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Alice Ball

Alice Augusta Ball, nasceu nos Estados Unidos em 24 de julho de 1892, em

uma época fortemente marcada pela racismo, a família Ball não poupava

esforços para destruir as barreiras que o preconceito impunha em seu caminho.

James Presley Ball, avô de Alice, foi um fotógrafo famoso e o primeiro afro-

americano a aprender o daguerreótipo, o primeiro tipo de processo fotográfico a

ser comercializado com o grande público. Alice conviveu com o avô durante a

infância e ele certamente foi uma grande inspiração para seu pioneirismo
acadêmico.

Alice Ball se graduou em Química Farmacêutica em 1912 e em Farmácia em

1914 pela Universidade de Washington, após se graduar, recebeu uma bolsa de

mestrado na Universidade do Havaí. Após ter sua tese aprovada, Alice se

tornou a primeira mulher e a também a primeira afro-americana a obter o título

de mestra na universidade, onde, nos anos de 1915 a 1916, deu aulas para os

alunos do departamento de química. Durante esse período, Ball trabalhou

naquela que seria a descoberta que faria seu nome ser lembrado por toda a

história.

Naquela época, o mundo ainda era assolado por uma doença milenar, a Lepra,

ou Hanseníase. Tal doença, produz sucessivas infecções e lesões na pele dos

infectados, podendo também gerar perda de visão e fraqueza. Devido às lesões

que, tipicamente, surgem no corpo dos doentes, os mesmos acabaram sendo

estigmatizados por grande parte da história da humanidade e infelizmente, isso

também ocorria no Havaí, durante a juventude de Alice. Caso houvesse

suspeitas por parte das autoridades de que determinado indivíduo estava


infectado pela doença, as mesmas poderiam conduzi-lo coercitivamente para
realizar exames e caso os resultados destes apontassem para Lepra, o

indivíduo era levado para uma península isolada chamada de Kalaupapa, onde

ficaria pelo resto da vida. Tais medidas eram tomadas pelo governo local para

evitar um surto da doença nas ilhas do arquipélago.

O tratamento para a Lepra consistia em administrar por via oral, um óleo

extraído da semente da árvore de chaulmoogra, sendo esta, a maneira mais

eficiente de se utilizar o medicamento segundo os registros médicos da época.

Entretanto, o Óleo de Chaulmoogra não era capaz de curar a Lepra, apenas de

atenuar o seus sintomas, além disso, a ingestão do óleo causava fortes dores
abdominais nos pacientes. Durante seu período na pós-graduação, horrorizada

pelo sofrimento daqueles que haviam sido infectados pela doença, Alice decidiu

se concentrar em desenvolver um método capaz de tornar o óleo injetável,

aumentando consideravelmente a sua eficiência no tratamento da Lepra. Esse

feito, possibilitou um avanço considerável no tratamento da doença e se tornou

o principal método de combate da mesma durante os vinte anos seguintes, até

que nos anos de 1940, drogas com sulfonamidas começaram a ser utilizadas.

Infelizmente, Alice não chegou a desfrutar da glória de sua descoberta, muito

menos chegou a receber o crédito por ela, pois antes que ela pudesse publicar

sua pesquisa a jovem adoeceu repentinamente, tendo que retornar para sua

cidade natal onde, tragicamente, morreu no dia 31 de Dezembro de 1916 aos

24 anos de idade. A causa de sua morte continua um mistério, especula-se,

com base na publicação de um jornal local, que Alice tenha morrido devido a

envenenamento por cloro, o que faz sentido, pois, naquela época os

laboratórios não possuíam ventilação adequada.


Após sua morte, Arthur L. Dean, Químico e Reitor da Universidade do Havaí,

deu continuidade ao trabalho de Alice, publicando a pesquisa e iniciando a

produção em larga escala do medicamento, contudo, o professor não deu os

créditos a jovem pesquisadora que foi excluída da história da ciência, sendo

somente reconhecida pela Universidade e pelo Governo do Havaí quase 90

anos depois.

Veja também: https://www.youtube.com/watch?v=dymJcBkGlbs

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