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A Sexualidade Na Velhice Representações
A Sexualidade Na Velhice Representações
volvimento humano. Visa o prazer, o bem-estar, a au- impeçam as pessoas idosas, em condições satisfatórias
toestima e a busca de uma relação íntima, comparti- de saúde, de apresentarem uma vida sexual ativa.
lhando o amor e o desejo com outra pessoa para criar De acordo com Pascual (2002), existe, em nossa
laços de união mais intensos (Soutto Mayor, Antunes sociedade, um conceito de velhice deteriorado e ne-
& Almeida, 2009). Corresponde a uma função vital do gativo, especialmente no âmbito sexual. Não há apoio
ser humano, na qual intervêm múltiplos fatores bio- por parte dos profissionais de saúde, ao mesmo tempo
lógicos, psicológicos, sociais e culturais transmitidos em que os familiares põem obstáculos para impedir
de geração em geração, dando sentido e significado à que seus idosos continuem sendo sexualmente ativos.
existência humana (Fernandez & Paniagua, 2007). Além disso, os meios de comunicação proporcionam
Freud (1905/1996), um dos pioneiros nos estu- uma visão pouco atrativa do processo de envelheci-
dos da sexualidade humana, afirma em sua obra, Três mento e, consequentemente, da pessoa idosa.
ensaios sobre a teoria da sexualidade, que ela ocorre Tal fato é extremamente prejudicial aos idosos,
nos indivíduos desde o seu nascimento e que a prá- haja vista que a sexualidade é um componente fun-
tica sexual entre adultos pode ser bem mais livre do damental da qualidade de vida, essencial para manter
que supunham os teóricos moralistas do começo do as relações interpessoais saudáveis, o autoconceito e
século. Para ele, o período de desenvolvimento da um senso de integridade. Está ligada ao senso de au-
sexualidade é longo e complexo até chegar à sexua- toestima e, se negada, pode ter efeitos deletérios não
lidade adulta, na qual as funções de reprodução e de só sobre a sexualidade em si, mas também em uma
obtenção do prazer podem estar associadas, tanto no autoimagem, relações sociais e saúde mental (Bauer,
homem quanto na mulher. Essa afirmação contraria- McAuliffe e Nay, 2007).
va as ideias predominantes de que o sexo estava asso- O processo de envelhecimento não conduz a
ciado, exclusivamente, à reprodução. uma fase assexuada, mas tão somente a outra etapa
A concepção pioneira de Freud, ao afirmar que no processo da sexualidade humana, a qual deve ser
o prazer é um objetivo da sexualidade humana, des- merecidamente vivenciada e apreciada (Fávero &
vinculava as vivências sexuais do significado exclusi- Barbosa, 2011). As vivências sexuais, independentemente
vo da reprodução. Sua tese foi confirmada com a re- da idade, proporcionam ao casal a possibilidade de
cente emergência do conceito de saúde sexual e com se realizar pessoalmente, refletem a intimidade e a
a dissociação progressiva do conceito de reprodução, cumplicidade e enriquecem as relações humanas.
o que coloca em evidência a autonomização da vida Para os idosos, a sexualidade é fisiologicamente
sexual e sua importância para a realização e o bem-es- possível, emocional e afetivamente enriquecedora,
tar dos indivíduos durante toda a vida (Sousa, 2008). porquanto fortalece a importância do carinho, do apego,
Outros avanços no estudo das vivências sexuais a comunicação, o companheirismo e o cuidado mútuo
foram realizados por Masters e Johnson (1988), cujas (Urquiza, Thumala, Cathalifaud, Ojeda & Vogel, 2008).
pesquisas são consideradas um marco no estudo da O tempo não dessexualiza a pessoa idosa, uma
sexualidade. Esses autores foram pioneiros no estu- vez que a sexualidade está presente em todas as fa-
do da fisiologia da resposta sexual e acreditavam que, ses da vida, percorre “um caminho de faz e refaz, um
para entender a complexidade da sexualidade huma- caminho instável, em constante processo de trans-
na, era preciso conhecer a anatomia e a fisiologia se- formação, assim como as pessoas, pois é parte indis-
xual e ter dados psicológicos e sociológicos. Segundo sociável delas” (Pires, 2006, p.2). No envelhecimento,
os referidos autores, existem mitos culturais acerca a sexualidade varia tanto quanto os demais compor-
dessa temática, nos grupos constituídos por crianças, tamentos, mas isso não implica necessariamente
idosos e portadores de alguma patologia, os quais são uma redução drástica da resposta sexual, já que ela
vistos como seres assexuados. depende fundamentalmente da atitude que cada pes-
Socialmente, tem-se considerado a pessoa idosa soa adota diante da vida. Ocorre de maneira extrema-
como assexuada, desprovida de desejos e de vida sexual, mente individual e não se processa do mesmo modo
como se os anos lhe trouxessem uma inapetência neste em todas as épocas, nem sequer da mesma forma em
aspecto vital do desenvolvimento humano (Gonzalez todos os indivíduos (Pascual, 2002).
& Brenes, 2007). Entretanto, a literatura atual tem A crença de que o envelhecimento e a ausência
demonstrado não existirem razões fisiológicas que das vivências sexuais estejam inexoravelmente liga-
dos é errônea e, de certa forma, contribui para o des- idoso deseje. As referidas autoras ressaltam, ainda,
conhecimento e preconceito acerca da sexualidade da a necessidade de um ambiente com privacidade,
pessoa idosa, o que consequentemente ocasiona pre- o desenvolvimento de grupos de suporte e discus-
juízos na qualidade de vida dessa população. (Vieira, são com informações precisas para os que deseja-
2012). Devido ao desconhecimento e à pressão cultu- rem discutir velhos tabus e dar sugestões para pos-
ral, muitos idosos que ainda possuem desejo sexual, síveis resoluções de problemas.
experimentam, algumas vezes, sentimentos de culpa As dificuldades de comunicação entre idosos
e de vergonha, pelo simples fato de se perceberem e profissionais de saúde são notórias e, em parte,
com vontade de procurar a obtenção do prazer. Estes devem-se a falhas na formação acadêmica destes pro-
padrões de comportamento criados pela sociedade li- fissionais acerca da geriatria e gerontologia. Entretan-
mitam a sexualidade humana ao período da juventu- to, Coelho (2006) ressalta que, ultimamente, os pro-
de, não sendo, portanto, reforçado pela sociedade na fissionais estão trabalhando para quebrar ou reduzir
velhice. Ao contrário, o idoso é, muitas vezes, vítima os preconceitos, os mitos, os tabus e os estereótipos
de preconceito, o que acarreta grande perda em sua que são atribuídos a ela. No entanto, ressalta-se que é
qualidade de vida. de fundamental importância o cuidado, no sentido de
No campo assistencial, a temática da sexualidade não promover os contramitos, que são imagens supe-
do idoso foi negligenciada pela área da saúde e pelo rotimistas dos idosos, ao mesmo tempo não realistas.
poder público, sendo a vida sexual da pessoa idosa Percebe-se, então, que a informação deve ser passada
tratada como algo inexistente. Consequentemente, de maneira correta, sincera e de fácil compreensão.
a possibilidade de uma pessoa com mais de 60 anos Apesar de o envelhecimento ser alvo de pesqui-
ser infectada pelo vírus HIV era considerada remota. sas nas mais diversas áreas do conhecimento cientí-
Entretanto, dados nacionais referem que o índice de fico, no tocante à temática da sexualidade verifica-se
HIV entre idosos já supera o de adolescentes entre 15 uma escassez de estudos. Em sua maioria, os estudos
e 19 anos (Santos & Assis, 2011). As explicações para existentes abordam questões sobre disfunções e mu-
esse aumento do número de casos de HIV em idosos danças no funcionamento sexual do homem e da mu-
referem-se ao envelhecimento populacional, ao au- lher, trazendo poucas reflexões acerca da forma como
mento da sobrevida das pessoas com HIV/Aids, bem os idosos têm lidado emocionalmente com sua sexu-
como ao acesso aos medicamentos para disfunções alidade. Para Gabriel, Neves e Dias (2010), fazem-se
eréteis, em associação com a desmistificação do sexo necessários estudos que elucidem a sexualidade dos
na velhice (Silva & Saldanha, 2012). idosos na perspectiva de sua qualidade de vida, uma
Em relação à sexualidade, ainda nos dias atuais, ve- vez que os mesmos nem sempre são compreendidos
rificam-se dois problemas na abordagem dessa temá- neste contexto.
tica no momento do atendimento aos idosos. Por um No campo da Psicologia Social, especificamente,
lado, muitas vezes, o profissional de saúde sente-se en- tem-se observado, nos últimos anos, o crescimento de
vergonhado em fazer perguntas de âmbito sexual para estudos que contemplam a velhice. Deste modo, con-
os idosos, considerando falta de respeito tal indagação; tribui, juntamente com a Psicologia da Personalidade,
e por outro, é comum o idoso ficar envergonhado e não para o entendimento dos diversos fatores intrínsecos
ter coragem de fazer perguntas ao profissional, porque ao envelhecimento, o que promove intervenções psi-
teme ser mal interpretado (Vieira, 2012). cossociais que propiciem melhores condições de vida
De acordo com Viana e Madruga (2010), o idoso a pessoa idosa (Neri, 2002).
deve se sentir confortável para expressar emoções No presente estudo, aborda-se a temática da se-
e necessidades, sem ficar temeroso ou envergonha- xualidade na velhice sob a ótica da Psicologia Social,
do ao discutir problemas a respeito da sexualidade. utilizando-se para tanto a Teoria das Representações
Por outro lado, os profissionais de saúde devem ser Sociais (Moscovici, 1978). Parte-se do pressuposto
isentos de preconceitos, falar diretamente sobre de que as representações sociais referem-se a uma
o assunto, responder a todas as questões, sem ro- forma de conhecimento, socialmente elaborada e
deios ou constrangimentos, mostrar que querem partilhada, com um objetivo prático, e que contribui
e precisam discutir o tema, com interesse, e mos- para a construção de uma realidade comum a um
trar dados científicos sobre alguns assuntos, caso o conjunto social (Jodelet, 2001).
Trata-se de um saber prático, produzido nas in- Frente ao exposto, o presente estudo objetivou
terações e na comunicação entre os grupos sociais, os investigar as representações sociais da sexualidade
quais refletem a situação dos indivíduos no que se refe- elaboradas por idosos frequentadores de um gru-
re aos assuntos cotidianos (Ferreto, 2010). São conside- po de convivência localizado no município de João
radas necessárias, pois guiam o indivíduo no modo de Pessoa, Paraíba.
nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos
da realidade diária, no modo de interpretar esses as- Método
pectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se Tratou-se de uma pesquisa descritiva, com abor-
frente a eles de forma defensiva (Jodelet, 2001). dagem qualitativa, que utilizou uma amostra do tipo
A representação social é o meio pelo qual os seres não probabilística de conveniência, composta por 30
humanos representam objetos de seu mundo. Ferra- idosos, frequentadores de um grupo de convivência
menta de pensamento, é também uma placa giratória do município de João Pessoa (PB). O referido grupo
entre o indivíduo e o grupo, entre o material e o ideal é vinculado ao Instituto de Previdência do Município
(Lahlou, 2011). Para Trindade, Santos e Almeida (2011), (IPM) e, no local, são oferecidas, gratuitamente, ativi-
as representações sociais têm, em seu bojo, a ideia de dades como hidroginástica, alongamento, dança, na-
um conhecimento construído por um sujeito ativo, em tação, informática, oficina de memória e coral.
íntima interação com o objeto culturalmente construí- Foi utilizada a técnica de entrevista em profun-
do, que revela as marcas tanto do sujeito quanto do ob- didade, também denominada de entrevista aberta,
jeto, ambos inscritos social e historicamente. entendida como aquela em que o entrevistado tem a
Segundo Vala e Monteiro (2004), as representa- possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem
ções sociais apresentam uma dimensão funcional e respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador
prática, que acaba por ser evidente na organização (Minayo, 2007). Durante a entrevista, os participantes
dos comportamentos, das atividades comunicati- foram convidados a falar de forma livre e aberta sobre
vas, na argumentação e na explicação cotidianas e o significado da sexualidade. O número de entrevistas
na diferenciação dos grupos sociais. A elaboração e foi estabelecido segundo o critério de saturação de-
o funcionamento de uma representação podem ser finido por Sá (1998). Os participantes responderam
compreendidos por meio dos processos de objetiva- ainda um questionário biossociodemográfico objeti-
ção e ancoragem. Jodelet (2001) afirma que a objeti- vando-se a obtenção do perfil da amostra.
vação é o processo pelo qual o indivíduo reabsorve O projeto foi submetido à avaliação do Comitê
um excesso de significações, materializando-as; ou de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de João
seja, é a construção formal de um conhecimento Pessoa – UNIPÊ e, mediante parecer favorável, foi re-
pelo indivíduo. Já a ancoragem, como instrumen- alizada a coleta dos dados. Inicialmente foi realizado
to do saber, é uma modalidade que permite com- um contato com a coordenadora do grupo de convi-
preender como os elementos de representação não vência, para a qual foi apresentado o projeto e solici-
só exprimem relações sociais, mas também contri- tado autorização para realização da pesquisa.
buem para construí-las. Portanto, ela assegura o elo Os participantes foram previamente informados
entre a função cognitiva de base da representação a respeito dos objetivos e procedimentos da pesquisa,
e a social, bem como fornece à objetivação os ele- bem como, da confiabilidade dos dados e do anoni-
mentos imaginativos para servir na elaboração de mato da sua colaboração. Também foi destacado o ca-
novas representações. ráter voluntário da pesquisa, deixando-os à vontade
Desse modo, identificar as representações so- para escolher participar ou não. Em seguida, foi soli-
ciais acerca da sexualidade é compreender as formas citado que lessem e assinassem o Termo de Consenti-
que as pessoas utilizam para criar, transformar e in- mento Livre e Esclarecido, de acordo com as normas
terpretar esse construto vinculado à sua realidade. da Resolução no 466/12 sobre Pesquisa Envolvendo
Compreende-se, portanto, que apreender as repre- Seres Humanos (Brasil, 2012)
sentações sociais dos idosos acerca da sexualidade na As entrevistas foram realizadas de forma indi-
velhice significa compreender uma interpretação da vidual, sendo seu conteúdo submetido à técnica de
realidade vivida e falada por esse grupo social, que di- Análise de Conteúdo Temático (Bardin, 2010), que se
reciona comportamentos e comunicações. refere a um conjunto de técnicas de análise das co-
municações visando obter indicadores que permitam A primeira subcategoria referente à categoria
a inferência de conhecimentos relativos às condições Elementos constituintes, denominada Prazer, corres-
de produção/recepção das mensagens. pondeu a 12,1% dos recortes analisados e descreve a
sexualidade como uma atividade prazerosa, podendo
Resultados ser exemplificada através dos discursos a seguir:
Participaram da pesquisa 30 idosos, sendo a
maioria do sexo feminino (80%). Em relação à ida- “[...] sexualidade é prazer, é a satisfação do prazer, se-
de, observou que 33,3% dos idosos encontravam-se xualidade é a busca do prazer, é uma coisa muito pra-
na faixa etária de 60-64 anos; 46,7% na faixa etá- zerosa, é o prazer que sentimos em estar com alguém,
ria de 65-69 anos, e 20% dos idosos apresentaram eu ainda sinto prazer, o idoso pode sentir prazer, acho
idades iguais ou superiores a 70 anos. No que con- importante que o idoso ainda possa sentir prazer, te-
cerne aos aspectos econômicos, constatou-se que mos que aproveitar esses prazeres da vida.”
6,7% dos participantes possuíam renda familiar
de 1 a 3 salários mínimos; 73,3% possuía renda de A maior incidência de respostas referentes aos ele-
4 a 6 salários mínimos e 20% renda familiar igual mentos constituintes da sexualidade foi observada na
ou superior a 7 salários mínimos. No que se refe- subcategoria Relação Sexual, correspondente a 16,1%
re à religião, 76,6% dos participantes se definiram das unidades temáticas dessa categoria. Nesse contex-
como católicos; 16,7% evangélicos e 6,7% adeptos to, a sexualidade foi representada através do ato sexual:
da doutrina espírita.
Conforme a tabela a seguir, a análise das repre- “[...] sexualidade é fazer sexo... é a atividade sexual... é
sentações sociais da sexualidade na velhice foi com- sexo... o sexo faz parte... não é só sexo... não é apenas
posta por 277 unidades temáticas, distribuídas em 4 o ato sexual em si... o idoso ainda tem interesse por
categorias e 17 subcategorias, advindas das interlocu- sexo... nós precisamos de sexo [...] nós ainda fazemos
ções dos idosos. sexo [...] eu entendo que é o sexo...”
Tabela 1
Análise de Conteúdo das Representações Sociais da Sexualidade na Velhice.
A Categoria 2 foi denominada Mudanças advin- “[...] é muito importante para o idoso... não temos
das do envelhecimento, uma vez que refere-se às alte- como viver sem ela... é fundamental para as nossas
rações no campo das vivências sexuais decorrentes da vidas... nos faz sentir mais dispostos e felizes...ponto
chegada da velhice. Foi formada por três subcatego- crucial no bem-estar do idoso... tão importante para
rias, que classificam as referidas mudanças em Positi- o idoso quanto para o jovem... o velho precisa disso,
vas (54,8%), Negativas (28,6%) e Inexistentes (16,6%). precisa da sexualidade...”
Em relação às mudanças apontadas como Positivas,
os atores sociais destacaram: Já na segunda subcategoria referente à Importân-
cia da sexualidade para a vida do idoso, encontram-se
“[...] aproveitamos mais hoje do que quando éramos aqueles discursos que afirmam ser Desnecessária
jovens...existe muito mais carinho e cumplicidade... (12,4%) esta prática na velhice, conforme podemos
o sentimento de acolhimento cresce... a intimidade observar nos recortes a seguir:
aumenta e a vergonha e a insegurança diminuem...
tem mais amor... tem mais companheirismo... é uma “[...] não acho que o idoso precise disso... não gosto,
coisa mais sincera... é menos superficial...para os jo- nunca gostei... acho que sempre fui frígida... fazia só
vens está mais na aparência, na aventura e na falta de porque ele queria mesmo... nunca senti falta dessas
vínculo...quando a gente envelhece passa a ter outras coisas... nunca gostei dessas coisas...”
prioridades...”
Por fim, tem-se a Categoria 4, denominada Percep-
Quanto às mudanças de ordem Negativas, foram ção da sociedade, que retrata as representações da so-
destacadas as seguintes falas: ciedade em geral acerca da sexualidade do idoso sob a
ótica dos participantes. Seu conteúdo representacional
“[...] a disposição e o ritmo não são mais os mesmos... foi classificado em duas subcategorias. A primeira delas,
não existe mais aquele desejo todo... o desejo e a fre- Aceitação, corresponde a 33,3% das unidades temáticas
quência diminuem... a atividade sexual diminui... o analisadas e pode ser exemplificada da seguinte forma:
preparo físico já não é o mesmo... problemas de saú-
de podem interferir... com a chegada da velhice chega “[...] a sociedade está mais preocupada com o bem-estar
também o cansaço... tem as doenças e aí a sexualidade do idoso... sabem que os idosos podem sim ter sexuali-
fica limitada...” dade... já foi muito pior, mas está sendo mudado... já
estão pensando diferente, estão aceitando mais isso... a
Complementando a categoria Mudanças na se- sociedade hoje em dia trata melhor o velho... não acho
xualidade, a terceira subcategoria foi denominada que a sociedade discrimine ou exclua o velho da sexua-
Inexistente, uma vez que retrata recortes das falas dos lidade... hoje o velho tem espaço, temos voz...”
participantes que informaram não sentirem nenhu-
ma diferença entre a sexualidade na velhice e no perí- Em relação à subcategoria Rejeição (66,7%), os ato-
odo anterior a ela. Esta subcategoria é responsável por res sociais enfatizaram em suas falas a questão do pre-
16,6% das unidades temáticas e seu conteúdo repre- conceito e da discriminação social percebida pelo idoso:
sentacional é descrito a seguir:
“[...] sexualidade na velhice é um tabu... ninguém acha
“[...] meu interesse por sexo é o mesmo... sempre tenho que a gente ainda faz alguma coisa... acham que estamos
disposição... não notei nenhuma diferença... tenho velhos demais para pensar em sexo... a sociedade esquece
disposição e estímulo... nunca perdi o interesse... se que o idoso é gente... acham que a gente só serve pra dar
você tem motivação sempre terá sexualidade...” trabalho e gasto... não acreditam que o idoso possa gostar
dessas coisas... vão ser chamadas de velha assanhada e
Em relação à terceira categoria denominada Im- pervertida... a sociedade não vê com bons olhos...”
portância das vivências sexuais, houve o surgimento de
duas subcategorias. Na primeira delas encontram-se as Discussão
falas dos participantes que afirmam ser a prática da se- O discurso dos idosos participantes ficou focali-
xualidade Necessária (78,6%) para a vida do idoso: zado em quatro eixos temáticos: os elementos cons-
titutivos da sexualidade, a sua importância e sua re- psicológica profundamente influenciada pelos pa-
percussão na vida do idoso, assim como a apreciação drões sociais e culturais (Silva, 2006).
da sociedade acerca da sexualidade da pessoa idosa. Percebe-se uma valorização da privacidade do ca-
Na apreensão das representações sociais da se- sal diante da necessidade de um espaço para que os ido-
xualidade destacaram-se ancoragens em aspectos sos desfrutem de momentos íntimos livres de interrup-
vitais, relação corpo/sexo, elementos psicoafetivos ções ou constrangimentos. Um dos obstáculos para esta
e sociais. Realçam algumas dicotomias e ambiva- aquisição refere-se ao fato do idoso morar com filhos.
lências próprias do ciclo vital, objetivadas na rela- Conforme ressalta Ribeiro (2002), em família, os filhos
ção jovem versus idoso, corpo envelhecido versus são os primeiros a negar a sexualidade dos pais, inter-
interesse e motivação para o sexo. As ambivalências pretando a necessidade sexual destes como algo depre-
concentram-se na avaliação dos participantes quan- ciativo, como sinal de segunda infância ou demência.
to à importância das vivências sexuais nos idosos, Observa-se nesse contexto, que os idosos con-
alternando entre muito importante e sem impor- tinuam tendo desejos semelhantes aos que tinham
tância. Quanto à percepção da sociedade acerca da quando jovens, embora agora possam apresentar
sexualidade dos idosos, os participantes também maiores limitações em razão das alterações fisiológi-
construíram suas representações sociais em elemen- cas que, às vezes, dificultam um relacionamento mais
tos ambivalentes: de um lado, ocorre a aceitação da íntimo. Entretanto, sabe-se que os idosos descobrem
sexualidade dos idosos e, de outro lado são identifi- outros prazeres, adaptam-se a sua condição e conse-
cados preconceitos e discriminação. guem encontrar para cada problema um novo modo
As representações sociais concentraram-se, ma- de viver (Moura et al., 2008). Neste sentido, os resulta-
joritariamente, nos Elementos constituintes da sexu- dos demonstram que os idosos devem ser vistos como
alidade, sendo suas unidades temáticas agrupadas indivíduos que possuem desejo, necessidades sexuais
em dez subcategorias (prazer, relação sexual, carinho, e que fazem projetos para o futuro, corroborando o es-
intimidade, companheirismo, desejo, amor, vida, au- tudo de Maschio, Balbino, De Souza e Kalinke (2011).
toestima e atitudes), demonstrando assim, o caráter Mediante os discursos, observou-se uma natura-
complexo e multifacetado da sexualidade. Esse cará- lização da sexualidade, percebida como algo presente
ter do fenômeno estudado corrobora com os estudos e necessário para a vida do indivíduo, independente-
de Gabriel et al. (2010), bem como de Moura, Leite e mente da fase do desenvolvimento. Os idosos repre-
Hildebrandt (2008) que identificaram que os idosos sentaram a sexualidade como algo inerente à vida do
possuem clareza e entendimento sobre a temática, ser humano, que está presente em nossas vidas desde
compreendendo-a em seu sentido amplo, significan- o nascimento até a morte, ressaltando ser possível ter
do bem mais que a simples relação sexual. uma vida sexual ativa e saudável na velhice.
Embora compreendam que a sexualidade abran- Ressalta a importância da aceitação do envelhe-
ge diversos fatores, os participantes representaram- cimento e de suas consequências, fortalecendo assim
na principalmente, através da relação sexual, subca- a autoestima do idoso. De acordo com Urquiza et al.
tegoria esta que foi responsável pela maior incidência (2008), ocorre com frequência a autopercepção ne-
de respostas referentes aos elementos constituintes gativa do corpo por parte dos idosos, onde a pessoa
da sexualidade. Observa-se, portanto, que os parti- idosa deixa de ver a si mesma como atraente, acredi-
cipantes entendem a sexualidade como sinônimo tando que seu corpo está fora dos padrões de beleza
do ato sexual, corroborando o estudo de Frugoli e estipulados pela sociedade.
Maganhães-Junior (2011). As relações sexuais são De acordo com Martins (2012), em nossa so-
uma realidade cotidiana para os idosos, envolvendo ciedade, caracterizada como urbana e capitalista,
sentimentos e emoções, que, por sua vez, lhes pro- observa-se uma supervalorização da juventude, tra-
porcionam satisfação física e mental. Embora durante duzida numa preocupação excessiva com a aparência
muito tempo a sexualidade tenha sido compreendi- e o culto ao corpo esbelto, saudável e jovial. Tenta-se,
da como algo exclusivamente ligado à reprodução, através de diversos meios, adiar o envelhecimento,
sabe-se que, atualmente, a relação sexual deixou de por se temerem a finitude e as repercussões sociais.
ser uma mera necessidade biológica de perpetuação Nesse mesmo direcionamento, Silva, Marques e
da espécie, para se tornar, também, uma necessidade Fonseca (2009) ressaltam que a sociedade ocidental mo-
derna está baseada no capital, na produção e no con- a vivência plena da vida sexual. Nesses casos, conforme
sumo, para a qual a juventude é um valor central. Con- ressalta Silva (2003), o ato sexual deixa de ser a principal
sequentemente, o lugar social destinado ao velho tem fonte de prazer e o erotismo apresenta-se mais difuso,
valor negativo, onde o corpo dos idosos é quase inva- passando a manifestar-se por formas de estimulação
riavelmente associado à doença, invalidez, decrepitude e zonas erógenas diferenciadas. O importante é que o
e proximidade da morte. Envelhecer passa a ser o ficar casal esteja disposto a desfrutar de alternativas para vi-
cada vez mais distante do ideal da perfeição do corpo, já venciar de forma prazerosa sua sexualidade.
que a beleza e a juventude são associadas à saúde. Cada idoso é único e singular, portanto vai viven-
É fundamental ter um bom relacionamento con- ciar diferentemente sua sexualidade, assim como qual-
sigo mesmo desde a juventude, pois a imagem que o quer ser humano, em qualquer fase da vida. As vivên-
idoso tem de si próprio se inspira naquilo que soube cias sexuais oferecem uma oportunidade de expressar
desenvolver e realizar no conjunto de suas experiên- sentimentos, fornecendo provas afirmativas de que se
cias anteriores: familiares, profissionais, culturais, pode contar com o corpo e seu funcionamento, trazen-
sociais, sentimentais e artísticas (Capodieci, 2000). do a emoção e a alegria de estar vivo (Pires, 2006)
Dessa forma, entende-se que um fator extremamente As representações sociais apreendidas tam-
relevante para um bom aproveitamento das vivências bém revelam objetivações sobre a falta de neces-
sexuais consiste na autoestima do idoso, pois é ne- sidade do sexo para os idosos. Observa-se que tais
cessário que, em primeiro lugar, ele se ame e se aceite respostas coadunam-se com o estudo de Frugoli e
como realmente é. Maganhães-Junior (2011), onde se verificou, princi-
Outro importante eixo temático que emergiu do palmente, nos discursos das mulheres idosas, reflexos
discurso dos participantes aborda as Mudanças advin- de uma educação repressora recebida no passado,
das do envelhecimento, que variaram de positivas a ne- que fez com que elas não usufruíssem de sua sexuali-
gativas, e ainda foram registradas objetivações que as- dade nesse momento da vida.
sinalaram a inexistência de mudanças na sexualidade É necessário considerar que a maioria dos idosos
comparadas às fases da juventude, maturidade e velhice. recebeu, em sua criação proveniente de outra gera-
Estudos de Amaral et al. (2011) apontaram que na ção, informações diferenciadas acerca da sexualida-
velhice há uma diminuição de práticas sexuais, devi- de. Essas informações caracterizavam a sexualidade
do às limitações em razão das alterações fisiológicas como algo exclusivamente relacionado à procriação.
e, por vezes, patológicas, que dificultam um relacio- Aspectos religiosos também contribuíram para essa
namento mais íntimo, corroborando com os dados visão limitada da sexualidade, relacionando as vivên-
colhidos. Todavia, alguns idosos relataram que a fase cias sexuais a algo pecaminoso (Vieira, 2012).
do envelhecimento tem sido de grande descoberta Especialmente em relação às mulheres, Corrales,
na vida sexual e amorosa. Resultados semelhantes Rodriguez, Miranda e Inclán (2010) afirmam que,
foram encontrados por Gradim, Sousa e Lobo (2007) muitas vezes, elas acreditam erroneamente que, com
que constataram que a sexualidade não se estagna o término de sua função reprodutiva, encerram-se
com o envelhecimento e que, embora existam alguns também as suas funções sexuais. Entretanto, os auto-
idosos que não mais possuem vida sexual ativa, exis- res ressaltam que tal fato se deve apenas aos aspec-
tem outras formas de se expressar a sexualidade como tos sociais e culturais e que não há causas fisiológicas
carícias e trocas de afeto comumente utilizadas pela para essa estagnação.
população idosa. Por fim, o último eixo temático advindo da aná-
O terceiro eixo temático identificado na fala dos lise dos discursos dos idosos, foi denominado de Per-
idosos, Importância das vivências sexuais, revela que a cepção da sociedade, que retrata as representações da
sexualidade e a possibilidade de vivenciá-la de forma sociedade em geral acerca da sexualidade do idoso
saudável e prazerosa são extremamente possíveis e sob a ótica dos participantes. A esse respeito, Pires
positivas durante a velhice, de acordo, portanto, com (2006) ressalta que a maioria das pessoas tem uma
os achados de Frugoli e Maganhães-Junior (2011). Não imagem pré-formada a respeito da velhice, sendo um
obstante este entendimento, em alguns casos, devido dos estereótipos mais conhecidos o da figura “asse-
a algumas limitações físicas, os idosos entrevistados xuada, despojada de sensualidade e utilidade” (p. 2).
acreditam que seja necessária alguma adaptação para Para Dantas, Silva e Loures (2002), existe uma dificul-
dade de compreensão da atividade sexual como uma Durante muito tempo, a velhice foi vista apenas
função fisiológica, que vai muito além do ato sexual como um período de declínio e perdas, contribuindo
em si. A sexualidade abrange outros aspectos da vida para a existência de estereótipos e preconceitos em
do indivíduo como o afeto, o carinho, o desejo, as fan- relação a pessoa idosa. Compreender o processo de
tasias, o companheirismo, sendo muito importante envelhecimento considerando apenas os seus aspec-
para a qualidade de vida da pessoa idosa. tos negativos impossibilita a percepção de fatores im-
Conforme ressaltam Santos e Carlos (2003), res- portantes que são vivenciados apenas nessa etapa do
gatar o direito a uma vida sexual na velhice implica desenvolvimento, como a experiência, objetivada por
poder pensar o amor em suas formas de transforma- uma visão mais ampla e global da existência humana.
ção libidinal. Significa compreendê-lo em um sentido Os resultados dessa pesquisa apontaram que a
amplo, que passa pela ternura, pelos contatos físicos sexualidade é um elemento essencial para uma boa
que erogenizam o corpo, como o olhar, o toque, a voz, qualidade de vida na velhice, sendo de fundamental
redescobrindo as primeiras formas de amor do ser hu- importância a compreensão da forma como os idosos
mano. Segundo Mucida (2006), o modo de expressar o a percebem e vivenciam. Permitiram também a com-
desejo e a sexualidade modifica-se com o tempo, pois preensão dos pensamentos, sentimentos e percepções
os investimentos e valores também mudam. Dessa dos idosos, bem como suas crenças, valores e atitudes.
forma, não é a velhice que determina a ausência do Observou-se a elaboração de um campo semânti-
desejo ou a diminuição das relações sexuais, mas é a co em torno da sexualidade constituído por uma mul-
própria complexidade do desejo que impõe novas co- tiplicidade de elementos, como o carinho, a cumplici-
res para tecer a sexualidade na velhice. dade, a intimidade, o ato sexual, dentre outros. Desta
A sexualidade, vivida com paixão e intensidade forma, infere-se que os idosos não compreendem a
durante a juventude, não tem porque não ser vivida sexualidade como algo limitado, e sim como um pro-
da mesma maneira quando nos tornamos idosos, cesso complexo do qual fazem parte outras emoções
pois, como referem Vazquez, Cabrera e Avich (2008), e comportamentos que não se reduzem apenas às re-
ela é muito mais do que sexo, corresponde a uma fun- lações sexuais. Nesse sentido, os idosos extrapolaram
ção humana de dimensão psicossocial, que não regi- o significado meramente fisiológico da sexualidade,
da, exclusivamente, por instinto. Embora se apresente compreendendo-a em seu sentido macro.
de forma diferenciada em cada etapa da vida, a sexu- De maneira geral, os atores sociais demonstraram
alidade tem comportamento vitalício e desenvolturas entendimento acerca da sexualidade, bem como acei-
evolutivas que vão desde o nascimento até a morte, o tação das práticas sexuais na velhice, embora alguns
que evidencia o desejo sexual, que permanece intac- tenham ressaltado a percepção negativa da sociedade
to, e a persistência da vontade de intimidade e afetivi- quanto a essa realidade. Foram apontadas mudanças
dade, tão reprimida na velhice (Sousa, 2008). tanto positivas quanto negativas decorrentes do pro-
Segundo Wallace (2003), a sexualidade vai além da cesso de envelhecimento, bem como destacada a im-
relação sexual, ela se caracteriza como algo não apenas portância dos idosos vivenciarem sua sexualidade de
possível, mas necessário. Para alguns idosos, isso sig- maneira saudável e prazerosa. As representações dos
nifica ter relações sexuais. Para outros, a sexualidade idosos acerca da sexualidade foram permeadas de co-
pode incluir conversa íntima e proximidade ou outros nhecimentos oriundos do senso comum, interligados
métodos de realização sexual a critério do casal. com experiências de vida dos mesmos.
A sexualidade do idoso é uma temática ainda
Conclusão carente de pesquisas, haja vista que a maioria dos
O envelhecimento populacional representa um estudos existentes se detém aos aspectos fisiológicos
fenômeno mundial que vem demandando desafios negativos, como as disfunções sexuais, por exemplo.
constantes aos profissionais de diversas áreas do co- Estudos capazes de apreender os aspectos subjetivos
nhecimento científico. Os indicadores, sejam de or- das vivências sexuais na velhice são de suma impor-
dem biológica, psicológica ou social, apontam para a tância, pois possibilitam a compreensão dos senti-
necessidade de redefinição de conceitos e valores, no mentos e emoções existentes na vida cotidiana dos
sentido de garantir um envelhecimento ativo e social- idosos, que acabam por direcionar os comportamen-
mente inserido. tos dessa população.
Espera-se que este estudo possa promover refle- sexualidade, sob a ótica da Teoria das Representações
xões e auxiliar nas mudanças de atitudes de familiares, Sociais, possibilita uma complementaridade entre o
cuidadores, profissionais da saúde, enfim, de toda a so- saber científico e o senso comum. Ressalta-se, por fim,
ciedade no que diz respeito à sexualidade dos idosos, que continuar exercendo as atividades sexuais na ve-
desmistificando tabus e contribuindo para diminuição lhice é um desejo pessoal de cada um e, se desejado, é
do preconceito. Acredita-se, também, que a compre- um exercício prazeroso e saudável, capaz de promover
ensão da forma como os idosos veem e lidam com a benefícios à qualidade de vida da pessoa idosa.
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Wallace, M. (2003). Sexuality and aging in long-term Endereço para envio de correspondência:
care. Annals of Long-term Care, 11(2), 53-59. Rua Comerciante José Miranda de Araújo, 130
apto. 1001. Jardim Oceania. CEP: 58037-428.
João Pessoa – PB. Brasil.
Como citar: Vieira, K.F.L., Coutinho, M. P. L., & Saraiva, E. R. A. (2015). A sexualidade na velhice: representações
sociais de idosos frequentadores de um grupo de convivência. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(1):196-209.
doi:101590/1982-3703002392013
How to cite: Vieira, K.F.L., Coutinho, M. P. L., & Saraiva, E. R. A. (2015). Sexuality in old age: Social representations
of elderly patrons of a social group. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(1):196-209. doi:101590/1982-3703002392013
Cómo citar: Vieira, K.F.L., Coutinho, M. P. L., & Saraiva, E. R. A. (2015). Sexualidad en la vejez: representaciones
sociales de los frecuentadores de un grupo de convivencia. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(1):196-209.
doi:101590/1982-3703002392013