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SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA 1

SUBSECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA


GERÊNCIA TRIBUTÁRIA
SUBGERÊNCIA DE ORIENTAÇÃO TRIBUTÁRIA

PARECER Nº 495/2014

ASSUNTO: PARECER CONSULTIVO

CONSULENTE: EXTERRAN – SERVIÇOS DE ÓLEO E GÁS LTDA


ENDEREÇO: Faz. Monsanaras, s/nº - Estr. Povoação Degredo, Estação de Cacimbas -
Linhares(ES)
INSC. ESTAD.: 082.529.85-0
PROCESSO: 67650880

EMENTA: BENS E MERCADORIAS - ATIVO IMOBILIZADO - USO E CONSUMO –


CREDITAMENTO EXTEMPORÂNEO - PROCEDIMENTOS

A empresa em epígrafe, declarando não estar sob ação fiscal, informa ter por atividade principal
serviços de apoio à extração de gás natural (CNAE 0910600), apurando o imposto no regime de
débito e crédito sem nenhum benefício especial concedido pelo Estado do Espírito Santo.

Diz que realiza operações de transferência de material de uso e consumo (peças de reposição para
manutenção de seus ativos) entre filiais, remetendo ainda bens do ativo imobilizado conforme
necessidades contratuais de plataformas e estações localizadas no estado.

Noventa e nove por cento destes bens e mercadorias são importados, cujo imposto é recolhido no
desembaraço para o estado à alíquota de 17%, porém, desde 2009, nunca compensamos o crédito
com o imposto debitado na saída em transferência interestadual.

Entende que, embora o Art. 83 do RICMS/ES assegure o direito a creditar-se do imposto cobrado
anteriormente, não é claro ao indicar quando e quanto do crédito pode ser aproveitado.

Por se tratar de um imposto não cumulativo, em que – para este caso – em nenhuma hipótese a
carga tributária da saída em transferência será maior que da entrada, entendemos estar mantido o
direito ao crédito referente aos períodos anteriores, bem como poderemos fazer uso destes
créditos para compensar com débitos das próximas operações.

Concluindo, indaga:

1) Solicita-se confirmação dos entendimentos ora expostos e que – em se confirmando – de


qual forma poderemos nos apropriar dos créditos desse período?
2) Se o entendimento exposto estiver correto, será necessária retificação das DIEFs?
3) Devemos lançar o crédito em suas apurações atuais ou teremos que solicitar emissão de
certificado de crédito para o registro extemporâneo?

É o relatório

APRECIAÇÃO

No tocante às indagações:

1) Solicita-se confirmação dos entendimentos ora expostos e que – em se confirmando


– de qual forma poderemos nos apropriar dos créditos desse período?

Inicialmente deve ser esclarecido que a aquisição de mercadorias para uso ou consumo do
estabelecimento somente dará direito ao crédito a partir da data prevista no Art. 33, Inciso I,
da Lei Complementar 87/96.

Em relação à aquisição de bens para o ativo imobilizado, a utilização de crédito deve ser
feita à razão de 1/48 avos mensalmente, consoante previsão do Art. 83 do RICMS/ES,

Av. João Batista Parra, 600 – 4º andar – Enseada do Suá, Vitória (ES) – CEP 29050-375 - Tel. (0**27) 33475300
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podendo também se creditar dos valores relativos ao período não utilizado, sempre
atentando para o regramento inserto no Parecer 176/2014 citado a seguir, verbis:

“O Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente – CIAP, instituído pelo Ajuste SINIEF 08/97,
deve seguir, entre outras, as observações contidas no § 1º do art. 83 do RICMS/ES.

A apropriação de créditos do ICMS fora dos prazos legais, além de atender os demais requisitos
regulamentares, tal como o prazo máximo de cinco anos contados da data da emissão do
documento, deve ainda cumprir outros dois pressupostos legais:

1) Ser precedida da comunicação ao Fisco, conforme disciplina o inciso I do art. 142 do


RICMS/ES:

Art. 142. A escrituração fora dos momentos aludidos no art. 140 somente poderá ser feita:
I - quando precedida de comunicação escrita à Agência da Receita Estadual da
circunscrição do contribuinte, independentemente, porém, de manifestação desta; ou

2) Recolhimento da penalidade de multa prevista no art. 75, § 2º, II, “a” da Lei n.º 7.000/01.

Art. 75. A pena de multa será aplicada nos casos previstos nos parágrafos 1.º a 8.º deste
artigo.
[...]
§ 2.º Faltas relativas ao crédito do imposto:
[...]
II - creditar-se de imposto escriturado fora do prazo legal:
a) multa de 05% (cinco por cento) do valor do crédito escriturado, quando a escrituração
for precedida de comunicação ao Fisco; e

O RICMS exige no § 1º do art. 83, o lançamento no Livro Registro de Entradas de Mercadorias e no


CIAP, respectivamente o livro inerente aos demais créditos e o livro próprio,:

§ 1.º Além do lançamento em conjunto com os demais créditos, para efeito da compensação
prevista neste artigo e no art. 82, os créditos resultantes de operações de que decorra
entrada de mercadorias destinadas ao ativo permanente serão objeto de outro lançamento,
em livro próprio, devendo ser observado: (grifei)

Entretanto, a apropriação extemporânea deve ser escriturada sempre com a observação de que se
trata deste assunto, no mínimo com a seguinte anotação: “Crédito extemporâneo de xx parcelas de
1/48 referente à Nota Fiscal n.º x.xxx, de dd/mm/aaaa”.

Tal observação deve constar nos livros Registro de Entradas, CIAP, Apuração do ICMS e ainda no
Termo de Ocorrências propiciando total clareza e entendimento para o Fisco.

Ressalto também que a multa deve ser calculada somente sobre o crédito extemporâneo das
parcelas em atraso e não sobre o crédito total, cabendo ainda a redução para 30% do seu valor com
o benefício da espontaneidade prevista no art. 77, III, “a” da Lei n.º 7.000/01.

Uma vez recolhido a penalidade de multa por creditar-se do ICMS escriturado fora do prazo legal
(art. 75, § 2º, inciso II, “a” da lei n.º 7.000/01) e comunicada previamente a Agência da Receita
Estadual – ARE da circunscrição do contribuinte (inciso I, do art. 142 do RICMS/ES), todas as
parcelas anteriores, no exemplo as de nºs 01/48 até 19/48, poderão ser lançadas no mesmo período
de apuração.

Ressaltando que deve ser apurado mês a mês (no período da entrada no estabelecimento até a
última parcela extemporânea) o estorno do valor do crédito proporcional às saídas ou prestações
isentas e não tributadas, conforme inciso III, § 1º do art. 83 do RICMS/ES.

Art. 83. ...


[...]
III - para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o montante do crédito a ser
apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do respectivo crédito pelo fator igual a
um quarenta e oito avos da relação entre o valor das operações de saídas e prestações
tributadas e o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando-se às
tributadas, para fins deste inciso, as saídas e prestações com destino ao exterior e as saídas
de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos;

Assim, na hipótese de não haver nenhuma saída tributada no mês (débito do ICMS), não teremos
neste mês apropriação de crédito do CIAP. Imprescindível também observar o prazo decadencial
de cinco anos, contado do mês em que o crédito deveria ter sido apropriado.

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O lançamento extemporâneo começa da época em que deveria ter sido feito e conforme dito no
item I, havendo o recolhimento da penalidade de multa pelo crédito desta natureza e a
comunicação à ARE, todas as parcelas podem ser lançadas no mesmo período de apuração.”

2) Se o entendimento exposto estiver correto, será necessária retificação das DIEFs?

Nas hipóteses em que que o creditamento é admitido, não haveria razão para retificar o
DIEF, tendo em vista que não implicará em alteração na apuração do imposto informado.

3) Devemos lançar o crédito em suas apurações atuais ou teremos que solicitar


emissão de certificado de crédito para o registro extemporâneo?

SIM, o crédito seria utilizado para compensação com os débitos relativos às operações
subsequentes, enfatizando que a sua utilização extemporânea deve nortear-se pelas
disposições do Art. 142, I, do RICMS/ES, com a penalidade inserta no §2º do Art. 75 da Lei
7000, de 27/12/01, observado o disposto no seu Art. 77.

A legislação de regência do imposto do Estado do Espírito Santo não contempla a hipótese


de emissão de certificado de crédito para o caso relatado pelo contribuinte.

CONCLUSÃO

A consulente, se não vem adotando o entendimento acima exposto, deverá fazê-lo no prazo de 10
(dez) dias, a partir do recebimento do parecer.

É o parecer.

Vitória, 17 de novembro de 2014

JOSÉ DOS SANTOS CRUZ


AFRE III – Nº FUNC. 238688

De acordo. Encaminhe-se à Subgerência de Orientação Tributária.


Em ___/___/_____

RENATO DUIA CASTELLO


Supervisor de Área Fazendária

De acordo. Encaminhe-se à Gerência Tributária.


Em ___/___/_____

MARIA GORETE PETERLE


Subgerente de Orientação Tributária

Aprovo o Parecer n.º 495/2014. Encaminhe-se ao interessado.


Em ___/___/_____

MARIA TERESA DE SIQUEIRA LIMA


Gerente Tributário

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