Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARECER Nº 495/2014
A empresa em epígrafe, declarando não estar sob ação fiscal, informa ter por atividade principal
serviços de apoio à extração de gás natural (CNAE 0910600), apurando o imposto no regime de
débito e crédito sem nenhum benefício especial concedido pelo Estado do Espírito Santo.
Diz que realiza operações de transferência de material de uso e consumo (peças de reposição para
manutenção de seus ativos) entre filiais, remetendo ainda bens do ativo imobilizado conforme
necessidades contratuais de plataformas e estações localizadas no estado.
Noventa e nove por cento destes bens e mercadorias são importados, cujo imposto é recolhido no
desembaraço para o estado à alíquota de 17%, porém, desde 2009, nunca compensamos o crédito
com o imposto debitado na saída em transferência interestadual.
Entende que, embora o Art. 83 do RICMS/ES assegure o direito a creditar-se do imposto cobrado
anteriormente, não é claro ao indicar quando e quanto do crédito pode ser aproveitado.
Por se tratar de um imposto não cumulativo, em que – para este caso – em nenhuma hipótese a
carga tributária da saída em transferência será maior que da entrada, entendemos estar mantido o
direito ao crédito referente aos períodos anteriores, bem como poderemos fazer uso destes
créditos para compensar com débitos das próximas operações.
Concluindo, indaga:
É o relatório
APRECIAÇÃO
No tocante às indagações:
Inicialmente deve ser esclarecido que a aquisição de mercadorias para uso ou consumo do
estabelecimento somente dará direito ao crédito a partir da data prevista no Art. 33, Inciso I,
da Lei Complementar 87/96.
Em relação à aquisição de bens para o ativo imobilizado, a utilização de crédito deve ser
feita à razão de 1/48 avos mensalmente, consoante previsão do Art. 83 do RICMS/ES,
Av. João Batista Parra, 600 – 4º andar – Enseada do Suá, Vitória (ES) – CEP 29050-375 - Tel. (0**27) 33475300
PARECER Nº 495/2014
PROCESSO Nº 67650880
SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA 2
SUBSECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA
GERÊNCIA TRIBUTÁRIA
SUBGERÊNCIA DE ORIENTAÇÃO TRIBUTÁRIA
podendo também se creditar dos valores relativos ao período não utilizado, sempre
atentando para o regramento inserto no Parecer 176/2014 citado a seguir, verbis:
“O Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente – CIAP, instituído pelo Ajuste SINIEF 08/97,
deve seguir, entre outras, as observações contidas no § 1º do art. 83 do RICMS/ES.
A apropriação de créditos do ICMS fora dos prazos legais, além de atender os demais requisitos
regulamentares, tal como o prazo máximo de cinco anos contados da data da emissão do
documento, deve ainda cumprir outros dois pressupostos legais:
Art. 142. A escrituração fora dos momentos aludidos no art. 140 somente poderá ser feita:
I - quando precedida de comunicação escrita à Agência da Receita Estadual da
circunscrição do contribuinte, independentemente, porém, de manifestação desta; ou
2) Recolhimento da penalidade de multa prevista no art. 75, § 2º, II, “a” da Lei n.º 7.000/01.
Art. 75. A pena de multa será aplicada nos casos previstos nos parágrafos 1.º a 8.º deste
artigo.
[...]
§ 2.º Faltas relativas ao crédito do imposto:
[...]
II - creditar-se de imposto escriturado fora do prazo legal:
a) multa de 05% (cinco por cento) do valor do crédito escriturado, quando a escrituração
for precedida de comunicação ao Fisco; e
§ 1.º Além do lançamento em conjunto com os demais créditos, para efeito da compensação
prevista neste artigo e no art. 82, os créditos resultantes de operações de que decorra
entrada de mercadorias destinadas ao ativo permanente serão objeto de outro lançamento,
em livro próprio, devendo ser observado: (grifei)
Entretanto, a apropriação extemporânea deve ser escriturada sempre com a observação de que se
trata deste assunto, no mínimo com a seguinte anotação: “Crédito extemporâneo de xx parcelas de
1/48 referente à Nota Fiscal n.º x.xxx, de dd/mm/aaaa”.
Tal observação deve constar nos livros Registro de Entradas, CIAP, Apuração do ICMS e ainda no
Termo de Ocorrências propiciando total clareza e entendimento para o Fisco.
Ressalto também que a multa deve ser calculada somente sobre o crédito extemporâneo das
parcelas em atraso e não sobre o crédito total, cabendo ainda a redução para 30% do seu valor com
o benefício da espontaneidade prevista no art. 77, III, “a” da Lei n.º 7.000/01.
Uma vez recolhido a penalidade de multa por creditar-se do ICMS escriturado fora do prazo legal
(art. 75, § 2º, inciso II, “a” da lei n.º 7.000/01) e comunicada previamente a Agência da Receita
Estadual – ARE da circunscrição do contribuinte (inciso I, do art. 142 do RICMS/ES), todas as
parcelas anteriores, no exemplo as de nºs 01/48 até 19/48, poderão ser lançadas no mesmo período
de apuração.
Ressaltando que deve ser apurado mês a mês (no período da entrada no estabelecimento até a
última parcela extemporânea) o estorno do valor do crédito proporcional às saídas ou prestações
isentas e não tributadas, conforme inciso III, § 1º do art. 83 do RICMS/ES.
Assim, na hipótese de não haver nenhuma saída tributada no mês (débito do ICMS), não teremos
neste mês apropriação de crédito do CIAP. Imprescindível também observar o prazo decadencial
de cinco anos, contado do mês em que o crédito deveria ter sido apropriado.
Av. João Batista Parra, 600 – 4º andar – Enseada do Suá, Vitória (ES) – CEP 29050-375 - Tel. (0**27) 33475300
PARECER Nº 495/2014
PROCESSO Nº 67650880
SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA 3
SUBSECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA
GERÊNCIA TRIBUTÁRIA
SUBGERÊNCIA DE ORIENTAÇÃO TRIBUTÁRIA
O lançamento extemporâneo começa da época em que deveria ter sido feito e conforme dito no
item I, havendo o recolhimento da penalidade de multa pelo crédito desta natureza e a
comunicação à ARE, todas as parcelas podem ser lançadas no mesmo período de apuração.”
Nas hipóteses em que que o creditamento é admitido, não haveria razão para retificar o
DIEF, tendo em vista que não implicará em alteração na apuração do imposto informado.
SIM, o crédito seria utilizado para compensação com os débitos relativos às operações
subsequentes, enfatizando que a sua utilização extemporânea deve nortear-se pelas
disposições do Art. 142, I, do RICMS/ES, com a penalidade inserta no §2º do Art. 75 da Lei
7000, de 27/12/01, observado o disposto no seu Art. 77.
CONCLUSÃO
A consulente, se não vem adotando o entendimento acima exposto, deverá fazê-lo no prazo de 10
(dez) dias, a partir do recebimento do parecer.
É o parecer.
Av. João Batista Parra, 600 – 4º andar – Enseada do Suá, Vitória (ES) – CEP 29050-375 - Tel. (0**27) 33475300
PARECER Nº 495/2014
PROCESSO Nº 67650880