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2.

4 A DIMENSÃO SOCIAL E POLÍTICA DA CULTURA

2.4.1 A Cultura de massas e o desejo de Evasão


 Surge nos meios urbanos, no início do século XX;
 Conjunto de manifestações culturais partilhado pela maioria da população;
 Para esta homogeneidade cultural contribuíram:
 Generalização do ensino;
 Desenvolvimento dos mass media.

Características da cultura de massas:


 Multifacetada, quer nos conteúdos, quer nas formas, é de duração efémera;
 Aborda os temas de forma superficial;
 Tende a formar “um tipo de pessoa média”, através de modelos de
comportamento, atitudes, valores, crenças com vista à sua integração passiva
no sistema político, económico e social vigente;
 É pensada e elaborada para ser transmitida às grandes massas na forma de
bens de consumo culturais;
 Recorre à publicidade e à propaganda;
 Cultiva a novidade e foge do quotidiano.

Os media, veículos de evasão e de modelos socioculturais


A imprensa, a rádio e o cinema foram os mais importantes meios de comunicação da
primeira metade do século XX.

Imprensa: O progresso económico aliado à generalização do ensino criaram condições


favoráveis à leitura. O livro torna-se um produto de consumo popular.
- Surgem novos géneros literários, tais como:
- Romance cor-de-rosa: é a história de amor com um final feliz;
- Banda desenhada: os heróis vivem aventuras para defender os oprimidos e os
valores da civilização ocidental;
- Revistas de diversas temáticas (moda, desporto, cinema, etc.);
- Romance policial;
Jornal de grande tiragem (para atrair o leitor os jornais são preenchidos de
histórias de guerra e socorrem-se de títulos bombásticos, ilustram-se com uma
profusão de fotografias e a edição completa-se, frequentemente, com secções de
desporto, páginas femininas e crónicas avulsas, cujo objetivo é entreter em vez de
informar.).

Rádio: Constituiu, a partir de 1930, o meio privilegiado para a difusão de notícias,


informações, bem como os mais recentes tipos de música. Também o teatro
radiofónico fez a delícia de muitos ouvintes.
O que a rádio transmite:
Música popular;
Sinfonias/óperas;
Programas educativos;
Programas religiosos;
Teatro;
Programas de interesse público.

A BBC, exemplo de estandardização dos modelos socioculturais


Os progressos da rádio constituíram um fator poderoso na uniformização cultural. Pela
qualidade notável dos seus programas, colocando ao alcance de todos os ouvidos
debates, concertos, emissões literárias.
Contribuiu para reduzir as diferenças de conhecimentos entre pessoas instruídas e
não instruídas.

Cinema: Surgiu em França pelos irmãos Lumière, através do filme O Nascimento de


Uma Nação (1915), tornando-o numa arte, a Sétima Arte.
1895 – Nascimento do cinematógrafo;
1917 – Hollywood: centro de produção mundial;
1927 – Primeiro filme sonoro (The Jazz Singer).
Anos 30 – Filme a cores

Qualquer que fosse o género cinematográfico – drama, aventura, musicais, ação, etc. –
conduzia o espectador a uma outra dimensão. O homem vulgar era transportado a um
mundo de sonhos, identificando-se com as personagens e permitindo que se
evadissem da sua própria vida.
Assim, o cinema era e é considerado uma “fábrica de ilusões”.

Os grandes entretenimentos coletivos


Influenciado pelos media, o desporto internacionaliza-se e torna-se um fenómeno de
massas destacando: boxe, futebol e ciclismo que adquirem grande popularidade e que
são desportos por ser um meio de ascensão para os mais pobres. O desporto de massa
satisfaz o desejo de ascensão social. Os atletas são de uma forma geral oriundos de
meios pobres e que ao atingirem a fama e riqueza são alvo de fascínio das multidões.
O desporto serve ainda para libertar as tensões acumuladas no dia a dia.

Concluindo: Além da ocupação dos tempos livres, a cultura de massas assume outras
funções importantes: proporciona caminhos de evasão da rotina diária, dura e
desgastante; incute valores e homogeneíza comportamentos, contribuindo para a
coesão do grupo social.

2.4.2 As Preocupações sociais na literatura e na arte


No período entre as duas guerras, a literatura torna-se combativa e interventiva a nível
social. As personagens são tipos sociais, uma vez que se considera que a literatura tem
uma missão social a cumprir. Destacamos o dramaturgo alemão Bertolt Brecht, francês
André Maldraux e o inglês Aldus Huxley.

A dimensão social da literatura


A missão social leva ao tratamento de:
 Assuntos com cariz sociopolítico – ligados ao marxismo (caso do escritor André
Maldraux e da obra “A Condição Humana”);
 Utilização do neorrealismo, nomeadamente nos EUA devido à Grande
Depressão. Temos como exemplos os escritores John Steinbeck, Ernest
Hemingway.

Brecht tem como fim primeiro provocar o leitor e forcá-lo a participar criticamente na
obra. Segundo este, o teatro tradicional deixava o público à mercê da ação dramática,
forçando-o a uma identificação com as personagens que o fazia viver as suas
desgraças, paixões e triunfos. Propõe-se a despertar no público a surpresa e a
perplexidade para que este se sinta compelido a debater e a questionar o sentido da
peça literária.
John Steinbeck, Ernest Hemingway, entre outras retratam o mundo desencantado do
capitalismo, que acusam de fomentar a guerra, a desumanização e as injustiças sociais.

O “regresso à ordem”
O caráter interventivo da arte faz com que se retome a representação do objeto; A
representação do objeto não implica o regresso ao academismo; Nela são
representadas as consequências sociais e políticas do pós-guerra, aderindo pintores de
esquerda mas também de direita; O berço é a Alemanha, especialmente atingida pela
derrota na Primeira Guerra Mundial.

American Scene:
O exílio de Grosz, nos EUA, devido à perseguição feita pelos nazis reforça a tendência
figurativa;
É um movimento artístico amplo que reuniu artistas nos anos 30 de várias tendências e
que retratam diferentes aspetos da América da Grande Depressão;
A ideia de que o artista devia contribuir para a comunidade permitiu o ressurgimento
da pintura mural. Os artistas decoraram edifícios públicos para que a sua obra fosse
mais facilmente visível.

A arquitetura, arte de coletividade


Numa Europa destruída, os governos viram-se na necessidade de reerguer numerosos
edifícios e de realojar os seus cidadãos. Impunha-se uma construção barata, rápida
mas digna. Desta forma, era necessário um corte no excessivo decorativismo.
Surge no período entre as duas guerras para fazer face à necessidade de realojar um
número significativo de pessoas;
A construção deveria ser simples, digna e barata;
Funcionalismo: conjunto de soluções arquitetónicas onde se estabelece a relação
entre a forma e a função. As linhas colocam em evidência a estrutura volumétrica
dos edifícios; Existem dois tipos de funcionalismos: racionalista e orgânico.

Funcionalismo racionalista:
Ligado ao arquitetor Walter Gropious e à escola de arquitetura, artes e design,
Bauhaus, fundada em 1919 em Weimar, por Groupious;
É também seu representante o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier.
 Nova conceção de espaço – espaço adapta-se às necessidades do homem. A
casa deve ser prática e funcional;
 Simplificação dos volumes – sólidos geométricos regulares são delimitados por
linhas retas;
 Sem elementos decorativos as paredes são lisas e geralmente brancas;
 Grandes janelas que facilitam a entrada de luz e ar. A utilização de betão faz
com que muitas delas sejam contínuas;
 Cobertura plana – muitas vezes transformadas em terraços;
 Elevações de edifícios sobre pilares recuados em relação à fachada, dando a
ideia de uma casa suspensa;
 Plantas livres, mas inscritas num geometrismo perfeito.

Bauhaus: Fundada em 1919, em Weimar, por Walter Groupius, acabou com as
fronteiras entre as diversas artes e o artesanato, tornando-se uma escola inovadora
que impulsionou a arquitetura e o design modernos. Dos seus ateliers saíram todo o
tipo de objetos do quotidiano (candeeiros, brinquedos, cadeiras, etc.).
A sua vertente funcionalista sentiu-se também na arquitetura que era considerada a
síntese das artes.

Funcionalismo orgânico:
Na década de 30 o funcionalismo racionalista considerava-se ultrapassado, sendo
acusado de construir casas despersonalizadas;
Surge uma nova geração de arquitetos com destaque para o finlandês Alvar Aalto e
para o americano Frank Lloyd Wright;
 Estes defendem uma arquitetura mais humanizada;
 Libertação dos dogmas do funcionalismo adequando a casa ao local onde está
inserida;
 Nova conceção de planta – a casa é concebida de dentro para fora. Isto faz com
que a cara se assemelhe a um organismo em que cada parte não pode ser
separada do todo;
 Integração da casa no ambiente que a rodeia.

As preocupações urbanísticas
As preocupações urbanísticas levaram à realização de conferências internacionais para
analisar os diferentes aspetos das cidades;
As conclusões da Conferência Internacional de Arquitetura Moderna deram origem à
Carta de Atenas. A cidade devia ter quatro funções: habitar, trabalhar, lazer e circular;
Havia uma zona para habitar, outra para trabalhar e outra para o lazer. As zonas
estavam ligas por uma rede de vias de comunicação;
Ainda que depois esta ideia tenha sido vista como demasiado racionalista e redutora,
contribuiu para colocar os problemas sociais no centro do planeamento urbano.

2.4.3 A Cultura e o Desporto ao Serviço dos Estados


Nos estados totalitários a cultura está ao serviço do poder, tendo em vista a
construção de uma “nova ordem”;
Na URSS atribui-se às artes e à literatura o papel de exaltar as conquistas do
proletariado e de educar as massas;
Regressa-se à arte figurativa e ao realismo literário que tem um caráter
essencialmente político;
A partir de 1932 o Estado controla a cultura e esta adota o realismo socialismo.

Uma arte propagandística


O regresso à arte figurativa e ao realismo literário que se fez sentir um pouco por toda
a parte assume, na URSS, uma vertente dominantemente política. Aos poucos, o
vanguardismo russo, poderoso nas primeiras décadas do século, desvaneceu-se,
abafado por um rígido controlo estatal, que se oficializou em 1932.
Em abril de 1932, o Comité Central do Partido Comunista obrigada todos os
“trabalhadores criativos soviéticos” a agruparem-se em “uniões de criadores” de
acordo com a sua atividade (União dos Arquitetos, dos Escritores, das Artes Plásticas,
etc.).
A ninguém é permitido exercer a sua atividade fora destas associações que
estabelecem os parâmetros a seguir. A arte oficial adota então o realismo socialista.

Este cariz propagandístico da cultura estruturou-se também, em moldes semelhantes,


no regime nazi. Pouco depois da subida de Hitler ao poder, é criada a Câmara de
Cultura do Reich que adota uma cultura frontalmente anti modernista. Centenas de
obras de vanguarda são retiradas dos museus e são destituídos do seu cargo os
conservadores que se identificam com as novas correntes.
Posta ao serviço do nacional-socialismo, a criação artística empenha-se em exaltar,
dentro dos preceitos do academismo, o valor da raça ariana, a força e a felicidade
protagonizados pelo novo regime.
Mais moderado, o fascismo italiano limita-se a proteger os artistas que lhe são
favoráveis. Sem instituições oficiais de controlo, o poder exige, apenas, que não sejam
postos em causa os pilares de ordem fascista.
Ponto comum a todos os regimes estatizados, é também o regresso a uma arquitetura
de feição neoclássica e de dimensões grandiosas. Esta arquitetura tornou-se, nos anos
30, o emblema dos estados totalitários.

A politização do desporto
O atleta serviu, frequentemente, de modelo ao homem novo, vigoroso, disciplinado e
combativo, que os estados totalitários se esforçaram por criar;
A internacionalização do desporto, motivada pelo olimpismo, permitiu um
aproveitamento político, ao estabelecer a comparação entre atletas de diferentes
países;
A grandiosidade, o aparato que rodeia os espetáculos internacionais, permite
sentimentos nacionalistas, já que a vitória de um atleta é a do seu país.

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Módulo 7
Unidade 2
2.5 Portugal: o Estado Novo
Em meados de 1919, reprimida a insurreição monárquica do pós-sidonismo, a
república democrática inicia a segunda fase da sua acidentada história. E inicia-a num
contexto particularmente adverso, suscitado: em primeiro lugar, pela crise financeira
do Estado, com uma dívida externa altíssima, um défice orçamental crescente, uma
inflação galopante, a depreciação monetária, a falta de géneros de primeira
necessidade, o desemprego operário e a miséria generalizada (em virtude das práticas
de açambarcamento e especulação); e, em segundo lugar, a instabilidade política, pois
os governos liberais não tinham sido incapazes de pôr fim à situação que se
atravessava, o que provocava, além da inconstância governativa, atos de violência e
uma tensão social friccionada entre várias frentes populares opostas ao regime. Criado
este contexto de descontentamento de agitação social, foi relativamente fácil
implantar-se uma simpatia pelas soluções autoritárias, como o fascismo. Assim, em 28
de maio de 1926, caiu a Primeira República Portuguesa às mãos de um golpe militar
que instalou, até 1933 um regime de comunismo de guerra, igualmente fracassada.
2.5.1 O triunfo das forças conservadoras
A 28 de maio de 1926, um golpe de Estado levado a cabo pelo Marechal Gomes da
Costa pôs fim à primeira República parlamentar portuguesa. Este contou com o apoio
de vários setores da sociedade:
 Monárquicos;
 Católicos;
 Republicanos;
 Tradicionalistas nacionalistas (ligados ao Integralismo Lusitano);

Ditadura Militar estabilidade desejada não foi conseguida

Instabilidade Política
Sucessiva mudança de chefes de
governo (Mendes Cabeçadas; Óscar
Carmona)

Óscar Carmona, foi eleito o chefe de Estado,


acabando por remodelar o governo. Em 1928, A ação destes governos não foi eficaz
Antonio de Oliveira Salazar foi convidado para quanto à questão financeira acabando
a pasta das Finanças. Este impos certas por agravar o défice orçamental, dado
condições para aceitar o cargo, uma “ditadura que quem estava no poder eram
financeira”, nomeadamente o controlo dos militares e não economistas.
orçamentos dos diferentes ministérios e o
veto em qualquer aumento da despesa. Devido a isto Salazar conseguiu equilibrar as
contas públicas, algo que já não acontecia há muito tempo. O restabelecimento da
ordem financeira, mediante a diminuição da despesa e aumento dos imposto, fez com
que levasse à propaganda de Salazar (cartazes cujas frases eram “Salazar, Salvador da
Pátria”).

Salazar assumiu, posteriormente, o cargo na pasta das Colónias e das Finanças de


maneira permanente. Desta forma procedeu à concretização do seu projeto para o
estabelecimento de uma nova ordem. Entre 1930 e 1933, foram lançados os alicerces
de um novo regime, através da criação de instituições e da publicação de legislação:
- O Ato Colonial (1930);
- Bases da organização da União Nacional (Partido Único,1930);
- Estatuto do Trabalho Nacional (lei que deu origem ao corporativismo em
Portugal);
- Promulgação da Constituição (1933);
- Criação do Secretariado de Propaganda Nacional;
A promulgação da Constituição de 1933 foi importante na consagração do novo
regime: O Estado Novo, que era caracterizado como nacionalista, autoritário,
corporativista, conservador e repressivo que estava assente numa chefia pessoal do
Estado.

Quando se lançaram as bases do Estado Novo, o fascismo italiano marava o contexto


politico e ideológico europeu da altura. Neste sentido algumas das instituições do
Estado Novo seguiam a ideologia fascista, mas apesar disto a nova ordem politica,
económica e social recebia influencias do movimento do Integralismo Lusitano, e, em
menor dimensão, do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC) e do Centro
Católico. Estas influências contribuíram para dotar este novo regime de características
próprias no quadro dos autoritarismo da década de 30.

Estado autoritário, antidemocrático e antiliberal


ESTADO NOVO
- Antidemocrático;
- Antiliberalista;
- Anti partidarista;
- Antiparlamentarista;
- Colonialista;
- Conservador;
- Repressivo;
- Anti-marxista;
- Autoritário; que pretendia acabar com a desordem que marcou a 1ª Républica

Salazar, como via nos partidos e lutas politicas, preocupados nos interesses pessoais,
que estavam a condicionar a eficácia da ação política, decidiu criar uma Partido Único,
a união nacional, que era uma entidade nacional que englobava todos os portugueses
preocupados com o bem comum, e que estava acima dos interesses individuais. AO
recusar o demoliberalismo e o pluripartidarismo, levou à afirmação de um Estado forte
e autoritário. A constituição de 1933 enquadrou os novos princípios ideológicos e
consagrou um novo Estado, único e corporativo. Este assentava em quatro órgãos de
soberania:
- Presidente da Républica;
- Assembleia Nacional;
- Governo;
- Tribunais;
Salazar tentava transpor a aparência de um regime democrático, algo que era
contrariado pelo principio do partido único, pelo autoritarismo, supremacia do chefe
de Governo, restrições à liberdade, etc. O poder ficou centrado em Salazar, o símbolo
da nação, do poder e da unidade, cuja imagem era objeto de culto e centro de
propaganda do regime. A formulação dos novos princípios ideológicos foi apoiada por
diversos setores da sociedade, que viram no Estado Novo a garantia da ordem e uma
alternativa à democracia e socialismo.

Estado Nacionalista, conservador e tradicionalista


O nacionalismo era um outro principio característico deste regime, tinha por base o
culto do passado histórico da nação, de modo a fazer ressurgir a crença no sentimento
nacional. A unidade nacional e a valorização do povo português foram elementos da
narrativa do Estado Novo:
 mitificou-se a ideia do passado glorioso da pátria e dos portugueses como um
povo de heróis;
 valorizou-se as tradições populares e os elementos tipicamente portugueses;
 exaltou-se a singularidade da nação;

Para alem disto, o Estado assentava também no conservadorismo e na tradição. Sob a


égide de Deus, Pátria e Família erguiam-se os valores nacionais, inquestionáveis. Não
se discutia Deus, a religião era um pilar fundamental no Estado Novo e para Salazar.
Apesar da separação entre o Estado e a Igreja, a devoção religiosa eram valores
fundamentais defendidos pelo Estado, por estrem enraizados na sociedade
portuguesa. A Pátria não era discutida, a família era o elemento que estrutura a
sociedade, assentava na autoridade do pai, na obediência dos filhos e na submissão da
mulher. O salazarismo procurou dotar a sociedade de uma nova moral, em que os
valores materiais se subordinavam aos valores morais.

O Estado Repressivo
O Estado Novo, como um regime autoritário que rejeitava todo o tipo de liberalismos e
democracia, usava meios de repressão violentos de modo a controlar toda a
informação conhecida e evitar contestações contra o regime. O principal meio foi a
censura, apesar de consagrar a liberdade de expressão, o controlo da imprensa e de
outros meios de comunicação visavam impedir a difusão de outra ideologia contraria à
do regime. Para isto, os censuradores utilizavam o «lápis azul» para riscar as
informações consideradas ofensivas e perigosas.
Para alem deste a polícia politica era também outro meio de repressão, esta era a
PVDE (Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado), tinha vários poderes, como
perseguir, vigiar, prender e torturar os opositores ao regime. Podia também prender
pessoas sem culpa formada ou sem ordem judicial.

Enquadramento de Massas
De modo a inserir os princípios ideológicos do Estado Novo e de promover a adesão ao
regime, foram criados mecanismos e instituições para enquadrarem as massas.
O partido único(União Nacional) garantia o apoio ao regime e as suas atividades,
eliminando qualquer oposição. A criação do Secretariado de Propaganda Nacional
(SPN) foi indispensável na divulgação e institucionalização da doutrina salazarista. A
SPN projetavam a imagem de Salazar, para exaltar os seus feitos no país, as obras do
regime e valorizar a tradição portuguesa. A reforma de 1936 no ensino, fez da
instrução um meio de inculcação das ideologias e valores do Estado Novo. Através do
livro único, Salazar conseguia difundir os valores da tradição, do conservadorismo, da
moral Cristã e exaltar o seu chefe e o Estado Novo. Procurava doutrinar as crianças e
incutir o sentimento de submissão e de conformismo, anulando qualquer vontade de
mudança social.
O enquadramento da Juventude foi feito através da criação da Ação Escolar de
Vanguarda(1934) e da Mocidade Portuguesa, uma organização paramilitar destinada.
Estas instituições, para alem de inculcar os valores do regime, preparava civicamente e
fisicamente os jovens, para o militarismo, a disciplina, obediência e patriotismo, a par
de uma educação cristã. A Legião Portuguesa era também uma organização
paramilitar, destinada a adultos. Pretendia lutar contra o comunismo e a manutenção
da unidade do Estado. A adesão aos princípios do regime foi também conseguida
através da obrigatoriedade dos funcionários públicos a declararem fidelidade ao
Estado.
Para ocupar os tempos livres dos trabalhadores, foi criada a Fundação Nacional para a
Alegria no Trabalho(FNAT) em 1935, que pretendia, através de iniciativas, garantir o
desenvolvimento físico, moral e intelectual dos trabalhadores.
De salientar que, o enquadramento era ligeiramente diferente dos restantes, era feito
através da Mocidade Portuguesa Feminina (1937) e através do movimento da Obra das
Mães pela Educação Nacional (OMEN), criada em 1936, com o intuito de reeducar a
mulher tornando a sua função própria de cuidar do lar. Estes organismos para alem de
promover a educação e formação, ensinava a cuidar dos filhos e do lar.

2.5.2 Uma economia submetida aos imperativo políticos: prioridade à Estabilidade


Financeira
O caráter totalitário do Estado também se fez sentir na atividade económica e
financeira. Sujeitar toda a produção e gestão da riqueza nacional aos interesses do
Estado era um objeto constitucionalmente definido. Para o efeito, Salazar abandonou
por completo o liberalismo económico e adotou um modelo fortemente dirigista.
Protecionismo e intervencionismo, tendo em vista a autossuficiência do país e
consequentemente afirmação do nacionalismo económico, foram as principais
características da economia do Estado Novo.
O controlo das finanças e o equilíbrio orçamental era uma das prioridades do Estado
Novo. Quando Salazar se tornou ministro das finanças havia um elevado défice
financeiro, que foi solucionado por este, permitindo assim o equilíbrio orçamental.
Este equilíbrio permitiu uma melhor gesta das contas publicas que levou a que,
posteriormente, Portugal adotasse o padrão-ouro. Este «milagre financeiro» foi
conseguido através da criação de novos impostos:
 Reduzir as despesas do Estado;
 imposto complementar sobre o rendimento,
 imposto profissional sobre os salários e os rendimentos das profissões
liberais,
 imposto de salvação pública sobre os funcionários públicos,
 taxa de salvação nacional sobre o consumo de açúcar, gasolina e óleos
minerais leves;
 Aumento das tarifas alfandegárias sobre as importações.
Deste modo, as cotas públicas, durante a década de 30, ficou mais sólida, em virtude
também do reduzido impacto da crise de 1929 na nossa economia nacional, devido ao
atraso do país e da pouca abertura económica ao exterior.

2.5.3 A Defesa da Ruralidade


A defesa da ruralidade foi uma das imagens de propaganda do Estado Novo. Este
Mundo constituía-se do valores da simplicidade, do trabalho, da humildade e da
família. A aposta na ruralidade foi um meio para relançar a economia, a par do
equilíbrio financeiro. Neste sentido, a valorização da agricultura e o fomento agrícola
visavam a autarcia e diminuir a dependência face ao estrangeiro, contribuindo para o
aumento das exportações.
Em 1929, foi lancada a campanha do trigo, semelhante à batalha do trigo de Mussolini,
que se traduzia em um aumento da produção do trigo, possibilitando o abastecimento
interno, bem como o externo. Contribui para redução do desemprego rural e para o
desenvolvimento de setores industriais ligados à produção agrícola (adubos, produção
de alfaias e moagem). A partir desta campanha, outras agrícolas semelhantes a esta
foram desenvolvidas ( cultura da vinha, produção de azeite, batata e fruta).
Para alem desta foi também iniciado um plano de florestação, de modo a converter
terrenos áridos em terras aráveis, o aproveitamento de recursos hídricos(construção
de barragens, canais, etc).

2.5.4 Obras Públicas e Condicionamento Industrial


Por Duarte Pacheco, Salazar pôs em execução o programa de obras publicas, com vista
a modernizar o país, a impulsionar o desenvolvimento económico e a reduzir o
desemprego.
Em infraestruturas procedeu-se:
 a construção de estradas, facilitando a ligação com o interior do país;
 melhorias na rede ferroviária( qualidade das carruagens e locomotivas, numero
de quilómetros);
 criação do serviço de metropolitano;
 melhoramento das docas e portos e nacionais;
 construção de barragens e centrais hidroelétricas, de modo a diminuir a
dependência energética;
 expansão dos meios de comunicação ( redes de telefone e telégrafo);

Assistiu ainda à construção de equipamentos públicos como hospitais, estádios,


escolas, tribunais, bairros para os trabalhadores, entre outros.

A politica do Estado Novo no domínio industrial, ficou marcada pela adoção do


condicionamento industrial, uma politica económica anticrise que tinha primeiramente
um caracter transitório. Este condicionamento industrial tinha por objetivo:
 intervenção do Estado na economia;
 imposição de regras para evitar a superprodução;
 defesa do nacionalismo económico;
 regulação da atividade produtiva e da concorrência;
 a atenuação do desemprego;

Este condicionamento condicionou a concorrência mas contribuiu para a


burocratização, protegeu empresas, favoreceu a concentração industrial em
determinados setores de atividade e limitou a modernização.

2.5.5 A Corporativa ação dos Sindicatos


Este regime, através do Estatuto do Trabalho Nacional (1933), adotou o corporativismo
como uma forma de organização económico-social. Pretendia garantir a colaboração
entre as classes, por meio do Estado, e conciliar os interesses divergentes. O
corporativismo foi uma alternativa ao capitalismo liberal e ao coletivismo socialista.
Este garantia a ordem, disciplina e autoridade no campo social e económico,
promovendo a manutenção de baixos salários e de longas jornadas de trabalho,
procurando a criação do máximo de riqueza e produção, em equilíbrio com os
princípios de harmonia social e interesses do Estado.
A adoção desta estratégia levou à criação da Câmara Corporativa. A estrutura
corporativa do Estado Novo compunha-se de vários organismos corporativos,
submetidos ao poder central e organizados hierarquicamente:
Corporações- organização das forcas de produção de âmbito nacional, que integrava
os setores económicos, as corporações morais para assistência e caridade, e ainda as
corporações culturais;
Federações e Uniões – de âmbito nacional ou regional que compreendiam as
associações de sindicatos, as uniões de grémios e as uniões de casas do povo;
Grémios – reuniam a industrias, comercio e agricultura e as empresas privadas em
geral;
Sindicatos nacionais – reuniam trabalhadores do comércio e da industria. As
profissões liberais formavam um sindicato nacional único, com sede em Lisboa,
podendo constituir em ordens:
 Casas do Povo- reuniam os agricultores e os proprietário agrícolas de cada
freguesia;
 Casas dos Pescadores – reuniam os pescadores e os seus patrões em cada
freguesia;
O Corporativismo considerava a greve uma ato de rebelião e condenava o
despedimento coletivo por parte dos patrões(lockout). Abolia os sindicatos livres e
decretou a inscrição obrigatória nos sindicatos nacionais. A reação dos sindicatos foi
rápida, dando um conjunto de greves, sabotagens elétrica e ferroviária, etc, levadas a
cabo pelo operariado, de modo a evitar a corporativa ação dos sindicatos, mas foi sem
sucesso. Esta ação repressiva do governo pôs fim ao movimento sindicalista livre,
durante este período.
2.5.6 A Política Colonial
Ato Colonial Conjunto de leis para as Colónias, semelhante a uma Constituição para
estes territórios; Segundo este, Portugal tinha uma missão
civilizadora nos territórios ultramarinos e estes eram inalienáveis;
Foi Promulgado em 1930 e integrado na Constituição de 1933, consagrou a noção
de Império Colonial Português, no qual se integrava a metrópole e as colónias;

A Partir da metrópole eram exercidas a soberania, a administração dos territórios


coloniais, bem como a defesa dos indígenas. Salazar defendia a integração das colónias
na unidade pluriforme da nação portuguesa, através de uma politica fortemente
centralizadora. O Imperio alargava a exiguidade do espaço português na Europa. A
ação de Portugal nas colónias era vista como uma missão civilizadora com vista a
educar e a cristianizar estes povos.
A nível económico era estabelecida uma relação de complementaridade entre a
economia da metrópole e das colónias, visto que estas afirmavam-se como mercados
de escoamento dos produtos industriais metropolitanos, enquanto a metrópole
recebia as matérias-primas coloniais, a preços reduzidos. Deste modo, as colónias
estavam submetidas aos interesses económicos metrópole, devendo a sua politica de
desenvolvimento ter em conta os interesses metropolitanos, numa clara posição de
dependência.
2.5.7 O projeto Cultural do regime
O Estado Novo desenvolveu uma ação central e controladora na definição da politica
cultural do pais, sendo levado a cabo por artistas e intelectuais encarregues de difundir
o seu ideário. O SPN construiu uma imagem cultural e artística do Estado Novo e
exaltou as realizações do regime. Este procurava ligar a imagem do chefe, do pais e do
Estado à tradição, à Historia, à exaltação da pátria e dos seus valores. Valorizavas artes
e a literatura como elementos de afirmcao da nação.
Portugal era um pais maioritariamente rural, onde os valores conservadores refletiam.
Deste modo a modernidade do seculo XX foi contida de modo a preservar este
caracter tao conservador e tradicionalista.
Neste sentido, que a SPN desenvolveu a Política do Espírito», destinada a elevar o nível
de cultura dos portugueses, através da valorização da cultura nacional e popular. O
espírito da nação, gosto popular, os valores da tradição, amor à pátria, grandeza do
Império, etc, eram veiculados nesta politica cultural. Padronizou-se a cultura e
restringiu-se a livre produção cultural, por ser contraria ao princípios do regime.
Através da participação em Exposições no internacionais, o Estado Novo pretendia
ganhar a sua visibilidade no exterior. A politica cultural do Estado Novo, alicerçada na
valorização da nação e num ideário politico, definiu as principais linhas de orientação
estética que vieram a constituir-se como marca cultural do regime.

Unidade 3 – A Degradação do Ambiente Internacional


3.1 A Irradiação do fascismo no mundo
O fascismo italiano e nazismo alemão inspiraram movimentos de caris nacionalista fora
da Europa, nomeadamente no japão. Apesar desta irradiação do fascismo, as suas
características não foram reproduzidas totalmente, sofrendo adaptações conforme os
países. Na Europa, para alem da instauração de regimes de direita, autoritários e
conservadores, a difusão do fascismo fez-se através de uma politica agressiva,
expansionista e de conquista, levada a cabo pela Alemanha e Itália.
A partir da década de 30, as alianças entre Alemanha-Itália-Japão (Potências do Eixo)
contribuíram para reforçar a cooperação entre países fascistas. O Eixo Roma-Berlim
conduziu ao Pacto de Aço(1939), onde era estipulado uma aliança em caso de ameaças
internacionais; de ajuda imediata e suporte militar em caso de guerra, e em 1936 ao
Pacto Anti-Komitern, pacto entre a Alemanha e Japão contra o comunismo, formou-se
desta forma o Eixo Berlim-Roma-Tóquio. Em 1939 Hitler assinou com Estaline o Pacto
de não agressão Germano-soviética, onde se comprometeram a não se confrontarem
e onde a Polónia seria dividida entre eles, parte Ocidental para a Alemanha, e parte
Oriental para a URSS.
Fatores que contribuíram para a irradicação do fascismo:

 Emergência de movimentos nacionalistas fora da Europa;:


 Política expansionista da Alemanha e Itália;
 Cooperação entre países fascistas através de alianças militares;
 Politica militarista e de expansão da raça;
Varias ações foram desencadeadas pelas Potencias do eixo, que vieram reforçar o
imperialismo:
Data Acontecimento
193  Invasão a Manchúria pelo Japão.
1
193  Abandono da Alemanha e Japão da SDN.
3
193  Restabelecimento do serviço militar obrigatório na Alemanha.
5
193  Remilitarização da Renânia pela Alemanha;
6  Anexação da Etiópia pela Itália;
193  Guerra entre Japão e a China;
7
193  Anexação da Áustria pela Alemanha;
8  A Alemanha recebe a região dos Sudetas(pela Conferência de
Munique*);
 Invasão da Mongólia pelo Japão;
193  Itália invade a Albânia;
9  Alemanha invade a Checoslováquia;
 Alemanha invade a Polónia;
 Início da Segunda Guerra Mundial;
 Dissolução da SDN;
*: Nesta conferência entre a França, Itália, Reino Unido e Alemanha, foi acordado que a região
do norte da Checoslováquia (Sudetas) e ainda a permissão de circulação entre estes dois
países, seria concedida à Alemanha.

O facto de a Comunidade Internacional ter “ignorado” as anexações da Alemanha, e


ter sido Winston Churchill a comunicar o perigo que era estas ações, fez com que a
Alemanha se tornasse mais preponderante, sendo que quando se enxergou a realidade
desta situação, já era tarde demais.
Em 1940, a Alemanha desrespeitou o principio da neutralidade, e invadiu de maneira
rápida (Blitzkrieg) vários países como, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica,
Luxemburgo e parte Norte e Oeste de França.
3.2 As hesitações face à guerra civil de Espanha
Em 1936 rebentou a guerra civil de Espanha, que opôs os tropas nacionalistas,
lideradas pelo general Francisco Franco, apoiadas pelo exército, pela Falange e pela
Igreja, aos republicanos, apoiados pelas massas populares. este conflito constituiu um
confronto ideológico entre as forças da direita e esquerda:

 Os nacionalistas foram apoiados com armamento(aviação) e homens por parte


da Alemanha e da Itália;
 Os republicanos receberam apoio da URSS, função material bélico é voluntários
o que integraram as brigadas internacionais.
A Guerra Civil Espanhola foi um tubo de ensaio para o armamento utilizado na
Segunda Guerra Mundial.
3.2.1 A Aliança contra o Imperialismo do Eixo Nazi-Fascista
É França e a Inglaterra, perante a crescente ameaça de uma Alemanha remilitarizda,
pprocuraram levar a cabo uma política de “apaziguamento”. foi com base nesta
política que a Alemanha não encontrou Qualquer hostilidade por parte da França e da
Inglaterra, quando procedeu às suas anexacoes. é 1 de setembro de 1939 Hitler tinha
invadido a Polônia, tornando-se evidente que essa política não tinha sido e ficar para
travar o conflito. deste modo, estava em andamento o segundo conflito europeu
rapidamente se tornou mundial.

3.2.2 A Mundialização do conflito

Fases Características
Primeira fase (1939-1941)  Avanço rápido das tropas do Eixo(blitzkrieg ou guerra-
relâmpago);
 A Alemanha e a Itália conquistaram grande parte da
Europa;
 A Batalha de Inglaterra(1940) marca o inico da ofensiva
alema sobre a Grã-Bretanha;
 O Japão atacou a frota americana em Pearl Harbor(1941);
 Os EUA entraram na guerra;
 O conflito foi alargado às Filipinas e à Birmânia;
Segunda fase (1942-1943)  Viragem d curso de guerra com as primeiras vitorias
aliadas;
 Vitória dos americanos sobre os japoneses na Batalha do
Midway(1942);
 Vitória dos ingleses sobre os alemães na Batalha de El-
Alamein (1942);
 Vitória dos americanos sobre os japoneses na Batalha de
Guadalcanal(1943);
 Vitória dos russos sobre os alemães na Batalha de
Estalinegrado (1943);
Terceira Fase (1943-1945)  Desembarque dos Aliados na Sicília e capitulação da Itália
(1943);
 Início da libertação da Europa de leste pelos sovieticos;
 Desembarque dos Aliados na Normandia (Dia D – 1944);
 Capitulação da Alemanha (1945);
 Rendição do Japão, depois do lancamento das bombas
atómicas (1945);
A Segunda Guerra Mundial foi um dos mais devastadores acontecimentos da História,
Causando o número exorbitantes dos mortos e que envolveu as principais potências
mundiais. Esta divide-se em três fases:

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