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SUMÁRIO
DIREITO PENAL...............................................................................................................................................5
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NFPSS PARTE II | MPMG
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No NFPSS, selecionamos alguns temas que, após estudo da banca, acreditamos que tenham mais
chances de ser cobrados em nossa prova. Aqui vale fazer um combinado, caso vocês não consigam ler todo
nosso NFPSS, procure pelas #APOSTACICLOS E #OEXAMINADORAMA, assim verão os temas que têm maior
incidência de cair na sua prova objetiva.
VAMOS JUNTOS!
DIREITO PENAL1
1. Abolicionismo e direito penal mínimo. 2. Fundamentos e limitações do direito de punir. 3. Princípios penais
fundamentais. 4. Escolas Penais. 5. Teoria da Norma. 6. Interpretação e integração da lei penal. 7. Âmbito
de validez temporal e espacial de lei penal. 8. Aplicação da lei penal. 9. Conflito aparente de normas.
Já iniciamos com uma #APOSTACICLOS, pois todos os 03 examinadores do grupo II possuem relação com esses
temas, que, a rigor, vieram de maneira expressa no edital.
Vamos diferenciar? Isso pede uma tabela!
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Por Jéssica Neves
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Princípios Penais é aquele tema introdutório, e , doutrinário, que a gente já viu mil vezes. Então, se você já tem
uma boa bagagem nesse tema, pula para o próximo ponto.
• Princípio da insignificância ou bagatela: o Direito Penal não deve se ocupar de condutas insignificantes,
incapazes de lesar ou pelo menos de colocar em perigo o bem jurídico protegido pela lei penal.
Requisitos consagrados pelo STF (M I R A):
a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) ausência de periculosidade social da ação; c)reduzido grau
de reprovabilidade do comportamento do agente; d) inexpressividade da lesão jurídica causada.
#SELIGA - Pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
#NÃOCONFUNDA #SELIGANATABELA:
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#SURRADEJURIS
Princípio da insignificância e descaminho: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e
de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/02/2018 (recurso repetitivo).STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info
898).
Tributos federais: Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes
tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002,
devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo. STJ. 5ª Turma. AgRg-
HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020
Princípio da insignificância e contrabando: O princípio da insignificância não é aplicável ao delito de
contrabando, tipificado no art. 334-A do Código Penal, em face da natureza proibida da mercadoria importada
ou exportada. Este crime não tem natureza tributária.
Em regra, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não admite a incidência do princípio da insignificância
aos delitos de contrabando de medicamentos. Em hipóteses excepcionais, contudo, a orientação desta Casa
permite o reconhecimento da infração bagatelar se a quantidade apreendida é pequena e destinada ao consumo
próprio, como considerou o acórdão recorrido. Isso ocorre tendo em vista a falta de lesão ou perigo de lesão ao
bem juridicamente tutelado pela norma penal incriminadora, sob o ponto de vista da tipicidade material. STJ.
6ª Turma. AgRg-REsp 1.724.405/RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 18/10/2018
Princípio da insignificância e furto:
Furto simples: É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de um
carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes criminais
por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).
Furto noturno: É possível a aplicação do princípio da insignificância em face de réu reincidente e realizado no
período noturno. Na espécie, trata-se de furto de R$ 4,15 em moedas, uma garrafa pequena de refrigerante,
duas garrafas de 600 ml de cerveja e uma de 1 litro de pinga, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC
181389/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/04/2020 (Info 973)
Furto qualificado: Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando
presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida A despeito da presença de qualificadora no
crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise
conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a
aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553.872 - SP, Rel. Min.Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 11/02/2020 (Info 665)
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Conclusão: Em regra, o STF e o STJ afastam a aplicação do princípio da insignificância aos acusados
reincidentes ou de habitualidade delitiva comprovada.
▪ Vale ressaltar, no entanto, que a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a
insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto (STF. Plenário. HC 123108/MG, HC
123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015; STJ. 5ª Turma EDcl-AgRg-AREsp
1.631.639- SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 19/05/2020)
Assim, de acordo com o caso concreto, é possível sim aplicar a insignificância mesmo para réus reincidentes.
INSIGNIFICÂNCIA X PROPORCIONALIDADE
▪ A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz
dos elementos do caso concreto.
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal
ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem
furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas
utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no
princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).
▪ Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material.
Em outras palavras, o agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a
insignificância do bem subtraído, mas, como o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez de absolvê-lo,
o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos. Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado,
mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de direitos.
STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/8/2018 (Info 913).
Princípio da insignificância e transmissão clandestina de internet: Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da
insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato
típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
Princípio da insignificância e crimes contra administração pública: Súmula 599-STJ: O princípio da
insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
Princípio da insignificância e apropriação indébita Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de
apropriação indébita previdenciária. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de
apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, independentemente do
valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é
elevado o grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual.
1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min.
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Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 22/05/2019.
Princípio da insignificância e Violência doméstica: Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância
nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Princípio da insignificância e Crimes contra a fé pública: Ainda que seja apenas uma nota e de pequeno valor,
não se aplica o princípio por tratar-se de delito contra a fé pública, havendo interesse estatal na sua repressão.
O bem violado é a fé pública, a qual é um bem intangível e que corresponde à confiança que a
população deposita em sua moeda, não se tratando, assim, da simples análise do valor material por ela
representado. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 558.790/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
15/10/2015.
Não se aplica o princípio da insignificância para crimes contra a fé pública, como é o caso do delito de falsificação
de documento público. STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014.
Posse ou porte de munição de arma de fogo: A apreensão da munição desacompanhada de arma de fogo é, em
princípio, conduta típica, que preenche não apenas a tipicidade formal mas também a material, uma vez que o
tipo penal visa à proteção da incolumidade pública, não sendo suficiente a mera proteção à incolumidade
pessoal.
Assim, a posse de munição, mesmo desacompanhada de arma apta a deflagrá-la, continua a preencher a
tipicidade penal, não podendo ser considerada atípica a conduta.
No entanto, a jurisprudência passou a admitir a incidência do princípio da insignificância quando se tratar de
posse de pequena quantidade de munição, desacompanhada de armamento capaz de deflagrá-la, uma vez que
ambas as circunstâncias conjugadas denotam a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Vale ressaltar, contudo, que a possibilidade de incidência do princípio da insignificância não pode levar à
situação de proteção deficiente ao bem jurídico tutelado. Portanto, não se deve abrir muito o espectro de sua
incidência, que deve se dar apenas quando efetivamente mínima a quantidade de munição apreendida, em
conjunto com as circunstâncias do caso concreto, a denotar a inexpressividade da lesão.
STJ. 5ª Turma. HC 484.121/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/05/2019.
- Continuação Princípios
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
Previsto no art. 5.º, XXXIX, da Constituição Federal, no art. 1º do Código Penal e no
art. 9º da Convenção Americana de Direitos Humanos.
LEI ESTRITA (princípio da reserva legal): A infração penal só pode ser criada por lei
em sentido estrito, ou seja, lei ordinária ou complementar. Proíbe-se a utilização da
analogia para criar tipo incriminador.
PRINCÍPIO DA
Princípio da reserva legal: Em regra, é vedada a edição de medidas provisórias sobre
LEGALIDADE
matéria relativa a Direito Penal (CF, art. 62, § l.°, I, alínea b), seja ela prejudicial ou
mesmo favorável ao réu.
#SELIGA - o Supremo Tribunal Federal historicamente firmou jurisprudência no
sentido de que as medidas provisórias podem ser utilizadas na esfera penal, desde
que benéficas ao agente.
LEI ESCRITA: Só a lei escrita pode criar crime e cominar sanções. Em outras palavras,
é proibido o costume incriminador. #SELIGANOSINÔNIMO: os costumes contrários
às leis são chamados de DESUETUDO.
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Regra Probatória (In dubio pro reo): recai sobre a acusação o ônus de
PRINCÍPIO DA comprovar a culpabilidade do acusado, além de qualquer dúvida razoável, e
PRESUNÇÃO DE não deste de provar sua inocência.
INOCÊNCIA Regra de tratamento: a privação cautelar da liberdade de locomoção,
sempre qualificada pela nota da excepcionalidade, somente se justifica em
hipóteses estritas. Em outras palavras, a regra é que o acusado permaneça
em liberdade durante o processo; a imposição de medidas cautelares
pessoais (v.g., prisão preventiva ou cautelares diversas da prisão) é a
exceção.
PRINCÍPIO DA Para que a sanção penal cumpra a sua função, deve se ajustar à relevância do bem
PROPORCIONALIDADE jurídico tutelado, sem desconsiderar as condições pessoais do agente.
Previsto no art. 5º XLV, da CF, segundo o qual “nenhuma pena passará da pessoa do
PRINCÍPIO DA
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
PESSOALIDADE/
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
INTRANSCENDÊNCIA
até o limite do valor do patrimônio transferido”.
Possui três significados:
PROCESSUAL: Ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime.
MATERIAL: Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do
mesmo fato.
EXECUCIONAL: Ninguém pode ser executado duas vezes por condenações
PRINCÍPIO DA
relacionadas ao mesmo fato.
VEDAÇÃO DO BIS IN
IDEM
#SELIGA: Os Tribunais Superiores ampliam a aplicação do princípio, de modo que
uma mesma circunstância não pode ser valorada negativamente, mais de uma vez,
em desfavor do réu.
Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
GARANTISMO: #APOSTACICLOS
GARANTISMO PENAL
Luigi Ferrajoli, jurista e professor italiano, foi o grande responsável pela criação da teoria. Na obra “Teoria do
Garantismo Penal” (1989), o autor, a partir de heranças do Movimento iluminista, levantou um vasto e
durável debate sobre a importância da proteção das garantias do cidadão e utilizou o campo penal para
demonstrar a tensão existente entre liberdades e poder.
O garantismo pode ser entendido, segundo a teoria de Ferrajoli, como uma corrente jurídica que prega o
respeito máximo aos direitos fundamentais e às garantias processuais, a fim de coibir arbitrariedades
judiciais e assim, proteger os indivíduos e os réus. A teoria representa um instrumento de proteção dos
direitos fundamentais e contra penas arbitrárias, e que busca, ao mesmo tempo, minimizar a violência na
sociedade.
GARANTISMO NEGATIVO GARANTISMO POSITIVO
Visa frear o poder punitivo do Estado, ou seja, refere- Visa fomentar a eficiente intervenção estatal, ou seja,
se à proibição de excesso. Trata-se de um modelo refere-se à proibição da intervenção estatal
normativo que obedece à estrita legalidade voltado a insuficiente (deficiente), bem como evitar a
minimizar a violência e maximizar a liberdade, impunidade. Assegura a proteção aos bens jurídicos
impondo limites à função punitiva do Estado. de alta relevância social.
#SELIGA: O garantismo penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não
permitindo violações arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de
outros bens jurídicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da
proporcionalidade, incluindo a proibição do excesso (übermassverbot) e a proibição da proteção deficiente
(proibição da ineficiência, proibição da proteção insuficiente e untermassverbot).
Eu sei que você já tá querendo pular todos esses assuntos (rsrsrs). Mas calma aí, vamos revisar? Porque eles são
#APOSTACICLOS
#NÃOCONFUNDA
Intepretação extensiva Interpretação Analógica Analogia
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o caso
concreto concreto concreto
Amplia-se o alcance da palavra Exemplos seguidos de Cria-se nova norma a partir de outra
encerramento genérico apenas quando favorável ao réu.
Por se tratar de mera atividade Ex.: Art. 121, §2º, I e III: mediante Analogia in malam partem (aplica-se
interpretativa, buscando o paga ou promessa de ao caso omisso uma lei maléfica ao
efetivo alcance da lei, é possível recompensa (exemplos), ou por réu) - não é admitida no Direito
a sua utilização até mesmo em outro motivo torpe (fórmula Penal, em homenagem ao princípio
relação àquelas de natureza genérica de encerramento) da reserva legal.2
incriminadora. Exemplo: o art.
159 do Código Penal, legalmente Analogia in bonam partem (aplica ao
definido como extorsão mediante caso omisso uma lei favorável ao réu)
sequestro, que também abrange - é possível no Direito Penal, exceto
a extorsão mediante cárcere às leis excepcionais, que não
privado. admitem analogia, por seu caráter
extraordinário.
▪ Três são os princípios fundamentais válidos para resolver o conflito aparente de normas: (I) especialidade;
(II) subsidiariedade e (III) consunção.
2
STF declarou a atipicidade da conduta do agente que furta sinal de TV a cabo, asseverando ser impossível a analogia (in
malam partem) com o crime de furto de energia elétrica.
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ˣ #LINKMENTAL - Denomina-se dolo cumulativo: quando o agente pretende alcançar inicialmente apenas um resultado, e,
ao fazê-lo, passa a agir para provocar outro resultado em sequência (caso de progressão criminosa – substituição do dolo).
impuníveis o crime principal e os demais são consequências naturais, no sentido de que o desrespeito de uma
lei tem por resultado normal a posterior violação da outra.
Nesses termos, o agente que mata alguém e depois destrói o cadáver deve suportar a responsabilização
do crime de homicídio em concurso com o de destruição de cadáver, tipificado no art. 211 do Código Penal.
Cuida-se de conexão consequencial, e não de post factum impunível, haja vista não ser a violação do
mencionado tipo penal consequência normal da prática do crime contra a vida.
Por seu turno, o sujeito que falsifica documento público e depois dele faz uso somente responde pelo
crime de falso material, pois o delito tipificado no art. 304 do Código Penal é corolário lógico do previsto no art.
297 do citado diploma legal.
Não se deve, portanto, equiparar as situações. A forma de interpretação é bastante diversa, justificando
a distinção no tocante ao tratamento penal dispensado.
Súmula nº 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade de lesiva, é por este
absorvido.
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS: Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo
explícito e pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela internet,
esses arquivos para outra pessoa, esse indivíduo terá praticado dois crimes ou haverá consunção e ele
responderá por apenas um dos delitos? Em regra, não há automática consunção quando ocorrem
armazenamento e compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o cometimento de
um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela prática do outro. No entanto, é possível a absorção a
depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas guardem, entre si, uma relação de meio e
fim estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de
fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente autônomo, sem relação de
subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos, em concurso material. A distinção se dá em cada
caso, de acordo com suas especificidades. STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 04/02/2020 (Info 666).
10. Evolução histórica da teoria do crime. 11.Conceito de crime. 12. Os principais sistemas da teoria do delito:
sistemas causais e finalista; teoria social da ação; funcionalismos teleológico e sistêmico. 13. Teoria da
conduta: Ação e Omissão.
#APOSTACICLOS – Concentração máxima, guerreir@s! Chegamos naquele ponto que é parada obrigatória. A
parte da teoria do crime, como um todo, é assunto queridinho nas provas do MPMG, sem contar que
encontramos várias afinidades dos examinadores por aqui.
Só vem!!!
11.CONCEITO DE CRIME
SISTEMA CLÁSSICO
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
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CAUSALISMO
CRIME É ato voluntário contrário ao direito, culpável e sancionado com uma pena
ESTRUTURA DO
Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade
CRIME
A ação integra o fato típico e é definida como movimento corporal voluntário que causa
FATO TÍPICO modificação no mundo exterior. É elemento objetivo, não admitindo qualquer
valoração
Elemento objetivo. É a conduta típica sobre a qual não incide nenhuma causa de
ANTIJURIDICIDADE
justificação (valoração objetiva de um fato natural)
Elemento subjetivo. Constituída por dolo e culpa (suas espécies), além da
CULPABILIDADE
imputabilidade (culpabilidade psicológica – valoração psicológica do autor do fato)
A teoria clássica não distingue a conduta dolosa da conduta culposa, pois ambas são
analisadas objetivamente, uma vez que não se faz nenhuma indagação sobre a relação
psíquica do agente para com o resultado.
Da mesma forma, não explica de modo idôneo os crimes omissivos próprios, nem os
CRÍTICAS
formais, nem os de mera conduta.
Ainda, não convence no que diz respeito aos crimes tentados, pois em todos eles não
há resultado naturalístico apto a possibilitar a fotografia do delito.
Existia a figura do dolus malus, que compreendia a vontade e a consciência do ilícito.
NEOKANTISMO
CRIME Adota o conceito de delito do naturalismo, agregando ao tipo dados valorativos.
ESTRUTURA DO
Fato típico + antijuridicidade + culpabilidade
CRIME
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#ALERTA #LINKMENTAL – Segundo Rogério Sanchez (2020, p. 241)3 o dolo, na teoria causalista, é puramente
psicológico, composto por consciência e vontade, pois a consciência da ilicitude ainda não o integra. É somente
na teoria neokantista que o dolo normativo se consolida por meio da inserção da consciência atual da
ilicitude (elemento normativo do dolo).
SISTEMA FINALISTA
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
▪ Conduta - dolo e culpa (o
dolo é natural, pois não ▪ Imputabilidade
contém a consciência da ▪ Relação de contrariedade ▪ Potencial consciência da
ilicitude); entre o fato e o direito ilicitude
▪ Resultado naturalístico; ▪ Exigibilidade de conduta
▪ Relação de causalidade; diversa
▪ Tipicidade.
#OLHAOGANCHO – DOLO
▪ Ao se destacar da consciência da ilicitude, alotada como elemento próprio na culpabilidade, o dolo perde o
seu elemento normativo. Por este motivo é que, no finalismo, o dolo é natural (despido de valoração), é o dolos
bonus. Tal dolo, livre da consciência da ilicitude, é chamado de dolo natural, incolor ou avalorado.
▪ Já o dolo, revestido da consciência da ilicitude do fato, era chamado de dolo normativo, também conhecido
como dolo colorido ou valorado.
Em síntese, o dolo normativo está umbilicalmente ligado ao sistema penal clássico, ao passo que o dolo
natural se vincula ao sistema finalista.
FINALISMO
É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade, antijurídico e
CRIME
reprovável.
ESTRUTURA DO
Fato típico + antijuridicidade + culpabilidade
CRIME
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CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts. 121 ao 361). 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
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A ação deixa de ser concebida como mero processo causal (mero movimento corporal,
FATO TÍPICO cego) para ser enfocada como exercício de uma atividade finalista (exercício vidente).
O dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico.
Contrariedade do fato a todo o ordenamento jurídico (desvalor da conduta – análise
ANTIJURIDICIDADE
subjetiva)
Passa a ser normativa pura (a culpabilidade é considerada vazia, pois foi esvaziada em
relação aos elementos psicológicos - dolo e culpa - sendo integrada apenas por
CULPABILIDADE
substratos normativos) - Teoria normativa pura da culpabilidade.
Acrescida de potencial consciência da ilicitude
A finalidade não explica os crimes culposos (sendo frágil também nos crimes omissivos);
CRÍTICAS
a teoria se centralizou no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado.
FUNCIONALISMO
FUNCIONALISMO
Conduta aparece como comportamento humano voluntário, causador de relevante e
MODERADO
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal
(ROXIN)
FUNCIONALISMO Conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável,
RADICAL (JAKOBS) violador do sistema, frustrando as expectativas normativas
#APROFUNDAPROFA - Consoante síntese de Luiz Régis Prado, duas teorias da ação foram desenvolvidas à luz
do funcionalismo: a teoria personalista da ação (“ação é exteriorização da personalidade humana”) e a
teoria da evitabilidade individual (“ação é realização de resultado individualmente evitável”).
FUNCIONALISMO
▪ Também chamado pós-finalismo.
▪ Pretendia-se abandonar o tecnicismo jurídico no enfoque da adequação típica, possibilitando ao tipo
penal desempenhar sua efetiva função de mantenedor da paz social e aplicador da política criminal.
▪ O funcionalismo penal questiona a validade do conceito de conduta desenvolvido pelos sistemas
clássico e finalista. E, ao conceber o Direito como regulador da sociedade, delimita o âmbito das
expectativas normativas de conduta, vinculando-se à teoria da imputação objetiva.
▪ Busca-se o desempenho pelo Direito Penal de sua tarefa primordial, qual seja, possibilitar o adequado
funcionamento da sociedade. Isso é mais importante do que seguir à risca a letra fria da lei, sem
desconsiderá-la totalmente, sob pena de autorizar o arbítrio da atuação jurisdicional. No entanto, essa
mitigação do texto legal encontra limites e, neste ponto, o funcionalismo apresenta duas concepções:
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■ Teoria funcionalista da culpabilidade, a qual propõe uma expansão do conceito de culpabilidade para uma
ideia de responsabilidade; resultando daí que aquela, como condição indispensável para imposição da pena,
deve aliar-se a necessidades preventivas da sanção penal (a culpabilidade e as exigências de prevenção limitam-
se reciprocamente, e alguém só será penalmente responsável se ambas concorrerem simultaneamente).
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Esse conceito funcional de culpabilidade já foi aplicado em nossa jurisprudência, com a denominação de
“bagatela imprópria”. Veja-se este exemplo: “Tratando-se de crimes cujas consequências foram ínfimas,
praticados por agente impelido pelo vício em álcool/entorpecentes, hoje recuperado, aplica-se o princípio da
‘bagatela imprópria’, sendo desnecessária a imposição da pena, mormente por se tratar de réu primário e a
única vítima, sua atual companheira, não desejar a condenação dele. A situação atual do casal em questão
sobrepõe-se à necessidade de apenamento do acusado supostamente reinserido no seio social. Impingir a ele
reprimenda corporal seria contrariar a função social da pena” (TJMS, 2ª Turma Criminal, Rel. Des. Romero Osme
Dias Lopes, julgado em 20.07.2009
TEORIAS DA TIPICIDADE:
INDEPENDÊNCIA (BELING): não há ligação do fato típico com a ilicitude e com a culpabilidade. O tipo
descreve apenas o acontecimento objetivo, sem qualquer valoração. TIPO AVALORADO, ACROMÁTICO
– tipo sem juízo de valor, independente da ilicitude;
CARÁTER INDICIÁRIO/"RATIO COGNOSCENDI" (MAYER): ocorrendo o fato típico há um indício de
ilicitude, que poderá ser afastada se ocorrer alguma de suas excludentes (legítima defesa, estado de
necessidade etc.) É a concepção adotada pelo nosso Código Penal. Introdução de elementos valorativos
no tipo. Causa inversão do ônus da prova quanto às causas de excludente da ilicitude.
ESSÊNCIA/"RATIO ESSENDI"/IDENTIDADE (MEZGER): todas as condutas típicas são ilícitas. Tipicidade e
ilicitude não são institutos distintos. Tipo penal é transformado em tipo injusto.
Teoria dos elementos negativos do tipo (ilicitude sem autonomia): tipo total do injusto - partindo da
mesma premissa da teoria da "ratio essendi"', todas as condutas típicas são ilícitas. No entanto, para
essa teoria, as causas de exclusão da ilicitude integram a tipicidade. Assim, para um fato ser típico, não
deve estar presente nenhuma causa de exclusão da ilicitude. Ex.: se o agente mata alguém em legítima
defesa não haveria sequer a tipicidade. Crime é tipo total do injusto + culpabilidade.
Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni): tipicidade legal + antinormatividade.
#SELIGANOSTERMOS: O tipo normal é constituído apenas por elementos de ordem objetiva. O tipo anormal,
por sua vez, é constituído por elementos subjetivos e/ou normativos. Tipo penal incompleto: o instituto da
tentativa também é conhecido como crime imperfeito, conatus, tipo manco, truncado, carente ou imperfeito.
O tipo será congruente ou simétrico quando apresentar simetria entre os elementos objetivos e subjetivos;
Tipo incongruente: os tipos penais que descrevem crimes formais são chamados de incongruentes, “uma vez
que neles há um descompasso entre a finalidade pretendida pelo agente (quer receber o resgate) e a exigência
típica (o tipo se contenta com a mera realização do sequestro com essa finalidade).”
São hipóteses de tipo incongruente o crime formal, o crime tentado e o crime preterdoloso.
CONDUTA
• Omissão penalmente relevante – O Código Penal (13, § 2°) adotou a TEORIA NORMATIVA, segundo a qual, a
omissão é um indiferente penal, pois o nada não produz efeitos jurídicos. Contudo, aceita a responsabilização
do omitente pela produção do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma norma, o dever jurídico de
agir. Não é suficiente o dever de agir. É necessário que tenha se omitido quando devia e podia agir de forma a
impedir o resultado.
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Dever de agir decorre do próprio tipo legal. Dever de agir (e evitar resultado) decorre de
Basta a não realização da conduta valiosa. cláusula geral (art. 13, §2º, CP).
RESULTADO
▪ O resultado naturalístico ou material consiste na modificação no mundo exterior provocada pela conduta.
Trata-se de um evento que só se faz necessário em crimes materiais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva
a conduta e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para efeito de consumação.
▪ O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela
norma penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou implicitamente, algum resultado, pois não há
delito sem que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem penalmente protegido.
A doutrina moderna dá preferência ao exame do resultado jurídico. Este constitui elemento implícito de
todo fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na noção de tipicidade material.
1ª Corrente 2ª Corrente
Entende que o resultado Naturalístico Normativo
que integra o fato típico é o
É necessário separar os elementos do Influenciada pelo funcionalismo,
Consequências fato típico para os crimes materiais e essa corrente, mais moderna,
não materiais: entende que:
(A) Crimes (B) Crimes não- (A) Para a (B) Todavia, no
materiais: o fato materiais: o fato tipicidade momento de se
típico tem 4 típico tem só 2 formal analisar a
elementos: elementos: interessa o tipicidade
resultado material,
▪ conduta; ▪ conduta; e naturalístico. observa-se o
▪ resultado; ▪ tipicidade. resultado
▪ nexo causal; e (os crimes formais normativo.
▪ tipicidade. e mera conduta O fato típico será sempre
dispensam o composto de: conduta, nexo,
resultado tipicidade e resultado (todo crime
naturalístico). sempre tem resultado normativo).
#REVISAQUEPASSA #OLHAOGANCHO
A tipicidade, elemento do fato típico, divide-se em formal e material.
▪ Tipicidade formal é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo
descrito pelo tipo penal (“adequação ao catálogo”).
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É a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo agente encontra correspondência em uma conduta
prevista em lei como crime ou contravenção penal.
▪ De seu turno, tipicidade material (ou substancial) é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente
tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.
A tipicidade material relaciona-se intimamente com o princípio da ofensividade (ou lesividade) do Direito Penal,
pois nem todas as condutas que se encaixam nos modelos abstratos e sintéticos de crimes (tipicidade formal)
acarretam dano ou perigo ao bem jurídico. É o que se dá, a título ilustrativo, nas hipóteses de incidência do
princípio da insignificância, nas quais, nada obstante a tipicidade formal, não se verifica a tipicidade material.
14. Teoria do tipo Penal. 15. Tipos dolosos e tipos culposos. 16. Relação de causalidade. Teorias da relevância
e da adequação. Teoria da condição INUS. 17. Teoria da imputação objetiva. Teorias da elevação do risco e
do fim de proteção da norma. 18. Ilicitude e causas de exclusão. 19. Culpabilidade e suas dirimentes.
RESPIRA FUNDO, GALERA!!! Quem viu o Quebrando a banca ou acompanhou os materiais, sabe que esse ponto
aqui é #APOSTACICLOS na certa!
Então vamos juntos revisar!
(Obs.: Se você acabou de ver o QB, ou se ainda não viu e quiser dar um pulinho lá, segue para o próximo ponto).
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
• Regra - O art. 13 do Código Penal acolheu como regra a teoria da equivalência das condições, ou da
conditio sine qua non, sendo considerada causa a condição sem a qual o resultado não teria ocorrido, o que
limita a amplitude do conceito de causa com a superveniência de causa independente.
- Causa, pois, é todo o comportamento humano, comissivo ou omissivo, que de qualquer modo concorreu para
a produção do resultado naturalístico. Pouco importa o grau de contribuição. Basta que tenha contribuído para
o resultado material, na forma e quando ocorreu.
- Não há diferença entre causa, condição (fator que autoriza à causa a produção de seu efeito) ou ocasião
(circunstância acidental que estimula favoravelmente a produção da causa).
• Excepcionalmente, o Código Penal adota, no § l.° do art. 13, a teoria da causalidade adequada.
Considera causa a pessoa, fato ou circunstância que, além de praticar um antecedente indispensável à produção
do resultado, realize uma atividade adequada à sua concretização.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS Origem: Foi criada por Glaser,13 e posteriormente desenvolvida por Von
ANTECEDENTES Buri e Stuart Mill, em 1873.
(teoria da equivalência das
condições, teoria da condição ▪ Para essa teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não
simples, teoria da condição teria ocorrido, quando ocorreu e como ocorreu.
generalizadora, teoria da conditio ▪ Sabendo que antecedendo um resultado temos inúmeros fatos,
sine qua non) como saber quais são ou não causas do evento? Deve-se somar à teoria
da conditio sine qua non o método ou teoria da eliminação hipotética
dos antecedentes causais. Idealizado pelo professor sueco Thyrén, em
1894, este método é empregado no campo mental da suposição ou da
cogitação: causa é todo fato que, suprimido mentalmente, faria com que
o resultado não ocorresse como ocorreu ou no momento em que
ocorreu.
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Conclusão: a causalidade objetiva não é suficiente para se chegar à imputação do crime, de modo que,
dentro da perspectiva do finalismo, é indispensável perquirir a causalidade psíquica, indagando-se se o
agente agiu com dolo ou culpa para a produção do resultado delituoso.
Concausas
Assim, identificados quais antecedentes podem figurar como causa dentro de uma linha de eventos que se
sucedem, nota-se que, no caso concreto, é possível que haja mais de uma causa concorrendo para o resultado
(concausas). Em outras palavras, concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da
conduta e que influi na produção do resultado naturalístico por ele desejado.
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A causa efetiva é um evento previsível, ainda que A causa adequada é aferida de acordo com o juízo do
não previsto (não sai da linha da normalidade). homem médio e com a experiência comum.
Pouco importa o grau de contribuição. Basta que Não basta contribuir de qualquer modo para resultado:
tenha contribuído para o resultado material, na a contribuição deve ser eficaz.
forma e quando ocorreu.
Ex.: “A” atira para matar “B”, que é socorrido, mas (1) pessoa atingida por disparos de arma de fogo que,
morre em razão de erro médico. “A” responde por internada em um hospital, falece não em razão dos
crime consumado. ferimentos, e sim queimada por um incêndio que
destrói toda a área dos enfermos;
(2) ferido que morre durante o trajeto para o hospital,
em face de acidente de tráfego que atinge a ambulância
que o transportava.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
• ESTADO DE NECESSIDADE – Requisitos: (A) Perigo atual: O estado de necessidade, quanto a existência
do perigo, é classificado em: real, quando asituaçâo de perigo efetivamente existe (exclui a ilicitude);
putativo, quando o sujeito atua em face de perigo imaginário (não exclui a ilicitude -descriminastes
putativas); (B) Que a situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente; (C)
Salvar direito próprio ou alheio; (D) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo; (E) Inevitabilidade
do comportamento lesivo: É preciso que o único meio para salvar o direito próprio ou de terceiro seja
o cometimento do fato lesivo, sacrificando-se bem jurídico alheio. Quanto ao terceiro que sofre a
ofensa, o estado de necessidade classifica-se em: defensivo, quando o agente, ao agir em estado de
necessidade, sacrifica bem jurídico do próprio causador do perigo; e agressivo, quando o bem sacrificado
é de terceiro que não criou ou participou da situação de perigo. (F) Inexigibilidade de sacrificio do
interesse ameaçado (G) Conhecimento da situação de fato justificante.
Ao contrário, a Teoria diferenciadora, afirma que, se o bem salvo for mais importante que sacrificado
(ex.: salvar a vida e danificar patrimônio alheio), exclui-se a ilicitude (“estado de necessidade
justificante”), ao passo que, se os bens em conflito forem equivalentes (ex.: salvar a própria vida em
detrimento da vida alheia), afasta-se a culpabilidade (“estado de necessidade exculpante”);
• Estado de necessidade justificante X estado de necessidade exculpante – o primeiro exclui a
ilicitude; o segundo, a culpabilidade.
• O estado de necessidade exculpante é compatível apenas com a teoria diferenciadora, que não foi
adotada pelo Código Penal, mas encontra amparo no art. 39 do Código Penal Militar.
• LEGÍTIMA DEFESA – requisitos: a) agressão injusta (pode emanar de um inimputável; pode ser dolosa
ou culposa); b) atual ou iminente; c) uso moderado dos meios necessários; d) salvar direito próprio ou
alheio; e e) conhecimento das circunstância da situação de fato justificante de sua atuação.
e) Elemento subjetivo - conhecimento da situação justificante - Constitui requisito fundamental para
a existência da excludente. O agente deve ter total conhecimento da existência da situação justificante
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para que seja por ela beneficiado. A legítima defesa deve ser objetivamente necessária e subjetivamente
orientada pela vontade de defender-se.
#NOVIDADELEGISLATIVA #PACOTEANTICRIME: A Lei 13.964/2019, também conhecida como “Pacote Anticrime”,
acrescentou o parágrafo único no art. 25 do Código Penal, com a seguinte redação:
Art.25, Parágrafo único: “Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes”.
(Como "agente de segurança pública”, destinatário desta norma, incluem-se os agentes públicos indicados no
art. 144 da Constituição Federal.)
#NÃOCONFUNDA:
• É perfeitamente admissível estado de necessidade recíproco, que ocorre quando duas ou mais pessoas
estejam, simultaneamente, em estado de necessidade, umas contra as outras. Ex.: Dois náufragos disputam
uma tábua, que só servirá a um deles.
• Não é cabível Legítima defesa real recíproca (legítima defesa real contra legítima defesa real), pois o
pressuposto da legítima defesa é a existência de uma agressão injusta. E, se a agressão de um dos envolvidos
é injusta, automaticamente a reação do outro será justa.
• O que não se confunde com Legítima defesa sucessiva, quando alguém reage contra o excesso de legítima
defesa. É possível essa espécie legítima defesa, pois o excesso sempre representa uma agressão injusta.
Para o exercício da legítima defesa de terceiro é necessário o seu consentimento para ser protegido de uma
agressão injusta?
A resposta pode ser negativa ou positiva, dependendo da natureza do bem jurídico atacado.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO - Inicialmente, deve ser esclarecido que a sua relevância depende se
o dissentimento é ou não elementar do crime:
▪ se elementar, o consentimento exclui a tipicidade;
▪ não sendo elementar, pode servir como causa supralegal de exclusão da ilicitude.
- Na violação de domicílio (art. 150 do CP), por exemplo, o crime está estruturado precisamente no
dissentimento do proprietário ou do possuidor direto (elemento do tipo) pelo que a sua falta faz
desaparecer a própria tipicidade.
- Já no furto (art. 155 do CP), não há referência ao não consentimento do proprietário, cuidando-se de
circunstância exterior ao tipo legal. O consentimento do ofendido, renunciando a proteção legal, pode
justificar a conduta típica.
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São requisitos para que o consentimento do ofendido atue como causa supralegal de exclusão da
ilicitude: (A) O dissentimento (não consentimento) não pode integrar o tipo penal (elementar do tipo);
(B) O ofendido deve ser capaz; (C) O consentimento deve ser livre e válido; (D) O bem deve ser
DISPONÍVEL; (E) O bem deve ser próprio; (F) O consentimento deve ser prévio ou simultâneo à lesão ao
bem jurídico (A anuência posterior à consumação do crime não afasta a ilicitude); (G) O consentimento
deve ser expresso; (H) Ciência da situarão de fato que autoriza a justificante;
O agente público, no desempenho de suas atividades, é obrigado, por lei (em sentido
CONCEITO
amplo), a violar um bem jurídico, sendo amparado por excludente de ilicitude.
REQUISITO O agente deve ter conhecimento de que está praticando a conduta em face do dever
SUBJETIVO imposto por lei.
- Estrito cumprimento: Somente os atos rigorosamente necessários justificam o
comportamento permitido;
- De dever legal: É indispensável que o dever seja legal, isto é, decorra de lei, não o
caracterizando obrigações de natureza social, moral ou religiosa. A norma da qual emana
o dever tem de ser jurídica, e de caráter geral: lei, decreto, regulamento, etc. Se a norma
tiver caráter particular, de cunho administrativo, poderá configurar a obediência
REQUISITOS hierárquica (art. 22, 2ª parte, do CP), mas não o dever legal.
OBJETIVOS Obs.: trata-se de descriminante penal em branco, pois o conteúdo da norma permissiva
(dever atribuído ao agente) precisa ser complementado por outra norma jurídica.
#OBS: Não se aplica a crimes culposos, pois a lei não pode exigir que o agente atue com
negligência, imprudência ou imperícia. O caso pode se enquadrar como estado de
necessidade.
#OBS: Comunicabilidade da excludente: estende-se aos demais envolvidos. Coautores e
partícipes
O PARTICULAR
→ Corrente 1 (Mirabete): essa descriminante é exclusiva de agentes públicos,
PODE ALEGAR
abrangendo o particular somente quando no exercício da função pública. Ex.: mesário.
QUE AGIU EM
→ Corrente 2 (Flávio Monteiro de Barros): entende que particular também pode invocar
ESTRITO
essa descriminante. Ex.: advogado que se recusa a depor em juízo em virtude do sigilo
CUMPRIMENTO
profissional. Nada impede que possa ser aplicada ao cidadão comum, quando atuar sob a
DE DEVER
imposição de um dever legal.
LEGAL?
Tipicidade conglobante = tipicidade legal + antinormatividade.
TIPICIDADE Para existir tipicidade não basta violar a norma, é preciso violar o ordenamento jurídico
CONGLOBANTE como um todo. Sendo assim, o estrito cumprimento do dever legal não serve como causa
excludente da ilicitude, mas da própria tipicidade.
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CULPABILIDADE:
#SELIGANOSINÔNIMO: Dolo normativo é também chamado de dolo colorido, aquele que engloba a consciência
da ilicitude.
Teoria normativa pura da Culpabilidade: Doutrina finalista de Welzel. A ação como um movimento humano
dirigido a uma determinada finalidade. Elementos volitivos são analisados na tipicidade (dolo e culpa), o que
impede uma conduta típica sem sua configuração. O dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural. A
culpabilidade deixa de analisar elementos subjetivos, tornando-se exclusivamente normativa, formada pela
inimputabilidade, inexigibilidade de conduta diversa e potencial consciência de ilicitude. É o exercício
inadequado do livre-arbítrio. Foi a teoria adotada pelo CP. A teoria normativa pura da culpabilidade divide-
se em:
Teoria normativa extremada: para essa vertente, todas as discriminantes putativas configuram erro de
proibição indireto. Chamada também de TEORIA UNITÁRIA DO ERRO.
Teoria normativa limitada: o erro sobre as hipóteses e os limites das discriminantes putativas configuram
erro de proibição indireto, ao passo que o erro relacionado aos pressupostos fáticos que autorizam a
discriminante putativa, caracteriza-se como erro de tipo indireto ou permissivo.
A culpabilidade formal é aquela definida em abstrato, que serve ao legislador na edição da lei para cominar os
limites máximos e mínimos de pena atribuída a determinada
infração penal.
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A culpabilidade material é estabelecida no caso concreto, dirigida a um agente culpável que cometeu um fato
típico e ilícito, para a fixação da pena pelo juiz. Este viés da culpabilidade está positivado no artigo 59, caput, do
Código Penal, que permite considerar "graus de culpabilidade" do agente, análise que influenciará na pena
concretamente aplicada.
Elementos da Dirimentes
culpabilidade
Imputabilidade Doença mental
Menoridade
Desenvolvimento mental retardado
Desenvolvimento mental incompleto
Embriaguez acidental completa
Potencial consciência da ilicitude Erro de proibição inevitável (ou escusável)
Exigibilidade conduta diversa Coação moral irresistível
obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal
▪ Excludentes da potencial consciência de ilicitude: o erro de proibição inevitável, escusável ou invencível (art.
21, caput, CP). Isenta o agente de pena.
Analisa-se pela valoração paralela na esfera do profano. O que deve ser avaliado é se o agente possuía o
conhecimento do profano, diga-se, do homem leigo na sociedade (sua compreensão).
#DICA: Existe uma regra que irá ajudar no estudo de toda a teoria do crime. O estudo do crime se divide em três
grandes grupos: fato típico, ilicitude e culpabilidade. O fato é típico e ilícito. O agente é culpável. Em outras
palavras, a tipicidade e a ilicitude pertencem ao fato, e a culpabilidade, ao agente. Logo, sempre que estudarmos
o fato típico e a ilicitude, levaremos em conta a figura do homem médio, um paradigma utilizado para análise
do caso concreto (PREVISIBILIDADE OBJETIVA). Por outro lado, quando se estuda a culpabilidade, leva-se em
conta o perfil subjetivo do agente, a sua compreensão (PREVISIBILIDADE SUBJETIVA).
▪ Hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível (lembrem-se que a coação física
exclui a conduta em si, não havendo crime) e obediência hierárquica (ordem não manifestamente ilegal). Em
ambos, a consequência é a isenção de pena, por ausência de culpabilidade.
#ATENÇÃO! Causas supralegais de inexigibilidade de conduta diversa: cláusula de consciência (caso das
testemunhas de Jeová. Não pode ser garante, senão praticará crime: será chamado autor por convicção),
desobediência civil, conflito de deveres, excesso intensivo exculpante, legítima defesa preordenada diante de
uma ameaça factível (também chamada de legítima defesa potencial, mas na verdade não é legítima defesa,
pois a agressão é futura), estado de necessidade exculpante (não é adotada no ordenamento pátrio).
COCULPABILIDADE: Para Zaffaroni, pessoas com baixo nível educacional, social, cultural e econômico e
aquisitivo devem receber amenização da pena ao cometerem crimes, uma vez que o Estado teria uma parcela
de responsabilidade em vista desse indivíduo, porquanto não propiciou situação diversa. O resultado prático é
que o indivíduo, nesse caso, deve ter a pena atenuada (atenuante inominada, para parte da doutrina).
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1ª. É o abrandamento da aplicação da pena nos crimes praticados por pessoas de alto poder socioeconômico,
como é o caso da extinção da punibilidade pelo pagamento da dívida nos crimes contra a ordem tributária,
previstos na Lei 8.137/1990, quando na verdade, essas mesmas pessoas deveriam sofrer um maior rigor na
aplicação da pena, porquanto tiveram maiores oportunidades perante a sociedade.
2ª. É a criação pelo Estado de leis que incriminem as condutas passíveis de estarem sujeitas somente as pessoas
de menor capacidade socioeconômica, como é caso da vadiagem e mendicância.
▪ IMPUTABILIDADE PENAL
É um dos elementos da culpabilidade, juntamente com a inexigibilidade de conduta diversa e a potencial
consciência de ilicitude.
CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE
O Código Penal apresenta como causas de inimputabilidade:
▪ menoridade (art. 27);
▪ doença mental (art. 26, caput);
▪ desenvolvimento mental incompleto (arts. 26, caput, e 27);
▪ desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput); e
▪ embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § l.°).
Critério biológico - Em relação à menoridade (menores de 18 anos de idade) adotou-se o sistema biológico para
a constatação da inimputabilidade.
Critério biopsicológico - sob a perspectiva biopsicológica, considera-se inimputável aquele que, em razão de
sua condição mental (por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), era, ao tempo
da conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Conclusão: não basta ser portador de anomalia psíquica para ser inimputável
Embriaguez acidental (caso fortuito ou força maior): Aqui, a embriaguez decorre de caso fortuito (o sujeito
desconhece o efeito inebriante da substância que ingere) ou força maior (o sujeito é obrigado a ingerir a
substância inebriante).
Quando completa, isenta o agente de pena (art. 28, §1º , do CP);
se incompleta, não exclui a culpabilidade, mas diminui a pena (art. 28, §2º , do CP).
Note que a embriaguez, para gerar a inimputabilidade do ébrio, pressupõe os seguintes requisitos: causal
(proveniente de caso fortuito ou força maior), quantitativo (completa), cronológico (ao tempo da ação ou
omissão) e consequencial (inteira incapacidade intelectiva ou volitiva).
Embriaguez culposa: Seguindo a orientação do nosso Código Penal, a embriaguez culposa jamais exclui a
imputabilidade (art. 28, II), seja ela completa ou incompleta.
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Ciclos Método
IMPUTABILIDADE +
Embriaguez Pré-Ordenada (ART. 28, II) AGRAVANTE DE PENA
(art. 61, II, l CP)
Teoria da actio libera in causae: O Código Penal dispõe, em seu art. 28, II, que a embriaguez, voluntária ou
culposa, não exclui a imputabilidade penal. Já em relação à embriaguez preordenada, estatui em seu art. 61, II,
"l” ser essa circunstância uma agravante genérica.
Fundamenta-se no princípio segundo o qual “a causa da causa também é a causa do que foi causado´, isto é,
para aferir-se a imputabilidade penal no caso da embriaguez, despreza-se o tempo em que o crime foi praticado.
Invoca-se essa teoria, portanto, para justificar a punição do sujeito que, ao tempo da conduta, encontrava-se
em estado de inconsciência. Para evitar a responsabilidade objetiva, o agente só responderá pelo crime
praticado durante o estado de embriaguez completa se, no momento da ingestão da substância (estado anterior
de capacidade de culpabilidade), era esse crime: a) previsto e perseguido pelo agente (dolo direto); b) previsto
e o agente tenha assumido o risco de produzi-lo (dolo eventual); c) previsto, mas o agente esperava
levianamente que não iria ocorrer ou que poderia evitá-lo (culpa consciente); d) previsível (culpa inconsciente).
Inimputáveis: recebem uma sentença absolutória imprópria para cumprir medida de segurança.
Duração: prazo mínimo de 1 a 3 anos. Em relação ao prazo máximo, há divergência entre os tribunais:
O STF possui julgados afirmando que a medida de Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de
segurança deverá obedecer a um prazo máximo de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
40 anos*, estabelecendo uma analogia ao art. 75 do pena abstratamente cominada ao delito praticado.
CP, e considerando que a CF/88 veda as penas de
caráter perpétuo. Ex.: João, inimputável, pratica fato previsto como furto
simples (art. 155, caput, do CP); o juiz aplica a ele
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas medida de segurança de internação; após 4 anos
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 cumprindo medida de segurança, o magistrado deverá
(quarenta) anos. (redação dada pela Lei determinar a desinternação de João, considerando que
13.964/2019) foi atingido o máximo da pena abstratamente
§ 1º Quando o agente for condenado a penas cominada para o furto (“reclusão, de um a quatro anos,
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 e multa”).
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Ciclos Método
* o art. 75 do CP previa o prazo máximo de 30 anos de cumprimento de pena. Este dispositivo foi, contudo,
alterado pela Lei nº 13.964/2019, de sorte que o prazo passou a ser de 40 anos:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta)
(trinta) anos. anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta)
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite
atender ao limite máximo deste artigo. máximo deste artigo.
Semi-imputáveis: adota-se o sistema vicariante ou unitário (ou aplica uma pena reduzida ou uma medida de
segurança, nunca os dois). Contrapõe-se ao sistema do duplo binário.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços), se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar--se de acordo com esse entendimento.
Cuidado: a sentença endereçada ao semi-imputável responsável pela prática de um fato típico e ilícito sempre
é condenatória. A operação é realizada em três etapas:
1) juiz condena;
2) em seguida, diminui a pena de 1 (um) a 2/3 (dois terços); e
3) finalmente, se o réu necessitar de especial tratamento curativo, o magistrado substitui a pena diminuída por
medida de segurança.
DOLO #OEXAMINADORAMA
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Ciclos Método
Teoria da vontade Dolo é a vontade dirigida ao resultado (Carrara). Age dolosamente a pessoa
(Adotada pelo CP para o dolo que, tendo consciência do resultado, pratica sua conduta com a intenção
direto) de produzi-lo.
Teoria da representação Haverá dolo quando o sujeito realizar sua ação ou omissão prevendo o
resultado como certo ou provável (ainda que não o deseje) (Von Liszt e
Frank). Por essa teoria, não haveria distinção entre dolo eventual e culpa
consciente
Teoria do consentimento ou Consentir na produção do resultado é o mesmo que desejá-lo. Aquele que,
do assentimento prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente.
(Adotada pelo CP para o dolo
eventual)
▪ Espécies de dolo:
DOLO DIRETO ou Dá-se quando o sujeito quer produzir o resultado
(imediato, determinado, Subdivide-se em dolo de primeiro e segundo grau:
Intencional, incondicionado) ▪ dolo de primeiro grau é o dolo direto, hipótese em que o agente, com
consciência e vontade, persegue determinado resultado (fim desejado).
4
Cita-se o exemplo do assassino que, desejando eliminar a vida de determinada pessoa que se encontra em lugar público,
instala ali uma bomba, a qual, quando detonada, certamente matará outras pessoas ao seu redor. Mesmo que não
queira atingir essas outras vítimas, tem por evidente o resultado se a bomba explodir como planejado.
5
Tem mais: O dolo alternativo será objetivo quando a vontade indeterminada estiver relacionada como resultado, sendo a
vítima certa (atiro contra a vítima para ferir ou matar, tanto faz); será subjetivo, quando a vontade indeterminada
envolver as vítimas, mas com resultado certo (atiro contra um grupo de pessoas para matar qualquer delas).
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O dolo eventual não tem, por si só, reprovabilidade inferior ao dolo direto.
O Código Penal os colocou em idêntica posição jurídica. A pena-base será
fixada levando-se em conta as circunstâncias judiciais previstas no art. 59,
não se incluindo nesse rol a modalidade do dolo.
Dolo geral, por erro sucessivo É o erro no tocante ao meio de execução do crime, relativamente à forma
ou dolus generalis pela qual se produz o resultado inicialmente desejado pelo agente.
Ocorre quando o sujeito, acreditando já ter alcançado o resultado
almejado, pratica uma nova conduta com finalidade diversa, e ao final, se
constata que foi esta última que produziu o que se buscava desde o início.
Esse erro é irrelevante no Direito Penal, de natureza acidental, pois o que
importa é que o agente queria um resultado e o alcançou.
O dolo é geral e envolve todo o desenrolar da ação típica, do início da
execução até a consumação do delito.6
- Prevalece a corrente de que o dolo eventual é compatível como a tentativa. A 6ª turma do STJ já reconheceu
a compatibilidade entre o dolo eventual e a tentativa de homicídio em caso de acidente de trânsito.
Outras espécies:
▪ Dolo abandonado - Verifica-se o dolo abandonado nas situações de desistência voluntária e arrependimento
eficaz, em que o agente, afastando-se de seu propósito inicial, desiste de prosseguir na execução de
determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize.
▪ Dolo global ou unitário - É o dolo existente na continuidade delitiva, na qual, segundo parcela da doutrina —
que tem sido encampada pelos tribunais superiores —, o agente deve atuar baseado num plano previamente
elaborado que envolva toda a cadeia de crimes. Caso esse elemento subjetivo não esteja presente,
descaracteriza-se a continuidade, que cede lugar à habitualidade delitiva.
6
Exemplo: A” encontra seu desafeto “B” em uma ponte, oferece-lhe uma bebida, misturada com veneno. “B” ingere o
líquido e em seguida, cai ao solo, e o autor acredita estar ele morto. Com o propósito de ocultar o cadáver, “A” coloca
o corpo de “B” em um saco plástico e o lança ao mar. Encontrado o cadáver, descobre-se por exame necroscópico, que
a morte ocorreu por força de asfixia provocada por afogamento.
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#Quais as diferenças entre a culpa consciente e o dolo eventual? A culpa consciente não pode ser confundida
com o dolo eventual. Com efeito, se na culpa consciente o agente prevê o resultado e o afasta, no dolo eventual
o agente prevê o resultado e assume o risco da sua ocorrência, agindo com evidente descaso com o bem jurídico.
O atirador de elite, que prevê a possibilidade de atingir a vítima do sequestro, mas afasta a ocorrência desse
resultado por conta de sua técnica apurada, gerando o evento indesejado, responde por culpa consciente e
não dolo eventual.
20. Consumação e tentativa. 21. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 22. Crime impossível. 23.
Agravação pelo resultado. 24. Erro de tipo e erro de proibição. 25. Concurso de pessoas.
TEORIA DO ERRO:
#DICA: Para saber se um erro é essencial ou acidental, recomendo o seguinte raciocínio: se o agente fosse
avisado sobre aquele erro, ele agiria ilicitamente mesmo assim? Se sim, o erro é acidental. Por exemplo, se você
avisar ao agente que ele irá atirar, por erro, no irmão gêmeo do seu desafeto, ele corrigirá o erro e atirará no
alvo correto (agiria ilicitamente da mesma forma). Por outro lado, se não, o erro é essencial. Por exemplo, se
você avisar ao agente que ele, com a chave do seu próprio carro, está, por erro, subtraindo o carro de outrem,
ele corrigirá e irá para o seu carro, não cometendo ilícito.
▪ O erro de tipo ESSENCIAL SEMPRE EXCLUI O DOLO – recai sobre elementos constitutivos do tipo penal.
Se ESCUSÁVEL: Exclui dolo e culpa.
Se INESCUSÁVEL: Exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo.
▪ Erro de tipo ACIDENTAL – o erro recai sobre elementos subsidiários da figura penal (objeto, pessoa, nexo
causal, resultado, execução), não excluindo o crime.
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Aberratio ictus: erro acidental na execução. Art. 73, CP. Exemplo: Concorrente do sicrano decide matar
seu pai, para isso compra uma arma e espera este passar. Quando o vê, mira seu genitor, porém, por
falta de habilidade no manuseio do referido instrumento, acaba atirando em outra direção, atingindo
outra pessoa que passava na rua. O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico pretendido.
- Erro na execução com unidade complexa, com resultado duplo: é a situação descrita pelo art. 73, in fine, do
Código Penal, na qual o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmente desejada, ofende também pessoa ou
pessoas diversas.
Aberratio criminis: resultado diverso do pretendido. Art. 74, CP. Exemplo: sicrano joga uma pedra na
vidraça de seu rival, mas acaba atingindo pedestre que passava naquele momento. O agente, em razão
do erro, acaba por atingir bem jurídico diverso. O agente responde por culpa, se o fato é previsto como
crime culposo. Assim, será imputado apenas o crime de lesão corporal culposa.
ABERRATIO ICTUS (ART. 73, CP). ABERRATIO CRIMINIS (ART. 74, CP).
Espécie de erro na execução. Espécie de erro na execução.
O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem O agente em razão do erro atinge bem jurídico
jurídico, mas de pessoa diversa. diverso.
O resultado pretendido (vida) coincide com o O resultado produzido (vida) diverge do pretendido
resultado produzido (vida). (patrimônio).
#ATENÇÃO: se o resultado previsto como crime culposo for menos grave ou se o crime não tiver modalidade
culposa, deve-se desprezar a regra delineada no art. 74 do Código Penal. Exemplificativamente, se “A” efetua
disparos de arma de fogo contra “B” para matá-lo, mas não o acerta e quebra uma vidraça, a sistemática do
resultado diverso do pretendido implicaria a absorção da tentativa branca ou incruenta de homicídio pelo dano
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culposo. Como o dano não admite a modalidade culposa, a conduta seria atípica. E, ainda que o legislador tivesse
incriminado o dano culposo, tal delito não seria capaz de absorver o homicídio tentado. Deve ser imputado ao
agente, pois, o crime de tentativa de homicídio doloso.
a) Erro sobre nexo causal em sentido estrito: mediante um só ato o agente provoca o resultado pretendido,
porém com nexo diferente. Exemplo: Concorrente do sicrano atira Fulano de um penhasco, para que este morra
afogado, porém, durante a queda Fulano tem a cabeça explodida por uma rocha e morre instantaneamente.
b) Dolo geral, aberratio causae ou erro sucessivo: através da pluralidade de atos, o agente provoca o resultado
pretendido, também com nexo diferente. Exemplo: Concorrente do sicrano atira em Fulano, e supondo que este
já estava morto, resolve jogá-lo em um rio, causando a sua morte por afogamento.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
-Erro de tipo permissivo (descriminante putativa fática): o agente erra quanto aos pressupostos fáticos da causa
de exclusão da ilicitude. Isso significa que, assim como no erro de tipo essencial, não há uma correspondência
entre a realidade e o que o agente representa e o tratamento dado é o mesmo: isenção de pena (erro invencível)
ou exclusão do dolo, punindo como crime culposo por culpa imprópria, caso previsto (erro vencível).
Disciplinado pelo art. 20, § 1º, CP.
-Erro de proibição indireto: o agente erra quanto à existência ou limites da causa de exclusão da ilicitude. Assim,
o agente faz a correta representação da realidade, mas tem um equivocado entendimento acerca do direito e
recebe o mesmo tratamento dado ao erro de proibição direto: pode ser tratado como excludente da
culpabilidade (erro invencível) ou causa de diminuição de pena (erro vencível). Disciplinado pelo art. 21, CP.
#NÃOCONFUNDA
ERRO SOBRE OS PRESSUPOSTOS DE FATO DE UMA ERRO SOBRE A EXISTÊNCIA OU LIMITES DE UMA
DESCRIMINANTE DESCRIMINANTE
O agente comete o crime por ter uma falsa O agente tem plena consciência da realidade, mas se
percepção da realidade (supõe estar diante de uma equivoca quanto à existência ou aos limites de uma
agressão ou de um perigo inexistente). excludente de ilicitude e comete um crime.
De acordo com a teoria limitada da culpabilidade O erro relativo à existência ou aos limites de uma
(prevalece), o erro relativo aos pressupostos de fato descriminante é um ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO
de uma descriminante é um ERRO DE TIPO (ou descriminante putativa por erro de proibição).
PERMISSIVO.
Art. 20, § 1º, CP. É isento de pena quem, por erro Art. 21, CP. O desconhecimento da lei é inescusável. O
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
legítima. Não há isenção de pena quando o erro terço.
deriva de culpa e o fato é punível como crime Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o
culposo. agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência.
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Escusável → isenta de pena (art. 20, §1º, primeira Escusável → exclui a culpabilidade (“isenta de pena”,
parte). embora subsistam o dolo e a culpa).
Inescusável → exclui o dolo, mas permite a punição Inescusável → responde pelo crime doloso, com
por culpa (art. 20, §1º, segunda parte). redução de pena, de 1/6 a 1/3.
#RESUMINDO
Descriminante putativa Teoria limitada Teoria normativa pura
da culpabilidade da culpabilidade
Erro relativo aos pressupostos de Erro de tipo Erro de proibição
fato de uma causa de exclusão da (teoria unitária do erro)
ilicitude
Erro relativo à existência de uma Erro de proibição Erro de proibição
causa de exclusão da ilicitude
• O erro relativo à existência de uma causa de exclusão da ilicitude7 e erro relativo aos limites de uma causa de
exclusão da ilicitude8 é pacífico o entendimento de que se trata de uma modalidade de erro de proibição.
Cuida-se do denominado ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO.
• Para o erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa de exclusão da ilicitude9 a natureza jurídica da
descriminante putativa depende da teoria da culpabilidade adotada.
- Para a teoria normativa pura, em sua vertente limitada, constitui-se em erro de tipo permissivo. Surgem então
as descriminantes putativas por erro de tipo.
- De outro lado, para a teoria normativa pura, em sua variante extremada, extrema ou estrita, trata-se também
de hipótese de erro de proibição. Logo, constitui descriminante putativa por erro de proibição, com todos os
seus efeitos.
#FICADEOLHO
▪ Erro de subsunção: Sem previsão legal, o erro de subsunção ocorre quando o agente decifra
equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento. Não se confunde com erro de tipo, pois não há
falsa percepção da realidade. Também não se confunde com erro de proibição, vez que o agente sabe da
ilicitude do seu comportamento.
7
Imagine-se o sujeito que, depois de encontrar sua mulher com o amante, em flagrante adultério, mata a ambos, por crer
que assim possa agir acobertado pela legítima defesa da honra. Nessa situação, o agente errou quanto à existência
desta descriminante, não acolhida pelo ordenamento jurídico em vigor;
8
Temos como exemplo o fazendeiro que reputa adequado matar todo e qualquer posseiro que invada a sua propriedade.
Cuida-se da figura do excesso, pois a defesa da propriedade não permite esse tipo de reação desproporcional.
9
É o caso daquele que, ao encontrar seu desafeto, e notando que tal pessoa coloca a mão no bolso, saca seu revólver e o
mata. Descobre, depois, que a vítima fora acometida por cegueira, por ele desconhecida, e não poderia sequer ter
visto o seu agressor. Ausente, portanto, um dos requisitos da legítima defesa, qual seja a “agressão injusta”;
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São exemplos de erro de subsunção: (A) o agente "A" pratica a falsificação de um cheque. Ao ser interrogado,
alega que ignorava que o cheque é documento equiparado a documento público; (B) o jurado solicita vantagem
indevida ignorando a sua condição de funcionário público.
Esta espécie de erro, como alertado, não exclui dolo, tampouco a culpa do agente. Também não o isenta de
pena. Embora não haja isenção da pena, conforme a situação pode incidir a atenuante genérica do artigo
do Código Penal. Assim, nos exemplos anteriormente reproduzidos, o agente "A" responderá por falsificação de
documento público (art. 297, CP) e o jurado responderá pelo crime de corrupção passiva (art. 317, CP), com
atenuante de pena.
▪ Erro de validade: consiste em modalidade rara de erro de proibição, em que uma pessoa sabe da existência
da norma de conduta violada, mas acredita que ela se funda em lei nula ou inconstitucional. Suponha-se que
um indivíduo, informado por meio de noticiário que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a não recepção dos
dispositivos legais definidores dos crimes contra a honra na Lei de Imprensa(como de fato ocorreu), acredite ser
lícito o ataque ao bom nome alheio por meio de um jornal, desconhecendo que a conduta ainda é punida
criminalmente, mas com base no Código Penal (arts. 138 a 140); em razão dessa má compreensão do
julgamento, ofende moralmente alguém, em artigo escrito num determinado periódico. Pode-se cogitar
de erro de validade nesse caso. Advirta-se, todavia, que “deve-se ser cuidadoso no momento de se admitir
tal erro in concreto. Pois a situação jurídica raramente se encontrará tão clara a ponto de alguém estar
suficientemente seguro da nulidade (ou inconstitucionalidade) de uma lei”.
ITER CRIMINIS:
FASES DO CRIME:
1) Fase interna: Cogitação – o agente apenas imagina. A simples cogitação não é punida, pois não há ofensa ao
bem jurídico (DIREITO À PERVERSÃO #SELIGANOSINÔNIMO). Punir a cogitação significaria vulneração ao
princípio da lesividade e ao princípio da alteridade.
2) Fase externa:
Preparação: o agente pratica atos imprescindíveis à execução do crime, mas ainda não se iniciou a
agressão ao bem jurídico. Também são impuníveis. Exceção: Legislador tipifica atos preparatórios
como crimes autônomos. Ex: Petrechos para falsificação de moeda.
Execução: o bem jurídico começa a ser atacado: nessa fase o agente inicia a realização do núcleo do
tipo. O fato somente passa a ser punido com o início da execução. Isto porque, se iniciada a execução,
pode ocorrer: consumação (art. 14, I); uma tentativa de crime, caso não haja consumação por
circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II); a desistência voluntária ou o arrependimento
eficaz, caso não ocorra a consumação por ato voluntário do agente (art. 15).
Consumação: todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados.
TENTATIVA: #APOSTACICLOS
• Norma de extensão temporal (amplia a proibição para alcançar fatos humanos realizados de forma
incompleta);
• Causa obrigatória de diminuição da pena - 1/3 A 2/3 (incide na terceira fase de aplicação da pena privativa de
liberdade, e sempre a reduz).
• Prevalece no Brasil o entendimento favorável ao cabimento da tentativa nos crimes cometidos com dolo
eventual;
• Em geral, os crimes dolosos são compatíveis com a tentativa, pouco importando sejam materiais, formais ou
de mera conduta.
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• A admissibilidade ou não da tentativa tem a ver com o caráter plurissubsistente do delito, isto é, com a
composição da conduta em diversos atos executórios, podendo, consequentemente, ser fracionada.
• Crimes formais e de mera conduta comportam o conatus, desde que sejam plurissubsistentes.
TEORIAS DA TENTATIVA:
Subjetiva, voluntarista ou monista: não diferencia o crime tentado do consumado, já que leva em conta
a intenção do agente. Adotada como exceção nos crimes de atentado ou de empreendimento.
Sintomática: Concentra-se na análise da periculosidade. Não se aplica (direito penal do autor).
Objetiva, realística ou dualista: diferencia a tentativa do crime consumado. Em regra, é a adotada no
Brasil. Na teoria objetiva, a tentativa possui pena reduzida!
Subjetivo-objetiva (TEORIA DA IMPRESSÃO): o fundamento da punição e representado pela junção da
avaliação da vontade criminosa com um princípio de risco ao bem jurídico protegido
#SELIGANOSTERMOS: Crime falho: é a tentativa perfeita (cai em prova!). Tentativa inidônea: é o crime
impossível. Tentativa fracassada: quando o agente desiste de prosseguir na execução, não porque
voluntariamente quer que a consumação não ocorra, mas por supor que não conseguirá a consumação com os
meios que tem a sua disposição. Tentativa abandonada ou qualificada: consiste na desistência voluntaria e
arrependimento eficaz.
#VAICAIR: não cabe tentativa nos crimes (CHOUP REI): Culposos, Habituais, Omissivos próprios (lembrando que
nos impróprios cabe), Unissubsistentes, Preterdolosos, de Resultado condicionado, Empreendimento (aqui o
legislador pune com a mesma pena consumado e tentado), Impossível. Nas contravenções, apesar de
faticamente ser possível tentativa, ela não é punida. OBS: NA CULPA IMPRÓPRIA ADMITE-SE TENTATIVA (CAI
MUITO).
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• A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, salvo na culpa
imprópria.
• São causas de exclusão da tipicidade.
• Prevalece o entendimento de que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são comunicáveis ao
partícipe, pois a sua conduta é acessória, não podendo ser punido se não houve crime.
• O art. 15 do Código Penal revela ser o arrependimento eficaz possível somente no tocante aos crimes
materiais, pela análise da expressão “impede que o resultado se produza”.
• Já o arrependimento posterior configura-se como causa de diminuição de pena e ocorre nos crimes
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui
até o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa.
• Comunica-se aos partícipes
#ATENÇÃO: Em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior.
#FOCANATABELINHA
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
E ARREPENDIMENTO EFICAZ
- ART. 16, CP -
- ART. 15, CP -
PONTE DE OURO PONTE DE PRATA
O agente retoma a situação de licitude e desiste
Aqui o agente não retoma a situação de licitude, não
de dar continuidade ao que se propôs, por
sendo beneficiado pela excludente da tipicidade,
circunstâncias inerentes à sua vontade (diferente
mas terá sua pena reduzida.
da tentativa).
NÃO HOUVE CONSUMAÇÃO HOUVE CONSUMAÇÃO
Desistência voluntária: O agente desiste, mas ainda REQUISITOS:
tem meios executórios disponíveis 1- Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa10;
Arrependimento eficaz: o agente desiste após 2- Reparação do dano ou restituição da coisa11;
esgotar todos os meios executórios disponíveis 3- Até o recebimento da denúncia ou queixa12.
CAUSA EXCLUDENTE DA TIPICIDADE (prevalece) CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA13
11 Essa atitude deve ser voluntária (sem coação física ou moral e não precisa ser espontânea), pessoal (salvo em comprovada
impossibilidade. Ex. agente preso) e integral (STF já tem julgado entendendo pela possibilidade de reparação parcial do dano quando
analisadas outras circunstâncias fáticas). Ademais, independe da vontade da vítima (em aceitar ou não).
12 Se ocorrer após esse momento, mas antes do julgamento, aplica-se a atenuante genérica do CP, art. 65, III, "b", in fine, CP.
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#OLHAOGANCHO - No peculato culposo (art. 312, § 3.°), a reparação do dano, se anterior à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade, e, se lhe for posterior, reduz de metade a pena imposta.
Subjetiva: analisa a intenção para restar configurada a tentativa. Equipara o crime impossível ao crime
tentado.
Sintomática: a tentativa é aferida com base na periculosidade do agente. Seria direito penal do autor.
Objetiva: é necessário que o bem jurídico tenha sido posto em risco. A teoria objetiva subdivide-se em:
a) Teoria objetiva pura: a ausência, absoluta ou relativa, de risco ao bem jurídico impede a punição; b)
Teoria objetiva temperada ou intermediária: a inidoneidade relativa configura crime tentado, enquanto
a absoluta configura o crime impossível. É a teoria adotada no Brasil.
#OLHAATABELINHA:
CRIME IMPOSSÍVEL CRIME PUTATIVO
O agente, embora acredite estar realizando um
fato típico, pratica um indiferente penal (crime
O erro do agente recai sobre a idoneidade do
putativo por erro de proibição, crime putativo
meio ou do objeto material.
por erro de tipo e crime putativo por obra do
agente provocador).
CONCURSO DE PESSOAS:
Requisitos do
concurso de Liame subjetivo (consciência de que estão
pessoas reunidos – é diferente de acordo prévio);
• #ATENÇÃO: Faltando o liame subjetivo, desaparece o concurso de pessoas, podendo configurar AUTORIA
COLATERAL ou INCERTA.
Para a caracterização do concurso de pessoas, adotou-se, como regra, a teoria unitária, monística ou monista:
quem concorre para um crime, por ele responde. Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um único tipo
penal: há um único crime com diversos agentes.
• Excepcionalmente, contudo, o Código Penal abre espaço para a teoria pluralista, pluralística, da cumplicidade
do crime distinto ou autonomia da cumplicidade, pela qual se separam as condutas, com a criação de tipos
penais diversos para os agentes que buscam um mesmo resultado. É o que se dá, por exemplo, nos seguintes
crimes:
a) aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante: ao terceiro executor imputa-se o crime
tipificado no art. 126, enquanto para a gestante incide o crime previsto no art. 124, in fine;
b) bigamia: quem já é casado pratica a conduta narrada no art. 235, caput, ao passo que aquele que, não sendo
casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, incide na figura típica prevista
no § 1,° do citado dispositivo legal;
c) corrupção passiva e ativa: o funcionário público pratica corrupção passiva (art. 317), e o particular, corrupção
ativa (art. 333); e
d) falso testemunho ou falsa perícia: testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete que faz afirmação
falsa, nega ou cala a verdade em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitrai
pratica o crime delineado pelo art. 342, caput, e quem dá, oferece ou promete dinheiro ou qualquer outra
vantagem a tais pessoas, almejando aquela finalidade, incide no art. 343, caput.
• Para o conceito de autor, o Código Penal adotou a teoria restritiva sob o prisma objetivo-formal: Autor é
aquele que realiza o núcleo do tipo; Partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime.
#DEOLHONATABELA:
TEORIAS SOBRE AUTORIA
Teoria
Não distingue autor e partícipe, mas permite o estabelecimento de graus diversos de autoria.
extensiva
Teoria Autor é quem contribui de forma mais efetiva para a concorrência do resultado.
objetivo- Partícipe é quem concorre de forma menos relevante.
material Para a teoria, não importa quem realizou o núcleo do tipo penal.
Teoria Autor é quem realiza o núcleo do tipo penal.
objetivo- Partícipe é quem concorre para o crime sem realizar o núcleo do tipo penal.
formal Embora seja controverso, é a teoria adotada pela maioria da doutrina.
Autor é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de
execução, seu início, cessação e demais condições.
A teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor, definindo-o como aquele que tem o
controle final do fato, ainda que não realize o núcleo do tipo penal. Por corolário, o conceito
de autor compreende:
a) o autor propriamente dito: é aquele que pratica o núcleo do tipo penal;
Teoria do b) o autor intelectual: é aquele que planeja mentalmente a empreitada criminosa. É autor, e
domínio do não partícipe, pois tem poderes para controlar a prática do fato punível. Exemplo: o líder de
fato uma organização criminosa pode, do interior de um presídio, determinar a prática de um
crime por seus seguidores. Se, e quando quiser, pode interromper a execução do delito, e
retomá-la quando melhor lhe aprouver;
c) o autor mediato: é aquele que se vale de um inculpável ou de pessoa que atua sem dolo
ou culpa para cometer a conduta criminosa; e
d) os coautores: a coautoria ocorre nas hipóteses em que o núcleo do tipo penal é realizado
por dois ou mais agentes. Coautor, portanto, é aquele que age em colaboração recíproca e
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NFPSS PARTE II | MPMG
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voluntária com o outro (ou os outros) para a realização da conduta principal (o verbo do tipo
penal).
Por essa corrente, criada por Hans Welzel, o mandante e o mentor intelectual, por
controlarem os comparsas, são também autores do crime, ainda que não realizem
pessoalmente atos executórios.
Partícipe - Essa teoria também admite a figura do partícipe. Partícipe será aquele que,
embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação.
A teoria do domínio do fato só se aplica aos crimes dolosos e comissivos.
#SELIGA: Essa teoria serve para diferenciar autor e partícipe, não para imputar
responsabilidade penal.
#DEOLHONAJURIS - A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela
prática de qualquer crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático, do
nexo de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso. A teoria do domínio do fato funciona como uma
ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir a existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É
equivocado afirmar que um indivíduo é autor porque detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado
à realidade, não há nenhuma circunstância que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não
há como considerar, com base na teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio
administrador de uma empresa implica a presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no
plano fático-probatório, alguma circunstância que o vincule à prática delitiva. Em decorrência disso, também
não é correto, no âmbito da imputação da responsabilidade penal, partir da premissa ligada à forma societária,
ao número de sócios ou ao porte apresentado pela empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem
sempre as decisões tomadas por gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela
qual for e de que forma esteja constituída - implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites
burocráticos subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1854893-SP, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).
Teoria adotada pelo código penal - O art. 29, caput, do Código Penal, acolheu a teoria restritiva, no prisma
objetivo-formal. Em verdade, diferencia autor e partícipe. Aquele é quem realiza o núcleo do tipo penal; este é
quem de qualquer modo concorre para o crime, sem executar a conduta criminosa. A teoria deve, todavia, ser
complementada pela teoria da autoria mediata.
A teoria do domínio do fato, possui relevância e, por consequência, aplicação concreta, para que possa
ser tratado como “autor” de um crime o denominado “autor mediato”, que, apesar de não realizar a conduta
típica, pode ser assim denominado porque manipula terceiro, que não possui capacidade de discernimento,
para que este realize a conduta típica, de modo que essa pessoa serve como instrumento para a efetivação
do delito.
- Em conclusão, a teoria adotada quanto ao concurso de agentes é a restritiva, que diferencia autores e
partícipes, sendo autores aqueles que realizam a conduta descrita no tipo penal. No que diz respeito à
autoria mediata, contudo, aplica-se a teoria do domínio do fato.
Autoria mediata: o autor indireto ou mediato é aquele que, sem realizar diretamente a conduta típica, comete
o crime por ato de interposta pessoa, utilizada como seu instrumento. Hipóteses:
O terceiro não tem culpabilidade (inimputabilidade, coação moral irresistível ou obediência
hierárquica);
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O terceiro não tem dolo ou culpa (coação física irresistível, estados de inconsciência);
Erro determinado por terceiro.
#ATENÇÃO No caso de autoria mediata, não há concursos de agentes, porque não há vínculo subjetivo. Apenas
o autor mediato será responsabilizado. Segundo doutrina majoritária, NÃO existe autoria mediata nos crimes
culposos.
Autoria colateral – Duas ou mais pessoas, desconhecendo a intenção uma da outra, praticam determinada
conduta visando ao mesmo resultado. NÃO HÁ concurso de pessoas, já que ausente o vínculo subjetivo.
Autoria incerta – Quando, na autoria colateral, não se sabe qual dos dois autores causou o resultado. Aplica-se
o in dubio pro reo (incidirá na pena por tentativa).
Partícipe: consiste na contribuição para a conduta criminosa do autor, mas sem praticar o verbo do tipo penal.
O partícipe não tem o domínio do fato, mas induz, instiga ou auxilia o autor.
Prevalece a aplicação da Teoria da acessoriedade limitada, segundo a qual a participação é punida quando o
autor realiza uma conduta típica e ilícita.
#SELIGA: É hipótese de adequação típica mediata.
Em regra, a participação ocorre antes da consumação do crime. Contudo, em alguns casos é possível que o
agente induza/instigue o autor após a consumação.
-Participação negativa (conivência) – NÃO há punição. Se dá quando a pessoa não tem dever jurídico de agir
para evitar o resultado (mesmo que possa, não está obrigada a agir).
#OBS: Em caso de arrependimento do partícipe que induz/instiga (auxilio moral), só não haverá punição se ele
conseguir impedir o autor de praticar o crime.
#ATENÇÃO: é POSSÍVEL a participação em crimes omissivos (o partícipe instiga ou induz o autor a deixar de agir).
Cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º) – um dos agentes quis participar de crime menos grave, mas
acabou concorrendo para um crime mais grave. No caso de não ser previsível o resultado mais grave, o
concorrente que não quis participar responde apenas pelo crime menos grave. Se era previsível, responde pelo
crime menos grave, mas com a pena elevada até a metade.
Comunicabilidade de elementares e circunstâncias (art. 30, CP)– elementares (são elementos constitutivos do
crime) são sempre comunicáveis; circunstâncias (são dados acessórios ao crime) objetivas são sempre
comunicáveis, mas as subjetivas são incomunicáveis (salvo se elementares do crime ou de conhecimento do
outro agente).
CONCURSO DE CRIMES:
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Dá-se o concurso de crimes quando o agente com uma ou várias condutas, realiza pluralidade de crimes.
Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o quantum da majoração (entre 1/6
a 2/3) é apenas a quantidade de delitos cometidos. Assim, quanto mais infrações, maior deve ser o aumento. •
Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único, do CP): a fração de aumento será determinada pela
quantidade de crimes praticados e também pela análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal.
STJ. 5ª Turma. REsp 1718212/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/2018.
26. Penas e medidas de segurança. 27. Aplicação da pena e regimes de cumprimento. 28.Limitedas penas.
29. Concurso de crimes. 30. Aberratio ictus. 31.Suspensão condicional da pena. 32. Livramento condicional.
33. Efeitos da Condenação. 34.Reabilitação. 35. Teoria da ação penal. 36. Extinção da punibilidade.
Cansou? Faz uma pausa, se alonga e toma uma água. Recupera o fôlego e aperta o play, por aqui esses temas
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PENA é espécie de sanção penal, consistente na privação de determinados bem jurídicos, cujo pressuposto é a
culpabilidade do agente.
A MEDIDA DE SEGURANÇA também é espécie de sanção penal, mas possui como pressuposto a periculosidade
(aplica-se aos inimputáveis e aos semi-imputáveis).
#OBS: Antes da reforma do Código Penal, feita pela Lei nº 7.209/84, o sistema adotado era o do duplo binário,
pelo qual o semi-imputável cumpria a pena, e, depois, se ainda necessitasse de especial tratamento curativo,
era submetido à medida de segurança. Isso mudou!!! Atualmente, o semi-imputável cumpre pena diminuída OU
medida de segurança. Logo, percebe-se que o CP adotou o SISTEMA VICARIANTE (ou unitário), pelo qual o réu
somente cumpre uma das sanções penais, as quais, repita-se, não são cumuláveis. Assim, ao semi-imputável,
uma vez condenado, se aplica a redução da pena de 1/3 a 2/3 (causa obrigatória de diminuição de pena),
podendo o juiz converter a pena em medida de segurança se entender que essa conversão é benéfica ao réu
(art. 98 do CP).
Observações importantes:
• Mesmo sendo o réu primário, o juiz pode fixar regime inicial mais gravoso do que indica o montante
da pena, se as circunstâncias judiciais do art. 59 forem desfavoráveis (art. 33, § 3º, do CP), porém: a) a
opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada (Súmula n. 718 do STF);
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b) a imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea (Súmula n. 719 do STF).
• Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
• Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
STF: Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi fixada no mínimo legal,
então, neste caso, não cabe a imposição de regime inicial mais gravoso. STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 10/10/2017 (Info 881).
• Em se tratando de condenação por crime hediondo, tráfico de drogas, terrorismo ou tortura, o art. 2º, § 1º,
da Lei n. 8.072/90 diz que o regime inicial é sempre o fechado, ainda que a pena seja inferior a 8 anos e o réu
primário (art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90); todavia, o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou a
inconstitucionalidade de tal dispositivo.
#OLHAOGANHO #DEOLHONAJURIS - A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a
insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto.
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal
ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem
furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas
utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no
princípio da proporcionalidade.
STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).
Observações importantes:
• O condenado reincidente inicia o cumprimento da pena privativa de liberdade no regime semiaberto, seja qual
for a quantidade da pena aplicada;
• Não se admite o início de cumprimento da pena privativa de liberdade no regime fechado, ao condenado por
crime apenado com detenção. Somente por meio de regressão de regime, durante a execução da pena, é
que pode ser imposto regime fechado ao condenado por crime apenado com detenção.
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#SUPERGANCHO – Interceptação telefônica: A regra veiculada pelo art. 2.°, Ill, da Lei 9.296/1996, autoriza a
interceptação de comunicações telefônicas de qualquer natureza como meio de prova somente nos crimes
punidos com reclusão.
#DEOLHONAJURIS - Descobertos novos crimes durante a interceptação, a autoridade deve apurá-los, ainda
que sejam punidos com detenção. O que a Lei nº 9.296/96 veda é o deferimento da quebra do sigilo telefônico
para apurar delito que não seja apenado com reclusão, não proibindo, todavia, que o referido meio de prova
seja utilizado quando há, durante a implementação da medida, a descoberta fortuita de eventuais ilícitos que
não atendem a tal requisito. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 114973/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/05/2020.
- Pena de prisão simples
- A pena de prisão simples, cabível unicamente para as contravenções penais, deve ser cumprida, sem rigor
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou
aberto;
- Não há regime fechado, seja inicialmente, seja em decorrência de regressão.
- Além disso, o trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias, nos termos do art. 6.°, §
2.°, do Decreto-lei 3.688/1941 - Lei das Contravenções Penais.
APLICAÇÃO DA PENA:
• O art. 68, caput, do Código Penal filiou-se ao critério trifásico. De fato, “a pena-base será fixada
atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes
e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”.
• Entretanto, para a pena de multa adotou-se o sistema bifásico (CP, art. 49, caput e § l.°). Fixa-se
inicialmente o número de dias-multa e, após, calcula-se o valor de cada dia-multa.
• Pena privativa de liberdade: Critério trifásico;
• Pena de multa: Critério bifásico
Cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
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Análise sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa
Não sendo cabível a substituição, a análise sobre a concessão ou não da suspensão condicional da pena
(sursis), se presentes os requisitos legais.
Esse é também o entendimento do STF: A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em
julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF. Plenário.
RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2014 (repercussão geral) (Info 772).
• Atos infracionais
Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco
podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática de crimes ou má conduta social. Há
impropriedade na majoração da pena-base pela consideração negativa da personalidade do agente em razão da
prévia prática de atos infracionais, pois é incompossível exacerbar a reprimenda criminal com base em
passagens pela Vara da Infância. STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019.
#COLANARETINA #DEOLHONOGANCHO
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#Atenção #Divergência: Atualmente há uma divergência nas turmas do STF. Para a 2ª Turma: A prática anterior
de atos infracionais pelo paciente não configura fundamentação idônea a afastar a minorante do § 4º do art.
33 da Lei 11.343/2006. Constata-se que a prática de atos infracionais não é suficiente para afastar a minorante,
visto que adolescente não comete crime nem lhe é imputada pena. Nos termos do Estatuto da Criança e do
Adolescente, as medidas aplicadas são socioeducativas e objetivam a proteção do adolescente que cometeu
infração. Assim, a menção a atos infracionais praticados pelo paciente não configura fundamentação idônea
para afastar a minorante. STF. 2ª Turma. HC 191992, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 08/04/2021.
Além das previsões legais de que não caracterizam maus antecedentes, em tais situações não há condenação
penal com trânsito em julgado.
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• Da mesma forma, não podem ser considerados maus antecedentes os inquéritos já arquivados e as ações
penais nas quais o réu tenha sido absolvido.
DEOLHONATABELA #MUDANÇADEENTENDIMENTO
STJ e STF
REINCIDÊNCIA Adota-se o sistema da TEMPORARIEDADE.
#SAINDODOFORNO #DEOLHONAJURIS - Vale ressaltar, contudo, que o STJ possui o entendimento no sentido
de que, quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de
sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento:
Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, como no presente caso, admite-se o
afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.
Não se pode tornar perpétua a valoração negativa dos antecedentes, nem perenizar o estigma de criminoso
para fins de aplicação da reprimenda, pois a transitoriedade é consectário natural da ordem das coisas. Se o
transcurso do tempo impede que condenações anteriores configurem reincidência, esse mesmo fundamento -
o lapso temporal - deve ser sopesado na análise das condenações geradoras, em tese, de maus antecedentes.
STJ. 6ª Turma. HC 452.570/PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 02/02/2021.
1ª FASE DA DOSIMETRIA: de acordo com o STJ, os elementos inerentes ao próprio tipo penal não podem ser
considerados para a exasperação da pena-base. A primeira fase da dosimetria é o momento em que o julgador
efetivamente individualiza a pena pelas circunstâncias ali analisadas. Porém, o julgador não pode agir com livre
arbítrio; deve motivar as razões que foram seguidas e demonstrá-las concretamente (Info 502).
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-2ª FASE DA DOSIMETRIA: analisa-se a presença de agravantes (arts. 61 e 62) e atenuantes (arts. 65 e 66)
genéricas, ou seja, aquelas previstas na parte geral do Código Penal.
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#SELIGANASÚMULA
Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.
AGRAVANTES ATENUANTES
O rol de atenuantes é exemplificativo por força da
atenuante inominada do art. 66, do CP.
O rol de agravantes (arts. 61 e 62) é taxativo.
Art. 66, CP. A pena poderá ser ainda atenuada em razão
Vedação da analogia in malam partem.
de circunstância relevante, anterior ou posterior ao
crime, embora não prevista expressamente em lei.
#DEOLHONAJURIS É possível, a depender do caso concreto, que o juiz reconheça a teoria da coculpabilidade
como sendo uma atenuante genérica prevista no art. 66 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 411.243/PE, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 07/12/2017.
#DEOLHONOGANHO #APOSTACICLOS - O juiz poderá reconhecer as agravantes de ofício, não havendo, neste
caso, violação ao princípio da correlação. Assim, não ofende o princípio da congruência a condenação por
agravantes não descritas na denúncia. Isso é autorizado pelo art. 385, do CPP, que foi recepcionado pela CF/88.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1612551/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/02/2017. STJ.
6ª Turma. HC 381590/SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 06/06/2017.
#OBS: O art. 66 do CP prevê a atenuante inominada. Autoriza, portanto, o juiz a atenuar a pena em razão de
circunstância relevante não prevista expressamente na lei. Ex: coculpabilidade.
#NÃOESQUEÇA – A reincidência é a única agravante genérica aplicável aos crimes culposos. É a posição
majoritária na doutrina e jurisprudência.
#DEOLHONAJURIS - As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes culposos, com exceção
da reincidência. STF. 1ª Turma. HC 120165/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2014 (Info 735).
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#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.
#ATENÇÃO: Em tema de reincidência, o Código Penal adota o sistema da temporariedade. Dessa forma, os
efeitos deletérios da reincidência perduram pelo prazo máximo de cinco anos, contados da data do
cumprimento ou da extinção da pena. Após esse período, ocorre a caducidade da condenação anterior para fins
de reincidência.
#OLHAOGANCHO:
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da extinção da pena,
poderá ser considerada como maus antecedentes. Após o período depurador, ainda será possível considerar a
condenação como maus antecedentes? SIM. As condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do
art. 64, inciso I, do CP, embora afastem os efeitos da reincidência, não impedem a
configuração de maus antecedentes, na primeira etapa da dosimetria da pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC
558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
471.346/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019.
#SAINDODOFORNO #DEOLHONAJURIS - Vale ressaltar, contudo, que o STJ possui o entendimento no sentido
de que, quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de
sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento:
Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, como no presente caso, admite-se o
afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.
Não se pode tornar perpétua a valoração negativa dos antecedentes, nem perenizar o estigma de criminoso
para fins de aplicação da reprimenda, pois a transitoriedade é consectário natural da ordem das coisas. Se o
transcurso do tempo impede que condenações anteriores configurem reincidência, esse mesmo fundamento -
o lapso temporal - deve ser sopesado na análise das condenações geradoras, em tese, de maus antecedentes.
STJ. 6ª Turma. HC 452.570/PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 02/02/2021.
#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS - A multirreincidência revela maior necessidade de repressão e rigor penal,
a prevalecer sobre a atenuante da confissão, sendo vedada a compensação integral.
Assim, em caso de multirreincidência, prevalecerá a agravante e haverá apenas a compensação
parcial/proporcional (mas não integral).
STJ. 5ª Turma. HC 620640, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/02/2021.
#DEOLHONAJURIS A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da
conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender
que a absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado
condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial
aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial
à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT,
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).
#SELIGANASSÚMULAS
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Súmula 545, STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus
à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Súmula 630 do STJ – A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou
propriedade para uso próprio.
#DEOLHONAJURIS - É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP) com a
agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV). Esse raciocínio, mutatis mutandis, assemelha-se à presente
hipótese, por se tratar da possibilidade de compensação entre circunstâncias igualmente preponderantes, a
saber, a agravante de crime cometido mediante paga com a atenuante da confissão espontânea. STJ. 5ª Turma.
HC 318594-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/2/2016 (Info 577).
#OBS1: As causas de aumento podem superar o máximo da pena abstrata e as causas de diminuição podem
reduzir a pena abaixo do mínimo previsto.
#OBS2: No concurso de majorantes e minorantes previstas na parte geral do CP, o juiz deverá aplicar todas elas.
Por outro lado, se o concurso for entre majorantes e minorantes da parte especial do CP, o juiz pode se limitar
a um só aumento ou uma só diminuição, prevalecendo a causa que mais aumente ou diminua.
Súmula n° 442, STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula n° 443, STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
ESPÉCIES DE PENA
Penas privativas de liberdade;
Penas restritivas de direitos;
Multa.
#PACOTEANTICRIME: “Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior
a 40 anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.”
São divididas em reclusão, detenção e prisão simples (esta última é reservada às contravenções penais).
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em
regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
#CUIDADOPARANÃOCONFUNDIR: O juiz nunca poderá aplicar o regime fechado como regime inicial em
condenações à pena de detenção, independentemente da quantidade de pena aplicada. Contudo, isso não quer
dizer que a pena de detenção nunca será cumprida em regime fechado, já que no decorrer do cumprimento da
pena, o juiz poderá, motivadamente, impor o regime fechado.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta)
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FECHADO: nunca
DETENÇÃO
SEMIABERTO: se a pena foi maior que 4 anos.
O regime inicial
ABERTO: se a pena foi de até 4 anos.
pode ser:
Se o condenado for reincidente, o regime inicial é o semiaberto.
Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
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gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
Súmula vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
641.320/RS.
Espécies de Sursis:
Sursis simples (art. 78, §1º, CP): aplicável quando o condenado não houver reparado o dano,
injustificadamente e/ou as circunstâncias do art. 59, CP não lhe forem inteiramente favoráveis. No
primeiro ano do período de prova o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se
à limitação de fim de semana, cabendo a escolha ao magistrado;
Sursis especial (art. 78, §2º, CP): aplicável quando o condenado tiver reparado o dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente
favoráveis. Nessa modalidade, o condenado, em regra, não presta serviços à comunidade, nem se
submete à limitação de fim de semana, pois o juiz pode substituir tal exigência por outras condições
cumulativas (previstas nas alíneas do art. 78, §2º, CP).
Período de Prova:
1 A 3 ANOS Contravenções Penais (art. 11, DL 3.688/41)
Sursis comum (art. 77, “caput”, CP).
2 A 4 ANOS
Lei dos crimes ambientais (art. 16, Lei nº 9.605/98).
4 A 6 ANOS Sursis etário ou humanitário (art. 77, §2º, CP).
Após a fixação da pena privativa de liberdade pelo juiz na sentença, ele poderá substituí-la por pena restritiva
de direitos, se preenchidos os requisitos legais.
Espécies: art. 43 do CP
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valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários
#OBS1: Fixada entre 1 e 360 salários mínimos. Além disso, é destinada à vítima, seus dependentes ou entidade
pública/privada com destinação social. Tem por finalidade a REPARAÇÃO DO DANO e seu valor pode ser
deduzido do montante fixado em eventual reparação civil.
#OBS2: PODE SER SUBSTITUÍDA por prestação de outra natureza, desde que haja aceitação do beneficiário.
Perda de bens e valores: § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á,
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto
– o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
em consequência da prática do crime
#OBS1: Fixada em favor do FUNPEN (e NÃO DA VÍTIMA). #CUIDADO para não confundir com a prestação
pecuniária.
Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas (art. 46) - consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
a) Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
#NÃOCONFUNDA a interdição temporária de direitos com o efeito penal da sentença penal condenatória
previsto no art. 92, I, do CP, que prevê a perda permanente do cargo, função pública ou mandato eletivo.
b) Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público;
c) Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
d) Proibição de frequentar determinados lugares;
e) Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
Limitação de fim de semana (obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado).
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Ciclos Método
Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª
Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017 (Info 609). O
cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. É proibida a chamada
execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgados em 07/11/2019.
REQUISITOS:
Crime doloso: Pena privativa de liberdade não superior a 4 anos + crime cometido sem
Requisitos para violência ou grave ameaça à pessoa
conversão da Crime culposo: qualquer que seja a pena aplicada
PPL em PRD Não reincidente em crime doloso **
(cumulativos) Circunstâncias judiciais favoráveis
** Nos termos do art. 44, § 3.°, do Código Penal, o reincidente em crime doloso pode ser beneficiado pela
substituição quando estiverem presentes dois requisitos cumulativos:
1. A medida seja socialmente recomendável: cuida-se de análise subjetiva, a ser minuciosamente
desenvolvida pelo magistrado, levando em conta as condições do caso concreto, tais como as
circunstâncias do delito e, principalmente, os dados pessoais do condenado.
2. Não se tratar de reincidente específico: a lei foi clara ao definir a reincidência específica como a
repetição do mesmo crime, ou seja, da conduta apresentada pelo mesmo tipo penal.
a) Se a condenação for igual ou inferior a 1 ano = substitui por multa OU 1 pena restritiva de direitos.
#ATENÇÃO: A PPL só pode ser substituída por pena de multa se a condenação for até 6 meses. Por outro lado,
tratando-se de condenação superior a 6 meses (até 1 ano), necessariamente deverá ser substituída por 1 pena
restritiva de direitos.
b) Se a condenação for superior a 1 ano = substitui por 1 pena restritiva de direitos + multa OU 2 penas restritivas
de direitos.
#OBS: § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva
anterior. Nesse caso, a conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade só será
obrigatória se não for possível cumprir simultaneamente a PRD e a nova pena imposta.
#OLHAOGANCHO
Súmula n° 588 do STJ: a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça
no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
PENA DE MULTA
Consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) de certa quantia em dinheiro. Pode ser fixada
em no mínimo 10 e, no máximo, 360 dias-multa.
#NÃOCONFUNDA:
a) Multa abstrata: NÃO É pena restritiva de direitos (não substitui a PPL). Trata-se de pena cominada no próprio
tipo penal.
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b) Multa substitutiva: É a pena restritiva de direitos. Mesmo que o tipo penal não tenha previsto a pena de multa
(multa abstrata), pode o juiz aplicá-la (em substituição à pena privativa de liberdade não superior a 6 meses
imposta na sentença).
#SELIGA: Via de REGRA, é possível cumular a multa abstrata e a multa substitutiva, EXCETO nos crimes previstos
em lei especial.
Súmula n° 171 do STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária,
é defeso a substituição da prisão por multa.
#PACOTEANTICRIME: O art. 51 do Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença Art. 51. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida de condenatória, a multa será executada perante o juiz da
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação execução penal e será considerada dívida de valor,
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
no que concerne às causas interruptivas e Pública, inclusive no que concerne às causas
suspensivas da prescrição. interruptivas e suspensivas da prescrição.
#SELIGA - De acordo com a nova redação conferida ao caput do art. 51, a Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime)
pôs fim a controvérsia que girava em torno da legitimidade e competência para execução da pena de multa.
A execução deverá ser promovida exclusivamente pelo Ministério Público, perante o juízo da execução penal.
O art. 51 do Código Penal não abre espaço à legitimidade subsidiária da Fazenda Pública. Com efeito, não há
como retirar do Parquet a atribuição para execução da multa penal, em face do teor do art. 129,1, da
Constituição Federal, o qual estabelece ser função institucional do Ministério Público promover, privativamente,
a ação penal pública, na forma da lei.
Ora, promover a ação penal consiste em guiá-la durante todo o processo de conhecimento e também de
execução, é dizer, assegurar a condenação e implementar sua concretização.
Além disso, o procedimento a ser observado é o disciplinado pelos arts. 164 a 170 da Lei 7.210/1984 - Lei de
Execução Penal.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
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#OBS: Se durante a execução da pena, o condenado passe a sofrer de doença mental, o juiz pode substituir a
pena por medida de segurança.
- Prazo máximo: CP = prazo indeterminado; STF = 40 anos (tempo máximo de cumprimento da pena privativa
de liberdade); STJ = prazo máximo da pena abstratamente cominada ao delito (súmula n° 527).
Segundo o art. 97 do CP: Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento
ambulatorial. Assim, se fosse adotada a redação literal do art. 97 teríamos o seguinte cenário: • Se o agente
praticou fato punido com RECLUSÃO, ele receberá, obrigatoriamente, a medida de internação. • Por outro lado,
se o agente praticou fato punido com DETENÇÃO, o juiz, com base na periculosidade do agente, poderá
submetê-lo à medida de internação ou tratamento ambulatorial. O STJ, contudo, abrandou a regra legal e
construiu a tese de que o art. 97 do CP não deve ser aplicado de forma isolada, devendo analisar também qual
é a medida de segurança que melhor se ajusta à natureza do tratamento de que necessita o inimputável. Em
outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: mesmo que o inimputável tenha praticado um fato previsto como
crime punível com reclusão, ainda assim será possível submetê-lo a tratamento ambulatorial (não precisando
ser internação), desde que fique demonstrado que essa é a medida de segurança que melhor se ajusta ao caso
concreto. À luz dos princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, na fixação da espécie
de medida de segurança a ser aplicada não deve ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade
aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que
melhor se adapte ao inimputável. Desse modo, mesmo em se tratando de delito punível com reclusão, é
facultado ao magistrado a escolha do tratamento mais adequado ao inimputável. STJ. 3ª Seção. EREsp 998128-
MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019 (Info 662).
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
PRINCIPAIS O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado uma sanção
penal.
(PRIMÁRIOS)
Efeito principal (primário) = sanção penal.
A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança.
SECUNDÁRIOS PENAIS:
Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação do sursis (art. 77, I e §
1º), causa de revogação do livramento condicional (art. 86), causa de conversão da
pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 44, § 5º), impossibilita a
transação penal e concessão de suspensão condicional do processo (arts. 76 e 89 da
Lei nº 9.099/95) etc.
SECUNDÁRIOS EXTRAPENAIS:
a) Genéricos (art.91, CP): Decorrem de qualquer condenação e dispensam expressa
motivação:
• tornar certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime (a sentença penal
condenatória transitada em julgado é título executivo no cível, ainda que extinta a
punibilidade, art. 91,I, do CP);
• confisco pela União dos instrumentos do crime, desde que seu uso, porte,
detenção, alienação, ou fabrico constituam fato ilícito (art. 91,II, A, do CP); .
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• confisco pela União do produto e dó proveito do crime (art 91, II. b. do CP);
• suspensão dos direitos políticos enquanto durar a execução da pena (art. 15, II, da
CF).
b) Específicos (art. 92 do CP): Decorrem da natureza do crime pelo qual ó agente foi
condenado e exigem expressa motivação:
• perda do cargo, função pública ou mandato eletivo para os crimes: a) praticados
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública (crimes
funcionais): cuja pena aplicada seja igual ou superior a um ano (art. 92, I, a, do CP);
b) de qualquer natureza cuja pena aplicada seja superior a quatro anos (art 92,1, b,
do CP);
• incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela nos crimes
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra filho, tutelado ou curatelado
(art 92, II, do CP);
• inabilitação para dirigir veículo desde que o crime seja doloso e que o veículo tenha
sido utilizado como instrumento do crime (art. 92, III, do CP; se for culposo, sujeita-
se ao CTB).
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Trata-se da perda do direito de punir do Estado com aplicação em todos os tipos de ação penal. Há alguns crimes
que o ordenamento jurídico considera como imprescritíveis, em razão do importante bem jurídico violado e
necessariamente tutelado pelo Estado (art. 5º, XLII e XLIV, CF). São eles: Crime de racismo (Lei nº 7.716/89);
crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
(Lei nº 12.850/13).
Formas de extinção da punibilidade: (art. 107, CP) morte do agente, anistia, graça e indulto, abolitio criminis,
decadência, perempção14 (somente se aplica na ação privada), renúncia (decorre do princípio da oportunidade
da ação penal privada), perdão do ofendido (ato bilateral decorrente do princípio da disponibilidade da ação
penal privada), retratação (exemplo: calúnia, difamação e falso testemunho/falsa perícia) e perdão judicial
(independe de aceitação).
Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge
os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
#Não confundir:
ANISTIA GRAÇA E INDULTO ABOLITIO CRIMINIS
14
Art. 60, CPP: leiam as hipóteses.
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#DEOLHONALEI:
Art. 120. A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
(Súmula 18-STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
subsistindo qualquer efeito condenatório.)
Art. 108. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão.
#IMPORTANTE #MUDANÇADEENTENDIMENTO
• Antes: A extinção da punibilidade independe do pagamento da pena de multa STJ. 3ª Seção. REsp 1.519.777-
SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 568) - SUPERADO.
• Entendimento atual (STF e STJ): O inadimplemento da pena de multa obsta a extinção da punibilidade do
apenado. O STF, ao julgar a ADI 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da
Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições – perda de bens,
prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é espécie de pena aplicável em
retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal.
Diante da eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se pode mais declarar a extinção da
punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da
multa criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1850903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
28/04/2020 (Info 671).
PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO PENAL
PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO Ocorre antes de haver sentença condenatória transitada em julgado para a acusação
PUNITIVA e, por isso, usa como parâmetro para a aferição do lapso prescricional o máximo da
PROPRIAMENTE pena privativa de liberdade abstratamente cominada ao crime, segundo a tabela
DITA OU EM do art. 109 do Código Penal.
ABSTRATO
PRESCRIÇÃO DA Leva em consideração a pena cominada em concreto e nos obriga a percorrer
PRETENSÃO novamente apenas o percurso entre a data do recebimento da denúncia ou queixa
PUNITIVA até a sentença penal condenatória recorrível.
RETROATIVA
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Obs: a posição majoritária é a que adota a redação literal do art. 112, I, do CP. No
entanto, o tema será definitivamente julgado pelo STF no ARE 848107 RG, admitido
para ser decidido pelo Plenário da Corte sob a sistemática da repercussão geral.
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inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito provavelmente
haverá a prescrição pela pena em concreto.
Para isso, o juiz analisa a possível pena que aplicaria para o réu se ele fosse
condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos interruptivos presentes no
processo, já se passaram mais anos do que o permitido pela lei. A prescrição virtual
é também chamada de prescrição “em perspectiva”, “por prognose”, “projetada” ou
“antecipada”.
O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos
principais: a) em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria uma
afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade. O STJ tem, inclusive, um
enunciado proibindo expressamente a prática (Súmula 438-STJ).
O prazo prescricional deve ser computado entre os marcos interruptivos previstos no art. 117 do
Código Penal:
PROCEDIMENTO
COMUM
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#DEOLHONAJURIS: Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre
interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou
aumentando a pena anteriormente imposta. A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva
ou da pretensão executória pela inércia do próprio Estado. No art. 117 do Código Penal, que deve ser
interpretado de forma sistemática, todas as causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada inciso, que
o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre
acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente,
justificativa para tratamentos díspares. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1668298-SP, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 12/05/2020 (Info 672). STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/04/2020. STF. 1ª Turma. RE 1195122 AgR-segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 30/11/2020.
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final,
Art. 116. (...)
a prescrição não corre:
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - na pendência de embargos de declaração ou de
Não havia inciso III do art. 116. recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o
Não havia inciso IV do art. 116.
acordo de não persecução penal.
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37. Crimes contra pessoa. 38. Crimes contra o patrimônio. 39. Crimes contra a dignidade sexual. 40. Crimes
contra a incolumidade pública. 41. Crimes contra a paz pública. 42. Crimes contra a fé pública. 43. Crimes
contra a administração pública.
HOMICÍDIO
#NÃOCONFUNDA:
• A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual. (STJ. 6ª Turma. REsp 1.829.601-PR, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665).
• O dolo eventual NÃO é compatível com qualificadora de traição, emboscada, dissimulação.
Homicídio Privilegiado:
PRIVILÉGIO
Causa de
• Injusta provocação diminuição
• Motivo de relevante da Vítima; de pena
valor social; • Domínio de violenta 1/6 a 1/3
emoção do agente;
• Motivo de relevante • Ato homicida logo
valor moral em seguida ao ato
provocador
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#OLHAOGANCHO #CONCURSO DE AGENTES: Todas as figuras de privilégio são de caráter subjetivo, porque
ligadas à motivação do agente (relevante valor social ou moral) ou à motivação somada à violenta emoção,
sendo assim em caso de concurso de agentes as causas privilegiadas não se comunicam, uma vez que são
circunstâncias subjetivas do crime (e não elementares).
• Todo homicídio qualificado é hediondo. #ATENÇÃO – O homicídio simples só será considerado hediondo se
for fato típico de grupo de extermínio. São considerados hediondos: HOMICÍDIO (art. 121), quando praticado
em atividade típica de GRUPO DE EXTERMÍNIO, ainda que cometido por um só agente, e HOMICÍDIO
QUALIFICADO (art. 121, § 2º, incisos I, II, III,IV, V, VI, VI.)
Aumento de pena:
Art.121, § 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
ou maior de 60 (sessenta) anos.
• Essas causas de aumento aplicam-se a todas as figuras do homicídio doloso: simples, privilegiado e
qualificado. Não se aplicam, entretanto, ao feminicídio, que possui causas de aumento de pena próprias
descritas no art. 121, § 7º, do Código — dentre elas o fato de a vítima ser menor de 14 anos ou maior de
60.
FEMINICÍDIO
O que é feminicídio?
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja,
desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas
do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
O Código Penal prevê o feminicídio como uma qualificadora do crime de homicídio. Confira:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
§ 2º Se o homicídio é cometido:
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
(...)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio X femicídio
Existe diferença entre feminicídio e femicídio?
• Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher);
• Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões
de gênero).
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Ciclos Método
O art. 121, § 2º, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente aquele que mata mulher
por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser mulher.
Sujeito ativo
O feminicídio pode ser praticado por qualquer pessoa (trata-se de crime comum).
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem, mas também pode ser mulher.
Sujeito passivo
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino).
• Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode haver feminicídio se o crime foi por razões da condição
de sexo feminino.
• Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não haverá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo
feminino. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio.
Tentado ou consumado
O feminicídio pode ser tentado ou consumado.
Tipo subjetivo
O feminicídio pode ser praticado com dolo direto ou eventual.
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NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771,
de 2018)
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
Natureza da qualificadora
Para o STJ, a qualificadora do feminicídio é de natureza OBJETIVA.
A justificativa apresentada para isso está no fato de que tal qualificadora “incide nos crimes praticados contra a
mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e
familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise.” (Min. Felix Fischer, no REsp
1.707.113/MG, julgado em 29/11/2017).
#DEOLHONAJURIS: Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e
de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar.
Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver
atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou
seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC
433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). Não há dúvidas acerca da natureza
subjetiva da qualificadora do motivo torpe, ao passo que a natureza do feminicídio, por se ligar à condição
especial da vítima, é objetiva, não havendo, assim, qualquer óbice à sua imputação simultânea. É inviável o
afastamento da qualificadora do feminicídio mediante a análise de aspectos subjetivos da motivação do crime,
dada a natureza objetiva da referida qualificadora, ligada à condição de sexo feminino. STJ. 5ª Turma. REsp
1739704/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 18/09/2018.
•A EXCEÇÃO DA VERDADE é admitida no crime de CALÚNIA, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das
pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido
por sentença irrecorrível.
• Na DIFAMAÇÃO, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
• Na INJÚRIA não se admite exceção da verdade.
Consumação do Furto: consuma-se o crime de furto com a inversão da posse do bem, ainda que por breve
tempo, seguida de perseguição imediata do agente ou recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada (STF e STJ). TEORIA DA AMOTIO ou APPREHENSIO.
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Ciclos Método
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta que a conduta delitiva
tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade da vigilância e a defesa do
patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa,
sendo irrelevante o fato das vítimas não estarem dormindo no momento do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido
em estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei não faz referência ao local do crime. STJ. 5ª
Turma. AgRg-AREsp 1.746.597-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg nos
EDcl no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 15/09/2020
No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do recebimento da
denúncia não extingue a punibilidade. STJ. 3ª Seção. RHC 101.299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019 (Info 645).
#NÃOCONFUNDA
OBJETO MATERIAL:
Apenas a coisa móvel pode ser objeto de furto porque somente ela pode ser transportada e, assim, tirada da
esfera de vigilância da vítima.
Os animais domésticos ou domesticados, quando tiverem dono, e os semoventes (bois, porcos, cabras)
podem ser objeto de furto.
#DEOLHONANOMENCLATURA - O furto de gado possui denominação própria: ABIGEATO. Semoventes
constituem espécie do gênero coisa móvel. A subtração de semovente domesticável de produção caracteriza
modalidade qualificada do delito de furto (art. 155, § 6º).
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Ciclos Método
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel
para fins de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. Ex: João pegou um táxi. Ao final da corrida, ele
saiu do carro e disse que não iria pagar a corrida. O motorista também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para
que ele não fugisse sem quitar o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu
no local. O agente não praticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do CP). Isso porque não houve, no
contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta
de roubo qualificado pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia móvel”.
O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca no motorista, sem
(tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir o animus furandi. Não se pode equiparar “dívida de transporte”
com a “coisa alheia móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação dos princípios da
tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei penal. STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 658).
15
#olhaogancho: Na subtração de energia elétrica o furto será crime permanente.
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FURTO PRIVILEGIADO
• Trata-se de causa especial de diminuição de pena.
#DEOLHONASSÚMULAS
Súmula 511-STJ (furto privilegiado-qualificado ou furto híbrido): É possível o reconhecimento do privilégio
previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade
do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
#SELIGANATABELA
REQUISITOS DO FURTO PRIVILEGIADO
Primariedade do agente Pequeno valor da coisa furtada
Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º do art.
O agente deve ser primário.
155, coisa de pequeno valor é aquela cujo preço, no
Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos
momento do crime, não seja superior a 1 salário-
termos do art. 63 do CP.
mínimo.
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Pequeno valor
do bem furtado
REQUISITOS
Primariedade do
agente
b) Diminuição da pena
CONSEQUÊNCIAS privativa de liberdade
de um a dois terços
c) Aplicação somente da
pena de multa
Furto Privilegiado X Pequeno Valor: o STJ consolidou entendimento no tocante ao conceito de pequeno valor,
a saber, quando não suplantar 1 salário mínimo. Vale lembrar quer o juiz não fica radicalmente adstrito a esse
patamar, caso consiga justificar no caso concreto outro valor. De acordo com o STJ, não se trata de um teto
máximo e intransponível.
Furto Privilegiado X Pequeno Valor X De Crime Continuado: nos casos de continuidade delitiva, o valor a ser
considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, § 2º do CP) ou do reconhecimento da insignificância
é a soma dos bens subtraídos.
#NÃOCONFUNDIR Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção entre valor
insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode caracterizar o furto
privilegiado.
Pequeno valor do bem subtraído (art. 155, § 2º) Valor insignificante do bem subtraído
FURTO PRIVILEGIADO FURTO INSIGNIFICANTE
Até um salário mínimo Não há um parâmetro objetivo, mas, deve ser
menor que um salário mínimo.
Se a coisa furtada é de pequeno valor e o CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE MATERIAL: Se
condenado é primário, o juiz pode substituir a pena o valor da coisa furtada é insignificante, o juiz irá
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a absolver o réu por falta de tipicidade material.
2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
Ex: furto de um relógio que custa 500 reais. Ex: furto de um relógio que custa 90 reais.
FURTO QUALIFICADO: as qualificadoras do art. 155, §4º, CP dizem respeito ao modo de execução do agente.
• Observações gerais:
Em todas as qualificadoras o furto é crime de elevado potencial ofensivo – não admite os benefícios da lei
9.099/95 (suspensão condicional do processo, transação penal).
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Todas as qualificadoras são de natureza objetiva, logo, elas se comunicam aos demais agentes no concurso de
pessoas.
Com exceção da qualificadora do abuso de confiança – natureza subjetiva – não se comunica.
É plenamente comum que o juiz reconheça duas ou mais qualificadoras do parágrafo § 4º, e se isso ocorrer, a
primeira servirá para qualificar o crime e as demais servirão como circunstância judicial para fixação da pena -
base acima do mínimo.
#VAICAIR #DEOLHONAJURIS #STJ Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado,
salvo quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. A despeito da presença de
qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da
conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado,
recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
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- Mediante destreza: presença de uma habilidade excepcional, desde que não seja
descoberto no ato da conduta delitiva. Assim, o magistrado apenas poderá acatar o
furto qualificado pela destreza quando o agente tenha excepcional habilidade em
retirar o bem da vítima sem que ela se aperceba (punguista) – STJ (INFO 554).
- O conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou sem forma de
Com emprego de
chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura, incluindo mixas (STJ, HC n.
chave falsa
101.495/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 25/8/2008).
Mediante concurso
de duas ou mais - Partícipes são computados, inclusive o inimputável.
pessoas
Há outras qualificadoras previstas, com intervalos maiores de pena cominada, muitas delas adicionadas
recentemente:
Reclusão de 4 a 10 anos e Se cometido com emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
multa comum (incluído em 2018).
Subtração de veículo automotor que venha a ser destinado a outro Estado ou ao
Reclusão de 3 a 8 anos
exterior (incluído em 1996).
Subtração de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou
Reclusão de 2 a 5 anos
dividido em partes no local da subtração (incluído em 2016).
Subtração de substância explosiva ou de acessórios que, conjunta ou
Reclusão de 4 a 10 anos e
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego (incluído em
multa
2018).
DEMAIS QUALIFICADORAS
Emprego de explosivo • Inserida no Código Penal pela Lei n. 13.654, de 23 de abril de 2018;
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 • CRIME HEDIONDO - Essa modalidade de furto qualificado foi
(quatro) a 10 (dez) anos e multa, se transformada em crime hediondo pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote
houver emprego de explosivo ou de Anticrime). A hipótese passou a constar do art. 1º, IX, da Lei n.
artefato análogo que cause perigo 8.072/90.
comum.
• A configuração dessa modalidade qualificada no crime de furto
impede o reconhecimento concomitante do crime de explosão (art. 51
do CP);
• A qualificadora pressupõe que a explosão provoque perigo comum,
ou seja, que provoque perigo a número elevado e indeterminado de
pessoas.
• Note-se que o furto no qual se utiliza um artefato explosivo traz em
si, necessariamente o rompimento de obstáculo, bem como é comum
que seja cometido mediante o concurso de pessoas. Nesses casos, em
que concorrem duas ou mais qualificadoras, o juiz deve aplicar a
qualificadora mais grave (emprego de artefato explosivo - § 4º-A) e
considerar o rompimento de obstáculo ou eventual concurso de
pessoas como circunstância judicial do art. 59 do Código Penal na
fixação da pena-base.
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Furto de veículo automotor • A qualificadora tem como objeto qualquer veículo automotor —
automóvel, motocicleta, van, caminhão, trator, ônibus, aeronave,
§ 5º - A pena é de reclusão de três a
lancha etc.
oito anos, se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser • Para a configuração da qualificadora, é necessário que exista, já no
transportado para outro Estado ou momento da subtração, intenção de transportar o veículo para um dos
para o exterior. locais que a lei menciona; contudo, de acordo com o próprio texto
legal, pode-se concluir que a qualificadora só se aperfeiçoa se o agente
efetivamente transpõe a divisa com outro Estado ou a fronteira com
outro país. É que o dispositivo diz que a pena será maior se o veículo
vier a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
• Se o agente conseguiu subtrair o veículo e já estava em uma estrada
dirigindo-se para outro Estado, mas é parado em uma blitz e os policiais
acabam apreendendo o veículo, não se pode cogitar de tentativa de
furto qualificado. Primeiro porque o furto se consumou, visto que o
agente já estava na posse do bem há algum tempo. Segundo porque a
qualificadora do § 5º pressupõe que a divisa com o outro Estado seja
transposta, o que não aconteceu.
• Se o agente, estando próximo da divisa, subtrair um veículo e for
imediatamente perseguido, vindo a cruzar o marco divisório entre os
Estados, mas acabar preso, responderá por crime consumado de
acordo com o atual entendimento dos tribunais superiores no sentido
de que o furto não exige, para sua consumação, a posse tranquila do
bem.
Furto de substância explosiva ou • Essa forma qualificada foi incluída no Código Penal pela Lei n.
acessório 13.654/2018.
• Repouso Noturno: a causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto para o furto
simples como para o furto qualificado.
Art. 155, § 1º — A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
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Causa de aumento: a pena aumenta-se de 1/3 de o crime é praticado durante o repouso noturno.
#NÃOCONFUNDA!
#PEGADINHA Para o crime de furto a ação penal é sempre pública incondicionada? Não!!! Cuidado com a
pegadinha dos arts. 182 e 183 do CP e no furto de coisa comum cuja Ação Penal será condicionada à
representação.
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
ROUBO MAJORADO
CAUSAS DE AUMENTO
II — se há concurso de duas ou • Aplicam-se aqui as regras estudadas em relação ao crime de furto
mais pessoas. qualificado pelo concurso de agentes (art. 155, § 4º, IV, do CP),
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• O aumento incide tanto para coautores como para partícipes, mas existe
divergência em torno da hipótese em que uma só pessoa pratica ato de
execução.
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Ciclos Método
III — se a vítima está em • O presente dispositivo tem por finalidade conferir proteção aos que
serviço de transporte de trabalham com transporte de valores, assim como àqueles que necessitam
valores e o agente conhece tal desse tipo de serviço para deslocar seus bens ou valores de um local
circunstância. para outro (bancos, joalherias, empresas em geral etc.).
V — se o agente mantém a • Essa modalidade de roubo majorado foi inserida no rol dos CRIMES
vítima em seu poder, HEDIONDOS pela Lei n. 13.964/2019 (art. 1º, II, “a”, da Lei n. 8.072/90).
restringindo sua liberdade.
• O dispositivo em análise refere-se à restrição de liberdade, que não
se confunde com privação de liberdade — elementar do crime de
sequestro ou cárcere privado (art. 148 do CP).
RESTRIÇÃO (Art. 157 §2º V) na restrição da liberdade, por sua vez, a vítima
é mantida em poder do roubador apenas por alguns minutos, ocorre por
tempo suficiente para garantir a ação do agente. (Ex. roubo de veículo, em
que a vítima é colocada no porta malas, até o agente chegar numa rodovia
para larga-la em uma estrada e fugir com o carro).
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PRIVAÇÃO (art. 148 do CP) é mais duradoura, exige que a vítima seja
mantida em poder do sequestrador por tempo juridicamente relevante.
(Ex.:Rouba a vítima coloca uma pessoa no porta malas e pratica-se
inúmeros roubos.)
VI – se a subtração for de • Essa forma majorada foi incluída no Código Penal pela Lei n.
substâncias explosivas ou de 13.654/2018.
acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem • O que torna a pena mais grave é o objeto material do delito. O agente,
sua fabricação, montagem ou mediante violência ou grave ameaça, subtrai substância explosiva ou
emprego. acessório que, conjunta ou isoladamente, possibilite a sua fabricação,
montagem ou emprego. Ex: sujeito que, mediante violência ou grave
ameaça, subtrai uma banana de dinamite do quartel do Exército.
VII — se a violência ou grave • #PACOTEANTICRIME - Esse dispositivo foi inserido no Código Penal
ameaça é exercida com pela Lei n. 13.964/2019.
emprego de arma branca.
#TABELACOMPARATIVA #COLANARETINA
ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA
• Assim, a Lei nº 13.654/2018 deixou de punir com mais rigor o agente que
praticava o roubo com arma branca. Pode-se, portanto, dizer que a Lei nº
13.654/2018, neste ponto, foi mais benéfica. Isso significa que ela, neste
tema, retroagiu para atingir todos os roubos praticados mediante arma
branca.
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Art. 157, § 2º-A, I — A pena aumenta-se de dois terços se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
arma de fogo.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
• #NÃOESQUEÇA: CRIME HEDIONDO. A Lei n. 13.964/2019 inseriu o crime de roubo cometido com
emprego de arma de fogo no rol dos crimes hediondos (art. 1º, II, “b”, da Lei n. 8.072/90).
• Como visto, antes da aprovação da Lei n. 13.964/2019, o emprego de qualquer tipo de arma de
fogo para a prática de roubo era enquadrado nesse dispositivo.
• Ocorre que referida lei inseriu no § 2º-B do art. 157, a previsão de que a pena do roubo será aplicada
em dobro se houver emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
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a) se o agente comete o roubo com arma de fogo de uso permitido (§ 2º-A, I), a pena será aumentada em
2/3;
b) se faz uso de arma de fogo de uso proibido ou restrito (§ 2º-B), a pena será aplicada em dobro.16
• Se o roubo for praticado por duas pessoas e só uma utilizar a arma de fogo, o aumento valerá para
ambas.
• Se forem usadas duas ou mais armas e houver enquadramento em dois desses dispositivos, será
aplicado apenas o aumento maior.
16
Armas de fogo de uso restrito, nos termos do art. 2º, II, do Decreto n. 9.847/2019, são: as armas de fogo
automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal,
com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas
libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de
munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil
seiscentos e vinte joules. A relação específica de armas de fogo, cujo calibre nominal, com a utilização de
munição comum, atingem, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil seiscentos e vinte joules, encontra-
se na Portaria n. 1.222/2019 do Comando do Exército.
Armas de uso proibido são aquelas para as quais há vedação total ao uso. De acordo com o art. 2º, III, do Decreto
n. 9.847/2019, são armas de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em
acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de
fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos.
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Até 2002, a grande maioria dos julgados era no sentido de reconhecer o aumento no uso da arma de brinquedo.
Havia até a Súmula 174 do STJ afirmando isso. Contudo, essa súmula foi cancelada, de modo que, atualmente,
no crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo não autoriza o aumento da pena.
• Arma desmuniciada
STJ: NÃO. O emprego de arma de fogo desmuniciada tem o condão de configurar a grave ameaça e tipificar o
crime de roubo, no entanto NÃO É suficiente para caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência
de potencialidade lesiva no momento da prática do crime (STJ. 5ª Turma. HC 449.697/SP, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 21/06/2018).
STF: SIM. É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a majorante do roubo (STF. 2ª
Turma. RHC 115077, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 06/08/2013).
• Arma com defeito
Como visto, não se mostra necessária a apreensão e perícia da arma de fogo empregada no roubo para
comprovar o seu potencial lesivo. No entanto, se a arma é apreendida e periciada, sendo constatada a sua
inaptidão para a produção de disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º, I, do CP, sendo
considerado roubo simples (art. 157, caput, do CP). STJ. 5ª Turma. HC 331338/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 13/10/2015.
- Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja absolutamente ineficaz, não incide a
majorante. Ex: revólver que não possui mecanismo necessário para efetuar disparos. Nesse caso, o revólver
defeituoso servirá apenas como meio para causar a grave ameaça à vítima, conforme exige o caput do art. 157,
sendo o crime o de roubo simples;
- Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja relativamente ineficaz, INCIDE a majorante.
Ex: revólver que algumas vezes trava e não dispara. Nesse caso, o revólver, mesmo defeituoso, continua tendo
potencialidade lesiva, de sorte que poderá causar danos à integridade física, sendo, portanto, o crime o de roubo
circunstanciado.
• Causa de aumento e crime de porte ilegal de arma de fogo
Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime de roubo circunstanciado. Aplica-
se o princípio da consunção, considerando que o porte ilegal de arma de fogo funciona como crime meio para a
prática do roubo (crime fim), sendo por este absorvido.
A conduta de portar arma ilegalmente é absorvida pelo crime de roubo, quando, ao longo da instrução criminal,
restar evidenciado o nexo de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram
praticados em um mesmo contexto fático, incidindo, assim, o princípio da consunção (STJ HC 178.561/DF).
No entanto, poderá haver condenação pelo crime de porte em concurso material com o roubo se ficar provado
nos autos que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do crime
de roubo e que ele não se utilizou da arma tão somente para cometer o crime patrimonial. Ex: “Tício”, às 13h,
mediante emprego de um revólver, praticou roubo contra “Caio”, que estava na parada de ônibus (art. 157, §
2º-A, I, CP). No mesmo dia, por volta das 14h 30min, em uma blitz de rotina da polícia (sem que os policiais
soubessem do roubo ocorrido), “Ticio” foi preso com os pertences da vítima e com o revólver empregado no
assalto. Em um caso semelhante a esse, a 5ª Turma do STJ reconheceu o concurso material entre o roubo e o
delito do art. 14, da Lei nº 10.826/2003, afastando o princípio da consunção.
STJ. 5ª Turma. HC 199031/RJ, Rel. Ministro Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 21/06/2011.
STF. 1ª Turma. RHC 106067, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, julgado em 26/06/2012.
- LESÃO GRAVE:
• As lesões graves que qualificam o roubo são aquelas descritas no art. 129, §§ 1º e 2º, do Código Penal.
A provocação de lesão leve em decorrência da violência empregada fica absorvida pelo crime de roubo, na
medida em que o texto legal não a menciona como forma qualificada tampouco ressalva a sua autonomia, tal
como ocorre em outros delitos.
• Se a subtração fica na esfera da tentativa, mas o agente efetivamente provoca lesões graves na vítima,
responde pelo crime qualificado consumado.
#DEOLHONAJURIS “O tipo penal concernente ao roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave
(CP, art. 157, § 3º, primeira parte) realiza-se em todos os seus elementos estruturais (‘essentialia delicti’),
dando ensejo ao reconhecimento da consumação desse delito, sempre que o agente, procedendo com a
intenção de executar a subtração patrimonial (embora frustrada em sua efetivação), comete violência
física de que resultem lesões corporais de natureza grave (HC n. 71.069, Ministro Celso de Mello). 2. Recurso
especial provido” (STJ — REsp 1.582.657/MG — Rel. Min. Sebastião Reis Junior — 6ª Turma — julgado em
24-5-2016 — DJe 13-6-2016).
• A pena máxima para essa modalidade qualificada pelo resultado era de 15 anos, mas foi
aumentada para 18 anos por ocasião da aprovação da Lei n. 13.654/2018.
-- MORTE (LATROCÍNIO):
• O latrocínio se verifica quando a violência física empregada pelo agente, durante e em razão do
roubo, provoca a morte da vítima.
• Nem todo roubo qualificado é latrocínio. Latrocínio é somente o roubo qualificado pela morte.
LATROCÍNIO (REQUISITOS)
Que a morte seja Que a violência causadora da Que haja nexo causal entre a
decorrente da violência morte tenha sido violência provocadora da
empregada empregada durante o contexto morte e o roubo em andamento
pelo agente (violência seja fático do roubo (violência empregada em
intencional) razão do roubo).
• CONSUMAÇÃO: Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima.
#SELIGANATABELA
SUBTRAÇÃO MORTE RESULTADO
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE CONSUMADA LATROCÍNIO CONSUMADO
LATROCÍNIO TENTADO ou roubo
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE TENTADA com lesão corporal grave. Depende
do dolo.
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• STJ: ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso formal impróprio de
latrocínios.
• STF: sendo atingido um único patrimônio, haverá apenas um crime de latrocínio, independentemente do
número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser levado em consideração na fixação da pena-base (art.
59 do CP). É a posição também da doutrina majoritária.
Consumação: o crime de extorsão se consuma com o constrangimento, desde que a vítima faça ou deixe de
fazer o que o réu exigiu (do contrário há mera tentativa – há posicionamento do STJ nesse sentido),
independentemente da obtenção da vantagem indevida. O recebimento da vantagem indevida é mero
exaurimento do crime. É crime formal.
Extorsão seguida de morte: trata-se de crime preterdoloso que constitui crime hediondo.
Extorsão indireta: exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que
pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro (art. 160, CP).
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CÓDIGO PENAL
ANTES da Lei 14.155/2021 DEPOIS da Lei 14.155/2021
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso
conectado ou não à rede de computadores, mediante alheio, conectado ou não à rede de computadores,
violação indevida de mecanismo de segurança e com o com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do
informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. multa.
Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Obviamente que não será sujeito ativo desse crime a pessoa que tenha autorização para acessar os dados
constantes do dispositivo.
Sujeito passivo
A vítima pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica.
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· Antes: o tipo falava que era crime invadir sem autorização expressa ou tácita do TITULAR do dispositivo.
· Agora: o crime é invadir sem autorização expressa ou tácita do USUÁRIO do dispositivo.
A mudança teve por objetivo deixar claro que o sujeito passivo do delito não precisa ser necessariamente o
proprietário do dispositivo, podendo a invasão ocorrer em um dispositivo que esteja sendo utilizado por alguém
– que não é seu dono – mas que teve a sua privacidade violada.
Assim, na maioria dos casos, a vítima é o proprietário do dispositivo informático.
No entanto, é possível identificar, em algumas situações, como sujeito passivo, o indivíduo que, mesmo sem ser
o dono do computador, celular etc., é a pessoa que efetivamente utiliza o dispositivo para armazenar seus dados
ou informações que foram acessados indevidamente. É o caso, por exemplo, de um computador utilizado por
vários membros de uma casa ou no trabalho, onde cada um tem perfil e senha próprios.
Dispositivo informático:
Em informática, dispositivo é o equipamento físico (hardware) que pode ser utilizado para rodar programas
(softwares) ou ainda para ser conectado a outros equipamentos, fornecendo uma funcionalidade. Exemplos:
computador, tablet, smartphone, memória externa (HD externo), entre outros.
De uso alheio:
O dispositivo no qual o agente ingressa deve ser de uso de terceiro.
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Outro exemplo: imagine que um funcionário encontrou o pen drive (não protegido por senha) de seu colega de
trabalho e decidiu vasculhar os documentos e fotos ali armazenados. Pela redação anterior, não haveria crime.
Pela redação atual, o delito restará configurado.
Houve, portanto, a correção de uma falha da Lei. Isso porque, mesmo sem a violação de mecanismo de
segurança, a privacidade estava sendo violada e, portanto, merecia reprimenda penal.
Com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo.
Ex: cracker que ingressa no computador de uma atriz para obter suas fotos lá armazenadas.
Atenção: se houver autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo, não haverá crime. Ex: determinado
banco contrata uma empresa especializada em segurança digital para que faça testes e tente invadir seus
servidores.
Com a mudança, o art. 154-A do CP deixa de ser crime de menor potencial ofensivo, não estando mais sujeito à
competência do Juizado Especial Criminal (art. 61 da Lei nº 9.099/95).
Por outro lado, continua sendo cabível suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95) e acordo
de não-persecução penal (art. 28-A do CPP).
Figura equiparada
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
É o caso, por exemplo, do indivíduo que desenvolve um programa do tipo “cavalo de troia” (trojan horse), ou
seja, um malware (software malicioso) que, depois de instalado no computador, libera uma porta para que seja
possível a invasão da máquina.
Assim, haverá a qualificadora prevista neste § 3º se, com a invasão, o agente conseguir obter o conteúdo de:
a) Comunicações eletrônicas privadas (e-mails, SMS, diálogos em programas de troca de mensagens etc);
b) Segredos comerciais ou industriais;
c) Informações sigilosas (o sigilo que qualifica o crime é aquele assim definido em lei).
Incidirá também a qualificadora no caso do invasor conseguir obter o controle remoto do dispositivo invadido.
Se o agente invade o computador da vítima, lá instala um malware (programa malicioso), descobre sua senha
e subtrai valores de sua conta bancária, comete qual delito?
· Antes da Lei nº 14.155/2021: essa conduta se amoldava ao crime de furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II,
do CP). Confira a redação:
Art. 155 (...)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
(...)
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
· Depois da Lei nº 14.155/2021: passou a existir um tipo penal específico para tratar sobre essa hipótese. Trata-
se do art. 155, § 4º-B, do CP:
Inciso I
A pena é aumentada em razão do fato representar, de algum modo, uma ameaça à soberania nacional. Além
disso, essa circunstância acarreta uma maior dificuldade na identificação e eventual responsabilização penal dos
envolvidos, justificando uma maior reprimenda.
Inciso II
· Idoso: o conceito de idoso no Brasil é dado pelo art. 1º da Lei nº 10.741/2003. Assim, idoso é a pessoa com
idade igual ou superior a 60 anos.
· Vulnerável: como não foi dado um conceito específico, deve-se utilizar a definição do art. 217-A, caput e § 1º,
do CP. Desse modo, podem ser considerados vulneráveis:
a) a pessoa menor de 14 anos;
b) a pessoa que, em razão de enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática de determinados atos.
Elemento subjetivo
Para que o autor responda pelas causas de aumento de pena é indispensável que exista dolo (consciência e
vontade), ou seja, é necessário que o agente saiba que, no caso concreto, está sendo utilizado um servidor
mantido no exterior ou que a vítima seja idosa ou vulnerável.
Rogério Sanches foi quem alertou para essa exigência:
“Note-se, por fim, que a majoração da pena pressupõe a ciência das circunstâncias referidas no § 4º-C. O autor
da subtração deve ter conhecimento de que sua conduta se vale de conexão internacional. Ou deve saber que
a vítima é idosa ou vulnerável, o que nem sempre ocorrerá, em razão das circunstâncias dos crimes cibernéticos,
nos quais muitas vezes o criminoso não tem nenhum contato – nem mesmo remoto – com sua vítima.” (CUNHA,
Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e os crimes de fraude digital: primeiras impressões e reflexos no CP e no CPP.
Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/05/28/lei-14-15521-e-os-crimes-de-
fraude-digital-primeiras-impressoes-e-reflexos-no-cp-e-no-cpp/)
Fraude eletrônica
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§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de
1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do
território nacional.
Percebam que, neste caso, houve uma novatio legis in mellius porque, antes, a pena deveria ser sempre
dobrada. Agora, ela pode ser aumentada de 1/3 até o dobro.
Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela novidade
legislativa.
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)
Imagine a seguinte situação hipotética:
João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá
comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele
encontrou, tendo João falsificado a assinatura.
Trata-se do crime de estelionato, na figura do caput do art. 171 do CP.
O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com o cheque
falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja.
Logo, nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula
48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)
Imagine a seguinte situação hipotética:
Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de Fora (MG).
Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras roupas de marca, que
totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de Pedro.
Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que não havia
fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não
morava ali.
O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro (RJ). Tendo
isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para julgar o delito?
Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
· Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a agência
bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da agência bancária na
qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar o cheque, lá em Juiz de Fora
(MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento porque informou que ali não havia
saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que a competência territorial era do local onde se
situava a agência que recusou o pagamento:
Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque
sem provisão de FUNDOS.
Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
da emissão dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo
sacado.
· Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz de Fora
(MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
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Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas.
Quem será competente para processar e julgar este crime de estelionato: o juízo da comarca de Goiânia (onde
foi feito o depósito) ou o juízo da comarca de São Paulo (local onde o dinheiro foi recebido)?
Aqui houve outra grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
· Antes da Lei: o juízo competente seria, neste exemplo, o da comarca de São Paulo. Nesse sentido:
No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou transferência bancária para a
conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou
do dinheiro, ou seja, no momento em a quantia foi depositada em sua conta.
STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019.
STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019.
Segundo decidiu o STJ, o estelionato consuma-se no momento e no local em que é auferida a vantagem ilícita.
O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do crime de estelionato
e não à conduta propriamente.
O núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento em que os
valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o dinheiro ingressa
efetivamente em sua conta corrente.
Resumindo
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Estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos ou transferências
bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência era do local onde o estelionatário possuía a
conta bancária.
· Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo, do juízo
de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
Art. 70. (...)
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando praticados mediante depósito (...) ou
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando entrou em
vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o feito para o juízo do
domicílio da vítima?
NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto no art. 43 do
CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir até
seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem serão
consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.
Ex1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos contra
servidores públicos federais no exercício de suas funções;
Ex2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço, deixou de
ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou o art. 9º,
parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017).
A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao processo penal em
virtude do art. 3º do CPP:
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
39. Crimes contra a dignidade sexual. 40. Crimes contra a incolumidade pública. 41. Crimes contra a paz pública.
42. Crimes contra a fé pública. 43. Crimes contra a administração pública.
- REPARAÇÃO DO DANO: #NÃOESQUECER: O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução
do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (art. 33, §4º, CP). Trata-se do dever de reparação do
dano.
#SELIGANADIFERENÇA:
Faltando a condição de servidor público, o fato deixa de ser
crime.
CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO ATIPICIDADE ABSOLUTA.
Ex.: Empresa que comete ato equivalente ao delito de
prevaricação com seus funcionários não comete crime.
Faltando a condição de servidor público o fato deixa de ser crime
funcional, mas permanece criminoso, ajustando-se a outro tipo
CRIMES FUNCIONAL IMPRÓPRIO incriminador.
ATIPICIDADE RELATIVA.
Ex.: se não for peculato poderá ser furto.
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- O simples fato de o réu exercer mandato eletivo não é suficiente para a causa de aumento do art. 327, § 2º,
do CP. (Info 816 - STF). É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF chamou de
"imposição hierárquica").
#DICA: para saber se se trata de crime de inserção de dados falsos em sistema de informações (art. 313-A, CP)
ou crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B, CP) veja se o
funcionário público é AUTORIZADO a promover as alterações no sistema.
17 Peculato Apropriação e Peculato Desvio são espécies de peculato próprio, no qual o agente tem a posse (ou mesmo a detenção)
sobre o dinheiro, valor ou qualquer outro bem, em virtude do cargo.
18 Peculato Furto é espécie de Peculato Impróprio.
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#PECULATOCULPOSO #REPARAÇÃODODANO:
A REPARAÇÃO DO DANO ANTES DA
CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
SENTENÇA IRRECORRÍVEL20
O STF considerou atípica a conduta de “peculato de uso” de um veículo para a realização de deslocamentos por
interesse particular.
CONSUMAÇÃO21: trata-se de crime formal. O delito de concussão se consuma quando o agente exige,
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida. Assim, caso venha a, efetivamente, receber a vantagem indevida, tal
fato será considerado mero exaurimento do crime, que se consumou no momento da sua exigência.
19 Isso significa que o sujeito tinha uma liberdade desvigiada sobre a coisa em virtude do cargo por ele ocupado.
20 #PEDRADETOQUE: para saber se o funcionário público será beneficiado pela extinção da punibilidade ou pela aplicação da
minorante, o marco crucial será visualizar a recorribilidade da sentença condenatória. Isso porque se irrecorrível somente poderemos
falar em causa de diminuição da pena.
21 #AJUDAMARCINHO: No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da vantagem
indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a exigência da vantagem
indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente. Ex:
funcionário público exige, em razão de sua função, vantagem indevida da vítima; dois dias depois, quando a vítima entrega a quantia
exigida, não há mais situação de flagrância considerando que o crime se consumou no momento da exigência, ou seja, dois dias
antes. STJ. 5ª Turma. HC 266.460-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564).
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CONCUSSÃO E CORRUPÇÃO ATIVA: Segundo a jurisprudência, são incompossíveis esses crimes, isto é,
não é possível a existência concomitante de ambos. É que a vítima, ao entregar o dinheiro exigido no
crime de concussão, não pode ser considerada sujeito ativo do delito de corrupção ativa, pelo simples
fato de que a corrupção ativa pressupõe que o particular livremente ofereça ou prometa a vantagem, o
que não ocorre quando há primeiramente a prática do delito de concussão, pois o particular é
constrangido a entregar a vantagem.
#SELIGANADIFERENÇA #NÃOERRAMAIS:
CONCUSSÃO O funcionário público exige vantagem indevida
CORRUPÇÃO PASSIVA Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida.
#CONSUMAÇÃO:
Quando o agente, efetivamente, solicita, para si ou para outrem, direta ou
MODALIDADE
indiretamente, vantagem indevida, que, se vier a ser entregue, deverá ser
“SOLICITAR”
considerada mero exaurimento do crime.
MODALIDADE Ocorrerá a consumação quando o agente, sem que tenha feito qualquer solicitação,
“RECEBER” receber vantagem indevida.
MODALIDADE
O agente tão somente aceita promessa de tal vantagem.
“ACEITAR”
AUMENTO DE PENA: art. 317, §1º, CP (se o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional).
#OLHAOGANCHO: CORRUPÇÃO PASSIVA PRATICADA POR JURADOS: O art. 445 do CPP diz que o jurado, no
exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que são
os juízes togados, a exemplo do que ocorre com o crime de corrupção passiva. #CUIDADO!
#CONSUMAÇÃO:
O delito se consuma quando o funcionário público, indevidamente, retarda a
MODALIDADE
prática do ato de ofício, ou seja, deixa de praticá-lo no tempo previsto,
“RETARDAR”
atrasando-o.
MODALIDADE O delito se consuma quando o agente, efetivamente, não pratica o ato a que
“REALIZAR” estava obrigado.
MODALIDADE O delito se consuma quando o sujeito pratica o ato contra disposição expressa de
“PRATICAR” lei.
EM TODAS AS MODALIDADES:
O agente deve atuar com a finalidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA: nome dado pela doutrina à hipótese do art. 319-A, CP.
NÃO CONFUNDA PREVARICAÇÃO COM CORRUPÇÃO PRIVILEGIADA: na corrupção privilegiada há um pedido de
outrem para que o funcionário retarde ou deixe de praticar ato, ainda que sem obtenção de uma vantagem
indevida. Na prevaricação, por seu turno, o retardamento ou a pratica de ato contra lei é feita para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal (não há pedido de outrem).
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#DEOLHONAJURIS: A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi recepcionada pela
Constituição de 1988. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental em que se questiona
a conformidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos, bem como a recepção pela Constituição de
1988, do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato. De acordo com a jurisprudência da Corte
Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal, a liberdade de expressão não é um direito
absoluto e, em casos de grave abuso, é legítima a utilização do direito penal para a proteção de outros interesses
e direitos relevantes. A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre agentes públicos e
particulares é uma via de mão dupla: as consequências previstas para as condutas típicas são diversas não
somente quando os agentes públicos são autores dos delitos, mas, de igual modo, quando deles são vítimas. A
criminalização do desacato não configura tratamento privilegiado ao agente estatal, mas proteção da função
pública por ele exercida. Vale ressaltar, no entanto, que, considerando que os agentes públicos em geral estão
mais expostos ao escrutínio e à crítica dos cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à insatisfação,
limitando-se o crime de desacato a casos graves e evidentes de menosprezo à função pública. STF. Plenário.
ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/06/2020 (Info 992 – clipping).
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A conduta não precisa ter sido praticada em lugar Para que o crime se configure, é indispensável que o
público, ou aberto ou exposto a público. Ex: pode ser ato obsceno tenha sido praticado em lugar público,
praticado no interior de uma casa. ou aberto ou exposto ao público.
Para que o crime se configure, é indispensável que o Não importa se houve ou não anuência das pessoas
ato libidinoso tenha sido praticado contra alguém que estavam presentes. Se o ato obsceno foi
que não concordou com isso. A análise da anuência praticado em lugar público, ou aberto ou exposto ao
ou não da pessoa atingida é fundamental. público, haverá o crime.
Infração de médio potencial ofensivo. Infração de menor potencial ofensivo.
O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual
da vítima. Para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima. Assim, doutrina
e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato físico direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o
nexo causal entre o ato praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à
dignidade sexual sofrido pela ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em
09/02/2021 (Info 685)
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Ex: ex-namorado que divulga fotografias eróticas de como forma de vingança por ter perdido a promoção
sua ex-namorada. para ela.
Toda pessoa com enfermidade ou deficiência mental será considerada vulnerável, para os fins do art. 217-A
do CP?
NÃO. Pela leitura do § 1º do art. 217-A do CP, pode-se concluir que a pessoa com enfermidade ou deficiência
mental somente será considerada vulnerável para fins de estupro de vulnerável se ela não tiver “o necessário
discernimento para a prática do ato”.
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato,
sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
Deve-se ter muito cuidado com a aplicação deste § 5º para as pessoas com deficiência. Isso porque em regra, a
pessoa com deficiência possui os mesmos direitos de que dispõe uma pessoa sem deficiência.
NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PARA OS ESTUPROS COLETIVO E CORRETIVO (ART. 226 DO CP)
O estupro coletivo (inciso IV, “a”) é cometido necessariamente com o concurso de 2 pessoas. Como
compatibilizá-lo com o inciso I do art. 226? Quando se aplica um ou o outro?
• Inciso IV, “a”: aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e 217-A do CP). Isso porque o nomen iuris
da causa de aumento fala em “estupro coletivo” e “estupro corretivo”.
• Inciso I: aplicado para os casos demais crimes contra a dignidade sexual.
NOVAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA PARA OS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (ART. 234-A DO CP)
Antes da Lei nº 13.718/2018 Depois da Lei nº 13.718/2018 (atualmente)
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título (crimes Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título (crimes
contra a dignidade sexual) a pena é aumentada: contra a dignidade sexual) a pena é aumentada:
(...) (...)
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite gravidez;
à vítima doença sexualmente transmissível de que IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
sabe ou deveria saber ser portador. transmite à vítima doença sexualmente
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44. Aspectos penais dos seguintes textos normativos, atualizados até a data da publicação do edital: Constituição
da república federativa do Brasil; Leis: 4737/1965; 4898/1965; 7210/1984; 7716/1989; 8069/1990; 8072/1990;
8078/1990; 8137/1990; 8176/1991; 9099/1995;
DEMAIS ASPECTOS PRINCIPAIS DA EXECUÇÃO PENAL E LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (Lei n° 7.210/84)
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
As penas restritivas de direitos caracterizam-se por seu caráter substitutivo em relação às penas
privativas de liberdade (PPL), permitindo que o juiz, desde que preenchidos os requisitos elencados no Código
Penal, no momento em que profere a sentença condenatória, substitua a PPL por uma ou mais penas restritivas
de direitos:
OU
Crime culposo (qualquer que seja a pena aplicada)
Réu não reincidente em crime DOLOSO
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente
#ATENÇÃO! Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em
virtude da prática do mesmo crime.
Nos termos do art. 55 do Código Penal, o tempo de cumprimento da pena restritiva de direitos será,
em regra, igual àquele previsto para a PPL. EXCEÇÃO: Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado
ao condenado cumprir a pena de prestação de serviços à comunidade em menor tempo, nunca inferior à
metade da pena privativa de liberdade fixada (art. 46, §2º, do CP).
O trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será realizado aos sábados,
domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de
trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz;
Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Código Penal (proibição do exercício de
profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público e suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
veículo), o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que autorizam o
exercício do direito interditado.
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Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das
penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições
pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou
estatal.
Esse dispositivo se destina a evitar que a PRD seja (re)convertida em PPL, permitindo ao juiz que,
fundamentadamente, adeque a forma de cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade ou
de limitação de fim de semana às condições pessoais do condenado e/ou às demandas da entidade ou programa
na qual ele cumpre a pena.
#AJUDAMARCINHO: Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado
da condenação.
O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. É proibida a chamada
execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados
em 07/11/2019.
O entendimento manifestado pelo STF na ADC 43/DF, acima mencionada, vale tanto para penas privativas de
liberdade como penas restritivas de direito. Isso porque a execução provisória da pena é incompatível com o
princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88:
Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Mesmo antes de o STF resolver o tema no julgamento da ADC 43/DF, a 3ª Seção do STJ já tinha posição pacificado
no sentido de que não é possível execução provisória de penas restritivas de direitos. Vale ressaltar, inclusive,
que existe expressa previsão na Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) exigindo o prévio trânsito em julgado
para a execução da pena restritiva de direitos. Confira:
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
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(...) I – O art. 147 da Lei de Execuções Penais determina que a pena restritiva de direitos será aplicada somente
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
II – O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente as Ações Diretas de Constitucionalidade 43/DF e
44/DF, ambas de relatoria do Ministro Marco Aurélio, para assentar a constitucionalidade do art. 283 do Código
de Processo Penal. (...)
STF. 2ª Turma. ARE 1235057 AgR, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/03/2020.
Multa é uma espécie de pena por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia em dinheiro que
será revertida em favor do Fundo Penitenciário.
Pagamento da multa
A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória. Depois que a sentença transitar em julgado, o
condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a multa imposta (art. 50 do CP).
O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do condenado e,
ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP).
O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias?
Se a multa não for paga, ela será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução.
#PISANOFREIO #DEOLHONAJURIS: O STF, ao julgar a ADI 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido
pelo art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições –
perda de bens, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é espécie de pena aplicável
em retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal. Diante da
eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo
cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal. STJ. 5ª
Turma. AgRg no REsp 1850903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020 (Info 671).
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Sobre a atual situação da legitimidade para execução da pena de multa, é importante conhecer o entendimento
da doutrina:
#UMPOUCODEDOUTRINA
• LIMA, Renato Brasileiro de. Pacote Anticrime: comentários à Lei13.964/19: artigo por artigo. Salvador:
Editora JusPodivm, 2020.
“Eis que surge, então, o Pacote Anticrime, sepultando de vez toda a controvérsia em torno da legitimidade e
competência para a execução da pena de multa. Isso porque, consoante disposto na nova redação conferida ao
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caput do art. 51 · do Código Penal, “transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição".
Do simples cotejo entre a redação antiga (dada pela Lei n. 9.268/96) e a nova (conferida ·pela Lei n. 13.964/19),
denota-se que, doravante, a execução da pena de multa deverá ser promovida exclusivamente pelo Ministério
Público, e tão somente perante o Juízo da Execução Penal. O Pacote Anticrime encerra, assim, a dubiedade na
interpretação do órgão legitimado e do juízo competente para a execução da pena de· multa, consagrando,
enfim, a legitimidade privativa do Ministério Público para tanto, conclusão que decorre da simples
impossibilidade de a Fazenda Pública atuar na vara de execução penal. Encontra-se fulminada, portanto, a
súmula n. 521 do STJ. Também não há mais que se falar em legitimidade subsidiária da Fazenda Pública e
competência residual da vara das execuções fiscais, tal qual decidido pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião
do julgamento da ADI n. 3.150”. (2020, p. 28)
• Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) - v. 1 /Cleber Masson. - 14. ed. - Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.
“A polêmica chegou ao fim com a atual sistemática do art. 51 do Código Penal. O inadimplemento da sanção
pecuniária não autoriza sua conversão em detenção, pois a pena de multa será considerada dívida de valor.
A execução deverá ser promovida exclusivamente pelo Ministério Público, perante o juízo da execução penal.
O art. 51 do Código Penal não abre espaço à legitimidade subsidiária da Fazenda Pública. Com efeito, não há
como retirar do Parquet a atribuição para execução da multa penal, em face do teor do art. 129,1, da
Constituição Federal, o qual estabelece ser função institucional do Ministério Público promover, privativamente,
a ação penal pública, na forma da lei.
Ora, promover a ação penal consiste em guiá-la durante todo o processo de conhecimento e também de
execução, é dizer, assegurar a condenação e implementar sua concretização.” (2020, p.647)
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença Art. 51. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida de condenatória, a multa será executada perante o juiz
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação da execução penal e será considerada dívida de
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
que concerne às causas interruptivas e suspensivas Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
da prescrição. causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
• A execução das PPL, se o réu estiver ou vier a ser preso, dependerá da expedição de guia de recolhimento
(documento que atesta a imposição de uma pena – não se confunde com a sentença condenatória):
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária.
O juiz sentenciante deve estabelecer o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da PPL,
observado o art. 33 do Código Penal:
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#DEOLHONAJURIS:
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos
elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição
com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas
utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo,
o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, §
2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).
João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela
prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). A defesa postulou a aplicação do regime aberto com
base no princípio da insignificância, considerado o objeto furtado ter sido apenas uma garrafa de licor. O STF
decidiu impor o regime semiaberto. Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado deve ser afastado. Por
outro, não se pode conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez que isso poderia se tornar
um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via de regra, perpetrado no
mesmo estabelecimento.
A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto furto em pequeno município, eleva a gravidade
subjetiva de sua conduta. STF. 1ª Turma. HC 136385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 7/8/2018 (Info 910).
Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi fixada no mínimo legal, então,
neste caso, não cabe a imposição de regime inicial mais gravoso. STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 10/10/2017 (Info 881).
Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da
insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de
liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, §
2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da proporcionalidade. STF. Plenário. HC 123108/MG, HC
123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793).
Exige-se que o juiz aponte circunstâncias que demonstrem que o fato criminoso, concretamente, foi grave. Se
as circunstâncias judiciais do art. 59 forem desfavoráveis, é possível que o juiz se fundamente nesses dados para
impor ao condenado regime inicial mais gravoso que o previsto para a quantidade de pena aplicada. Se as penas-
base de ambos os crimes são fixadas acima do mínimo legal em face da valoração negativa das circunstâncias
do art. 59 do Código Penal, não há ilegalidade na imposição de regime inicial mais gravoso do que o
abstratamente previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1471969/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 20/11/2014.
Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
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Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
Segundo a LEP (art. 111), havendo condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regime de cumprimento de pena será feito pelo resultado da soma ou
unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou a remição.
Ainda, nos termos do parágrafo único do art. 111 da LEP, sobrevindo condenação no curso da
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime.
#IMPORTANTE! A unificação de penas não enseja a alteração da data-base para concessão de novos benefícios
executórios. STJ. 3ª Seção. ProAfR no REsp 1753509-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/12/2018
(recurso repetitivo) (Info 644).
A superveniência de nova condenação não enseja alteração da data-base por ausência de previsão legal nesse
sentido:
- Sendo a nova condenação relativa a crime praticado antes do início da execução, a data-base continua a ser
a data do início do cumprimento da pena originária.
- Sendo a nova condenação relativa a crime praticado após o início da execução, a data-base é a prática do novo
crime (falta grave).
CASA DO ALBERGADO
Obs.: apesar de, na prática, isso ser desvirtuado, a chamada Cadeia Pública destina-
REGIME FECHADO se apenas ao recolhimento de presos provisórios (art. 102 da LEP), considerando
que as pessoas presas provisoriamente devem ficar separadas das que já tiverem
sido definitivamente condenadas (art. 300 do CPP).
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#IMPORTANTEDEMAIS!
a) A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso;
b) Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e
aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento
adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º, alíneas “b” e “c”, do CP);
c) Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se:
(i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
(ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas;
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto;
d) Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado.
STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).
Súmula vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
641.320/RS.
Agora, vamos passar para a análise de questões específicas em relação à execução da PPL:
REMIÇÃO DE PENA
A remição consiste na compensação, como pena cumprida, do trabalho ou do estudo realizado durante
a execução da pena:
A cada 3 dias de trabalho, diminui 1 dia de pena. A cada 12 horas de estudo, diminui 1 dia de
pena.
Obs: somente poderá ser considerado para fins de
remição, os dias em que o condenado cumprir a Obs: as 12 horas de estudo deverão ser
jornada normal de trabalho, que não pode ser inferior divididas em, no mínimo, 3 dias.
a 6h nem superior a 8h (art. 33).
SOMENTE é aplicada se o condenado cumpre pena Pode ser aplicada ao condenado que cumpra
em regime fechado ou semiaberto. pena em regime fechado, semiaberto, aberto
ou, ainda, que esteja em livramento
Obs: não se aplica se o condenado estiver cumprindo condicional.
pena no regime aberto ou se estiver em livramento
condicional.
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De acordo com o art. 126 da LEP, a remição pelo trabalho só é possível para os presos que cumprem
pena em regime fechado ou semiaberto. Logo, por falta de previsão legal, não seria possível a remição por
trabalho aos presos do regime aberto.
Considerando também que a LEP não exige que o trabalho realizado seja contínuo, duradouro ou
organizado, deve ser admitida a remição mesmo pela prestação de trabalho esporádico ou ocasional, ainda que
voluntário ou não remunerado. De fato, a lei não faz restrições quanto à forma, natureza ou a duração da
prestação laborativa, não podendo o intérprete limitá-la em desfavor do indivíduo. Lembremos que são
assegurados ao condenado todos os direitos não atingidos pela lei (art. 3º da LEP).
#DEOLHONAJURIS:
Ficando comprovado que o reeducando efetivamente exerceu o trabalho artesanal, ele tem direito à remição.
A alegação do Ministério Público no sentido de que é impossível controlar as horas trabalhadas com artesanato
não é um argumento válido. Cabe ao Estado administrar o cumprimento do trabalho no âmbito carcerário, não
sendo razoável imputar ao sentenciado qualquer tipo de desídia na fiscalização ou controle desse meio. Caso
concreto: o apenado trabalhou na confecção de tapetes por 98 dias, tendo direito à remição de 32 dias de pena.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1720785/RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018.
O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma.REsp
1666637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613).
Segundo o art. 33 da LEP, a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo,
8 horas. Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias
(menos do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como esse
trabalho do preso foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso gerou uma legítima
expectativa de que ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa aos
princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. Vale ressaltar, mais uma vez, o trabalho era
cumprido com essa jornada por conta da determinação do presídio e não por um ato de insubmissão ou de
indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860).
Se o preso, ainda que sem autorização do juízo ou da direção do estabelecimento prisional, efetivamente
trabalhar nos domingos e feriados, esses dias deverão ser considerados no cálculo da remição da pena. STJ. 5ª
Turma. HC 346948-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/6/2016 (Info 586).
A remição da pena pelo estudo é possível ao condenado que cumpre pena em regime fechado,
semiaberto ou aberto, bem como àquele que esteja em liberdade condicional (art. 126, caput e §6º, da LEP). Há
remição da pena tanto no estudo presencial quanto no estudo à distância, devendo os cursos frequentados
obter certificação das autoridades educacionais competentes. Não é relevante se o dia de frequência escola era
útil ou não útil.
Remição é o direito que possui o condenado ou a pessoa presa cautelarmente de reduzir o tempo de
cumprimento da pena mediante o abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas de estudo ou de 1 dia de pena
a cada 3 dias de trabalho. É possível computar a remição pelo estudo ainda que as aulas ocorram durante finais
de semana e dias não-úteis? SIM. A remição da pena pelo estudo deve ocorrer independentemente de a
atividade estudantil ser desenvolvida em dia não útil. O art. 126 da Lei 7.210/84 dispõe que a contagem de
tempo para remição da pena pelo estudo deve ocorrer à razão de 1 dia de pena para cada 12 horas de frequência
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escolar, não havendo qualquer ressalva sobre a consideração apenas dos dias úteis para realização da referida
contagem, sendo, inclusive, expressamente mencionada a possibilidade de ensino à distância. STJ. 6ª Turma.
AgRg no REsp 1487218-DF, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), julgado em
5/2/2015 (Info 556).
Os Tribunais realizam interpretação extensiva da LEP de modo a permitir a remição da pena não só
pelo estudo formal, mas também por atividades complementares, como a leitura e resenha de livros:
O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades laborais e à
educação formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura, que é atividade complementar,
mas não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente, havendo compatibilidade de horários. STJ. 5ª
Turma. HC 353689-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/6/2016 (Info 587).
É possível computar a remição pelo simples fato de o apenado ficar lendo livros (sem fazer um curso formal)?
SIM. A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte do tempo de execução da pena.
STJ. 6ª Turma. HC 312486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 9/6/2015 (Info 564).
Recentemente, o STJ entendeu que o tempo excedido, na frequência escolar, ao limite legal de 12
horas a cada 3 dias deve ser considerado para fins de remição da pena:
O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição da pena: por trabalho ou por estudo.
Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8 horas. O STJ, contudo, entende
que eventuais horas extras devem ser computadas quando excederem a oitava hora diária, hipótese em que se
admite o cômputo do excedente para fins de remição de pena. No caso da remição pelo estudo, o reeducando
poderá remir 1 dia de pena a cada 12 horas de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias. O STJ entende que,
se o reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser considerado para fins de remição da pena. STJ. 5ª
Turma. AgRg no AREsp 1720688/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 06/10/2020. STJ. 6ª
Turma. HC 461047-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/08/2020 (Info 677).
Como incentivo à persistência nos estudos, a LEP prevê a possibilidade de acréscimo de 1/3 do tempo
a remir nos casos de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena,
desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação (art. 126, §3º).
O preso provisório também tem direito à remição de pena, seja por trabalho ou por estudo (art. 126,
§7º). Neste caso, a remição será posteriormente considerada na detração no caso de condenação.
Os Tribunais Superiores admitem, ainda, a remição da pena pelo trabalho realizado no período em que
o condenado cumpre pena em prisão domiciliar:
É possível a remição de pena com base no trabalho exercido durante o período em que o apenado esteve preso
em sua residência (prisão domiciliar). A fim de evitar uma interpretação restritiva da norma, impõe-se o
reconhecimento dos dias trabalhados, ainda que em prisão domiciliar. Em se tratando de remição da pena é
possível fazer uma interpretação extensiva em prol do preso e da sociedade. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1689353/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/02/2018.
Apesar de vista na prática como prêmio concedido ao apenado em razão do tempo trabalhado ou
estudado, gerando mera expectativa de direito, a remição deve ser encarada como autêntico direito do
executado e dever do Estado.
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#OLHAOGANCHO: É possível a remição ficta da pena? Remição ficta é aquela em que, apesar de não
haver, efetivamente, a concretização do trabalho ou do estudo, há a declaração dos dias remidos. Existe uma
hipótese de remição ficta assegurada pela própria LEP:
Art. 126, § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a
beneficiar-se com a remição.
#DEOLHONAJURIS: Não se admite a remição ficta da pena. Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho
aos internos que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as
pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública
do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige,
necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do
direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho,
estudo ou leitura, não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904). STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 6ª Turma. HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
06/03/2018.
Nos termos do art. 127 da LEP, em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do
tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. De acordo com o STJ, se trata
de verdadeiro poder-dever:
Uma das punições impostas em caso de falta grave é a perda de parte dos dias remidos, conforme previsto no
art. 127 da LEP: Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. Quando o art.
127 fala que o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, isso significa que o magistrado tem a possibilidade
de, mesmo tendo sido praticada uma falta grave, deixar de revogar o tempo remido? NÃO. A prática de falta
grave impõe a decretação da perda de até 1/3 dos dias remidos, devendo a expressão “poderá”, contida no
art. 127 da LEP, ser interpretada como verdadeiro PODER-DEVER do magistrado, ficando no juízo de
discricionariedade do julgador apenas a fração da perda, que terá como limite máximo 1/3 dos dias remidos.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1430097-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 19/3/2015 (Info 559).
De todo modo, a perda dos dias remidos em sua fração máxima requer decisão fundamentada:
Reconhecida falta grave no decorrer da execução penal, não pode ser determinada a perda dos dias remidos na
fração máxima de 1/3 sem que haja fundamentação concreta para justificá-la. STJ. 6ª Turma. HC 282265-RS,
Rel. Min. Rogerio Shietti Cruz, julgado em 22/4/2014 (Info 539).
#SELIGA: A gravidade em abstrato da falta disciplinar não é apta a justificar uma maior perda dos dias remidos.
Se a gravidade abstrata não pode ser usada para a dosimetria e a fixação de regime prisional em casos de crimes,
com maior razão não deve influir negativamente na dosimetria da perda da remição, sob pena de ofensa aos
princípios da individualização da pena, fundamentação decisória, culpabilidade e proporcionalidade entre
delitos e faltas disciplinares.
PROGRESSÃO DE REGIME
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Com o advento do Pacote Anticrime houve mudança substancial em relação ao requisito objetivo da
progressão de regime:
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Caso concreto: João está cumprindo pena por homicídio qualificado (crime hediondo), cometido em 2019. Vale
ressaltar que João é reincidente genérico (não é reincidente específico; ele havia sido condenado anteriormente
por receptação, que não é crime hediondo). Diante disso, a previsão era a de que João tivesse direito à
progressão de regime com 3/5 da pena (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90). Ocorre que entrou em vigor a Lei nº
13.964/2019, que revogou o referido art. 2º, § 2º e instituiu novas regras de progressão no art. 112 da LEP. Em
qual inciso do art. 112 se enquadra o réu condenado por crime hediondo, com resultado morte, reincidente não
específico (reincidente genérico)? Essa situação não foi contemplada na lei. Os incisos VII e VIII do art. 112
exigem a reincidência específica. Diante da ausência de previsão legal, deve-se fazer analogia in bonam partem
e a ele deverá ser aplicada a mesma fração do condenado primário, ou seja, a regra do inciso VI, “a”, do art. 112
(50%): Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: VI - 50%
(cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; Resumindo: • art. 2º, § 2º, da Lei nº
8.072/90: a fração mais grave deveria ser aplicada tanto ao reincidente específico como genérico. A Lei de
Crimes Hediondos não fazia distinção entre a reincidência genérica e a específica para estabelecer o
cumprimento de 3/5 da pena para fins de progressão de regime • incisos VII e VIII do art. 112 da LEP: a fração
mais grave só se aplica para o reincidente específico. O condenado pela prática de crime hediondo, com
resultado morte, mas reincidente em crime comum irá progredir como se fosse primário. No exemplo dado, a
Lei nº 13.964/2019 foi mais favorável porque o réu progredia com 3/5 (= 60%) e agora a fração é de 50% (art.
112, VI, “a”, da LEP). Logo, ela se aplica, neste ponto, aos fatos ocorridos antes da sua vigência. STJ. 6ª Turma.
HC 581315-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/10/2020 (Info 681).
LIVRAMENTO CONDICIONAL
#SELIGA: Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos seguintes
requisitos:
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3) cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou não:
• condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais
de 1/3 (um terço) da pena. É chamado de livramento condicional SIMPLES;
• condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena para
ter direito ao benefício. É o livramento condicional QUALIFICADO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes
dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o livramento condicional
ESPECÍFICO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa
natureza: não terá direito a livramento condicional.
• condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte: não terá
direito a livramento condicional.
O condenado deve ter:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses;
Requisitos c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
SUBJETIVOS d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
e) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
#NÃOSABOTESÚMULAS: Súmula 441-STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional.
Qual é o fundamento desta súmula? Por que a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional?
Porque em nenhum momento a lei previu isso. Assim, a falta grave não interfere no livramento condicional por
ausência de previsão legal, ou seja, porque a LEP não determinou essa consequência (STJ. 5ª Turma. HC
263.361/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/05/2013).
Pacote anticrime
A Lei nº 13.964/2019 alterou o inciso III do art. 83 do Código Penal, que trata sobre os requisitos para a
concessão do livramento condicional. Veja:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional
condicional ao condenado a pena privativa de ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde superior a 2 (dois) anos, desde que:
que: (...)
(...)
III - comprovado comportamento satisfatório III - comprovado:
durante a execução da pena, bom desempenho no a) bom comportamento durante a execução da pena;
trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze)
prover à própria subsistência mediante trabalho meses;
honesto; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante
trabalho honesto;
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Com essa alteração operada pela Lei nº 13.964/2019, a falta grave passou a interromper o prazo para
obtenção do livramento condicional? A Lei nº 13.964/2019 fez com que o entendimento da súmula 441 do STJ
fique superado?
NÃO. A súmula 441 do STJ continua válida. Praticada a falta grave, o apenado terá que aguardar 12 meses para
poder gozar do livramento condicional. O prazo do art. 83, I, do CP, contudo, não é interrompido (não é
“zerado”). Essa é a lição de Rogério Sanches:
“A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora o cometimento de falta grave interrompa o
prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão de livramento condicional,
pois não há previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo conteúdo não é
incompatível com a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa obter o livramento se
houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o prazo do benefício não volta a correr
do começo quando cometida a infração. Praticada a falta grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode
ser beneficiado com a liberdade antecipada, mesmo que cumpra seu requisito temporal. O prazo de 12 meses,
aliás, coincide com o prazo da reabilitação da falta grave, hoje previsto na maioria dos regimentos internos das
unidades prisionais dos vários estados brasileiros.” (Pacote anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador: Juspodivm,
2020, p. 32).
Enunciado 2 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: O requisito previsto no art. 83, III, b, do
Código Penal, consistente em o agente não ter cometido falta grave nos últimos 12 (doze) meses, poderá ser
valorado, com base no caso concreto, para fins de concessão de livramento condicional quanto a fatos ocorridos
antes da entrada em vigor da Lei 13.964/2019, sendo interpretado como comportamento insatisfatório durante
a execução da pena.
#DEOLHONAJURIS:
Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período
de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
A prática de crime no curso do livramento condicional não pode ser considerada como falta grave e não gera,
por isso, a perda de 1/3 dos dias remidos (art. 127 da LEP). O cometimento de novo delito durante a vigência do
livramento condicional já traz graves consequências que são previstas no art. 88 do Código Penal. Esse
dispositivo não menciona a perda dos dias remidos. Desse modo, não há a possibilidade de imposição de faltas
disciplinares ao beneficiado com o livramento condicional. STJ. 6ª Turma. HC 271907-SP, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 27/3/2014 (Info 539).
O art. 83 do CP prevê que o condenado por crime hediondo ou equiparado que não for reincidente específico
poderá obter livramento condicional após cumprir 2/3 da pena. Os condenados por crimes não hediondos ou
equiparados terão direito ao benefício se cumprirem mais de 1/3 da pena (não sendo reincidentes em crimes
dolosos) ou se cumprirem mais de 1/2 da pena (se forem reincidentes em crimes dolosos). O crime de associação
para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, não é hediondo nem equiparado. No entanto,
mesmo assim, o prazo para se obter o livramento condicional é de 2/3 porque este requisito é exigido pelo
parágrafo único do art. 44 da Lei de Drogas. Dessa forma, aplica-se ao crime do art. 35 da LD o requisito objetivo
de 2/3 não por força do art. 83, V, do CP, mas sim em razão do art. 44, parágrafo único, da LD. Vale ressaltar
que, no caso do crime de associação para o tráfico, o art. 44, parágrafo único, da LD prevalece em detrimento
da regra do art. 83, V, do CP em virtude de ser dispositivo específico para os crimes relacionados com drogas
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(critério da especialidade), além de ser norma posterior (critério cronológico). Uma última observação: se o réu
estiver cumprindo pena pela prática do crime de associação para o tráfico (art. 35), o requisito objetivo para que
ele possa obter progressão de regime será de 1/6 da pena (quantidade de tempo exigida para os "crimes
comuns"). Os condenados por crimes hediondos ou equiparados só têm direito de progredir depois de
cumpridos 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente). STJ. 5ª Turma. HC 311656-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 25/8/2015 (Info 568).
Obs: o juiz pode determinar que, durante a saída A permissão de saída será concedida pelo DIRETOR
temporária, o condenado fique utilizando um DO ESTABELECIMENTO onde se encontra o preso.
equipamento de monitoração eletrônica
(tornozeleira eletrônica). A permanência do preso fora do estabelecimento
Obs2: os presos provisórios que já foram terá a duração necessária à finalidade da saída.
condenados (ainda sem trânsito em julgado) e estão
cumprindo a pena no regime semiaberto podem ter
direito ao benefício da saída temporária, desde que
preencham os requisitos legais que veremos abaixo.
Obs3: Com o advento do Pacote Anticrime, a LEP
passou a proibir a saída temporária ao condenado
que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.
Requisitos
A concessão da saída temporária dependerá da
satisfação dos seguintes requisitos (art. 123 da LEP):
I - comportamento adequado do reeducando;
É chamado de requisito subjetivo. Normalmente isso
é provado por meio da certidão carcerária fornecida
pela administração penitenciária.
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Regras gerais:
Cada preso terá o máximo de 5 saídas temporárias por ano (1 mais 4 renovações).
Cada saída temporária tem duração máxima de 7 dias. Em outras palavras, o preso receberá a
autorização para ficar 7 dias fora do estabelecimento prisional.
#ATENÇÃO! Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a concessão de
maior número de autorizações de curta duração. STJ. 3ª Seção. REsp 1.544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).
Peculiaridade: no caso da saída temporária para estudo, o prazo será igual ao que for necessário para o exercício
das atividades discentes (ex: pode ser autorizada a saída temporária todos os dias).
Existe algum prazo mínimo que deverá ser observada entre uma saída temporária e outra. Ex: o apenado
recebeu saída temporária hoje, ele terá que esperar algum tempo para ter direito novamente ao benefício?
1) Se a saída temporária tiver como objetivo permitir que o apenado estude: NÃO.
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No caso da saída temporária para estudo, o prazo será igual ao que for necessário para o exercício das atividades
discentes. Assim, poderá ser autorizada a saída temporária todos os dias, por exemplo. É o que prevê o § 2º do
art. 124 da LEP:
2) Se a saída temporária tiver como objetivo permitir que o preso visite a família ou participe de atividades
que o ajudem a retornar ao convívio social: SIM.
Neste caso, a LEP prevê um prazo mínimo de 45 dias entre uma saída e outra. Veja:
#ATENÇÃO! As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades que
concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão observar o prazo
mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta
duração, já intercaladas durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo
previsto no art. 124, § 3º, da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp 1.544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).
Condições
Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições legais (obrigatórias):
I – o condenado deverá fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado
durante o gozo do benefício;
II – o condenado deverá se comprometer a ficar recolhido na residência visitada, no período noturno;
III – o condenado não poderá frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
Além dessas, o juiz pode fixar outras condições que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a
situação pessoal do condenado. Nesse caso, chamamos de condições judiciais (ou facultativas).
Revogação
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Se o benefício for revogado por uma das causas acima listadas, o condenado só poderá recuperar o direito à
saída temporária se:
a) for absolvido no processo penal (hipótese 1);
b) for cancelada a punição disciplinar imposta (hipótese 2); ou
c) se ficar demonstrado seu merecimento a novo benefício (hipóteses 3 e 4).
Pela literalidade da Lei de Execução Penal, a cada saída temporária deve ser formulado um pedido ao juiz que,
então, ouve o MP e a administração penitenciária, e, após, decide. Em algumas partes do Brasil, no entanto,
como é o caso do RJ, os juízes da execução penal adotaram um procedimento para simplificar a concessão dessas
saídas temporárias. Quando o condenado formula o primeiro pedido de saída temporária, o juiz ouve o MP e o
diretor do Presídio, e, se estiverem preenchidos os requisitos, concede o benefício (segue, portanto, todo o rito
previsto na LEP). No entanto, nesta primeira decisão o juiz já fixa um calendário de saídas temporárias.
O que entendem os Tribunais Superiores? O calendário de saídas temporárias é permitido? A prática da saída
temporária automatizada é válida?
deficiência do aparato estatal (ex: muitos processos para poucas varas de execuções penais) e que, por causa
disso, se os pedidos fossem analisados individualmente, haveria risco de não dar tempo de o apenado receber
o benefício mesmo tendo direito. Essa deficiência do aparelho estatal é a realidade que se observa na maioria
dos Estados do Brasil, de forma que a exigência de decisão isolada para cada saída temporária tem causado
inúmeros prejuízos aos apenados.
- Vale ressaltar, no entanto, que, se for adotada a sistemática da saída temporária automatizada, quem deverá,
obrigatoriamente, fixar o calendário é o juiz das execuções penais, não podendo ele delegar esta atividade para
o diretor do presídio. Assim, é o juiz quem define as datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os
benefícios ao longo do ano.
- Importante destacar também que o benefício será revogado se ocorrer algumas das hipóteses de revogação
automática revogação automática da saída temporária, previstas no art. 125 da LEP.
Para fins de recurso repetitivo, o STJ firmou duas teses que sintetizam o raciocínio acima exposto:
#DEOLHONAJURIS:
Primeira tese: É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de decisão
judicial motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por deficiência exclusiva do aparato
estatal, a interferir no direito subjetivo do apenado e no escopo ressocializador da pena, deve ser reconhecida,
excepcionalmente, a possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único,
observadas as hipóteses de revogação automática do art. 125 da LEP.
Segunda tese: O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo das
Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais o
apenado irá usufruir os benefícios.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info
590).
FALTA GRAVE
EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
ATRAPALHA NÃO INTERFERE
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# Não confundir:
• Apenado que descumpre o perímetro (zona) estabelecido para tornozeleira eletrônica: configura a prática de
falta grave.
• Apenado que, durante saída temporária, descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica:
não configura a prática de falta grave (há um julgado da 6ª Turma do STJ que afirma que, neste caso, não há
previsão no rol do art. 50 da LEP).
• Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: configura falta grave
(art. 50, VI, da LEP).
22 “A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora o cometimento de falta grave interrompa o prazo
para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão de livramento condicional, pois não há
previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo conteúdo não é incompatível com a regra
imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa obter o livramento se houver cometido falta grave nos
doze meses anteriores à sua pretensão, o prazo do benefício não volta a correr do começo quando cometida a
infração. Praticada a falta grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade
antecipada, mesmo que cumpra seu requisito temporal. O prazo de 12 meses, aliás, coincide com o prazo da
reabilitação da falta grave, hoje previsto na maioria dos regimentos internos das unidades prisionais dos vários
estados brasileiros.” (Pacote anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 32).
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• A prática de falta grave durante o cumprimento da pena não acarreta a alteração da data-base para fins de
saída temporária e trabalho externo. Dito de outro modo: a prática de falta grave no curso da execução não
interrompe o prazo para a concessão da saída temporária e trabalho externo. Não interrompe o requisito
objetivo do lapso temporal para obtenção dos benefícios de trabalho externo e de saída temporária.Isso porque
os requisitos para tais benefícios estão expressamente previstos nos arts. 36, 37 e 123 da LEP e neles não se
menciona a necessidade de reinício da contagem do prazo em caso de prática de falta grave.STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1755701/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/11/2018.STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
985.011/RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 27/02/2018.
LEI DE DROGAS
Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir o cultivo e o porte
de maconha para fins medicinais. Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para
viabilizar, para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como
porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. STJ. 3ª Seção.
CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
Inaplicabilidade do princípio da insignificância: Para o STJ, não se aplica o princípio da insignificância para o
crime de posse/porte de droga para consumo pessoal (Info 541). 27/10/2015. #ATENÇÃO: O STF possui um
precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 14/02/2012. Se esse
tema for cobrado em prova, você deverá responder que NÃO é possível a aplicação do princípio, uma vez que o
referido precedente da 1ª Turma do STF não formou jurisprudência
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes
penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa
de comparecimento a programa ou curso educativo.
Consumo imediato da droga: O ato de consumir, usar a droga, não constitui núcleo do tipo penal. Para o STF,
não caracteriza o crime de porte de drogas a conduta do agente que recebendo de terceiro a droga, para uso
próprio, a consome, incontinenti, pois a incriminação do porte de tóxicos para uso próprio só se pode explicar
como delito contra a saúde pública (HC 79189).
Cabe à acusação provar que a droga apreendida era destinada ao tráfico, e ao não usuário provar que a droga
encontrada consigo seria utilizada para consumo próprio. (info. 711 do STF).
Prescrição: Prescreve em 2 ANOS (prazo especial da lei de drogas), mas aplicam-se as causas de interrupção do
CP.
Afastou-se a pena privativa de liberdade. O STF (info. 456) considera que a conduta descrita nesse artigo
continua sendo crime, tendo ocorrido apenas uma “DESPENALIZAÇÃO” (não descriminalização). Para alguns
autores, a expressão correta deveria ser “descarcerização”, porque o tipo continua prevendo penas, só não mais
privativas de liberdade.
Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de
droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 21/08/2018 (Info 632).
É atípica a conduta de importar pequena quantidade de sementes de maconha. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.624.564-
SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 683). STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
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Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
multa.
Figuras equiparadas: Também são consideradas tráfico e também são equiparadas a hediondo.
I - Importa, exporta, remete, produz,
fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em
Prevalece que as condutas listadas no §1º são subsidiárias, de
depósito, transporta, traz consigo ou
forma que o agente só pode por elas ser punido se sua conduta
guarda, ainda que gratuitamente,
não se enquadrar no caput. Assim, ainda que praticadas no mesmo
sem autorização ou em desacordo
contexto, não há concurso material entre os crimes do caput e do
com determinação legal ou
§1º. Há apenas um crime (progressão criminosa).
regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas;
Abrange não apenas substâncias destinadas exclusivamente à
II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, preparação da droga, mas também aquelas que, eventualmente,
sem autorização ou em desacordo se prestem a essa finalidade. É necessário o exame pericial para
com determinação legal ou atestar essa condição.
regulamentar, de plantas que se Diferença para o art. 28, §1º: além de o art. 28 exigir elemento
constituam em matéria-prima para a especial “para consumo próprio”, prevê também que a plantação
preparação de drogas; seja para preparação de pequena quantidade. Logo, se for para
média ou grande quantidade, aplicar-se-á esse inciso.
O sujeito ativo é o proprietário, possuidor, administrador ou VIGIA
III - Utiliza local ou bem de qualquer (crime próprio).
natureza de que tem a propriedade, Abrange apenas locais abertos ao público e privados. Não estão
posse, administração, guarda ou abrangidos os locais públicos de uso comum. A conduta (III) só
vigilância, ou consente que outrem estará tipificada se o local for utilizado ou cedido para o tráfico de
dele se utilize, ainda que drogas (não se relaciona à utilização do local para o consumo de
gratuitamente, sem autorização ou droga. Houve abolitio criminis dessa conduta, que era prevista na
em desacordo com determinação lei anterior). Se o agente que permite que outrem utilize de seu
legal ou regulamentar, para o tráfico imóvel para a prática do crime de associação para o tráfico (art.
ilícito de drogas. 35), sem que este local seja utilizado para a distribuição da droga,
não estará tipificado o inciso III.
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§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
É uma CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DA PENA (3ª fase da dosimetria). Direito subjetivo do réu: se ele
preencher os requisitos, deverá ter sua pena reduzida.
Redução: 1/6 a 2/3 -> 4 requisitos CUMULATIVOS: PRIMÁRIO; BONS ANTECEDENTES; NÃO SE DEDICAR A
ATIVIDADES CRIMINOSAS; NÃO INTEGRAR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve
ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 23/6/2016 (Info 831).
O STJ concedeu a ordem para que os juízes das varas de execução penal: • concedam o regime aberto para os
presos condenados a 1 ano e 8 meses por tráfico privilegiado (pena mínima) e que estejam em regime fechado.
• reavaliem a situação dos presos condenados por tráfico privilegiado a penas maiores que 1 ano e 8 meses, no
entanto, menores do que 4 anos de reclusão. STJ. 6ª Turma. HC 596.603-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 08/09/2020 (Info 681).
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas com base no fato de o acusado ser
investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal que ainda não transitou em julgado?
• STJ: SIM. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção
de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da
Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info
596). STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.
• STF: NÃO. Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no art. 33,
§ 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a inquéritos policiais ou processos
criminais em andamento, mesmo que estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio
da presunção de não culpabilidade). Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/2006 (Lei de Drogas) com base em condenações não alcançadas pela preclusão maior (coisa julgada).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967). STF. 1ª Turma. HC
166385/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973). STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2018.
Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes
exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade
para uso próprio.
Exige-se que seja PERMANENTE E DURADOURA, TEM DE TER ESTABILIDADE. A associação eventual/efêmera
não tipifica o crime, configura concurso de agentes.
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Crime Autônomo: independe da concretização ou não do tráfico de drogas. NÃO É EQUIPARADO A CRIME
HEDIONDO (entendimento dos tribunais).
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDIR:
Financiar eventualmente o
Associação para o financiamento (p.ú Financiamento do tráfico
tráfico (art. 33, com causa de
do 35) (art. 36)
aumento do 40, VII)
Se financiar de forma efêmera,
Associarem-se 2 ou mais pessoas, com haverá crime de tráfico com
Exige-se reiteração,
estabilidade, para reiteradamente causa de aumento do inciso VII:
habitualidade.
praticarem o 36. VII - o agente financiar ou
custear a prática do crime
Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33: responderá apenas pelo art.
36 da Lei de Drogas. Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 33:
responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36). STJ (Info
534).
Informante: o “fogueteiro do tráfico” responde pelo art. 37. Trata-se de exceção à teoria monista.
Condução de embarcação ou aeronave sob a influência de drogas: crime do art. 39 da lei de drogas. Trata-se
de crime de perigo concreto (“expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”).
Inconstitucionalidade do regime inicial fechado: o Pleno do STF declarou a inconstitucionalidade do art.2º, §1º
da Lei 8.072/90, que impunha o regime inicial fechado para crimes hediondos. Esta decisão foi tomada em
obediência ao princípio da individualização da pena.
Exigência de laudo definitivo para condenação: entendimento inédito da 1ª Turma do STF de que a
apresentação do laudo toxicológico definitivo mesmo após a condenação não causa nulidade, sendo necessário
demonstrar o prejuízo (RHC 110.429/MG, rel. Luiz Fux, j.6.3.2012).
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de UM SEXTO A DOIS TERÇOS, se (A
Intensidade do aumento é pelo GRAVIDADE E PLURALIDADE DE CAUSAS)
Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com
a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras
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III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de
serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
em transportes públicos;
O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de aumento de pena o fato de a infração ser cometida em
transportes públicos. Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro do meio
de transporte, incidirá essa majorante? NÃO. STJ. (Info 543).
A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando constatada a
comercialização de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante
se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local. STF. (Info 858)
O tráfico de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das
majorantes previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com
esse fim tendo em vista que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem. STJ. 6ª
Turma. HC 528.851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo
de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal (interestadual);
O art. 40, V, da Lei de Drogas prevê que a pena do tráfico e de outros delitos deverá ser aumentada se ficar
"caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal". Para que incida essa
causa de aumento não se exige a efetiva transposição da fronteira interestadual pelo agente, sendo suficiente
a comprovação de que a substância tinha como destino localidade em outro Estado da Federação. STF. (Info
808)
VI - sua prática ENVOLVER OU VISAR A ATINGIR CRIANÇA OU ADOLESCENTE ou a quem tenha, por qualquer
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Requisitos: a) Ação ou omissão; b) que cause violência física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral; c)
praticada contra a mulher; d) por motivação de gênero; e) numa situação de vulnerabilidade; f) no âmbito da
unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º):
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
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#SELIGANASÚMULA
Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
Formas de violência contra a mulher: o art. 7º traz as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher:
VIOLÊNCIA FÍSICA Homicídio (art. 121, CP), lesão corporal (art. 129, CP);
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA Ameaça (art. 147, CP), constrangimento ilegal (art. 146, CP);
VIOLÊNCIA SEXUAL Estupro (art. 213, CP);
VIOLÊNCIA PATRIMONIAL Furto (art. 155, CP);
VIOLÊNCIA MORAL Calúnia, difamação, injúria.
Situações em que é possível a aplicação da lei: segundo o STJ é possível a aplicação da Lei Maria da Penha nas
seguintes situações:
Filho contra mãe (porque a LMP se aplica também às relações de parentesco);
Filha contra mãe (agressor também pode ser mulher);
Pai contra filha;
Irmão contra irmã (ainda que não morem sob o mesmo teto);
Genro contra sogra;
Nora contra a sogra (desde que estejam presentes os requisitos de relação íntima de afeto, motivação
de gênero e situação de vulnerabilidade);
Padrasto contra enteada (relação íntima de afeto).
Princípio da insignificância:
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Laudos ou prontuários médicos: serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos
fornecidos por hospitais e postos de saúde (art. 12, §3º).
Aplicação processual subsidiária: ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos
de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei (art. 13).
Atos processuais: os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas
de organização judiciária (art. 14, parágrafo único).
Competência: É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Possibilidade de retratação: aplica-se nos casos de ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida, a exemplo do crime de ameaça. Só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público (art. 16).
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Cesta básica e substituição da pena: é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa (art. 17).
Possibilidade de o juiz conceder novas medidas protetivas ou rever as eventualmente concedidas: poderá o
juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de
urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público (art. 19, §3º).
De acordo com a Lei Maria da Penha: Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal,
caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
#SELIGA: O juiz pode decretar prisão preventiva de ofício em casos de violência doméstica com o advento do
Pacote Anticrime?
1ª CORRENTE 2ª CORRENTE
NÃO.
Notificação da ofendida: a ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor,
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado
constituído ou do defensor público (art. 21). #LEMBRAR A ofendida não poderá entregar intimação ou
notificação ao agressor (art. 21, parágrafo único).
Medidas protetivas que obrigam o agressor (art. 22): a) suspensão da posse ou restrição do porte de armas; b)
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; c) proibição de determinadas condutas;
d) restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; e) prestação de alimentos provisionais ou
provisórios.
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Medidas protetivas à ofendida (art. 24): a) restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à
ofendida; b) proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; c) suspensão das procurações conferidas pela
ofendida ao agressor; d) prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos
materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Não aplicação da lei nº 9.099/95: aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (art. 41).
Súmula 536, STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha;
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública incondicionada.
A conduta de descumprir medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha configura crime?
Antes da Lei nº 13.641/2018: NÃO Depois da Lei nº 13.641/2018 (atualmente): SIM
Antes da alteração, o STJ entendia que o
Foi inserido novo tipo penal na Lei Maria da Penha
descumprimento de medida protetiva de urgência
prevendo como crime essa conduta:
prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere
11.340/2006) não configurava infração penal.
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
O agente não respondia nem mesmo por crime de
Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos.
desobediência (art. 330 do CP).
#SELIGA A Lei nº 13.641/2018 é uma lei posterior mais gravosa. Isso porque, antes da sua edição, entendia-se
que a conduta de descumprir medida protetiva de urgência não era considerada crime. Assim, se o agente
descumpriu a medida protetiva até o dia 03/04/2018, ele não cometeu delito. No entanto, se esse
descumprimento ocorreu no dia 04/04/2018 ou em data posterior, o sujeito incide no crime tipificado no art.
24-A da Lei Maria da Penha.
Assistência à mulher em situação de VD: atendimento pelo SUS e ressarcimento pelo agressor:
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada
e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de
Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e
emergencialmente quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no
cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade
física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação
de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o
juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
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§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência,
a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único
de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os
serviços. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus
custos ressarcidos pelo agressor. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza
ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de
substituição da pena aplicada. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes
em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição,
mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o
disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos
órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019).
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
entre outras providências:
(...)
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial,
de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894,
de 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência,
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos
no Código de Processo Penal:
(...)
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão
do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
Desarmamento); (Incluído pela Lei nº13.880, de 2019)
(...)
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
(...)
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019).
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Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de
2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de horas e
decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não
será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 horas:
(...)
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive
para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
(...)
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº13.880, de
2019)
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
(...)
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do
seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.
(Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº
13.827, de 2019)
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e
regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria
Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das
medidas protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a competência do Juizados
Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos casos em que a conduta imputada como
criminosa está vinculada à relação íntima de afeto que tiveram as partes. Assim, é necessário apenas que a
conduta delitiva imputada esteja vinculada à relação íntima de afeto mantida entre as partes. STJ. 5ª Turma. HC
542.828/AP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/02/2020.
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SISTEMAS PROCESSUAIS
INQUISITORIAL ACUSATÓRIO
Não há separação das funções de acusar, defender e Separação das funções de acusar, defender e julgar.
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, Por consequência, se caracteriza pela presença das
que assume as vestes de um juiz inquisidor. partes (actum trium personarum), contrapondo-se
acusação e defesa em igualdade de condições,
sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira
equidistante e imparcial.
Como se admite o princípio da verdade real, o O princípio da verdade real é substituído pelo
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado princípio da busca da verdade, devendo a prova ser
como mero objeto do processo, daí porque se admite produzida em fiel observância ao contraditório e à
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade ampla defesa.
absoluta.
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla Gestão de prova: recai precipuamente sobre as
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir
para determinar de ofício a colheita de elementos quando provocado, e desde que haja necessidade de
informativos e de provas, seja no curso das investigação judicial. Durante a instrução processual,
investigações ou da instrução processual. ver tópico abaixo
A confissão do réu é considerada a rainha das provas Livre sistema de valoração de provas
Os julgadores não estão sujeitos à recusa Possibilidade de recusa do julgador
Procedimento é sigiloso Publicidade do procedimento
SISTEMA MISTO (Sistema Francês): Há uma primeira fase Inquisitiva presidida por um Juiz e uma segunda fase
Acusatória, respeitando-se o devido processo legal.
#ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA
Art. 3º-A, CPP. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação
e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Diante dessa modificação, como fica a previsão do art. 156, I, CPP?
156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
Há entendimento de que ele foi tacitamente revogado pelo Pacote Anticrime, lei posterior que regulou
inteiramente a matéria.
23
Por Jéssica Neves
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PRINCÍPIOS
Princípio da - Na instrução processual, como presunção legal relativa de não culpabilidade,
Presunção de invertendo-se o ônus da prova;
inocência (art. - Na avaliação da prova, impondo-se seja valorada em favor do acusado quando houver
5, LVII da CRFB) dúvidas sobre a existência de responsabilidade pelo fato imputado;
- No curso do processo penal, como parâmetro de tratamento do acusado, em especial
no que concerne à análise quanto à necessidade ou não de sua segregação provisória.
Princípio do - Direito a informação.: a parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou
Contraditório dos argumentos da parte contrária;
- Direito de Participação: possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou
contrariedade à pretensão da parte contrária.
- Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor
Princípio da Inclui a defesa técnica (exercida por um profissional da advocacia, dotado de capacidade
Ampla Defesa postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado ou defensor público) e autodefesa
(aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo).
Princípio do Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. A Constituição Federal consagra
nemo tenetur uma das vertentes desse princípio que é o direito ao silencio. A não comunicação ao
se detegere acusado de seu direito de permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo
reconhecimento depende de prova da comprovação do prejuízo.
Princípio da Busca-se a maior exatidão possível na reconstituição do fato controverso, entretanto sem
Busca da a pretensão de se chegar a uma verdade real, mas sim a uma aproximação da realidade.
Verdade
Princípio do Juiz Refere à existência de juízo adequado para o julgamento de determinada demanda,
Natural conforme as regras de competência pré-fixadas, e à proibição de juízos extraordinários ou
tribunais de exceção constituídos após os fatos.
#SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO
A atuação de grupos especializados (GAECO) não ofende o princípio do promotor natural, uma vez que, nessa
hipótese, se amplia a capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à formação
da opinio delicti do Parquet. (STJ, RHC 109.031/SP)
Não viola o princípio do juiz natural o julgamento de apelação por órgão colegiado presidido por
desembargador, sendo os demais integrantes juízes convocados. STF. 1ª Turma. HC 101473/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 16/2/2016 (Info 814)
Atualmente, de acordo com o entendimento do STF, não é possível a execução provisória da pena, porque:
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, prevê que “ninguém poderá ser preso senão
em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de
prisão temporária ou prisão preventiva.”. Esse artigo é plenamente compatível com a Constituição em vigor.
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória”, não deixa margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação.
• É infundada a interpretação de que a defesa do princípio da presunção de inocência pode obstruir as atividades
investigatórias e persecutórias do Estado. A repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir a ordem
jurídica e os direitos e garantias fundamentais dos investigados.
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o Poder Judiciário embasar
suas decisões no clamor público.
Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo Tribunal do Júri (HC
163814 ED, Segunda Turma, julgado em 19/11/2019, Mas #ATENÇÃO, o #PACOTEANTICRIME Incluiu a
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possibilidade de executar a pena provisória de réu condenado, pelo Tribunal do Júri, a uma pena superior a 15
anos de reclusão. (art. 292, I, e, CPP) #APOSTACICLOS
Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da condenação
#OLHAOGANCHO #MPLOVERS: O STF reconhece a existência do princípio do promotor natural, pelo qual veda
se a designação de membro do Ministério Público para atuar em caso específico, quando isso implicar abstração
das regras gerais de atribuições estabelecidas anteriormente à prática da infração penal. Nada impede, porém,
que seja designado Promotor de Justiça para o exercício de atribuições genéricas, ou seja, aquelas que podem
abranger, abstratamente, mais de uma hipótese concreta.
- PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA: está previsto no art. 5º, LV, CRFB/88, e significa que aos litigantes em processo
administrativo e judicial serão garantidos o contraditório e a ampla defesa. A ampla defesa significa a
autodefesa e a defesa técnica.
Caráter Irrenunciável da Defesa Técnica: O acusado não pode renunciar à defesa técnica.
Direito de Escolha do Defensor pelo próprio Acusado24: O direito de escolha do defensor pertence ao
acusado.
#NÃOSABOTESÚMULAS:
Súmula 523 – STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 707 – STF: Constitui Nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 708 – STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
A Autodefesa é a defesa exercida pelo próprio acusado. Se o acusado for Advogado poderá exercer as
duas (Defesa Técnica e Autodefesa). A Autodefesa se desdobra em 3: Direito de Audiência, Direito de Presença
e Capacidade Postulatória Autônoma:
1. Direito de audiência: direito de apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente, que se
materializa através do interrogatório. Daí o entendimento majoritário hoje sobre a natureza jurídica do
24
art. 8º, 2, d do Pacto de São José da Costa Rica
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interrogatório, que é meio de defesa. Mas, por força do direito ao silêncio, não é obrigado a responder
qualquer indagação (Art. 5o, LXIII, CRFB).
- PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: O Princípio do Juiz Natural representa o direito do cidadão a conhecer
antecipadamente a autoridade jurisdicional que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar um delito. A ideia
básica é a Imparcialidade. Segundo a doutrina, o Princípio do Juiz Natural pode ser extraído de pelo menos dois
dispositivos constitucionais, quais sejam os incisos XXXVII e LIII, ambos do Art. 5º da CRFB/88:
Art. 5º (...)
(...)
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
(...)
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
#SELIGA: Lei posterior pode alterar a competência? Aplica-se aos processos em andamento? Art. 2º do CPP – “A
lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior”. Observe que lei posterior que modifica a competência tem aplicação imediata aos processos em
andamento na primeira instância (art. 2º CPP), trabalhando-se com o brocardo “tempus regit actum”; porém,
caso já exista sentença de mérito, a causa prosseguirá na jurisdição em que foi prolatada, salvo se suprimido
o tribunal que deveria julgar o recurso.
- PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO: o art. 157, “caput”, CPP proíbe a
utilização de provas obtidas por meios ilícitos, salvo quando oriunda de fonte independente ou quando não
guardarem nexo de causalidade entre si (art. 157, §1º, CPP).
- PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: não está previsto expressamente na CRFB e pode ser visto por 3 viés:
ADEQUAÇÃO: a medida restritiva deverá ser adequada para o fim proposto.
NECESSIDADE: dentre as várias medidas restritivas, a escolhida deverá ser a menos gravosa.
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: gravame imposto x bem jurídico a que se quer proteger
- “TEMPUS REGIT ACTUM” ou PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE: enquanto no direito penal se aplica o princípio da
irretroatividade, no sentido de que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, no direito processual
penal se aplica o princípio da aplicação imediata (tempus regit actum), no sentido de que as leis processuais
penais serão aplicadas desde logo, sem prejuízo da validade dos atos praticados na lei anterior (art. 2º, CPP).
Apesar de o art. 2º, CPP não trazer ressalvas, doutrina e jurisprudência fazem a seguinte subdivisão:
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#FOCANATABELA
São aquelas que contêm uma parte de normas penais e outra de normas
processuais penais.
NORMAS PROCESSUAIS
REGRA: vamos aplicar a regra das normas penais, ou seja, se for mais
MISTAS
benéfico, retroage; se for mais prejudicial, não retroage. Ex. art. 366, CPP e
art. 89, Lei 9099.
NORMAS
São aplicadas imediatamente sem prejuízo dos atos praticados na vigência
GENUINAMENTE
de lei anterior. Ex. normas de citação e intimação.
PROCESSUAIS
São normas processuais inseridas em diploma penal e vice-versa.
REGRA: Há de se olhar a natureza da norma: se penal, não retroage, salvo
NORMAS PROCESSUAIS
para beneficiar o réu; se processual penal, tem aplicação imediata,
HETEROTÓPICAS
respeitando-se os atos praticados na vigência da lei anterior. Ex. o direito ao
silêncio está previsto no CPP (embora seja lei de cunho material).
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito.
Exceções:
• Tratados, convenções e regras de direito internacional (Diplomata que comete crime no Brasil será
julgado na forma do CPP do seu país)
• Tribunal Penal Internacional
• Jurisdição Política (Crimes de Responsabilidade)
Jurisdição Especial
- POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO CPP FORA DOS LIMITES TERRITORIAIS: ex. quando se tratar de território
nullius.
Juiz de Garantias.
#APOSTACICLOS
Zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
presença, a qualquer tempo;
Decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, de interceptação
telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de
comunicação; de afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; de c) busca e apreensão
domiciliar; de acesso a informações sigilosas;
Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;
Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões
apresentadas pela autoridade policial;
Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua
instauração ou prosseguimento
Julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia
Decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada,
quando formalizados durante a investigação;
#SELIGA: Supremo Tribunal Federal suspendeu por tempo indeterminado a eficácia das regras do Pacote
Anticrime que instituem a figura do juiz das garantias.
INQUÉRITO POLICIAL
INQUÉRITO POLICIAL
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste
em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de
prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de
possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Características Escrito; instrumental; dispensável; sigiloso; inquisitorial; informativo; indisponível;
discricionário.
Formas de De ofício: instaurado a partir de uma portaria.
Instauração Requisição do MP ou do Juiz: sendo a peça inaugural a própria requisição ou uma portaria.
Trata-se de uma ordem, estando o delegado obrigado a instaurar o IP.
Requerimento da vítima: tendo como peça inaugural o próprio requerimento ou uma
portaria. Trata-se de um pedido. Em caso de indeferimento cabe recurso inominado para o
Chefe de Polícia (Polícia Civil)/Superintendente Regional(Polícia Federal
Delação Identificada/ Delatio Criminis: noticia da ocorrência de um crime comunicada por
qualquer do povo.
Auto de Prisão em Flagrante: o próprio auto serve de peça inaugural do IP
Denúncia anônima/apócrifa: não autoriza a imediata instauração de IP, devendo antes ser
verificada a procedência das informações.
PRAZO DE CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
NATUREZA PRESO SOLTO
Regra Geral (art. 10, CPP) 10 dias + 15* 30 dias
Justiça Federal (art. 66 Lei 5.010/66 e art. 10, CPP) 15 + 15 30 dias
Drogas (art. 51, Lei 11.343/06) 30 + 30 90 + 90
Crimes contra a Economia Popular (art. 10, Lei 1.521/51) 10 dias 10 dias
CPPM 20 dias 40 + 20 dias
▪ Os elementos colhidos na fase investigatória são chamados de elementos de informação, pois são colhidos
em um sistema acusatório, sem a participação das partes, ou seja, não há contraditório, nem ampla defesa.
Prestam-se à decretação de Medidas Cautelares e à Formação da Opinio Delicti e não podem, isoladamente, ser
usados para fundamentar uma condenação, de acordo com a inteligência do Art. 155 do CPP, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
#COLANARETINA
Elementos indiciários ou de informação Elementos de prova
São produzidos na fase do inquérito; Em regra, são produzidos na fase processual e,
excepcionalmente, de maneira extraprocessual;
São produzidos de maneira inquisitiva; São produzidos de maneira dialética, com respeito ao
contraditório e a ampla defesa, real (imediato) ou
diferido;
Elementos migratórios:
Desse modo, a interpretação a contrario sensu do art. 155 do CPP deixa entrever que é possível que o
juiz forme sua convicção exclusivamente com base em 3 (três) espécies de provas, ainda que produzidas na fase
investigatória.
Esta tríplice natureza de provas consubstancia o que a doutrina chama de elementos migratórios, pois
migram do inquérito policial para o processo, podendo servir de base para eventual decisão condenatória:
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NFPSS PARTE II | MPMG
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são as de iminente perecimento, que são colhidas durante o inquérito policial por
PROVAS
inviabilidade lógica da sua realização na fase processual: por exemplo, a constatação
IRREPETÍVEIS
da embriaguez para os efeitos do arti- go 306, CTB.
PROVAS é justificada pela necessidade e urgência, como a interceptação telefônica, por
CAUTELARES exemplo.
INCIDENTE DE instaurado perante o juiz, mesmo durante o trâmite do inquérito, já fixando a
PRODUÇÃO prevenção. Cabe ao juiz convocar as futuras partes do processo e promover o respeito
ANTECIPADA DE ao contraditório e ampla defesa. Exemplo: oitiva de uma testemunha que está prestes
PROVA a deixar o país ou prestes a morrer.
Ora, lícitas e legítimas estas provas, poderão elas ser usadas como fundamentos a embasar o juiz na
prolação de decisão condenatória, ainda que tenham sido produzidas em fase de investigação criminal e
sem as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
#DEOLHONAJURIS - É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção
antecipada de prova, nas hipóteses do art. 366 do CPP.
As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito estão previstas no art. 581 do CPP, sendo esse um rol
taxativo (exaustivo). No entanto, apesar disso, é admitida a interpretação extensiva dessas hipóteses legais de
cabimento.
Se você observar as situações ali elencadas, verá que não existe a previsão de recurso em sentido estrito contra
a decisão que indefere o pedido de produção antecipada de provas.
Apesar disso, será possível a interposição de RESE contra essa decisão com base no inciso XVI do art. 581:
“Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: XVI - que ordenar a suspensão do
processo, em virtude de questão prejudicial;”
A decisão que indefere a produção antecipada de provas com base no art. 366 deve ser encarada, para fins de
recurso, como sendo uma decisão que “ordena a suspensão do processo” e, além disso, determina se haverá ou
não a produção das provas. Logo, enquadra-se no inciso XVI do art. 581 do CPP. STJ. 3ª Seção. EREsp 1630121-
RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca.
• Indiciamento: é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato, não
podendo o juiz determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém.
#OLHAOGANCHO Não podem ser indiciados: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros
do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
• O relatório é a peça na qual o delegado descreverá o que foi realizado no IP. O Delegado não expõe juízo de
valor no documento, apenas narra o que foi feito durante a investigação. Esse relatório é encaminhado ao
juiz, nos termos do art. 10 do CPP, para que ele determine que seja dada vista dos autos ao Ministério
Público.
- Atenção: em regra, no relatório final da autoridade policial, não há juízo de valor a respeito da
investigação. No entanto, atenção para a previsão do art. 52 da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06). Nesse caso, o
Delegado relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que o levaram à classificação
do delito, indicando a quantidade e a natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições
em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os
antecedentes do agente.
• Arquivamento:
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NFPSS PARTE II | MPMG
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#APOSTACICLOS #VAICAIR! A Lei Anticrime alterou todo procedimento para o arquivamento do IP. Porém, este
artigo está com a eficácia suspensa, em razão de concessão de medida cautelar nas ADI 6298, 6299, 6300 e
6305.
Redação antiga Após a Lei 13.964/2019
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de
Art. 28. Se o órgão do Ministério quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Público, ao invés de apresentar a Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à
denúncia, requerer o arquivamento autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
do inquérito policial ou de quaisquer revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
peças de informação, o juiz, no caso
de considerar improcedentes as § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
razões invocadas, fará remessa do arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta)
inquérito ou peças de informação ao dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
procurador-geral, e este oferecerá a da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
denúncia, designará outro órgão do respectiva lei orgânica.
Ministério Público para oferecê-la, ou
insistirá no pedido de arquivamento, § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento
ao qual só então estará o juiz obrigado da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do
a atender. inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.
#SELIGANOSCONCEITOS
Não existe arquivamento implícito (quando o parquet não inclui na denúncia um indiciado, ou em se tratando
de mais de um crime, não inclui todos eles). O MP deve sempre determinar o arquivamento de forma explícita
e fundamentada.
Arquivamento indireto: quando o MP deixa de oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente para
a ação penal. Não é admitido.
#PACOTEANTICRIME Nos casos de instauração de inquéritos policiais em face de servidores vinculados aos
órgãos de segurança pública (CF, art. 144) para fins de investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício funcional, deve ser dada assistência jurídica (art.14 do CPP)
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia
#REVISAQUEPASSA #RESUMO:
MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?
SIM
Insuficiência de provas
(Súmula 524/STF)
Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
Falta de justa causa para a ação penal (não há
SIM
indícios de autoria ou prova da materialidade)
Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
Existência manifesta de causa excludente de STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
Existência manifesta de causa excludente de NÃO
culpabilidade (posição da doutrina)
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NÃO
Existência manifesta de causa extintiva da (STJ HC 307.562/RS)
punibilidade (STF Pet 3943)
Exceção: certidão de óbito falsa
Termo Circunstanciado: substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos de infrações de menor
potencial ofensivo, sem necessidade de investigações mais aprofundadas.
Investigação Criminal Defensiva: conjunto de atividades investigatórias desenvolvidas pelo defensor, em
qualquer fase da persecução penal, e que pode ser realizado com ou sem assistência de investigador particular,
objetivando a colheita de elementos informativos que possam ser utilizados para beneficiar o investigado em
contraponto à investigação criminal.
# APOSTACICLOS #AJUDAMARCINHO
O STF reconheceu, em sede de repercussão geral, a atribuição do Ministério Público para realizar diretamente
a investigação de crimes (Info 785).
A CF/88 não autoriza de forma expressa essa atuação. Adota-se aqui a teoria dos poderes implícitos: se a
Constituição outorga determinada atividade-fim a um órgão, significa dizer que também concede todos os meios
necessários para a realização dessa atribuição.
A CF/88 confere ao MP as funções de promover a ação penal pública (art. 129, I). Logo, ela atribui ao Parquet
também todos os meios necessários para o exercício da denúncia, dentre eles a possibilidade de reunir provas
para que fundamentem a acusação. Ademais, a CF/88 não conferiu à Polícia o monopólio da atribuição de
investigar crimes. Em outras palavras, a colheita de provas não é atividade exclusiva da Polícia.
Desse modo, é constitucional a investigação realizada diretamente pelo MP, desde que respeitados os seguintes
parâmetros:
Respeito aos direitos e garantias fundamentais dos investigados.
Documentação de todos os atos investigatórios.
Respeito as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição.
Respeito as prerrogativas dos advogados, inclusive o previsto na Súmula Vinculante nº 14.
Razoável prazo de duração.
Sujeição permanente dos atos praticados ao controle do Poder Judiciário.
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS - Possibilidade de auxílio da agência de inteligência ao MP estadual
É legal o auxílio da agência de inteligência ao Ministério Público Estadual durante procedimento criminal
instaurado para apurar graves crimes em contexto de organização criminosa. STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS - O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial,
pode ter acesso a ordens de missão policial (OMP).
Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de
cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério
Público não será vedado, mas realizado a posteriori.
STJ. 1ª Turma. REsp 1439193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587).
Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
#SELIGA: Em regra, o Advogado não precisa de autorização judicial para acessar os autos do Inquérito Policial.
Mas, a Lei das Organizações Criminosas, em seu Art. 23, parágrafo único, determinou que nas investigações
envolvendo organizações criminosas, se faz NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL para acessar os Autos do IP.
#OLHAOGANCHO
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A nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 13869/19) tipificou, no art. 32 a conduta de: “Negar ao interessado,
seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao
inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim
como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que
indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses
a 2 (dois) anos, e multa.”
Súmula 234-STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o
seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
#SELIGANAJURIS
Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral aos termos dos
colaboradores para viabilizar, de forma plena e adequada, sua defesa, invocando a SV 14? SIM, desde que
estejam presentes o Requisito positivo (o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é
de fato mencionado como tendo praticado crime e o Requisito negativo (o acesso não inclui atos investigativos
e diligências que ainda se encontram em andamento e não foram consubstanciados e relatados no inquérito ou
na ação penal em tramitação). STF. 2ª Turma. Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 19/5/2020 (Info 978).
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial
STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
AÇÃO PENAL
PRINCÍPIOS
AÇÃO PENAL PÚBLICA
Havendo indícios de autoria e prova da materialidade quanto à prática de um
fato típico e não se fazendo presentes causas extintivas da punibilidade, não
pode o MP deixar de ajuizar a ação penal. São exceções ao princípio da
Princípio da
obrigatoriedade (princípio da obrigatoriedade regrada/discricionariedade
Obrigatoriedade
regrada): (i) Transação penal (art. 76, Lei nº. 9.099/99); (ii) Termo de
ajustamento de conduta; (iii) Parcelamento do débito tributário (art. 83, §2º,
Lei 9.430/96); (iv) Acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP)
Uma vez ajuizada a ação penal pública, dela não pode o MP desistir.
Princípio da #SELIGANAEXCEÇÃO: Suspensão condicional do processo. Preenchidos os
Indisponibilidade (art. 42 e requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, o MP propõe ao agente que cumpra
art. 576 do CPP) algumas condições, que resultará na extinção da punibilidade, sem
antecedentes, reincidência ou condenação na ficha penal.
A ação penal pública incondicionada será deflagrada por iniciativa de órgão
Princípio da Oficialidade oficial, o Ministério Público, independentemente da manifestação de vontade
expressa ou tácita de qualquer pessoa.
Havendo mais de um autor do crime, nada impede que venha o Ministério
Princípio da Divisibilidade Público a ajuizar a ação penal apenas em relação a um ou alguns deles,
postergando a propositura quanto aos demais para outro momento.
AÇÃO PENAL PRIVADA
Princípio da Cabe ao ofendido ou ao seu representante legal decidir acerca do
oportunidade/conveniência oferecimento (ou não) da queixa-crime.
É possível ao ofendido oferecer a queixa-crime e, durante o trâmite
Princípio da disponibilidade
processual, desistir.
Princípio da indivisibilidade O processo criminal de um obriga ao processo de todos.
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• Assim, caso a vítima tenha oferecido queixa contra um coautor, sem contemplar o outro, o Ministério
Público, zelando pela indivisibilidade da ação penal, proporá ao querelante que faça o aditamento (não
é o próprio Ministério Público que fará), sob pena de implicar em renúncia do direito de queixa contra
um deles, passível de ser aplicada aos demais.
• Não há cabimento no aditamento feito pelo Estado-acusação para incluir coautor, a pretexto de zelar pela
indivisibilidade, pois substituirá a vítima no interesse e na legitimidade de agir.
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#Atenção: Na ação privada subsidiária da pública , esses poderes são amplos e estão delineados no art. 29, CPP,
nessas ações o MP pode aditar para adicionar fatos e réus.
ADITAMENTO DA DENÚNCIA:
A distinção entre aditamento próprio e impróprio decorre dos princípios da obrigatoriedade e divisibilidade da
ação penal de iniciativa pública.
• O aditamento próprio consiste no acréscimo de fatos (aditamento próprio real) ou acusados (aditamento
próprio pessoal) cuja existência era desconhecida no momento de oferecimento da denúncia.
• Já no aditamento impróprio há uma retificação na denúncia sem que haja a inclusão de novos fatos ou
acusados, como por exemplo: alteração da data ou local do fato, complementação da qualificação do acusado.
• É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final.
#OLHAOGANCHO - Violência doméstica: o art. 16 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) autoriza que a
vítima se retrate (renuncie) a representação em audiência específica e com a presença obrigatória do juiz e do
Ministério Público. Além disso, o marco de retratação na violência doméstica passa a ser o recebimento da
denúncia.
• Eficácia objetiva: A representação goza de eficácia objetiva, ou seja, caso a vítima represente contra parte
dos infratores nada impede que o titular da ação denuncie outras pessoas (na privada não pode), afinal a
representação é uma autorização para o fato, para que providências sejam tomadas quanto ao fato (aspecto
objetivo).
• Não vinculação da representação: Em razão da independência funcional, o MP pode alterar os artigos de
lei sugeridos pela vítima ao representar, não pode, contudo, denunciar outros fatos que caracterizem novo
crime de ação pública condicionada, sem que a vítima tenha representado.
#NÃOCONFUNDA
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#SAIBADIFERENCIAR
DENÚNCIA GENÉRICA DENÚNCIA GERAL
É aquela que narra vários fatos típicos ou vários Quando se narra o fato criminoso com todas as
núcleos verbais do mesmo tipo e os imputa circunstâncias e o imputa indistintamente a todos os
genericamente aos acusados, sem que se possa saber acusados. Saber se todos os acusados cometeram o
quem agiu e de qual maneira crime é matéria de prova e não pressuposto para a
validade do processo
É inepta e deve ser rejeitada. STJ: RHC 24515 e HC É apta e deve ser recebida
117306
Venda de combustível adulterado: distribuidor, Denúncia narra que todos os sócios determinaram
transportador, varejista. (não soube identificar o que fossem cortadas árvores ilegalmente, em área de
momento correto da adulteração) preservação permanente. Saber se todos realmente
praticaram a conduta é questão de prova, mérito
#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS - A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma
acusação pela prática de qualquer crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no
plano fático, do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso. STJ. 6ª Turma. REsp 1.854.893-SP,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).
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Exposição do fato criminoso com todas as Na narrativa deve constar as qualificadoras e as causas de
suas circunstâncias. aumento, não sendo preciso incluir as circunstâncias
agravantes, uma vez que elas podem ser reconhecidas de
ofício pelo magistrado, conforme art. 385 do CPP.
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Não há motivos para o I - reparar o dano ou restituir a coisa I - se for cabível transação penal de
arquivamento da investigação; à vítima, exceto na impossibilidade competência dos Juizados Especiais
de fazê-lo; Criminais, nos termos da lei ;
O investigado confessou formal II - renunciar voluntariamente a II - se o investigado for reincidente
e circunstancialmente a prática bens e direitos indicados pelo ou se houver elementos
de infração penal; Ministério Público como probatórios que indiquem conduta
instrumentos, produto ou proveito criminal habitual, reiterada ou
do crime; profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais
pretéritas;
A infração penal foi praticada III - prestar serviço à comunidade ou III - ter sido o agente beneficiado
sem violência ou grave ameaça; a entidades públicas por período nos 5 (cinco) anos anteriores ao
correspondente à pena mínima cometimento da infração, em
cominada ao delito diminuída de acordo de não persecução penal,
1/3 a 2/3, em local a ser indicado transação penal ou suspensão
pelo juízo da execução, na forma do condicional do processo;
art. 46 do CP;
A infração possui pena mínima IV - pagar prestação pecuniária, a IV - nos crimes praticados no
inferior a 4 anos (para aferição ser estipulada nos termos do art. 45 âmbito de violência doméstica ou
da pena mínima cominada ao do CP, a entidade pública ou de familiar, ou praticados contra a
delito, serão consideradas as interesse social, a ser indicada pelo mulher por razões da condição de
causas de aumento e juízo da execução, que tenha, sexo feminino, em favor do
diminuição aplicáveis ao caso preferencialmente, como função agressor.
concreto); proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente
lesados pelo delito;
O acordo é uma medida V - cumprir, por prazo determinado, I - se for cabível transação penal de
necessária e suficiente para a outra condição indicada pelo competência dos Juizados Especiais
reprovação e prevenção do Ministério Público, desde que Criminais, nos termos da lei;
crime. proporcional e compatível com a
infração penal imputada.
EFEITOS
CUMPRIMENTO DO ANPP DESCUMPRIMENTO DO ANPP
Cumprido integralmente, o juízo competente Descumpridas quaisquer das condições estipuladas, o
decretará a extinção de punibilidade; Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para
fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia.
A celebração e o cumprimento do acordo de não O descumprimento também poderá ser utilizado pelo
persecução penal não constarão de certidão de Ministério Público como justificativa para o
antecedentes criminais, exceto para os fins eventual não oferecimento de suspensão
previstos no inciso III do § 2º deste artigo. condicional do processo.
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Enunciado 32 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: A proposta de acordo de não persecução
penal representa um poder-dever do Ministério Público, com exclusividade, desde que cumpridos os requisitos
do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser fundamentada, para propiciar o controle previsto no § 14 do mesmo
artigo.
#RAPIDINHAS ANPP
1. O investigado deseja que o MP ofereça o acordo, mas o Parquet se recusa a fazê-lo. O que é possível
fazer? No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o
investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior do Parquet, na forma do art. 28 do CPP.
2. Assinatura - O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo
membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
3. Homologação judicial - O acordo de não persecução penal precisará ser homologado pelo magistrado.
Para essa homologação, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar:
• a sua voluntariedade (por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor) e
• a sua legalidade.
4. Devolução do acordo ao MP - Se o juiz considerar que as condições previstas no acordo são
inadequadas, insuficientes ou abusivas, ele devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada
a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. Se o MP não adequar a proposta, o juiz
não homologará o acordo.
5. Homologação - Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos
ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
6. Recusa à homologação - O juiz poderá recusar a homologação do acordo quando: • a proposta não
atender aos requisitos legais; ou • o magistrado determinar ao MP que reformule a proposta e não for realizada
essa adequação.
7. O que acontece se for recusada a homologação? O juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a
análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
8. Cabe recurso contra a decisão do juiz que recusa homologação? SIM. Cabe recurso em sentido estrito:
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
(...) XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta
Lei. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
9. Intimação da vítima - A vítima será intimada: • se houver homologação do acordo; • e também se
houver seu descumprimento.
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#ATENÇÃO #OLHAOGANCHO - A prescrição não é contada enquanto o ANPP não for cumprido ou rescindido,
nos termos do art. 116, III, do CP. Trata-se de nova CAUSA SUSPENSIVA OU IMPEDITIVA da prescrição trazida
pela Lei nº 13.964/2019.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
(...) IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
#UMPOUCODELEISECA
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA.
- REGRA NA DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA: o art. 69, CPP, traz as regras de fixação da competência: a) o
lugar da infração; b) o domicílio ou residência do réu; c) a natureza da infração; d) a distribuição; e) a conexão
ou continência; f) a prevenção; g) a prerrogativa de função.
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#SELIGA No JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou omissão). Por sua
vez, na ação penal privada, a competência será do lugar da infração ou do domicílio do réu (foros concorrentes).
Também há a exceção nos casos de crimes contra vida, em que a competência será determinada pela teoria
da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram
em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi praticada
a conduta (local da execução).
ABSOLUTA RELATIVA
Interesse Público Interesse Preponderante das Partes
Previsto na CF Legislação infraconstitucional
Improrrogável pela vontade das partes Prorrogável
Sua inobservância gera nulidade absoluta do A nulidade é relativa, depende de comprovação do
processo penal prejuízo.
Pode ser arguida a qualquer tempo, não estando Deve ser arguida na primeira oportunidade que tiver para
sujeita a preclusão se manifestar, sob pena de preclusão.
O art. 567/CPP determina que a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios.
Pode ser reconhecida de ofício até esgotar sua Pode ser declarada de ofício até o início da instrução
jurisdição probatória.
Não é modificada pela conexão ou continência Pode ser modificada
Exemplos: material e funcional. Exemplos: Territorial, prevenção, distribuição, conexão e
continência.
157
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CRITÉRIOS DE COMPETÊNCIA
Lugar da infração:
Domicílio ou residência do réu;
Natureza da infração;
Distribuição;
Conexão ou continência;
Prevenção;
Prerrogativa de função.
Lugar da infração:
No critério do lugar da infração, o CPP adota a teoria do resultado (o juízo do lugar onde a infração se consumou,
ou, sendo hipótese de tentativa, o local onde o último ato de execução foi praticado.), entretanto, em razão do
princípio do esboço do resultado, admite-se que a competência seja fixada pelo local da atividade como forma
de facilitar a produção de provas, como no caso de homicídio.
- Conexão e continência
São institutos que visam à alteração da competência e não à sua fixação inicial. O feito poderia ser julgado por
determinado juiz, entretanto, quando houver alguma das situações abaixo a lei permite a mudança.
Conexão: trata-se de ligação do liame existente entre infrações, sendo recomendado a união dos
processos a fim de se obter uma perfeita visão do quadro probatório. Há conexão quando:
o Ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas (conexão intersubjetiva por simultaneidade ocasional), ou por várias pessoas
em concurso, embora diverso o tempo e o lugar (conexão intersubjetiva por concurso), ou por
várias pessoas, umas contra as outras (conexão intersubjetiva por reciprocidade);
o Houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas (conexão objetiva, lógica ou material);
o A prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de
outra infração (conexão instrumental, probatória ou processual).
Continência: refere-se à hipótese de um fato criminoso conter outros, tornando todos uma unidade
indivisível. A competência será determinada pela continência quando:
o Duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
o No caso de concurso formal, erro na execução e resultado diverso do pretendido.
CONEXÃO
INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE: ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas
CONCURSAL: ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas por
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar
POR RECIPROCIDADE: ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas
por várias pessoas, umas contra as outras
OBJETIVA TELEOLÓGICA: no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar as
outras
CONSEQUENCIAL: no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para ocultar,
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas
INSTRUMENTAL Quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares
influir na prova de outra infração.
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Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes
regras:
Quando pelo excessivo número de acusados e para Concurso entre a jurisdição comum e o juízo de
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por menores (ECA)
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente Sobrevier doença mental em relação a um corréu
a separação.
Houver corréu foragido
- Competência Material Em Razão Da Pessoa (Ratione Personae): foro por prerrogativa de função.
STF Infrações penais comuns:
- Presidente da República
- Vice-Presidente
- Membros do Congresso Nacional
- Seus próprios Ministros
- Procurador-Geral da República (art. 102, I, b, da CF).
Infrações penais comuns e de responsabilidade:
- Ministros de Estado
- Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I
(estabelecendo a competência do Senado Federal para julgar os comandantes das forças armadas em
crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República e Vice)
- Membros dos Tribunais Superiores, do Tribunal de Contas da União
- Chefes de missão diplomática em caráter permanente (art. 102, I, c, da CF).
STJ Infrações penais comuns: Governadores dos Estados e do Distrito Federal (art. 105, I, a, da CF).
Infrações penais comuns e de responsabilidade:
- Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal
- Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho
- Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da União que
oficiem perante Tribunais.
TRF Infrações penais comuns e de responsabilidade:
- Juízes Federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho
- Membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral
- Prefeitos Municipais que praticarem crimes submetidos à Justiça Federal (Súmula 702 do STF).
TJ Infrações penais comuns e de responsabilidade:
- Juízes Estaduais e do Distrito Federal
- Membros do Ministério Público, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 96, III, da CF)
- Prefeitos Municipais que praticarem crimes submetidos à Justiça Estadual (art. 29, X, da CF).
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#MUITAATENÇÃO
O STJ tem as seguintes súmulas:
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Súmula 151-STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-
se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens.
Porém, o STJ já flexibilizou esse entendimento para admitir como juiz competente o do local de apreensão da
droga ou da mercadoria contrabandeada ou descaminhada. A última decisão nesse sentido é de 07 de junho
de 2021 (saindo do forno!) (3ª Turma do STJ, CC nº 177882). Essas decisões são fundamentadas na facilidade de
colheita de provas: “Embora, no local de apreensão da droga, já seja possível a realização da prova da
materialidade delitiva, o mesmo não acontece no que diz respeito à autoria, cuja apuração a distância é difícil e
muitas vezes inviável”. Na hora da prova, verifique se a questão está cobrando o enunciado de súmula ou se
exige do candidato o conhecimento sobre esses julgados específicos do STJ!!
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS: As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de
função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele. Embora se viesse interpretando tais dispositivos de forma literal,
ou seja, abrangendo todos os crimes comuns, é possível e desejável atribuir à norma uma acepção mais
restritiva, com base na teleologia do instituto e nos demais elementos de interpretação constitucional. Trata-
se da chamada “redução teleológica” (Karl Larenz) ou, de forma mais geral, da aplicação da técnica da
“dissociação” (Riccardo Guastini), que consiste em reduzir o campo de aplicação de uma disposição normativa
a somente uma ou algumas das situações de fato previstas por ela segundo uma interpretação literal, que se dá
para adequá-la à finalidade da norma. Nessa operação, o intérprete identifica uma lacuna oculta (ou axiológica)
e a corrige mediante a inclusão de uma exceção não explícita no enunciado normativo, mas extraída de sua
própria teleologia. Como resultado, a norma passa a se aplicar apenas a parte dos fatos por ela regulados.
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QUESTÕES PREJUDICIAIS
São pontos fundamentais, vinculados ao direito material, penal ou extrapenal, que necessitam ser decididos
antes do mérito da causa, porque a este se liga.
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HOMOGÊNEAS/ Envolve uma questão essencialmente penal, que é analisada perante o mesmo juízo criminal.
COMUM/ Ex.: infração antecedente no crime de lavagem de dinheiro.
PERFEITA
Vinculam-se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por outro juízo. É subdividida
HETEROGÊNEAS/ OBRIGATÓRIA FACULTATIVA
JURISDICIONAL/ Questões referentes ao estado civil das Todas as questões que não envolvem o estado
IMPERFEITA pessoas impõem a suspensão do das pessoas, podendo o juiz, de oficio ou a
processo criminal, enquanto se requerimento, suspender o processo criminal e a
aguarda a decisão pelo juízo cível. A prescrição até a resolução na esfera cível de
suspensão pode ser decretada de ofício acordo com a conveniência de cada caso. Para
ou a requerimento, cabendo RESE tanto deve ponderar dois aspectos: ação civil já
apenas da decisão que suspender. O esteja ajuizada e apresente debate de difícil
prazo da suspensão é indefinido, solução. Cabe RESE apenas da decisão que
aguardando-se a solução da suspender o processo. Caso o processo seja
controvérsia na esfera cível, com o suspenso, a lei impõe a inquirição das
trânsito em julgado da decisão. O juiz testemunhas e a realização de outras provas de
criminal, em caso de urgência, pode natureza urgente. O juiz determina o prazo da
determinar a produção de provas. suspensão, ao final do qual pode haver sua
Suspende-se também o prazo prorrogação ou retomada da ação criminal,
prescricional. O MP tem legitimidade julgando o mérito, de forma ampla. A decisão
para propor essa ação civil. Resolvida civil transitada em julgada também vincula o
no cível, a questão não poderá ser magistrado na esfera criminal. MP também tem
discutida no juízo criminal. legitimidade para propor a ação
PROCEDIMENTOS INCIDENTAIS
São apontados no CPP e são interpostos ao longo da causa principal, que demandam solução pelo próprio juiz
criminal e impedem que mérito seja apreciado. Tramitam de forma paralela ao procedimento principal para não
o tumultuar.
De: Suspeição, Incompetência do juízo, Litispendência, Ilegitimidade de parte e Coisa
Exceções julgada
Art. 96. A arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em
motivo superveniente.
Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por
escrito, no prazo de defesa.
Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em
regra, o andamento da ação penal.
Incompatibilidades Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e impedimentos e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes,
seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.
Conflitos de Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela exceção
jurisdição própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou
incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de
processos.
162
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Restituição de Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não
coisas apreendidas poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal (produtos e
instrumentos do crime) não poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em
julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou
juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.
§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,
assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz
criminal poderá decidir o incidente.
§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá,
se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para
alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e
outro dois dias para arrazoar.
§ 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes
para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio
terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a leilão
público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se
este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade
Incidente de Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais.
falsidade Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior
processo penal ou civil.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará,
Incidente de de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do
insanidade mental. ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame
médico-legal.
§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação
da autoridade policial ao juiz competente.
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
Sequestro Hipoteca Legal Arresto
Recai sobre os instrumentos e Recai sobre os bens lícitos que serão usados na indenização e pagamento
proveitos do crime de custas
Medida cautelar que consiste na Medida cautelar destinada a Medida cautelar que consiste na
apreensão de bens imóveis ou especificar qual imóvel, de origem apreensão de bens móveis
móveis quando provenientes da lícita, do acusado tornar-se-á indeterminados e de origem lícita
prática de um crime. indisponível para assegurar a futura com o mesmo fim da hipoteca legal.
indenização da vítima ou o Poderá recair sobre bem imóvel a ser
pagamento de despesas ou multa ao submetido, posteriormente, à
Estado. É um direito real de garantia. hipoteca legal.
#APOSTACICLOS #PACOTEANTICRIME
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado,
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art.
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144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança
Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades.
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração penal que
ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização.
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos
demais órgãos públicos.
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à
autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e
licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, encargos
e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu
responsável.
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos bens,
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva da
propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem.
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS Exame de insanidade mental além de servir como elemento probatório, é também meio de
defesa, logo, o réu não pode ser obrigado a se submeter a ele. (STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838)
PROVAS
Se você conseguiu ver o FAD sobre Provas, ótimo!!! Para quem não pôde ver, fica aqui a nossa maior aposta!
Caso ainda queira mais, sugiro ir no FAD e procurar pelas #APOSTASCICLOS #OEXAMINADORAMA.
Seguimos!!!
Da regra probatória do in dubio pro reo decorrente do princípio da presunção de inocência, tem-se que o ônus
da prova recai precipuamente sobre o Ministério Público ou sobre o querelante. Todavia, nos termos do art. 156
do Código de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem a fizer.
164
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De acordo com a doutrina majoritária, o Código Penal brasileiro adotou a teoria da indiciariedade ou “ratio
cognoscendi”, segundo a qual provada a existência de fato típico, tem-se a presunção de ilicitude e
culpabilidade, cabendo ao acusado afastar tal presunção. Todavia, ainda que elidida tal presunção pela prova
de alguma excludente, o fato permanece típico.
Assim, prevalece o entendimento de que à acusação incumbe provar a autoria e a materialidade do delito, bem
como o elemento subjetivo da conduta, recaindo sobre a defesa a responsabilidade de provar eventuais
excludentes de ilicitude, de culpabilidade e causas obstativas ou extintivas da punibilidade.
#IMPORTANTE: Teoria temperada da indiciariedade: O inciso VI do art. 386 do CPP, após a alteração produzida
pela Lei nº 11.690/2008, autoriza sentença absolutória na seguinte hipótese “[...] existirem circunstâncias que
excluam o crime ou isentem de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e §1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo
se houver fundada dúvida sobre sua existência”. Ora, se a fundada dúvida acerca de uma excludente da ilicitude
ou da culpabilidade autoriza um decreto absolutório, pode-se concluir que não se exige da defesa uma prova
cabal acerca de tais teses, bastando a produção de um estado de dúvida para que o acusado possa ser absolvido.
Conquanto a busca e apreensão esteja inserida no Código de Processo Penal como meio de prova (Capítulo XI
do Título VII), sua verdadeira natureza jurídica é de meio de obtenção de prova (ou de investigação da prova).
Isso porque consiste em um procedimento (em regra, extraprocessual) regulado por lei, com o objetivo de
conseguir provas materiais, e que pode ser realizado por outros funcionários que não o juiz (v.g., policiais).
A busca e a apreensão "são medidas de natureza mista", isto é, "tanto a busca, quanto a apreensão, podem ser
vistos, individualmente, como meios assecuratórios ou como meios de prova, ou ambos".
Conforme art. 242 do CPP, a busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Em termos de legitimação, a busca domiciliar poderá ser ordenada pelo juiz a requerimento do Ministério
Público, do querelante, do assistente de acusação, do defensor e ainda por representação do delegado
(quanto a este último, a legitimidade para representar ocorre apenas na fase do inquérito). Tratando-se de busca
pessoal, além do juiz, poderá o próprio delegado de polícia ordená-la.
▪ A busca pessoal pode ser determinada pela autoridade policial ou pela autoridade judiciária, nos termos do
art. 6º, inciso II, do CPP;
▪ Já a busca domiciliar, está adstrita a cláusula de reserva de jurisdição, somente a autoridade judiciária é
competente poderá expedir o respectivo mandado.
(a Comissão Parlamentar de Inquérito não tem autoridade para, por força própria, isto é, sem autorização
judicial, determinar a busca domiciliar).
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Fundamentos
Para o deferimento da ordem judicial de busca e apreensão domiciliar é necessária a existência de fundadas
razões que a autorizem e, nos termos do art. 240, §1º, terá as seguintes finalidades:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
Inviolabilidade de domicílio
De acordo com o citado art. 5º, inciso XI, da CF/88, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Por sua vez, o art. 245, caput, primeira parte, do CPP, dispõe que as buscas domiciliares serão executadas de
dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite.
Nesse contexto, interpretando os dois dispositivos de forma sistemática, tem-se que, as buscas domiciliares,
para fins processuais penais, poderão ser feitas nas seguintes hipóteses:
a) havendo consentimento do morador, durante o dia ou à noite, a busca poderá ser realizada sem mandado
judicial. É dizer: sendo a necessidade de autorização judicial uma garantia ao morador, caso este abra mão de
seu direito, a busca poderá ser realizada nessas condições;
b) não havendo consentimento do morador, a busca domiciliar exigirá mandado judicial e deverá ser
realizada durante o dia; e
c) em caso de flagrante delito, com ou sem o consentimento do morador, a busca domiciliar poderá
ser realizada, pouco importando se é dia ou noite.
Conceito de casa
25
Não se exige, para a definição de “casa”, que ela esteja fixada ao solo, pois o conceito constitucional abrange as
residências sobre rodas (trailers residenciais), barcos-residência, a parte traseira do interior da boleia do caminhão, etc.
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▪ Compartimento não aberto ao público, onde ▪ Qualquer habitação coletiva, enquanto abertas;
alguém exerce profissão ou atividade (escritório de ▪ Tavernas, casas de jogo, boates, bingos, clubes,
advocacia26, o consultório médico, o quarto ocupado etc. (Todavia, se esses estabelecimentos estiverem
de hotel ou motel, o quarto de hospital, empresas e fechados ao público, passam a estar protegidos pela
lojas (do balcão para dentro), pátios, jardins, quintal, garantia da inviolabilidade do domicílio).
garagens, depósitos, etc.);
Conceito de dia
Não há uma unanimidade.
▪ Há os que defendem o critério físico-astronômico, ou seja, dia é o período de tempo que fica entre o crepúsculo
e a aurora.
▪ Outros sustentam um critério cronológico: dia vai das 6h às 18h. O mais seguro é só cumprir a determinação
judicial após as 6h e até as 18h.
▪ Existem, ainda, os que sustentam aplicar o parâmetro previsto no CPC, que fala que os atos processuais serão
realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
▪ #NOVIDADELEGISLATIVA - A edição da Lei 13.869/2019, inserindo nova disciplina penal e processual aos
crimes de abuso de autoridade, foi estabelecida, como típica, a conduta de quem “cumpre mandado de
busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas)”, salvo “se o
ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso
em razão de situação de flagrante delito ou de desastre” (art. 22, § 1.º, III).
Dessa forma, também é preciso ter conhecimento da recente previsão legal.
Durante a noite, o ingresso na casa é permitido nas Durante o dia, o ingresso é permitido
seguintes hipóteses
Com o consentimento do morador Em todas as hipóteses que autorizam o ingresso à
noite
Em situação de flagrante Para cumprimento de mandado judicial
Em caso de desastre
Para prestar socorro
Formalidades do mandado
Nos termos do art. 243 do CPP, tanto o mandado judicial de busca e apreensão (domiciliar ou pessoal)
como o mandado de busca e apreensão pessoal expedido pela autoridade policial, deverão preencher os
seguintes requisitos:
I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que
a identifiquem;
II – mencionar o motivo e os fins da diligência;
III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Ademais, se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca (CPP, art. 243, § 1º).
Execução do mandado
26
Portanto, mandado judicial de busca e apreensão em escritório de advocacia não pode ser expedido de modo genérico,
em aberto, sem objeto definido, mas sim de forma delimitada, restrita ou fechada, mesmo sendo o advogado
investigado.
167
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Ciclos Método
O morador ou a quem o
O mandado será cumprido por represente será intimado a
Os executores mostrarão e
no mínimo 2 pessoas abirir a porta; Em caso de
lerão o mandado ao morador
("executores" - policiais ou eventual resitência, a porta será
ou a quem o represente.
oficiais de justiça) arrombada, forçando-se a
entrada.
Busca infrutífera
Caso a diligência reste infrutífera, isto é, não seja encontrada a pessoa ou coisa procurada, nos termos
do art. 247 do CPP, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Frise-se: somente haverá a comunicação dos motivos da diligência a quem tiver sofrido a busca, se esta
pessoa requerer. Caso não requeira, não estão os executores obrigados a declinar os motivos da diligência.
27
STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-
RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
28
STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017;
29
STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em =
19/10/2017 (Info 617).
168
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Não existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de documento a ser
apreendido, ainda que de natureza sigilosa.
STJ. 6ª Turma. RHC 141.737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 27/04/2021 (Info 694).
#SAINDODOFORNO - O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados pela
acusação; no entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do acusado, para o exercício de suas
faculdades defensivas. Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência
ficar adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à
integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 114683/RJ, Rel. Rogério
Schietti Cruz, julgado em 13/04/2021 (Info 692).
#APOSTACICLOS - Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial,
em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a
aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de
crime permanente.
STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
É ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em residências, feita de forma genérica e
indiscriminada. Na decisão que autorizou a revista indiscriminada de residências nas áreas indicadas pela
polícia, a juíza responsável fez menção à forma desorganizada como as comunidades pobres ganham novas
casas constantemente, sem registro ou numeração que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria
necessária para a própria segurança dos moradores da região e dos policiais que ali atuam. Para o STJ, a ausência
de individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos dispositivos legais, como os arts. 240,
242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que traz como direito fundamental a
inviolabilidade do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e apreensão tenha objetivo certo e pessoa
determinada, não se admitindo ordem judicial genérica. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 435.934/RJ, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/11/2019.
Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como interceptações telefônicas,
buscas e apreensões, e devem ser complementadas por diligências investigativas posteriores. Se há notícia
anônima de comércio de drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve, antes de representar pela
expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no intuito de reunir e documentar
outras evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se confirmadas, com base nesses novos elementos
de informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será possível violar o domicílio, sendo a
expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa. O mandado de busca e apreensão expedido
exclusivamente com apoio em denúncia anônima é abusivo. STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a
polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem
o seu consentimento ou sem determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 18/02/2020 (Info 666). STJ. 6ª Turma. RHC 83501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018
(Info 623).
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja
válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da
residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar
abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o
ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp
1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada
em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação
de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de
nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015
(repercussão geral) (Info 806).
169
NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e,
portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão
escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção: será necessária autorização
judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no caso de trailers, cabines de caminhão,
barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma. RHC
117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/10/2016 (Info 843).
#ATENÇÃO: STJ DECIDE QUE POLÍCIA DEVE OBTER CONSENTIMENTO E FILMAR BUSCA SEM MANDADO JUDICIAL
EM RESIDÊNCIAS
A 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça fixou, por unanimidade, o prazo de um ano para que o Estado treine e
aparelhe policiais para que a entrada de agentes em uma residência seja registrada em vídeo. A medida servirá como
prova da legalidade da operação.
No caso concreto, o colegiado concedeu um habeas corpus para reconhecer a ilicitude de provas colhidas na casa de
um homem e o absolveu por invasão não autorizada na casa dele, onde foi encontrada maconha. A Corte estendeu a
decisão concluindo que toda diligência do tipo, deve obedecer aos seguintes critérios:
1. Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard probatório para ingresso no
domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo objetivo
e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito.
2. O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza permanente, nem sempre
autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a droga. Apenas será permitido o
ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se
possa objetiva e concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.
3. O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e apreensão de
objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação.
4. A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito incumbe,
em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso
domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em
áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto durar o processo.
Atualmente, as diligências policiais são registradas, em regra, apenas em meio escrito. O tema foi discutido no HC
598.051, impetrado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPSP). O relator é o ministro Rogerio Schietti
Cruz.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento
que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de
residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente.
STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como interceptações telefônicas,
buscas e apreensões, e devem ser complementadas por diligências investigativas posteriores. Se há notícia
anônima de comércio de drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve, antes de representar pela
expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no intuito de reunir e documentar
outras evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se confirmadas, com base nesses novos elementos
de informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será possível violar o domicílio, sendo a
expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa. O mandado de busca e apreensão expedido
exclusivamente com apoio em denúncia anônima é abusivo. STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
O STJ concedeu habeas corpus) para anular decisão que autorizou busca e apreensão em domicílios nas
comunidades de Jacarezinho e no Conjunto Habitacional Morar Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), sem identificar
o nome de investigados e os endereços a serem objeto da abordagem policial. A Defensoria Pública do Rio de
170
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Ciclos Método
Janeiro impetrou o habeas corpus coletivo em benefício dos moradores dessas comunidades pobres,
argumentando que, além de ofender a garantia constitucional que protege o domicílio, o ato representou a
legitimação de uma série de violações gravíssimas, sistemáticas e generalizadas de direitos humanos. A medida
foi tomada, em agosto de 2017, após a morte de um policial em operação das forças de segurança nas favelas
de Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Bandeira 2 e Morar Carioca, o que levou à concessão da ordem judicial
de busca e apreensão domiciliar generalizada na região. A ordem era para que a polícia tentasse encontrar
armas, documentos, celulares e outras provas contra facções criminosas. Na decisão que autorizou a revista
indiscriminada de residências nas áreas indicadas pela polícia, a juíza responsável fez menção à forma
desorganizada como as comunidades pobres ganham novas casas constantemente, sem registro ou numeração
que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria necessária para a própria segurança dos moradores da
região e dos policiais que ali atuam. Para o STJ, a ausência de individualização das medidas de busca e
apreensão contraria diversos dispositivos legais, como os arts. 240, 242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem
como o art. 5º, XI, da CF/88, que traz como direito fundamental a inviolabilidade do domicílio. É indispensável
que o mandado de busca e apreensão tenha objetivo certo e pessoa determinada, não se admitindo ordem
judicial genérica. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 435.934/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/11/2019.
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a
polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem
o seu consentimento ou sem determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 18/02/2020 (Info 666). STJ. 6ª Turma. RHC 83501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018
(Info 623).
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja
válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da
residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar
abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o
ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp
1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade, e de nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806).
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Ciclos Método
Chama-se “acusatório” porque, à luz desse sistema, ninguém poderá ser chamado a juízo sem que haja
uma acusação, por meio da qual o fato imputado seja narrado com todas as suas circunstâncias.
A mera separação das funções de acusar e julgar não basta para a caracterização do sistema acusatório,
porquanto a imparcialidade do magistrado não estará resguardada enquanto o juiz não for estranho à atividade
investigatória e instrutória. Com efeito, de nada adianta a existência de pessoas diversas no exercício das
funções do magistrado e do órgão estatal de acusação se, na prática, há, por parte daquele, uma usurpação das
atribuições deste, explícita ou implicitamente, a exemplo do que ocorre quando o magistrado requisita a
instauração de um inquérito policial, dá início a um processo penal de ofício (processo judicialiforme), produz
provas, decreta prisões cautelares sem requerimento das partes, etc.
#SAIBADIFERENCIAR:
SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO
Separação das funções de acusar, defender e julgar.
Por consequência, caracteriza-se pela presença de
Não há separação das funções de acusar, defender e
partes distintas (actum trium personarum),
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa,
contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de
que assume as vestes de um juiz inquisidor;
condições, sobrepondo-se a ambas um juiz, de
maneira equidistante e imparcial;
Como se admite o princípio da verdade real, o
O princípio da verdade real é substituído pelo
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado
princípio da busca da verdade, devendo a prova ser
como mero objeto do processo, daí porque se admite
produzida com fiel observância ao contraditório e a
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade
ampla defesa;
absoluta;
Gestão na prova: recai precipuamente sobre as
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla
partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade
quando provocado, e desde que haja necessidade de
para determinar de ofício a colheita de elementos
intervenção judicial. Durante a instrução processual,
informativos e de provas, seja no curso das
prevalece o entendimento de que o juiz tem certa
investigações, seja no curso da instrução processual;
iniciativa probatória, podendo determinar a
172
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Ciclos Método
Reconhecimento – A atividade investigativa, ou mesmo a polícia ostensiva, que se depara com o fato deve tentar
analisar todas as circunstâncias geradoras e geradas pelo ato criminoso. Diante desse quadro, o reconhecimento
do vestígio é caracterizado pelo ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da
prova pericial. Muito embora o reconhecimento esteja caracterizado como uma das etapas da cadeia de
custódia, não é uma atividade intrínseca da mesma, mas uma análise extrínseca que indicará a importância do
consequente procedimento de obtenção da prova.
Isolamento – A segunda etapa da cadeia de custódia é caracterizada como ato intrínseco à mesma, na medida
em que tem como objetivo a preservação dos vestígios a serem coletados e processados pelos peritos e o local
dos fatos. Logo o isolamento é o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo-se isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime.
Fixação – Para que haja a coleta de forma regular, a investigação deve se preocupar com todos os elementos
que farão parte da prova técnica. Por isso, a fixação é caracterizada pelo ato de descrever, de forma detalhada,
os vestígios conforme se encontram no local do crime ou no corpo de delito, bem como sua posição na área de
exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no
laudo produzido pelo perito responsável pelo atendimento in loco.
Coleta – Talvez seja a principal etapa da cadeia de custódia, na medida em que limitará a atividade técnica, pois
do que não restou coletado não será possível o retorno imaculado do trâmite do procedimento, em decorrência
da própria quebra da cadeia de custódia. Logo, a coleta é o ato de recolher o vestígio que será submetido à
análise pericial, com respeito à sua natureza e características. Não havendo a coleta de todos os elementos,
chances ocorrerão da perda da prova técnica sobre alguns elementos relevantes para a comprovação do fato.
Acondicionamento – O cuidado com a cadeia de custódia deve ocorrer desde o início das etapas até a sua
valoração ou a prova da regularidade do procedimento. Por isso, acondicionamento regular resultará na
possibilidade de manipulação sem riscos de contaminação com elementos externos aos vestígios. Assim, o
acondicionamento se conceitua pelo procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de
forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise,
com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento. Na disposição do art. 158-
D do CPP, o recipiente de acondicionamento do vestígio dependerá da natureza do material. Há um
procedimento específico para o acondicionamento com o objetivo de garantir a inviolabilidade e a idoneidade
do vestígio coletado e transportado. Como cada vestígio deve ser acondicionado de forma individualizada, o
recipiente deverá preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, e ter espaço próprio para
o registro das informações sobre o seu conteúdo. Como haverá manipulação dos vestígios pelos peritos, os
lacres específicos dos recipientes deverão ser rompidos para a análise daqueles. Para prevenir equívocos nessa
etapa da cadeia de custódia, após cada rompimento de lacre deve-se fazer constar na ficha de acompanhamento
de vestígio a qualificação do responsável, a data e local, e as informações referentes à substituição do lacre.
173
NFPSS PARTE II | MPMG
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#OEXAMINADORAMA30
Desdobramentos: Em síntese, pode-se dizer que o direito de não produzir prova contra si mesmo,
que tem lugar na fase investigatória e no curso da instrução processual, abrange:
30
Olha a relação com examinador!
Publicações:
Capítulo de livro: 3.5.3. O direito de não produzir provas contra si mesmo. 3.5.4. Dignidade da pessoa humana.
Artigo: Direito à não autoincriminação em relação à identificação criminal.
174
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Ciclos Método
a) o direito ao silêncio ou direito de ficar calado: corresponde ao direito de não responder às perguntas
formuladas pela autoridade, funcionando como espécie de manifestação passiva da defesa. O exercício do
direito ao silêncio não é sinônimo de confissão ficta ou de falta de defesa; cuida-se de direito do acusado (CF,
art. 5º, LXIII), no exercício da autodefesa, podendo ser usado como estratégia defensiva;
#DEOLHONAJURIS #SAINDOFORNO - A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os presos que
eles possuem o direito de permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII).
Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal,
mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais
impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais.
A falta da advertência quanto ao direito ao silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão.
Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais prestadas a policiais no momento
da prisão em flagrante.
STF. 2ª Turma. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016).
b) direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal: de acordo com o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14, § 3º) e com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(art. 8º, § 2º, “g”, e § 3º), o acusado não é obrigado a confessar a prática do delito. Portanto, por força do
princípio do nemo tenetur se detegere, ninguém pode ser constrangido a confessar a prática de uma infração
penal;
c) inexigibilidade de dizer a verdade: por não existir o crime de perjúrio no ordenamento pátrio, pode-
se dizer que o comportamento de dizer a verdade não é exigível do acusado, sendo a mentira tolerada, porque
dela não pode resultar nenhum prejuízo ao acusado. Logo, como o dever de dizer a verdade não é dotado de
coercibilidade, já que não há sanção contra a mentira no Brasil, quando o acusado inventa um álibi que não
condiz com a verdade, simplesmente para criar uma dúvida na convicção do órgão julgador, conclui-se que essa
mentira há de ser tolerada por força do nemo tenetur se detegere. A esse respeito, concluiu o Supremo Tribunal
Federal que, no direito ao silêncio, tutelado constitucionalmente, inclui-se a prerrogativa processual de o
acusado negar, ainda que falsamente, perante a autoridade policial ou judiciária, a prática da infração penal.
175
NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
A propósito, eis o teor da súmula nº 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”;
d) direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: sempre que a
produção da prova tiver como pressuposto uma ação por parte do acusado (v.g., acareação, reconstituição do
crime, exame grafotécnico, etc.), será indispensável seu consentimento. Além disso, a recusa do acusado em se
submeter a tais provas não configura o crime de desobediência nem o de desacato.
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS - É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do
acidente (art. 305 do CTB - Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade
penal ou civil que lhe possa ser atribuída).
A evasão do local do acidente não constitui exercício do direito ao silêncio ou do princípio do nemo tenetur se
detegere. Essas garantias apenas limitam o Estado de impor a colaboração ativa do condutor do veículo
envolvido no acidente para produção de provas que o prejudique. O tipo penal do art. 305 do CTB apenas obriga
a permanência do agente no local para garantir a identificação dos envolvidos no sinistro e o devido registro da
ocorrência pela autoridade competente. Assim, ele não viola o núcleo da garantia de não autoincriminação.
STF. Plenário. ADC 35/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 9/10/2020
(Info 994).
e) direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: nesse ponto, é importante entender
o que se entende por intervenções corporais, assim como o conceito de provas invasivas e não invasivas.
176
NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
Intervenções corporais (investigação corporal ou ingerência humana) são medidas de investigação que
se realizam sobre o corpo das pessoas, sem a necessidade do consentimento destas, e por meio da coação
direta se for preciso, com a finalidade de descobrir circunstâncias fáticas que sejam importantes para o processo,
em relação às condições físicas ou psíquicas do sujeito que sofre as intervenções, ou objetos escondidos com
ele. São exemplos de intervenções corporais: exame de sangue, ginecológico, identificação dentária,
endoscopia, exame do reto, entre outras tantas perícias como o exame de matérias fecais, de urina, de saliva,
exames de DNA usando fios de cabelo, identificações datiloscópicas de impressões dos pés, unhas e palmar e
também a radiografia.
As células bucais encontradas na saliva podem ser utilizadas para a realização de um exame de DNA.
A forma de sua coleta é que vai determinar se é prova invasiva ou não invasiva. Caso as células sejam colhidas
na cavidade bucal, haverá intervenção corporal invasiva. Agora, a saliva também pode ser colhida sem qualquer
intervenção corporal, possibilitando a realização do exame de DNA a partir de material encontrado no lixo, como
chicletes, pontas de cigarro, latas de cerveja e refrigerantes, que contêm resquícios da saliva que podem ser
examinados.
Assim quando se trata de material descartado pela pessoa investigada, é impertinente invocar o
princípio do nemo tenetur se detegere.
Nesse caso, é plenamente possível apreender o material descartado, seja orgânico (produzido pelo
próprio corpo, como saliva, suor, fios de cabelo), seja ele inorgânico (decorrentes do contato de objetos com o
corpo, tais como copos ou garrafas sujas de saliva, etc.) Exemplificando, se não é possível retirar à força um fio
de cabelo de um suspeito para realizar um exame de DNA, nada impede que um fio de cabelo desse indivíduo
seja apreendido em um salão de beleza.
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NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
Abaixo, segue decisão do STF envolvendo o princípio do nemo tenetur se deteger e o exame de DNA.
Nesse julgado, o STF citou trecho da obra do examinador WAGNER MARTELETO FILHO:
(III) O princípio nemotenetur se detegere, expressamente reconhecido também no Pacto de San José da Costa
Rica - promulgado pelo Decreto n. 678, de 1992 -, art. 8º, 2, g, serve para neutralizar os arbítrios contra a
dignidade da pessoa humana eventualmente perpetrados pela atividade estatal de persecução penal. Protege
os acusados ou suspeitos de possíveis violências físicas e morais empregadas pelo agente estatal na coação em
cooperar com a investigação criminal
(IV) não há que falar em violação à intimidade já que o investigado, no momento em que dispensou o copo e
a colher de plástico por ele utilizados em uma refeição, deixou de ter o controle sobre o que outrora lhe
pertencia (saliva que estava em seu corpo);
(IV) Também inexiste violação do direito à não autoincriminação, pois, embora o investigado, no primeiro
momento, tenha se recusado a ceder o material genético para análise, o exame do DNA foi realizado sem
violência moral ou física, utilizando-se de material descartado pelo paciente, o que afasta o apontado
constrangimento ilegal. Precedente do STF; e
(V) Não está em discussão sequer a aplicação ou constitucionalidade da Lei 12.037/09 ou da Lei 12.654/12, pois
não houve, in casu, colheita forçada de material genético (biológico) do paciente.
Não vislumbro ilegalidade na decisão proferida pelo STJ.
A propósito da temática, a doutrina e jurisprudência alienígenas, tais como a alemã, a estadunidense, a
portuguesa, a italiana, e a espanhola, vem sustentando, com fundamento nas respectivas legislações, a
admissibilidade de se compelir o acusado a cooperar, passivamente , com a coleta da prova, sem que haja
qualquer ofensa à garantia contra a autoincriminação. […]
Nesse sentido, legitimam-se, verbi gratia: as intervenções corporais coercitivas realizadas para a coleta de
material genético como sangue, tecido ou urina, para ulterior perícia; a exigência de que o acusado permaneça
em determinada posição, para fins de reconhecimento pessoal; as inspeções, buscas e registros pessoais,
dentre outras condutas que configuram um não fazer ou um mero suportar do sujeito passivo.
Essa coleta mencionada, inclusive, poderá ser feita sem a existência de intervenção corporal, quando o
material for disponibilizado voluntariamente pelo imputado ou descartado por ele em qualquer local. O autor,
ainda, opina que, diante de sua redação, a nova Lei não autorizou a intervenção corporal para a obtenção de
perfil genético no que toca ao acusado no curso de ação penal, com o escopo de realizar exame de DNA.
(In MARTELETO FILHO, Wagner. O direito à não autoincriminação no processo penal contemporâneo:
investigação genética, interceptações telefônicas e ambientais, agentes infiltrados e outros problemas. Ed.
Del Rey. Belo Horizonte. 2012. p. 86-87.)
(REsp 1677380/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe
16/10/2017);
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal
e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática.
Assim, percebe-se que a regra é a inviolabilidade do sigilo. Sua mitigação só se justifica quando existem
razões de interesse público a demonstrarem a conveniência de sua violação.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive
com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Com base no dispositivo supracitado, podemos elencar três requisitos para que a interceptação
telefônica seja válida:
Ausentes quaisquer dos requisitos, a prova deve ser considerada ilícita, bem como todas que dela
decorram, nos termos do art. 157 do Código de Processo Penal.
#SAIBADIFERENCIAR:
Captação da comunicação telefônica alheia POR TERCEIRO, SEM O CONHECIMENTO
INTERCEPTAÇÃO de
TELEFÔNICA nenhum dos comunicadores. Indispensável a autorização judicial (entendimento
pacífico).
ESCUTA Captação da comunicação telefônica POR TERCEIRO, COM O CONHECIMENTO de um
TELEFÔNICA dos comunicadores. Indispensável a autorização judicial (posição majoritária).
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NFPSS PARTE II | MPMG
Ciclos Método
COMUNICAÇÃO Conversa mantida entre duas pessoas, sem a utilização de telefone, em qualquer
AMBIENTAL recinto, público ou privado.
Ocorre quando um terceiro capta o diálogo ou as imagens envolvendo duas ou mais
INTERCEPTAÇÃO pessoas, sem que nenhum dos alvos saiba. Ex.: polícia, com autorização judicial,
AMBIENTAL instala um microfone e um gravador escondidos no gabinete de um servidor público
investigado por corrupção.
Ocorre quando um terceiro capta o diálogo ou as imagens envolvendo duas ou mais
ESCUTA pessoas, sendo que um dos alvos sabe que está sendo realizada a escuta. Ex: polícia
AMBIENTAL filma o momento em que determinado empresário (ciente da filmagem) entrega
quantia em dinheiro exigida por fiscal corrupto.
Ocorre quando o diálogo ou as imagens envolvendo duas ou mais pessoas é captado,
sendo que um dos alvos é o autor dos registros.
GRAVAÇÃO
Também é chamada de gravação ambiental clandestina (obs: a palavra “clandestina”
AMBIENTAL
está empregada não na acepção de “ilícito”, mas sim no sentido de “feito às
ocultas”). Ex: mulher instala uma câmera na casa e filma o momento em que o ex-
marido ameaça matá-la.
#RESUMINDOMAIS
INTERCEPTAÇÃO ambiental ESCUTA ambiental GRAVAÇÃO ambiental
Ocorre quando um terceiro capta Ocorre quando um terceiro Ocorre quando o diálogo
o diálogo telefônico travado capta o diálogo telefônico telefônico travado entre duas
entre duas pessoas, sem que travado entre duas pessoas, pessoas é gravado por um dos
nenhum dos interlocutores sendo que um dos próprios interlocutores, sem o
saiba. interlocutores sabe que está consentimento ou a ciência do
sendo realizada a escuta. outro.
Ex: polícia, com autorização Também é chamada de gravação
judicial, grampeia os telefones EX: polícia grava a conversa “clandestina” (obs: a palavra
dos membros de uma telefônica que o pai mantém “clandestina” está empregada
quadrilha e grava os diálogos com o seqüestrador de seu não na acepção de “ilícito”,
mantidos entre eles. filho. mas sim no sentido de “feito
às ocultas”).
• Para que a interceptação seja • Para que seja realizada é
válida é indispensável a indispensável a autorização Ex: mulher grava a conversa
autorização judicial judicial telefônica no qual o ex-marido
(entendimento pacífico). (posição majoritária). ameaça matá-la.
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#SELIGA - A Lei nº 13.964/2019 inseriu o art. 8º-A na Lei nº 9.296/96 exigindo, de forma genérica, a prévia
autorização judicial para a captação ambiental. Contudo, a gravação ambiental realizada por colaborador
premiado, um dos interlocutores da conversa, sem o consentimento dos outros, é lícita, ainda que obtida sem
autorização judicial, e pode ser validamente utilizada como meio de prova no processo penal.
#PACOTEANTICRIME:
Antes da Lei nº 13.964/2019, para que houvesse a interceptação ou escuta ambiental era necessária
autorização judicial? Depende:
• Se as pessoas investigadas estiverem em um ambiente público ou de acesso público: prevalecia o
entendimento de que não havia necessidade de autorização judicial, considerando que não havia violação à
privacidade e muito menos à intimidade. É o caso, por exemplo, da filmagem de um crime que ocorre em plena
rua;
• Se a captação ocorresse um local de acesso restrito: era necessária a autorização judicial. É o caso da captação
ambiental realizada em um escritório ou em uma residência.
(...) Não configura prova ilícita gravação feita em espaço público, no caso, rodovia federal, tendo em vista a
inexistência de "situação de intimidade" (HC n. 87341-3, Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Julgamento: 07.02.2006)
(...)
STJ. 3ª Seção. MS 12429/DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 23/05/2007.
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E a gravação ambiental?
Prevalecia o seguinte entendimento: em regra, a gravação ambiental, realizada por um dos interlocutores,
prescinde de autorização judicial:
É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do
outro.
(RE 583937 QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 19/11/2009).
É válida a utilização da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores do diálogo como meio de prova
no processo penal, independentemente de prévia autorização judicial.
STJ. 5ª Turma. RHC 102.808/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.
STJ. 6ª Turma. RHC 59.542/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 14/11/2016.
A única exceção em que haveria ilicitude se dá no caso em que a conversa era amparada por sigilo (ex: advogados
e clientes, padres e fiéis).
Vale ressaltar, contudo, que continua sendo desnecessária a autorização judicial em caso de captação ambiental
realizada por um dos interlocutores. A Lei acolheu a interpretação da jurisprudência e foi inserido o art. 10-A, §
1º na Lei nº 9.296/96, com a seguinte redação:
Art. 10-A (...)
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores.
#DEOLHONAJURIS:
Situação concreta: durante uma investigação para apurar tráfico de drogas, o juiz da vara criminal decretou a
interceptação telefônica dos suspeitos. Durante os diálogos, constatou-se a participação de um militar. O militar
foi, então, denunciado na Justiça Militar. Os diálogos interceptados foram juntados aos autos do processo penal
militar como prova emprestada, oriundos da vara criminal. Ocorre que o juiz da vara criminal não remeteu à
Justiça Militar a integralidade dos áudios, mas apenas os trechos em que se entendia que havia a participação
do militar. O STJ entendeu que esse procedimento não foi correto. Isso porque “quebra da cadeia de custódia
da prova”. A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que deve ser percorrido pela prova até a sua
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análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida durante esse trâmite processual pode
resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/02/2019). A defesa
deve ter acesso à integralidade das conversas advindas nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível
que as autoridades de persecução façam a seleção dos trechos que ficarão no processo e daqueles que serão
extraídos. A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a presença do defensor,
acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova, porquanto a pertinência do acervo
probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em que gera vantagem desarrazoada em
detrimento da defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.795.341-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/05/2019 (Info
648). Obs: vale ressaltar que o caso acima explicado trata sobre falta de acesso à integralidade da interceptação
telefônica e não sobre falta de transcrição ou degravação integral das conversas obtidas. O entendimento da
jurisprudência do STF e do STJ é o de que não é obrigatória a transcrição integral do conteúdo das interceptações
telefônicas. Isso não foi alterado pelo julgado acima, que trata sobre hipótese diferente.
“Denúncia anônima” e quebra de sigilo: Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar
investigações preliminares com base em "denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade das
alegações contidas no documento apócrifo. A Polícia, com base em diligências preliminares para atestar a
veracidade dessas “denúncias” e também lastreada em informações recebidas pelo Ministério da Justiça e pela
CGU, requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado. O STF entendeu que a decisão
do magistrado foi correta considerando que a decretação da interceptação telefônica não foi feita com base
unicamente na "denúncia anônima" e sim após a realização de diligências investigativas e também com base
nas informações recebidas dos órgãos públicos de fiscalização. Renovação das interceptações A Lei nº 9.296/96
prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo
uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º). A interceptação telefônica não pode
exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes
para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli,
julgado em 6/2/2018 (Info 890).
#ATENÇÃO
É constitucional a Resolução 36/2009 do CNMP, que dispõe sobre o pedido e a utilização de interceptações
telefônicas, no âmbito do Ministério Público, nos termos da Lei nº 9.296/96. A norma foi editada no exercício
das atribuições previstas diretamente no art. 130-A, § 2º, I e II, da CF/88. A Resolução apenas regulamentou
questões administrativas e disciplinares relacionadas ao procedimento de interceptação telefônica, sem
adentrar em matéria de direito penal, processual ou relativa a nulidades. Não foram criados novos “requisitos
formais de validade” das interceptações. Tanto isso é verdade que a inobservância dos preceitos contidos na
resolução não constitui causa de nulidade, mas sim motivo para a instauração de procedimento administrativo
disciplinar contra o agente público infrator, pois consistem em regras ligadas aos deveres funcionais de sigilo na
atuação ministerial. A independência funcional do MP foi preservada. A resolução não impõe uma linha de
atuação ministerial, apenas promove a padronização formal mínima dos ritos adotados nos procedimentos
relacionados a interceptações telefônicas, em consonância com as regras previstas na Lei nº 9.296/96. STF.
Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899)
Infiltração de Agentes
Lei de Drogas Lei de Organização Criminosa ECA
(art. 51, I) (arts. 10 a 14) (arts. 190-A a 190-E)
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Não prevê prazo máximo Prazo máximo de 6 meses, Prazo de 90 dias, prorrogável até o
Não disciplina podendo ser sucessivamente limite total de 720 dias.
procedimento a ser prorrogado. Só poderá ser adotada se a prova não
adotado. Só poderá ser adotada se a prova puder ser produzida de outra
não puder ser produzida de outra maneira.
maneira. A infiltração dos agentes ocorre
apenas pela internet.
#SELIGA: A colaboração premiada possui natureza jurídica de meio de obtenção de prova e não um meio de
prova propriamente dito, pois não prova nada (ela não é uma prova). É um meio, uma técnica, um instrumento
para se obter as provas. O próprio artigo 3º-A da lei das organizações criminosas, define o acordo de
colaboração premiada como NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL e MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA.
A colaboração deve ser voluntária, ou seja, o colaborador não pode ter sido coagido, mas não precisa ser
espontânea, isto é, que tenha partido do colaborador a ideia, a iniciativa. Basta que que ele aceite livremente.
Além disso, precisa ser efetiva: somente será concedido o benefício se, com as informações fornecidas pelo
colaborador, for obtido um dos resultados informados acima.
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#NÃOCONFUNDA:
• COLABORAÇÃO PREMIADA – espécie de meio de obtenção de prova (técnica especial de investigação);
• ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA – negócio jurídico processual personalíssimo celebrado entre o
Ministério Público e o colaborador.
Sendo assim, pode-se considerar que o instituto da colaboração premiada foi introduzido pela onda negocial da
justiça penal, mas respeitando as particularidades quanto ao sistema brasileiro da legalidade dos atos públicos.
Salienta-se que o modelo brasileiro de justiça negociada é um modelo regrado. Ou seja, as regras para que no
procedimento penal seja adotado o consenso estão devidamente estabelecidas, o que decorre, notadamente,
da adesão do sistema civil law pelo Brasil.
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Art. 4º § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio
conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a autoridade
policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração dos fatos
apresentados pelo colaborado.
#OLHAOGANHO: Por constituir circunstância subjetiva de caráter pessoal, os prêmios legais decorrentes da
aplicação da colaboração premiada não se comunicam aos demais coautores e partícipes , nos exatos
termos do art . 30 do Código Penal.
#RAPIDINHAS
1. A proposta de acordo deverá ser instruída com procuração do interessado com poderes específicos, se
não firmada pessoalmente;
2. Nenhuma tratativa, confirmação ou execução da colaboração, deve ser realizada sem a presença de
advogado constituído ou defensor público;
3. O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes, nem interferirá nos termos da
proposta. São legitimados: a) Delegado (com posterior manifestação do MP); b) Investigado/acusado; c)
Advogado/Defensor; d) Ministério Público; #DEOLHONAJURIS - O delegado de polícia pode formalizar acordos
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O investigado (ou acusado), assistido por advogado, negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado
de Polícia ou com o Ministério Público. O STF entendeu pela constitucionalidade da possibilidade de o
Delegado de Polícia realizar o acordo de colaboração premiada, desde que ouvido o Ministério Público. Havia
corrente doutrinária contrária a essa possibilidade por entender que o Delegado de Polícia não teria capacidade
postulatória para peticionar em juízo pedindo a homologação, já que o titular da ação penal é o Ministério
Público.
No ato de homologação não cabe ao magistrado tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas, exceto nos
casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente, nestes casos, deverá devolver o acordo às partes
para as adequações necessárias.
Não existe previsão normativa sobre o recurso cabível contra a decisão que não homologa a colaboração. O STJ
entende que é a apelação criminal, mas ante a existência de dúvida objetiva admite a aplicação do princípio da
fungibilidade para aceitar eventual interposição de correição parcial. (REsp 1834215/RS, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 27/10/2020)). Há uma decisão mais recente do STF reconhecendo a
possibilidade de impetração de Habeas Corpus: Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em
face de não homologação ou de homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas
corpus. A homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática negocial
regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício do poder punitivo estatal,
considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios concedidos ao imputado e os limites à persecução
penal. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004)
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Continuação – PROVAS
#SELIGANANOMENCLATURA:
Prova típica: É aquele que procedimento está previsto na legislação.
Prova Anômala: É a prova típica utilizada para fim diverso que a legislação lhe traz, com características de outra
prova típica. Exemplo de Renato Brasileiro: Juiz não utiliza da carta precatória e pede para um oficial de justiça
entrar em contato com uma testemunha por telefone.
Prova Irritual: É a que não observa o procedimento legal (existe procedimento previsto em lei para a prova, mas
ele não é observado), o que a torna ilegítima
Prova Crítica: É sinônimo para a prova pericial.
Prova fora da terra: É aquela produzida perante juízo distinto daquele em que se processou o feito, como
acontece no caso de carta rogatória ou precatória.
#OLHAASÚMULA
Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
#SURRADEJURIS
O interrogatório deve ser o último ato da fase instrutória, independentemente da previsão em legislação
especial para ser realizado em outro momento, sob pena de nulidade do feito. Ressalvou-se, contudo, a
incidência da nova compreensão aos processos nos quais a instrução não tenha se encerrado até a publicação
desse julgamento (10.03.2016). (STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info
816))
Para que se reconheça a nulidade pela inobservância da regra do art. 400 do CPP (interrogatório como último
ato da instrução) é necessária a comprovação de prejuízo? #DIVERGÊNCIA
SIM. É o entendimento da 5ª Turma do STJ: é necessário que o inconformismo da Defesa tenha sido
manifestado tempestivamente, ou seja, na própria audiência em que realizado o ato, sob pena de preclusão, e
que seja comprovada a ocorrência de prejuízo que o réu teria sofrido com a citada inversão. STJ. 5ª Turma. AgRg
no AREsp 1573424/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/09/2020.
NÃO. Existe julgado da 6ª Turma do STJ nesse sentido: É desnecessária a comprovação de prejuízo para o
reconhecimento da nulidade decorrente da não observância do rito previsto no art. 400 do CPP, o qual
determina que o interrogatório do acusado seja o último ato a ser realizado. Embora, em regra, a decretação da
nulidade de determinado ato processual requeira a comprovação de prejuízo concreto para a parte - em razão
do princípio do pas de nullité sans grief -, o prejuízo à defesa é evidente e corolário da própria inobservância da
máxima efetividade das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. STJ. 6ª Turma. REsp
1.808.389-AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 683). Obs: penso que prevalece a
primeira corrente, havendo decisões da própria 6ª Turma do STJ também exigindo a comprovação do prejuízo
(STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1617950/MG, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 03/11/2020).
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Não há ilegalidade ou nulidade na decisão do juiz que opta por realizar o interrogatório do réu por meio de
videoconferência em razão da dificuldade de deslocamento do acusado até o local da audiência, bem como
pelo risco à segurança pública, haja vista a insuficiência de agentes para realizar a escolta. (STJ. 6ª Turma. AgRg
no RHC 125373/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2020) A escassez de agentes penitenciários para
realizar a escolta de detentos é argumento válido para justificar a excepcionalidade da audiência por meio
remoto. (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 587424/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 06/10/2020).
O direito à produção de provas não é absoluto, haja vista que a própria lei processual penal, em seu artigo 400,
§ 1º, faculta ao julgador, desde que de forma fundamentada, indeferir as provas consideradas irrelevantes,
impertinentes ou protelatórias. STF. 2ª Turma. HC 191858, 628075, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
30/11/2020.
O art. 226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas (reconhecimento pessoal). O
descumprimento dessas formalidades enseja a nulidade do reconhecimento? #DIVERGÊNCIA
• NÃO. Posição pacífica da 5ª Turma. As disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação
legal, e não uma exigência absoluta. Assim, é válido o ato mesmo que realizado de forma diversa da prevista em
lei. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/06/2020.
• SIM. Há recente julgado da 6ª Turma do STJ, que fixou as seguintes conclusões:
1) As formalidades do art. 226 do CPP constituem garantia mínima para quem se encontra na condição de
suspeito da prática de um crime; 2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância
do procedimento descrito na referida norma processual torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e
não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado o reconhecimento em juízo; 3) Pode
o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido procedimento
probatório, bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a partir do exame de outras provas que não
guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de reconhecimento; 4) O reconhecimento do suspeito por
simples exibição de fotografia(s) ao reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do
reconhecimento pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal e,
portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que confirmado em juízo. STJ. 6ª Turma. HC
598886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020 (Info 684).
Para o acesso a dados telemáticos não é necessário a delimitação temporal para fins de investigações
criminais, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de dados. Apesar de o art. 22, III, da Lei
nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar que a requisição judicial de registro deve conter o período
ao qual se referem, tal quesito só é necessário para o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de
dados já armazenados que devem ser obtidos para fins de investigações criminais. STJ. 6ª Turma. HC 587732-RJ,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área geográfica,
suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade. A quebra do sigilo de
dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo
investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de proporcionar a identificação do
usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada
por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida
desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe risco desmedido
à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61302-
RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 (Info 678).
Falta de mandado não invalida busca e apreensão em apartamento desabitado. Não há nulidade na busca e
apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de
habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à
fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer encomenda postada nos
Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das correspondências. Sem autorização judicial ou fora das hipóteses
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legais, é ilícita a prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. STF. Plenário. RE
1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão
Geral – Tema 1041) (Info 993).
É ilícita a prova obtida em revista pessoal feita por agentes de segurança particular. STJ. 5ª Turma. HC
470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 04/06/2019 (Info 651).
É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, durante a busca e apreensão em
sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia consulta a seu advogado e
sem que ele tenha sido comunicado sobre seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo.
Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”, havendo violação do direito ao silêncio e à não
autoincriminação. STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2019 (Info 944).
É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem autorização, o telefone
móvel do acusado e se passa pela pessoa sob investigação. Não tendo a autoridade policial permissão do titular
da linha telefônica, ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem para atender ao telefone móvel da pessoa
sob investigação e travar conversa por meio do aparelho com qualquer interlocutor que seja se passando por
seu dono, a prova obtida dessa maneira arbitrária é ilícita. STJ. 6ª Turma. HC 511.484-RS, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 15/08/2019 (Info 655).
#APOSTACICLOS Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante
requisição direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC 105/2001), podem ser
compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério Público, para serem utilizados como
prova emprestada no processo penal. STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962).
#APOSTACICLOS A condução coercitiva do investigado para interrogatório, prevista no art. 260 do CPP, não foi
recepcionado pela CF/88, por representa restrição à liberdade de locomoção e viola a presunção de não
culpabilidade. Houve a modulação dos efeitos dessa decisão, para considerar válida as conduções coercitivas já
realizadas. (STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, 13 e 14/6/2018 (Info 906.)
#APOSTACICLOS É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular, relativos
a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), obtida diretamente pela polícia,
sem prévia autorização judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 19/4/2016 (Info 583).
#APOSTACICLOS É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp para que a Polícia
acompanhe as conversas do suspeito, pois não existe autorização legal. (STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640))
Não existe direito líquido e certo a compelir o MP à celebração do acordo de delação premiada, diante das
características desse tipo de acordo e considerando a necessidade de distanciamento que o Estado-juiz deve
manter durante o cenário investigado e a fase de negociação entre as partes do cenário investigativo. Porém,
mesmo sem ter realizado acordo, o acusado pode colaborar fornecendo as informações e provas que possuir.
Ao final, na sentença, o juiz irá analisar esse comportamento e poderá conceder benefício mesmo sem que tenha
havido a prévia celebração e homologação do acordo de colaboração premiada. (STF. 2ª Turma. MS 35693
AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/5/2019 (Info 942))
No âmbito do acordo de colaboração premiada, não é lícita a inclusão de cláusulas concernentes às medidas
cautelares de cunho pessoal, e, portanto, não é a partir dos termos do acordo que se cogitará da concessão ou
não de liberdade provisória ao acusado que, ao celebrá-lo, encontre-se preso preventivamente. Segundo a
dicção do art. 4º, da Lei 12850/2013, a extensão do acordo de colaboração limita-se a aspectos relacionados
com a imposição de pena futura, isto é, alude-se à matéria situada no campo do direito material, e não do
processo. (STJ - RHC 76026 / RS 2016/0244094-8)
O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização, isoladamente, não
autoriza a imposição da segregação cautelar.É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos
da prisão preventiva, não podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. (STJ.
6ª Turma.HC 396658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 27/6/2017 (Info 609))
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É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz captada nas interceptações telefônicas, salvo
quando houver dúvida plausível que justifique a medida. (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1233396/DF, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 18/06/2013.)
É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos em ação investigativa
ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas dos autos e for
colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. (STJ, Tese nº 6, sobre as provas no CPP – I (2ª parte))
14. Juiz: deveres judiciais em relação às partes. 15. Defesa Pública e particular. Defesa técnica e autodefesa.
16. O acusado. 17. Vítima. 18. Assistente de acusação.
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o
em que: fizer, poderá ser recusado por qualquer das
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo partes:
ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de
inclusive, como defensor ou advogado, órgão do qualquer deles;
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou
ou perito; descendente, estiver respondendo a processo
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso
funções ou servido como testemunha; haja controvérsia;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, III - se ele, seu cônjuge, ou parente,
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau,
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo inclusive, sustentar demanda ou responder a
ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, processo que tenha de ser julgado por qualquer
inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. das partes;
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o qualquer das partes;
terceiro grau, inclusive. Vl - se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo.
Cuidado para não confundir com as hipóteses do CPC!
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes
for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a
eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
#PEGAADIGA:
No CPP não existe 4º grau ou 2º grau de parentesco. Em todo o seu texto só existe o 3º grau.
O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o
casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou
enteado de quem for parte no processo.
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Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado
em que se achar. (Logo, pode ingressar no segundo grau!)
Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o
libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou
por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. (impronúncia e apelação contra sentença se o MP não
recorrer)
§ 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.
§ 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado,
deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior
devidamente comprovado.
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos
autos o pedido e a decisão.
#DEOLHONAJURIS
As hipóteses de impedimento são taxativas, não sendo viável interpretação extensiva e analógica, sob pena de
se criar nova causa prevista em lei, o que vulneraria a separação dos poderes e, por consequência, cercearia
inconstitucionalmente a atuação válida do magistrado ou mesmo do promotor. Já as de suspeição são
exemplificativas. (STJ, (AgRg no REsp 1721429/SP, julgado em 19/11/2019)
A participação no julgamento em segundo grau do magistrado que atuou na instância inicial só gera
impedimento se o julgador proferiu atos com natureza decisória. Despachos meramente ordinatórios, em que
o juiz não se vincula a qualquer tese minimamente influenciadora do resultado da causa, não possuem esse
condão. (STJ. 3ª Turma.REsp 1673327-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611)).
A assistência é apenas da acusação, não existindo a figura do assistente de defesa. Logo, a OAB não tem
legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado réu em ação penal. (STJ. Corte Especial. AgRg
no Inq 1.191/DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2020.)
PRISÕES
Prisão em Flagrante
ESPÉCIES
Flagrante próprio (302, I e II) O agente está cometendo a infração ou acaba de cometê-la;
Flagrante O agente é perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser
impróprio/imperfeito/irreal/quase autor da infração
flagrante (302, III)
Flagrante ficto/presumido/feliz O agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos
encontro (302, IV) ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Flagrante esperado A autoridade policial toma conhecimento de que será praticada uma
infração penal e se desloca para o local onde o crime acontecerá. É
válido.
Flagrante preparado A autoridade instiga o infrator a cometer o crime, criando a situação
para que ele cometa o delito e seja preso em flagrante. Há crime
impossível.
Flagrante forjado O fato é simulado pela autoridade para incriminar falsamente alguém.
Ex.: policial coloca droga no bolso da vítima.
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PRISÃO EM FLAGRANTE:
Natureza Jurídica:
- 2ª Posição (Aury Lopes Júnior): a prisão em flagrante é precautelar, visto que as medidas cautelares objetivam
assegurar a utilidade do procedimento criminal principal. No caso do flagrante, ainda não existe nem inquérito
e nem processo, a persecução penal não iniciou. A tutela do flagrante é social e não procedimental. Quando o
flagrante acontece, o cenário é difuso, administrativo. A prisão só se cautelariza se o magistrado converte o
flagrante em prisão preventiva. Para Aury Lopes Júnior, o flagrante é uma medida precautelar, de viés,
nitidamente, administrativo e de proteção social.
a) Flagrante próprio ou real: aquele em que o agente está cometendo a infração penal ou que acaba de cometê-
la;
b) Flagrante impróprio, irreal ou quase flagrante: aquele que o agente é perseguido, logo após, pela autoridade,
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
c) Flagrante presumido, ficto ou assimilado: aquele em que o agente é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
a) Flagrante preparado ou provocado: um agente provocador induz terceiro à prática do delito, adotando
precauções para que o crime não se consume. Também chamado de delito putativo por obra do agente
provocador ou crime de ensaio. Configura crime impossível (Súmula 145/STF: não há crime, quando a
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação).
b) Flagrante retardado ou diferido: é considerado legal. Exemplo: ação controlada (retardamento da
intervenção policial, que deve se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas);
c) Flagrante esperado: a autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito. A diferença
entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado há o agente provocador. É considerado legal;
d) Flagrante forjado ou urdido: cria provas de um delito inexistente. É ilegal.
e) Flagrante fracionado: é o que ocorre nos casos de crime continuado, de acordo com o art. 71 do Código Penal.
Como existem várias infrações independentes, cada uma podendo constituir crime isoladamente, torna-se
possível a prisão em flagrante por cada uma delas, consubstanciando o que a doutrina denomina de crime
fracionado.
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Flagrantes nas diversas modalidades de infração: O flagrante ordinariamente é admitido para todo tipo
de infração. Situações especiais:
a) Crimes permanentes: nesse caso, a prisão em flagrante é admitida a qualquer tempo enquanto perdurar a
permanência, admitindo-se, inclusive, a invasão domiciliar (art. 5º, XI, CF c/c art. 303, CPP).
b) Crimes de ação privada e de ação pública condicionada: nessas infrações o flagrante é admitido, mas a
lavratura do auto depende de manifestação de vontade do legítimo interessado. Para Polastri Lima (MPRJ) se a
vítima está impossibilitada de comparecer imediatamente na delegacia admite-se que ela o faça no prazo da
nota de culpa.
c) Crimes habituais: não se admite prisão em flagrante em crime habitual, pois no momento do flagrante a
autoridade estará apenas visualizando uma conduta isolada, não tendo condições de atestar a habitualidade do
fato e a própria tipicidade do crime. Crimes habituais são aqueles que revelam um modo de vida do agente e
para que exista tipicidade é necessário que a conduta seja reiterada (exemplo: exercício ilegal da medicina, art.
282, CP).
d) Crimes formais: o flagrante tem cabimento no momento da realização da conduta delituosa e não quando
do exaurimento do crime.
e) Infrações de menor potencial ofensivo: admite-se a captura e condução coercitiva, mas a lavratura do auto
foi substituída pela mera confecção do TCO (art. 69, Lei nº 9.099/95).
Formalidades do flagrante:
#DEOLHONAJURIS: Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício,
converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento). Não é possível a
decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso de investigação penal),
inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere
o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da autoridade
policial. A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311,
ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento das
partes ou representação da autoridade policial. Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico
vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade. A interpretação
do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art. 311, significando que se tornou inviável,
mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa
em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal provocação do
Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP. STJ. 5ª
Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020 (Info 682). STF. HC 188888/MG, Rel.
Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994). Em sentido contrário temos a posição minoritária da 6ª
Turma do STJ, que deve ser superada em breve: mesmo após as inovações trazidas pelo Pacote Anticrime (Lei
n. 13.964/2019), não há ilegalidade na conversão da prisão em flagrante em preventiva, de ofício, pelo
magistrado (STJ. 6ª Turma. HC 605.305-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 06/10/2020).
→ A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora do âmbito territorial da
jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial
competente na localidade em que ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua
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realização por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar. STJ. 3ª Seção.
CC 168522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (Info 663).
→ #COVID19 #IMPORTANTE #MUDANÇADEENTENDIMENTO - Considerando a pandemia mundial (Covid-19),
o CNJ aprovou a Resolução 357/2020, permitindo a audiência de custódia por videoconferência quando não
for possível a realização, em 24 horas, de forma presencial. Além disso, também prevê a possibilidade de o
Ministério Público propor acordo de não persecução penal (ANPP) nas hipóteses previstas no artigo 28-A do
Código de Processo Penal. No mesmo sentido, passou a decidir o STF.
A pandemia causada pelo novo coronavírus não afasta a imprescindibilidade da audiência de custódia, que
deve ser realizada, caso necessário, por meio de videoconferência, diante da ausência de lei em sentido formal
que proíba o uso dessa tecnologia.
A audiência por videoconferência, sob a presidência do Juiz, com a participação do autuado, de seu defensor
constituído ou de Defensor Público, e de membro do Ministério Público, permite equacionar as medidas
sanitárias de restrição decorrentes do contexto pandêmico com o direito subjetivo do preso de participar de
ato processual vocacionado a controlar a legalidade da prisão.
STF. 2ª Turma. HC 186421, Rel. Celso de Mello, Rel. p/ Acórdão Edson Fachin, julgado em 20/10/2020.
PRISÃO PREVENTIVA:
Nos termos do art. 312 do CPP, “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado”.
Deste modo, a decretação da prisão preventiva depende da comprovação do fumus comissi delicti
(prova da materialidade + indícios suficientes de autoria) e do periculum libertatis (perigo gerado pelo estado
de liberdade do imputado). Esse último requisito estará configurado nas seguintes hipóteses:
Garantia da
ordem
econômica
Garantia da Conveniência
ordem PRISÃO da instrução
pública PREVENTIVA criminal
Assegurar
aplicação
da lei penal
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GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: indícios concretos de que o agente voltará a delinquir, associados à
gravidade e à repercussão do delito. Não se confunde com o mero clamor público, que não justifica
isoladamente a prisão preventiva.
GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: É a aplicação da garantia da ordem pública especificamente no
campo da ordem econômica.
POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: Exemplos: réu que ameaça a testemunha, assaltante
solto que não comparece à audiência.
PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Possibilidade concreta de fuga.
Além disso, o caso deve se enquadrar em uma das hipóteses de admissibilidade do art. 313, I a III, do
CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou
pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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#DEOLHONAJURIS: A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo
para justificar a prisão preventiva do réu. O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a decretação
da prisão preventiva “se o CRIME envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência”. Assim,
a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME (não abarcando contravenção penal). Logo, não há
previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o autor de uma contravenção penal. Decretar a prisão
preventiva, nesta hipótese, representa ofensa ao princípio da legalidade estrita. STJ. 6ª Turma. HC 437535-SP,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018 (Info 632).
#AJUDAMARCINHO: Após a Lei nº 13.964/2019, o juiz pode conceder medidas cautelares de ofício?
NÃO. A Lei alterou a redação do § 2º do art. 282 do CPP e acabou com a possibilidade. Veja:
Foi fixado prazo de 5 dias para que a parte contrária se manifeste sobre o pedido de medida cautelar
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Juiz não pode mais, de ofício, substituir a medida cautelar ou decretar a prisão preventiva, mesmo em caso
de descumprimento das obrigações impostas
#SELIGA: As medidas cautelares se submetem à cláusula rebus sic standibus. Isso significa que a sua manutenção
depende da persistência das circunstâncias que a justificaram. Assim, decretada a prisão preventiva, esta poderá
ser revogada de ofício pelo juiz, caso se verifique a falta de motivo para sua subsistência. Do mesmo modo,
revogada a prisão preventiva, nada impede que, sobrevindo razões que a justifiquem, possa o magistrado
decretá-la novamente, desde que seja provocado nesse sentido.
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(ii) conceder liberdade provisória, se estiverem ausentes as situações referidas no art. 312 do CPP ou se
incidirem, na espécie, quaisquer das excludentes de ilicitude previstas no art. 23 do CP, ou, ainda,
(iii) converter o flagrante em prisão preventiva, se presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP.
#DEOLHONAJURIS: A audiência de custódia (ou de apresentação) constitui direito público subjetivo de caráter
fundamental, assegurado por convenções internacionais de direitos humanos a que o Estado brasileiro aderiu,
já incorporadas ao direito positivo interno (Convenção Americana de Direitos Humanos e Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos). Traduz prerrogativa não suprimível assegurada a qualquer pessoa. Sua
imprescindibilidade tem o beneplácito do magistério jurisprudencial (ADPF 347 MC) e do ordenamento positivo
doméstico (Lei nº 13.964/2019 e Resolução 213/2015 do CNJ). STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 6/10/2020 (Info 994).
A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora do âmbito territorial da
jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial
competente na localidade em que ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua
realização por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar. STJ. 3ª Seção.
CC 168522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (Info 663).
Obs1: após esse julgado, o CNJ aprovou resolução proibindo a realização de audiência de custódia por
videoconferência. Segundo o Min. Dias Toffoli, “audiência de custódia por videoconferência não é audiência de
custódia e não se equiparará ao padrão de apresentação imediata de um preso a um juiz, em momento
consecutivo a sua prisão, estandarte, por sinal, bem definido por esse próprio Conselho Nacional de Justiça
quando fez aplicar em todo o país as disposições do Pacto de São José da Costa Rica.”
Obs2: considerando a pandemia mundial (Covid-19), o CNJ aprovou a Resolução 357/2020, permitindo a
audiência de custódia por videoconferência quando não for possível a realização, em 24 horas, de forma
presencial. Além disso, também prevê a possibilidade de o Ministério Público propor acordo de não persecução
penal (ANPP) nas hipóteses previstas no artigo 28-A do Código de Processo Penal.
No mesmo sentido, confira esse julgado do STF:
A pandemia causada pelo novo coronavírus não afasta a imprescindibilidade da audiência de custódia, que
deve ser realizada, caso necessário, por meio de videoconferência, diante da ausência de lei em sentido formal
que proíba o uso dessa tecnologia. A audiência por videoconferência, sob a presidência do Juiz, com a
participação do autuado, de seu defensor constituído ou de Defensor Público, e de membro do Ministério
Público, permite equacionar as medidas sanitárias de restrição decorrentes do contexto pandêmico com o
direito subjetivo do preso de participar de ato processual vocacionado a controlar a legalidade da prisão. STF.
2ª Turma. HC 186421, Rel. Celso de Mello, Rel. p/ Acórdão Edson Fachin, julgado em 20/10/2020.
As cautelares diversas da prisão serão sempre concedidas pelo juiz, salvo a fiança que pode ser
arbitrada pelo delegado quando a pena máxima do crime for de até 4 anos. Como se sabe, as cautelares no
processo penal se prestam a evitar prejuízos à efetividade do processo em razão do decurso do tempo. As
cautelares pessoais, por sua vez, são aquelas, como o próprio nome diz, que recaem sobre as pessoas, por
exemplo, uma prisão cautelar.
As cautelares pessoais, no Processo Penal brasileiro, durante anos, viveram um regime de estrita
BIPOLARIDADE, consistente na dicotomia: PRISÃO VERSUS LIBERDADE PROVISÓRIA. Tal dicotomia revelava-se
extremamente deletéria, pois vivia entre os extremos: total cerceamento da liberdade (com todos os seus
estigmas e problemas) ou plena liberdade (muitas vezes sem o necessário acompanhamento). Pois bem, em
2011, em uma das mais recentes reformas do Processo Penal, rompeu-se com o sistema da BIPOLARIDADE,
passando a adequar o ordenamento jurídico brasileiro às chamadas REGRAS DE TÓQUIO de 1990, que
estabelecem regras mínimas para a prisão cautelar, deixando-a como medida de última ratio. Assim sendo, o
200
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sistema brasileiro passou a adotar mais NOVE medidas cautelares PESSOAIS DIVERSAS DA PRISÃO no art. 319
do CPP.
PRISÃO DOMICILIAR:
É um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão presentes os requisitos dos arts.
312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode se submeter ao gravame do cárcere.
PRISÃO TEMPORÁRIA:
- A prisão temporária só pode ser decretada durante a fase pré-processual (art. 1º, I a 3, da Lei nº 7.960/89;
- A prisão temporária só é cabível em relação a um rol taxativo de delitos, listados no art. 1º, III da Lei nº
7.960/89, e para crimes hediondos ou equiparados (art. 2º da Lei nº 8.072/90);
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- A prisão temporária possui um prazo pré-determinado de 5 (cinco) dias, prorrogáveis por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º da Lei nº 7.960/89). O prazo será de 30 (trinta) dias,
prorrogáveis por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, para crimes hediondos ou
equiparados.
202
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Tal se justifica porque no processo penal o acusado se 3) no aditamento, o MP poderá arrolar até 3
defende dos fatos e como os fatos não mudaram, não testemunhas;
há qualquer prejuízo ao réu nem violação ao princípio 4) será ouvido o defensor do acusado no prazo de
da correlação entre acusação e sentença. 5 dias. Nessa resposta, além de refutar o aditamento,
a defesa poderá arrolar até 3 testemunhas;
5) o juiz decidirá se recebe ou rejeita o aditamento;
6) se o aditamento for aceito pelo juiz, será
designado dia e hora para continuação da audiência,
com inquirição de testemunhas, novo interrogatório
do acusado e realização de debates e julgamento.
RECURSOS
#APOSTACICLOS
CARACTERÍSTICAS
VOLUNTARIEDADE A existência de um recurso está condicionada à manifestação da vontade
da parte, que demonstra seu interesse de recorrer com a interposição do
recurso.
É dizer: o reexame necessário, também chamado de recurso de ofício, em
verdade, não tem natureza recursal, porquanto, como dito, o recurso é
gravado pela voluntariedade.
ANTERIORIOR À PRECLUSÃO O recurso é interposto antes da formação da preclusão ou da coisa julgada.
OU À COISA JULGADA
DESENVOLVIMENTO A interposição de um recurso não faz surgir uma nova relação jurídica
DENTRO DA MESMA processual.
RELAÇÃO JURÍDICA Na verdade, o que ocorre com a interposição de um recurso é o simples
PROCESSUAL desdobramento da relação anterior, em regra perante órgão jurisdicional
diverso e de hierarquia superior.
Por essa razão, é que as ações autônomas de impugnação, como habeas
corpus, revisão criminal e mandado de segurança, não se confundem com os
recursos, já que elas inauguram uma nova relação jurídica processual.
203
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PRINCÍPIOS RECURSAIS
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO • Trata-se da possibilidade de um reexame integral (matéria de fato e de
direito) da decisão do juízo a quo, por órgão jurisdicional diverso do que
a proferiu e, em regra, de hierarquia superior na ordem judiciária.
• Mitigações:
a) Decisões interlocutórias simples: estas decisões, em regra, na esfera
penal, não comportam recurso (princípio da irrecorribilidade das
decisões interlocutórias simples). Vale lembrar que quando uma
interlocutória simples comporta recurso, ela deve estar enquadrada no
art. 581 do CPP (RESE). Nada impede, contudo, que a decisão seja
combatida por HC ou MS.
b) Mutatio libelli: Para o STF, na Súmula 453, o instituto da mutatio libelli
não será invocado na fase recursal, para que não ocorra supressão de
instância.
c) Autoridades com foro por prerrogativa de função.
TAXATIVIDADE DOS RECURSOS • De acordo com o princípio da taxatividade, "para que seja possível
o manejo de um recurso, é preciso que o ordenamento jurídico o
preveja expressamente: o rol não é exemplificativo, porém numerus
clausus", não se admitindo, no processo penal, "recurso inominado ou
recurso de improviso. A previsão legal é condição necessária para que a
decisão seja recorrível, e para que o recurso exista"
UNIRRECORRIBILIDADE DAS • De acordo com o princípio da unirrecorribilidade das decisões, também
DECISÕES conhecido como unicidade ou singularidade recursal, cada espécie de
decisão judicial, em regra, comporta um único recurso, sendo ônus da
parte escolher o recurso adequado para que haja seu reexame.
• Mitigações:
a) Recurso extraordinário e recurso especial: desde que presentes
fundamentos constitucionais e legais que autorizem as duas
impugnações, incumbe à parte interpor, simultaneamente, ambos os
recursos.
b)Embargos infringentes e de nulidade e recurso extraordinário e/ou
especial.
FUNGIBILIDADE • Não havendo erro manifesto ou má-fé na interposição de um
recurso equivocado, e atendido o prazo limite do recurso que seria
cabível, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso
por outro.
• Na visão da doutrina, a má-fé, que impede a aplicação do referido
princípio, é presumida quando:
a) Não for observado o prazo previsto em lei para o recurso
adequado: para o STF, a má-fé será presumida quando o recurso
apresentado goza de mais prazo do que o recurso correto, e o recorrente
se beneficiou do excesso.
b) Não houver erro grosseiro: o erro grosseiro, que impede a aplicação
do princípio da fungibilidade, é aquele que evidencia completa e
injustificável ignorância da parte, isto é, havendo nítida indicação na
lei quanto ao recurso cabível e nenhuma divergência doutrinária e
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#UMPOUCODEDOUTRINA #PLUS - Uma vez fixada a extensão (ou dimensão horizontal) do efeito
devolutivo, tem-se que, no que diz respeito à profundidade (ou dimensão vertical) do recurso, o juízo ad
quem poderá levar em consideração tudo que for relevante para a nova decisão. Inclusive, se entender
necessário, ao juízo ad quem é dado converter o julgamento em diligência e proceder a novo
interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências, nos termos do art.
616 do CPP, que, apesar de somente fazer referência às apelações, é aplicável às demais espécies recursais
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b) EFEITO SUSPENSIVO - Pelo efeito suspensivo, que, no processo penal, é excepcional, a interposição do
recurso impede que a decisão guerreada produza, desde logo, os seus efeitos regulares.
Como dito, a regra é que os recursos não são dotados de efeito suspensivo, como ocorre, por exemplo,
com a apelação contra sentença absolutória, já que, nos termos do art. 596, caput, CPP, a apelação da sentença
absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade. Noutro giro, a apelação contra
sentença condenatória possui efeito suspensivo, já que o início do cumprimento da pena imposta somente
poderá ocorrer após o trânsito em julgado daquela, nos termos do art. 597 do CPP
Outro exemplo bastante cobrado de recurso sem efeito suspensivo é o agravo em execução, nos termos
do art. 197 da LEP.
c) EFEITO TRANSLATIVO - Em decorrência do efeito translativo, que somente ocorre nos chamados recursos
de ofício, o juízo ad quem tem o poder de apreciar toda a matéria, pouco importando se beneficiará ou
prejudicará qualquer das partes. Por ele, o órgão ad quem pode conhecer matéria que não foi objeto da
pretensão recursal. Ex. nada impede que o Tribunal conheça de nulidades absolutas não suscitadas.
MITIGAÇÃO: O Tribunal não pode conhecer de ofício nulidades absolutas que prejudiquem a defesa e que não
foram suscitadas pela acusação, afastando-se assim a translatividade.
d) EFEITO REGRESSIVO, ITERATIVO OU DIFERIDO - Pelo efeito regressivo, permite-se que o órgão judiciário
que proferiu a decisão guerreada, com fulcro nas razões alegadas pela parte recorrente, reveja seu
posicionamento e altere o decisum inicialmente prolatado. Desse modo, pode-se concluir que o efeito regressivo
dá ensejo ao juízo de retratação ou confirmação da anterior decisão.
Hipóteses:
- RESE;
- Agravo em execução;
- Carta testemunhável;
- Agravo para destrancar REsp ou RE.
RECURSO PRAZO
Interposição: 5 dias
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Razões: 2 dias
CPP:
Interposição – 5 dias
APELAÇÃO Razões – 8 dias
JECRIM: 10 dias
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE 10 dias
CPP: 2 dias
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
JECRIM: 5 dias
CARTA TESTEMUNHÁVEL 48 horas
Interposição: 5 dias
AGRAVO EM EXECUÇÃO
Razões: 2 dias
RESP E REXT 15 dias
AGRAVO EM RESP E REXT 15 dias
ROC 5 dias (interposição + razões)
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2 dias (contrarrazões)
#TEMQUESABER:
RECURSOS NA PRIMEIRA FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DESCLASSIFICAÇÃO IMPRONÚNCIA PRONÚNCIA
APELAÇÃO RESE APELAÇÃO RESE
#SAIBADIFERENCIAR:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CPP JUIZADO
Prazo de 2 dias Prazo de 5 dias
Hipóteses de cabimento:
Novo CPC: obscuridade ou contradição; omissão; erro
Hipóteses de cabimento: Obscuridade,
material.
Contradição, Omissão, Ambiguidade.
Antes do Novo CPC: obscuridade, contradição,
omissão e dúvida.
Agora: interrompe (art. 50 alterado pelo Novo CPC)
Interrupção do prazo recursal Antes: contra sentença, suspendia; contra acórdão,
interrompia.
#SELIGA: Nos Juizados Especiais, a oposição de embargos de declaração pode ser feita oralmente e
INTERROMPE o prazo recursal. O Novo CPC alterou a lei dos juizados especiais, que diziam que os embargos de
declaração suspendiam o prazo para outros recursos. Agora, não há mais diferença entre o regramento dos
juizados e do CPC – o prazo é interrompido em ambos.
O STF e o STJ consolidaram a orientação de que o modo de contagem continua sendo o disciplinado pelo art.
798, caput, do CPP, segundo o qual todos os prazos serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por
férias, domingo ou dia feriado.
Prazo recursal para a defesa em relação à sentença condenatória: O prazo flui a partir da intimação ou da prática
de ato que revele ciência inequívoca dos termos da sentença. Ex: carga dos autos.
- Réu: sua intimação deverá ser feita pessoalmente. Caso não seja localizado, deverá ser intimado por edital,
hipótese na qual o prazo recursal somente correrá após o término do fixado no edital. Contudo, a intimação
pessoal só é exigível para sentença de primeiro grau. No caso dos Tribunais, a intimação é feita pela publicação
da decisão pelo órgão oficial de imprensa.
Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro.
Logo, o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias. Mesmo em
matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria
Pública interpor agravo regimental é de 10 dias. STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 15/5/2018 (Info 902).
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II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente
o réu de pena, nos termos do art. 411. -> Doutrina diz que esse dispositivo foi revogado pela reforma de 2008,
pois o novo art. 415 não traz essa possibilidade.
Non reformatio in pejus (efeito PRODRÔMICO da sentença): Por ele, quando o Tribunal julga recurso defensivo,
a situação do réu não poderá ser piorada. Para a exasperação da situação do imputado é necessário que o
Tribunal dê provimento a recurso da acusação. Nem mesmo em se tratando de erro material (STF: HC 83.545/SP;
STJ: HC 163.851/RS).
Exemplo: Súmula 525, STF: A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu
tenha recorrido.
Súmula n° 160 do STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da
acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício
#SELIGA: Vedação à reformatio in pejus indireta – ocorre quando o tribunal ad quem, em sede de recurso
promovido exclusivamente pela defesa, anula a decisão anterior, remetendo os autos ao órgão a quo para
proferir novo julgado, que não pode piorar a situação do acusado.
#DEOLHONAJURIS: Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio in pejus”, a
majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação
de recurso exclusivo da defesa, o tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena, contra o
condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final. STF. 2ª Turma. RHC 194952 AgR/SP,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/4/2021 (Info 1013).
#ATENÇÃO #PACOTEANTICRIME:
*ANTES DA LEI Nº 13.964/2019 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/2019
Sentença no tribunal do júri “Art. 492...
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá I - ...
sentença que: e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á
I – no caso de condenação: à prisão em que se encontra, se presentes os
a) fixará a pena-base; requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
b) considerará as circunstâncias agravantes ou condenação a uma pena igual ou superior a 15
atenuantes alegadas nos debates; (quinze) anos de reclusão, determinará a execução
c) imporá os aumentos ou diminuições da provisória das penas, com expedição do mandado de
pena, em atenção às causas admitidas pelo prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento
júri; de recursos que vierem a ser interpostos;
d) observará as demais disposições do art. ...
387 deste Código; § 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar
e) mandará o acusado recolher-se ou de autorizar a execução provisória das penas de que
recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se
presentes os requisitos da prisão preventiva; houver questão substancial cuja resolução pelo
f) estabelecerá os efeitos genéricos e tribunal ao qual competir o julgamento possa
específicos da condenação; plausivelmente levar à revisão da condenação.
........................ § 4º A apelação interposta contra decisão
condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou
superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá
efeito suspensivo.
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É certo que as hipóteses de cabimento do RESE previstas no art. 581 do CPP são taxativas. No entanto, tais
hipóteses admitem interpretação extensiva. Assim, apesar de não haver previsão expressa no citado artigo, o
STJ admitiu o cabimento de RESE contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão, com base na
interpretação extensivo do inciso V do art. 581. Tal dispositivo permite a utilização do RESE contra a decisão do
juiz que revogar prisão preventiva, sendo tal decisão similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão.
(INF 596 do STJ)
-Possibilidade de juízo de retratação (efeito regressivo – após a interposição do recurso, o juiz terá o prazo de 2
dias para se retratar).
-Prazo: em regra, o RESE deverá ser interposto no prazo de 5 dias (art. 586 do CPP). Esse prazo, entretanto, é
excepcionado em duas situações: (i) Art. 581, XIV: Refere-se ao recurso da lista geral de jurados, que deverá ser
protocolado no prazo de 20 dias, contados da publicação da lista definitiva (art. 586, parágrafo único); (ii)
Recurso do assistente de acusação não previamente habilitado em relação à extinção da punibilidade do réu:
deverá ser interposto no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público (art. 584, §
1.º, c/c o art. 598, parágrafo único).
Hipóteses de cabimento:
a) Não recebimento da denúncia ou da queixa-crime;
b) Decisão que conclui pela incompetência do juízo;
c) Procedência das exceções, salvo a de suspeição;
d) Pronúncia;
e) Decisão que conceder, arbitrar, negar, cassar ou julgar inidônea a fiança;
f) Decisão que indefere requerimento ou revoga a prisão preventiva, relaxa a prisão em flagrante e concede
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liberdade provisória;
g) Decisão que julga quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
i) Decisão que julga extinta a punibilidade pela prescrição ou outra causa: esse inciso tem aplicação residual,
sendo utilizável apenas na hipótese em que a extinção da punibilidade não tenha ocorrido na sentença
condenatória ou no âmbito da Vara de Execuções Criminais.
i) Decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
j) Decisão que anular o processo, total ou parcialmente: no caso de nulidade total do processo ou de qualquer
ato nele praticado, o recurso adequado será o RESE. Vale lembrar que este é residual, sendo que a sua
interposição somente será possível se essa anulação não ocorrer em sede de sentença condenatória ou
absolutória.
k) da decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta;
l) Suspensão do processo em virtude de questão prejudicial
É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção antecipada de prova, nas
hipóteses do art. 366 do CPP. As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito estão previstas no art.
581 do CPP, sendo esse um rol taxativo (exaustivo). No entanto, apesar disso, é admitida a interpretação
extensiva dessas hipóteses legais de cabimento. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 28/11/2018 (Info 640).
m) Que decidir o incidente de falsidade documental
n) que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei:
trata-se de #NOVIDADELEGISLATIVA acrescentada pelo Pacote Anticrime.
#SELIGA: Os incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV do art. 581 foram revogados pelo art. 197 da LEP
(nessas hipóteses caberá agravo em execução).
#ATENÇÃO: Em face da decisão de rejeição da denúncia ou queixa caberá APELAÇÃO, no âmbito dos Juizados
Especiais Criminais. Como há previsão específica, não se aplica a regra geral do art. 581, I, CPP.
#ATENÇÃO: Do recebimento da denúncia ou queixa NÃO cabe recurso. É possível atacar essa decisão judicial
por meio de habeas corpus.
Súmula 709 do STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a
rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
A Lei n° 9.099/95 prevê que caberá apelação contra a decisão de rejeição da denúncia ou queixa (art. 82, caput),
que deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias.
Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual vigente. Eles não
constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de impugnação atípicos. Por isso, não suspendem
prazos e tampouco impedem a preclusão. STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 9/2/2021 (Info 1005).
APELAÇÃO: É o recurso ordinário por excelência, pois permite ao órgão ad quem a ampla possibilidade de
reanalisar todas as questões, fáticas e jurídicas, já apreciadas no curso do feito. Lembrando que, por força do
art. 593, §4º, não cabe RESE se já cabível apelação.
Art. 593. § 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente
de parte da decisão se recorra
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a) Prazo: a apelação deve ser interposta, em regra, no prazo de 5 dias. Exceções: (i) Apelação do assistente de
acusação, quando não previamente habilitado, em relação à sentença condenatória ou absolutória: prazo de 15
dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público, nos termos do art. 598, parágrafo único, do CPP.
(ii) Apelação cabível no âmbito da Lei 9.099/1995: deve ser interposta já com as razões no prazo de 10 dias (art.
82).
Prazo comum: quando forem 2 ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns (art. 600, §3º, CPP).
Hipóteses de cabimento:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no
Capítulo anterior;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
Art. 593. § 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados
aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
Art. 593. § 3º Se a apelação se fundar no nº III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a
decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a
novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
Não cabe mandado de segurança contra decisão do juiz de 1ª instância que defere ou indefere o desbloqueio
de bens e valores; cabe apelação. Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato
jurisdicional que defere o desbloqueio de bens e valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar
de não julgar o mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. STJ. 6ª Turma. REsp 1.787.449-SP, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/03/2020
A apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de
colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da
fungibilidade. Assim, mesmo sendo caso de apelação, se a parte ingressou com correição parcial no prazo de 5
dias, é possível conhecer da irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da fungibilidade recursal (art.
579 do CPP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.834.215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020 (Info
683).
Atuação subsidiária do ofendido ou do CADI: (art. 598, CPP) nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou
do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo MP no prazo legal, o ofendido ou qualquer das
pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação,
que não terá, porém, efeito suspensivo. Prazo: 15 dias e correrá do dia em que terminar o do MP (art. 598, p.u).
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Forma: Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que forem
sede de Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais do processo referidos no art.
564, III.
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE: podem ser opostos visando o reexame de acórdãos de 2ª instância
proferidos pelos Tribunais de Justiça e pelos Tribunais Regionais Federais, desde que não unânimes (decisão por
dois votos a um) e desfavoráveis ao réu.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Os embargos devem ser opostos em 2 dias, contados da intimação da sentença
ou publicação do acórdão embargado. Interrompe o prazo.
CARTA TESTEMUNHÁVEL: é o recurso cabível contra a decisão que não receber o recurso interposto pela parte
ou que, após o recebimento, obstaculizar o seu seguimento à instância superior. Ex: Ao examinar agravo da
execução interposto pelo apenado, decide o juiz por não o receber sob o fundamento da intempestividade.
Tem caráter subsidiário ou residual: tem seu cabimento condicionado ao descabimento de qualquer outra
impugnação.
Seu cabimento é restrito às seguintes hipóteses: a) Não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso
em sentido estrito; b) Não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo da execução.
RE (art. 102, III, §3º, CF/88) REsp (art. 105, III, CF/88)
Interposto para o STF Interposto para o STJ
Manter a integridade da CF Manter a uniformidade da legislação federal.
Decisão judicial Decisão judicial de um tribunal
NÃO cabimento contra as decisões de turmas
recursais (não são tribunais).
Súmula 203 do STJ: Não cabe REsp contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados
Cabimento contra as decisões de turmas recursais Especiais(No âmbito dos JEF, cabe Pedido de
Uniformização de Jurisprudência que será julgado
pela TNU, conforme art. 14, Lei 10.259/01,
equivalendo ao REsp interposto pela divergência
jurisprudencial com base no art. 105, III, ‘c’, CF/88).
HIPÓTESES DE CABIMENTO
Decisão que contraria a CF Decisão que contraria um tratado
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sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre a matéria; c) se for determinado
o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá, automaticamente, a suspensão da prescrição da
pretensão punitiva relativa aos crimes que forem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma
interpretação conforme a Constituição do art. 116, I, do Código Penal; d) em nenhuma hipótese, o
sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá
inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público; e) em nenhuma
hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC
abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente; f) em qualquer caso de sobrestamento de
ação penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no curso da
suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de natureza urgente. STF. Plenário. RE
966177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).
PROCEDIMENTO COMUM
#NÃO CONFUNDA:
Causas de Rejeição da Queixa Causas de Absolvição Sumária
For manifestamente inepta; Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
Faltar pressuposto processual ou condição Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
para o exercício da ação penal; agente, salvo inimputabilidade;
Faltar justa causa para o exercício da ação O fato narrado evidentemente não constitui crime;
penal Extinta a punibilidade do agente
#OLHAASÚMULA #APOSTA
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Súmula 714: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada
à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções.
Súmula 330-STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 414 do CPP (crimes praticados por
funcionário público), na ação penal instruída por inquérito policial.
TRIBUNAL DO JÚRI
PROCEDIMENTO BIFÁSICO
1ª fase/sumário de culpa É realizada pelo juiz singular e tem a finalidade de formar o juízo de
ou judicium accusationis admissibilidade da acusação.
2ª fase/juízo da causa É realizada pelo juiz presidente e pelo conselho de sentença, formado por 7
ou judicium causae: jurados. Tem a finalidade de julgar o mérito do pedido
Finda essa primeira fase o juiz poderá proferir uma das seguintes decisões:
Pronúncia Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios suficientes de que o réu seja o
autor, deverá pronunciá-lo. A pronúncia consiste em decisão interlocutória mista não
terminativa, ou seja, não julga o mérito, nem põe fim ao processo e deverá conter o
dispositivo legal em que julgar ser o réu incurso, bem como especificar as circunstâncias
qualificadoras e as causas de aumento da pena. Preclusa a via impugnativa, a pronúncia não
poderá mais ser alterada, salvo se ocorrerem circunstâncias supervenientes que
modifiquem a classificação do delito. É causa interruptiva da prescrição. Impugnável RESE
Impronúncia Se o juiz não se convencer da existência do crime ou de indícios suficientes de autoria, será
proferida decisão de impronúncia, que também é uma decisão interlocutória mista
terminativa. Eventuais crimes conexos serão remetidos ao juízo competente. Enquanto não
ocorrer a extinção da punibilidade poderá ser formulada nova denúncia/queixa se houver
prova nova. Contra a decisão de impronúncia cabe apelação.
Desclassificação O juiz, convencendo-se de que não se trata de crime de competência do júri, deverá proferir
a sentença de desclassificação e remeterá os autos ao juízo competente para julgá-lo.
Impugnável por RESE.
Absolvição O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
sumária -Provada a inexistência do fato;
- Provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
- O fato não constituir infração penal;
- Demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. A inimputabilidade, não
autoriza a absolvição sumária, salvo quando for a única tese defensiva.
Impugnável por Apelação
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-Aberta a sessão serão sorteados sete jurados para compor o Conselho de Sentença, sendo que pode a defesa
e depois o MP recusarem imotivadamente três dos jurados.
- Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando serão tomadas, sucessiva e
diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquiridas as testemunhas arroladas. Tanto as partes
como os jurados poderão inquirir as testemunhas (este último por intermédio do juiz), e requerer acareações,
reconhecimento de pessoas e coisas. Feito isto, o acusado será interrogado, sendo que o MP, o assistente, o
querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas a ele.
- Encerrada a instrução inicia-se os debates orais. O tempo concedido às partes é de uma hora e meia para
cada, e uma hora para réplica e outro tanto para a tréplica. Quando houver mais de um acusador o tempo
será dividido entre eles de comum acordo, ou pelo juiz. No caso de haver mais de um acusado, o tempo para
a defesa será acrescido de uma hora e elevado em dobro para a réplica e tréplica.
- Não é permitido que as partes façam menção à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem
ou prejudiquem o acusado; ou ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório, assim como não será
permitida a leitura de documento ou exibição de objeto que não tenham sido juntados aos autos com
antecedência de pelo menos três dias úteis.
- Finalizado o julgamento, o Conselho de Sentença se reunirá para responder alguns quesitos que serão redigidos
em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com
suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da
pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações
das partes.
- Quando houver mais de um acusado os quesitos serão formulados de forma distinta.
- Depois da votação, o juiz proferirá a sentença.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 156-STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
Súmula 167-STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem
aos das circunstâncias agravante
Súmula 206-STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior do mesmo processo.
#APOSTACICLOS Súmula 712-STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência
do júri sem audiência da defesa.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
O prazo de 3 dias úteis a que se refere o art. 479 do CPP deve ser respeitado não apenas para a juntada de
documento ou objeto, mas também para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização no Tribunal
do Júri. (STJ. 6ª Turma. REsp 1637288-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 8/8/2017 (Info 610))
A ausência de alegações finais na primeira fase não é causa de nulidade, pois a parte ainda pode apresentar
suas razões no plenário do Júri. (STJ, HC 143474/SP)
O excesso de linguagem na pronúncia causa nulidade absoluta e independe de demonstração de prejuízo
causado ao réu. Reconhecido esse excesso, não basta o desentranhamento e envelopamento. É necessário
anular a sentença e determinar que outra seja prolatada.( STF. 1ª Turma. RHC 127522/BA, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 18/8/2015 (Info 795))
Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de crime em plena
fala da acusação. (STJ. 6ª Turma. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 19/06/2018 (Info
630))
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Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa
consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito com
resultado morte.( STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 21/11/2017 (Info 623).)
Apesar de existir entendimento em contrário, tem-se que o princípio da soberania dos veredictos não impede
que o tribunal competente, em sede de revisão criminal, desconstitua decisão do tribunal do júri, e,
reexaminando a causa, prolate provimento absolutório, ou seja, realize também o juízo rescisório, além do
rescindente. REsp 964.978/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel., Quinta Turma, DJe 30/08/2012).
É possível a exclusão das qualificadoras, na fase de pronúncia, desde que manifestamente improcedentes (STJ.
5ª Turma. HC 406.869/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 19/09/2017)
Há discussão se cabe recurso da acusação com base no artigo 593, III "d" (decisão contrária à prova dos autos),
na hipótese de absolvição por clemência
No STJ, em posição pacífica, tem-se entendido pela possibilidade de recurso pois, a absolvição do réu não
constitui decisão absoluta e irrevogável, podendo o Tribunal cassar tal decisão quando ficar demonstrada a
total dissociação da conclusão dos jurados com as provas apresentadas em plenário.
Já no STF, a posição majoritária é no sentido de que não cabe apelação. A absolvição do réu, ante resposta a
quesito genérico de absolvição não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa,
vigorando a livre convicção dos jurados. O tema foi submetido ao regime da repercussão geral, pendente de
julgamento
#APOSTACICLOS As decisões mais recentes do STJ são no sentido de que não é possível a pronúncia do acusado
baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial, pois haverá violação ao art.
155 do CPP. Muito embora a análise aprofundada da acusação seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir,
em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório
judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial. (STJ. 5ª Turma. HC
560.552/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/02/2021). Mas há decisões em sentido contrário: Na
pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da sociedade que se resolvem as dúvidas
quanto à prova, pelo Juízo natural da causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que
apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza, necessário para a condenação, motivo
pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica à referida decisão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg
no AREsp 1702743/GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020.
#APOSTACICLOS Testemunho por ouvir dizer (hearsayrule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve
como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Testemunhas do ouvir dizer são aquelas que, de forma indireta, relatam aquilo que ouviram de um terceiro. Há
um risco enorme na valorização desses testemunhos, pois trata-se de prova muito frágil, havendo uma afronta
aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade submeter o acusado ao rito do Júri com base,
exclusivamente, em testemunha do ouvir dizer. STJ. 6ª Turma. REsp 1373356-BA, 20/4/2017 (Info 603)
#NÃOCONFUNDA: o Tribunal poderá modificar a decisão do juiz presidente, mas não o veredicto dos jurados.
Assim, é possível que o tribunal venha a modificar a pena do réu nos casos autorizados pela lei, isso porque é o
juiz presidente quem fixa a pena a ser imposta ao réu. Vejamos:
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§ 2o Interposta a apelação com fundamento no inciso III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der
provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
Assim, o princípio da soberania dos veredictos afirma que a decisão tomada pelo júri é soberana. No entanto,
afirmar que a decisão do júri é soberana não significa afirmar que ela é irrecorrível. É soberana, mas não é
irrecorrível. Mas, prof, como podemos admitir recurso sem ferir a ideia da soberania dos veredictos?
O recurso contra a decisão do Tribunal do Júri pode ter dois objetivos (um dos dois ou os dois ao mesmo tempo):
anular a decisão ou reformar a decisão. A anulação tem efeito de cassação, como vimos acima. Essa decisão vai
cassar a decisão anterior, ou seja, vamos ficar sem decisão alguma. Já quando obtemos a reforma, a decisão do
recurso terá efeito substitutivo. Ou seja, a decisão do recurso substituirá a decisão anterior.
Trazendo essa ideia para o Tribunal do Júri chegamos à seguinte conclusão: a decisão do júri é recorrível, não
com efeito de reforma (efeito substitutivo), mas com efeito de anulação (cassação). É perfeitamente possível
recorrer da decisão do júri, desde que seja para anulá-la, mantendo assim a soberania dos vereditos.
Regra geral, quando é possível anular uma decisão tomada pelo Tribunal do Júri?
Mas como fica na hipótese de revisão criminal? Será que é possível haver revisão criminal de uma decisão
tomada pelo júri? Sim. Revisão criminal: a revisão da sentença condenatória criminal proferida no tribunal do
júri pode se submeter a 2 (duas) situações diversas. Vejamos:
a) Tribunal realiza o juízo rescisório e rescindente, ou seja, substitui a decisão antiga por uma nova decisão.
b) Tribunal realiza apenas o juízo rescisório e os jurados procedem com o juízo rescindente. É o que acontece
quando a revisão criminal tem como fundamento ofensa à coisa julgada.
#DEOLHONAJURIS: A condenação penal definitiva imposta pelo Júri também pode ser desconstituída mediante
revisão criminal, não lhe sendo oponível a cláusula constitucional da soberania do veredicto do Conselho de
Sentença. Se o Tribunal de Justiça, ao julgar uma revisão criminal, entender que a condenação do réu foi
proferida de forma contrária à evidência dos autos, ele poderá absolver diretamente o condenado, não sendo
necessário que outro júri seja realizado.
Havendo empate de votos no julgamento da revisão criminal, se o presidente do Tribunal, Câmara ou Turma,
não tiver votado ainda, deverá proferir o voto de desempate. Caso já tenha votado, prevalecerá a decisão mais
favorável ao réu.
STJ. 5ª Turma. HC 137.504-BA, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/8/2012.
a) Latrocínio
b) Atos infracionais;
c) Genocídio, salvo se envolver morte como consequência de sua prática;
d) Pessoas que possuem prerrogativa de foro na Constituição Federal;
e) Crime contra vida praticado por militar das Forças Armadas contra militar da ativa das Forças
Armadas (a competência será da Justiça Militar da União);
f) Crime contra a vida praticado por civil contra militar das Forças Armadas em local sujeito à
administração militar;
g) Crimes políticos de matar o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados
ou do Supremo Tribunal Federal (competência do juiz singular federal).
Procedimento bifásico do Tribunal do Júri: O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de bifásico (ou
escalonado) porque se divide em duas etapas:
Sentença que encerra o sumário da culpa: Ao final da 1ª fase do procedimento do júri (sumário da culpa), o juiz
irá proferir uma sentença, que poderá ser de quatro modos:
PRONÚNCIA IMPRONÚNCIA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DESCLASSIFICAÇÃO
Ocorre quando o juiz se
O réu será impronunciado O réu será absolvido,
convencer de que o fato
quando o juiz não se desde logo, quando
O réu será pronunciado narrado não é um crime
convencer: estiver provado (a):
quando o juiz se doloso contra a vida,
• da materialidade do • a inexistência do fato;
convencer de que mas sim um outro delito,
fato; • que o réu não é autor
existem prova da devendo, então,
• da existência de indícios ou partícipe do fato;
materialidade do fato e remeter o processo para
suficientes de autoria ou • que o fato não
indícios suficientes de o juízo competente.
de participação. constitui crime;
autoria ou de Ex.: juiz entende que
• que existe uma causa
participação. não houve homicídio
Ex.: a única testemunha de isenção de pena ou
doloso, mas sim
que havia reconhecido o de exclusão do crime.
latrocínio.
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#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA:
ANTES DO PACOTE ANTICRIME DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença
que:
I – no caso de condenação:
[...]
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-
á à prisão em que se encontra, se presentes os
Não havia disposição semelhante. requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução
provisória das penas, com expedição do mandado de
prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento
de recursos que vierem a ser interpostos; (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
#DEOLHONAJURIS: Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo Tribunal
do Júri. STF. 2ª Turma.HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/11/2019 (Info 960). Obs:
existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de réu condenado por decisão
do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência
ou não-culpabilidade.” (STF. 1ª Turma. HC 118770, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
07/03/2017). Vale ressaltar, contudo, que essa decisão da 1ª Turma foi tomada antes do resultado das ADC
43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, julgadas em 7/11/2019.
- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: Infrações penais de menor potencial ofensivo, as quais englobam as
contravenções penais e os crimes com pena máxima cominada de até 2 anos (art. 60).
#ATENÇÃO: Justiça Federal NÃO TEM competência para julgamento de contravenções penais.
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- COMPETÊNCIA TERRITORIAL: adota-se a teoria da atividade, ou seja, é competente o juízo do local em que for
praticada (ação ou omissão) a infração penal (DIFERENTE da regra prevista no CPP).
-Se a infração penal de menor potencial ofensivo for praticada em conexão ou continência com crime de
competência do juízo comum ou do tribunal do júri, a competência será deste último. No entanto, admite-se a
aplicação da composição civil os danos e da transação penal para a infração de menor potencial ofensivo (art.
60, §único).
Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações penais de
menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por outro juízo com
vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os
institutos despenalizadores, quando cabíveis. STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
4/12/2020 (Info 1001).
-Termo circunstanciado de ocorrência (TCO): Substitui o inquérito policial nos crimes de menor potencial
ofensivo. É uma investigação simplificada. Cabe ao delegado tomar o compromisso do autuado de comparecer
ao juizado especial em dia e horário designados previamente e remeter o TCO ao JECrim.
-Acaso o autor do fato seja imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, NÃO se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
#OBS1: NÃO funciona como confissão de culpa. Portanto, não enseja maus antecedentes ou influencia para fins
de reincidência.
#OBS2: A homologação judicial da transação penal faz coisa julgada meramente formal.
Súmula vinculante n° 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial.
Da sentença que homologa a transação cabe APELAÇÃO.
-FASE PROCESSUAL
1) Denúncia ou queixa oral – apresentada na própria audiência preliminar e reduzida a termo. Pode, ainda, ser
lastreada no TCO.
#SELIGA: NÃO precisa estar acompanhada de exame de corpo de delito, ainda que a infração tenha deixado
vestígios. Contudo, o exame de corpo de delito será obrigatório para fins de condenação criminal, podendo ser
substituído por prova testemunhal, se os vestígios desapareceram.
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2) Citação, notificação e intimações – na própria audiência preliminar o réu será notificado para comparecer à
audiência de instrução e julgamento. Se não estiver presente, será citado e notificado pessoalmente, nos termos
do art. 66.
3) Audiência de instrução e julgamento – iniciada com nova tentativa de composição civil dos danos e transação
penal. Posteriormente, o réu deve apresentar sua resposta oral à acusação.
#OBS1: Sentença prolatada na própria audiência, dispensando relatório. Se apresentada por escrito não há
irregularidade.
#OBS2: Cabe apelação da sentença homologatória de transação penal, da decisão de rejeição da inicial
acusatória e da sentença final (prazo de 10 dias).
#OBS3: Previsão do recurso de embargos de declaração, no prazo de 5 dias, por escrito ou oralmente.
INTERROMPEM o prazo para o recurso próprio.
4) Suspensão condicional do processo (art. 89) – Aplicada aos casos de pena mínima cominada igual ou inferior
a 1 ano. O MP deve apresentar a proposta de suspensão condicional do processo quando do oferecimento da
denúncia. Aceita a proposta, o feito ficará suspenso pelo prazo de 2 a 4 anos, dentro do qual o agente ficará
submetido a certas condições legais (art. 89, §1°).
#OBS1: o prazo prescricional fica suspenso durante o período de suspensão do processo.
#OBS2: o juiz pode fixar outras condições (condições judiciais), além das previstas na lei.
#DEOLHONAJURIS
É possível a revogação do benefício de suspensão condicional do processo após o término do período de
prova, desde que os fatos ensejadores da revogação tenham ocorrido durante esse período.
A eventual aceitação de proposta de suspensão condicional do processo não prejudica a análise de habeas
corpus no qual se pleiteia o trancamento da ação penal. INFO 557, STJ.
É constitucional a norma do art. 89 da Lei nº 9.099/95, que estabelece os requisitos para a concessão do
benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não responder o acusado por outros delitos.
Assim, a existência de ações penais em curso contra o denunciado impede a concessão do sursis processual
por força do art. 89 da Lei nº 9.099/95. STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018
(Info 903). STF. 2ª Turma. RHC 133945 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
Súmula n° 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Súmula n° 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada,
seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano
Súmula n° 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva.
Composição - Realizada a composição dos danos, o acordo será reduzido a escrito e homologado por
Civil dos sentença irrecorrível, que consubstanciará em título executivo judicial a ser executado no
Danos próprio Juizado Especial Cível, se não ultrapassar o teto.
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- A Lei somente menciona a composição dos danos civis para os crimes de ação penal privada
e de ação pública condicionada, a qual tem como consequência a renúncia ao direito de
queixa, acarretando a extinção da punibilidade. Todavia, a doutrina e jurisprudência
majoritárias entende ser possível a composição na ação penal pública incondicionada,
embora o acordo não acarrete a extinção da punibilidade, tendo como intuito apenas
antecipar a certeza acerca do valor da indenização.
- Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo
Transação Acordo pactuado entre o MP ou querelante nos crimes de ação privada e o agente infrator,
Penal através do qual é proposta a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas,
prescindindo-se da instauração do processo. São requisitos:
Ser infração de menor potencial ofensivo;
Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado;
Não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa
de liberdade, por sentença definitiva;
Não ter sido o autor da infração beneficiado por transação penal anterior, no prazo
de 5 anos.
Antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e
circunstâncias do delito favoráveis ao agente.
- Se discute acerca da possibilidade de proposta de transação penal quando se trata de crime
de ação privada. Majoritariamente tem-se aceito como viável sua ocorrência, sendo que,
para uma primeira corrente, quem possui legitimidade para sua dedução é o MP, sob o
fundamento de que o particular não pode transacionar penas, já outra posição compreende
ser do ofendido essa legitimação. Contudo, no âmbito do STJ, sustenta-se a legitimidade
do ofendido para esse fim, pois este é o titular exclusivo da persecução penal.
Suspensão - Nos delitos cuja pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, podendo até
Condicional mesmo não ser da esfera da competência do Juizado Especial, o MP, ao oferecer a denúncia,
do Processo poderá apresentar proposta de suspensão do processo por dois a quatro anos, denominado
de período de prova, no qual são cumpridos uma série de condições, quais sejam:
Reparação do dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo;
Proibição de frequentar determinados lugares;
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades;
Não instauração de outro processo em virtude da prática de crime ou de
contravenção penal;
Outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
#SELIGA: Quanto a este último requisito, o STJ, decidiu, em sede de recurso repetitivo, que
é possível estabelecer obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções
penais, tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação pecuniária, mas
que, para os fins do sursis processual se apresentam somente como condições para a sua
incidência.
- A suspensão revogar-se obrigatoriamente em caso de novo processo por crime ou não
reparação injustificada do dano, e facultativamente em caso de processo por contravenção
ou descumprimento das demais condições.
Com a revogação retoma-se o curso do processo. Vencido o período de prova sem revogação
do benefício extingue-se a punibilidade. Todavia, o STJ fixou a tese de que se descumpridas
as condições impostas durante o período de prova, o benefício poderá ser revogado, ainda
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que já ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua
vigência.
#TABELASALVANDOVIDAS #APOSTACICLOS
Transação penal Suspensão condicional do processo
Pena Pena MÁXIMA não superior a 2 Pena MÍNIMA igual ou inferior a 1 ano
anos
Requisitos • Não reincidente em crime com • Não estar sendo processado ou
pena privativa de liberdade; condenado por OUTRO crime;
+
• Não ter sido anteriormente Requisitos do Sursis:
beneficiado pelo instituto nos • Não seja reincidente em crime doloso;
últimos 5 anos; • A culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do
• Circunstancias do art. 59, CP: agente, bem como os motivos e as
favoráveis. circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;
• Não seja indicada ou cabível a
substituição prevista no art. 44 do CP.
• (#PACOTEANTICRIME) não
descumprimento anterior de acordo
de não persecução penal - art. 28-A,
§11, do CPP.
Consequências • Aplicação imediata de uma pena
restritiva de direitos ou multa. • Reparação do dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo;
• Proibição de frequentar determinados
lugares
• Proibição de se ausentar da comarca,
sem autorização;
• Comparecimento mensal em juízo;
• Outras condições judiciais.
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#NÃOCONFUNDIR #APOSTACICLOS
REVOGAÇÃO EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
A revogação é automática se, no período Decorrido o período de prova sem que o acusado
probatório, o acusado vem a descumprir as tenha dado causa à revogação do benefício, deve
condições impostas pelo Juízo. o juiz declarar a extinção da punibilidade.
A extinção da punibilidade não é automática.
Decisão meramente declaratória Sentença terminativa de mérito
#SELIGANASÚMULA:
Súmula 696, STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral,
aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
Súmula 337, STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência
parcial da pretensão punitiva.
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