Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Com a transição para o século XVI, com o fim da Idade Média e o início da
Modernidade, observa-se uma época de grandes transformações, aliado
ao: - Renascimento: expansão ultramarina;
- Desenvolvimento de novas rotas comerciais;
- Reforma Protestante: individualismo; prosperidade; mérito;
- Mudanças políticas: enfraquecimento dos feudos e formação de uma
economia integrada;
- Política económica centralizada;
- Reforço do espírito científico.
¶ A Escola Clássica
Adam Smith antes de escrever uma das suas obras mais célebres(A riqueza
das nações), realizou uma viagem pela Europa (França), onde teve contacto
com vários autores fisiocratas.
Adam Smith
Filósofo moral, considerado pai da economia moderna e do liberalismo económico.
Teoria dos Sentimentos Morais (1759). Maltez (1991 II, 220-2): “o equilíbrio da
ordem é marcado pelo princípio da simpatia, que ele considerava como aquele
onde o indivíduo só se conhece a si mesmo por intermédio do julgamento que
faz do outro e daquele que o outro faz dele, base do sentido social e da
própria divisão do trabalho e das trocas. Segundo Adam Smith, a simpatia leva
os homens a tentar obter a aprovação de outros homens, residindo aí a
origem das normas objectivas e das regras jurídicas.”
Adam Smith desenvolve a ideai do Espetador Imparcial, que corresponde
à ideia de que temos uma voz interior que nos diz o que está certo e o que
está errado. Isto é relevante porque nas relações humanas e económicas,
haja formas de algo ser considerado moralmente errado, e isto surge
como forma de corretor dos nossos comportamentos.
Para Adam Smith existiram quatro períodos da evolução humana: a caça, a pecuária, a
agricultura e o comércio. E este último é que teria gerado uma sociedade civil ou
comercial, produto de uma espécie de revolução silenciosa que teria ocorrido na
Europa e que minou as anteriores instituições sociais.
Esta ideia de sociedade civil que se vem a desenvolver de forma natural à milhares de
anos, pela interação voluntaria de indivíduos, empresas, consumidores,
comerciantes,etc é uma ideia central do Liberalismo que emana o conceito de Ordem
Espontanea.
Maltez (1991 II, 220-2): “Daí considerar que o Estado não deve intervir na vida
económica, concluindo que «não há dois caracteres que pareçam mais opostos
do que os do comerciante e do governo».
Intervir ≠ Regular
Para Adam Smith o Estado não deve intervir mas sim regular a atividade económica, a
não ser e caso de crise ou catástrofe.
“Em Jurisprudence or Notes from the Lectures on Justice, Police, Revenue and
Arms, lições de 1766, proferidas em Glasgow, atribuía ao Estado quatro
funções: justiça, defesa, receitas públicas (fiscalidade) e polícia, entendendo
por esta última «a regulação das partes inferiores do Governo, isto é, a higiene,
a segurança, o mercado ou a abundância dos géneros». (...).
Maltez (1991 II, 220-2): “Já em An Inquiry into the Nature and Causes of the
Wealth of Nations, de 1776, atribui três deveres ao Estado: o dever de defesa
(«proteger a nação contra a violência e a invasão de outras nações
independentes»), o dever de justiça («proteger tanto quanto possível todos os
membros da nação contra os ataques mesmo legais de todos outros, ou seja,
manter uma legislação imparcial») e um terceiro dever, até então não
referido: «criar e manter certas obras ou estabelecimentos públicos de que
uma sociedade retira imensas vantagens, mas que são, contudo, de tal
natureza que não podem ser construídos ou conservados por um ou vários
particulares, sabendo que, para estes, o lucro nunca lhes reembolsaria as
despesas».”
“Para Smith, o Estado como deve ser é o Estado «trazido pelo curso natural das
coisas», um Estado que apenas tem que se preocupar em estabelecer «paz,
impostos leves e uma administração razoável da justiça», um curso natural
das coisas onde «a difusão geral da riqueza pelas classes mais baixas» é igual
a uma «difusão da liberdade e da felicidade».”
Carla Guapo Costa (2010, 97): Smith “procurou demonstrar que a riqueza das
nações resultava da actuação dos indivíduos que, movidos pelo seu interesse
próprio (self interest), promoviam o crescimento económico e a inovação
tecnológica, com benefícios para toda a sociedade. A ‘mão invisível’ acabava
por gerar o bem-estar social.
“Smith acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca
ou nenhuma intervenção governamental; a competição livre entre os diversos
fornecedores levaria, inevitavelmente, à queda do preço das mercadorias, mas
também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baixar os custos de
produção e vencer os concorrentes. Neste contexto, e como retém a premissa
mercantilista de que o valor do bem era conferido pela quantidade de trabalho
nele incorporada, a divisão do trabalho, na senda da especialização, deveria
constituir uma forma primordial de desenvolvimento económico.”
A Mão invisível
Adam Ferguson: “[as] nações deparam-se com instituições que são de facto o
resultado da acção humana mas não da execução de qualquer plano humano.”
(Friedrich Hayek popularizou esta expressão, ordem espontânea.)
Smith: cada indivíduo esforça-se por aplicar o seu capital e o seu trabalho de
modo que a sua produção tenha o valor máximo. Geralmente, não pretende
promover o interesse público, nem sabe quanto o está a promover. É, assim,
levado a “promover um fim que não era parte da sua intenção” e que, como
Smith assinala, “Nem sempre é pior para a sociedade que esse fim não fosse
parte desta [intenção]. Ao promover o seu próprio interesse ele promove
frequentemente o da sociedade mais eficazmente do que quando pretende
realmente promovê-lo.”