CIÊNCIAS SOCIAIS 2020.2 (Política IV) Professora: Maria Antonieta Leopoldi Aluna: Juliana S. Silva
A pandemia da covid-19 e os fatores para o retorno do Brasil ao
mapa da fome:
Em março de 2020 a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou
a covid-19 como pandemia, decretando diversas medidas de proteção e restrição como forma de conter o surto. Sem aviso, data definida para início ou termino, o informalmente chamado, coronavírus chegou e trouxe ao mundo uma nova forma de vida, sendo ela basicamente remota e virtual. No Brasil, não obstante do restante do mundo, o vírus se desenvolveu de forma brutal, nos mostrando claramente “a que veio”. Com números aterrorizantes, o vírus desestabilizou o país “apenas” na primeira quinzena. Em meados de abril o número de infectados no Brasil chegava a 30 mil, enquanto o de mortos chegava a 2 mil, em pouco mais de um mês após o decreto. Com a “descoberta” do vírus o Brasil não só foi levado ao estado de calamidade na saúde, mas também em todos os aspectos que constituem uma sociedade, nesse caso os problemas sociais e em específico, a insegurança alimentar. nx Entre medidas protetivas e econômicas, o Brasil passou no último ano por diversas modificações que causaram e ainda causam insegurança, entre elas a mais grave e a mais temida pela população, a fome. Sendo essa insegurança também o principal motivo para que os trabalhadores brasileiros assalariados e comerciários, arrisquem suas vidas para levarem para casa o famoso “pão de cada dia”. Ainda que como nação, o Brasil permaneça sendo uma grande potência na agricultura, o País retornou em 2020 ao mapa da fome, após ser retirado a pouco mais de apenas 6 anos. De acordo com dados do IBGE, em 2013, pouco antes de ser retirado do mapa pela primeira vez, a fome no país em sua situação mais grave, atingia cerca de 52,05 milhões de pessoas, enquanto em 2021 (pouco depois de seu reingresso ao mapa) cerca de 117 milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar, de acordo com os mesmos dados. jhÉ importante frisar aqui antes de qualquer outra informação, que a pandemia em si não é o único fator que levou o Brasil a essa situação. Em 2018, antes mesmo de qualquer indício do vírus, cerca de 100 mil pessoas já se encontravam em situação de fome no País. Dessa forma, a pandemia não seria o fator para que o Brasil se encontrasse hoje na situação em que se encontra, mas sim uma contribuinte para o grande aumento dos números, podendo ser considerada como o “estopim” para o “caos da fome” no Brasil. A final de contas em um país em que a taxa de desemprego chegava a 12,3 milhões de pessoas antes dos decretos, das medidas restritivas e da própria pandemia, o retrocesso a insegurança alimentar no Brasil era certo em futuro talvez não tão distante, mas esse processo de retrospecção que já era analisado foi acelerado pela falta de planejamento e certo despreparo do governo brasileiro. hn No Brasil, a pandemia do novo coronavírus se desenrola não “apenas” como uma grande “tragédia sanitária” como tem sido chamada em algumas partes do mundo, mas também como uma das maiores tragédias sociais e econômicas. Não o bastasse as restrições de transporte, importação, exportação e venda de mercadorias, que garantiam grande parte da renda de boa parte da população, como motivo para o aumento da escassez alimentar, temos também o corte por parte do governo federal de ações sociais e de políticas públicas, que em determinado ponto se davam como principal meio de subsistência por determinadas partes da população brasileira, que em sua maioria é carente. De acordo com o IBGE, só em 2019 cerca de 13,5 milhões de pessoas passavam por necessidades e tinha falta de “meios” essenciais, como água limpa e alimentos, mesmo com diversas medidas de assistência política que tentavam assegurar melhores condições de vida, como a exemplo, o Bolsa-família. cccEnquanto diversos países e seus respectivos governos ao redor do globo se concentram em criar, melhorar ou estender suas políticas públicas para que funcionem juntamente com as medidas de restrição e proteção contra o vírus, como uma espécie de “conjunto harmonioso” para cessar o vírus e de forma que não atrapalhe mais gravemente a economia de seus países, o governo brasileiro segue em contramão, com cortes exorbitantes, orçamentos e informações incoerentes a visão pública. Como possível tática de encobrir a situação crítica em que o país se encontra ou como fachada, o governo remete todos s seus esforços não para remediar, melhorar ou retomar o caminho para o progresso do Brasil enquanto nação com grande potencial em desenvolvimento, mas para mascarar a real situação, seja ela em dados dos casos de infectados, informações sobre combate a pandemia, na falta de campanhas contra a propagação do vírus, a forma como o governo insiste em seguir a vida normalmente como se mortes não estivessem ocorrendo pelo vírus e a desnutrição no país aumentasse absurdamente pela falta de alimento ou pelo mínimo do mesmo, além de piadas nada empáticas por parte do próprio presidente, mostrando a ineficácia do país não apenas em suas medidas de combate a crise política já existente que foi agravada pela covid-19, mas em sua visível apatia ao desmantelo público de ações que foram construídas ao longo da história do País para cessar as desigualdades sociais, que em seu caso mais crítico como dito anteriormente, chegou e chega novamente com potes e pratos vazios na mesa e na casa de grande parte dos brasileiros. c Ao longo da pandemia, diversas ong’s e entidades beneficentes, sem ajuda de instituições públicas, criaram medidas no combate a fome durante o combate ao vírus. Desde distribuição de cestas básicas, distribuição de comidas prontas (no popular, marmitas e “quentinhas”) e kits de sobrevivência e higiene, essas entidades tinham por objetivo o alcance de grande parte da população periférica brasileira, mas precisamente das comunidades, no entanto, essas instituições não foram suficientes para suprir essa carência por alimento, já que com a diminuição e o subsequente corte do auxílio emergencial proposto pelo governo, o número de pessoas que necessitam dessa ajuda, só aumenta. Como forma de estabelecer melhores formas de assistência a essa população, diversos meios de alcance foram inseridos em campanhas por parte dessas entidades e da própria população, como as mídias digitais, onde diversas campanhas são criadas sem necessitar que o indivíduo precise sair de casa para ajudar ou receber ajuda, como exemplo, as vaquinhas virtuais. jd c Ironicamente, enquanto grande parte da população sofre com a escassez de alimento, essa mesma grande parte, tem acesso ilimitado ao uso de tecnologias avançadas e de internet, nos levando a uma importante constatação, a tecnologia é mais acessível e talvez mais importante do que o alimento. De acordo com os dados, a mesma população que sofre com a insegurança alimentar é a que mais tem acesso as redes, ou seja, a população que não sabe se vai comer amanhã é a mesma que tem seu acesso as “redes” garantidos todos os dias. Desde as conhecidas redes “wifi” em praças públicas, shoppings e afins, o acesso as redes sociais e outros meios de comunicação eletrônicas está cada vez mais fácil. Tal facilidade acaba por tornar esses meios de interação/comunicação como padronizadores comportamentais de grande parte da população brasileira, apontando também ao fato de que o ano de 2020, enquanto algumas pessoas não sabiam o que iriam e se iriam comer amanhã, houve um grande aumento nos pedidos de fast food, tanto que no mesmo ano em que o Brasil retorna ao mapa da fome, as redes baterem recordes nos chamados “Deliveries”, com um crescimento de 94,67%, deixando claro que a carência por alimento nos lares brasileiros também é resultado de uma concentração de renda, fazendo com que regiões específicas sejam atingidas de forma mais intensa por conta do descaminho na administração dos recursos públicos e algumas vezes pela falta desses recursos, como é o caso do Norte e do Nordeste. Como já especificado anteriormente, durante a pandemia o governo propôs uma ajuda a população com o auxílio emergencial e alguns municípios também criaram meios de subsistência para sua população mais necessitada. No entanto com uma “nova” baixa nos empregos, causada pela pandemia, o valor desse benefício proposto pelo Estado se torno algumas vezes inviáveis, já que além do aumento no preço dos alimentos e a limitação do trabalho, para grande parte dos brasileiros esse benefício se tornou a única fonte de renda para famílias que chegavam a 5/6 pessoas, sendo em sua maioria, crianças e adolescentes que não tinham direito formal ao benefício. Outro grande problema encontrado parte da população foi ter seu direito negado por critérios que não correspondiam a sua situação financeira ou pessoal, havia também aqueles que tiveram seu benefício aprovado, mas contestado nas agências bancárias e aquele que tiveram seu benefício cortado e uma hora para outra sem explicações, comprometendo ainda mais sua renda. Logo, chegamos à conclusão que a causa da insegurança alimentar na atualidade brasileira se dá pela má administração dos recursos obtidos, assim como a instabilidade na política que hoje consiste em “pontos soltos”, que aos poucos vai se desmantelando, trazendo ainda mais insegurança e incerteza, pela falta de parceria com as Ongs (principalmente as comunitárias), novos projetos sociais ou a reformulação dos projetos já existente, para que tenham mais eficácia e atinjam um maior número de pessoas entre outras inúmeras opções que temos. Diante do cenário atual podemos entender que, mesmo que a pandemia acabe hoje e o vírus finalmente seja abatido antes que ceife mais vidas, a situação alarmada pela pandemia persistira e levará tempo, senão anos para ser contornada e não apenas as famílias em situação crítica, mas também a instituições públicas e privadas, fazendo com a insegurança seja não só sobre o alimento, mas sim sobre a vida em geral no/do Brasil.