Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
A introdução está dividida em três partes: contextualização, tese e argumentos.
A contextualização é onde se apresenta o tema ao leitor. É possível começar definindo os
conceitos principais, fazendo um percurso histórico, fazendo alusão a algum acontecimento
recente. Há várias formas de se começar a redação, como quando queremos começar um
diálogo.
Depois, vem a tese, que é um recorte da realidade, uma forma de observar o fenômeno. Ela
pode ser constituída de duas relações: causa e consequência, é a dupla mais comum.
Note como a autora conseguiu destacar, brevemente, alguns momentos históricos para, em
seguida, mostrar como o problema ainda está presente na nossa sociedade e lançar a
sua tese (de que as raízes do machismo, a insuficiência das leis e a lenta mudança de
mentalidade fazem com que o problema persista e precise ser enfrentado).
Veja mais um exemplo de introdução por alusão histórica para o tema “Caminhos para
combater a intolerância religiosa no Brasil”:
“A intolerância religiosa é um problema recorrente na história da humanidade. Na Idade
Média, por exemplo, os Tribunais do Santo Ofício – também chamados de Inquisição –
julgavam e condenavam as pessoas que não acreditavam na religião católica. Apesar de
o Brasil ser um país laico, tem-se, atualmente, um contexto análogo a essa situação: ainda
persistem os casos de discriminação e preconceitos sofridos por algumas religiões. Sendo
assim, encontrar caminhos para combater a intolerância religiosa, no Brasil, é um desafio que
precisa ser enfrentado pela sociedade civil e pelo Estado.”
2- Narração não-ficcional
Sabe quando você lê a proposta da redação e pensa logo em um caso famoso que tem a ver
com aquele assunto? Pois é. Narrar esse caso pode ser uma boa opção para a introdução.
Você pode trazer uma notícia que leu nos jornais, um episódio da política ou até uma
descoberta da Ciência. É importante garantir que a história seja verificável, pois o
corretor precisa saber que o fato aconteceu ou, ao menos, encontrar facilmente na
internet. Portanto, evite situações que aconteceram no seu bairro ou na sua família.
Ao fazer uma narração não-ficcional, você também mostrará o seu repertório de
atualidades e ganhará pontos nesse item. O exemplo é de uma redação sobre a intolerância
religiosa:
Em 2014, no Guarujá, litoral paulista, uma mulher foi amarrada, espancada e morta na rua
por dezenas de pessoas que, após lerem boatos na internet, a acusavam de utilizar crianças
em rituais de magia negra. Essa história, assim como inúmeras outras semelhantes, são
resultado da persistência da intolerância religiosa na sociedade brasileira.
Nesse caso, a autora trouxe uma notícia de bastante repercussão para mostrar que a
intolerância religiosa persiste no país.
3- Narração ficcional
Aqui o seu repertório da Netflix pode entrar em ação!
Escolha uma situação de um livro, filme ou série que esteja relacionada ao tema
apresentado na proposta e, a partir daí, mostre como a vida imita a arte e vice-versa . Ou
seja, você precisa trazer a situação ficcional para a realidade. Veja como a autora faz isso na
introdução abaixo (selecionada de uma redação que aborda o tema do sistema prisional
brasileiro):
Veja como o trecho “Já na realidade brasileira” serve para conectar a parte ficcional à
parte sobre realidade brasileira. Esse ponto é importante, pois a proposta da redação trata
da realidade brasileira e você não pode fugir do tema. É preciso deixar bem clara a relação
entre o ficcional e o real.
Para garantir coerência à sua redação, é interessante resgatar, lá na conclusão, alguma
referência à ficção mencionada na introdução.
Veja abaixo a conclusão da mesma redação:
Para que a lei seja cumprida e a qualidade dos serviços básicos seja garantida como na
ficção da Netflix, é preciso que a sociedade e o Estado brasileiro passem a entender o sistema
prisional como uma instituição voltada para a recuperação dos indivíduos que ali cumprem
pena. Só com essa visão será possível promover mudanças capazes de impactar a vida das
pessoas.
4- Citação
Uma das formas mais conhecidas (e talvez a mais clichê) de fazer a introdução é utilizando
uma citação. Por isso, muito cuidado!
Tente fugir das frases mais conhecidas e garanta que a citação escolhida tenha relação
direta com o tema proposto. É importante que a ideia da citação esteja alinhada ao raciocínio
que você vai desenvolver e à tese que você vai defender.
Uma boa citação não é, necessariamente, a frase de um filósofo. Pode ser a fala de um
político, de um artista ou até um trecho de música. Veja a introdução abaixo, retirada de
uma redação tema foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet”
Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto,
com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas
de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos
culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os
hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de
usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de
enfrentamento.”
Veja outro exemplo com a frase de um filósofo sobre o tema “Desafios da educação no
Brasil do século XXI”:
“O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire afirmava que “se a educação sozinha não
transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Analisando o pensamento
e relacionando-o à realidade da educação no Brasil, percebe-se a necessidade de um olhar
mais atento para o aprimoramento do sistema de ensino, considerando sua importância para a
promoção de uma sociedade mais crítica e reflexiva, que, consequentemente, tende a ser mais
justa, igualitária e humanizada.”
Começar o texto com uma citação também é uma forma de mostrar repertório. Mais do que
isso: se usar a frase de alguém bastante reconhecido, você terá o que chamamos de
“argumento de autoridade”. Ou seja, você não está sozinho afirmando determinada coisa;
alguém reconhecido concorda com você.
Mas tome cuidado para que a citação não seja muito longa, ofuscando o seu próprio texto.
Afinal, os corretores também valorizam o que chamamos de “autonomia”, que é a
capacidade de mostrar ideias próprias.
Ah! Um detalhe: ao fazer a citação, você pode utilizar o discurso direto (quando você
escreve a frase exata, entre aspas, ou o discurso indireto (quando você escreve com as
suas palavras e não usa aspas). Se você não se lembrar da frase exata, cite de forma
indireta, mas nunca se esqueça de indicar o autor.
5- Comparação
A comparação pode ser com outro país, época ou civilização. Ou seja, vamos recorrer mais
uma vez às aulas de História e Geografia! Você pode, por exemplo, mostrar como o Brasil
poderia se inspirar no modelo de outro país para caminhar com alguma questão
aqui. Mas vamos tomar alguns cuidados:
- Primeiro, lembre-se que o que funciona em outro lugar pode não funcionar aqui, pois há
características sociais distintas;
- Além disso, cuidado com a síndrome do vira-lata. Certo país pode ter encontrado uma
forma interessante de lidar com um problema, mas isso não significa que tal país é mais
adiantado” do que nós. Vamos abandonar a concepção de países desenvolvidos e
subdesenvolvidos para passar a falar de ideias, experiências, propostas.
- Outro ponto importante: respeite a Constituição Brasileira e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Uma comparação com povos da antiguidade que lidavam de forma
diferente com a justiça (que permitiam a justiça com as próprias mãos, por exemplo) pode ser
descabida e tirar pontos da sua redação.
Vamos ao exemplo (desta vez sobre o tema da economia):
Enquanto países como Israel, Finlândia, Suécia e Japão investem entre 3 e 4 por cento
do PIB em pesquisa e desenvolvimento, esse número no Brasil é de 1,3 por cento. Não à
toa, enquanto esses países exportam tecnologia e produtos de alto valor agregado, o Brasil
continua em sua posição de exportador de commodities.
Perceba como a autora trouxe dados para embasar a sua comparação. Isso torna a análise
mais concreta, isenta de preconceitos ou visões pessoais.
Veja outro exemplo que trouxe como tema “O histórico desafio de valorizar o professor”:
“Os Estados Unidos, referência em desenvolvimento tecnológico, são um bom exemplo
de que a educação de qualidade e com a valorização adequada gera bons frutos. Em
contrapartida, no Brasil a realidade tem sido bem distinta. O baixo piso salarial dos
professores explicita essa falta de reconhecimento aos profissionais da educação. Tal
desvalorização é fruto de baixos investimentos governamentais, aliado ao passado histórico
brasileiro.”
6- Contextualização
É uma das formas mais comuns de fazer a introdução, mas nem por isso é uma forma
ruim. Dê um panorama sobre a temática no Brasil atual, mostre que o problema é
importante e que ele precisa ser enfrentado.
Procure trazer dados estatísticos ou informações de fontes confiáveis que possam
enriquecer a sua contextualização. Você pode usar, inclusive, os dados apresentados
pela proposta de redação. Claro, você não deve simplesmente copiá-los, mas sim usá-los de
forma que faça sentido para o texto que você vai construir. Veja um exemplo, novamente sobre
o tema da violência contra a mulher:
Os índices de violência contra a mulher na sociedade brasileira são estarrecedores.
Segundo o Mapa da Violência, mais de 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil só
na última década. Os dados revelam não só os níveis de violência em si, mas também o
quanto existe de preconceito, segregação e machismo no Brasil.
Nesse caso, o autor usou adequadamente um dado que estava na proposta de
redação do Enem. Se você se lembrar de outros dados que sejam relevantes para o tema,
você ganha ainda mais pontos no quesito repertório.
7- Exemplificação
Neste caso, você inicia o texto com algum exemplo de dado estatístico, uma notícia ou lei,
por exemplo. Você pode também utilizar algum conhecimento de mundo que diz respeito ao
tema.
Veja o exemplo:
“Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 196, é dever do Estado garantir
o acesso à saúde, bem como é responsável pelas medidas públicas para zelar pelo bem-
estar físico de todos os cidadãos brasileiros. Assim, faz-se necessário que o Poder Público
atente-se para o sedentarismo enquanto situação que põe em risco a saúde de milhares de
cidadãos do país.”
8- Questionamento (Pergunta)
Já reparou que muitos youtubers começam os seus vídeos fazendo perguntas e
especulações sobre um tema? A intenção é despertar a curiosidade e fazer com que o público
veja o vídeo até o final.
A ideia aqui é parecida: levantar questões que gerem discussão e interesse sobre o
tema que será desenvolvido na redação.
Mas você precisa tomar muito cuidado com uma coisa. Qual seria a sua reação se o
youtuber fizer várias perguntas no início do vídeo e depois ficar 20 minutos enrolando,
sem responder tudo o que foi questionado? Provavelmente ele vai ganhar um deslike.
Pois é, para não ganhar um deslike do corretor, você precisará responder, ao longo do
texto, todas as perguntas que fizer no início da sua redação! Portanto, procure focar em
problemas mais específicos, não seja muito amplo ao fazer o questionamento. Veja um
exemplo de introdução desse tipo:
Será que o Brasil está caminhando para melhorar a qualidade de vida de sua
população? Dados da Receita Federal mostram que apenas 1% da população concentra 30%
de toda a riqueza declarada em bens e ativos financeiros no país, o que mostra que ainda há
uma grande desigualdade social, mesmo que tenham sido implantados, nas últimas décadas,
uma série de programas assistenciais e de geração de renda. É evidente, portanto, que o país
ainda tem um longo caminho a percorrer.
Aqui o autor optou por trazer apenas um questionamento e, na sequência, fazer uma
contextualização com dados que corroboram a sua tese. É um bom caminho. Mas, se você
preferir, também pode construir uma introdução com mais questionamentos. Nesse caso,
deixe para apresentar os dados nos parágrafos argumentativos.
9- Conceituação
Uma introdução com conceituação é aquela em que o estudante explica um conceito que
seja central para o tema proposto. Nesse caso, além de apresentar o conceito, procure
mostrar porque ele é importante para o tema que será abordado. Veja este exemplo em
que a aluna explica o conceito de isonomia:
Isonomia é a noção, em lei, de que todos são iguais. Ruy Barbosa, uma vez, definiu o
conceito da seguinte forma: "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
medida de suas desigualdades". As leis, portanto, devem seguir essa diretriz e ser aplicadas
de acordo com as transgressões. Mas será possível aos desiguais se tornarem iguais?
Nesta redação, cujo tema é a desigualdade social, temos uma junção de conceituação com
citação e questionamento.
2. Desenvolvimento
Ao escrever o desenvolvimento de seu parágrafo faça com que ele seja completo e coerente,
isto é, cada frase deve se referir direta ou indiretamente (direta) ao tópico frasal. Nesse
sentido, classificamos as frases do desenvolvimento em dois tópicos: frase principal da
explanação e frase secundária de explanação. A frase principal tem apenas uma tarefa:
desenvolver diretamente o tópico do parágrafo, indicando algo novo ou diferente sobre ele. A
frase secundária tem duas tarefas desenvolver o tópico frasal e aprofundar a argumentação.
No parágrafo, deve-se desenvolver diretamente a frase principal e indiretamente o tópico
frasal, ao ajudar a frase principal a torná-lo mais compreensível. Portanto, a frase secundária
deve estar intimamente relacionada tanto à frase principal quanto ao tópico frasal.
O tópico frasal é a ideia resumida do assunto que será abordado. Dessa forma, ele é a
primeira frase que aparecerá no parágrafo, não devendo ser extensa e devendo conter
somente uma ideia central. Dessa forma, a frase indicará ao leitor qual o assunto a ser
desenvolvido, deixando o texto mais organizado e facilitando no encadeamento de ideias.
Para produzir o tópico frasal, o autor deve: atentar-se ao projeto de texto, sintetizar o
assunto de maneira clara e objetiva.
Tópico frasal (em um período) é a primeira frase que aparecerá no parágrafo, ele é o
argumento ampliado) + desenvolvimento (em dois períodos), é a argumentação, o
aprofundamento da ideia) + conclusão (em um período), é o fechamento da ideia.
Ex.:
Desenvolvimento do 1º parágrafo:
Primeiramente,(1) é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de
maneira, cada vez mais, precoce. (2)Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de
2001, apenas 35% dos entrevistados, que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos,
nunca haviam utilizado a internet. (3) Isso acontece porque desde cedo a criança tem contato
com aparelhos tecnológicos que necessitam da disponibilidade de uma rede de navegação,
que memoriza cada passo que esse jovem indivíduo dá para traçar um perfil de interesse dele
e, assim, fornecer assuntos e produtos que tendem a agradar ao usuário.(4) Dessa forma, o
uso da internet torna-se uma imposição viciosa para relações sócio-econômicas.
Desenvolvimento 2º parágrafo
Em segundo lugar, ,(1) o ser humano perde sua capacidade de escolha. (2) Conforme o
conceito de “Mortificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o que
ocorre na internet que induz o indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal preceito afirma
que, por influência de fatores coercitivos, o cidadão perde seu pensamento individual e junta-
se a uma massa coletiva. (3) Dentro do contexto da internet, o usuário, sem perceber, é
induzido a entrar em determinados sites devido a um “bombardeio” de propagandas que
aparece em seu dispositivo conectado. Evidencia-se, (4) portanto, uma falsa liberdade de
escolha quanto ao que fazer no mundo virtual.
Veja alguns exemplos de uso do tópico frasal em redações que foram nota 1000 no Enem:
Neste primeiro exemplo, podemos visualizar o tópico frasal destacado. O autor do texto antes
de começar a desenvolver seus argumentos anuncia a ideia a ser desenvolvida. Deixando mais
claro para o leitor e mais estruturado e organizado para o autor.
Já neste exemplo, podemos observar que segue a mesma lógica, a autora introduz o
assunto do parágrafo e deixa explícito a ideia a ser desenvolvida e argumentada. Sabemos já
de início do que se trata o parágrafo.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo
pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas
identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação,
o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros.
Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos
culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e
tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.
O mesmo ocorre no exemplo 3, em que a autora sintetiza sua ideia antes de começar a
argumentá-la. Deixando o parágrafo mais fluído, facilitando a interpretação e a linha de
raciocínio do leitor.
2.2 Tipos de tópicos frasais - Formas de desenvolver o parágrafo
- Declaração inicial
A declaração inicial faz realizar uma declaração forte logo no início do parágrafo.
Assim, no decorrer do texto, o autor pode argumentar e surpreender o leitor, pois apresenta a
ideia inicial e, nas etapas seguintes, desenvolve os argumentos a favor dela. O tópico
frasal pode trazer a ideia de afirmação ou negação, que vai ser justificada com exemplos,
analogias, confrontos, razões ou restrições.
- Definição
Sinônimos / adequados / ....é.... (Não use quando e onde na definição.)
O método mais simples de definir é apresentar sinônimos. Nesse caso, uma palavra que
possa apresentar dificuldade de compreensão é explicada com auxílio de outras palavras mais
simples e que tenham um significado semelhante.
Quando inicia o parágrafo, o autor também pode apresentar uma palavra que esteja dentro
do contexto do assunto que será discutido. Na sequência, vem a explicação lógica e ampla do
significado dessa palavra nos períodos seguintes.
A “pena de morte”, nesse tópico frasal, é definida como “o grito lancinante de uma
sociedade sem fé e esperança”.
Outro exemplo:
A palavra intolerância tem o sentido de falta de habilidade ou vontade de reconhecer as
diferenças como válidas, mas sua aplicação mais comum tem acontecido com o significado
de rejeição, separação, diferenciação, preconceito.
- Contraste ou comparação
O autor apresenta ideias opostas ou faz a comparação entre elementos considerados
relevantes para o texto. Quando essa comparação é bem-feita, o contraste pode demonstrar
criatividade, informação e poder crítico.
“De um lado estão os professores: mal remunerados, sem estímulo e abandonados pelo
poder público. Do outro, gastos exacerbados com computadores e inovação. Esse é o
paradoxo da educação brasileira“.
O contraste fica claro no primeiro período quando temos a expressão “de um lado”, enquanto
o segundo período inicia com “de outro”.
Ex. 2
“ Num oposto, alunos desinteressados, desmotivados, no outro oposto, professores
cansados, esgotados, sem força para mais nada. Esse é o retrato de grande parte das
relações educacionais atuais.”
- Divisão
A divisão em um tópico frasal acontece quando existe o objetivo de separar as ideias e
elementos em um parágrafo. É um jeito fácil e didático para elencar as ideias usadas para a
discussão de um tema.
Observe a construção de um tópico frasal utilizando a divisão sobre o tema “educação”:
- Alusão histórica
Quando realiza uma alusão histórica, o autor procura relacionar o tema de que vai falar com
os fatos históricos, lendas, tradições, crendices ou experiências do passado. É uma forma bem
eficaz para atrair o leitor e deixá-lo entretido com o texto.
Confira a construção de um modelo de tópico frasal utilizando alusão histórica sobre o
tema “globalização”:
“Depois da derrubada do muro de Berlim, teve fim o antagonismo leste-oeste. O
mundo, então, parece ter aberto as portas para a globalização em definitivo, com uma
economia em acelerada rota de competição“.
Veja que o autor traz no seu tópico frasal um fato histórico sobre a queda do muro de
Berlim e suas consequências na globalização.
Ex. 2
Após o 11 de setembro, não só os Estados Unidos, mas o mundo ficou sob alerta diante de
tão grande ato de violência contra a humanidade.
- Interrogação
O parágrafo pode ser iniciado com uma pergunta que vai despertar o interesse e a reflexão
do leitor em relação ao tema a ser discutido ao logo do texto. Essa pergunta tem que ser
respondida nos períodos seguintes.
Quer conhecer a construção de um tópico frasal utilizando a interrogação? Olhe este,
sobre o tema “saúde”:
“Aumentar a carga de impostos vai, de fato, melhorar a saúde no Brasil? O
contribuinte desacreditou do sistema, pois tira cada vez mais dinheiro do bolso e não vê
retorno nas áreas administradas pelo Estado. Por isso, o povo se sente lesado.
Veja que o autor inicia o tópico frasal com a pergunta “Aumentar a carga de impostos vai, de
fato, melhorar a saúde no Brasil?” e, logo em seguida, ele também passa a resposta.
Ex. 2
“As medidas tomadas pela reforma da Previdência vão de fato ajudar o Brasil? Índices
econômicos apontam que sim, mas há muitas evidências que demonstram que a solução pode
não ser efetiva.”
- Argumento de Autoridade
Argumento de autoridade baseia-se na citação de alguém que é conhecedor de determinado
assunto, especialista na matéria avençada, resumindo: autoridade reconhecidamente
sabedora, detentora de conhecimento que possa corroborar o tópico frasal. Esse tipo de
estratégia argumentativa, se usada adequadamente, dificilmente se consegue refutá-la.
Normalmente, o argumento de autoridade materializa-se no texto pelas citações, direta ou
indireta. Na citação direta deve-se reproduzir, na íntegra, as palavras do citado.
Leia alguns exemplos de redações nota 1000 que usaram esses recursos argumentativos:
“O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá
porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às
mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-
se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função
social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de
construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as
mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do
patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos
traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada”. (Citação direta -
Amanda Carvalho Maia Castro – Enem 2015)
“Em primeiro plano, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo
excludente imposto pelos grupos dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos
requisitos estabelecidos, branco e abastado, sofre uma periferização social. Assim, ao
analisar a sociedade pela visão de Lévi-Strauss, nota-se que tal deficiente não é valorizado de
forma plena, pois as suas necessidades escolares e a sua inclusão social são tidas como uma
obrigação pessoal, sendo que esses deveres, na realidade, são coletivos e estatais. Por
conseguinte, a formação educacional dos surdos é prejudicada pela negligência social, de
modo que as escolas e os profissionais não estão capacitados adequadamente para oferecer o
ensino em Libras e os demais auxílios necessários, devido a sua exclusão, já que não se
enquadra no modelo social imposto”. (Citação indireta - Matheus Rosi – Enem 2017)
3. CONCLUSÃO (Proposta de intervenção)
Essa regra se divide em três partes: uso de conectivo de conclusão, retomada do objetivo e
proposta de intervenção.
1- Conectivo para conclusão
Primeiramente, você deve lembrar que o parágrafo de conclusão sempre deve iniciar com
um conectivo. Você pode usar “portanto” ou “dessa forma”, por exemplo. Abaixo você pode
conferir uma lista de conectivos para iniciar a primeira frase da sua conclusão.
● por isso ● em conclusão ● resumidamente
● assim ● para terminar ● diante disso
● assim sendo ● em síntese ● desse modo
● então ● em resumo ● dessa forma
● logo ● por último ● dessa maneira
● enfim ● em suma ● destarte
● portanto ● por fim ● dessarte
Lembrando que o uso de conectivos sempre ajuda a manter a coesão e a coerência do
seu texto.
2- Retomada do objetivo
Depois de usar o conectivo, você deve retomar os objetivos da sua redação. É importante
que, antes de começar a escrever, você defina o objetivo do seu texto. Além disso,
cada parágrafo de desenvolvimento também deve ter um objetivo.
Portanto, você deve relembrar do objetivo do seu primeiro parágrafo de desenvolvimento e
depois o objetivo do segundo. Caso você tenha escrito três parágrafos de desenvolvimento,
retome o argumento do terceiro também.
3- Proposta de intervenção
Se você já fez o Enem ou já viu uma proposta de redação do exame, deve lembrar que logo
depois do tema é requisitado que o candidato elabore uma proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Esse é um trecho muito importante da proposta de redação e que
não deve ser ignorado. Só a proposta de intervenção já vale 200 pontos da nota da sua
redação.
Os corretores da redação não esperam que durante o tempo de prova você encontre uma
solução para o problema tematizado. Eles somente esperam que você exponha alguma ação
que ajude no enfrentamento do problema. Não precisa ser nada inédito, só precisa ser uma
intervenção bem estruturada.
Mas, como fazer uma proposta de intervenção correta e completa?
Ela precisa ter 5 elementos:
1. Ação (o que?)
2. Agente (quem?)
3. Efeito (para quê?)
4. Modo (como?)
5. Detalhamento (explicação e exemplos)
Portanto, não é suficiente citar uma intervenção de maneira genérica, sem explicar
quem seria o responsável ou de que forma seria colocada em prática.
1- EVOCAR OS AGENTES
A fim de solucionar esse impasse, é necessária a mobilização de certos agentes implicados
em (problema social). Portanto, o (agente) deve (ação), por intermédio de (meio/modo), com
(detalhamento). Como resultado dessa nova perspectiva, (indicar o que se realizaria –
finalidade).
3- REAFIRMAÇÃO DO PROBLEMA
Portanto, (o problema) representa uma ameaça concreta não apenas aos indivíduos
diretamente envolvidos como a todos os cidadãos que, indiretamente, também figuram como
vítimas de seu legado. Nesse sentido, o (agente) deve (ação), por meio de (meio/modo).
Espera-se, com isso, (finalidade).
AGENTE AÇÃO
Governo Implementar, criar fiscalizar leis. Fomentar parcerias com outras
instituições.
Ongs: Criar projetos de apoio à sociedade, organizar ou auxiliar a
mobilização social em relação à problemática do texto
Mídia: Planejar/ executar campanhas educativas/ informativas/
influenciadoras/ que empoderem as vítimas do problema abordado no
texto, etc.
Instituições (religiosas, públicas, privadas etc) Informar seus fieis em relação…,
comunicar seus funcionários sobre, capacitar seus funcionários para
atender…
Escola: Propor debates com seus alunos sobre.., criar projeto pedagógicos
inclusivos que motivem o empoderamento de…, associar-se aos pais
ou à comunidade no sentido de…
Sociedade: Mobilizar-se pacificamente e ir às ruas…, mudar seu comportamento
diante de…, reivindicar seus direitos e fiscalizar as ações do governo
em relação à…
Geralmente os temas do Enem são problemas sociais. Então basta adaptar o modelo e você
terá uma excelente conclusão.
“Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais,
políticas e econômicas é característica da “modernidade líquida” vivida no século XX. (dizer o
problema), reflete essa realidade. (Dizer quem vai resolver, como e o que acontecerá).”
“Sartre, filósofo francês, defendia que o ser humano é livre e responsável; cabe a ele escolher
seu modo de agir. Logo, com o avanço do consumismo, recai sobre o homem o compromisso
de tornar o mundo mais sustentável. No século XXI, a preocupação com (dizer o problema),
reflete essa realidade.” (Dizer quem vai resolver, como e o que acontecerá).”
“Recai sobre o ser humano, portanto, o compromisso de administrar com mais consciência as
mudanças proporcionadas pelo avanço do mundo globalizado, uma vez que (retomar a tese).
Sendo assim, desde que haja a parceria entre governo, comunidade e família, será possível
amenizar (dizer o problema), construindo o progresso sem desconsiderar a ordem. (Explicar
melhor uma possível solução)”
“Platão, filósofo grego, afirmou em seu Mito da Caverna, que o conhecimento na Terra são
sombras, defendendo a importância da busca pela verdade. No século XXI, alguns temas
ainda reforçam essa ideia, como por exemplo, (dizer o tema). (Dizer quem vai resolver,
como e o que acontecerá).”