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1- INTRODUÇÃO.
A finalidade da sentença penal condenatória é aplicar ao agente a pena que, de maneira proporcional,
mais se aproxime do dano por ele praticado, com o objetivo de cumprir as suas metas de reprovação
e prevenção do crime (art. 59 CP).
O principal efeito da sentença transitada em julgado é fazer com que o condenado cumpra a pena
determinada. Porém, além dos efeitos penais, podem surgir outros efeitos, como tornar certa a
obrigação de reparar o dano causado pelo crime, por exemplo.
Entende-se que os efeitos da condenação previstos pelo art. 91 CP são genéricos, não sendo
necessário que estejam expressos na sentença condenatória; enquanto os efeitos que estão indicados
no art. 92 CP são efeitos específicos e, sobre esses, o juiz deve declarar de forma motivada na
sentença.
OBS.: É importante lembrar que há efeitos da condenação que podem ser encontrados no Código
Civil. Por exemplo: Impedimento matrimonial pela prática de crime de homicídio (art. 1521 CC).
O segundo efeito previsto (art. 91, II, CP) é a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime e do produto do crime. (OBS.: A lei é clara ao
dizer “instrumentos do crime”, não se falando, portanto, em perda dos instrumentos utilizados para a
prática de contravenção penal.
Somente podem ser perdidos em favor da União os instrumentos do crime que se constituam em
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. Ou seja, se alguém, de
forma dolosa, usa um veículo para causar lesões na vítima, o mesmo não será perdido em favor da
União porque o seu uso não constitui fato ilícito (não impede o efeito específico da condenação
previsto no art. 92, III, CP).
OBS.: O agente também não perde a sua arma, ainda que a tenha usado para cometer o crime, desde
que possua a autorização para o porte.
Fica ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, que não poderá ter seus instrumentos
perdidos caso venham a ser utilizados indevidamente pelo agente condenado pela prática da infração
penal, desde que não sejam coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
ilícito, bem como que não ocorra qualquer das modalidades de concurso de pessoas (coautoria ou
participação).
Embora seja um efeito automático, há o entendimento de que o juiz deve fundamentar os motivos
que o levaram a entender pela perda daqueles itens que foram considerados produtos do crime.
De acordo com o parágrafo 1º do art. 91 CP, pode ser determinada a perda de bens e valores que são
equivalentes ao produto ou proveito do crime, impedindo, dessa forma, que o agente continue
auferindo lucro a partir do seu comportamento criminoso. Exemplo: Depósito em conta estrangeira de
valor obtido de forma criminosa.
Nos termos do parágrafo 2º do art. 91 CP, será possível a aplicação de uma das medidas
assecuratórias (sequestro, hipoteca legal e arresto) com o objetivo de abranger os bens e valores
equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior.
- Art. 144-A, CPP.
Quanto à incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II, CP), é
importante salientar que este efeito da condenação não se aplica se o agente estiver sendo acusado
por cometer um crime contra vítima que não seja seu filho, tutelado ou curatelado.
OBS.: A Lei nº 10.695 acrescentou o art. 530-G ao Capítulo IV, do Título II, do Livro II do Código de
Processo Penal.
4- FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS PELA INFRAÇÃO PENAL.
O art. 387, IV, CPP determina que o juiz, ao proferir sentença condenatória, fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração penal, levando em consideração os prejuízos sofridos
pelo ofendido.
O parágrafo único do art. 63 CPP determina que, transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 CPP, sem
que haja prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
Trata-se de mais um efeito da condenação.
OBS.: É importante levar que existem outros efeitos da condenação em leis penais diversas, como,
por exemplo, no art. 16 da Lei nº 7.716/89.