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VIZINHANÇA

Chama-se valor aproximado de a real ( a ∈ R ) com um erro inferior a δ ( δ>0 ) a todo o

número x que satisfaz a seguinte desigualdade |x−a|<δ ou a−δ<x<a+δ .Portanto,

a−δ
⏟ < x< a+δ

b c oque significa x∈]b,c[
A este conjunto x∈]b,c[ ou x∈ ]a−δ ,a+δ [ chama-se vizinhança do ponto a com erro

V δ ( a ) ouV (a , δ )
inferior a δ e representa-se por .
]a−δ [ a ]a+δ[
Graficamente: | | |

V δ ( a)

V δ ( a )= { x ∈ R :|x−a|<δ }
Simbolicamente:
Ex: Determinar a vizinhança de 7,4 de raio 0,09.
V 0 ,09( 7,4 ) =]7,4−0, 09;7,4+0,09[=]7 ,31 ;7,49[
R:
7,31 7,4 7,49
Graficamente: | | |

V 0 , 09( 7,4 )
1
f (x )=x+
Consideremos a função real de variável real, 2 .
3
Consideremosyagora diferentes vizinhanças do ponto 2 de raio δ , no eixo dos yy, ou
3

2 1
3
3
+δ 3
V 3
=] −δ ; +δ [
2 2 y = x+1/2
seja, ( 2 ) 2 2
δ 3/2
e consideremos também as pré-imagens dessas vizinhanças
pela aplicação
3 f, cujo gráfico vemos na figura 1.
−δ 2
2
3
−δ
2 1

0 1−ε 1 1−ε 2 1 1+ε 2 1+ε 1

x
Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
1
gráfico 1

Vamos atribuir diversos valores a δ :


1
δ 1= δ1 :
 Seja 2 , a que corresponde a vizinhança

3 1 3 1
V 3
=] − ; + [=]1 ;2[
δ1(2 ) 2 2 2 2 . Para os valores da função f (x ) deste

V ε 1 ( 1 )=]1−ε 1 ;1+ε 1 [
intervalo existe no eixo dos xx um intervalo , em que por

1
ε1=
exemplo: 2 , tal que as imagens de todos os pontos deste intervalo se

3
δ 1 de
encontrem na vizinhança 2
3 1 3 1 5 7
1 V 3 =] − ; + [=] ; [
δ 2= δ 2( ) 2 4 2 4 4 4
 Seja agora 4 : 2

V ε 1 ( 1 )=]1−ε 1 ;1+ε 2 [

Escolhamos outros valores de δ , cada vez mais pequenos. Veremos que para cada

número δ existe sempre um número ε , dependente de δ , tal que para todos os


valores de x pertencentes à vizinhança ε de 1, as imagens correspondentes f(x) pertencem

3
à vizinhança do ponto 2 de raio δ .

Exercícios resolvidos
Calcule as alíneas abaixo.

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2
V1 3 1 3 1 13 17
3 ] − ; + [=] ; [
a) ()
5 2 = 2 5 2 5 10 10
V1 3 1 3 1 19 23
3 ] − ; + [=] ; [
b) ()
7 2 = 2 7 2 7 14 14
V1 3 1 3 1 7 8
3 ] − ; + [=] ; [
c) ()
10 2 = 2 10 2 10 5 5
V 3 1 3 1 149 151
1 3 ] − ; + [=] ; [
d) ()
100 2 = 2 100 2 100 100 100

Como o número δ pode ser tão pequeno quanto queiramos, e de acordo com os exercícios
atrás citados, vemos intuitivamente que, quando os valores de x se aproximam de 1, os

3 3
valores de f(x) se aproximam de 2 , ou seja, que f(x) tende para 2 , quando x “tende”
para 1.

Consideremos uma função real f(x) definida numa vizinhança do ponto a, exceptuando,
quanto muito, o próprio ponto a.

Definição 1: Diz-se que f(x) tende para b quando x tende para a se para cada número δ >

0 existe um número ε > 0 (que depende de δ ) tal que se tenha |f ( x)−b|<δ sempre

que |x−a|<ε ; x≠a.

Ao número b chama-se o limite da função f(x) quando x tende para a e escreve-se

lim f ( x )=b
x →a

( ∀ δ >0 ) ( ∃ ε =ε ( δ ) ) >0 : (|x−a|<ε , x≠a ) ⇒ (|f (x )−b|<δ )


Simbolicamente:

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Graficamente
y
b+ δ
f(x)
b
gráfico 2
b−δ

0 a−ε a a+ ε

Lema (unicidade do limite): Se o limite da função f(x) quando x tende para a existe, ele é
único.
Demonstração: Suponhamos, ao contrário, que existem dois números reais b1 e b2, b1 ≠ b2,

lim f ( x )=b1 e lim f ( x )=b 2


tais que x →a x →a .
b2 −b1
δ=
Seja, por exemplo, b2 > b1. Então, através da definição 1, para 2 existe um

numero ε >0 tal que |x−a|<ε ; x≠a, implica


|f ( x )−b 1|<δe|f ( x )−b2|<δ que

implica em sua vez


b1 −δ <f ( x )<b1 +δ e b2 −δ<f ( x)<b 2 +δ . Mas destas
desigualdades tiramos:
b 2−b1 b1 + b2
f ( x )< b1 + δ ⇒ f ( x )<b1 + =
 2 2
b 2−b1 b1 + b2
f ( x )> b2 −δ ⇒ f ( x )>b 2− =
 2 2 quer dizer

b 1 +b2 b 1 +b2
f ( x )< e f ( x )>
2 2 ao mesmo tempo.

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4
y
f(x)
b2

δ=
b2 −b1 gráfico 3
2

b1

a x

Como se pode ver do gráfico 2, um único objecto definido por uma função nunca pode ter
duas imagens distintas, portanto, a contradição obtida significa, que b2 deve ser igual a b1, e o
limite é único.

Ex: Vamos mostrar que


lim x +
x →1
( 12 )= 32 (exemplo anteriormente dado).
1 3
Seja δ>0 , um número arbitrário. Então ( )
| x+ − |<δ ⇔|x−1|<δ para ∀ δ> 0
2 2

1 3
, quando se verifica a condição |x−1|<δ , a condição
( )
| x+ − |<δ
2 2 também se

verifica. Neste caso, na definição 1, pode-se escolher δ=ε e assim, a função

1 3
f (x )=x+
2 tende para 2 , quando x tende para 1.

Exercício resolvido
lim ( 2 x +1 )=3
1. Mostre que x →1

Solução

Seja δ> 0 , um número arbitrário. Então: |( 2 x+1 ) −3|<δ ⇔|2x−2|<δ , portanto,

δ
|x−1|<
∀ δ >0 quando se verifica 2 então a condição |( 2 x+1 ) −3|<δ também se

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δ
ε=
verifica neste caso na definição 1 se pode escolher 2 . Assim, a função f(x) = 2x+1
tende para 3 quando x tende para 1.

Portanto, a partir das demonstrações anteriores, para obter o valor do limite de f(x) quando x
tende para a é suficiente substituir em f(x); x por a. Este processo aplica-se ao cálculo de
limite de outras funções.
Ex: Calcule o limite das seguintes funções, quando x tende para 1:

1
}
a)f ( x)=x+ ¿ ¿¿demonstrações anteriores¿
2
Resolução
1 1 3
a )lim (x + )=1+ = b ) lim ( 2 x+1 )=2⋅1+1=3
x→ 1 2 2 2 x→ 1

Exercícios resolvidos
1. Calcule os seguintes limites:
2
a ) lim (x )=5 b ) lim ( x 2 +1 ) =(−1 ) +1=2 c )lim ( x 2 ) =4
x→5 x →−1 x →2

x 2 +2 x 32 +2⋅3 15
d )lim
x →3
(x
=
3 )
=
3

Suponhamos agora que a função f(x) é definida para valores suficientemente grandes de |x|.
Definição 2: A função f(x) tende para o limite b quando x tende para o infinito, se para todo

o número δ> 0 existe um número ∆ >0 (que depende de δ) tal que tenha |f ( x)−b|<δ

sempre que |x|>Δ .

Simbolicamente: ( ∀ δ >0 ) ( ∃ Δ>0 ) :|x|> Δ⇒|f ( x)−b|<δ


x 3 +2
Ex: Mostre que
lim
x→∞ ( )
x3
=1

3 3 3
x +2 x +2−x 2 2
| −1|=| |= <δ
Demonstração: Temos x3 x3 |x|3 . Assim, |x|3
sempre

2 2 3 2
|x|3 >
δ ou
|x|>
√ 3
δ . Então neste caso pode-se escolher
Δ=
δ . √
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Esta ideia pode exprimir-se muito claramente em termos de vizinhança. Assim temos:

V ε ∞ ={ x ∈ R|x|>ε } , ao conjunto V ε ∞
( ) ( )
chama-se vizinhança de raio ε do infinito.
Então pode formular-se a definição seguinte do limite, que reúne as duas definições
anteriores.

Definição geral do limite: Sejam a e b dois números reais (finitos ou não) f(x) uma função
numa vizinhança do ponto a (excluindo o ponto a). Diz-se que f(x) tende para b quando x

δ V δ ( b)
tende para a, quando para cada vizinhança de b, , existe pelo menos uma

V ε ( a) f ( V ε ( a ) ¿ ) ⊂V δ (b )
vizinhança ε de a, , tal que

_ Gráfico 3
f(x)
b
f [ V ε (a ) ¿ ]
V δ ( b)

V ε ( a) ¿

Exercícios resolvidos
Calcule os seguintes limites:

3
1−

a)
lim
x→∞
2−( )
x
1
x =
3
1− ∞ 1
=
1 2
2− ∞

4 6 1

( ) 4 6 1
− +
x x3 x 4
lim
1 1
∞ − ∞ + ∞ = 0 =0
x→∞
8− 3 + 4 1 1 8
b) x x = 8− ∞ + ∞

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7
1 2
1+ 1 2
( )
2
− 3
lim
x x 1+ ∞ − ∞ 1+0+0
x→∞ 1 3 1 = =∞
− +
x x 2 x3 1 3 1 0+0+0
c) = ∞−∞+ ∞
1 2
d) x → ∞ 2 (
lim −4 x3 + x 2 + x
3 =
(
lim x 3 −4+
x→∞
1
)+
2
[
2 x 3 x 2 ) x →∞ x →∞ (
=lim x3⋅lim −4+
1
+
2
]
2 x 3 x2 )
=+ ∞⋅(−4 )=−∞

4 x2 lim
x .4 x 4.2
lim = =2
e) x→2 3 x+1 x = x →2 x ( 3+1 ) 4
lim x+2
( x +2 ) ( x +2 ) x →−3 −3+2 1
lim lim = = =
x →−3 3 ( x−1 ) 3 lim x−1 3 . ( −3 ) −1 10
f) x →−3 ( 3 x−3 ) = x →−3

FUNÇÕES INFINITAMENTE GRANDES E PEQUENAS


Definições:
 A função f(x) chama-se infinitamente grande positiva quando o seu limite for

lim f ( x )=+ ∞
igual a +∞ quando x tende para a, isto é, x →a

x 3 3
lim
= = =+ ∞
Ex: 1. x →3 x−3 3−3 0
x 2−4 22 −3 1
lim = = =+ ∞
2. x →−2 x +2 −2+2 0
 A função f(x) chama-se infinitamente grande negativa quando o seu limite for

lim f ( x )=−∞
igual a −∞ quando x tende para a, isto é, x →a

2 x 3 −2 x 2 −9 x+ 9 ( x−1 ) ( 2 x 2−9 ) 2−9 −7


lim =lim = = =−∞
Ex: x →1 ( 2 x −2 )( x−1 ) x →1 ( 2 x−2 ) ( x−1 ) 2−2 0

 A função f(x) chama-se infinitamente pequena ou infinitésima quando o seu

lim f ( x )=0
limite for igual a zero (0) quando x tende para a, isto é, x →a

x 2−x −6 3 2−3−6 0
Ex: 1.
lim
x →3
( x +2
= ) 3+2
= =0
5
x−2 2−2 0
2.
lim
x →2
( ) x
=
2
= =0
2

Exercícios resolvidos
1. Calcule os limites abaixo:

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8
x3 +1 (−1 )3 +1 0
lim 2
a) x →−1 x +1
( ) 2
= (−1 ) +1
= =o
2

x 2−5 x +10 25−25+10


b)
lim
x →5 ( x2 −25 ) = 25−25
=∞

x 2 −2 x
c)
lim
x →2 ( x 2−4 x +4 ) =
lim
x →2
x ( x−2 )
=
2
( x−2 )( x−2 ) 2−2
=∞

2. Calcule os limites das funções que se seguem e classifique quanto a infinidade


lim ( x 2 +2 x ) =lim x 2 + lim 2 x=02 + 2. 0=0
a) x →0 x →0 x →0 é um infinitésimo ou infinitamente
pequena

lim √3 x . ( x 2 −1 )= lim ( 3 x ) . lim ( x 2−1 )=√ 3 .0 . ( 0−1 )=0



b) x →0 x→0 x →0 é um infinitésimo
2 2 2
lim = = =∞
x →0 √ x + x lim x+ lim x 0

c) x →0 x →0 é infinitamente grande positiva

lim
√ 2 x−3 √2 =lim √2( x−3 =lim √ 2(x −3) =lim √2 =∞
3 2 2
x → 0 2 x ( x−3 )
2
x →0 2 x −12 x +18 x x →0 2 x ( x −6 x +9 ) x → 0 2 x ( x−3 )
d) é
infinitamente grande positiva
3 x 3⋅(−3 ) −9
lim= = =−∞
e) x →−3 x +3 −3+3 0 é infinitamente grande negativa

Propriedade dos limites de funções


1. Se f(x) é uma função constante na vizinhança do ponto a, quer dizer f(x) = c,

lim f ( x )=c
nesta vizinhança. Então: x →a , por outras palavras, o limite de uma constante é
igual a própria constante.
Ex: Seja f(x) = 5
lim f ( x ) lim f ( x ) lim f ( x )
Calcule: a) x →1 , b) x→∞ , c) x→∞

lim f ( x )=lim 5=5 y


R: a) x →1 x →1 f(x)

lim f (x )= lim 5=5 5


b) x → 10 x →10

lim f ( x )= lim 5=5


c) x→∞ x →∞
0 1 10
gráfico 5

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2. Se f(x) é uma função identidade, f(x) = x, então para qualquer valor de c real (C ⊂ R) ,

lim f ( x )=lim x=c


o limite da função é igual a c, isto é, x →c x →c

Ex: Seja f(x) = x


lim f ( x ) lim f ( x ) lim f ( x )
Calcule: a) x →2 b) x →5 c) x→∞

lim f ( x )=lim x=2


R: a) x →2 x →2 y f(x)
5
lim f ( x )=lim x=5
b) x →5 x →5
2
lim f ( x )= lim x=∞
c) x→∞ x →∞
2 5 x

gráfico 6
Se f(x) e g(x) são duas funções reais definidas numa vizinhança do ponto a e se existem e são

lim f ( x )=a e lim g ( x )=b


finitos os limites, isto é, x →a x →a , então, as funções

f (x )±g( x); f ( x)⋅g( x) também têm limites finitos que são:


lim [ f ( x )±g ( x ) ] =lim f ( x )±lim g( x )
 x →a x→a x→a , ou seja, o limite de uma soma ou
subtracção é igual a soma ou subtracção dos limites.
2
Ex: Seja f (x )=x eg( x)=3 x . Calcule o limite de f (x )+g (x ) quando x→2
lim [ f ( x )+ g( x ) ] =lim ( x 2 +3 x )=lim x 2 +3 lim x=22 + 3⋅2=10
R: x →2 x →2 x→2 x →2

lim [ f ( x )⋅g ( x ) ] =lim f ( x )⋅lim g ( x )


 x →a x →a x →a , ou seja, o limite de um produto é
igual ao produto dos limites;
3
Ex: seja f (x )=3 xeg( x )=x +1 . Calcule f (x ). g( x) quando x→1
lim [ f ( x ). g ( x ) ] =lim [ 3 x . ( x 3 +1 ) ]=lim 3 x . lim ( x3 +1 )=3 . 1.( 1+1 )=6
R: x →1 x →1 x →1 x →1

f ( x)
No caso em que g(x) ≠ 0, g(x ) também tem limite finito que é dado por:
lim f ( x )
f ( x ) x→ a
lim =
x →a g( x ) lim g ( x )
 x→ a , ou seja, o limite de um quociente é igual ao quociente
dos limites.
f ( x)
2 3
Ex: Seja f ( x )=x −2eg ( x )=x −4 . Calcule o limite de g(x ) quando x→-2

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lim ( x 2−2 ) lim x 2 − lim 2
f (x) x 2 −2 4−2 1
lim
x →−2 g( x )
= lim 3
x →−2 x −4
= (
x →−2

lim x −4
( 3
))=
x →−2
lim x 3
x →−2
−lim 4
=
−8−4
=−
6
R: x →−2 x →−2 x →−2

Exercícios resolvidos
1. Calcule os limites abaixo, aplicando as propriedades e de uma forma simples.

4 x 2−11 2 x ( x 2 −4 )
lim lim =1
a) x →2 2 x +1 = x →3 2 x ( x 2 −4 )

6 x 3 +3 x 2
b)
lim (
x →0 )
18 x 3 +9 x 2 =
lim
x →0 ( 6 x 3 +3 x 2
) =lim
3 x 2 ( 2 x +1 ) 3 1
=lim =
18 x 3 + 9 x 2 x →0 9 x 2 ( 2 x+1 ) x → 0 9 3

√2 x−3 √ 2 √2 ( x−3 ) =lim √ 2 ( x−3 ) =lim √2 =∞


c)
lim
x→0 ( 2 x −12 x +18 x )
3 2
=
lim 2
x →0 2 x ( x −6 x +9 ) x→ 0 2 x ( x−3 )
2
x →0 2 x ( x−3 )

2 x3 −8 x 2 x ( x 2 −4 )
d)
lim
x →3 [ 2 x ( x 2−4 ) ] =
lim
x →3 2 x ( x 2 −4 )
=1

x 2 −3 x+2 ( x−1 )( x−2 ) 1−2 1


lim 3 2 =lim = =−
2
e) x →1 x + x −2 x →1 ( x−1 ) ( x +2 x +2 )
1+2+2 5

x 2 −2 x x ( x −2 ) 2 2
lim 3
=lim 2
= 2
= =+ ∞
f) x →2 ( x −2 ) x→ 2 ( x−2 ) ( x −2 ) ( 2−2 ) 0
2. Ao injectar, por via intramuscular, um determinado medicamento, ele passa do músculo ao
sangue, sendo posteriormente eliminado pelos rins. A quantidade de medicamentos
contida no sangue no instante t é dada pela função.

f (t )=2q(e−0,4 t −e−0,8 t ), com t>0


t = tempo medido em horas
q = quantidade de medicamento injectado
lim f (t ).
a) Calcule t →∞ Explique o significado do resultado

Solução
1 1
lim 2 q ( e−0,4 t −e−0,8t ) =lim 2 qe−0,4 t −lim 2 qe−0,8 t =2 q lim 0,4t
−2 q lim 0,8 t
=
t →∞ t →∞ t→∞ t→ ∞ e t→ ∞ e
1 1
¿ 2 q⋅ 0,4⋅∞ −2 q⋅ 0,8 ∞ =2q⋅0−2 q⋅0=0
a) e e
O resultado significa que depois do medicamento ser injectado, por via intramuscular, na
medida que o tempo vai passando, o medicamento será todo eliminado pelos rins, isto é, o

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organismo vai eliminando o medicamento até se livrar dele, na medida que o tempo vai
passando.

Indeterminações
Por aplicação directa das propriedades da soma/subtracção, do produto e do quociente de
duas funções somos conduzidos geralmente a situações em que aparentemente não existe o
limite da soma/subtracção, do produto e do quociente de duas funções num determinado
ponto, são essas situações que se chamam de indeterminações. A procura do limite, caso
exista, chama-se levantamento da indeterminação.
0
, 0⋅∞ , ∞−∞ e ∞

Portanto, existem 4 casos de indeterminações a saber: 0
Levantamento de indeterminações
Esses casos de indeterminações acontecem tanto quanto o x →a (a finito), assim como
quando x →±∞
1. x→a (a finito)
0
a) Indeterminação do tipo 0 .
0
Veremos que todas as outras indeterminações se reduzem a indeterminação do tipo 0 . Por
isso, começaremos por estudar o levantamento da indeterminação deste tipo. O levantamento
consiste essencialmente na simplificação da fracção dada.
3 2
x 3 +3 x 2 +2 x x 3 +3 x 2 +2 x (−2 ) +3 (−2 ) +2 .2 0
lim lim 2
= =| |
2
Ex: x →−2 x −x−6 = x →−2 x −x−6 (−2 )2 −(−2 )−6 0 ←indeterminação

Levantamento da indeterminação:

x 3 +3 x 2 +2 x x ( x 2 +3 x +2 ) x ( x+2 )( x +1 ) x ( x +1 ) −2 (−2+1 ) 2
lim 2
= lim 2
= lim = lim = =−
x →−2 x −x−6 x →−2 x −x−6 x →−2 ( x−3 )( x +2 ) x →−2 x−3 −2−3 5

b) Indeterminação do tipo 0⋅∞


0
Este tipo de indeterminação reduz-se ao tipo 0 . Com efeito, tendo em conta que o inverso
de um limite infinitamente grande é um infinitamente pequeno, efectuadas as operações, a

0
indeterminação do tipo 0⋅∞ reduz-se a indeterminação do tipo 0 .

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Na prática, para levantar uma indeterminação do tipo 0⋅∞ e conduzi-la a uma

0
indeterminação do tipo 0 , basta efectuar a operação indicada, que neste caso é a
multiplicação.
1
f ( x )= e g ( x )=x 2 −16
Ex: Sejam x −4
1 1
x →4[
lim ( x 2 −16 )⋅
] =lim ( x 2 −16 )⋅lim
x−4 x → 4 x →4 x−4
=|0⋅∞|
← 1ª indeterminação
2
1 x −16 0
= lim (
x−4 ) 0
lim [ ( x −16 )⋅
2
] =| |
x →4 x−4 x→4 ← 2ª indeterminação
2
( x−4 )( x +4 )
1 x −16
lim [ ( x −16 )⋅
x−4 ] ( x−4 ) ( x−4 ) =4 +4=8
2
= lim =lim
x →4 x→4 x →4

Exercícios resolvidos
Calcule os limites que se seguem:
x 4 −2 x 3 −7 x2 +8 x+12
lim
a) x →3 x 3 −2 x 2 −5 x+6
x−1
lim4
b) x →1 x −1
1

c)
x→
1
2
1
lim x − ⋅
2
[(
3 x 2−

3
3
4
)
x+
3
]
x −1
lim
d) x →1 x−1
tg( x )+1
lim
e) x →0 cos x
x 2 + x−2
lim 2
f) x →1 x −3 x+2
Resolução
4 3 2 4 3 2
x −2 x −7 x +8 x+12 3 −2. 3 −7 . 3 +8 . 3+12 0
lim = =| |
a) x →3 x 3 −2 x 2 −5 x+6 33 −2 . 32 −5. 3+6 0
x 4 −2 x 3 −7 x2 +8 x+12 ( x−3 ) ( x 3 +x 2 −4 x −4 ) 3 3 +2 .3 2−4 . 3−4
lim 3 2
=lim = =2
x →3 x −2 x −5 x+6 x →3 ( x−3 ) ( x2 +x−2 ) 3 2 +3−2

x−1 0
lim =| |
b) x →1 x 4
−1 0

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
13
x−1 ( x−1 ) 1 1
lim 4
=lim = 3 2 =
x →1 x −1 x →1 ( x−1 ) ( x + x + x +1 ) 1 +1 +1+1 4
3 2

1 1 1

c)
x→
1
2
1
[(
lim x − ⋅
2 2 3
3x −
4
1 1
)
= − ⋅
2 2
x+

3
1
2
2
3


3
4
][
=|0⋅∞| ( )
( )
(() )
+
2 3

]
1 1 1 1 1 1 1
( x− )⋅( x+ ) ( x − )⋅( x + )
lim
x→
1
2
[( 1
x − )⋅
2
x+

3x −
3
4
=lim
2
3
]2
1
3( x − )
x→
4
3
1
2
=lim
2
1
2
3
1
=
+
2 3
3 ( x − )⋅( x + ) 3 ( + )
2
2
x→
2 2
=
1 1 181
2
5

x 3 −1 0
lim =| |
d) x →1 x−1 0

x 3 −1 ( x−1 ) ( x 2 + x +1 )
lim =lim =lim ( x 2 + x +1 ) =3
x →1 x−1 x →1 ( x−1 ) x→ 1

tg( x )+1 tg0+1 1


lim = = =1
e) x →0 cos x cos 0 1
2
x +x−2 0
lim 2
=| |
f) x →1 x −3 x+2 0
2
x +x−2 ( x−1 ) ( x+2 ) x +2 1+2
lim 2
=lim =lim = =−3
x →1 x −3 x+2 x →1 ( x−1 ) ( x−2 ) x →1 x−2 1−2

c) Indeterminação do tipo ∞
Resolvendo a operação indicada (neste caso a divisão) reduzimos a indeterminação do tipo

∞ 0
∞ a uma indeterminação do tipo 0 .
1 1 f ( x)
f (x )= eg( x )=
Ex: Sejam
2
x −4 x−4 , resolva o limite de g (x ) quando x→2

1 1

lim
x →2
[ ]
x −4
1
x−2
=
lim 2
2
x →2 x −4

lim
1
x →2 x−2
=| ∞
∞|

←1ª indeterminação
1

lim
x →2
[ ]
x −4
1
x−2
2
1
[
=lim 2 ⋅( x−2 ) =lim 2
x →2 x −4
x−2
x →2 x −4
0
=| |
0 ]
←2ª indeterminação

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
14
1

lim
x →2
[ ]
x −4
1
x−2
2
=lim 2
1
x →2 x −4 [
⋅( x−2 ) =lim 2
x−2
x →2 x −4
=lim
]( x−2 )
x →2 ( x−2 ) ( x+2 )
=
1
=
2+2 4
1

a) Indeterminação do tipo ∞−∞

lim ( f ( x )−g ( x ) )
Podemos ter este tipo de indeterminação nos seguintes casos: x→ ∞

2 lim ( f ( x )−g ( x ) )
Ex1: Sejam f (x )=x eg( x) , resolva o x→ ∞

lim ( x 2 −x )=|∞−∞|
x→ ∞

lim ( x 2 −x )= lim x 2 1−
x→∞ x →∞
( 1x )=∞
lim ( √ x−x )
Ex2: x→ ∞

lim ( √ x−x )=|∞−∞|


x→ ∞ . Para levantar este tipo de indeterminação é preciso multiplicar pelo
seu conjugado todos os termos do limite.

( √ x−x ) ( √ x+ x ) x−x 2 ∞
lim ( √ x−x )= lim =lim =∞
x→∞ x →∞ (√ x + x ) x →∞ ( √ x + x )

lim ( √ x−x )= lim


( √ x−x ) ( √ x+ x )
=lim
x2 ( 1x −1) = −1=−∞
x→∞ x →∞ (√ x + x ) x →∞ x 1 0
x2 (√ ) +
x4 x

Se a função f(x), quando x→∞, for uma fracção polinomial, então:


a) O limite da função f(x) será igual a zero se o polinómio denominador tiver maior
grau que o polinómio numerador;
2 x2+ 4
lim 3
=0
Ex: x → ∞ x
b) O limite de f(x) é igual a ±∞ se o polinómio numerador tiver maior grau que o
denominador;
x 4 + x2 +2
lim 3
=+ ∞
Ex: x → ∞ x +1
c) Se o numerador e o denominador de f(x) forem do mesmo grau, então o limite de
f(x) será igual ao quociente dos coeficientes dos termos do maior grau
3 x 2 +4 3
lim 2 =
Ex: x → ∞ 4 x −x +5 4
Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
15
Exercícios resolvidos
1. Calcule os limites abaixo
x

a)
lim
x →5
(
x −6 x +5
2x
x 2 −3 x−10
2

)
x 2−4 1
b)
lim
x→1
( −
x−1 2 x−2 )
2
x −3 x +2
lim 2
c) x → ∞ x −2

Resolução
x 5

a)
lim
x →5
(
x −6 x +5
2x
x 2 −3 x−10
2
=
10
)
25−30+5

25−15−10
=| ∞
∞|

x
lim
x →5
(
x −6 x +5
2x
x 2 −3 x−10
2
=lim 2
) x
x →5 ( x −6 x+ 5 )

( x 2 −3 x−10 ) 0
[ 2x
=| |
0 ]
x

lim
x →5
2(
x −6 x +5
2 x
x −3 x−10
2
=lim
x →5 2 x
)
x ( x −5 )( x +2 )
( x−5 ) [
( x−1 )
=
2
5+2
( 5−1 )
=
7
8]
x 2−4 1 −3 1
b)
lim
x →1
( −
x−1 2 x−2 )
= − =|∞−∞|
0 0

x 2−4 1 2 x3 −2 x 2−8 x +8−( x−1 )


lim
x →1 [ −
] (
=lim
( x−1 )( 2 x−2 ) ( 2 x−2 )( x−1 ) x →1 ( 2 x−2 ) ( x −1 )
= )
2 x 3−2 x 2 −9 x+ 9 ( x−1 ) ( 2 x 2 −9 ) 2−9 −7
¿ lim
x →1 ( ( 2 x−2 ) ( x−1 ) )
=lim
x →1 ( 2 x−2 )( x−1 )
= = =−∞
2−2 0

x 2−3 x +2 ∞
lim 2
=| ∞|
c) x → ∞ x −2
2
x 3x 2 3 2
2 2
− 2+ 2 1− + 2
x −3 x +2 x x x x x
lim 2
=lim 2
=lim =1
x→∞ x −2 x →∞ x 2 x→∞ 2
− 1− 2
x2 x2 x

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16
Limite de funções enquadradas ou de encaixe
Se as funções f(x), g(x) e h(x) estão ligadas entre si pela dupla desigualdade f(x)≤g(x)≤h(x) e
se f(x) e h(x) tendem para um mesmo limite b quando x→a (ou quando x→∞), então g(x)
tende para o mesmo limite b quando x→a (ou quando x→∞)

Teorema: Consideremos a função g(x) enquadrada pelas funções f(x) e h(x) numa

vizinhança do ponto a, não incluindo a, ou seja, f (x )≤g( x )≤h( x )x≠a se

lim f ( x )=lim =b
x →a x →a .
Então, o limite da função g(x) quando x tende para a também existe e é igual a b.

Demonstração: Seja δ> 0 um número arbitrário. Pela definição de limite tem que existir

um número ε>0 tal que |f ( x)−b|<δe|h( x)−b|<δ , quando |x−a|<ε , x≠a .


Estas desigualdades podem-se escrever da maneira seguinte:
−δ<f ( x )−b< δ e −δ <h( x )−b<δ
. Mas as desigualdades

f (x )≤g( x)≤h( x) implicam que f (x )−b≤g( x )−b≤h (x )−b , portanto,

−δ<g ( x )−b< δ , ou seja, |g( x)−b|<δ para todos os valores de x que verificam

|x−a|<ε , x ≠a

Graficamente

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
17
g(x) =
x2

-4

gráfico 7

Fazendo um estudo no intervalo x∈[1;+∞[ onde se verifica a desigualdade

lim f ( x )≤lim g( x )≤lim h ( x )


f (x )≤g( x)≤h( x) , vê-se claramente que x →1 x →1 x →1

senx
lim
=1
1º Limite notável x →0 x
A aplicação directa dos teoremas sobre limites, conduz-nos a uma indeterminação do tipo

0
0 .
Para demonstrar a igualdade acima vamos servir-nos o teorema sobre limite de funções
enquadradas. Para isso, consideremos a circunferência de raio 1 e designemos por x o ângulo
ao centro MOA
y
C
M gráfico 8
1
senx
0 B A x

Resulta da figura que A∆MOB<ASECTOR MOA<A ∆COA.


___ ____
OA⋅MA 1⋅senx 1
A Δ MOA = = = senx
 2 2 2
____ ____
MB MB ____
senx = ____ = =MB
1
 Mas M0

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
18
___
OA
⏟ ⋅MA
X 1 1
= ⋅1⋅x= x
 Área do sector MOA = 2 2 2
____
OA
⏟ ⋅AC
tg 1 1
A ΔCOA = = ⋅1⋅tg = tg
 2 2 2

1 1 1
senx < x < tgx=senx < x< tgx
Portanto, 2 2 2

Limites laterais
lim f ( x )=b
1º Diz-se que b é limite de f(x) à esquerda de a e escreve-se x → a− sse a toda
sucessão de valores de x tendentes para a (sendo esses valores todos menores que a)
corresponde uma sucessão de valores de f(x) tendentes para b.

lim f ( x )=b
2º Diz-se que b é limite de f(x) à direita de a e escreve-se x → a+ sse a toda a
sucessão de valores de x tendentes para a (sendo esses valores todos maiores que a)
corresponde uma sucessão de valores de f(x) tendentes para b.

Graficamente

y lim f ( x )=b
x → a−

b2
b1 lim f ( x )=b
x → a+

a x gráfico 10

3º Se o limite de f(x) quando x→a for igual a b, então os limites laterais, esquerdo e direito,
são iguais a b.

lim f (x)=b⇒¿ lim f (x)=b ¿ ¿¿


Simbolicamente:
x→a { x→a−
4º Se o limite lateral esquerdo de f(x) = b quando x→a e o limite lateral direito de f(x) = b

lim f ( x )=b
quando x→a, então o x →a

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
19
lim f ( x )=b
x → a−
lim f ( x )=b ⇒ lim f ( x )=b
Simbolicamente: se x → a+ x→a

Definição: Portanto, uma função é contínua sse os limites laterais existirem e forem iguais e
se a função tem limite nesse ponto

x
f (x )=
Ex1: Estude a continuidade da x +1 no ponto x = 1

Recorde-se do critério de vizinhança:


|x−a|<δ=a−δ< x<a+δ , portanto,
+
x =a+δ ∧x =a−δ

(limitelateralesquerdo¿)(x=a−δ;a=1∧x→1¿)(1=1−δ⇒δ=−(1−1)=0¿) ¿
¿
(limitelateraldireito¿)(x=a+δ;a=1∧x→1¿)(1=1+δ⇒δ=0¿)¿¿
¿ x a+δ 1+ δ 1
lim =lim =lim =
a) x → 1+ x +1 δ →0+ a+ δ +1 x →0+ 1+δ +1 2
x a−δ 1−δ 1
lim = lim = lim =
b) x → 1− x +1 δ →0− a−δ +1 x→0− 1−δ + 1 2
x 1 1
lim = =
c) x →1 x +1 1+1 2

R: De acordo com a definição, a função é contínua no ponto x = 1

Ex2: Estudar a continuidade da função a seguir indicada:


f(x)=¿ { x+3;x≤1¿¿¿¿
a) A 1ª condição é satisfeita, pois, 1 Є Df
∃1 lim f ( x )?
b) x →1

Existirá, se os limites laterais forem iguais. Determinemo-los:


lim f ( x )=lim ( x +3 )=4 ¿ lim f ( x )=lim (1−2 x )=−1
x → 1− x→ 1

x→1
+
x →1
+

lim f ( x )≠lim f ( x ) ∃lim f ( x )


Ora, x → 1− x→ 1
+
dai x →1

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
20
Como a 2ª condição de continuidade não é satisfeita podemos concluir imediatamente que
f(x) é descontinua no ponto x = 1.
Apesar disso, determinemos f(1): f(1) = 1+3 = 4

f (1 )=4= lim f ( x )
Como x →1− diremos que esta função é contínua à esquerda de 1 (pois, o
limite lateral esquerdo coincide com o valor da função no ponto 1). Observando a figura
verificamos estar de acordo com os resultados anteriores.
4

x+3

Gráfico 11
-3 1

TPC
1. Estudar a continuidade das funções no ponto x = 1.
|x−1|
a)
f (x)=¿ 2+ { x−1
⇐x≠1 ¿ ¿¿¿

2
x −2√3x+3
b)
{
f(x )=¿ se x<1¿ {3 se x=1¿¿¿¿
2x−2√3
Resolução
a) Estudemos a continuidade
 1Є Df

x−1

{|x−1|=−x+1sex<1 ¿ ¿¿¿
x−1
daqui resulta:
x−1
{
f(x )=¿ 2− se x<1 ¿ {3 se x=1¿ ¿¿¿
x−1 donde:
lim f ( x )=lim 2−
x → 1− x→ 1−
( x−1 )
=1 ¿ lim f ( x )= lim 2+
x →1+ x→ 1+ x−1 (
=2+ 1=3 )

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
21
lim f ( x )≠lim f ( x )
Como x → 1− x→ 1
+
pelo que a função f(x) não tem limite no ponto x = 1, tratando-
se de uma função descontinua neste mesmo ponto.

f (1 )= lim f ( x )
Mas, o facto de x →1+ permite-nos afirmar que f(x) é uma função continua à
direita do ponto 1.

b)
 1 Є f(x)
2 2
x −2 √3 x +3 ( x −√ 3 ) x−√ 3 1 √3
lim f ( x )=lim = lim = lim = −
 x → 1− x→ 1
− 2 x−2 √ 3 x →1 2 ( x−√ 3 )

x→ 1
− 2 2 2
2
x −1 ( x−1 )( x +1 )
lim f ( x )=lim =lim =lim −( x+1 )=−2
x → 1+ x→ 1
+ 1−x x→ 1+ −( x−1 ) x→ 1
+

lim f ( x )≠lim f ( x ) lim f ( x )


sendo x → 1− +
x→ 1 sabemos não existir x →1 , tratando-se, portanto, de uma
função descontinua no ponto 1.
lim f ( x )≠f ( 1 )≠lim f ( x )
Por outro lado, como x → 1− x →1
+
esta função também não é contínua nem à
direita, nem à esquerda do ponto x = 1.
Uma função nessas condições designa-se por função descontinua bilateral.

CONTINUIDADE DE FUNÇÕES
A continuidade de funções é um dos mais importantes conceitos de toda a análise
Matemática. A ideia principal da continuidade, numa forma muito intuitiva é muito clara:
uma função f(x) é continua num ponto se o gráfico dela apresenta por si uma curva continua,
sem rompimento neste ponto.

1. Continuidade num ponto


Definição: Diz-se que a função f(x) é continua no ponto x = a sse existir o limite da função
quando x → a e o valor desse limite coincidir com o valor da função no ponto x = a, isto é,

∃ lim f ( x ) e lim f ( x )=f ( a )


f(x) é continua sse x →a x→ a

Caso contrario diz-se que a função f(x) é descontinua no ponto a.


3 1
f (x )=− x−4 x=−
Ex1: Verificar se a função 2 é contínua no ponto 2
R: Resolveremos este problema aplicando a definição acima: portanto, f(x) é continua sse

∃ lim f ( x ) e lim f ( x )=f ( a )


x →a x→ a

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22
3 3 1 13
x →−
1
(
lim − x−4 =− ⋅ − −4=−
2 2 2 4 ) ( )
1. 2

f −
1
( )
2
3 1
=− ⋅ − −4=−
2 2
13
( )
4 , temos
lim f ( x )=f −
x →−
1
( 12 )=−134
2. Como 2 uma vez
satisfeitas as condições impostas pela definição dada, concluiremos que f(x) é continua no

1
x=−
ponto 2 .
Para melhor clarificação, representemos graficamente a função.
y = -3/2x-4

-4.0

gráfico 12
Considerando a representação geométrica desta função, observamos que o seu gráfico não
apresenta quaisquer interrupções, tratando-se de uma função definida em todo o R, o que está
de acordo com a conclusão a que chegamos.

Para violar a condição de continuidade de uma função num ponto, existem as seguintes
possibilidades:
lim f ( x )
a) Existe o x →a , mas o valor do limite é diferente ao valor da função nesse

∃ lim f ( x ) e lim f ( x )≠f ( a )


ponto, isto é, x →a x→ a

2
x −4 ( x+2 )( x−2 )
lim = lim =−4
Ex: x →−2 x +2 x →−2 ( x+2 )
(−2 )2−4 0
f (−2 )= = ∃ lim f ( x ) e lim f ( x )=f ( a )
−2+2 0 , portanto, x →a x→ a . Assim, a função

2
x −4
f (x )=
x+2 tem no ponto -2 uma descontinuidade eliminável.

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
23
lim f ( x )
b) Não existe o x →a , mas os limites laterais são finitos no ponto a. Note-se que

lim f ( x )
por causa de não existência do x →a no ponto a os limites laterais devem ser

∃ lim f ( x ) ⇒ lim f ( x )≠ lim f ( x )


diferentes, isto é, x →a x →a− x→a
+

A diferença entre os limites laterais chama-se salto da função f(x) no ponto a.


Ex: 1. Averiguar se a função f(x) é contínua no ponto x = 1 sendo:

f(x)=¿ { x+1,sex≥1¿¿¿¿
lim ( x +1 )= lim ( a+ h+1 ) =( 1+ 0+1 )=2
a) x → 1+ x→ 1+

f (x=1)=( x +1 )=1+1=2
2 2 2
lim x = lim ( a−h ) =( 1−0 ) =1
b) x→ 1− x→1−

2
f (x=1)=x =1

-4

gráfico13

Portanto, a função
f(x)=¿ { x+1,sex≥1¿¿¿¿ tem no ponto x = 1 um salto da 1ª espécie
(descontinuidade da 1ª espécie).

c) Pelo menos um dos limites laterais é infinito. Quando isso acontece, diz-se que a função
f(x) tem no ponto a uma descontinuidade da 2ª espécie (salto da 2ª espécie).

d) Pelo menos um dos limites laterais não existe. No caso disso acontecer, diz-se que a
função f(x) tem no ponto a um descontinuidade indeterminada.

2. Continuidade num intervalo


Uma função f(x) diz-se continua num intervalo [a; b] sse ela for continua em todos os pontos
desse intervalo.
Ex: Verificar se a função f(x) = x2 é continua no intervalo [o; 2].

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
24
R: Como a função considerada tem por domínio o intervalo real ]-∞; +∞ [ e como o [0; 2]
⊂ ]-∞; +∞ [concluímos que f(x) é continua no intervalo[o; 2].
Conclui-se muito facilmente por via gráfica
y = xx

-4.0

gráfico 14

Exercicios

1 3
1. Verifique se a função
{
f (x)=¿ − x−1;x≤− ¿ ¿¿¿
3 5 é contínua.
5−x
f ( x )=
2. Determine os pontos de descontinuidade da função x −6 x 2 + 9 x
3

x2−1
3. Considere a função real de variável real definida por:
{
f (x)=¿ 2 ,sex>1 ¿ ¿¿¿
x −x
Determine o número real k de modo que a função seja contínua para x = 1.
3 x 2−1
g( x)=
4. Provar que a função x+2 é contínua no ponto x = 2

f (x)=¿ { log2 x,se x>1 ¿ ¿¿¿


5. Considere a função real definida por
a) Represente-a graficamente

b) Estude a continuidade da função no ponto x = 1 e, em caso de descontinua


classifique-a

Resolução
3
− ∈ Df
1. a) 5
1 1 3 4
x →−
3 −
(
lim − x −1 =− − −1=−
3 3 5 )
5 ( )
b) 5

Apontamentos sobre noção de limite de uma função. Preparados pelo docente de Análise Matemática I – MSc. Abrão Duarte Camacho
25
lim x−
x →−
3+
( 15 )=− 35 − 15 =− 45
c) 5

∃ lim f ( x )
3
x →−
d) Como os limites laterais são iguais entre si, diremos que 5

3− 1 3 4 3+ 3 1 4
e)
f − ( ) ( )
5
=− − −1=−
3 5 5 e
( )
f −
5
=− − =−
5 5 5 , portanto, está

3
x=−
demonstrado que f(x) é continua no ponto 5
2. Naturalmente, os valores de x que tornam esta função descontínua serão os que anulam o
denominador da expressão analítica que a define, assim:

x 3−6 x 2 +9 x=0 ⇔ x ( x 2 −6 x+ 9 ) =0⇔ x=0∨ ( x −3 ) ( x−3 )=0 ⇔ x=0∨x=3 ,


portanto, x = 0 e x = 3 são os pontos de descontinuidade de f(x).

⇔ lim f ( x )=1 lim f ( x )


3. f é continua para x = 1 x →1 . Ora, para existir x →1 temos de garantir
que:

x 2−1 ( x−1 ) ( x+1 )


lim f ( x )=lim f ( x )⇔ lim ( k +x ) =lim 2 ⇔ k +1= lim
x → 1− x→1 x −x x→ 1 x ( x−1 )
+ − + +
x→ 1 x→ 1
1+1
⇔k +1= ⇔ k +1=2⇔ k=1
1
k =1: lim f ( x )=2∧ f (1 )=2
Assim, para x →1 , sendo, portanto, a função continua para x = 1

4. a)
2∈ Dg =]−∞,−2[∪]−2,+∞[
2
3 x −1 11
lim g ( x )=lim =
b) x →2 x→ 2 x+2 4

3 .22 −1 11 lim g( x )=g( 2)=


11
g(2)= =
c) 2+2 4 , sendo x →2 4 , então, g(x) é continua no ponto
considerado.

5. a) Representação gráfica

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-4.0

figura 15
b)
lim log 2 x=log 2 lim x=log 2 1=0
 x → 1+ x→1 +

lim (−x 2−x +2 )=−1−1+2=0


 x → 1− Como os limites laterais são iguais, e

+ −
lim f ( x )=f ( 1 ) ¿ lim f ( x )=f ( 1 )
x → 1+ x→1

, então a função é contínua no
ponto x = 1.

Propriedades das funções contínuas


Teorema 1: Se a função f(x) é continua no intervalo fechado [a; b], então existe pelo menos
um ponto x = x1 tal que o valor da função nesse ponto satisfaça a seguinte

desigualdade f (x 1 )≥f ( x ) , onde x é um outro ponto qualquer desse

intervalo. Do mesmo modo, existe pelo menos um ponto x2 tal que o valor da

função neste ponto satisfaz a seguinte desigualdade f (x 2 )≤f ( x ) .

y =
x2

-4

gráfico 16
Por exemplo X Є [ 0; 2]
Sejam X1 = 2, X2 = 0 e y =3, portanto;
f(x1) ≥ f(x) = y e f(x2) ≤ f(x) = y
22 ≥ 3 0 ≤ 3

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4≥3
x 2=valor min ímo do int ervalo
x 1=valor máximo do int ervalo Chamaremos f(x ) o maior valor da função f(x) no
1

intervalo fechado [a; b] e f(x2) o menor valor da função f(x) nesse intervalo. Assim, toda a
função contínua num intervalo fechado [a; b], atinge pelo menos uma vez sobre esse
intervalo o seu valor máximo M e o seu valor mínimo m.

Teorema 2: Se a função f(x) é continua no intervalo fechado [a; b] e se os valores nas


extremidades desse intervalo são de sinais contrários, existe então pelo menos
um ponto x = c entre os pontos a e b tal que a função f(x) se anula nesse ponto.

4
y = x-1

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1

-2

-3

gráfico 17
-4

Teorema 3: Seja f(x) uma função definida e continua sobre o intervalo [a; b]. Se os valores
na extremidade do intervalo forem diferentes, então qualquer que seja o número
µ compreendido entre os valores da função nas extremidades do intervalo, pode-
se encontrar um ponto x = c compreendido entre a e b, tal que f(c) = µ
y = x+1

-4

gráfico 18

Por exemplo, x Є [-3; 1

Seja x = c = -2, então f(-2) = -2+1 = -1, portanto, f(c) = µ, isto é, f(-2) = -1

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