nos
olhos e nos cabelos, e mais claras e opacas pra quem é mais clarinha,
com menos contraste.

(Ó! Existe quem tem uma mistura de traços arredondados e angulares –


quem se identificar assim, “mesclada”, pode aprender a escolher
acessórios de linhas retas com cantos arredondados!)

E a gente pode, a partir da definição dessas direções, trabalhar


acessórios do mesmo jeito que a gente monta todo um quebra-cabeça
pra organizar as prioridades de vida, de alma, as informações de silhueta
e de cores – de forma coerente, harmônica. É com esse conjunto de
características coerentes entre si que a gente constrói um acervo de
acessórios em que tudo dá certo com tudo.

TUDO JUNTO E MISTURADO •


coordenação de acessórios x efeitos na silhueta

Escolhendo peças que estejam em harmonia com as características


pessoais (e de vida!) de quem usa, meio caminho já tá andado pra
coordenar o que se tem. A gente leva em consideração formas, estatura,
coloração e prioridades, e então aplica a “teoria Robin Hood” pra
manipular a atenção que se quer atrair pra determinadas áreas da
silhueta.
Mais ou menos assim: quem tem quadril, bumbum e coxas maiorzinhos
e quer disfarçar, pode se sentir mais segura com colares e brincos
grandes; quem tem braços mais cheinhos, muito seio e costas mais
largas e prefere desviar a atenção dessa região, pode achar mais legal
usar pulseiras e anéis chamativos.

CONJUNTO EXTRA DE DIREÇÕES DE COORDENAÇÃO •


Só quebra paradigmas quem tem conhecimento da regra:)

Colares podem acompanhar o decote pra ficar ainda mais legais: se o


decote é arredondado, o colar também pode ser; se o decote é em V, o
colar pode ser em V também (ou pode ter um pingente maior, que pese e
crie esse formato); com decotes mais abertos o colar pode ser longo até
a linha dos seios; blusas com decotes assimétricos podem dispensar
colares – pode ser mais legal coordenar com brincões, anéis e pulseiras.
Pulseira divide espaço com anéis e relógios, tudo nas mãos – veja só o
que pode facilitar super a coordenação:
Pulseiras mais grossas podem ser usadas sozinhas no pulso ou
acompanhadas de anéis, super tranks com relógios ou pulseiras no outro
pulso. Pulseiras mais finas podem ser usadas no mesmo pulso do
relógio, e a outra mão ainda pode ter anéis e braceletes (ou pulseira
grossa né!). Muitas pulseiras finas ficam mais legais com blusas e
casacos de mangas curtas ou ¾. Anéis maiorzinhos viram destaque com
mangas compridas – assim como pulseiras grossas usadas sobre os
punhos das mangas longas (uau!).
Broches e pins são excelentes opções pra criar diferenciais no look e
pra chamar atenção pra “pontos” que você quer destacar. Tipo, nas alças
ou no decote, chamando atenção para o rosto. Ou na cintura (dá até pra
drapear a peça!), ou na gola da jaqueta, ou mesmo com utilidade: tem
uma cliente nossa que prende faixinhas (de acinturar) com broches em
vez de dar nó, fica uma graça.

PODE PRATEADO JUNTO COM DOURADO? •

Pode! Jeito bom de coordenar cores e tons de metal é pensar em


distribuição: um tom ou uma cor pode ser dominante na coordenação, e
o resto pode acompanhar (com harmonia e equilíbrio!) esse dominante
como coadjuvantes apenas. Tipo, coordenar dourados e prateados dá
supercerto quando as quantidades de um e de outro não são
exatamente iguais, se tem bem mais de um do que de outro no look – o
dourado dominando, no maior acessório (ou no que chama mais
atenção), por exemplo, e outros prateados, menores, acompanhando.
EFEITOS DAS BOLSAS NA SILHUETA E NA APARÊNCIA •

A gente sabe que bolsa não serve só pra carregar as nossas coisas!
Bolsa é um acessório supercomunicador de prioridades/estilo por conta
da variedade de elementos que carrega em si: pode ser pequena ou
grande, molenga ou estruturada, lisa ou texturizada, feita de couro,
tecido, metal... Toda a informação que a gente já tem direciona também
essa escolha – que nem de longe precisa ser feita aleatoriamente!
A gente pode prestar atenção, por exemplo, na proporção entre o
tamanho da bolsa e o nosso próprio tamanho. Quem é mais alta ou tem
a ossatura mais larga pode se sentir melhor com bolsas maiores, e quem
é pequena, com pulsos bem fininhos pode se achar mais legal com
bolsas menores. Isso não quer dizer que mulheres maiores só usam
bolsonas e que as menores só usam bolsinhas. Tem bolsa-grande-que-
cabe-tudo e bolsa-pequena-pra-sair-à-noite pra todo mundo!!!
Pra escolher tamanhos é importante levar em consideração a rotina e
tudo que a gente costuma carregar. Porque, né não vale usar bolsa
estufada – que inevitavelmente transmite mensagem de pessoa
desorganizada. Uma solução pra quem curte bolsas menores para o dia
a dia é usar duas bolsas: uma pequena ou média com pertences
pessoais e uma sacola maior com material de trabalho. Que tal?
Existem ainda direções que estão mais ligadas ao estilo do que à
silhueta, tipo bolsa mais molenga ou bolsa mais estruturada. As mais
molinhas, fofas, são mais informais, femininas e transmitem mensagens
de acessibilidade, enquanto as mais duras passam uma imagem mais
rígida, tradicional, mas também sofisticada. A mesma coisa acontece
com cores: a escolha de mais vivas ou neutras implica transmitir
mensagens diferentes de estilo e personalidade.
O material de que a bolsa é feita também é uma direção pra se
notar: texturas acrescentam informação visual à peça e informalizam;
superfícies lisas são “lidas” como mais formais, mais elegantes. É
sempre uma delícia procurar equilíbrio entre essas mensagens pra que
cada bolsa carregue em si tanto da nossa identidade visual quanto
possível – tipo, se a bolsa é em cor neutra, a textura pode ser mais
“chamativa”; e se a bolsa já é colorida pode ser bacana escolher uma
textura mais “calma”... sabe como?
pausa pra refletir
Quem veste + a vida de quem veste > o que se veste

Motivação pra vestir pode ser esta: fazer com que cada peça de roupa
participe de algum momento tão especial da vida, que carregue uma
lembrança em si – exercício tão querido! Pensa só: escolher o que usar
quando vai àquela exposição que tem vontade de ver há tempos,
escolher o que usar no jantar com os amigos no meio da semana, o que
usar num dia de trabalho que parece comum, mas que pode crescer
porque a gente tá “se sentindo”, escolher o que vestir pra encontrar
gente importante (importante, assim, pro coração!).
No lugar de pensar “essa roupa é incrível”, a gente pode treinar a mente
pra pensar “essa roupa merece viver este momento comigo”. Serve de
guia até na hora de comprar: imagina ir para o caixa menos pela peça e
mais pela vida que se vai viver dentro dela.
E sabe o que acontece? A moda passa a ser uma coadjuvante-melhor-
amiga, cumprindo o papel que tem que cumprir: o de companheira e não
de personagem principal – essa tem que ser você, a gente, todo mundo,
né?<3
sabe aquela “cara de bem-cuidada”? então! •
De nada (ou quase nada!) adianta a gente cuidar das roupas e dos
acessórios que usa e deixar pra lá todo o resto que compõe a aparência
– rostinho cansado e cabelo maluco atrapalham um tanto a intenção de
comunicar claramente quem a gente é. Sabe quando o corpo parece de
uma pessoa mas a cabeça parece ser de outra? Essa pessoa não pode
ser nenhuma de nós, não agora que estamos assim tão sabidas!
O que arremata qualquer look é uma certa aparência de cuidado, de
atenção equivalente à que se deu à coordenação do look. Uma ideia de
que a gente dedicou um pouquinho de tempo – que seja! – pra pensar
em como sair de casa, como se entregar para o mundo. Sem nem
passar pelo inconsciente do “outro” que acordamos atrasadas, vestimos
uma roupa qualquer e saímos correndo, sabe como?
O cuidado com a aparência, da maneira como a gente quer sugerir
aqui, já carrega em si a ideia de que não é o caso de se passar
hoooooras em frente ao espelho com um zilhão de estojos de
maquiagem, ou fazer escova no salão todos os dias – alô, vida real! Mas
tem jeito, sim, de dar atenção a esses acabamentos no dia a dia de
maneira prática, inserida na rotina de verdade.

SOBRE CABELO •

Nossa relação com o próprio cabelo é tão íntima, mas tão íntima, que a
gente resolve cortar/pintar/mudar sempre que alguma coisa
emocionalmente grandiosa acontece na vida, pro bem ou pro mal – é ou
não é?
Legal é ter frequência de cuidados e corte. Manter o cabelo hidratado,
com pontas periodicamente cuidadas, com aparência de ter sido
pensado pra ter a forma que tem (cortes bem-feitos atualizam a
aparência como um todo!), possibilitando maneiras diferentes de se usar
e prender sem que haja perda de tempo ou muito trabalho – esse é um
cabelo bem-cuidado. E tudo que é cuidado com carinho é também
bonito!
Podemos escolher jeitos variados de usar o cabelo levando em conta
prioridades de vida e de alma. Pensa assim: prioridades de alma têm a
ver com cachos, franjas, loirice, comprimentos (longos ou curtíssimos) e
mais; mas o que define como o cabelo vai ser cortado, tratado e usado
no dia a dia são as prioridades de vida, que implicam tempo,
deslocamento e atividades específicas.
Juntando toda informação que a gente já tem pra direcionar essa
escolha, pode ser legal acrescentar ainda a ideia de equilíbrio entre corte
de cabelo e peso visual do rosto, aplicando a “teoria Robin Hood” assim:

_peso visual na parte superior do rosto (com testa maior): franjas podem
ser legais – tanto franjinhas retas como franjas mais longas usadas de
lado; movimento na altura do maxilar ou corte que termina nessa altura
também desviam atenção.
_peso visual na parte inferior (maxilar marcado/queixinho pra frente):
vale procurar volume ou movimento na parte de cima da cabeça ou a
partir do pescoço – a gente não quer atrair atenção pra essa área, né?
Vale evitar também repicar a frente pra não evidenciar ainda mais essa
parte do rosto.
_peso visual nas têmporas: franjas longas que passem de ladinho sobre
as próprias têmporas podem ser uma ótima, assim como volume ou cor
da altura do maxilar pra baixo.

Xô, frizz •

Dia de chuva devia ser o dia mundial do cabelo previamente preso,


ainda antes de sair de casa, com cuidado e carinho. Não vale a pena
esperar sair, pegar chuva e assistir ao cabelo murchar pra, só então,
prender malucamente. Vale já sair digna, com o cabelo ajeitadinho,
preparada pra voltar pra casa intocada pela umidade!

SOBRE MAQUIAGEM •
É com o rosto que interagimos com o mundo – não com o peito ou com o
quadril. Faz muito sentido, então, conscientizar que a entrega não tá
completa sem esse toque, sem esse acabamento: o da melhora de
semblante que a maquiagem pode proporcionar.
E ninguém aqui precisa ser expert em maquiagem, mas pode – mesmo
com pouca coisa e pouco tempo – experimentar, exercitar e buscar, se
for o caso, aprofundamento da sua relação com esse universo. O que é
essencial pra garantir aparência fresca e cara de “pronta pra vida” é
também supercustomizável:

_pele uniforme;
_olheiras disfarçadas;
_olhos destacados;
_bochechas coradas “de saúde”; :)
_lábios hidratados.

Essas direções podem ser exercitadas com produtos variados, de jeitos


diferentes, demandando o tempo que cada uma de nós tiver.

LINGERIE •
o que vai por baixo também conta

Uma vez que o estilo pessoal tem a ver com tudo que compõe a
aparência, tudo que pode influenciar essa aparência é importante pra
gente. É o caso da lingerie, que, mesmo escondidinha sob a roupa, tem
o poder de moldar a forma do corpo pro bem ou pro mal (e pode
derrubar um look inteiro!).
E se já estamos orgulhosamente assumindo responsabilidade de tanta
coisa, não é o caso de continuar usando sutiã que “divide” as costas,
nem com alças velhinhas ou feiosas, nem calcinhas que marcam o
bumbum ou que evidenciam gordurinhas laterais. Né?
Tem aqui uma listinha bem generalizada do que você pode observar e
treinar ao comprar lingerie:
_As alças do sutiã devem ficar centralizadas no ombro e ajustadas de
maneira que não fiquem nem frouxas nem apertadas. Alças largas
demais deixam o sutiã desajeitado e podem causar dores nos ombros e
no pescoço. Já as alças muito apertadas atrapalham a circulação.
_Quando precisar de um modelo para um decote específico, é legal levar
a roupa até a loja e experimentar o sutiã com a peça.
_Quem quer aumentar os seios pode usar enchimento, mas sem
exagero e mantendo certo padrão pra não parecer que a gente muda o
tamanho do peito todo dia. Sutiã com fecho na frente une os seios e faz
com que eles pareçam maiores de um jeitinho natural, mesmo sem
enchimento!
_Ao contrário do que todo mundo costuma imaginar, as alças não são
responsáveis pela sustentação dos seios, e, sim, a faixa que fica ao
redor do tórax! Essa parte deve ficar bem ajustada ao corpo. A peça não
pode ficar subindo nas costas ou na frente nem fazer pressão demais.
_Quem tem peitão precisa de sustentação. Modelos com alças largas,
costas e laterais reforçadas são superindicados.
_Quando você for comprar um sutiã, vale tentar comprar ao menos três
calcinhas que combinem com ele – pra ter conjuntinhos sem precisar ter
um sutiã para cada calcinha.
_É muito útil ter algumas peças com cores semelhantes ao nosso próprio
tom de pele, pra usar com roupas claras.

PEITINHO NO LUGAR, CINTURA DEFINIDA •

Junto com tornozelos, pulsos e pescoço, a cintura ajuda a identificar o


tamanho de toda uma silhueta. Tipo, a roupa pode ter um supervolume,
mas se essas partes estão à mostra (ou marcadas) e elas parecem
pequeninas/finas, então a gente sabe que essa silhueta é menor do que
a quantidade de tecido tá mostrando, sabe como? Então coisas que
aparentemente não influenciam outras, na verdade, fazem
superdiferença – tipo peito no lugar e sensação de cintura mais definida.
É sério!
Experimenta pra comprovar: quando a gente usa o sutiã certo, quando
o peitinho fica no lugar que tem que ficar e não ocupa espaço abaixo
dele (que não tem que ocupar mesmo), então o centro do tronco fica
livre de volume extra – e acaba parecendo menor, mais enxuto. Peitinho
que cai, um pouquinho só que seja, ocupa um espaço entendido como
“supostamente” fino porque, né, é ali no meio que a cintura fica. Então
quando a gente libera essa área, automaticamente o que é pra ser fino
parece mesmo mais fino. E isso daí vale mais ainda pra quem tem peitão
ou barriguinha saliente (alô quase todo mundo!).
Loooooooogo, usar um sutiã que sustente de verdade faz uma
superdiferença na prática – mesmo pros peitinhos pequenininhos.
Especialmente se o look não acompanha tão de perto a silhueta e faz a
gente parecer maior, deixar o peitinho no lugar faz com que esse volume
não pegue carona no espaço logo embaixo, emendando uma coisa na
outra e formando um bujãozão! Fica a dica pra exercitar e parecer um
pouquinho menor mesmo sem regime. Testa e diz se não funciona!
UMA CONVERSA EXTRA PRA HORA DO CAFEZINHO
Referência é só referência

Imagens de revistas, de sites de “look do dia” e de veículos que


fotografam celebridades superabastecem nosso repertório pessoal de
referências de moda e de cabelo e de maquiagem: tudo que a gente vê e
acha bonito tem a ver (de algum jeito) com a gente mesma, já que rolou
toda uma identificação. Aí, o que importa de verdade é achar o que tem
“da gente” em cada referência que encanta – e então ser a gente mesma
com essa informação. Por que encantou? O que essa referência tem a
ver com a nossa vida? Do que a gente gosta mais na imagem? Em que
circunstâncias seria perfeito exercitar as ideias da referência? E então
procurar esses sentidos (subjetivos mesmo!) nas coisas que a gente já
tem ou no que a gente vai comprar/contratar.
Porque é isso, re-fe-rên-cia: querer ser igualzinha a qualquer imagem
de moda (que é produzida, iluminada, especialmente cuidada de jeito
diferente da vida real) é como “ver o Fred Astaire no cinema e achar que
pode sair dançando como ele − quando na realidade parecemos
hipopótamos”***, A gente não tem que ser a referência, tem que se
inspirar nela − e ser quem se é! E procurar e achar sentido. E se
esforçar para exercitar esse gosto em tudo relacionado à própria
aparência.
Qualquer pouquinho de energia que a gente coloque nisso não só já faz
diferença como também vale muito a pena. É bem o que a gente quer
propor, exercitar junto: experimentar com sentido, sendo quem se é com
a informação que a referência acrescenta. ;-)
*** A citação é de Silvio de Abreu; autor de novelas da Globo.
mãos à obra •

Agora é que o trabalho começa de verdade: é no dia a dia que você vai
por à prova todas as fórmulas e sacadas compartilhadas neste livro, que
vai experimentar possibilidades e ganhar mais e mais confiança e,
provavelmente, vai se divertir mais com a tarefa de se vestir. Já
resgatamos vontades de alma e desvendamos demandas de vida, já
entendemos como funciona toda a tradução disso pra elementos do
vestir, já temos ferramentas práticas pra treinar – em ambientes
diferentes! – todo o universo autoconhecitivo explorado… É hora de abrir
a portinha da gaiola pra voar. :)
Se estilo pessoal consistente é construído no dia a dia, é a partir desse
“fim” que você pode começar a trilhar um caminho de repetição de
elementos na imagem, de reforço de mensagens a transmitir, de cuidado
e de apropriação. Todas as ferramentas que este livro entregou agora
são SUAS – e servem pra conscientizar, pra sempre, o que é importante
pra você e o que você quer sentir a cada vez que se vir refletida no
espelho.
PLANO DE AÇÃO •

HORA DE TRABALHAR NA TRADUÇÃO

DIREÇÕES PRA EXERCITAR A IDENTIDADE VISUAL

Topa colocar num plano de ação toda a informação refletida e exercitada


ao longo da nossa jornada? Let’s juntar respostas, insights e direções
técnicas pra já fazer a tradução do que tudo isso significa em forma de
blusas, calças, vestidos, elementos de design, materiais, acessórios e
possibilidades de coordenação?
A ideia é organizar meeeesmo, pra que as informações mais
importantes do seu jeito de vestir possam funcionar como um checklist
de estilo – pronto, inclusive, pra virar um lembrete colado na porta do
armário. Não tem desculpa de ser difícil ou complicado, você já está
trabalhando nisso desde a página 1… Agora é só organizar!

PRIORIDADES DE ALMA E PALAVRAS-CHAVE


mensagens que se quer transmitir

PRIORIDADES DE VIDA E PALAVRAS-CHAVE


sensações que você quer ter na vida!

QUAIS SÃO OS MELHORES TECIDOS E CAIMENTOS


Pra comunicar as mensagens e sensações das suas prioridades de alma
e de vida?

QUAIS LINHAS E FORMAS DE ROUPAS


traduzem melhor as suas prioridades?

PLANO DE AÇÃO •

COMO VOCÊ VAI USAR CORES?


quais tipos de cores e tipos de coordenações transmitem as mensagens
que você quer transmitir e garantem as sensações que você quer ter?

COMO DESTACAR OS PONTOS FORTES DA SUA SILHUETA?


COMO DISFARÇAR PONTOS NÃO-TÃO-BACANAS DA SUA


SILHUETA?

COMO SÃO AS FORMAS E OS TRAÇOS DO SEU ROSTO?


(mais angulares e retos, mais arredondados e fofuchos?)

QUE ACESSÓRIOS TÊM A VER COM VOCÊ E COM SUAS


PRIORIDADES?

QUE ELEMENTOS TRADUZEM AS SUAS PRIORIDADES DE ALMA?


tipos de peças, coordenações de cores, acessórios e cuidados pessoais

QUE ELEMENTOS TRADUZEM AS SUAS PRIORIDADES DE VIDA?


tipos de peças, coordenações de cores, acessórios e cuidados pessoais

QUERO ME SENTIR…

QUERO PARECER…
o fim é o começo •
A gente sabe que escolher e usar roupas não é só isso, vai além,
envolve sensação, emoção e até responsabilidade. Então, esse
pensamento, essa ideia de a gente ESCOLHER o que quer usar, permitir
que as coisas façam parte da nossa vida e do nosso universo particular
pode – começando já! – ser exercício diário de “não esquecimento”.
Quanto mais a gente exercita essas escolhas, mais se apropria das
ferramentas que tem. E aí, se relacionando assim com a própria
aparência, empoderada e segura, você mesma vai percebendo os
momentos de mudança da vida e vai, conscientemente, sentir
necessidade de revisar ou atualizar as fórmulas que vem exercitando no
vestir de todo dia. Toda reflexão tem eficácia agora, mas também vale
pra vida toda. Inevitavelmente, você vai ter vontade de subir um
degrauzinho e ampliar horizontes estilísticos – isso é crescimento e é
garantia de que Darwin tava certo: a gente evolui mesmo.
Mais importante que o look é o que é importante pra gente. Mais
importante do que o que achamos lindo na roupa é o que achamos lindo
em nós mesmas. E se a gente tem essas importâncias conhecidas,
estudadas, definidas, então as escolhas que se faz acontecem
naturalmente, cheias de valores e autenticidade. É assim que a gente
substitui consumo por autoestima – no coração e na vida. Escolher o que
tem significado pra gente mesma é caminho certeiro pra uma satisfação
que só leva à autoestima higher!
A gente tem essa mania na vida: a de achar que viver o melhor está
vinculado a uma circunstância. Tipo, “quando eu emagrecer 5 quilos, vou
ser feliz”, ou “quando descolar um namorado, tudo vai funcionar”, ou
“quando eu tiver a minha casa própria, a vida vai deslanchar”… sabe
essas coisas? A vida não tem rascunho e a gente não tem oportunidade
de passar tudo a limpo. Não tem antes e depois – muito menos antes-
ruim e depois-bom: tem, sim, um agora bacana e um depois
aperfeiçoado.
Somos as mesmas pessoas, temos a mesma vida – mas tudo é
aperfeiçoado na medida em que a gente busca e cresce: de bem com o
espelho, sem precisar de circunstância alguma pra vida fluir. A vida tá
fluindo todo dia, agora mesmo, e ninguém tá 100% pronto nunca!
Não tem problema “errar no look” – sair de casa e não se sentir legal
não faz cair o braço, não faz perder o emprego, não faz acontecer nada
de extraordinário. A gente pode experimentar o que quiser e, quanto
mais leve, quanto mais segura, quanto mais se sentindo bem consigo
mesma a gente tá, mais legal é toda experiência.
Roupa só é legal porque veste um corpo, veste alguém – esse alguém
é o que realmente importa, é quem tem o poder. Se aceitar, se curtir,
experimentar possibilidades, se permitir e expandir horizontes – é assim
que a gente recebe, como recompensa, sorrisos refletidos no espelho.
Vambora começar a viver isso?

<3

Desculpa se a gente já se sente próxima, você nem deu liberdade nem


nada… mas a gente é mulher também, sente as mesmas coisas que
você – todo mundo sente, né? – e, por isso, acaba falando assim, como
se estivesse sentada junto no sofá. E aí, na hora de escrever, as ideias
saem desse jeito, como se a gente estivesse conversando com amigas,
como acontece na vida real. Tudo bem? Pode ser?
Tem aqui um mapa explicativo pra ninguém ficar perdido nas nossas
gírias, abreviações nem – vixe! – nas nossas expressões inventadas. Ó!
;-)
ACESSORIZAR – verbo pra “acrescentar acessórios”.
AUTOCONHECITIVO – livre adjetivação de autoconhecimento.
AUTOESTIMA HIGHER – expressão cunhada pela nossa amiga
Adelaide Ivánova, que a usou pela primeira vez para reivindicar que nós,
mulheres, assumíssemos a responsabilidade que temos diante do
mundo de ser tão incríveis quanto for possível (pra, assim, cuidar umas
das outras)
BAFÔNICA – um “bafo” é um acontecimento, um evento, uma ocasião
de espanto, susto (pro bem!) ou outra grandeza assim, “bafônica”! Pode
ser uma coisa ultra mega master incrível, um acontecimento por si só,
um grande UAU!
CORES-COLORIDAS – quando a gente diz “cor-colorida” assim, tudo
junto, é pra fazer você pensar em cores não neutras como laranja, rosa,
roxo, azul, verde, amarelo, vermelho, lilás etc. Repara que, assim como
podem existir cores neutras vibrantes (pense num cinza-chumbo bem
vivo, ou num azul-marinho vibrante!), também existem cores-coloridas
suaves e mais calmas – sabe? Amarelinho-bebê, rosa-pálido, vermelho-
queimado, azuis e verdes delicados… Sacou?
CORES NEUTRAS – o que não é colorido – mas que também não
precisa ser SÓ preto ou branco: cinzas, beges, marinhos, cáquis, verde-
militar, creme, marrons.
DEMANDAS ESTILÍSTICAS – tudo que estiver relacionado ao estilo e
que for demandado por isso mesmo.
DRESS CODE – nomenclatura americana-nariz-em-pé pra “código de
vestir”.
EMPODERAR – nossa versão abrasileirada de empowerment,
expressão americana que significa dar poder às pessoas, ou “a liberdade
e a informação que lhes permite tomar decisões e participar ativamente”
do que for. Então, quando a gente tem informação e consciência
suficientes – sobre o que a gente quiser e buscar! –, é possível se sentir
empoderada pra tomar decisões e participar ativamente de qualquer
coisa. Não é demais?
IMPACTO-ARQUITETURA + IMPACTO-DECORAÇÃO – nomenclaturas
pra definir, como ilustrações, os dois tipos de impacto que
frequentemente surgem como prioridade nos diagnósticos feitos com
clientes de consultoria na vida real: um mais limpo, mais ligado a linhas e
formas, mais reto e duro (como arquitetura); outro mais cheio de
detalhes, badulaques, acessórios, mais enfeitadão e solto (como
decoração). Sabe como?
INCREDIBILIDADE – a essência do que é incrível.
INDIVIDUALIZAR – o ato de fazer qualquer coisa parecer tão nossa
quanto possível, tão única que só possa ter sido
pensada/desenvolvida/estruturada a partir de referências íntimas e
pessoais.
INFORMALIZAR – significa tornar mais informal um look ou uma
coordenação específica: tirar formalidade, cara de arrumado demais ou
de muito certinho, cheio de regras.
INTERESSÂNCIA – livre substantivação de interessante, a essência da
autoestima higher.
LET’S – significa “vamos” em inglês e é sinônimo de “vambora”.
PERSONAL STYLIST – nome americanizado e metido da nossa
profissão, mas ainda muito usado e quase mais conhecido que
“consultora de estilo”, seu sinônimo em português.
TECIDOS “SINTÉTICOS” – a gente resolveu, pra simplificar aqui no
livro, separar todos os tecidos do univeso em dois grupos somente: os
naturais e os não-naturais – que aqui foram chamados
generalizadamente de “sintéticos”, mas os não-naturais têm
especificações, construções e efeitos variados entre si, e quem quiser
aprofundar pode estudar mais em livros ou cursos de tecnologia têxtil. ;-)
TRANKS – outra expressão surrupiada de amigas: essa foi a Juliana
Cunha, jornalista, que ensinou pra gente como uma abreviação marota
de “tranquilo”.
VALORAÇÃO – é a medida do valor que a gente mesma imputa a
qualquer coisa, à gente mesma, às roupas, à vida etc.
VAMBORA – junção apressadinha de “vamos embora”.
VERSATILIZAÇÃO – possibilidade de fazer render, de multiplicar, de
criar usos variados pra uma mesma coisa: essa é a capacidade de
“versatilizar”.
agradecimentos & alto astral •

Uma delícia quando a gente sente gratidão não só pelo que já foi, mas
com sensação de que o melhor ainda tá pra acontecer – sempre! Por
isso vale lembrar de quem esteve por perto não só durante o nascimento
deste livro, mas também ao longo da trajetória da Oficina de Estilo.
Então, obrigada de coração à Ilana Berenholc, nossa primeira professora
de consultoria de imagem, responsável por juntar os nossos caminhos
pra formar essa dupla mais que dinâmica.
Um obrigada muito especial à Cacau Villas Boas por tooodo o trabalho
que fazemos juntas, pelo aprendizado de todo dia, pela amizade
deliciosa e pela luz! <3
Obrigada, Ana Raia e Alê Sanchez, por compartilhar com a gente seus
conhecimentos preciosos sobre empoderamento e crescimento pessoal.
Muito muito muito obrigada a Cáren Nakashima, Camila Farret, Flavia
Padoveze, Carol Morais, Nina Bedacchi, Ana Buchaim, Adelaide
Ivánova, Jana Villela, Ian Black e Ariela Goldmann.
Aos nossos pais, pilares da nossa autoestima profissional,
incentivadores no início da nossa carreira: obrigadas infinitos Luiz, Susy,
Lino e Lolan.
Fred e Fabio, obrigada também! Por tudo, sempre. <3
Obrigada às nossas clientes e às nossas alunas por refletir e testar, junto
com a gente na prática, todo esse conteúdo – vocês são co-criadoras
dessas ideias.
Às nossas leitoras/amigas de internet: trocar ideias com vocês há tanto
tempo é o melhor combustível, uma alegria. Obrigada!

:)
sobre a oficina de estilo e as autoras

A Oficina de Estilo foi a empresa que a gente criou juntas em 2003 pra
trabalhar a consultoria de estilo em dupla, quando a gente ainda nem
sabia se esse trabalho daria certo. Era uma época em que só
celebridades tinham ajuda pra se vestir, mas a gente acreditava que todo
mundo que se importa com qualidade de vida poderia se relacionar de
maneira diferente com o próprio guarda-roupa – e ser mais feliz com a
própria aparência, e então dar mais importância ao resto todo da vida.
Nosso trabalho sempre foi desenvolvido com foco em autoestima: isso
significa que o resultado mais importante (o que a gente mais busca, até
hoje) acontece quando a cliente se curte mais do que quando começou a
consultoria – e não quando ela veste o que a gente acha que ela deve
vestir. Tem mais a ver com confiança, segurança, credibilidade e muitas
vezes funciona como terapia de guarda-roupa. :)
Na Oficina de Estilo a gente já atendeu mais de 200 clientes individuais
com a consultoria de estilo, já fez palestras em mais de 50 empresas,
desde 2006 compartilha conteúdo prático num blog visitado por mais de
8 mil pessoas por dia e – UFA! – todos os dias ainda divide mais insights
nas redes sociais com mais de 70 mil outras pessoas. Motivão de
felicidade ter tanta gente bacana por perto, já que a gente se orgulha
muito de estar mais interessada em trabalhar com gente do que com
roupa.
Com essa experiência, a Oficina de Estilo está migrando do individual
para o coletivo com este livro (o primeiro de muitos, a gente espera!) e
com o projeto “Escola de Qualidade de Vida para Mulheres”. A ideia da
Escola é promover o compartilhamento de conteúdos importantes e
empoderadores em grupos (liderados por profissionais de áreas como
finanças, tecnologia, alimentação saudável, consumo consciente, direito
do trabalho, administração de tempo, carreiras e mais) para facilitar o dia
a dia e enriquecer o repertório de quem participa. Saiba mais sobre esse
nosso projeto em oficinadeestilo.com.br/escola.
CRIS ZANETTI

Sou mãe da Estela e da Flora junto com o Fred, o meu maior amor. Sou
filha da Susy e do Zaguinha, que sempre priorizaram a beleza e a leitura
ao educar minhas irmãs – Mari e Lila – e eu. Amo pessoas e sou
superinteressada em estudos de personalidade – brinco que se não
fosse consultora na Oficina junto com a Fê eu seria psicóloga. Sou
superorganizada (embora depois da chegada das meninas tenha que ter
aprendido a conviver também com o caos) e tenho fé na psicanálise.
Acredito que “para estabelecer a paz no mundo, temos, antes de tudo
que estabelecer a paz em nós mesmos”.

FÊ RESENDE

Sou capixaba mas encontrei meu lugar no mundo (e o amor da minha


vida!) em São Paulo. Cresci na praia, numa família supergrande,
amorosa e cheia de gente animada – com quem aprendi a dividir tudo,
de coração aberto. Estudei Direito mas sou consultora de estilo pessoal
desde 2001 na Oficina de Estilo – empresa que criei junto com a Cris.
Sou casada com o Fabio, ele é calígrafo, e juntos nós temos a Wendy,
uma schnauzer prateada fofíssima. Amo amigos, comidas –
especialmente doces – e mexer com plantas. Não consigo falar baixinho
(nem com poucos gestos), tenho sorriso fácil e adoro fazer todo mundo
rir também.
Créditos

Copyright © 2013 Fernanda Resende e Cristina Zanetti


Copyright © 2013 Casa da Palavra
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da editora.
Este livro foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direção editorial
Martha Ribas
Ana Cecilia Impellizieri Martins
Editora
Fernanda Cardoso Zimmerhansl
Editora assistente
Beatriz Sarlo
Copidesque
Beatriz de Freitas
Revisão
Lilia Zanetti
Lila Zanetti
Projeto gráfico de miolo e capa
Entrelinha Design - Raquel Matsushita
Fotos de miolo
Oficina de Estilo
Calígrafo
Fabio Maca - www.fabiomaca.com.br
Entrevista da revista Moda/Joyce Pascowitch (www.glamurama.com)
com Flávio Gikovate, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor, na página 123;
www.flaviogikovate.com.br
Trecho selecionado da página 27 You in action (Ale Sanchez e Ana Raia) -
www.youinaction.com.br
Diagramação
Abreu’s System
ISBN versão digital
978-85-7734-387-4

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R341o
Resende, Fernanda
Vista quem você é: descubra e aperfeiçoe seu estilo pessoal / Fernanda Resende
e Cristina Zanetti. – Rio de Janeiro : Casa da Palavra, 2013.
il.
ISBN 978-85-7734-365-2
1. Moda. 2. Moda – Estilo. 3. Roupas femininas. 4. Estilo de vida. I. Zanetti, Cristina. II. Título.
13-2177 CDD: 391.2
CDU: 391-055.2
Edição digital Agosto de 2013
tipografia Adobe Garamond Pro
CASA DA PALAVRA PRODUÇÃO EDITORIAL
Av. Calógeras, 6, sala 1.001
Rio de Janeiro, RJ – 20030-070
21. 2222-3167 | 21. 2224-7461
divulga@casadapalavra.com.br
www.casadapalavra.com.br
A bruxa não vai para a fogueira neste livro
Lovelace, Amanda
9788544107027
208 páginas

Compre agora e leia

Aqueles que consideram "bruxa" um xingamento não poderiam


estar mais enganados: bruxas são mulheres capazes de
incendiar o mundo ao seu redor. Resgatando essa imagem
ancestral da figura feminina naturalmente poderosa,
independente e, agora, indestrutível, Amanda Lovelace
aprofunda a combinação de contundência e lirismo que
arrebatou leitores e marcou sua obra de estreia, A princesa
salva a si mesma neste livro, cujos poemas se dedicavam
principalmente a temas como relacionamentos abusivos,
crescimento pessoal e autoestima. Agora, em A bruxa não vai
para a fogueira neste livro, ela conclama a união das mulheres
contra as mais variadas formas de violência e opressão.Ao
lado de Rupi Kaur, de Outros jeitos de usar a boca e O que o
sol faz com as flores, Amanda é hoje um dos grandes nomes
da nova poesia que surgiu nas redes sociais e, com linguagem
direta e temática contemporânea, ganhou as ruas. Seu A bruxa
não vai para a fogueira neste livro é mais do que uma obra
escrita por uma mulher, sobre mulheres e para mulheres: trata-
se de uma mensagem de ser humano para ser humano – um
tijolo na construção de um mundo mais justo e igualitário.

Compre agora e leia


Jesus, o homem mais amado da História
Alvarez, Rodrigo
9788544106440
368 páginas

Compre agora e leia

Escrito pelo autor laico brasileiro que mais vende livros de


temática religiosa no Brasil, Jesus – O homem mais amado da
História: a biografia daquele que ensinou a humanidade a amar
e dividiu a História em antes e depois é o livro mais atual sobre
a vida do homem cuja história mantém seu vigor e interesse há
mais de dois mil anos. O escritor e jornalista Rodrigo Alvarez
tomou como base as fontes arqueológicas e bibliográficas mais
recentes, além das mais antigas (entre eles diversos
manuscritos originais), e viajou pelos mesmos lugares
percorridos por Jesus em seu tempo para reconstituir os
passos do pregador que, ao mesmo tempo Deus e homem,
ensinou a amar, mudou o curso da humanidade e dividiu a
História em antes e depois. Com uma narrativa elegante,
acessível e guiada pelos fatos, além de ricamente ilustrado,
Jesus – O homem mais amado da História é um livro sobre um
Jesus de antes do cristianismo e de todas as suas divisões
futuras – e que mostra a todos os leitores, cristãos ou não, a
relevância e a permanência de sua trajetória e de seus
ensinamentos.

Compre agora e leia


Jogador nº 1
Cline, Ernest
9788580444728
464 páginas

Compre agora e leia

Agora uma megaprodução de Steven Spielberg para os


cinemasCinco estranhos e uma coisa em comum: a caça ao
tesouro. Achar as pistas nesta guerra definirá o destino da
humanidade. Em um futuro não muito distante, as pessoas
abriram mão da vida real para viver em uma plataforma
chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas
pelo criador do programa e quem achá-las herdará toda a sua
fortuna. Como a maior parte da humanidade, o jovem Wade
Watts escapa de sua miséria em Oasis. Mas ter achado a
primeira pista para o tesouro deixou sua vida bastante
complicada. De repente, parece que o mundo inteiro
acompanha seus passos, e outros competidores se juntam à
caçada. Só ele sabe onde encontrar as outras pistas: filmes,
séries e músicas de uma época que o mundo era um bom
lugar para viver. Para Wade, o que resta é vencer - pois esta é
a única chance de sobrevivência. A vida, os perigos, e o amor
agora estão mais reais do que nunca.
Compre agora e leia

Você também pode gostar