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DOS Efeitos DA Condenação - DP

Direito Penal II (Universidade Federal de Sergipe)

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DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO.

1- INTRODUÇÃO.
A finalidade da sentença penal condenatória é aplicar ao agente a pena que, de maneira proporcional,
mais se aproxime do dano por ele praticado, com o objetivo de cumprir as suas metas de reprovação
e prevenção do crime (art. 59 CP).
O principal efeito da sentença transitada em julgado é fazer com que o condenado cumpra a pena
determinada. Porém, além dos efeitos penais, podem surgir outros efeitos, como tornar certa a
obrigação de reparar o dano causado pelo crime, por exemplo.

Art. 91 CP. São efeitos da condenação:


I- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II- a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

Parágrafo 1º: Poderá ser decretada a perda de bens ou valores


equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem
encontrados ou quando se localizarem no exterior.

Parágrafo 2º: Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias


previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores
equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de
perda.

Art. 92 CP. São também efeitos da condenação:


I- a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II- a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da
curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra
filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;
III- a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio
para a prática de crime doloso.

Parágrafo único: Os efeitos de que trata este artigo não são


automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

Entende-se que os efeitos da condenação previstos pelo art. 91 CP são genéricos, não sendo
necessário que estejam expressos na sentença condenatória; enquanto os efeitos que estão indicados
no art. 92 CP são efeitos específicos e, sobre esses, o juiz deve declarar de forma motivada na
sentença.

OBS.: É importante lembrar que há efeitos da condenação que podem ser encontrados no Código
Civil. Por exemplo: Impedimento matrimonial pela prática de crime de homicídio (art. 1521 CC).

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2- EFEITOS GENÉRICOS DA CONDENAÇÃO.


- Art. 91 CP.
O primeiro efeito da condenação (art. 91, I, CP) trata sobre tornar certa a obrigação de indenizar pelo
dano causado pelo crime. Apesar de serem independentes as esferas cível e penal, a sentença penal
condenatória transitada em julgado demonstra que houve um dano provocado pelo agente através da
prática da sua conduta ilícita, gerando, portanto, para a vítima um título executivo de natureza
judicial.
É considerado um efeito automático da condenação.

O segundo efeito previsto (art. 91, II, CP) é a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime e do produto do crime. (OBS.: A lei é clara ao
dizer “instrumentos do crime”, não se falando, portanto, em perda dos instrumentos utilizados para a
prática de contravenção penal.
Somente podem ser perdidos em favor da União os instrumentos do crime que se constituam em
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. Ou seja, se alguém, de
forma dolosa, usa um veículo para causar lesões na vítima, o mesmo não será perdido em favor da
União porque o seu uso não constitui fato ilícito (não impede o efeito específico da condenação
previsto no art. 92, III, CP).

OBS.: O agente também não perde a sua arma, ainda que a tenha usado para cometer o crime, desde
que possua a autorização para o porte.

Fica ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, que não poderá ter seus instrumentos
perdidos caso venham a ser utilizados indevidamente pelo agente condenado pela prática da infração
penal, desde que não sejam coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato
ilícito, bem como que não ocorra qualquer das modalidades de concurso de pessoas (coautoria ou
participação).
Embora seja um efeito automático, há o entendimento de que o juiz deve fundamentar os motivos
que o levaram a entender pela perda daqueles itens que foram considerados produtos do crime.

De acordo com o parágrafo 1º do art. 91 CP, pode ser determinada a perda de bens e valores que são
equivalentes ao produto ou proveito do crime, impedindo, dessa forma, que o agente continue
auferindo lucro a partir do seu comportamento criminoso. Exemplo: Depósito em conta estrangeira de
valor obtido de forma criminosa.
Nos termos do parágrafo 2º do art. 91 CP, será possível a aplicação de uma das medidas
assecuratórias (sequestro, hipoteca legal e arresto) com o objetivo de abranger os bens e valores
equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior.
- Art. 144-A, CPP.

3- EFEITOS ESPECÍFICOS DA CONDENAÇÃO.


- Art. 92 CP.
Estes efeitos devem ser declarados expressamente na sentença condenatória, sob pena não haver a
aplicação, pois não são efeitos automáticos da sentença penal condenatória transitada em julgado.
Quanto a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo; a alínea ‘a’ do inciso I do art. 92 CP
prevê a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada uma pena privativa de
liberdade por tempo igual ou superior a 01 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração.
A alínea ‘b’ indica que, não importando a natureza da infração penal, se o agente vier a ser
condenado a uma pena privativa de liberdade superior a quatro anos, poderá ser decretada a perda
do cargo, da função ou do mandato.

Quanto à incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II, CP), é
importante salientar que este efeito da condenação não se aplica se o agente estiver sendo acusado
por cometer um crime contra vítima que não seja seu filho, tutelado ou curatelado.

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OBS.: A Lei nº 10.695 acrescentou o art. 530-G ao Capítulo IV, do Título II, do Livro II do Código de
Processo Penal.

Art. 530-G, CPP. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá


determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou
reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde
que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em
favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos
Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino
e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por
economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não
poderão retorná-los aos canais de comércio.

4- FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS PELA INFRAÇÃO PENAL.
O art. 387, IV, CPP determina que o juiz, ao proferir sentença condenatória, fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração penal, levando em consideração os prejuízos sofridos
pelo ofendido.
O parágrafo único do art. 63 CPP determina que, transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 CPP, sem
que haja prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
Trata-se de mais um efeito da condenação.

OBS.: É importante levar que existem outros efeitos da condenação em leis penais diversas, como,
por exemplo, no art. 16 da Lei nº 7.716/89.

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