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Palestra Sergio de Carvalho

- Arte e sociedade no ambito do marxismo


- Fala concentrada em Raymond Wiliams
- Teatro é um lugar onde voce precisa misturar teoria e pratica
- Teatro é uma arte coletiva. Não se faz sozinho. Obriga sociabilidade, de
produção coletiva do mundo imaginario criado
- Teatro obriga contato com o outro, com a alteridade. Assumir uma
personagem. Ter uma dimensão simbolica
- Teatro tem potencial coletivista,integrador do teatro
- Esse meu sonho “o teatro nos poe fora do mundo da mercadoria”porque é algo
feito por amor, ele esbarra na realidade do trabalho teatral. Que é professional,
que é posto no Mercado pra vender. Essa obra é unica, mas vai ser consumida.
- Parte da coisa divertida, interessante do teatro, esbarra noutra coisa
interessante….o mercado. A pressão mercantile existe.
- A figura do diretor pode ser autoritária, que trabalha numa ideia e que impoe
praticas aos outros.
- As coisa que eu associava ao Mercado burgues, no teatro também acontecia. A
figura autoritária que impunha suas ideias, a divisão hierarquica do trabalho e
uma especie de fetichização da arte, como se a arte tivesse um viés spiritual.
- Por um lado a arte me libertava de alguns estereotipos, ela reproduzia outras:
autoritarismo, divisão hierarquica, etc.
- Devo muito ao teatro: aprendizado politico, critico, o trabalho me aproximou
de questões sociais. Devo ao teatro a uma formação estetica, politica, de vida
que eu tive. Identificação pessoal minha
- Raymond Williams: embora tenha ocupado espaço na academia, na gra-
bretanha, ele é de origem proletária.
- Uma das contribuições do marxismo é apresentar o quanto nossa vida cultural
está ligada a nossa vida material
- Um dos conceitos que entrou na cultura com força foi a de que toda a vida
cultural (o juridico, a politica, filosofia, conhecimentos, todo campo do
simbolico) é determinada por uma base material
- A relação entre base produtiva e a superestrutura
- Ideologia: falsa consciencia.
- Os pensamentos dominantes numa sociedade são os pensamentos da classe
dominante. Esse é um ponto. Marx e Engels querem mostrar que isso é um
processo de construção historica. Nem o modo de produção capitalista está
pronto, estável, nem a cultura está estável
- O mundo cultural interfere na pratica, nas produções. (Engels). Williams diz: a
gente precisa entender os processos de formação cultural, os processos de
formação das bases materiais material para poder olhar como a cultura ocorre.
Se não a gente vai trabalhar com uma ideia simplista de manipulação das
classes dominantes sobre a sociedade.
- Se fosse uma dominação (a burguesia nos domina culturalmente) bastava a
gente desmascarar isso pra ter acesso a verdade da consciencia politica, seria
facil o processo. E o processo nnao é facil. Porque muitas vezes a gente
reproduz discursos da classe dominante sem saber que tá reproduzindo, as
vezes por necessidade de incorporação ou proque nossa pratica nos obriga.
- Há muitas mediações, muitas camadas nesse processo.
- Williams passa a encontrar gente que pensa como ele – de que as formas são
conteúdo. Elas falam temas sociais, elas contem visão social numa forma
teatral, numa forma de cinema. Varios autores buscam essas mediações,
desses processos se formando Escola de Frankfurt faz esse mesmo caminho. Ele
encontra em Gramsci, que trabalha com a Hegemonia. Uma dominação cultural
como totalidade que não é apenas de cima pra baixo, mas de todo um Sistema
operando para manutenção dessa situação.
- Wiiliams vê em hegemonia uma dominaçnao que se forma, uma ideia de
processo
- O conceito de hegemoinia ve as relações de dominio e subordinação como
consciencia pratica, como efeito de saturaçao de todo processo de vida, nao
apenas como atividade politico/economica, mas como identidades e relações
vividas a tal profundidade que todo Sistema economico, politico e cultural
parecem apenas limites de bom senso.
- Hegemonia não é doutrinação, manipulação. É todo um conjunto de praticas e
expectativas sobre a totalidade da vida, de forma interativa. Nossa percepçao
de nós mesmos e de nosso mundo. É um Sistema vivido de significados e
valores. Constitui um senso de realidade para a maioria das pessoas na
sociedade.
- Teatro: no tempo de Ibsen, a tragedia vai pro ambiente domestico, pra familia.
Ele pega a tradição anterior e inventa uma tragedia da era burguesa. Enquanto
no tempo de Shakespeare era privilegio da ariatocracia, pra ibsen vai pro
ambiente domestic em crise.
- Pra Williams, no momento em que uma nova hegemonia teatral se constitui, eu
tenho que dialogar com varias coisas. Eu percebo que tem uma tradiçnao
anterior que modela. A tradiçnao persiste porque se materializa em instituições
concretas. Uma instituição concreta é o palco teatral.
- A casa teatral foi construida porque alguem entendeu que havia uma tradição
de operas que justificava ter uma casa teatral.
- Williams começa a perceber que a tradição de forma, de culturas, elas se
materializam em instituições, mas também em pessoas, em grupos que se
formam. Ou seja, com formações culturais. Antes de alguem construir o teatro
municipal, certamente muitas pessoas idealizaram uma formaçnao cultural que
vem a se materializer nessa instituição, nesse predio.
- Um processo hegemonico se liga a uma tradição que se materializa em
instituições e que tem a ver com formações de grupos, de artistas, não
artistas…e traduz em conexões com publicos que vão se formando.
- Raymond Williams propoe que, para entender uma obra, se você olhar uma
obra você tem que pensar que você tem elementos residuais, que vem do
passado e elementos culturais emergentes que aparecem nessa obra, que
sinalizam algo que tá surgindo nessa nova realidade, um novo pensamento que
tá surgindo naquele momento historico.
- Raymond Williams destaca que parte do trabalho critico que a gente tem que
ter é conseguir entender porque determinadas formas foram prevalecendo,
algumas se tornam genero e como elas contem as formas de pensamento
dominante ou essa luta de pensamentos está materializado nela, na obra.
- Williams discute a estrutura de sentimento. Se há, numa obra, elementos
residuais e emergentes, qual a estrutura de sentimento. Como entender algo
no momento presente desse algo? Como são os sentimentos, as formas, as
intuições, nem sempre conscientes que aquela obra materializa?
- Na relação entre arte e sociedade, é fundamental adotar um processo critico
onde devemos epnsar os processos simbolicos, imaginarios, culturais, têm a ver
com os processos materiais. Isso ee um pressuposto.
- Se uma peça é boa, é porque ela teve um processo bom
- Se tem algo novo, bom naquela peça, isso tem a ver com as relações materiais
construidas ali.
- Nossa vida material, de trabalho, forma nosso pensamento.
- É importante um pensador como Williams que faz com que a gente veja o
potencial de atividade e o potencial material das construções simbolicas
- Importante evitar simplificações dos dualismos
- Importante enfatizar o quanto essas situações tem a ver com tempo livre, com
Liberdade em relação ao mundo do trabalho

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