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MODALIZAÇÃO NA
DISSERTAÇÃO
2023
"
Posso não
concordar com
uma só palavra
sua, mas
defenderei até a
morte o direito de
dizê-la.
Voltaire
Há mais de cem anos, uma lei foi assinada para libertar os negros escravos
no Brasil. Desde então, a realidade da distribuição racial parece manter-se a
mesma no pais: poucas oportunidades de ascensão social e muitas formas de
preconceito. Ao mesmo tempo, exaltamos a miscigenação étnica como uma marca
brasileira diante da intolerância global. Para compreender - e superar - esse
panorama, faz-se necessário analisar os fatores sociais, econômicos e políticos
que sustentam a distribuição racial brasileira.
Há mais de cem anos, em 1888, a Lei Áurea foi assinada para libertar os
negros escravos no Brasil. Desde então, a desigualdade na distribuição racial
mantém-se a mesma no país: poucas oportunidades de ascensão social e muitas
formas de preconceito. Incoerentemente a essa situação, exaltamos a
miscigenação étnica como uma marca brasileira a ser mostrada em um mundo em
que prevalece a intolerância global. Para compreender - e superar - esse
panorama, é fundamental que se rompa com os fatores sociais, econômicos e
8 políticos que sustentam a cruel realidade da população negra no Brasil atual.
Autoria: Modificações feitas pelo Prof. Ademar Nogueira com autorização do aluno.
Uma definição de catraca diz que ela é um instrumento usado para controlar o
movimento de pessoas. Na observação da vida, a catraca pode se mostrar de várias
formas, não como um instrumento físico, mas com o mesmo fim de controlar os
indivíduos. O fato é que colocamos outros nomes e muitas vezes não percebemos
que estamos passando por catracas invisíveis, que controlam todas as ações,
pensamentos e decisões do indivíduo dentro da sociedade.
ANÁLISE DA TESE:
"O fato é que colocamos outros nomes e muitas vezes não percebemos
que estamos passando por catracas invisíveis, que controlam todas as
ações, pensamentos e decisões do indivíduo dentro da sociedade".
Percebam que o candidato ou a candidata (?) inaugurou sua tese já marcando seu
posicionamento com um MODALIZADOR (O fato é...). Isso prepara o leitor para o que
vai ser defendido pelo autor (a tese dele): não percebemos, mas "as catracas
invisíveis controlam nossas ações, pensamentos e decisões". Se pedissem para
resumir o texto, poderíamos dizer que esta seria a frase-resumo. Portanto, pode-se
dizer é há uma tese clara e objetiva.
Uma das referências quando o assunto é democracia é a antiga cidade grega Atenas, onde surgiu
essa forma de governo com a participação popular na política e a valorização da cidadania, a qual,
contudo, era bastante restrita, visto que excluía mulheres, extrangeiros e escravos. Nesse sentido, é
possível observar que o Brasil atual vive uma situação análoga à ateniense, dado que, mesmo sendo uma
democracia – neste caso, indireta -, quase 3 milhões de brasileiros, segundo projeção do IBGE, não
possuem registro civil, não sendo, por isso, reconhecidos como cidadãos. Assim, torna-se imprescindível
discutir essa situação, pois ela repete erros antigos ao privar grupos sociais da participação democrática
8 e se perpetua por conta da morosidade do Estado que afeta direitos constitucionais.
"Assim, torna-se imprescindível discutir essa situação, pois ela repete erros
antigos ao privar grupos sociais da participação democrática e se perpetua por
conta da morosidade do Estado que afeta direitos constitucionais".
A participante Luiza Mamede marca o início de sua tese com a modalização "torna-
se imprescindível discutir essa situação". Logo em seguida, ela anuncia, a partir da
conjunção "pois", que irá abordar a causa e, com a expressão "e se perpetua" a
consequência da falta de cidadania ocasionada pelanão existência de registro civil.
Assim, a tese da autora ficou bem delimitada e evidência, de acordo com o que o
Enem deseja, os caminhos argumentativos a serem trilhados nos parágrafos
subsequentes (D1 e D2).
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à
condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis
socioeconomicamente, são invisibilidades enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos
dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de
brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fatos que os invisibiliza. Com base nesse viés,
é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o
principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.
8
"Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse
do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede
que tantas pessoas não se registrem".
A autora Giovanna Dias também inicia sua tese modalizando com "é fundamental
discutir", o que evidencia um posicionamento contundente do texto, apontando para
a discussão da razão de o registro civil ser tão importante para a cidadania e para o
principal obstáculo (entrave) que impede muitos brasileiros en não tirarem a certidão
de nascimento.
1 A curta-metragem “Escravos da Tecnologia “, do cinegrafista Steve Cutts, narra a história de uma sociedade de ratos
2 humanizados, que são alienados pelos aparelhos tecnológicos, pelas mídias sociais e pela internet. Diante desse enredo, é
3 notória a espetacularização da vida dos indivíduos, dado que a conduta de cada um é divulgada nos canais noticiários da rede, o que
4 não respeita o direito de privacidade. Sendo assim, de forma análoga à curta, é inegável a influência da internet nos dias atuais, em
5 destaque na divulgação das notícias, que gera uma grande discordância entre o direitos ao esquecimento e a informação dos fatos
6 noticiados, principalmente no que se refere à vida das pessoas. Por fim, ainda que ter acesso à notícia seja defendido pela Constitui-
7 ção, esse, indubitavelmente, fere o direito à privacidade, como foi representado no pequeno filme de Steve Cutts.
Autoria: Izadora Arantes (Aluno Prof. Ademar Nogueira - 2020) - Nota 9,5 em 10,0 pontos
4. D1 E D2 NÃO SÃO TESE, MAS SIM PARTE DA TESE. E ELES DEVEM FICAR
EVIDENTES NO ENEM
O D1 e o D2, são integrantes de uma tese, evidenciando, mesmo que
implicitamente, um PROJETO DE TEXTO, o caminho escolhido por quem
escreve para defender seu ponto de vista e, consequentemente, CONVENCER o
leitor/avaliador. Assim, a importância do D1 e do D2 na INTRODUÇÃO reside no
fato de orientar tanto quem escreve quanto quem lê para o que se desenvolverá
nos parágrafos de DESENVOLVIMENTO.
É CONVENIENTE QUE D1
PERÍODO (S) PRÓPRIO (S) E O D2 FIQUEM
EVIDENTES NO ENEM
TESE
(ENEM & VESTIBULARES)
MODALIZAÇÃO é o fenômeno pelo qual o sujeito expressa com mais força a sua
OPINIÃO. Por meio dos chamados MODALIZADORES DISCURSIVOS ou
TEXTUAIS é possível perceber as articulações adotadas pelo autor e pela autora
do texto na pretensão de convencer o leitor. Com este artifício, nota-se se o
escrevente acredita naquilo que diz, se suaviza, se limita ou se impõe seu ponto
de vista.
É importante dizer que não existe texto sem MODALIZAÇÃO. O que pode ocorrer
é que se tornar menos ou mais perceptível.
DEÔNTICOS
EPISTÊMICOS AFETIVOS
MODALIZADORES
1 – MODALIZAÇÃO EPISTÊMICA
2 – MODALIZAÇÃO DEÔNTICA
3 – MODALIZAÇÃO AFETIVA
Uma das referências quando o assunto é democracia é a antiga cidade grega Atenas, onde surgiu
essa forma de governo com a participação popular na política e a valorização da cidadania, a qual,
contudo, era bastante restrita, visto que excluía mulheres, extrangeiros e escravos. Nesse sentido, é
possível observar que o Brasil atual vive uma situação análoga à ateniense, dado que, mesmo sendo uma
democracia – neste caso, indireta -, quase 3 milhões de brasileiros, segundo projeção do IBGE, não
possuem registro civil, não sendo, por isso, reconhecidos como cidadãos. Assim, torna-se imprescindível
discutir essa situação, pois ela repete erros antigos ao privar grupos sociais da participação democrática
8 e se perpetua por conta da morosidade do Estado que afeta direitos constitucionais.
9 Sob essa ótica, cabe frisar que a garantia do registro civil a todos os brasileiros é essencial e urgente,
10 porque permite a sua participação na sociedade. Acerca disso, o filósofo grego Aristóteles, segundo o
11 conceito de Zoon Politikon, afirmava que o ser humano é um animal político e que a sua finalidade é a
12 obtenção da felicidade, adquirida ao exercer o que lhe é substancial: pensar e viver e em sociedade.
13 Dessa forma, evidencia-se a problemática de falta de acesso à cidadania no Brasil, uma vez que as
14 pessoas que não são reconhecidas pelo Estado, devido à falta de documentação, são, por conseguinte,
15 privadas da participação política e negligenciadas pela sociedade, impedidas de exercer a sua finalidade e
16 de alcançar a felicidade.
17 Ademais, é válido apontar que essa exclusão política e social vem sendo perpetuada pela lentidão
18 administrativa do Estado. Nesse contexto, relembra-se que o sociólogo Gilberto Dimenstein, em sua obra “O
19 Cidadão de Papel”, afirma que, embora o Brasil possua um sólido aparato legislativo, ele mantém-se restrito
20 ao plano teórico. Dessa maneira, verifica-se a materialização do apontado por Dimenstein no fato de que os
21 direitos previstos na Constituição Cidadã de 1988 não são garantidos a todos os brasileiros na prática, o
22 que ocorre em grande parte devido à burocracia e à morosidade do Estado, que dificultam o registro dessas
23 pessoas. Logo, sem documento, esses cidadãos invisíveis são privados do pleno acesso aos seus direitos
24 constitucionais.
25 Portanto, infere-se que é mister que o Estado1 – cumprindo seu papel de garantir a cidadania a todos os
26 brasileiros e de efetivar a Constituição Federal Det.– combata as razões de sua própria lentidão2, por meio do
27 destino de verbas para a construção de novas zonas de registro e para a contratação de profissionais para
28 esse fim3. Isso deve ser feito a fim de que não mais existam grupos excluídos da participação democrática4,
29 como ocorria em Atenas, e se garantam a cidadania e os direitos, além da plena vivência política, a toda a
30 população do Brasil.
QUESTÃO 01
As palavras classificadas como advérbios agregam noções diversas aos termos a que
se ligam na frase, demarcando posições, relativizando ou reforçando sentidos, por
exemplo.
O advérbio destacado é empregado para relativizar o sentido da palavra a que se refere
em:
QUESTÃO 02
No fragmento acima, o vocábulo "claro" projeta uma opinião do autor do texto sobre o
que vai ser dito em seguida. Outro exemplo em que a palavra ou expressão destacada
cumpre função semelhante é:
A. I, II e III.
B. II e III apenas.
C. I e III apenas.
D. I e II apenas.
Entre os meios de comunicação que padronizam o comportamento de milhões, e são por isso chamados de
massa, o cinema é o mais antigo, entre nós. A imprensa o antecedeu, certamente, mas o problema
cronológico não é o essencial no caso. Exigindo a alfabetização, a imprensa, ainda que exercendo enorme
influência, não teve, particularmente no passado, característica de meio de comunicação de massa. A
antecedência do cinema, assim, parece ser indiscutível. E cinema pode ser apresentado, e deve, sob o
aspecto cultural e sob o aspecto econômico, material. Nos dois, fomos, por longos decênios, aqui,
protagonistas de papel passivo: consumimos influências culturais estranhas, sofremos de sua penetração e
domínio, ao mesmo passo que constituímos mercado consumidor de proporções crescentes para a
produção estrangeira de filmes. [...]
Há que pensar, também, na deformação cultural: há mais de meio século, o cinema norte-americano
trabalha o espírito de massas brasileiras apresentando o seu way of life, isto é, o cowboy, o gangster, a
violência desenfreada, e as suas glórias, os seus mitos, os seus heróis — a sua cultura, em suma. Que isso
tenha sido assim, e continue a ser assim, constitui, por si só, anomalia indiscutível, das mais graves e
profundas a que foi já submetida a cultura, em qualquer época, em qualquer país; mas que, além disso,
essa gigantesca deformação tenha sido financiada pelas próprias vítimas — como se aos condenados
coubesse pagar o serviço dos carrascos — constitui um dos problemas da singular época histórica em
que vivemos. A deformação se apresenta com dimensões tão extraordinárias e com duração tão longa que
chegou ao cúmulo de ganhar foros de naturalidade, como se o contrário é que fosse absurdo.
Por longos e longos decênios, foram familiares aos brasileiros padrões de comportamento inteiramente
diversos dos aqui vigentes, e hábitos, e normas, e regras. Por longos e longos decênios, nossas 19
crianças adoraram heróis estrangeiros, sentiram-se fascinadas por seus feitos, incorporaram impressões
e sentimentos deles derivados à sua cultura. Por longos e longos decênios, as massas brasileiras
aprenderam histórias norte-americanas, cultuando feitos norte-americanos, adotando posições norte-
americanas. E, por tudo isso, há longos e longos decênios, vêm pagando, e pagando caro [...]. Nossos
jovens assimilam padrões culturais de uma civilização em crise, angustiada entre o sexo e a violência.
Esse tem sido o papel de descaracterização cultural que o cinema norte-americano vem desenvolvendo,
há mais de meio século, no Brasil. Não há talvez, em toda a história, exemplo tão gigantesco de alienação
cultural.
Nélson Werneck Sodré. Síntese de História da Cultura
Brasileira. Extraído da 15ª edição, de 1988. p. 79-80; 91-92. Texto adaptado.
QUESTÃO 04 (UECE/2013)
B. indiscutível D. talvez
I. Com o uso do “pode (ser)”, o locutor expressa possibilidade; com o uso do “deve (ser)”, indica
obrigatoriedade.
II. O emprego dessas duas expressões modalizadoras, do modo como aparecem no texto, é um
recurso linguístico para valorizar a segunda: “deve (ser)”.
III. Expressões como a primeira atenuam a responsabilidade do locutor; expressões como a segunda
maximizam a responsabilidade do locutor.
B. I e II.
C. II e III.
D. I e III.
E. apenas II.
“Eu acredito firmemente que os jovens devem ingressar na política, até mesmo como um gesto de
sacrifício pela nação”.
Alain de Botton, em entrevista à Revista Filosofia, nº 36, 2012.
B. O uso do verbo acredito implica numa tomada de posição por parte da revista que publicou a
entrevista.
C. firmemente poderia ser substituído no enunciado por duramente, pois os termos definem
uma mesma postura.
D. até mesmo é um recurso linguístico que introduz um argumento para a defesa do ponto de
vista do autor exposto na primeira parte do enunciado.
B. parece tem a função de modalizar a afirmação imediatamente posterior, para que esta não
assuma valor de verdade inquestionável.
C. restrito denota o mesmo tipo de caracterização que o adjetivo amplos , empregado nesse
período.
E. lusitanos refere-se exclusivamente ao pequeno círculo de sábios a que o texto faz referência.
No plano coletivo, o processo saúde-doença é mais do que a soma das condições orgânicas de
cada indivíduo que integra um grupo ou população. Embora a situação de saúde de uma
comunidade seja geralmente representada por indicadores quantitativos, aspectos e dimensões
qualitativas também podem ser usadas para caracterizá-la. Medidas demográficas e
epidemiológicas, indicadores relativos a óbitos, doenças, serviços de saúde, riscos de adoecer e
morrer e às condições de vida são exemplos de alguns indicadores que podem ser empregados.
Nesse plano, saúde-doença é considerada expressão de um processo social mais amplo
que resulta de uma complexa trama de fatores e relações, representadas por determinantes
mais próximos e mais distantes do fenômeno, conforme o nível de análise: familiar, domiciliar, por
micro área, bairro, município, região, país e continente.
III. Para se evitar a repetição da palavra “indicadores”, poderia ser usado o termo
“índices”, em qualquer dessas três ocorrências.
A. I, apenas.
B. II, apenas.
C. III, apenas.
D. I e II, apenas.
E. I, II e III.
GABARITO
1–A
2–B
3–B
4–C
5–A
6–D
7–B
8–E