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A nível económico, na antiguidade (Grécia antiga) tinha-se a ideia de que o trabalho era
indigno, porque era praticado por escravos e tirava tempo á política, para alem de ser
uma economia assente numa agricultura de subsistência e no comercio da troca de
excedentes. Com o Império Romano, observam-se algumas mudanças, com uma
economia de troca mais intensa, pela extensão do território romano, associado a um
desenvolvimento e construção de obras publicas que permitiu a dinamização do
comércio.
Em 476 d.C., com a queda do grande Império Romano, a imperalidade romana vai ser
transferida para a Cristandade (Igreja), continuando a observar-se uma economia muito
fragmentada, orientada pela matiz cristã em que o trabalho é digno e há uma grande
importância do comércio local com a realização de feiras (Flandres, champagne), onde
compareciam várias pessoas de diversos cantos do mundo. Vão surgir ideias, como com
São Tomás de Aquino, seguindo a matriz cristã, que irá valorizar a propriedade privada
para o uso e bem comum. É na idade \Média que se encontra as sementes da mudança
tecnológica, institucional, relações de poder, etc daquilo que vem a ser o Capitalismo.
Com a transição para o século XVI, com o fim da Idade Média e o início da
Modernidade, observa-se uma época de grandes transformações, aliado ao:
- Renascimento: expansão ultramarina;
- Desenvolvimento de novas rotas comerciais;
- Reforma Protestante: individualismo; prosperidade; mérito;
- Mudanças políticas: enfraquecimento dos feudos e formação de uma economia
integrada;
- Política económica centralizada;
- Reforço do espírito científico.
A partir da Revolução Industrial vamos ter uma transição de uma economia feudal
(Antigo Regime) para uma mais integrada, e posteriormente no século XVIII o
Capitalismo. No entanto até essa altura observamos a prática/ política económica
centrada e centralizada, o Mercantilismo, assente no enriquecimento dos Estados
através afluxo de metais preciosos.
Adam Smith antes de escrever uma das suas obras mais célebres(A riqueza das nações),
realizou uma viagem pela Europa (França), onde teve contacto com vários autores
fisiocratas.
Este iluminismo foi um movimento intelectual que procurou fazer uma síntese entre
diversas dicotomias, ao mesmo tempo que aprofundou uma distinção entre a esfera
publica e privada, entre outros, algo que durante a Antiguidade Clássica não se fazia.
Hoje me dia, o entendimento que se tem sobre sociedade civil, é que é tudo o que não é
o Estado, sendo aceite por alguns, e por outros aceitam que tudo é sociedade civil. Ora,
para os gregos a ideia de sociedade civil significava o mesmo que sociedade política,
não havia uma separação entre a economia, política e vida doméstica (o público e o
privado), pensamento que durou vários séculos. Foi com os iluministas escoceses que
essa distinção veio a ser concretizada, para estes não era apenas o aquilo não é Estado
nem política, mas também o fundamento das sociedades que historicamente tem
determinadas trajetórias e aquelas que são sociedades modernas e que se desenvolvem
através da indústria, do comercio, etc, essas tornam-se também sociedades civis, mas
também civilizadora. O próprio comércio é entendido como uma atividade que civiliza
os seres humanos, que nos leva a entrar em trocas, e, portanto, é no mercado que nos
temos um espaço de interação voluntaria.
Fundamentando a ideia de sociedade civil nas “afeições morais e simpatia natural” dos
indivíduos, o Iluminismo Escocês sublinha a propensão humana para o reconhecimento
mútuo e para a troca, que está no cerne do mercado livre. Ou seja, a sociedade civil é
perspectivada como um “espaço de interacção humana” cujos “atributos morais derivam
do próprio homem,” e não de uma “realidade transcendente.” Partindo desta
perspectiva, por um lado, Mandeville sustenta que num determinado contexto
institucional dirigido por estadistas sagazes os vícios privados podem ser transformados
em benefícios públicos, ao passo que Smith teoriza a mão invisível.
Adam Smith
Filósofo moral, considerado pai da economia moderna e do liberalismo económico.
Teoria dos Sentimentos Morais (1759). Maltez (1991 II, 220-2): “o equilíbrio
da ordem é marcado pelo princípio da simpatia, que ele considerava como
aquele onde o indivíduo só se conhece a si mesmo por intermédio do
julgamento que faz do outro e daquele que o outro faz dele, base do sentido
social e da própria divisão do trabalho e das trocas. Segundo Adam Smith, a
simpatia leva os homens a tentar obter a aprovação de outros homens,
residindo aí a origem das normas objectivas e das regras jurídicas.”
Para Adam Smith existiram quatro períodos da evolução humana: a caça, a pecuária, a
agricultura e o comércio. E este último é que teria gerado uma sociedade civil ou
comercial, produto de uma espécie de revolução silenciosa que teria ocorrido na Europa
e que minou as anteriores instituições sociais.
Esta ideia de sociedade civil que se vem a desenvolver de forma natural à milhares de
anos, pela interação voluntaria de indivíduos, empresas, consumidores, comerciantes,etc
é uma ideia central do Liberalismo que emana o conceito de Ordem Espontanea.
Maltez (1991 II, 220-2): “Daí considerar que o Estado não deve intervir na
vida económica, concluindo que «não há dois caracteres que pareçam mais
opostos do que os do comerciante e do governo».
Intervir ≠ Regular
Para Adam Smith o Estado não deve intervir mas sim regular a atividade económica, a
não ser e caso de crise ou catástrofe.
Maltez (1991 II, 220-2): “Já em An Inquiry into the Nature and Causes of the
Wealth of Nations, de 1776, atribui três deveres ao Estado: o dever de defesa
(«proteger a nação contra a violência e a invasão de outras nações
independentes»), o dever de justiça («proteger tanto quanto possível todos os
membros da nação contra os ataques mesmo legais de todos outros, ou seja,
manter uma legislação imparcial») e um terceiro dever, até então não
referido: «criar e manter certas obras ou estabelecimentos públicos de que
uma sociedade retira imensas vantagens, mas que são, contudo, de tal
natureza que não podem ser construídos ou conservados por um ou vários
particulares, sabendo que, para estes, o lucro nunca lhes reembolsaria as
despesas».”
“Para Smith, o Estado como deve ser é o Estado «trazido pelo curso natural das
coisas», um Estado que apenas tem que se preocupar em estabelecer «paz,
impostos leves e uma administração razoável da justiça», um curso natural
das coisas onde «a difusão geral da riqueza pelas classes mais baixas» é
igual a uma «difusão da liberdade e da felicidade».”
Carla Guapo Costa (2010, 97): Smith “procurou demonstrar que a riqueza das
nações resultava da actuação dos indivíduos que, movidos pelo seu interesse
próprio (self interest), promoviam o crescimento económico e a inovação
tecnológica, com benefícios para toda a sociedade. A ‘mão invisível’ acabava
por gerar o bem-estar social.
“Smith acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com
pouca ou nenhuma intervenção governamental; a competição livre entre os
diversos fornecedores levaria, inevitavelmente, à queda do preço das
mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de
baixar os custos de produção e vencer os concorrentes. Neste contexto, e como
retém a premissa mercantilista de que o valor do bem era conferido pela
quantidade de trabalho nele incorporada, a divisão do trabalho, na senda da
especialização, deveria constituir uma forma primordial de
desenvolvimento económico.”
A Mão invisível
Adam Ferguson: “[as] nações deparam-se com instituições que são de facto o
resultado da acção humana mas não da execução de qualquer plano humano.”
(Friedrich Hayek popularizou esta expressão, ordem espontânea.)
Smith: cada indivíduo esforça-se por aplicar o seu capital e o seu trabalho de
modo que a sua produção tenha o valor máximo. Geralmente, não pretende
promover o interesse público, nem sabe quanto o está a promover. É, assim,
levado a “promover um fim que não era parte da sua intenção” e que, como
Smith assinala, “Nem sempre é pior para a sociedade que esse fim não fosse
parte desta [intenção]. Ao promover o seu próprio interesse ele promove
frequentemente o da sociedade mais eficazmente do que quando pretende
realmente promovê-lo.”
Carla Guapo Costa (2010, 99): “Adam Smith vai procurar demonstrar as
vantagens da livre troca ao observar que a abertura ao exterior conduz a um
ganho importante para os dois parceiros (embora podendo não ser
equitativo), e, portanto, também para a economia mundial, originando um
aumento global da riqueza. Por conseguinte, ao contrário da lógica
mercantilista, Adam Smith considera que o comércio internacional tem
ganhos positivos para todos os países intervenientes. Para tal, basta que os
países se especializem de acordo com as suas vantagens absolutas: cada país
deve especializar-se (completamente, afectando todos os recursos disponíveis) à
produção do(s) bem(ns) em que evidencia vantagem(ns) absoluta(s) em termos
de custos de produção (ou de produtividade), ou seja, em que o número de horas
requeridas para a sua produção é menor.
“Na prática, os países não devem produzir de tudo, em simultâneo, mas apenas
produzir, e exportar, os produtos em que apresentam maior produtividade
e eficiência, e comprar (importar) aqueles em que os seus parceiros são
mais eficientes que eles.”
David Ricardo
Descendente de judeus portugueses; negociante em títulos da dívida pública.
Principal obra: Principles of Political Economy and Taxation (1817).
Carla Guapo Costa (2010, 98): “Ricardo defendia que nem a quantidade de
dinheiro existente num país, nem o valor monetário desse dinheiro eram os
determinantes fundamentais para a riqueza duma nação, mas sim a abundância
de mercadorias que contribuíam para a satisfação e o bem estar dos seus
habitantes”.
Com base nestas ideias, Ricardo defendeu a abolição das Corn Laws. Estas
eram barreiras comerciais (taxas alfandegárias) erigidas durante as Guerras
Napoleónicas que restringiam a importação de cereais, o que mantinha o preço
dos cereais produzidos domesticamente elevado. Isto protegia os proprietários
das terras à custa tanto dos trabalhadores como dos industriais e
comerciantes. Ricardo defendeu que a abolição das barreiras levaria a uma
queda dos preços e ao aumento dos lucros dos industriais, dadas as vantagens
comparativas de Inglaterra na produção industrial (Clift 2014, 55).
O livre comércio teria como resultado o aumento dos lucros dos industriais, o
que aumentaria o investimento industrial e permitiria à Inglaterra aprofundar a
especialização nas áreas em que tinha vantagens comparativas. Os beneficiários
seriam os industriais, não os proprietários de terras, mas a sociedade sairia
globalmente beneficiada com o crescimento económico. As Corn Laws foram
abolidas em 1946 e a partir daí o Império Britânico passou a promover a
liberalização económica e o comércio internacional na sua política externa.
(Clift 2014, 56)
Nacionalismo Económico
Hamilton argumentou que “os Estados Unidos apenas poderiam preservar a sua
independência e segurança ao promoverem o desenvolvimento económico
por via da industrialização, intervenção governamental e proteccionismo”
(Theodore Cohn 2016, 58).
Friedrich List: alemão, viveu alguns anos nos EUA, onde tomou contacto com
a obra de Hamilton. Predecessor da Escola Histórica Alemã de economia
política. Conhecido pela defesa da construção do sistema ferroviário e da
importância da unidade nacional (Alemanha ainda não unificada).
Para demonstrar esta ideia, List observa a Grã-Bretanha no século XIX: embora
proclamasse defender o liberalismo económico, o Império Britânico tinha como
elementos centrais uma indústria próspera, uma marinha considerável e
vasto comércio externo, que só podem ser adquiridos com a intervenção e
ajuda do governo.
Marx também adopta a teoria do valor trabalho para argumentar que a classe
trabalhadora depende da venda da sua capacidade de trabalho no mercado de
trabalho (comodificação do trabalho). Os salários que recebe apenas remuneram
a sua capacidade de trabalho, não o valor que esta cria, ou seja, a mais valia
(diferença entre o preço a que um bem é vendido e o custo da sua produção), que
é o lucro do capitalista.
Luta de classes: as relações entre as duas classes, relações de produção, são
antagónicas e conflituais. A dependência é desequilibrada em favor dos
capitalistas, visto que os trabalhadores não têm controlo sobre o seu próprio
trabalho e os capitalistas exploram-nos ao expropriá-los das mais valias.
Apropriam-se dos produtos do trabalho enquanto pagam aos trabalhadores
menos do que o seu trabalho vale. Exploram parasiticamente os
trabalhadores.
Aos trabalhadores é pago apenas um salário que lhes permita subsistir de forma
a continuarem a produzir bens e o aumento do número de desempregados
permite continuar a explorar os trabalhadores. Além disto, a divisão do
trabalho provoca a alienação dos trabalhadores, o desligamento do
significado do que produzem.
É o Estado burguês, capitalista, que deve ser destruído por uma revolução
violenta que o substitua por uma ditadura do proletariado. A revolução
abole o Estado burguês.
Ben Clift (2014, 72-3): Smith, Marx e List estiveram no centro de um campo de
estudos sobre a sociedade, política e economia que já não vemos na academia
moderna. Esta abordagem foi marginalizada em favor de abordagens com focos
mais restritos.
Teoria subjectiva do valor: os bens valem pela utilidade, não pelo trabalho
incoporado.
Para Jevons e Walras, a economia, para ser considerada científica, tinha de ser
uma ciência matemática.
Estrutura de mercado
Não existem
barreiras
Exemplos Trigo, sementes Escovas de Automóveis, cigarros Medicamentos
de soja dentes, roupa protegidos pela
patente