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São Carlos, v.7 n.

22 2005
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitor:
Prof. Titular ADOLFO JOSÉ MELFI

Vice-Reitor:
Prof. Titular HÉLIO NOGUEIRA DA CRUZ

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Diretor:
Prof. Titular FRANCISCO ANTONIO ROCCO LAHR

Vice-Diretor:
Prof. Titular RUY ALBERTO CORREA ALTAFIM

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

Chefe do Departamento:
Prof. Titular CARLITO CALIL JÚNIOR

Suplente do Chefe do Departamento:


Prof. Titular SÉRGIO PERSIVAL BARONCINI PROENÇA

Coordenador de Pós-Graduação:
Prof. Associado MÁRCIO ROBERTO SILVA CORRÊA

Coordenadora de Publicações e Material Bibliográfico:


MARIA NADIR MINATEL
e-mail: minatel@sc.usp.br

Editoração e Diagramação:
FRANCISCO CARLOS GUETE DE BRITO
MASAKI KAWABATA NETO
MELINA BENATTI OSTINI
TATIANE MALVESTIO SILVA
São Carlos, v.7 n. 22 2005
Departamento de Engenharia de Estruturas
Escola de Engenharia de São Carlos – USP
Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 – Centro
CEP: 13566-590 – São Carlos – SP
Fone: (16) 3373-9481 Fax: (16) 3373-9482
site: http://www.set.eesc.usp.br
SUMÁRIO

Análise de radies simples e estaqueados via combinação método dos


elementos finitos com o método dos elementos de contorno
Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva 1

O método dos elementos de contorno aplicado à análise não linear de placas


Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sergio Venturini 29

Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros


nodais em deslocamentos para placas delgadas e suas aplicações a
problemas de engenharia estrutural
Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva 61

Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise


elastoplástica de cascas
Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda 89

Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema


construtivo, do processo de projetar e dos métodos de análise
Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato 107
ANÁLISE DE RADIÊS SIMPLES E ESTAQUEADOS
VIA COMBINAÇÃO MÉTODO DOS ELEMENTOS
FINITOS COM O MÉTODO DOS ELEMENTOS DE
CONTORNO
Ângelo Vieira Mendonça1 & João Batista de Paiva2

Resumo
Neste trabalho é apresentada uma formulação em que é analisado o comportamento da
interação placa-estaca-solo via combinação do MEC com o MEF. A placa é
representada pelo método dos elementos finitos utilizando os elementos de 9
parâmetros DKT (Discrete Kirchhoff Theory) e HSM (Hybrid Stress Model). O solo é
representado pelo método dos elementos de contorno. Cada estaca é representada por
um único elemento de contorno, na qual estão discretizados 4 pontos nodais. A tensão
cisalhante, que age no fuste, é assumida ter uma distribuição quadrática. A tensão
normal, que age na base da estaca, é assumida ter distribuição uniforme na área da
mesma. Ambos os métodos, MEC e MEF, promovem dois sistemas algébricos distintos,
necessitando-se que haja uma transformação em um deles, a fim de que seja possível a
representação algébrica, tanto da placa como do solo, em um único sistema global de
equações lineares.

Palavras-chave: Método dos elementos finitos; método dos elementos de contorno;


fundações; estacas.

1 INTRODUÇÃO

O solo tem sido alvo de inúmeras pesquisas, já que cumpre um papel importante
na concepção e na definição final em projetos de engenharia civil e áreas correlatas.
Um dos parâmetros relevantes do solo a ser determinado é o recalque devido ao
carregamento da estrutura. Parte deste recalque está associado à deformação elástica,
portanto, podendo ser obtido a partir da teoria da elasticidade. Dentre os vários modelos
existentes na literatura, podem-se aludir a três clássicos: modelo de Winkler, modelo de
dois parâmetros e modelo do meio contínuo. Vários trabalhos foram publicados em que
o modelo de Winkler foi usado para modelar a interação solo-estrutura: CHILTON &
WEKEVER(1990), BOLTON(1972), CALDERÓN(1991), MANZOLI(1992), YUNG
& WANG(1991).

1
Prof. Adjunto do Departamento de Estruturas do CTU/UEL, a.v.mendonca@uel.br
2
Prof. Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, paiva@sc.usp.br

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2 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

BADIE & SALMON(1996) apresentam um estudo em que o solo é representado


pelo modelo de dois parâmetros, assim como é levado em conta a fricção entre a base da
estrutura e o solo.
Com relação ao estudo da interação solo-estrutura, em que o solo é representado
por um meio contínuo tridimensional utilizando métodos analíticos e diferenças finitas
podem ser encontrados nos trabalhos de CHAKRATORTY & GOSH(1975), ZAMAN
et al.(1988).
Já os trabalhos de CHEUNG & NAG (1968), HEMSLEY(1990-a,b) fazem um
estudo utilizando o método dos elementos finitos para análise da interação placa-solo.
MESSAFER & COATES(1990) desenvolveram uma formulação em que o método dos
elementos finitos é associado ao método dos elementos de contorno para a análise deste
problema. FATEMI-ARDAKANI(1987), PAIVA(1993), CALDERÓN(1996)
desenvolveram formulações para a análise desse problema em que tanto o solo como a
placa são analisados pelo método dos elementos de contorno.
Em relação a interação estaca-solo alguns trabalhos podem ser mencionados
como: POULOS & DAVIS (1968) é apresenta uma formulação onde são escritas as
equações integrais para cada um desses elementos, considerando-se a influência do solo e
das outras estacas do grupo, supondo-se que apenas a tensão de cisalhamento atua ao longo
do fuste de cada estaca.
BUTTERFIELD & BANERJEE (1971) estenderam esta formulação incluindo
também o efeito da tensão radial, o que permite a compatibilização de deslocamentos nesta
direção.
O problema envolvendo a situação em que a placa-estaca-solo está trabalhando
conjuntamente podem ser encontrados em DAVIS & POULOS (1972), BUTERFILED &
BANERJEE (1971b), mas nessas formulações a placa é considerada rígida. Poucos
trabalhos foram desenvolvidos onde a placa é considerada de rigidez finita, podendo-se
citar o de BROWN & WIESNER(1975) para a análise de uma longa sapata flexível
apoiada em estacas. Nessa formulação, entretanto, são utilizadas as simplificações da
teoria de vigas e a reação do solo é suposta constante em toda largura da sapata. Em
FATEMI-ARDAKAMI(1987) é apresentada também uma formulação do método dos
elementos de contorno para o estudo deste problema. Nessa formulação, inicialmente, é
estudada a interação das estacas com o solo com o objetivo de se determinarem as
rigidezes das estacas que posteriormente são tratadas como vínculos elásticos concentrados
sobre os quais a placa está apoiada. Em POULOS & DAVIS(1980) é apresentada uma
formulação para a análise da interação entre uma placa rígida e um grupo de estacas em
que são consideradas as interações entre o solo, a placa e as estacas, sendo que a
contribuição das estacas é obtida de modo semelhante à formulação proposta POULOS &
MATES(1971) para grupo de estacas isoladas; É feito um estudo paramétrico da interação
do solo com um grupo de duas unidades placa-estaca, onde a placa é circular e
considerada rígida. A partir dos resultados obtidos o método é aplicado ao estudo da
interação de uma placa rígida apoiada sobre estacas, considerando-se a superposição
elástica da influência de todas as estacas tomadas duas a duas. Posteriormente HAIN &
LEE(1978) estenderam essa formulação para a análise da interação entre placas flexíveis e
estacas e a aplicaram à análise de problemas genéricos.
Pode-se destacar também o trabalho apresentado em POULOS(1994) à análise da
interação placa-estaca solo, no qual, como no trabalho de FATEMI, as estacas são
representadas por molas, obtidas a partir de um programa para a análise da interação
estaca-solo.
PAIVA & TRONDI(1996) apresentaram uma formulação onde o conjunto
placa-estaca-solo é modelado via MEC onde todas as interações envolvidas são

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Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 3

consideradas simultaneamente. A placa pode ser tanto rígida como flexível. As estacas
são rígidas e representadas por um elemento de contorno . As reações do solo são
admitidas variando linearmente no domínio dos elementos de contorno e as tensões na
estaca são escritas como uma tensão equivalente no topo desta, possibilitando que o
sistema final de equações seja escrito apenas em função dos nós que estão discretizados
na superfície do solo.

A formulação desenvolvida no presente trabalho incorpora todas as hipóteses


admitidas em PAIVA & TRONDI(1996), só que as estacas são admitidas serem
flexíveis. É apresentado a influência da flexibilidade axial das estacas na matriz obtida a
partir das representações algébricas descritas para o conjunto estaca-solo.
Neste trabalho apresenta-se uma formulação à análise deste problema onde
a placa é modelada pelo MEF e o solo pelo MEC, onde os elementos finitos utilizados são
o DKT (Discrete Kirchhoff Theory) e o HSM (Hybrid Stress Model). Em relação a
representação do solo e das estacas a formulação desenvolvida no presente trabalho
incorpora todas as hipóteses admitidas em PAIVA & TRONDI(1996), só que as estacas
são admitidas serem flexíveis. É apresentado a influência da flexibilidade axial das
estacas na matriz obtida a partir das representações algébricas descritas para o conjunto
estaca-solo.

2 SISTEMA DE EQUAÇÕES PARA O SOLO

A representação integral desse problema incorpora a solução fundamental de


Boussinesq-Cerruti, e para o caso em que as forças de volume são desprezadas, pode ser
escrita como:
u i = ∫ u∗ij ( p , s) p j ( s) dΓ ( s) , (i,j=1,2,3) (1)
Γ
Onde:
u∗ij ( p , s) é a solução fundamental em deslocamento devida a uma carga unitária
aplicada no ponto p na direção i e com reposta no ponto s na direção j.
p j é a força de superfície na direção j.

O problema analisado restringe-se a carregamentos aplicados normalmente à


superfíce do semi-espaço, o que necessita que apenas o deslocamento vertical seja
compatibilizado nesta formulação. Com isso, a representação integral do problema (1)
pode ser simplificada para:
u 3 = ∫ u ∗33 ( p, s) p 3 (s)dΓ (s) (2)
Γ
Implementando-se a discretização da equação integral (2), obtém-se:
n
u3 = ∑ ∫ u ∗33 ( p, s) p 3 (s)dΩ el (s) (3)
1 Ωel

Onde: Ω el é o domínio do elemento de contorno ; n: é o número de elementos


de contorno que compõem o contorno Γ.

É admitido que as forças de superfície sofrem variação linear no domínio dos


elementos de contorno triangulares, de forma que podem ser escritas como:

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4 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

⎛ pi ⎞
⎜ ⎟
[
p 3 = ε1 ε 2 ]
ε3 ⎜ p j ⎟ (4)
⎜ ⎟
⎝ pk ⎠
Onde:
ε1 , ε 2 , ε 3 são coordenadas adimensionais otidas a partir de coordenadas
retangulares conforme indicados em PAIVA(1993).
pi , p j , p k são as forças de superficie nodais definidas nos nós do triângulo.

Após efetuar o cálculo das integrais indicadas em (3) para todos os elementos,
obtém-se a representação algébrica do solo dada por:
H s U s = Gs Ps (5)
~ ~ ~ ~
Onde:
P s , Us são os vetores que contêm as forças de superfície e os deslocamentos de
~ ~
todos os nós dos elementos de contorno discretizados na superfície do solo.

3 SISTEMA DE EQUAÇÕES PARA O CONJUNTO ESTACA-SOLO

Existem diversos fatores que interferem no comportamento real do conjunto


estaca-solo, dentre eles, podem-se citar:
a) Propriedades físicas do solo e da estaca.
b) Tipo de execução da estaca.
c) Espaçamento das estacas.
d) Ordem de cravação.
e) Nível de carregamento aplicado.

A formulação apresentada, neste trabalho para análise numérica do problema,


incorpora apenas a influência de alguns fatores através de hipóteses simplificadoras, a
saber:
a) A estaca é admitida trabalhando no regime elástico linear.
b) É admitido que as estacas estão totalmente imersas em um semi-espaço,
elástico linear, homogêneo e isótropo .
c) A perturbação devido à presença das estacas no espaço semi-infinito é
desprezada.
d) O solo e as estacas estão livres de tensões iniciais decorrentes da instalação
das mesmas.
e) A superfície das estacas são admitidas rugosas, de forma que inibe o
deslizamento na região da superfície de contato estaca-solo.
f) As forças volumétricas são desprezadas.
g) As estacas estão sujeitas apenas a carregamentos verticais.

O deslocamento vertical de um ponto p pertencente ao problema elástico aqui


representado, isto é, superfície do semi-espaço interagindo com as estacas, pode ser
escrito como:

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Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 5

np ⎧⎪ ⎫⎪
u3 ( p ) = ∫ u∗33 p3 dΓ + ∑ ⎨ ∫ u33 τ i dΓpi + ∫ u33 σ i dΓbi ⎬
∗ ∗
(6)
i =1 ⎪Γpi ⎪⎭
Γ ⎩ Γbi

Onde:
u∗33 : é a solução fundamental em deslocamento para uma carga unitária aplicada
no ponto-fonte na direção vertical e com resposta no ponto-campo na direção
vertical.
p 3 : é a força de superfície externa aplicada na direção vertical.
np: é o número de estacas
Γ : é uma sub-região do contorno do semi-espaço onde p3 está definido.
Γpi e Γbi : são o contorno do fuste e da base da estaca i, respectivamente.
Como neste problema, as tensões das estacas estão aplicadas no interior
do espaço semi-infinito, portanto, a solução fundamental utilizada é a de
Mindlin.
A representação integral para o conjunto estaca-solo pode ser escrita
matricialmente como:
np ⎡ ⎤
u = ∫ U∗ P dΓ + ∑ ⎢ ∫ U∗ τ k dΓpk + ∫ U∗ σ k dΓbk ⎥ (7)
~ Γ ~ ~ k =1 ⎢Γpk ~ ~ Γb ~ ⎥
⎣ ~ ⎦
Onde:
U : é o vetor que representa os deslocamentos no contorno Γ .
~
P : é o vetor que representa as forças de superfíce no contorno Γ .
~
τ k , σ k : são os vetores que representam as tensões cisalhantes do fuste e as
~ ~
tensões normais da base da estaca k, respectivamente.

Implementando-se a discretização da representação integral (7), obtém-se:


np ⎧⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎫ n⎡ ⎤
⎪⎢ ⎥ ⎪
u = ∑ ⎨ ∫ U θ dΓp τ k + ∫ U λ dΓb ⎥ σ k ⎬ + ∑ ⎢ ∫ U∗ Φ T dΓ ⎥ Pin
∗ T ∗ T
np ⎢ np
~ k =1 ⎪ ⎢ Γ ~ ~ ⎥ ~ ⎢Γ ~ ~ ⎥ ~ ⎪ i =1⎢⎣Γ ~ ~ ⎥⎦ ~
⎩⎣ p ⎦ ⎣ b ⎦ ⎭
(8)
Onde:
τ np , σ np : são os valores nodais das tensões cisalhantes e normais na estaca k,
~k ~k
respectivamente.
P n : é o vetor das forças de superfície nodais dos elementos.
~
θ , λT , Φ T : são as funções interpoladoras para as tensões cisalhantes, tensões
T
~ ~ ~
normais, forças de superfície, respectivamente.

Neste trabalho é admitido que um único elemento de contorno linear representa


cada estaca e as tensões de cisalhamento são assumidas variarem quadraticamente ao
longo do fuste, sendo definidos três nós funcionais para representá-las, de forma que
funções interpoladoras podem ser escritas como:

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⎧1
(
2
⎛ θ ⎞ ⎪ 9η − 9η + 2 ⎪
⎜ p1 ⎟ ⎪ 2

)

⎜ θ p2 ⎟ = ⎨ − 9 η2 + 6η ⎬ (9)
⎜ ⎟ ⎪ 1 ⎪
⎝ θ p3 ⎠ ⎪
⎩ 2
(
9 η2 − 3η ⎪

)
Onde:
z
η=
L
(10)
Onde :
z : representa a cota de um ponto genérico pertencente à estaca e o
comprimento da estaca.
L: é o comprimento da estaca.

As tensões normais na base das estacas são admitidas com distribuição uniforme
na área da mesma, sendo representadas por um quarto nó.

Figura 1 - Representação das funções interpoladoras na estaca.

Os resultados do cálculo das integrais na estaca K e no elemento i do contorno


do semi-espaço, podem ser representados por:
k
h f = ∫ U∗ θT dΓpk (11)
~ Γp ~ ~

k
h b = ∫ U∗ λT dΓbk (12)
~ Γb ~ ~

i
h cel = ∫ U∗ Φ T dΓ (13)
~ Γ ~ ~

O sistema algébrico, que explicita a contribuição de cada elemento do conjunto


solo-estaca, poder ser expresso por:

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np ⎡ k k np ⎤ n ⎡ i ⎤
np
U = ∑ ⎢h f τ k + h b σ k ⎥ + ∑ ⎢ h cel Pin ⎥ (14)
~ k =1 ⎢⎣ ~ ~ ~ ~ ⎥⎦ i =1⎢⎣ ~ ~ ⎥⎦

Ou

U = LT (15)
~ ~~

U : é o vetor que contém os deslocamentos nodais discretizados na superfície do


~
semi-espaço e nas estacas.
T : é o vetor que contém as forças de superfície nodais referentes à superfície do
~
semi-espaço e as tensões nodais discretizadas nas estacas.
L : é a matriz de correlação entre U e T
~ ~
~
O sistema algébrico (15) pode ser dividido em duas partes: a primeira
envolvendo os deslocamentos dos pontos discretizados na superfície do semi-espaço UΓ
~

e segunda parte contém os pontos discretizados sobre a estaca U p ,isto é:


~

⎛ U Γ ⎞ ⎡ R Q⎤⎛ PΓ ⎞
⎜ ~ ⎟ ⎢ ~ ~ ⎥⎜ ~ ⎟
⎜ U p ⎟ = ⎢ q r ⎥⎜ τ p ⎟ (16)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ~ ⎠ ⎢⎣ ~ ~ ⎥⎦⎝ ~ ⎠

O vetor U p pode ser expandido de forma a explicitar a contribuição de cada


~

estaca, isto é:

⎛ U Γ ⎞ ⎡ R L Q k L Q p ⎤⎛ PΓ ⎞
⎜ ~ ⎟ ⎢ 1 1 ⎥⎜ ~ ⎟
⎜ M ⎟ ⎢~ ~ ~ ⎜ M ⎟
⎜ k⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ k ⎟

⎜ U p ⎟ = ⎢q k L r kk L r kp ⎥⎜ τ p ⎟ (17)
⎜ ~ ⎟ ⎢~ ~ ~ ⎥⎜ ~ ⎟
⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ p⎟ ⎢ p ⎥⎜ p ⎟
⎜ Up ⎟ ⎢ r L r pk L r pp ⎥⎜ τ p ⎟
⎝ ~ ⎠ ⎣~ ~ ~ ⎦⎝ ~ ⎠

Explicitando apenas as linhas da matriz L referente à estaca k, no sistema


~

dado por (17) tem-se que:

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⎛ M ⎞ ⎡ M M M ⎤⎛ M ⎞
⎜ ⎟ ⎢
⎜ u mi ⎟ ⎢L b mi L b mp b m,p1 b m,p2 b m,p3 L⎥⎜⎜ p mi ⎟⎟

⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ up ⎟ ⎢ b qi b qp b q , p1 b q , p2 b q , p3 ⎥ ⎜ τ1 ⎟
⎜u ⎟ = ⎢ b ri b rp b r , p1 b r , p2 b r , p3 ⎥⎜ τ ⎟
(18)
⎜ p1 ⎟ ⎢ ⎥⎜ 2 ⎟
⎜ u p2 ⎟ ⎢L b si L b sp b s, p1 b s, p2 b s, p3 L⎥⎜ τ 3 ⎟
⎜u ⎟ ⎢ b ti b tp b t , p1 b t , p2 b t , p3 ⎥⎜ σ ⎟
⎜⎜ p3 ⎟⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎝ M ⎠ ⎣⎢ M M M ⎥⎦⎝ M ⎠

Como é assumido que a estaca está sujeita a apenas carregamentos


verticais, a deformação axial de um ponto genérico, situado numa altura z da estaca, é
dada por:

− Fz
u 3, z = (19)
A pEp

Onde :
⎧⎡ 1 ⎤ ⎡1 ⎤ ⎡1 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Fz = 2 πR b ⎨ ∫ θ p1 J dη τ p1 + ∫ θ p2 J dη τ p2 + ∫ θ p3 J dη τ p3 ⎬ + σ b A b (20)
⎪⎩⎢⎣ η ⎥⎦ ⎢⎣ η ⎥⎦ ⎢⎣ η ⎥⎦ ⎪⎭

Onde:
Fz: é a força de compressão que atua em uma altura z da estaca
Ap: é a área transversal da estaca
Ep: é o módulo de elasticidade longitudinal da estaca.
Rp: é o raio da estaca.
J: é o jacobiano

Os deslocamentos dos pontos discretizados sobre a estaca podem ser


representados:
− Fz
u3 = ∫ dz (21)
z E pA p

Integrando (21) e impondo-se a condição de contorno u3 = up quando z = 0 ,


obtém-se a expressão do deslocamento axial da estaca. Escrevendo então esta expressão
para os quatro pontos nodais localizados na estaca obtém-se:

⎛ u p ⎞ ⎛ f1 ⎞ ⎛ u p ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ u p1 ⎟ ⎜ f2 ⎟ ⎜ u p ⎟
⎜ u p2 ⎟ = ⎜ f ⎟ + ⎜ u p ⎟
⎜ ⎟ ⎜ 3⎟ ⎜ ⎟
⎝ p3 ⎠ ⎝ f4 ⎠ ⎝ u p ⎠
u
(22)

Onde:

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Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 9

u p , u p1 , u p 2 , u p3 : são os deslocamentos no topo, no fuste e na base da estaca.


As funções fi são dadas por:

⎛1 3 3 1 ⎞
f1 = K f ⎜ η − η4 + η3 − η2 ⎟ (23)
⎝4 8 4 2 ⎠

⎛3 ⎞
f 2 = K f ⎜ η4 − η3 ⎟ (24)
⎝4 ⎠

⎛3 3 1 ⎞
f 3 = K f ⎜ η − η4 + η3 ⎟ (25)
⎝4 8 4 ⎠

f4 = K b η (26)

2 L2
Kf = (27)
EpRb

L
Kb = (28)
Ep

η assume os valores 0, 1/3, 2/3, 1 quando o ponto fonte estiver sobre os 3 nós do
fuste e sobre o nó da base, respectivamente.

Ao incorporar-se o sistema dado em (22) ao sistema (18), tem-se um novo


sistema algébrico, isto é:

⎛ M ⎞ ⎡ M M M ⎤⎛ M ⎞
⎜ ⎟ ⎢ ⎥
⎜ u mi ⎟ ⎢L b mi L b mp b m , p1 b m,p2 b m, p 3 L ⎜p ⎟
⎥⎜ m i ⎟
⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ up ⎟ ⎢ b qi α1 b q , p1 b q ,p2 b q ,p3 ⎥⎜ τ1 ⎟ (29)
⎜ u ⎟ = ⎢ b ri b rp α2 b r,p2 b r ,p3 ⎥⎜ τ ⎟
⎜ p ⎟ ⎢ ⎥⎜ 2 ⎟
⎜ u p ⎟ ⎢L b si L b sp b s , p1 α3 b s, p 3 L⎥⎜ τ 3 ⎟
⎜ u ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜⎜ p ⎟⎟ ⎢ b ti b tp b t , p1 b t,p2 α4 ⎥⎜ σ ⎟
⎝ M ⎠ ⎢⎣ M M M ⎥⎦ ⎝ M ⎠

Onde:

α1 = b q , p − f1 (29a)

α 2 = b r , p1 − f2 (29b)

α 3 = b s, p2 − f3 (29c)

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10 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

α 4 = b t , p3 − f4 (29 d)

−1
Escrevendo-se (29) na forma inversa, as linhas da matriz L , referentes à
~
estaca k , pode ser expressa por:

⎛ M ⎞ ⎡M M M ⎤⎛ M ⎞
⎜ ⎟ ⎢ ⎜ ⎟
⎜ p mi ⎟ ⎢L a mi L a mp a m ,p1 a m ,p2 a m , p3 L⎥⎜ u mi ⎟

⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ τ1 ⎟ = ⎢ a qi a qp a q ,p1 a q ,p2 a q , p3 ⎥ ⎜ u p ⎟
⎜τ ⎟ ⎢ a ri a rp a r ,p1 a r ,p 2 a r , p3 ⎥⎜ u p ⎟
⎜ 2⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ τ 3 ⎟ ⎢L a si L a sp a s,p1 a s, p 2 a s , p3 L⎥⎜ u p ⎟
⎜ σ ⎟ ⎢ a ti a tp a t ,p1 a t ,p 2 a t , p3 ⎥⎜ u ⎟
⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ p ⎟
⎝ M ⎠ ⎣⎢ M M M ⎥⎦⎝ M ⎠
(30)

A representação integral da carga transmitida à estaca é dada por:

PE = ∫ u 33τ p dΓp + ∫ u 33σ b dΓb


* *
(31)
Γp Γb

A tensão no topo da estaca pode ser obtida pela divisão de (31) pela área da base
da mesma:

σ E = C1τ I + C 2 τ j + C 3τ k + C 4 σ b (32)

Onde:
πR b 1 L
C1 =
Ab 0
∫ θ p1 J d η =
2R b
(32a)

2 πR b 1
C2 =
Ab 0
∫ θ p 2 J dη = 0 (32b)

πR b 1 3L
C3 =
Ab 0
∫ θ p 3 J dη =
2R b
(32c)

C4 = 1 (32d)

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Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 11

−1
As linhas da matriz L , correspondentes à estaca k, podem ser multiplicadas
~
respectivamente por constantes c1,c2,c3,c4 assim como as linhas do vetor τ . Quando for
~
feita a soma das linhas correspondentes à estaca k , e ainda substituindo a equação (30)
no vetor τ , obtém-se:
~
⎛ M ⎞ ⎡ M ⎤⎛ M ⎞
⎜ ⎟ ⎢ ∗ ⎥⎜ ⎟
⎜ σ E ⎟ = ⎢L a qp L⎥⎜ u p ⎟ (33)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ M ⎠ ⎢⎣ M ⎥⎦⎝ M ⎠

Repetindo o processo para todas as estacas, o sistema de equações pode ser


escrito como:

⎛ p1 ⎞ ⎡ a11 a12 L a1n a1∗k L a1∗p ⎤⎛ u1 ⎞


⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ p 2 ⎟ ⎢a 21 a 22 a 2n a ∗2 k a ∗2 k ⎥⎜ u 2 ⎟
⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎜ p n ⎟ = ⎢a n1 a n 2 L a nn a ∗nk L a ∗pk ⎥⎜ u n ⎟
(34)
⎜ M ⎟ ⎢ M M M ⎥⎜ M ⎟
⎜ k⎟ ⎢ ∗ ∗
⎥⎜ k ⎟
⎜ σ E ⎟ ⎢a k1 a k 2 a ∗kn a ∗kk a ∗kp ⎥⎜ u p ⎟
⎜ M ⎟ ⎢ ⎥⎜ M ⎟
⎜ p⎟ ⎢ ∗ ⎥⎜ ⎟
∗ ⎜up⎟
⎝ σ E ⎠ ⎢⎣a p1 a ∗p 2 L a ∗pn a ∗pk L a pp ⎦⎥⎝ p ⎠

Com isso, as equações que eram escritas para os pontos nodais localizados ao
longo da estaca foram transformadas em equações equivalentes escritas apenas em
função do ponto nodal do topo das estacas. Após este rearranjo no sistema de equações,
a representação algébrica do conjunto estaca-solo pode expressa num sistema de
equações semelhante ao do solo dado em (5).

4 SISTEMA DE EQUAÇÕES PARA A PLACA

A placa é analisada pelo método dos elementos finitos utilizando os elementos


DKT( Discrete Kirchhoff Theory) e o HSM( Hybrid Stress Model), cujas formulações
podem ser encontradas em BATOZ et al. (1980). Os parâmetros nodais finais
envolvidos na formulação de ambos elementos finitos são representados por duas
rotações e uma translação em cada vértice do triângulo conforme indicados na figura 2.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 1-28, 2005


12 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

Figura 2 - Parâmetros nodais finais do elementos finitos DKT e HSM

As forças presentes no sistema placa-solo são mostrados na figura 3

Figura 3 - Forças presentes na interação placa-solo.

O funcional da placa, com a contribuição do carregamento transversal externo e


da reação do solo, pode ser escrito como:
π = π p − ∫ g ( x , y ) w ( x , y ) dΩ + ∫ p ( x , y ) w ( x , y ) d Ω
Ω Ω
(35)
Ou na forma discretizada como:
nel nel
π = πp − ∑ ∫ g( x, y) w( x, y)dΩ el + ∑ ∫ p( x, y) w( x, y)dΩel (36)
1 Ω el 1 Ω el

Onde nel é o numero de elementos de contorno e Ω el é o domínio de um


elemento de contorno, respectivamente.

Convém ressaltar que tanto para a placa quanto para a superfície do solo, utiliza-
se a mesma discretização, de maneira que os elementos finitos e os elementos de
contorno são idênticos em número e na geometria.
Computando a contribuição de um elemento finito, pode-se escrever (36),
matricialmente, como:
1 T
Π 1 = U Tc K c U c − U Tc Fc + U c Q P c (37)
2 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Onde:
U c : é o vetor dos deslocamentos de um elemento finito contendo tanto os
~
provenientes de rotação, quanto os de translação .
K c : é a matriz de rigidez de placa referida à um elemento finito
~
Fc : é o vetor das forças nodais equivalentes em um elemento finito proveniente
~
do carregamento transversal externo.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 13

U c : é o vetor dos deslocamentos de um elemento de contorno contendo apenas


~
deslocamentos de translação.
P c : é o vetor das forças de superfície da interface placa-solo de um elemento de
~
contorno.
Q : é a matriz de transformação.
~

Devido à ausência dos deslocamentos de rotação em U c e a inexistência


~

qualquer força associada à rotação em P c , fazem com que esses vetores tenham ordem
~

menor que Pc e Fc . Com a finalidade de compatibilizar a ordem dos vetores U c e P c


~ ~ ~ ~
com U c e Fc , respectivamente., inserem-se zeros em Q , que passa a ser denominada
~ ~ ~

Q . Com isso, pode-se escrever Uc como um vetor igual a U c , e P c como Pc , isto é:


~ ~ ~ ~ ~

U Tc
~
{
= Wi φ x1i φ x2i Wj φ x1 j φ x2 j Wk φ x1k φ x2 k } (38)

PcT = {p i 0 0 pj 0 0 pk 0 0 } (39)
~
Após as expansões, acima mencionadas, pode-se escrever (37) como:
1 T T
π1 = U c K c U c − U Tc Fc + U c Q Pc (40)
2 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Fazendo-se a somatória da contribuição de todas as células, seguida da
minimização do funcional de energia, obtém-se:
K U = F− Q P (41)
~ ~ ~ ~ ~
Onde:
U : é o vetor dos deslocamentos composto por todos os nós dos elementos
~
finitos.
F : é o vetor das cargas nodais equivalentes oriundo do carregamento externo e
~
composto por todos os nós dos elementos finitos.
P : é o vetor expandido das forças de superfície devido à reação do solo e
~
composto por todos os nós dos elementos de contorno
K : é a matriz de rigidez global da placa.
~

Q : é a matriz de transformação expandida relativa à contribuição de todos os


~
elementos de contorno.

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14 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

5 DETERMINAÇÃO DE Q
~

•Conjunto placa-solo
O trabalho das cargas externas, para um único elemento finito, pode ser
expresso em coordenadas adimensionais como:
Te = ∫ g( ε1 , ε 2 , ε 3 ) w ( ε1 , ε 2 , ε 3 )dA (42)
A
Onde:
w(ε1 , ε 2 , ε 3 ), g(ε1 , ε 2 , ε 3 ) são as funções interpoladoras do
deslocamento e do carregamento externo distribuído no domínio do elemento ,
respectivamente; e A é a área do elemento

Em ambos elementos, isto é, DKT e HSM, para efeito de cálculo do vetor


de cargas nodais, a função interpoladora dos deslocamentos, assim como para as forças
de superfície será admitida variando linearmente no domínio, conforme indicada na
figura 4 e podendo ser expressa por:
w = w i ξ1 + w jξ 2 + w k ξ 3 (43)

Analogamente, as forças de superfície podem ser expressas por:

g = g i ξ1 + g jξ 2 + g k ξ 3 (44)

Figura 4 - Variação linear do deslocamento transversal e da força de superfície


no interior do elemento finito.

Substituindo-se (44) ,(43) em (42), obtém-se:


Te = ∫ (g i ξ 1 + g j ξ 2 + g k ξ 3 )( w i ξ 1 + w j ξ 2 + w k ξ 3 )dA (45)
A
Ao minimizar-se a energia potencial devida às cargas externas, pode-se
escrever:
⎛ ∂Te ⎞
⎜ ⎟
⎛ Fi ⎞ ⎜ ∂w i ⎟ ⎛ ξ 12 ξ 1ξ 2 ξ 1ξ 3 ⎞ ⎛ g i ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ∂Te ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ Fj ⎟ =⎜ ⎟ = ∫ ⎜ ξ 1ξ 2 ξ 22 ξ 2 ξ 3 ⎟ dA ⎜ g j ⎟ (46)
⎜ ⎟
⎝ Fk ⎠ ⎜ ∂w j ⎟ A ⎜⎝ ξ ξ ξ2ξ3
⎟ ⎜ ⎟
ξ 23 ⎠ ⎝ g k ⎠
⎜ ∂Te ⎟ 1 3
⎜ ⎟
⎝ ∂w k ⎠
A integral do tipo ∫ f (ξ 1 , ξ 2 , ξ 3 )dA , pode ser calculada como:
A

η η η η1 ! η 2 ! η 3 !
∫ ξ 1 1 ξ 2 2 ξ 3 3 dA = 2A
(η1 + η2 + η3 + 2)!
(47)
A

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Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 15

Com isso, o vetor de cargas nodais pode ser dado por:

⎛ Fi ⎞ ⎛ gi ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ Fj ⎟ = Q⎜ g j ⎟ (48)
⎜ ⎟ ~⎜ ⎟
⎝ Fk ⎠ ⎝gk ⎠

Onde:
⎡2 1 1 ⎤
A⎢ ⎥
Q= ⎢ 1 2 1⎥ (49)
12
~
⎢⎣1 1 2⎥⎦

• Sistema placa-estaca-solo

No sistema placa-estaca-solo pode ser adotado o mesmo procedimento de


combinação utilizado no sistema placa-solo, diferindo-se apenas nos valores dos
elementos da matriz de transformação. Quando uma estaca está presente na célula
algumas regiões da mesma deixa de desenvolver forças de superfície.
Supondo que a estaca esteja locada no nó 1 da célula j, uma alternativa consiste
em eliminar os elementos da matriz que contribuem com o nó 1. O setor de círculo do
topo da estaca que está em contato com a célula j, mostrado na figura 5, contribui na
matriz de transformação na diagonal principal na posição Q 11 .
Com isso, a matriz de transformação , quando há presença de estaca na célula,
pode ser escrita como:

⎛ Rb2 ⎞
⎜ 6φ 1 1⎟
A⎜ A ⎟ (50)
Q= ⎜ 0 2 1⎟
2⎜
0 1 2⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠

Figura 5 - Nó com presença de estaca.

Onde:
A: Área do elemento de contorno
Rb: Raio da estaca
φ: Ângulo central do setor de círculo

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16 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

6 ACOPLAMENTO MEF-MEC

As representações algébricas obtidas , mediante a discretização da placa


pelo MEF e da discretização do solo pelo MEC, requerem que sejam acopladas , de
forma a eliminar as incógnitas devido as forças de superfície de contato placa-solo,
permitindo que o sistema algébrico do conjunto seja resolvido, uma vez que as
incógnitas remanescentes são apenas as referentes aos deslocamentos dos nós
funcionais.
A combinação entre o MEF e o MEC podem ser obtidas de algumas maneiras,
dentre elas, podem-se citar:
a) Tratar a região discretizada em elementos de contorno como elemento finito
equivalente. Esta técnica consiste em montar uma matriz de rigidez equivalente advinda
da região discretizada em MEC.
b) Tratar a região discretizada em elementos finitos como elemento de contorno
equivalente.
Como um dos objetivos deste trabalho é a influência do solo na matriz de rigidez
da estrutura, a primeira técnica é a que será implementada na formulação.
Seja Ω1 a superfície de uma placa discretizada em elementos finitos e Ω2 a
superfície do solo discretizada em elementos de contorno, figura 6.

Figura 6 - Regiões discretizadas em MEC e MEF

O sistema algébrico (5) pode ser escrito como:


Ps = M Us (51)
~ ~

Onde:
−1
M=G H (52)
~ ~ ~
A matriz H é igual a matriz identidade, já que a superfície é suposta livre de
~
forças de superfície, portanto, (52) pode ainda ser escrita como:
−1
M=G (53)
~ ~
−1
Adicionando-se linhas e colunas de zeros em G , U s pode ser escrito como
~ ~
U . Com isso, a partir de (51) e (53), obtém-se:
~

P = G −1 U (54)
~ ~ ~
Onde:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 17

−1
G −1 : é a matriz G após a expansão.
~ ~
Substituindo-se (21) em (17), obtém-se:
K U = F− Q G −1 U (55)
~ ~ ~ ~ ~ ~
Reagrupando-se a representação algébrica (55), tem-se que:

K2 U = F (56)
~ ~ ~
Com:

K 2 = K+ Q G −1 (57)
~ ~ ~ ~
Onde K 2 é a matriz de rigidez do sistema placa-solo após combinação do MEC
~
com o MEF.

7 AVALIAÇÃO NUMÉRICA

• Interação placa-solo

Neste problema admite-se uma placa apoiada sobre o meio semi-infinito


elástico linear, contínuo, homogêneo e isótropo.
A geometria da placa é quadrada, cujos lados medem L= 12m e com espessura
t=0.1 m, está apoiada sobre o solo, que possui módulo de elasticidade Es=0,26∗106
kN/m2 e módulo de Poisson νs=0,3. Um fator de rigidez relativa entre a placa e o solo é
apresentado em CHEUNG & ZIENKIEWICZ(1965), a saber:
⎛ Es ⎞ ⎛ a ⎞ 3 ⎛ L⎞
X = 180π⎜⎜ ⎟⎟ ⎜ ⎟ ; a = ⎜ ⎟ (58)
⎝ Ep ⎠ ⎝ t ⎠ ⎝ 6⎠
A placa quadrada foi analisada assumindo três valores para o fator de rigidez
relativa X , de forma que placas com diferentes rigidezes podem ser representadas. A
malha utilizada para discretizar a placa e a superfície do solo contém 128 elementos
triangulares, conforme ilustrado pela figura 7.

Figura 7 - Malha utilizada na modelagem e os tipos de carregamentos analisados.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 1-28, 2005


18 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

A análise envolvendo uma placa quadrada apoiada sobre o solo simula o


problema de um carregamento uniformemente distribuído aplicado sobre uma placa
com rigidez intermediária com módulo de elasticidade correspondente a
Log X = 1.08 . As figuras 8 a 11 ilustram o desempenho obtido por esta formulação
representando os momentos fletores, deslocamentos, reação do solo.
3,5

2,5

2
[Mx/g] (m²)

1,5

DKT-MEC
1
HSM-MEC
Paiva (1993)
0,5
M. & C. (1990)

0
0 1,2 1,5 2,4 3 3,6 4,5 4,8 6
-0,5
D (m)

Figura 8 - Momentos na direção x ao longo de A-B em uma placa com rigidez


intermediária sujeita a um carregamento uniformemente distribuído.

3,5

2,5
[My/g] (m²)

1,5
DKT-MEC
1 HSM-MEC
Paiva (1993)
0,5 M. & C. (1990)

0
0 1,2 1,5 2,4 3 3,6 4,5 4,8 6
D (m)

Figura 9 - Momentos na direção y ao longo de A-B em uma placa com rigidez


intermediária sujeita ao carregamento uniformemente distribuído.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 19

3,5

3
[w/g]* 1.0E+6 (m³/ kN)

2,5

1,5
DKT-MEC
1 HSM-MEC
Paiva (1993)
0,5 M. & C. (1990)

0
0 1,2 1,5 2,4 3 3,6 4,5 4,8 6
D (m)

Figura 10 - Deslocamentos verticais ao longo de A-B em uma placa com rigidez


intermediária sujeita a um carregamento uniformemente distribuído.

3,5

3
DKT-MEC
2,5 HSM-MEC
Paiva (1993)
2 M. & C. (1990)
p/g

1,5

0,5

0
0 1,2 1,5 2,4 3 3,6 4,5 4,8 6
D (m)

Figura 11 - Reação do solo ao longo de A-B em uma placa flexível sujeita a um


carregamento uniformemente distribuído.

• Interação entre um grupo de estacas e o solo

A análise estaca-solo consiste em problemas que apenas as estacas estão em


contato com o solo. Para simular os casos em que ocorrem tais problemas, é admitido
que as estacas, pertencentes a um mesmo grupo de estacas, estão ligadas entre si por
um bloco rígido, que por sua vez, não tem contato com a superfície do solo. As figuras
12 e 14 ilustram a existência de uma altura livre entre bloco rígido e a superfície do

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 1-28, 2005


20 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

solo. Nas figuras 13 e 15 são indicados os resultados obtidos por esta formulação assim
como os obtidos a BUTTERFIELD & BANERJEE(1971a) cuja formulação considera a
tensão de cisalhamento ao longo do fuste constante para cada 1 dos 16 elementos de
contorno discretizados na estaca. Convém antes da apresentação das figuras, que
ilustram o comportamento de 1 e 2 estacas isoladas, definir um fator Kp que relaciona a
carga aplicada sobre as estacas e o deslocamentos de seus respectivos topos, isto é:
P
Kp = (60)
G s wD

Onde:
P: é a carga aplicada sobre a estaca.
D: é o diâmetro da estaca.
Gs:é o módulo de elasticidade transversal do solo.

A relação entre o módulo de elasticidade longitudinal da estaca e o módulo de


Ep
elasticidade transversal do solo é assumida igual a 6000.
Gs

Figura 12 - Esquema representativo de uma estaca isolada no semi-espaço.

80
Ep/Gs=6000
70
60
50
P/(GWD)

40
30
20 DKT-MEC
10 B. & B. (1971)

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
L/D

Figura 13 - Relação carga-deslocamento de uma estaca flexível isolada em função de


seu comprimento.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 21

Figura 14 - Esquema representativa de duas estacas isoladas no semi-espaço.

35
Ep/Gs=6000
30

25
P/(GWD)

20

15
DKT-MEC
10 B. & B. (1971)
5

0
10 20 30 40
L/D

Figura 15 - Relação carga-deslocamento de duas estacas flexíveis isoladas em função de


seus comprimentos.

Este mesmo exemplo de duas estacas foi analisado considerando-se o contato


entre a placa rígida e o solo. Com isso, o módulo da placa é admitido assumir um valor
infinito. Nas figuras16 e 17 estão indicadas a malha e a relação carga-deslocamento.
Nesta última figura K p é dado pela expressão (60). Pode-se observar concordância dos
resultados da formulação proposta com os fornecidos por BUTTERFIELD &
BANERJEE(1971b).

Figura 16 - Malha utilizada na placa rígida em contato com o solo e apoiada sobre 2 estacas.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 1-28, 2005


22 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

120
Ep/Gs=6000
100

80
P/(GWD)

60

40
DKT-MEC
20 B. & B. (1971 b)

0
20 40 60 80 100
L/D

.
Figura 17 - Relação carga-deslocamento para um bloco rígido apoiado sobre estacas
flexíveis.

• Interação placa-estaca-solo

A análise da interação placa-estaca-solo engloba as demais interações discutidas


até aqui. Dois tipos de problemas foram analisados: o primeiro considera um dos lados
da placa muito maior que o outro. O caso que representa esta situação é uma sapata
longa apoiada sobre 4 estacas.. O terceiro tipo envolve a análise de placa circulares com
geometria aproximadas por segmentos de reta. O exemplo analisado foi uma placa
circular apoiada sobre 4 estacas.
A sapata longa tem dimensões 25X2.5X0.079 m, módulo de elasticidade
longitudinal Ep=2X1010 N/m2, coeficiente de Poisson νp=0.3. O solo tem coeficiente de
deformação longitudinal E=2X106 N/m2 e coeficiente de Poisson ν=0.5 . A malha
utilizada na discretização do problema possui 96 elementos finitos modelando a sapata e
outro igual número de elementos de contorno modelando a interface placa-solo e estão
ilustrados na figura 18. Um carregamento unitário uniformemente distribuído está
aplicado em toda superfície da sapata. Nas figuras 19 e 20 constam os resultados
obtidos por esta formulação assim como os contidos em PAIVA (1993) que discretizou
a interface sapata-solo em 96 elementos de contorno. Pode-se observar uma boa
concordância entre os resultados obtidos.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 23

Figura 18 - Esquema representativo da sapata longa apoiada sobre quatro estacas.

2
1,8
1,6
[w/g]*1.0E+6 (m³/kN)

1,4
1,2
1
0,8
DKT-MEC
0,6 HSM-MEC
0,4 Paiva (1993)

0,2
D (m)
0
0 1,5625 3,125 4,6875 6,25 7,8125 9,375 10,9375 12,5

Figura 19 - Desloc. ao longo da linha A-B em uma sapata longa sobre 4 estacas rígidas.

2
1,8
1,6
[w/g]*1.0E+06 (m³/kN)

1,4
1,2
1
0,8 DKT-MEC
0,6 HSM-MEC
0,4 Paiva(1993)
0,2
0
0 1,5625 3,125 4,6875 6,25 7,8125 9,375 10,9375 12,5
D(m )
e
Figura 20 - Deslocamentos ao longo da linha C-D em uma sapata longa sobre quatro estacas
rígidas.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 1-28, 2005


24 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

Nas figuras 21 e 22 são indicados resultados obtidos considerando-se as estacas


flexíveis.
2

1,8

1,6
Ep/Gs=6000
1,4
[w/g]*10E+6 (m³/kN)

1,2

0,8

0,6 DKT-MEC
HSM-MEC
0,4

0,2

0
0 1,5625 3,125 4,6875 6,25 7,8125 9,375 10,9375 12,5
D(m)

Figura 21 - Deslocamentos ao longo da linha A-B, em uma sapata longa sobre quatro estacas
flexíveis.

1,8

1,6
Ep/Gs=6000
1,4
[w/g]*1.0E+6 (m³/kN)

1,2

0,8

0,6
DKT-MEC
0,4 HSM-MEC

0,2

0
0 1,5625 3,125 4,6875 6,25 7,8125 9,375 10,9375 12,5
D(m)

Figura 22 - Deslocamentos ao longo da linha C-D, em uma sapata longa sobre quatro estacas
flexíveis.

A placa circular com diâmetro 16.0 m e espessura (0.10 m). Suas


propriedades consistem de um módulo de elasticidade E=2.0 1010 kN/ m2 e de um
coeficiente de Poisson υ =0.2. As propriedades físicas do solo apresenta um módulo de
elasticidade Es=2.0 106 kN/m2 e um coeficiente de Poisson υs=0.5. As estacas possuem

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 25

comprimentos iguais a 15.0 m e diâmetros iguais a 0.30 m. Quando analisadas como


flexíveis, as estacas foram admitidas terem um módulo de elasticidade Ep=4.0 109
kN/m2. A malha utilizada possui 184 elementos finitos triangulares modelando a placa e
outro igual número de elementos de contorno triangulares modelando a interface placa-
solo mostrada na figura 23 e 24.Os resultados da análise estão indicados na figura 25.

Figura 23 - Dimensões e esquema representativo da placa circular apoiada sobre 4


estacas.

Figura 24 - Malha de elementos finitos e de contorno utilizada na modelagem placa


circular apoiada sobre quatro estacas.

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26 Ângelo Vieira Mendonça & João Batista de Paiva

5,5

5
w* 1.0E+6 (m)

4,5

4
DKT-MEC
HSM-MEC
3,5 DKT-MEC (flex.)
HSM_MEC (flex.)
D (m)
3
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Figura 25 - Deslocamentos ao longo da linha A-B em uma placa circular apoiada sobre 4 estacas
rígidas e flexíveis.

8 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentada uma formulação híbrida utilizando o método dos
elementos de contorno/método dos elementos finitos para análise da interação placa-
estaca-solo. A placa é modelada pelo MEF utilizando os elementos finitos DKT(
Discrete Kirchhoff Theory) e HSM( Hybrid Stress Model) e o solo é modelado pelo
MEC como um meio elástico semi-infinito. A interface placa-solo é dividida em
elementos de contorno triangulares coincidentes com a malha de elementos finitos e
admite-se que a tensão de contato desenvolvidas na interface placa-solo varie
linearmente no domínio de cada elemento. Cada estaca é representada por um único
elemento de contorno, no qual estão discretizados 4 pontos nodais. A tensão cisalhante
que age no fuste é assumida ter uma distribuição quadrática. A tensão normal que age
na base da estaca é assumida ter distribuição uniforme na área da mesma.
As tensões de contato são eliminadas nos dois sistemas de equações, obtidos
com o MEC e o MEF, com o objetivo de escrever um sistema final de equações
governantes do problema. Após a resolução deste sistema são obtidos os deslocamentos
nos nós , a partir dos quais, as tensões de contato placa-solo e a carga absorvida por
cada estaca são determinados. A simulação numérica da interação placa-solo, estaca-
solo, placa-estaca-solo. Os resultados obtidos pela formulação proposta são mais
concordante com PAIVA(1993), que analisou o conjunto unicamente pelo MEC.
Quanto à a maior dispersão obtida em relação aos resultados encontrados em
MESSAFER & COATES(1990), que utilizaram uma combinação MEF/MEC pode ser
atribuído os resultados menos precisos fornecidos pelo elemento ACM quando
comparados ao DKT e HSM.
No caso da interação estaca-solo, a flexibilidade axial das estacas afeta apenas
os termos da matriz L associados aos nós discretizados ao longo do fuste e da base da
~
estacas. Uma das vantagens dessa formulação é que ela utiliza um único elemento para
representar satisfatoriamente a influência da flexibilidade axial das estacas no

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 1-28, 2005


Análise de radiês simples e estaqueados via combinação método dos elementos finitos ... 27

comportamento estaca-solo. Os exemplos numéricos apresentados indicam uma boa


coerência com os resultados publicados por BUTTERFIELD & BUNERJEE (1971).

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O MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO
APLICADO À ANÁLISE NÃO-LINEAR DE PLACAS
Gabriela Rezende Fernandes 1 & Wilson Sergio Venturini 2

Resumo
Neste trabalho, desenvolve-se uma formulação linear de placas através do Método dos
Elementos de Contorno, baseada na teoria clássica de Kirchhoff, onde a integração
numérica, sobre os elementos do contorno, é feita considerando-se a técnica de sub-
elementos. Estende-se essa formulação à análise não-linear de placas de concreto
armado, através da inclusão de um campo de momentos iniciais, onde as integrais de
domínio são calculadas aproximando-se o campo de momentos iniciais em células
internas. Consideram-se dois modelos constitutivos para o concreto: um elasto-
plástico, onde o critério utilizado é o de Von Mises, sem considerar resistência à
tração, enquanto que o outro é o modelo de dano de Mazars. A distribuição das tensões
é aproximada, em uma seção qualquer da placa, por pontos discretos, que seguindo um
esquema gaussiano, permite a integração numérica para o cálculo dos esforços. Em
cada ponto, considerado ao longo da espessura, verifica-se o modelo constitutivo
adotado. Numa primeira aproximação, considera-se que a linha neutra é definida pela
superfície média da placa e, numa aproximação seguinte, a posição da mesma é
calculada de tal forma que a força normal resultante seja nula.

Palavras-chave: Método dos elementos de contorno; análise não-linear; flexão de


placas.

1 INTRODUÇÃO

Grande parte dos problemas em engenharia apresenta complexidade na


geometria do sólido ou é constituído de materiais cujas leis constitutivas são bastantes
complexas. Assim sendo, as soluções analíticas dos mesmos, que correspondem às
soluções exatas, são praticamente impossíveis de serem obtidas, sendo então necessário
a obtenção de soluções aproximadas através de métodos numéricos, onde faz-se também
simplificações nas leis constitutivas dos materiais e na geometria do sólido.
O objetivo do trabalho proposto é apresentar modelos, quer seja elastoplástico
ou de dano, que representem bem o comportamento do concreto armado, para a análise
não-linear de flexão simples de placas delgadas de concreto armado, através do Método
dos Elementos de Contorno (MEC).

1
Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, gabrf1@bol.com.br
2
Prof. Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, venturin@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


30 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

A formulação de placas utilizada é baseada na teoria de Kirchoff, onde a solução


não-linear do problema é obtida considerando-se um modelo baseado no processo dos
momentos iniciais, utilizando-se o Método de Newton-Raphson Modificado.
A distribuição não-linear das tensões ao longo da espessura da placa, é obtida
através de um modelo estratificado, onde se impõe que a força normal resultante no
concreto armado deve ser nula. Para o concreto, serão considerados dois modelos bi-
dimensionais: o modelo de dano de MAZARS (1984) e o modelo elastoplástico com
encruamento isótropo negativo, usando o critério de Von-Mises, onde será considerado
que o concreto tem resistência somente à compressão. Para a armadura será considerado
um modelo elastoplástico unidimensional com encruamento isótropo positivo.
A integração numérica será feita através da fórmula da quadratura de Gauss,
onde será usada a técnica de sub-elementos, a fim de se obter uma melhor precisão nos
resultados.
Os elementos do contorno serão lineares, sendo que os deslocamentos e esforços
nos mesmos serão aproximados por uma função polinomial do segundo grau. Os
momentos iniciais no contorno e no domínio da placa serão aproximados por funções
lineares definidas em células internas.
Este trabalho representa o início de um programa mais completo para a análise
de pavimento de edifícios, tabuleiro de pontes e outros, sendo suficiente para tal a
imposição de condições internas ao elemento de placa e a associação do mesmo a outros
elementos estruturais através do acoplamento com o Método dos Elementos Finitos.

2 TEORIA DE PLACAS DEGADAS

2.1 Relações básicas da Teoria de Kirchhoff

Placa é um elemento estrutural caracterizado por apresentar duas das três


dimensões muito grandes em comparação com a terceira e cujo carregamento é
transversal à sua superfície. Assim, a representação geométrica adotada para a placa é
bidimensional, sendo os eixos cartesianos x1 x2 definidos em sua superfície média. A
placa é considerada sujeita à flexão simples, isto é, ela não suporta forças normais,
sendo submetida apenas à cargas transversais, ou seja, paralelas à x3.
As hipóteses de Kirchhoff permitem desprezar as deformações de cisalhamento
transversal, γ 23 e γ 13 , e a tensão normal σ3. Portanto, conclui-se que as componentes
de tensão τ23 e τ13 são nulas e a deformação ε 3 não será considerada na formulação do
problema, pois como a componente de tensão σ3 é desprezada, o produto σ3. ε 3 , que
aparece na equação (24) será sempre nulo.
Quando o ponto pertence à superfície média da placa, tem-se que u 1 = u 2 = 0
u 3 = w ≠ 0 , sendo que o deslocamento u3 é denominado de flecha w. Os deslocamentos
u1 e u2, de um ponto de cota x3, e o tensor de deformações são dados por:

u i = − x 3 w, i (i = 1,2) (1)
ε ij = − x 3 w , ij (i, j = 1,2) (2)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 31

Tem-se um caso de estado plano de tensão o qual, considerando-se a lei de


Hooke, é dado por:

(1 − ν ) [ ]
Ex 3
σ ij = − 2
ν w , kk δ ij + (1 − ν ) w , ij (i, j, k = 1,2) (3)

onde ν é o coeficiente de Poisson do material, E é o módulo de elasticidade


longitudinal do material e δij o delta de kronecker.
Integrando-se as tensões ao longo da espessura x3, obtêm-se os momentos por
unidade de comprimento:

[
M ij = − D ν w , kk δ ij + (1 − ν ) w , ij ] (i, j, k = 1,2) (4)

Et 3
onde D = , representa a rigidez à flexão da placa, sendo t a espessura da
12(1 − ν 2 )
placa. As curvaturas são dadas por:

⎧ − w , 11 ⎫ ⎡ 1 −ν 0 ⎤ ⎧ M 11 ⎫
⎪ ⎪ 12 ⎢ ⎥⎪ ⎪
⎨ − w , 22 ⎬ = 3 ⎢ − ν 1 0 ⎥ ⎨M 22 ⎬ (5)
⎪ − 2w , ⎪ t E ⎢ 0 0 2(1 + ν )⎥⎦ ⎪⎩ M 12 ⎪⎭
⎩ 12 ⎭ ⎣

Considerando-se um carregamento distribuído g e fazendo-se o equilíbrio das


forças verticais e dos momentos em torno de x1 e x2, obtêm-se duas relações de
equilíbrio:

Q i ,i +g = 0 (i = 1,2) (6)
M ij , i − Q j = 0 (i, j = 1, 2) (7)

Derivando-se a equação (4), obtém-se o esforço cortante e considerando-se as


equações (6) e (7), obtém-se a equação diferencial de placas em função dos momentos:

Q j = M ij, i = − Dw , kkj (i, j, k = 1,2) (8)


M ij , ij + g = 0 (i, j = 1,2) (9)

Derivando-se a equação (8) e considerando-se a equação (9), obtém-se a


equação diferencial de placas em função dos deslocamentos transversais:

g
w , kkll = (10)
D

Nos problemas de placas, as incógnitas do contorno são calculadas segundo o


sistema de coordenadas (n,s), sendo n a direção normal ao contorno e s a direção
tangencial ao mesmo. Assim, o momento fletor Mnn, o momento volvente Mns e o
esforço cortante Qn são dados por:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


32 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

M nn = M ij n i n j (i, j = 1, 2) (11)
M ns = M ij n i s j (12)
Qn = Qini (13)

Nos problemas usuais de placas, têm-se cinco variáveis: o deslocamento


transversal w da superfície média, a sua derivada ∂w / ∂n e aos esforços Mn, Mns, e Qn
dos pontos do contorno da placa. Como a equação diferencial é de quarta ordem, pode-
se ter apenas quatro variáveis, das quais duas devem ser dadas como condição de
contorno, isto é, devem ter seus valores prescritos. Assim, a fim de eliminar uma
variável, KIRCHHOFF (1850) demonstrou que as condições de contorno relativas à
força cortante Qn e ao momento Mns podem ser agrupadas em uma única condição,
relativa a um esforço Vn, que é denominado força cortante equivalente e é dado por:
∂M ns
Vn = Q n + (14)
∂s

Nos cantos da placa aparece uma resultante não nula devido às reações de apoio
correspondentes a cada lado, denominada reação de canto e é dada por:

+ −
R ci = M nsi − M nsi (15)

+ −
onde M nsi e M nsi são, respectivamente, os momentos volventes posterior e anterior ao
canto i.

2.2 Equação diferencial e esforços em coordenadas polares

Esse será o sistema de coordenadas usado na formulação do problema, pois é o


mais conveniente para se obter respostas devido a cargas pontuais, que corresponde ao
caso do carregamento fundamental. Assim, um ponto P de coordenadas ( x1, x2 ) pode
ser definido em função de r e θ, que são respectivamente, a distância deste ponto à
origem do sistema de coordenadas ( x1, x2 ) e o ângulo entre o segmento OP e o eixo
Ox1 (ver figura 1).
r
t
X2 r
r n
t β r
r
s r
α

r Contorno
R da placa

θ X1

Figura 1 - Vetores n e s no Ponto P do Contorno da Placa

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 33

onde n1=cosα, n2=senα; s1= -senα, s2= cosα; R é o raio da curvatura do contorno no
ponto P e t é o versor perpendicular à direção de r, cujos cossenos diretores são dados
por:
t 1 = − r , 2 = − sen θ (16.a)
t 2 = r , 1 = cos θ (16.b)

A equação diferencial em coordenadas polares é dada por:

d4 w 2 d 3 w 1 d 2 w 1 dw g
∇ 2∇ 2 w = 4 + 3 − 2 2 + = (17)
dr r dr r dr r 3 dr D

Os esforços nas direções x1 e x2 são dados por:

⎧d2w
[
M ij = − D⎨ 2 δ ij ν + (1 − ν ) r , i r , j +
⎩ dr
1 dw
r dr
( )] ⎫
δ ij ν + (1 − ν ) t i t j ⎬

[ ( )] (18)

⎛ d w 1 d w 1 dw ⎞
3 2
Q j = − Dr , j ⎜ 3 + − ⎟ (19)
⎝ dr r dr 2 r 2 dr ⎠

Os esforços em relação ao sistema de coordenadas (n, s) são:

⎧ d2w
⎩ dr
[
M nn = − D⎨ 2 ν + (1 − ν )(r , i n i ) +
2 1 dw
r dr ] [ 2 ⎫
ν + (1 − ν )(r , i s i ) ⎬

] (20)

⎛ d w 1 dw ⎞
( )
2

M ns = − D(1 − ν )(r , i n i ) r , j s j ⎜ 2 − ⎟ (21)


⎝ dr r dr ⎠
⎛ d3w 1 d2w 1 dw ⎞
Q n = − D(r , i n i )⎜ 3 + − ⎟ (22)
⎝ dr r dr 2 r 2 dr ⎠
⎧⎡ 1 ⎤ ⎛ d 3 w 1 d 2 w 1 dw ⎞
Vn = − D(1 − ν )(n i r , i )⎨ ⎢ s j r , j ( )
2
+ ⎜ + − ⎟+
⎩⎣ 1 − ν ⎥⎦ ⎝ dr 3 r dr 2 r 2 dr ⎠

( ) ⎫
2
1 − 4 s j r, j ⎛ d 2 w 1 dw ⎞ ⎪
+ ⎜ 2 − ⎟⎬
r ⎝ dr r dr ⎠ ⎪

D(1 − ν )
[ 2 ⎛d w 1 dw ⎞
]
2

+ 1 − 2(s i r , i ) ⎜ 2 − ⎟ (23)
R ⎝ dr r dr ⎠

3 EQUAÇÕES INTEGRAIS PARA FLEXÃO DE PLACAS SUJEITAS À


CARREGAMENTOS TRANSVERSAIS

As equações integrais que definem o problema serão obtidas a partir do primeiro


Teorema de BETTI (1872), que relaciona dois estados distintos de tensão e deformação
existentes num sólido (placa) de domínio finito, causados por dois carregamentos não
simultâneos. O mesmo é dado pela seguinte expressão:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


34 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

∫σ
v
1
ij ε ij2 dv = ∫ σ ij2 ε 1ij dv
v
(i, j, = 1, 2, 3) (24)

Assim, escolhendo-se como estado 1 aquele relacionado ao problema


fundamental, ainda a ser obtido, e como estado 2 aquele relacionado ao problema real e
fazendo-se a integração das tensões ao longo da espessura, o teorema pode ser escrito
em função de integrais sobre o domínio da seguinte forma:

∫ M*ij w, ij dΩ = ∫ M ij w, *ij dΩ (25)


Ω Ω

Desse modo, considere uma placa isótropa qualquer de contorno Γ e domínio Ω,


a qual está contida em outra, de domínio infinito Ω∞ e contorno Γ∞ conforme a figura
(2).
Define-se como problema fundamental, o caso de uma carga transversal unitária
g* aplicada em um ponto genérico q do domínio infinito Ω∞, denominado domínio
fundamental, que provocará, em um ponto p qualquer da mesma, um deslocamento
transversal w*, um estado de tensão σ ∗ij e um estado de deformação ε ∗ij . O ponto q é
denominado ponto de carregamento ou ponto fonte e o ponto p ponto de deslocamento
ou ponto campo. O centro do sistema de coordenadas polares (ver figura 2) coincide
com o ponto q. Assim, a distância entre os pontos q e p é dada por:

[x (p) − x (q)] + [x (p) − x (q)]


2 2
r= 1 1 2 2 (26)

Ω∞
Γ∞
x2 x1
x3 Γ
Ωg

Figura 2 - Placa de Dimensões Finitas, Contida em uma Placa Infinita

A carga g* é definida através da distribuição delta de Dirac, denotada por


δ ( q, p ) , cujas propriedades são:

⎧ 0 para p ≠ q
g ∗ = δ ( q, p) = ⎨ (27)
⎩ ∞ para p ≡ q

∫ φ(p)δ(q, p)dΩ
Ω∞
∞ = φ( q) (28)

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O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 35

sendo Φ uma função contínua qualquer. Observando-se as propriedades, dadas pelas


equações (27) e (28), conclui-se que a resultante do carregamento definido por δ ( q, p)
sobre o domínio fundamental é uma força unitária aplicada no ponto q, ou seja:

∫ δ (q, p)dΩ
Ω∞
∞ =1 (29)

O problema real é aquele relativo a um carregamento g qualquer distribuído em


uma área de domínio Ωg, contida no domínio Ω da placa finita. Do mesmo modo, o
carregamento g provocará em p um deslocamento transversal w, um estado de tensão
σ ij e um estado de deformação ε ij .
Integrando-se por partes duas vezes a equação (25) e considerando-se a equação
( 28), obtém-se a equação integral do deslocamento transversal de um ponto do domínio
da placa:
⎛ * ∂w ⎞
Nc

w( q) + ∫ ⎜ Vn ( q, P ) w ( P ) − M nn ( q, P)
*
( P ⎟ dΓ ( P ) + ∑ R *ci ( q, P ) w ci (P ) =
)
Γ
⎝ ∂n ⎠ i=1

⎛ ∂w ∗ ⎞ Nc

= ∫ ⎜ Vn (P ) w ∗ ( q, P ) − M nn ( P )
∂n
( q, P )⎟ dΓ ( P ) + ∑ R (P)w (q, P) +
*

Γ ⎝ ⎠ ci ci
i=1

+ ∫ (g(p ) w (q, p))dΩ (p)


Ωg

g (30)

Os deslocamentos e esforços relativos ao problema fundamental são funções do


ponto q de aplicação da carga e do ponto p de deslocamento do domínio; se esse último
estiver no contorno da placa, é representado por P. Já aqueles relativos ao problema real
são funções apenas do ponto p, pois a posição deste carregamento é fixa.
A solução fundamental corresponde ao deslocamento w* de um ponto p, que é
causado por uma carga unitária transversal aplicada em q. É obtida, substituindo-se g
pela distribuição delta de Dirac em (17). Nesse trabalho adota-se a mesma solução
fundamental utilizada por CHUEIRI (1994), que é dada pela seguinte espressão:

1 2⎛ 1⎞
w* = r ⎜ ln r − ⎟ (31)
8 πD ⎝ 2⎠

Para obter-se a expressão da rotação fundamental para um ponto p, basta derivar


a expressão (31) em relação a n. Derivando-se (3.25), e a partir de (20), (21) e (23),
pode-se obter as expressões dos esforços fundamentais, segundo um sistema de
coordenadas (n, s) qualquer (Figura 1). Assim, a rotação e os esforços fundamentais
são:

∂w *
ln r(r , i n i )
r
= (32)
∂n 4 πD
M *n = −
1
4π [
(1 + ν) ln r + (1 − ν )(r , i n i ) + ν
2
] (33)

M *ns = −
1

(
(1 − ν )(r , i n i ) r , j s j ) (34)

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36 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

Vn* =
r, i n i ⎡
4 πr ⎣⎢
(
2(1 − ν ) r , j s j )
2
− 3 + ν ⎤⎥ +
1− ν
⎦ 4 πR [
1 − 2( r , i s i )
2
] (35)

∂r x i (p) − x i (q)
onde r , i = = r, r é dado por (29) e ni, si estão definidos na figura
∂x i (p) r
(2). Para o caso em que o contorno da placa é aproximado por elementos retos, a
curvatura R em qualquer ponto do contorno tende ao infinito. Nesse caso, a expressão
de Vn* passa a ser:

r, i n i ⎡
2(1 − ν ) r , j s j( ) − 3 + ν ⎤⎥
2
Vn* = (36)
4 πr ⎣⎢ ⎦

A reação de canto, referente ao problema fundamental, é dada por:

R *ci = M *(nsi+ ) − M *(nsi− ) (37)

No caso do ponto pertencer ao contorno, o mesmo será denotado por Q. Assim,


a fim de escrever-se a equação (30) para o ponto Q, torna-se o mesmo interior ao
domínio pelo acréscimo de um contorno circular Γξ , centrado em Q, com raio ξ, e pela
retirada da parcela Γ do contorno, como é indicado na figura (3). O novo contorno será
dado por Γ − Γ + Γξ e o ponto Q será do contorno quando o raio ξ e o contorno
Γ tenderem à zero. Portanto, o deslocamento w(Q) do ponto Q será calculado a partir
da equação (30), fazendo-se Γ = Γ − Γ + Γξ e os limites de ξ e Γ tenderem à zero.

x1
Γξ r r
n=r
x2
Q dΓξ = ξdφ r=ξ
Γ φ r
βC dφ Q s
Γ

Γ
Γ
n
s

Figura 3 - Contorno Circular Acrescido a um ponto Q de um Canto da Placa

Desse modo, obtém-se a equação integral de um ponto do contorno, dada a


seguir:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 37

⎛ ∂w ⎞
K ( Q ) w( Q) + ∫ ⎜ Vn* ( Q, P ) w ( P ) − M *nn ( Q, P) (P)⎟ dΓ ( P ) +
Γ
⎝ ∂n ⎠
Nc
⎛ ∂w ∗ ⎞
+ ∑ R *ci ( Q, P ) w ci ( P ) = ∫ ⎜ Vn (P ) w ∗ ( Q, P ) − M nn ( P ) (Q, P)⎟ dΓ ( P ) +
i=1 Γ ⎝
∂n ⎠
Nc
+ ∑ R ci (P )w *ci (Q, P ) +
i=1
∫ (g(p ) w (Q, p))dΩ (p)
Ωg

g (38)

βc se o ponto Q coincide com um canto,


onde: K (Q) =

π 1
K ( Q) = = se o ponto Q não coincide com um canto.
2π 2

Para a aplicação do Método dos Elementos de Contorno é conveniente


transformar as integrais de domínio que aparecem nas equações (30) e (38),
correspondentes às influências do carregamento distribuído na área Ω g , em integrais
sobre o contorno Γg , onde a mesma está distribuída. Assim, utilizando-se a relação de
r, i n i
transformação de coordenadas dada por dΩ g = rdr dΓ g , admitindo-se que a
R
carga g(p) varie linearmente na região Ωg e fazendo-se a integração em relação a r,
obtém-se:

⎛ 3⎞
∫ g(p ) w (Q, p)dΩ (p) = 32πD ∫ R
∗ g( q ) 3
⎜ ln R − ⎟ r , i n i dΓg +
Ωg
g
Γg
⎝ 4⎠
1 ⎛ 7⎞
+ ∫ R 4 ⎜ ln R − ⎟ ( A cos θ + B sen θ )r , i n i dΓg (39)
40 πD Γg ⎝ 10 ⎠

onde R é o valor de r para um ponto qualquer do contorno Γg e


g( q) = Ax 1 ( q) + Bx 2 ( q) + C , correspondente ao valor de g no ponto q.

4 MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO A


PROBLEMAS DE PLACAS SUJEITAS A CARGAS TRANSVERSAIS

O Método dos Elementos de Contorno consiste na divisão do contorno da placa


em segmentos, denominados elementos de contorno, sobre os quais as variáveis w,
∂w/∂n, Vn e Mn são aproximadas por funções interpoladoras, definidas em função de
pontos previamente escolhidos em cada elemento, ditos nós ou pontos nodais. Assim, as
equações integrais transformam-se em equações algébricas, que são escritas em função
dos valores das variáveis nos nós do contorno, e portanto, são denominados de valores
nodais.
Nesse trabalho, a geometria dos elementos será representada por uma função
linear, isto é os elementos serão retos, como está indicado na figura (4):

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38 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

X2

2
ξ=+1

Γj
ξ=0
n
P l
1
ξ=-1 X1

Figura 4 - Geometria do Elemento

onde 1 é o nó inicial do elemento ao qual P pertence, 2 é o nó final do elemento, l é o


−l l
comprimento do elemento, − 1 ≤ ξ ≤ 1 , ≤Γ≤ .
2 2
l
Γ=ξ (40.a)
2
l
dΓ = dξ (40.b)
2

Da figura (4), têm-se que as coordenadas do ponto P são dadas por:

⎧ X 11 ⎫
⎧ X 1 ( P ) ⎫ ⎡ φ g1 ( P ) φ g 2 ( P ) 0 0 ⎤ ⎪⎪ X 12 ⎪⎪
⎨ ⎬=⎢ ⎨ ⎬
φ g1 ( P ) φ g 2 ( P ) ⎥⎦ ⎪ X 12 ⎪
(41)
⎩ X 2 ( P)⎭ ⎣ 0 0
⎪ X 22 ⎪
⎩ ⎭

onde φgi são as funções interpoladoras que são dadas por:


:
φ g1 ( P ) =
1
2
(1 − ξ) , (42.a)

φ g 2 (p ) = ( 1 + ξ ) ,
1
(42.b)
2
N
X i é a coordenada na direção i do nó N,
ξ é a coordenada homogênea do ponto P,

~
T
X N = X 11{ X 12 X 12 X 22 } é o vetor dos valores nodais das coordenadas.
As variáveis são aproximadas por funções polinomiais quadráticas, portanto são
necessários três pontos nodais em cada elemento, que são definidos como está indicado
na figura (5).

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O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 39

Função quadrática
φ3 2 2
φ2
3 3 U ou P
U ou P
1
Γ Γ P P
1 φ1 U ou P

ξ3 = 1 3

1
2
ξ P
l 2 P
1
U ou P
1

ξ2 = 0 1
x2 ξ 1 = −1 x2
l 2
x1 x1

Figura 5 - Funções de Forma em Aproximação Quadrática das Variáveis

Desse modo, pode-se expressar os vetores de deslocamentos u e de esforços p


~ ~
de um ponto P qualquer do elemento, da seguinte forma:

u( P ) = φ T ( P ) U N (43)
~ ~ ~

p( P ) = φ T ( P ) P N (44)
~ ~ ~

ou, explicitamente:
⎧ U 11 ⎫
⎪ 1⎪
⎪U 2 ⎪
⎧ u 1 ( P ) ⎫ ⎡φ 1 ( P ) 0 φ 2 (P) 0 φ 3 (P) 0 ⎤ ⎪⎪U 12 ⎪⎪
u( P ) = ⎨ ⎬ =⎢ ⎨ ⎬ (45)
~
⎩u 2 ( P ) ⎭ ⎣ 0 φ 1 (P) 0 φ 2 (P) 0 φ 3 ( P ) ⎥⎦ ⎪U 22 ⎪
⎪U 13 ⎪
⎪ 3⎪
⎪⎩U 2 ⎪⎭
⎧ P11 ⎫
⎪ 1⎪
⎪ P2 ⎪
⎧p 1 ( P ) ⎫ ⎡ φ 1 ( P ) 0 φ 2 (P) 0 φ 3 (P) 0 ⎤ ⎪⎪P12 ⎪⎪
p( P ) = ⎨ ⎬=⎢ ⎨ ⎬ (46)
~ ⎩p 2 ( P ) ⎭ ⎣ 0 φ 1 (P) 0 φ 2 (P) 0 φ 3 ( P ) ⎥⎦ ⎪P22 ⎪
⎪P13 ⎪
⎪ 3⎪
⎪⎩P2 ⎪⎭

onde: UNi e PiN são os deslocamentos e esforços na direção i do nó N,


∂w
u 1 = w = flecha, u 2 = = rotação, p 1 = Vn = cortante equivalente,
∂n
p 2 = M n = momento na direção normal ao contorno, φ i são as funções
interpoladoras quadráticas, dadas por:

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ξ( 1 − ξ ) ,
1
φ 1 ( P ) =− (47.a)
2
φ 2 ( P) = 1 − ξ 2 , (47.b)

φ 3 ( P ) = ξ( 1 + ξ ) ,
1
(47.c)
2

Para representar a descontinuidade das variáveis, que ocorre em situações onde


há variação repentina das condições de contorno entre dois elementos consecutivos,
como ocorre nos cantos, definem-se nós duplos, que são dois nós definidos com as
mesmas coordenadas. Contudo, para ser possível representar a descontinuidade, deve-se
escrever duas equações independentes para o ponto onde há descontinuidade. Uma das
maneiras para se obter isso é mudando o ponto de colocação de lugar, isto é, as
coordenadas do nó duplo são recalculadas, de tal forma que ele se torne interno ao
elemento e não mais coincidente com sua extremidade e, então, escreve-se a equação
para esse novo ponto. Desse modo, o elemento que possuir um nó duplo será um
elemento descontínuo.
Fazendo-se a discretização do contorno em Ne elementos, e substituindo-se as
variáveis por suas aproximações em cada elemento dadas por (43) e (44), a equação
(38) fica:

Ne Nc

K ( Q ) w(Q) + ∑ h j ( Q )U Nj + ∑ R *ci (Q, P )w ci (P ) =


~
j= 1 ~ i=1
Ne Nc

= ∑ g j ( Q ) PjN + ∑ R (P)w (Q, P) + t(Q)


ci
*
ci (48)
j=1 ~ ~ i=1

onde:

• h j (Q) =
~
∫Γ
p* ( Q, P ) φ T ( P )dΓ ,
~ ~
(49)

• g j (Q) =
~
∫Γ
u * ( Q, P ) φ T ( P )dΓ
~ ~
(50)

• t( Q ) = ∫ g(p ) w (Q, p)dΩ (p) ,


Ωg

g (51)

• p ( Q, P ) = Vn* ( Q, P )
~
*
{ − M *nn ( Q, P )}

⎧ ∂w ∗ ⎫
• u * ( Q, P ) = ⎨ w ∗ ( Q, P ) − ( Q, P ) ⎬
~
⎩ ∂n ⎭

Considerando-se o ponto de colocação em Q, soma-se as influências h j ( Q ) e


~
j
g ( Q ) de todos os elementos, agrupando-se os coeficientes multiplicativos de um
~
mesmo valor nodal, para todos os nós do contorno. Assim, pode-se escrever a equação
(48) matricialmente:
^
K ( Q ) w ( Q ) + H ( Q ) U + H c ( Q ) w c = G ( Q ) P + G c ( Q ) R c + T( Q ) (52)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
onde:

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O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 41

⎧ ∂w 1 ∂w i ∂w N n ⎫
• U T = ⎨w 1 ... w i ... w Nn ⎬ é o vetor dos valores
~
⎩ ∂n ∂n ∂n ⎭
nodais dos deslocamentos do contorno da placa,
{
• P T = Vn1 M 1n . . . Vni M in . . . VnNn M Nn n é o vetor dos valores nodais
~
}
dos esforços do contorno da placa,
• w Tc = w c1
~
{ ... w ci }
... w cNc é o vetor dos deslocamentos nos cantos,

• R Tc = {R c1 ... R ci ... R cNc } é o vetor das reações de canto,


~
^
• H( Q ) , G( Q ) , são vetores de dimensão 1 x 2Nn ,

• H c ( Q ) e G c ( Q ) são vetores de dimensão 1 x Nc,


• Nn, o número de nós do contorno da placa,
• Nc,o número de cantos.
Deve-se observar que o deslocamento w(Q) pode ser escrito em função dos
deslocamentos nodais U Nj do elemento ao qual pertence. Considerando-se que para
todo canto, define-se três pontos nodais (2 nós duplos e um nó de canto), o ponto do
contorno Q terá angulosidade somente se for um nó de canto. Assim, se o nó não for
^
duplo e não for um nó de canto, tem-se que somar K ( Q ) = 0.5 ao termo H( Q, 2 * Q − 1)
do sistema de equações, que é o termo referente ao deslocamento w do nó Q, sendo Q o
número do nó no contorno. No caso de Q ser um nó duplo, ele é levado para dentro do
elemento e o deslocamento do mesmo é escrito em função dos valores nodais do
elemento, através da equação (41). Nesse caso, tem-se também que K ( Q ) = 0.5 e
^
portanto, deve-se somar 0.5φ i ao termo H( Q, 2 * NO i − 1) , que é o termo referente ao
deslocamento w do nó i, onde i = 1, 2, 3; Noi é o nó i do elemento ao qual Q pertence
(ver figura 6) e φi são as funções de forma dadas por (47). Logo a equação (52) fica:

H ( Q ) U + H c ( Q ) w c = G ( Q ) P + G c ( Q ) R c + T( Q ) (53)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Se Q é um nó de canto, a equação de deslocamento é dada por:


^
K ( Q ) w c ( Q ) + H( Q ) U + H c ( Q ) w c = G( Q ) P + G c ( Q ) R c + Tc ( Q ) (54)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

^
onde os vetores H( Q ) , H c ( Q ) , G( Q ) e G c ( Q ) e o coeficiente Tc ( Q ) são calculados,
~ ~ ~
^
respectivamente, de maneira análoga a H( Q ) , H c ( Q ) , G( Q ) , G c ( Q ) e T( Q ) ,
indicados na equação (52).
Nesse caso também, pode-se somar a constante K ( Q ) = β c / 2π ao coeficiente
^ ^
H c ( Q, Q ) da matriz H c ( Q ) , que é o coeficiente que multiplica o deslocamento wc do
~
canto considerado. Portanto, a equação (54) fica:

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42 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

H( Q ) U + H c ( Q ) w c = G( Q ) P + G c ( Q ) R c + Tc ( Q ) (55)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

a b

lj

Q
A1
Nó de canto Nó simples Nós duplos
Nó de canto
A A2 d1
d d2
Figura 6 - Pontos de Colocação

onde: di = a i l m (56)
sendo l m a média dos comprimentos dos elementos concorrentes no nó, ou, se o nó for
interno ao elemento, é igual ao comprimento do mesmo; 0.0001 ≤ a i ≤ 1.5 para evitar
problemas numéricos e lj é o comprimento do elemento j.
Têm-se duas incógnitas nodais em cada ponto do contorno e uma em cada canto,
portanto é necessário escrever duas equações para cada nó do contorno e uma para cada
canto, para que seja possível se obter a solução do problema. O sistema de equações
poderá ser obtido de duas maneiras (ver figura 6): no caso a será escrito a equação de w
em cada ponto do contorno Q e em seu respectivo ponto externo A e no caso b, a
mesma será escrita em dois pontos externos A1 e A2. A integração numérica, em ambos
os casos, será feita usando a técnica de sub-elementos. Assim, para cada nó simples ou
duplo do contorno, tem-se dois pontos de colocação e para cada nó de canto, tem-se um
ponto de colocação. Em cada canto são definidos três pontos nodais (2 nós duplos e um
nó de canto), o que resulta em 5 pontos de colocação, como está indicado na figura (6).
Para se obter a solução não-linear do problema ou a solução linear considerando-
se momentos iniciais, é necessário que o domínio seja discretizado em células, nas quais
o campo de momentos iniciais será aproximado. Como nesse trabalho a integração
numérica das células não foi feita considerando-se a técnica de sub-elementos, o limite
inferior de ai (equação 56) deve ser 0.1.
Ao escrever a equação (38) para um ponto externo, o seu primeiro termo será
nulo, devido à propriedade da função delta de Dirac, dada por (27), que implica em:

∫ δ( A, P ) w ( P )dΩ ( P ) = 0 ,

(57)

pois, em Ω tem-se que δ ( A , P ) = 0 .


Assim, a equação matricial do deslocamento para um ponto externo, é análoga à
equação (52), considerando-se K(A)=0.
Desse modo, escrevendo-se a equação de deslocamento para todos os pontos de
colocação, referentes aos nós simples, duplos e de canto, obtém-se o seguinte sistema de
equações:

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O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 43

⎡H Hc ⎤⎧ U ⎫ ⎡G G c ⎤⎧ P ⎫ ⎧ T ⎫
⎢~ ~ ⎥⎪ ~ ⎪ ⎢~ ~ ⎥⎪ ~ ⎪ ⎪~⎪
= + ⎨T ⎬
H c ⎥ ⎨⎪ w c ⎬⎪ ⎨ ⎬ (58)
⎢H ⎢G Gc ⎥⎪ c ⎪ ⎪ c ⎪
R
⎣~ ~ ⎦⎩ ~ ⎭ ⎣~ ~ ⎦⎩ ~ ⎭ ⎩~⎭

onde:
• H e G são submatrizes de dimensão 2Nn x 2Nn referentes às equações dos nós
~ ~
simples e duplos e correspondentes às variáveis nodais;
• H c e G c são submatrizes de dimensão 2Nn x Nc, referentes às equações dos nós
~ ~
simples e duplos e correspondentes às variáveis dos cantos;
• T é o subvetor de dimensão 2Nn x 1, referentes às equações dos nós simples e
~
duplos;
• H , G , H c e G c são submatrizes referentes às equações escritas nos cantos da
~ ~ ~ ~

placa. H e G têm dimensão Nc x 2Nn e H c e G c são quadradas de ordem Nc;


~ ~ ~ ~

• Tc é o subvetor de dimensão Nc x 1, referente às equações escritas nos cantos da


~
placa.
Após a imposição das condições de contorno, o sistema (58) pode ser resolvido,
obtendo-se, então, os deslocamentos e esforços incógnitos nos nós do contorno e cantos
da placa.
Após a determinação dos deslocamentos e esforços no contorno da placa, é
necessária a obtenção destes valores para os pontos do seu interior. O deslocamento
w(q) de um ponto interno é dado pela equação (30). Assim, escrevendo-se a mesma
para Ni pontos internos e fazendo-se a discretização do contorno e a aproximação das
variáveis, de forma semelhante ao que foi feito para obter a equação (52), os
deslocamentos w dos pontos internos são dados pela equação matricial:

w ( q) + H * ( q) U + H *c ( q) w c = G * ( q) P + G *c ( q) R c + T* ( q) (59)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

onde:
• o vetor w ( q) contém os valores dos deslocamentos w dos pontos internos e tem
~
dimensão Ni x 1,
• os vetores {U}, {wc}, {P} e {Rc} são os vetores de deslocamentos e esforços dos nós e
cantos do contorno, já calculados,
• as matrizes [H*] e [G*] têm dimensões Ni x 2Nn e seus coeficientes são obtidos por
(49) e (50),respectivamente,
• [ ] [ ]
as matrizes H *c e G *c , têm dimensões Ni x Nc e são semelhantes às da equação
(52),
• o vetor T * ( q) tem dimensão Ni x1, e é semelhante ao da equação (52).
~
O cálculo dos momentos M ij para um ponto interno é feito a partir da equação
(4), na qual as curvaturas w , ij são obtidas derivando-se a equação (30) do deslocamento
w(q) em relação às direções x1 e x2. Assim, a equação das curvaturas, na forma
matricial, é dada por:

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44 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

Nc

w , ij ( q) + ∫ p* ( q, P ) u ( P ) dΓ ( P ) + ∑ p (q, P)w (P) =


*
ci ci
~
~ Γ ~ i=1 ~
Nc

= ∫ u* ( q, P ) p( P )dΓ ( P ) +
~ ~
∑ R (P) u (q, P) + ∫ g(p ) w (q, p)dΩ (p)
i=1
ci
*
ci g

g
(60)
Γ ~ Ωg ~

⎧ ∂ 2 w ( q ) ∂ 2 w ( q) ∂ 2 w ( q) ⎫
onde: w , ij ( q) = ⎨
T
⎬ (61)
~ ⎩ ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ⎭
⎡ ∂ 2 Vn* ∂ 2 M *n ⎤
⎢ ( q, P ) − ( q, P ) ⎥
⎢ ∂x21 ∂x* 1 ∂x 1 ∂x 1 ⎥
⎢ ∂ Vn ∂ 2 M *n ⎥
p* ( q, P ) = ⎢ ( q, P ) − ( q, P ) ⎥ (62)
∂x 1 ∂x 2 ∂x 1 ∂x 2
~
⎢ 2 * ⎥
⎢ ∂ Vn ∂ 2 M *n ⎥
⎢ ∂x ∂x ( q, P ) − ∂x 2 ∂x 2
( q, P ) ⎥
⎣ 2 2 ⎦

⎧ ∂w ⎫
u T ( P ) = {u 1 ( P ) u 2 ( P} = ⎨ w ( P ) ( P )⎬ (63)
~ ⎩ ∂n ⎭
⎧ ∂ R ci ( q, P ) ∂ R ci ( q, P ) ∂ R *ci ( q, P ) ⎫
2 * 2 * 2

p ∗ciT ( q, P ) = ⎨ ⎬ (64)
~ ⎩ ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ⎭
⎡ ∂ 2w* ∂2 ⎛ ∂ 2w* ⎞⎤
⎢ ( q, P ) − ⎜ ( q, P ) ⎟⎥
⎜ ∂n ⎟
⎢ ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ⎝ ⎠⎥
⎢ 2 * ⎛∂ w ⎞⎥
∂ w ∂2
2 *

u* ( q, P ) = ⎢ ( q, P ) − ⎜
⎜ ∂n ( q, P )⎟ ⎥
⎟⎥ (65)
~ ⎢ ∂x 1 ∂x 2 ∂x 1 ∂x 2 ⎝ ⎠
⎢ 2 * ⎥
⎢ ∂ w ∂2 ⎛∂ w2 *
⎞⎥
⎢ − ⎜ ⎟
( q, P ) ⎜ ∂n ( q, P )⎟ ⎥
⎢⎣ ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ⎝ ⎠ ⎦⎥
p T ( P ) = {p 1 ( P ) p 2 ( P )} = {Vn ( P ) M n ( P )} (66)
~

⎧ ∂ 2 w *ci ∂ 2 w *ci ∂ 2 w *ci ⎫


u *ciT ( q, P ) = ⎨ ( q, P ) ( q, P ) ( q, P ) ⎬ (67)
~ ⎩ ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ⎭
⎪⎧ ∂ w ∂ w ∂ w ⎪⎫
2 * 2 * 2 *

w *gT ( q, P ) = ⎨ ( q, P ) ( q, P ) ( q, P ) ⎬ (68)
~ ⎪⎩ ∂x 1 ∂x 1 ∂x 1 ∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ⎪⎭

onde os esforços fundamentais estão indicadas nas equações (31) a (37).


Após a discretização do contorno e a aproximação das variáveis, as curvaturas
em Ni pontos internos são calculadas através da equação matricial:

⎡ ⎤ ⎧⎪ U
~ ⎪
⎫ ⎡ ⎤ ⎧⎪ P~ ⎫⎪
w , ij ( q) + ⎢ H'( q) H' c ( q) ⎥ ⎨ w ⎬ = ⎢~G'( q ) G ' ( q ) ⎥ ⎨R ⎬ + T~ '( q) (69)
⎣~ ⎦ ⎪⎩ ~ c ⎪⎭ ⎣ ⎦ ⎪⎩ ~ c ⎪⎭
c
~ ~ ~

onde:
• w , ij ( q) é o vetor que contém as curvaturas nos pontos internos,
~

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O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 45

• as matrizes [H’] e [G’] têm dimensões 3Ni x 2Nn e [H’c], [G’c] têm dimensões 3Ni x
Nc. Os coeficientes de [H’] e [G’] são provenientes das integrais sobre os elementos
do contorno discretizado expressas em (49) e (50), porém com p* ( q, P ) e u* ( q, P )
~ ~

definidos em (62) e (65).


A força cortante Qj é calculada a partir da equação (8), onde a equação de w , kkj ,
é obtida derivando-se a equação (60) das curvaturas. Assim, após a discretização do
contorno e a aproximação das variáveis, os valores de w , kkj em Ni pontos internos são
calculadas através da equação:

⎡ ⎤ ⎧⎪ U~ ⎫⎪ ⎡ ⎤ ⎧⎪ P~ ⎫⎪
w , kkj ( q) + ⎢ H' ( q) H' c ( q) ⎥ ⎨ w ⎬ = ⎢ ~
G '( q ) + G ' ( q ) ⎥ ⎨R c ⎬ + T~ ' ( q) (70)
⎣~ ⎦ ⎪⎩ ~ c ⎪⎭ ⎣ ⎦ ⎪⎩ ~ ⎪⎭
c
~ ~ ~

onde as matrizes H' e G' têm dimensões 2Nix2Nn e H' c e G' c têm dimensões
~ ~ ~ ~
2NixNc.
Os momentos em um ponto do contorno Q serão calculados em função dos
valores nodais de deslocamentos e esforços do elemento ao qual pertence. Assim, seja o
sistema local de coordenadas ( x1 , x 2 ) de um elemento qualquer do contorno, onde x 1
coincide com a direção normal n e x 2 com a direção tangencial s. Os valores nodais de
M n = M 11 já foram obtidos através da solução do sistema de equações (58). Logo,
deve-se determinar as componentes dos momentos M 12 e M 22 em relação ao sistema
local, e então, através da rotação do sistema de coordenadas, obterem-se estes valores
em relação ao sistema global (X1, X2). A partir da equação (9), pode-se obter o
momento M 12 em função da derivada, em relação à x2, da rotação ∂w/∂n = ∂w/∂x1 e
M 22 em função da derivada segunda da flecha w em relação à x2. Assim, fazendo-se as
derivadas necessárias das funções interpoladoras dadas pelas equações (47), chega-se à:

2D(1 − ν ) ⎡ (ξ 3 − 2ξ ) ∂w 1 ( 2ξ − ξ 1 − ξ 3 ) ∂w 2 (ξ 1 − 2ξ ) ∂w 3 ⎤⎥
M12 = − ⎢ + + (71)
l ⎢⎣ ξ 1 (ξ 3 − ξ 1 ) ∂n ξ 1ξ 3 ∂n ξ 3 (ξ 1 − ξ 3 ) ∂n ⎥⎦

D(1 − ν 2 ) ⎡ 8 8 8 ⎤
M 22 = ⎢ 1
− 2
+ 3
⎥ + νM n (72)
⎢⎣ ξ 1 (ξ 3 − ξ 1 )
w w
ξ 3 (ξ 1 − ξ 3 )
w
l2 ξ 1ξ 3 ⎥⎦

onde ξ1=-1 e ξ3=+1 são as coordenadas homogêneas dos nós 1 e 3, respectivamente (ver
figura 5) e ξ é a coordenada adimensional do ponto P.
A transformação do vetor de momentos no sistema local ( x1 , x 2 ) para o sistema
global (X1, X2), que é dada por:

⎧ M 11 ⎫ ⎡ sen 2 α 2 sen α cos α cos 2 α ⎤ ⎧ M 11 ⎫


⎪ ⎪ ⎢ ⎥⎪ ⎪
⎨ M 12 ⎬ = ⎢ − sen α cos α − cos 2 α + sen 2 α sen α cos α ⎥ ⎨ M 12 ⎬ (73)
⎪M ⎪ ⎢⎣ cos 2 α − 2 sen α cos α sen 2 α ⎥⎦ ⎪⎩ M 22 ⎪⎭
⎩ 22 ⎭

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46 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

Fazendo-se M n = M 11 e substituindo-se os valores de M 12 e M 22 , dados por


(71) e (72), respectivamente, na equação (73) obtêm-se os momentos no ponto Q em
função dos deslocamentos e esforços nodais do elemento j ao qual pertence. Após
acoplar todos os elementos que compõe o contorno, chega-se à equação matricial de
momentos para Nn pontos do contorno, que é dada por:

⎡ ⎤ ⎧⎪ U
~ ⎪
⎫ ⎡ ⎤ ⎧⎪ P~ ⎫⎪
M + ⎢ H' ' ( q) H' ' c ( q) ⎥ ⎨ w ⎬ = ⎢ ~
G' '( q ) + G ' ' ( q ) ⎥ ⎨R ⎬ + T~ ' ' ( q) (74)
⎣~ ⎦ ⎪⎩ ~ c ⎪⎭ ⎣ ⎦ ⎪⎩ ~ c ⎪⎭
c
~ ~ ~

onde:
• as matrizes [H”] e [G”] têm dimensões 3Nn x 2Nn,
• [H”c], [G”c], têm dimensões 3Nn x Nc, mas são matrizes nulas.
Na montagem destas matrizes para os nós comuns a dois elementos distintos,
que não sejam nós duplos, adota-se a média entre os coeficientes relativos a cada um
dos elementos.
Para os casos em que o ponto de carregamento ou ponto de colocação não
pertence ao elemento a ser integrado, as integrais sobre os elementos podem ser
calculadas numericamente. Como no caso de uma equação relativa a um ponto interno,
quer seja a de deslocamento (59), a de curvaturas (69) ou a da derivada das curvaturas
(70), o ponto de carregamento interno q não pertence a nenhum elemento do contorno,
as integrais sobre os elementos que aparecem nas mesmas poderão sempre ser feitas
numericamente. O mesmo ocorre com a equação de deslocamento escrita para um ponto
de carregamento externo A. Contudo, quando o ponto de carregamento é um ponto do
contorno Q, as integrais somente poderão ser feitas numericamente, se o mesmo não
pertencer ao elemento considerado. A integração numérica é feita pela fórmula de
quadratura de Gauss, que é dada pela seguinte expressão:

1 Ng

∫ f ( ξ )dξ = ∑ f ( ξ
−1 i=1
i )Wi (75)

onde f ( ξ ) é a função a ser integrada, escrita em relação à coordenada ξ , Ng é o número


de pontos de integração, ξ i é a coordenada adimensional do ponto i de integração,
definida em função do Ng, Wi é o fator ponderador, também definido em função de Ng.
Os termos do vetor de cargas T , que são obtidos a partir de (51), através da
~

integração sobre os segmentos lineares em que o contorno Γg do carregamento é


dividido, também podem ser feitas numericamente, através da equação (75).
Para se ter uma boa precisão no cálculo, a distância entre o ponto de colocação e
o ponto médio do elemento não pode ser muito grande e quanto menor essa distância,
maior deve ser o número de pontos de Gauss usados na integração. Com isso, a
integração numérica é feita considerando-se a técnica de sub-elementos, que consiste
em dividir o elemento considerado na integração, em sub-elementos, de modo que a
distância entre o ponto de colocação e o ponto médio do mesmo não seja menor que o
seu comprimento, como é mostrado na figura (7).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 47

lj d2
ai
d1

d1
d2
1 ϕ
d1
rs
A
Figura 7 - Divisão de um Elemento em Sub-elementos

onde rs é a distância ao nó inicial do sub-elemento, ai é o comprimento do sub-


elemento i, lj é o comprimento do elemento j, ϕ é o ângulo entre rs e o elemento j.
Se ϕ ≤ 60 o , o comprimento do sub-elemento será tal que forme um triângulo
isósceles entre o seu nó inicial, seu nó final e A (Figura 7), e portanto será dado por
d = rs / 2 cos ϕ . Se ϕ > 60 o , o comprimento do sub-elemento será igual à distância
entre A e o nó final do sub-elemento anterior (Figura 7). O sub-elemento terá um
sistema de coordenadas homogêneas equivalente ao utilizado para o elemento (Figura
4), onde a coordenada adimensional será dada por η. O número de pontos de Gauss
usado na integração de cada sub-elemento será definido em função da distância rs (ver
figura 7) e do comprimento do sub-elemento ai do seguinte modo:
se rs ≤ 2a i ⇒ NG = 8 , se 2a i < rs ≤ 12a i ⇒ NG = 4 e

se rs > 12a i ⇒ NG = 2 .

As coordenadas cartesianas dos pontos de Gauss são calculadas a partir das


coordenadas cartesianas dos nós do sub-elemento e de η, como indica a equação (41).
Então, a partir das coordenadas cartesianas, determina-se a coordenada ξIG do ponto de
Gauss em consideração, sendo ξ a coordenada adimensional relativa ao sistema local do
elemento. Com ξIG determina-se o valor das funções de forma φ1, φ2 e φ3, dadas pelas
equações (47), e finalmente faz-se o cálculo do integrando. Logo, a função é calculada
da seguinte maneira:

l/ 2 N sube a / 2 N sube 1
N sube N

∫ FφdΓ j = ∑ ∫ FφdΓi = ∑
a
∫ Fφdη = ∑ (
∑ F( ξ ) φ ( ξ )
a g
) WIG (76)
i=1 2 −1 i = 1 2 IG = 1
IG
−l/ 2 i=1 − a / 2

A técnica de sub-elementos é empregada nas integrais sobre os elementos e


sobre o contorno do carregamento, que aparecem na equação de deslocamento de um
ponto interno, de um ponto externo ou de um ponto do contorno, e também nas
equações das curvaturas e derivadas das curvaturas de pontos internos.
Quando o ponto de colocação Q pertence ao elemento a ser integrado, as
funções fundamentais envolvidas nas integrações apresentam singularidades. Nesses
casos, as integrais devem ser feitas analiticamente.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


48 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

5 PROBLEMA DE PLACAS COM CAMPO DE MOMENTOS INICIAIS

Até aqui, desenvolveu-se o equacionamento da solução linear do problema de


placas devido a um carregamento genérico transversal. Contudo, dentro da solução
linear, deve-se considerar também a possibilidade de ocorrer momentos iniciais
decorrentes de campos de deformações iniciais, tais como o efeito de temperatura ou
retração. Além disso, os momentos iniciais devem ser considerados para a obtenção da
solução não-linear do problema, como será visto adiante.

5.1 Equações integrais com campo de momentos iniciais

Supondo-se que exista, além do carregamento transversal, um campo de


deformações iniciais, o tensor de deformações pode ser escrito como:

ε ij = ε eij + ε ij0 (77)

onde: ε ij é o campo de deformação total, ε eij é a componente elástica devido ao


carregamento e ε 0ij é o campo de deformações iniciais.
Considerando-se que as deformações estão relacionadas às curvaturas w,ij,
através da equação (2), obtém a expressão das tensões em função das curvaturas.
Fazendo-se então, a integração destas tensões ao longo da espessura da placa, obtém-se
o campo de momentos que atua na placa, que é dado por:

M ij = M eij − M ij0 (i, j = 1, 2) (78)

onde: M eij são os momentos elásticos devido às tensões totais, e é dado por:

[
M eij = − D ν w , kk δ ij + (1 − ν ) w , ij ] (79)
M 0ij é o campo de momentos iniciais, dado por:
t/ 2

M =0
ij ∫σ
− t/ 2
0
ij x 3 dx 3 (80)

A partir da equação de equilíbrio (7), podem-se obter os esforços cortantes,


derivando-se a equação (78). Assim, tem-se:
Q j = M ij , i = − Dw , kkj − M ij0 , i (i, j, k = 1, 2) (81)

Derivando-se a equação (81) e substituindo na equação de equilíbrio (6), chega-


se à equação diferencial de placas, envolvendo os momentos iniciais:
w , kkll =
1
D
(
g − M ij0 , ij ) (82)

As equações integrais podem ser obtidas a partir do teorema de reciprocidade de


Betti (equação 24), de forma análoga ao que foi feito no item (3). Desse modo, tem-se:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 49

∫ (M

*
ij )
w , ij dΩ = ∫ (M

e
ij )
w , ∗ij dΩ (i, j = 1, 2) (83)

Desenvolvendo-se os dois membros desta equação, através de integração por


partes, semelhante ao que foi feito no item (3), obtém-se a equação integral do
deslocamento de um ponto q do domínio da placa:

⎛ ∂w ⎞
N

w( q) + ∫ ⎜ Vn* ( q, P ) w ( P ) − M *nn ( q, P) (P)⎟ dΓ ( P ) + ∑ R *ci ( q, P) w ci (P) =


c

Γ
⎝ ∂n ⎠ i=1

⎛ ∂w ∗ ⎞ Nc

= ∫ ⎜ Vn (P ) w ∗ ( q, P ) − M nn ( P ) ( q, P )⎟ dΓ ( P ) + ∑ R (P)w (q, P) + *

Γ ⎝
∂n ⎠ i=1
ci ci

+ ∫ (g(p ) w (q, p))dΩ (p) − ∫ (M


Ωg

g

0
ij )
(p ) w , *ij ( q, p ) dΩ (p ) (84)

De forma análoga ao item (3), pode-se obter a equação integral de deslocamento


para um ponto Q do contorno, que é dada por:

⎛ ∂w ⎞ Nc
K ( Q ) w( Q) + ∫ ⎜ Vn* ( Q, P ) w ( P ) − M *nn ( Q, P ) (P )⎟ dΓ ( P ) + ∑ R (Q, P ) w (P ) =
*

Γ
⎝ ∂ n ⎠ i=1
ci ci

⎛ ∂w ∗ ⎞ Nc

⎜ ( ) ( )
= ∫ Vn P w Q, P − M nn ( P )

∂n
(Q, P)⎟ dΓ ( P ) + ∑ R (P ) w (Q , P ) + *

Γ ⎝ ⎠
ci ci
i=1

+ ∫ ( g ( p ) w ( Q , p ) ) dΩ ( p ) − ∫ ( M
Ωg

g

0
ij )
(p ) w ,*ij ( Q, p ) dΩ (p ) (85)

As equações (84) e (85) são iguais, respectivamente, às equações (30) e (38), a


menos do termo que envolve os momentos iniciais M 0ij .
O cálculo dos momentos M ij para um ponto interno é feito a partir da equação
(78), onde as curvaturas w , ij , que aparecem na expressão de M eij , são obtidas
derivando-se a equação (84) do deslocamento w(q) em relação as direções x1 e x2.
Assim, a equação das curvaturas, é dada por:

∂ 2 w( q) ⎛ ∂ 2 w( q) ⎞
e
∂2
= ⎜ ⎟
∂x i ∂x j ⎜⎝ ∂x i ∂x j ⎟⎠

∂x i ∂x j ∫ (M

0
kl (p ) w , *kl ( q, p ) )dΩ (p ) (86)

⎛ ∂ 2 w( q) ⎞
e

onde: ⎜⎜ ⎟⎟ é a solução sem considerar momentos iniciais, dada por (60).


⎝ ∂x i ∂x j ⎠
O termo da equação (86) que envolve os momentos iniciais apresenta
singularidades. A fim de eliminar tais singularidades, a mesma será calculada
considerando o procedimento apresentado por MIKHLIN (1962), o qual também foi
adotado por BUI (1978), TELLES & BREBBIA (1979), RIBEIRO (1992) e CHUEIRI
(1994). Desse modo, a equação das curvaturas pode ser escrita da seguinte maneira:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


50 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

∂ 2 w( q) ⎛ ∂ 2 w( q) ⎞
e

=⎜ ⎟ − ∫ e, *ijkl ( q, p )M 0kl (p )dΩ (p ) − g ijkl ( q)M kl0 ( q) (87)


∂x i ∂x j ⎜⎝ ∂x i ∂x j ⎟⎠ Ω

onde: e,*ijkl ( q, p ) = w , *ijkl ( q, p ) (88)

gijkl ( q) =
1
(
δ δ + δ li δ kj + δ kl δ ij
8D ik lj
) (89)

A força cortante Qβ, em relação a uma direção xβ (β = 1, 2), é calculada a partir


da equação (81), onde o valor de w , kkβ , é calculado derivando-se a equação (87) das
curvaturas de um ponto interno. Nesse caso, também, a integral que envolve os
momentos iniciais apresenta singularidades. Assim, utilizando-se o mesmo
procedimento citado anteriormente, a equação das derivadas das curvaturas pode ser
escrita como:

∂ ⎛ ∂ w(q) ⎞ ⎡ ∂ ⎛ ∂ w(q) ⎞ ⎤
e
2 2

∂x β ( q ) ⎜⎝ ∂x k ∂x k ⎟⎠ ⎢⎣ ∂x β ( q) ⎜⎝ ∂x k ∂x k ⎟⎠ ⎥⎦ ∫Ω βkl
⎜ ⎟=⎢ ⎜ ⎟ ⎥ − e * ( q, p )M 0kl (p )dΩ (p ) − qβ0 ( q) (90)

⎡ ∂ ⎛ ∂ 2 w( q) ⎞ ⎤
e

onde ⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ representa a solução sem considerar momentos iniciais,



⎢⎣ βx ( q ) ∂ x ∂
⎝ k k ⎠ ⎥⎦
x

qβ0 ( q) =
1
2D ∂x β ( q)
( 0
M 11 ( q) + M 022 ( q)) (91)

∂w , *mmkl
e *βkl ( q, p ) = ( q, p ) (92)
∂x β ( q )

5.2 Equações algébricas

De maneira análoga ao que foi feito no capítulo (4), pode-se transformar as


equações integrais obtidas no item (5.1) em equações algébricas, através da
discretização do contorno em elementos e do domínio em células, nas quais será
aproximado o campo de momentos iniciais por funções interpoladoras lineares Ψ(p).
Obtêm-se, assim, as integrais das funções envolvidas sobre cada elemento de área.
Neste trabalho, adotam-se células de forma triangular (Figura 8), que são definidas, de
modo a envolver todos os pontos do contorno e internos.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 51

Célula Ω m
x2 k3
Γ M 0( k 3 )
0( k 1 ) ~
Ωm M k3
~
x1 k1 k1
k2

M 0( k 2 )
~
k2
Figura 8 - Divisão do Domínio da Placa em Células Triangulares e a Variação dos Momentos
Iniciais em uma Célula

A geometria da célula é aproximada por uma função de interpolação linear ψg,


que é função de coordenadas homogêneas. O campo de momentos iniciais M 0ij sobre
cada célula será aproximado por uma função de interpolação linear ψ. Na integração
numérica das células adota-se um esquema semi-analítico de integração (ver figura 9),
utilizado por TELLES & BREBBIA (1979) e VENTURINI (1982).

x2

x1 ξ2 ξ1 = 0

k2
R2(θ)
ξ3 = 0

R1(θ)
θ3 k3 p k1
ξ1
θ2 r θ1
ξ2 = 0

θ
q
Figura 9 - Sistema de Coordenadas Cilíndricas

2Aξ αq
onde R j ( θ ) = − sendo j = 2, para α = 3 e j = 1, para α = 1, 2.
(b α
cos θ + a α sen θ )
Desse modo, os momentos iniciais M 0 (p ) , em um ponto p qualquer da célula,
~ ij

são dados por:

M 0 (p ) = Ψ T (p ) M 0 ( N ) (93)
~ ij ~ ~

sendo:

~ ij
T
• M 0 (p ) = M 11
0
{ 0
(p ) M 12 }
(p ) M 022 (p ) o vetor que contém os momentos iniciais

no ponto p,

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


52 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

⎡ ξ p1 0 0 ξ p2 0 0 ξ p3 0 0⎤
⎢ ⎥
• ΨT = ⎢ 0 ξ p1 0 0 ξ p2 0 0 ξ p3 0⎥, (94)
~
⎢⎣ 0 0 ξ p1 0 0 ξ p2 0 0 ξ p3 ⎥⎦

• ξ pα = ξ αq +
r
2A
( b α cos θ + a α sen θ ) (95)

• ξ αq =
1
2A
(
2A α0 + b α X 1 + a α X 2 ,
p p
)
a α = X 1k − X 1j , b α = X k2 − X 2j ,
α
2A 0 = X 1j X k2 − X 1k X 2j e A é a área do triângulo, que é dada por:

A = (b 1 a 2 − b 2 a 1 )
1
2
T ⎧ ⎫
• M o ( N ) = ⎨M 0 ( k 1) M 0 ( k 2 ) M 0 ( k 3 ) ⎬ o vetor dos momentos iniciais nos nós (k1,
~ ⎩~ ~ ~ ⎭
k2, k3) da célula a qual o ponto p pertence.

Assim, utilizando-se esse esquema, as integrais sobre as células são calculadas


numericamente em relação a θ, empregando-se a fórmula de quadratura de Gauss.
Discretizando-se o contorno da placa em Ne elementos e aproximando-se os
valores dos deslocamentos e esforços nos mesmos, como foi mostrado no item (4),
dividindo-se o domínio em Nce células e aproximando-se os momentos iniciais nas
mesmas, obtém-se:

⎡ ⎤
[ ] − ∑ ⎢⎢ ∫ k
N ce
K ( Q ) w ( Q) = K ( Q ) w ( Q )
e
*
( Q, P ) Ψ T ( P )dΩ m (p ) ⎥ M m0 ( N ) (96)
~ ~ ⎥ ~
m=1 Ω m
⎣ ⎦

onde: [K ( Q ) w(Q )] corresponde à equação de w(Q) do problema sem considerar


e

momentos iniciais, dada por (48) e


⎧∂2w* ∂2w* ∂ 2w* ⎫
2 ( ) ∂x ∂x (Q, p) 2 (
k* ( Q, p ) = ⎨ Q , p 2 Q, p ) ⎬
~
⎩ ∂x 1 1 2 ∂x 2 ⎭

Após fazer a integração numérica sobre todos os elementos e todas as células,


agrupando-se os coeficientes multiplicativos de um mesmo valor nodal, e escrevendo o
deslocamento w(Q) em função dos deslocamentos do elemento ao qual pertence, como
é mostrado no item (4), pode-se escrever a equação (96), referente ao deslocamento de
um ponto do contorno, em sua forma matricial da seguinte maneira:
H ( Q ) U + H c ( Q ) w c = G ( Q ) P + G c ( Q ) R c + T ( Q ) + E( Q ) M 0 (97)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

onde:
⎧ ⎧M 11
0( i )
⎫ ⎫
0T ⎧ ⎫ ⎪ ⎪ 0( i ) ⎪ ⎪
• M = ⎨. . . M 0( i )
. . . .⎬ = ⎨. . . ⎨M 12 ⎬ . . .⎬ é o vetor dos momentos iniciais
~ ⎩ ~ ⎭ ⎪ ⎪M 0 ( i ) ⎪ ⎪
⎩ ⎩ 22 ⎭ ⎭
nos nós do contorno e do domínio e tem dimensão 3(Nt) x 1, onde Nt é o número de
pontos do contorno Nn mais o número de pontos internos Ni,

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 53

• E( Q ) representa a infuência do campo de momentos iniciais sobre o valor do


~
deslocamento w(Q) do ponto do contorno.

Procedendo-se de maneira análoga pode-se obter as equações algébricas das


curvaturas, das derivadas das curvaturas e do deslocamento nos pontos internos.
Como foi visto no item (4), o sistema de equações pode ser obtido de duas
maneiras diferentes. Assim, escrevendo-se duas equações do deslocamento transversal
w correspondentes a cada nó do contorno e uma para cada canto, obtém-se o sistema de
equações:

⎡H H c ⎤⎧ U ⎫ ⎡G G c ⎤⎧ P ⎫ ⎧ T ⎫ ⎡E⎤
⎢~ ~ ⎥⎪ ~ ⎪ ⎢~ ~ ⎥⎪ ~ ⎪ ⎪~⎪
⎨W ⎬ = ⎨R ⎬ + ⎨T ⎬ + ⎢ E~ ⎥ M 0 (98)
⎢~H H c ⎥⎪ ⎪ ⎢~G G c ⎥⎪ ⎪ ⎪⎩ ~c ⎪⎭ ⎢⎣ ~c ⎥⎦ ~
~ ⎦⎩ ~ ⎭ ~ ⎦⎩ ~ ⎭
c c
⎣ ⎣

onde M 0 é o vetor dos momentos iniciais, de dimensão 3Nt x 1, E é uma sub-matriz


~ ~

de dimensão 2Nn x 3Nt, associada às duas equações de cada nó do contorno, E c é uma


~
sub-matriz de dimensão Nc x 3Nt, associada às equações dos cantos
Com a resolução do sistema (98) obtém-se as incógnitas do contorno.
O momentos elástico no contorno na direção x 1 é dado por M 11e
= M n + M 11
0
e
e e
as componentes M 12 e M 22 são dadas respectivamente por (71) e (72). Desse modo,
0
escrevendo-se M 11 em função dos momentos iniciais no sistema global de coordenadas
(X1, X2) e fazendo-se a transformação de coordenadas dada por (73), obtêm-se os
momentos do contorno no sistema (X1, X2).
Para se obter um procedimento numérico mais conveniente para a análise não
linear, são feitas operações matriciais sobre as equações, visando-se deixar os termos
referentes aos momentos iniciais isolados. Desse modo, as incógnitas do contorno são
dadas por:

X = L+ R M 0 (99)
~ ~ ~ ~

onde R representa a influência dos momentos iniciais nos deslocamentos do contorno e


~

L representa a resposta elástica, sem considerar os momentos iniciais. Pode-se escrever


~
a equação dos momentos elásticos do contorno e a equação dos momentos elásticos nos
pontos internos em uma mesma equação matricial. Assim, os deslocamentos nos pontos
internos, os momentos elásticos em todos os pontos da placa e as derivadas das
curvaturas nos pontos internos são dados por:

w ( q) = L * + R * M 0 (100)
~ ~ ~ ~

M e = N+ S M 0 (101)
~ ~ ~ ~
w , kkβ = N + S M 0 (102)
~ ~ ~
~

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54 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

6 SOLUÇÃO NÃO-LINEAR DE PLACAS SUJEITAS A CARGAS


TRANSVERSAIS

A solução de um problema não-linear é incremental-iterativa e depende da


‘história’ do carregamento. É incremental, pois o cálculo é dividido em vários
incrementos de carga, para permitir a aproximação linearizada do fenômeno. É iterativa,
porque em um incremento de carga, a solução não-linear é obtida após n iterações,
quando o equilíbrio da estrutura tenha sido verificado, com um erro aceitável. Se o
processo não convergir dentro de um limite máximo de iterações prestabelecido,
considera-se que a estrutura não é mais capaz de encontrar um estado de equilíbrio, isto
é, a carga limite foi ultrapassada. No trabalho de OWEN& HINTON (1980) está
detalhada a abordagem numérica que foi empregada no presente trabalho.

6.1 Modelo estratificado

Admite-se que a placa é dividida em camadas, as quais podem ter espessuras e


propriedades diferentes, considerando-se, porém, constantes as propriedades sobre cada
camada, como é mostrado no trabalho de FIGUEIRAS (1983). O cálculo em camadas é
importante numa análise não-linear, pois permite representar a distribuição não-linear
das tensões ao longo da espessura e é essencial na análise de placas compostas de
materiais diferentes, como é o caso da placa em concreto armado. Material e modelos
constituivos distintos podem ser admitidos para cada camada Para cada camada, atribui-
se um valor de tensão associado a sua superfície média e considera-se que as
componentes de tensão são constantes ao longo da espessura tn da camada (ver figura
10).

Camadas de
concreto
ξ= -1
σ Cij ( n ) tn
ξn
Camadas
de armaduras
x3 ξ
σ Sij( n )
ξ= +1

Figura 10 - Modelo Estratificado para o Concreto Armado

Os pontos de Gauss, definidos ao longo da espessura em função da coordenada


homogênea ξ, representarão as camadas de concreto, como é mostrado na figura (10), e
as armaduras serão distribuídas em pontos adicionais, cujas posições são previamente
estabelecidas.
A partir dessa aproximação, os momentos resultantes na seção são obtidos pela
integração das respectivas componentes de tensão ao longo da espessura, ou seja:

t/2 Ns
M ij = ∫ σ Cij x 3 dx 3 + ∑ σ ij δ ij A S ( n ) x n3S
S( n )
(i, j = 1, 2) (103)
− t/ 2 n=1

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 55

onde: σ ijC é a tensão na placa de concreto, Ns é o número de armaduras, x n3S é a posição


da armadura n considerada, σ Sij( n ) é a tensão na armadura n, A S ( n ) é a área da armadura
n. Fazendo-se a integração numérica das tensões ao longo da espessura:

Ng
t2 Ns
M ij =
4
∑ σ Cij ( IG ) ξ IG WIG + ∑ σ ij S( n )
δ ij A S ( n ) x n3S (104)
IG = 1 n=1

O valor do momento interno resultante, dado pela equação (104), é referente a


uma placa composta de somente um material, que tenha comportamento simétrico em
tração e compressão. Nesse caso, o momento interno é calculado considerando-se que a
linha neutra, na seção considerada, passa pelo seu ponto médio (x3=0), isto é, admite-se
que a distribuição de tensões é simétrica em tração e compressão. Contudo, deve-se
levar em consideração, que o comportamento do concreto não é igual em tração e
compressão e além disso, é usual que as armaduras não sejam simetricamente
distribuídas. Com isso, a linha neutra não coincide mais com a superfície média da
placa. Como no caso de flexão simples, que é o caso considerado nesse trabalho, a placa
não pode ser submetida à forças normais, somente à cargas transversais, deve-se
procurar a nova posição da linha neutra para que se tenha a força normal resultante nula,
a fim de se continuar a ter um caso de flexão simples.
A estimativa da nova posição Zij da linha neutra, em uma direção ij, é feita por
interpolação linear, usando-se os valores das normais N 1ij e N ij2 previamente calculados,
respectivamente, para as posições Z 1ij e Z ij2 da linha neutra. Assim, a nova posição Zij é
dada por:

Zij = Z +
2
(
N 2ij Z1ij − Z2ij ) (105)
ij
N −N 2
ij
1
ij

A cada nova estimativa da linha neutra, deve-se calcular o incremento de


deformações ∆ε LN
ij e de tensões ∆σ LN
ij , devido à mudança da mesma. Somando-se

∆ε LN
ij ao incremento de deformações elástico ∆ε ije devido ao carregamento e ao vetor
de deformações verdadeiras da iteração anterior ∆ε nij− 1 , obtém-se o vetor de
deformações totais ε nij . No caso do modelo elasto-plástico, soma-se ∆σ LN
ij aos
incrementos elásticos de tensão devido ao carregamento ∆σ eij( n ) da iteração em
consideração e às tensões verdadeiras da iteração anterior σ ijV ( n − 1) , obtendo-se uma nova
distribuição de tensão ∆σ nij na seção. No caso do modelo de dano, calcula-se um estado
de tensão elástico σ eij ( n ) , através do estado de deformação total ε nij . Verifica-se, então, o
modelo constitutivo para todos os pontos ao longo da espessura e calcula-se a nova
normal resultante.
Para o concreto serão considerados dois modelos constitutivos bidimensionais:
um modelo elasto-plástico com encruamento isótropo negativo, sendo que o critério de
plastificação utilizado é o de Von Mises, onde considera-se que o concreto tem
resistência somente à compressão e o modelo de dano de MAZARS (1984). Para a

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


56 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

armadura será considerado um modelo elasto-plástico bilinear e uniaxial com


encruamento isótropo positivo.

6.2 Procedimento de cálculo

No início de cada iteração, tem-se um estado de tensão na estrutura, que é


estaticamente admissível, pois verifica as condições de equilíbrio da estrutura. Deve-se,
então verificar se em toda a estrutura o modelo constitutivo é obedecido. Assim, para
uma iteração n de um incremento i, tem-se um incremento de momentos elásticos
{ ∆M e } , para cada ponto do contorno e do domínio, que é determinado da seguinte
maneira:

{ ∆M } = β {N}
e
i
1
i se n = 1, (106.a)
{ ∆M } = [S]{ ∆M }
e n
i
0 n−1
i
se n ≥ 2 (106.b)

sendo que {N} e [S] são dados por (101), βi é o coeficiente de multiplicação do
carregamento e ∆M0 é o incremento de momento plástico calculado na iteração anterior.
Assim, considerando-se um determinado ponto do contorno ou do domínio,
deve-se proceder da seguinte maneira:
• Com { ∆M e } i , através da relação elástica (5) calcula-se o incremento de curvaturas
n

e, então, para cada ponto ao longo da espessura, determina-se o incremento de


deformações devido ao carregamento, através da equação (2). Somando-se esses
valores àqueles obtidos na iteração anterior, obtêm-se os estados de deformação e
curvatura totais da iteração n.
• No caso do modelo elasto-plástico, calcula-se também o incremento de tensões
elásticas { ∆σ e } i , devido ao carregamento. Soma-se esse último ao estado de tensão
n

verdadeiro da iteração anterior e tira-se a tração nos pontos de Gauss. Para o modelo
de dano, calcula-se as tensões elásticas {σ } e n
i
a partir de {ε e } ni . Verifica-se o
modelo constitutivo, obtendo-se o vetor de tensão verdadeiro { σ v } i . e o incremento
n

de tensão verdadeiro { ∆σ v } i para o ponto em questão. Procedendo-se, da mesma


n

forma, para todos os pontos de Gauss e armaduras, obtém-se uma nova distribuição
de tensão ao longo da espessura.
• Verifica-se, então, a normal resultante nas três direções. Se alguma não for nula,
estima-se a nova posição da linha neutra, verifica-se de novo os modelos
constitutivos em todos os pontos e calcula-se a novas normais resultante. Esse
processo continua até que as normais sejam nulas nas três direções. Desse modo,
obtém-se a verdadeira distribuição de tensões ao longo da espessura.
• Com a equação (104), obtêm-se o vetor de momentos verdadeiros { M v } i , e o vetor
n

de incremento de momentos verdadeiros { ∆M v } i .


n

• Calcula-se, então, o vetor de momentos residuais ou vetor dos momentos plásticos:

{ ∆M }
0 n+1
i
= {Ψ} i = { ∆M e } i - { ∆M v } i
n n n
(107)

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 57

Segue-se o mesmo procedimento para todos os pontos do contorno e do


domínio. Se o critério de convergência não for verificado, para algum ponto, quer dizer
que o estado de tensão na estrutura é tal que verifica o modelo constitutivo em todos os
pontos, mas não é mais estaticamente admissível. Assim, aplica-se {Ψ} i ao sistema
n

como um campo de momentos iniciais, obtém-se um novo incremento de momentos


elásticos através da equação (106.b) e passa-se à iteração seguinte. Caso o critério de
convergência seja verificado, passa-se ao incremento seguinte.
Ao final de um incremento, calcula-se as incógnitas do contorno e os cortantes
através das equações (100) e (102), onde M 0 é o vetor de momentos plásticos
~
acumulados. Os momentos são os momentos verdadeiros obtidos na última iteração.

7 EXEMPLO NUMÉRICO

Nesse exemplo, serão considerados dois modelos constitutivos para o concreto:


o elasto-plástico e o de dano. A placa indicada na figura (11) é apoiada nos quatro lados,
tem dimensão a = 36” e espessura t = 5,5”. A carga aplicada no seu centro é distribuída
sobre uma área de 10”x10”, resultando numa carga distribuída g = 800psi. No cálculo
onde considerou-se o modelo elasto-plástico para o concreto, foram utilizadas duas
malhas: numa primeira, o contorno da placa foi discretizado em 8 elementos e seu
domínio em 32 células, o que requer 20 pontos nodais no contorno e 5 no domínio,
como está indicado na figura (11) e outra onde o contorno foi discretizado em 16
elementos e o domínio em 128 células, resultando em 36 pontos nodais no contorno e
49 pontos internos. No caso do modelo de dano, foi considerado apenas a malha de 8
elementos e 32 células.
P

a
P
10”
a
10”

a a

Figura 11 - Placa Apoiada com Carga Concentrada e a discretização da Placa

Têm-se armaduras idênticas nas direções x1 e x2, as quais têm módulo de


elasticidade Es = 30000000 psi, módulo de encruamento KS nulo, área transversal As =
0,04455”2/”, tensão de plastificação Fy = 44000 psi e posição x3 = 1,75”. O concreto tem
módulo de elasticidade EC = 4000000 psi, tensão de plastificação fC = 6920 psi,
coeficiente de poisson υ = 0,15 e módulo de encruamento negativo KC = - 5448819 psi.
A análise foi feita considerando-se dois pontos de colocação externos, sendo que as
posições dos mesmos foram definidas por a1 = 0,1 e a2 = 0,25; a tolerância adotada para
o critério de convergência foi de 0,1%. Foram utilizados 8 pontos de Gauss ao longo da
espessura.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


58 Gabriela Rezende Fernandes & Wilson Sérgio Venturini

80
Carga Total (P) (Kips) 70
60
50 experimental
40 16 elementos
30 8 elementos
20
10
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Flecha (w) (in)

Figura 12 - Curva Carga-Deslocamento no Ponto Central (Modelo Elasto-plástico)

80
70
Carga Total (P) (Kips)

60
experimental
50
DANO(0,9)
40
dano (0,85)
30 dano(0,8)
20
10
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8
Flecha (w) (in)

Figura 13 - Curva Carga-Deslocamento no Ponto Central (Modelo de Dano)

Na figura (12) está indicada a curva carga-deslocamento do ponto central, obtida


considerando-se o modelo elasto-plástico para o concreto, para as duas malhas
consideradas. No caso da malha de 8 elementos, a carga total de 80 Kips foi aplicada em
28 incrementos, sendo que a plastificação na armadura do ponto central foi observada
no segundo incremento, para a carga de 45,6Kips. Para a carga de 77Kips, que
corresponde à carga limite observada experimentalmente, não observou-se nenhuma
plastificação no concreto e o cálculo convergiu. No caso da malha de 16 elementos, o
cálculo foi feito considerando-se 37 incrementos, sendo que nos últimos 25, o
coeficiente β foi igual a 0,01. A plastificação ocorreu para β = 0,44, o que corresponde a
P=35,2Kips. A armadura atingiu a deformação limite de 0,02, no ponto central, para a
carga P=69,4Kips, onde o concreto não estava plastificado. Pode-se observar que a
diferença entre as duas respostas é muito grande.
A figura (13) mostra algumas curvas carga-deslocamento do ponto central
obtidas considerando-se o modelo de dano para o concreto, onde limitou-se o valor da
variável de dano D em 0,9; 0,85 e 0,8. O cálculo foi feito considerando-se 48
incrementos, sendo que nos últimos 27 incrementos o coeficiente β era igual a 0,01. No
caso onde limitou-se o dano em 0,8, observou-se plastificação na armadura do ponto
central para P=46Kips e o concreto atingiu a deformação máxima permitida de 0,003,
no ponto central, para P=76,4Kips.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


O método dos elementos de contorno aplicado à análise não-linear de placas 59

8 CONCLUSÕES

O emprego da técnica de sub-elementos, aumentou significamente a precisão do


cálculo, possibilitando a obtenção de bons resultados, mesmo considerando-se uma
discretização pobre do contorno.
Para a escolha da posição dos pontos de colocação, foram considerados três
esquemas: um que considera um ponto no contorno e outro fora, outro onde se
considera dois pontos de colocação fora do domínio e, ainda, um terceiro, onde adota-se
os dois pontos no contorno. Obteve-se bons resultados, para o primeiro e o segundo
esquemas, porém, observou-se que o sistema de equações obtido com o terceiro era
singular. Tal singularidade poderia ser removida, ao considerar um ponto de colocação
fora do contorno.
Ambos os modelos constitutivos utilizados, apesar de serem simples, mostraram-
se ser estáveis, pois eram capazes de encontrar a carga limite e convergiam para a
solução exata com o refinamento da malha ou o aumento do número de pontos de Gauss
considerado na integração numérica das tensões. Constatou-se que os resultados obtidos
para 8 ponto de Gauss eram bastante razoáveis.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTI, E. (1872). Teoria dell elasticita. Il Nuovo Ciemento, p.7-10.

BUI, H. D. (1978). Some remarks about the formulation of three-dimensional


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939.

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FERNANDES, G. R. (1998). O método dos elementos de contorno aplicado à


análise não linear de placas. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola de
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Swansea.

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comportement non linéaire et à la rupture du béton de structure. Paris, 1984. Thèse
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MIKHLIN, S. G. (1962). Singular integral equation. American Math. Soc. Trans.


Series 1, n.10, p.84-197.

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OWEN, D. R. J.; HINTON, E. (1980). Finite elements in plasticity: theory and practice.
Swansea, U. K.: Pineridge Press Limited.

RIBEIRO, G. O. (1992). Sobre a formulação do método dos elementos de contorno de


placas usando as hipóteses de Reissner. São Carlos. 266p. Tese (Doutorado) - Escola de
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TELLES, J. C. F.; BREBBIA, C. A. (1979). On the application of the boundary element


method to plasticity. Appl. Math. Modelling, n.3, p.466-470.

VENTURINI, W. S. (1982). Application of the boundary element formulation to


solve geomechanical problems. Southampton. Thesis (Ph.D.) - University of
Southampton.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos,v. 7, n. 22, p. 29-60, 2005


UMA FORMULAÇÃO DO MÉTODO DOS
ELEMENTOS DE CONTORNO COM TRÊS
PARÂMETROS NODAIS EM DESLOCAMENTOS
PARA PLACAS DELGADAS E SUAS APLICAÇÕES A
PROBLEMAS DE ENGENHARIA ESTRUTURAL
Luttgardes de Oliveira Neto1 & João Batista de Paiva2

Resumo
Este trabalho apresenta uma nova formulação direta do Método dos Elementos de
Contorno (M.E.C.) para análise de placas, utilizando a teoria de placas de Kirchhoff,
admitindo três parâmetros nodais de deslocamentos para sua representação integral, a
citar, deslocamento transversal e suas derivadas nas direções normal e tangencial ao
contorno. Dois valores nodais são usados para os esforços, momento fletor normal mn
e força cortante equivalente Vn. Desta forma são escritas três equações integrais de
contorno por nó, obtidas da discretização da placa, segundo a forma usual do método.
A vantagem desta formulação é a possibilidade de se fazer a ligação da placa
analisada pelo M.E.C. com elementos lineares, representados por 03 (três) valores
nodais de deslocamentos, para a análise de pavimentos de edifícios.

Palavras-chave: Método dos elementos de contorno; placas delgadas; análise de


pavimentos.

1 INTRODUÇÃO

Duas teorias principais foram desenvolvidas para a análise do comportamento


das placas; a primeira, denominada Teoria Clássica, foi formulada por G. KIRCHHOFF
(1850) cujas hipóteses simplificadoras, analisando apenas placas delgadas, admitem 04
variáveis no contorno do problema, resultando em uma equação diferencial de 4a
ordem, relacionadas duas a duas; REISSNER (1944) e MINDLIN (1951) formularam
teorias que, considerando as deformações por cisalhamento, levam a equações
diferenciais de 6a ordem, também relacionando variáveis de contorno duas a duas. Estas
teorias apresentam, portanto, resultados mais completos do que a Teoria Clássica,
inclusive permitindo a análise de placas espessas.

1
Professor Doutor do Depto. de Engenharia Civil - FE - UNESP/Bauru, lutt@feb.unesp.br
2
Professor Associado do Depto. de Engenharia de Estruturas - EESC - USP, paiva@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


62 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

As soluções analíticas dessas equações são limitadas, conhecidas apenas em


casos mais simples, porém, com a utilização de técnicas numéricas de solução de
sistemas de equações ampliaram-se os casos de análise. Com os computadores a análise
numérica foi facilitada.
Atualmente dispõem-se de três métodos numéricos, dois denominados métodos
de domínio, Método das Diferenças Finitas (M.D.F.) e Método dos Elementos Finitos
(M.E.F.), e o mais recente, Método dos Elementos de Contorno, formulado com
equacionamento integral ao longo do contorno do problema, em contraposição aos
anteriores que associam pontos no domínio e no contorno do problema em suas
formulações.
O Método dos Elementos de Contorno tem seu aparecimento a partir de
estudos de problemas utilizando equações integrais, iniciados no século passado,
aplicadas à teoria da elasticidade por BETTI (1872).
Os primeiros trabalhos em formulação indireta na análise de placas são
apresentados por WU e ALTIERO (1979), onde analisaram placas reais contidas em um
contorno auxiliar infinito, de solução conhecida. TOTTENHAM (1979) também
apresenta uma comparação entre as formulações direta e indireta.
O método direto para análise de placas infinitas, com furos, de contorno não
carregado é proposto por HANSEN (1976), seguido de estudos de BEZINE (1978) e
STERN (1979) que desenvolvem formulações diretas baseadas na identidade de Green,
considerando-se 02 equações integrais, relativas ao deslocamento transversal e à sua
derivada na direção normal ao contorno.
A formulação direta é a mais utilizada para análise de placas, fundamentadas
na Teoria Clássica de Kirchhoff, e diversos trabalhos importantes nas diversas
aplicações foram surgindo desde o início dos anos 80.
Surgiram formulações alternativas para a solução de problemas de placas
elásticas: utilizando-se integrais analíticas como a de CAMP e GIPSON (1990), com
funções interpoladoras hermitianas para aproximação dos deslocamentos como os
trabalhos de HARTMANN e ZOTEMANTEL (1986) e de GUO-SHU e MUKHERJEE
(1986), utilizando-se funções lagrangianas e integrações analíticas para o cálculo das
integrais singulares como a de ABDEL-AKHER e HARTLEY (1989), ou ainda com
funções complexas para definição da soluções fundamentais, considerando-se as
deformações por cisalhamento para placas finas, como apresentaram PILTNER e
TAYLOR (1989).
Já a possibilidade de associação de placas com vigas e colunas foram propostas
por diversos autores, a citar, BEZINE (1981), PARÍS e LEÓN (1985), PAIVA e
VENTURINI (1985)(1987), PAIVA (1987), ABDEL-AKHER e HARTLEY (1989),
CHEN (1990), PAIVA (1991), HARTLEY et al. (1992), HARTLEY e ABDEL-
AKHER (1993), PAIVA e OLIVEIRA NETO (1995), PAIVA (1996), HARTLEY
(1996).
O objetivo deste trabalho é apresentar uma formulação alternativa para o
método dos elementos de contorno para análise de placas delgadas, onde as equações
integrais do deslocamento transversal e de suas derivadas normal e tangencial ao
contorno são usadas no sentido de possibilitar uma melhor análise de placas isoladas ou
em associação com outros elementos estruturais, como vigas e pilares.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 63

2 EQUAÇÕES INTEGRAIS PARA FLEXÃO DE PLACAS UTILIZANDO


TRÊS PARÂMETROS NODAIS

2.1 Equações integrais

Considerando um problema de placa de pequena espessura definida pelo


domínio Ω e contorno Γ, a equação integral escrita do teorema de BETTI resulta:

∂2w* * ∂ w
2

∫Ω m ij ∂x i ∂x j dΩ = ∫Ω m ij ∂x i ∂x j dΩ (1)

onde,
mij : momento fletor;
w : deslocamento transversal da placa.

Integrando-se por partes duas vezes a integral de domínio do lado esquerdo da


equação (1), conforme apresentado por PAIVA e OLIVEIRA NETO (1995) e
OLIVEIRA NETO (1998), resulta:

− ∫ m ij w ∗,i n jdΓ + ∫ m ij, j w ∗ n i dΓ − ∫ m ij,ij w ∗ dΩ


Γ Γ Ω
ou ainda,

− ∫ mij w ,∗i n j dΓ + ∫ qn w ∗ dΓ − ∫ gw ∗dΩ (2)


Γ Γ Ω

Integrando-se por partes a primeira integral de contorno e levando-se para o


contorno com angulosidades, resulta:

⎡ ∂m ns ∗ ∂w ∗ ⎤
∫Γ ⎢⎣ ∂s w − m n ∂n ⎥⎦dΓ + ∫Γ q n w dΓ +

(3)
+ ∑ R c w + ∫ gw dΩ

ci


i
onde,
R ci = m −ns − m +ns

Repetindo-se todo o procedimento com o primeiro termo, tem-se:

⎡ ∂w ∂w ⎤
− ∫ ⎢m ∗ns + m ∗n ⎥dΓ + ∫ q∗n wdΓ + ∫ g∗ wdΩ (4)
Γ
⎣ ∂s ∂n ⎦ Γ Ω

Assim, a expressão integral resulta, agrupando-se as expressões (3) e (4):

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


64 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

⎡ ∗ ∂w ∂w ⎤
− ∫ ⎢mns + mn∗ ⎥dΓ + ∫ q∗n wdΓ + ∫ g∗ wdΩ =
Γ
⎣ ∂s ∂n ⎦ Γ Ω

⎡ ∂mns ∗ ∂w ∗ ⎤
=∫ ⎢ w − mn ⎥dΓ + ∫ qn w ∗ dΓ +
⎣ ∂s ∂n ⎦
Γ Γ (5)

+ ∑ R c w ∗ci + ∫ gw ∗dΩ

i

Os esforços qn e ∂mns/∂s do segundo membro podem ser expressos em Vn,


força cortante equivalente, conforme a teoria clássica de Kirchhoff, e em Rc, reação dos
cantos da placa, como:

⎡ ∂w * ⎤
∫Γ ⎢⎣q n (Q)w (s, Q) − m ns (Q) ∂s (s, Q)⎥⎦dΓ(Q) = ∫Γ Vn (Q)w (s, Q)dΓ(Q) +
* *

Nc
+ ∑ R ci (Q) w *ci (s, Q)
i =1
(6)
Da expressão referente ao conceito de solução fundamental, tem-se:

∫ Ω
g∗ wdΩ = w ( s)

A equação (5) resulta, portanto:

w (s) +
⎡ ∂w ∂w ⎤
+ ∫ ⎢q ∗n (s, Q) w (Q) − m ∗n (s, Q) (Q) − m ∗ns (s, Q) (Q)⎥dΓ(Q) =
Γ
⎣ ∂n ∂s ⎦
⎡ ∂w ∗ ⎤
= ∫ ⎢Vn (Q) w (s, Q) − m n (Q)

(s, Q)⎥dΓ(Q) +
Γ
⎣ ∂n ⎦
NC
+ ∑ R c (Q) w ∗ci (s, Q) + ∫ g (q ) w ∗ (s, q )dΩ g (q )
Ωg
i =1
(7)

A equação da derivada do deslocamento transversal em relação à direção m é:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 65

∂w (s)
+
∂m
⎡ ∂q ∗n (s, Q) ∂m ∗n (s, Q) ∂w ∂m ∗ns (s, Q) ∂w ⎤
+∫ ⎢ w (Q ) − (Q ) − (Q ) ⎥
Γ
⎣ ∂m ∂m ∂n ∂m ∂s ⎦
⎡ ∂w ∗ (s, Q) ∂ ⎛ ∂w ∗ ⎞⎤
dΓ(Q) = ∫ ⎢Vn (Q)
(8)
− m n ( Q) ⎜⎜ (s, Q) ⎟⎟⎥dΓ(Q) +
Γ
⎢⎣ ∂m ∂m ⎝ ∂n ⎠⎥⎦
NC
∂w ∗ci (s, Q) ∂w ∗ (s, q )
+ ∑ R c (Q ) + ∫ g (q ) dΩ g ( q )
i =1 ∂m Ωg ∂m

Levando-se o ponto S para o contorno, a equação (7) passa a ser escrita na


seguinte forma:
K (S) w (S) +
⎡ ∂w ∂w ⎤
+ ∫ ⎢q ∗n (S, Q) w (Q) − m ∗n (S, Q) (Q) − m ∗ns (S, Q) (Q)⎥dΓ(Q) =
Γ
⎣ ∂n ∂s ⎦
⎡ ∂w ∗ ⎤
= ∫ ⎢Vn (Q) w ∗ (S, Q) − m n (Q) (S, Q)⎥dΓ(Q) +
Γ
⎣ ∂n ⎦
Nc
+ ∑ R ci (Q) w ∗ci (S, Q) + ∫ g (q) w ∗ (S, q )dΩ g (q )
Ωg
i =1
(9)
com
K(S) = β/2π para um ponto S em um canto do contorno com
ângulo interno β;

Da mesma forma pode-se escrever a equação integral da derivada do


deslocamento transversal em relação à direção m, como se segue:

∂w ∂w
K1(S) (S) + K2(S) (S) +
∂ms ∂us
⎡ ∂q∗n (S, Q) ∂m∗n (S, Q) ∂w ∂m∗ns (S, Q) ∂w ⎤
+∫ ⎢ w(Q) − (Q) − (Q)⎥dΓ(Q) =
Γ
⎣ ∂ m s ∂m s ∂n ∂m s ∂s ⎦
⎧ ∂w* (S,Q) ∂ ⎡∂w* ⎤⎫
= ∫ ⎨Vn (Q) − mn (Q) ⎢∂ (S , Q) ⎥⎬dΓ(Q) +
Γ
⎩ ∂m s ∂m s ⎣ n ⎦⎭
Nc
∂w∗ci (S, Q) ∂w*(S, q)
+ ∑Rci (Q) + ∫ g(q) dΩg (q)
i=1 ∂ms Ωg ∂ms
(10)
com

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


66 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

β 1+ υ
K 1 (S) = + [sen 2 γ − sen 2(γ + β )]
2π 8π
K (S) = 1 + υ [cos 2γ − cos 2(γ + β )]
2 8π
onde γ é o ângulo entre os sistemas de coordenadas (n,s) e (m,u).

2.2 Discretização das equações integrais

2.2.1 Aproximação das variáveis do problema


A aplicação numérica do M.E.C. utiliza-se da discretização do contorno da
placa em segmentos, denominados elementos de contorno, em cujos domínios são
utilizadas funções aproximadoras para as variáveis envolvidas, deslocamentos e
esforços.
Um problema surge na associação dos elementos estruturais planos analisados
pelo M.E.C. com elementos estruturais lineares (vigas e pilares). A formulação
alternativa do M.E.C. utilizando 3 parâmetros nodais, deslocamento transversal w e
derivadas ∂w/∂n e ∂w/∂s, visa compatibilizar com os mesmos parâmetros utilizados na
representação dos elementos estruturais lineares analisados por métodos numéricos
diferentes.
Nesta formulação o deslocamento w é aproximado por funções
aproximadoras cúbicas ϕ (ξ), conforme proposta em OLIVEIRA NETO e PAIVA
(1997) e OLIVEIRA NETO (1998), o esforço mn e a derivada na direção normal do
deslocamento ∂w/∂n por funções aproximadoras lineares φ (ξ) e a força cortante
equivalente Vn é admitida como concentrada nos pontos nodais, conforme utilizado em
OLIVEIRA NETO (1991), apresentando melhorias nas oscilações de seus resultados
numéricos em alguns casos de vinculação.
As funções aproximadoras lineares são as seguintes, considerando-se dois
pontos nodais por elemento de contorno e Jacobiano de transformação de coordenadas
igual a L/2, onde L é o comprimento do elemento de contorno:

φ1 (ξ) = ½ (1-ξ) (11.1)


φ2 (ξ) = ½ (1+ξ) (11.2)

Desta forma, a derivada direcional do deslocamento w na direção normal ao


contorno ∂w/∂n e o momento fletor mn serão representados como:

⎛ ∂w (ξ) ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞
⎜ ⎟ = φ1(ξ) ⎜ ⎟ + φ2(ξ) ⎜ ⎟ (12)
⎝ ∂n ⎠ ⎝ ∂n ⎠1 ⎝ ∂n ⎠ 2
mn(ξ) = φ1(ξ) mn1 + φ2(ξ) mn2 (13)

Já as funções aproximadoras cúbicas ϕ (ξ) são obtidas em função dos dois


parâmetros nodais referentes aos dois nós de extremidade do elemento de contorno:

ϕ(ξ) = α0 + α1 ξ + α2 ξ2 + α3 ξ3 (14)

Com isto, o deslocamento w e sua derivada direcional na direção tangencial ao


contorno ∂w/∂s são representados pelas expressões:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 67

⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞
w(ξ) = ϕ1(ξ) w1 + ϕ2(ξ) ⎜ ⎟ +ϕ3(ξ) w2 + ϕ4(ξ) ⎜ ⎟ (15)
⎝ ∂s ⎠ 1 ⎝ ∂s ⎠ 2

⎛ ∂w (ξ) ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞
⎜ ⎟ = ϕ’1(ξ) w1 + ϕ’2(ξ) ⎜ ⎟ + ϕ’3(ξ) w2 + ϕ’4(ξ) ⎜ ⎟ (16)
⎝ ∂s ⎠ ⎝ ∂s ⎠ 1 ⎝ ∂s ⎠ 2

As expressões das funções ϕi(ξ) e ϕi’(ξ) são:

ϕ1(ξ) = (2 - 3ξ + ξ3)/4 ϕ1’(ξ) = (-3 + 3ξ2)/4

ϕ2(ξ) = (1 - ξ - ξ2 + ξ3)L/8 ϕ2’(ξ) = (-1 - 2ξ + 3ξ2)L/8

ϕ3(ξ) = (2 + 3ξ - ξ3)/4 ϕ3’(ξ) = (3 - 3ξ2)/4

ϕ4(ξ) = (-1 - ξ + ξ2 + ξ3)L/8 ϕ4’(ξ) = (-1 + 2ξ + 3ξ2)L/8

2.2.2 Transformação das equações integrais em equações algébricas


Reescrevendo-se as equações integrais (9) e (10), levando-se em conta a
discretização do contorno da placa em elementos de contorno e as funções
aproximadoras das variáveis sobre estes elementos apresentadas, resultam na seguinte
equação:
Ne 1
K (S) U(S) + ∑ . ∫ [J].P * (S, Q).Φ 1 (Q).U(Q).dΓl =
l =1 −1

Nc Ne 1
= ∑ R ci (Q).U (S, Q) + ∑ . ∫ [J ].U * (S, Q).Φ 2 (Q).P(Q).dΓl . +
*
ci (17)
i =1 l =1 −1

+ ∫ g (q ).U * (S, q ).dΩ g (q )


Ωg

onde
⎡ βc ⎤
⎢ 2π 0 ⎥ 0
K (S) = ⎢ 0 K 1 (S) K 2 (S)⎥
⎢ ⎥
⎢0 K 2 (S) K 1 (S) ⎥
⎢⎣ ⎥⎦
⎛ ∂w (S) ⎞ ⎛ ∂w (S) ⎞
UT(S) = { w(S) ⎜ ⎟ ⎜ ⎟}
⎝ ∂m ⎠ ⎝ ∂u ⎠

PT(Q) = { Vn1 (Q) mn1 (Q) Vn2 (Q) mn2 (Q) }

⎛ ∂w (Q) ⎞ ⎛ ∂w (Q) ⎞ ⎛ ∂w (Q) ⎞ ⎛ ∂w (Q) ⎞


UT(Q) = {w1(Q) ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ w2(Q) ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ }
⎝ ∂n ⎠1 ⎝ ∂s ⎠1 ⎝ ∂n ⎠ 2 ⎝ ∂s ⎠ 2
Rc(Q) = { Vn(Q) }
⎡ ϕ1 0 ϕ2 ϕ3 0 ϕ4 ⎤
⎢ ⎥
Φ 1 ( Q ). = .⎢ 0 φ1 0 0 φ2 0 ⎥
⎢ ϕ´1 0 ϕ´2 ϕ´3 0 ϕ´4 ⎥⎦

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


68 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Φ 2 (Q). = .[1 φ1 1 φ 2 ]

⎡ ⎤
⎢ q * ( S, Q ) m*n ( S, Q ) m*ns ( S, Q ) ⎥
⎢ ∂q * ( S, Q ) ⎥
P ( S, Q ) = . ⎢
*
⎢ ∂m

∂m
(
m*n ( S, Q ) ) ∂
∂m
( )
m ns ( S, Q ) ⎥
*

⎢ ∂q * ( S, Q ) ⎥

⎣ ∂u

∂u
(
m*n ( S, Q ) ) ∂
∂u
( )
m*ns ( S, Q ) ⎥

⎛ ∂w * (S, Q) ⎞ ∂ ⎛ ∂w * (S, Q) ⎞ ∂ ⎛ ∂w * (S, Q) ⎞
U*T(S,Q) = { ⎜⎜ ⎟⎟ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎜⎜ ⎟⎟ }
⎝ ∂n ⎠ ∂m ⎝ ∂n ⎠ ∂u ⎝ ∂n ⎠
∂w (S, q) ∂w (S, q)
* *
U*T(S,q) = { w*(S,q) }
∂m ∂u
T ∂w * (S, Q) ∂w * (S, Q)
Uc* (S,Q) = { w*(S,Q) }
∂m ∂u

Escrevendo-se as equações integrais dos deslocamentos e de suas derivadas nas


direções normal e tangencial, para todos os nós do contorno, obtém-se o seguinte
sistema linear:

[H]w Γ = [G ]VΓ + {p} (18)


em que
⎧ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎛ ∂w ⎞ ⎫
wT
Γ = ⎨ w 1 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ w 2 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ... w n⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎬
⎩ ⎝ ∂n ⎠1 ⎝ ∂s ⎠1 ⎝ ∂n ⎠ 2 ⎝ ∂s ⎠ 2 ⎝ ∂n ⎠ n ⎝ ∂s ⎠ n ⎭

VΓT = {Vn1 m n1 Vn 2 m n 2 ... Vnn m nn }

[H] e [G] são matrizes resultantes das integrações realizadas sobre os


elementos de contorno, em cujos integrandos estão as soluções fundamentais de placas,
e {p} é o vetor de carregamento conhecido a que a placa está submetida.
Impondo-se as condições de contorno, onde {X} é um vetor de incógnitas do
problema, o sistema de equações resulta em:

[A ]{X} = {B} (19)

3 PLACAS EM ASSOCIAÇÃO COM OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

3.1 Associação placa-pilar

As colunas (pilares) serão consideradas aqui com comportamento elástico-


linear e que sua seção transversal em contato com a placa permaneça plana após o
carregamento.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 69

Desta forma, o deslocamento transversal w e suas derivadas ∂w/∂x1 e ∂w/∂x2


serão os mesmos para a placa e coluna. As tensões normais na área de contato podem
então ser representadas pela seguinte expressão:

⎛ M1 ⎞ ⎛M ⎞ ⎛ N⎞
σ=⎜ ⎟ x 2 + ⎜ 2 ⎟ x1 + ⎜ ⎟ (20)
⎝ I1 ⎠ ⎝ I2 ⎠ ⎝ Ac ⎠

onde σ é a tensão normal na seção do pilar na interface; M1 e M2 os momentos fletores


no pilar; I1 e I2 os momentos principais de inércia do pilar; Ac a área da seção
transversal do pilar e N a força normal no pilar.
Os momentos fletores atuantes no pilar relacionam-se com as derivadas da
elástica através de:
− K px1 E p I x1 ∂w
M x1 = Lp ∂x 2
(21)

− K px 2 E p I x 2 ∂w
Mx2 = Lp ∂x 1
(22)

onde Ep é o módulo de elasticidade do pilar e Lp o comprimento do pilar.


Kp = 4 para o pilar engastado na base
Kp = 3 para o pilar articulado na base

A relação entre a força normal e o deslocamento transversal wp do centro de


gravidade da seção de contato placa-pilar é:

− E p Ac
N= wp (23)
Lp

Substituindo-se estas expressões na equação (20), fica:

−E p ⎡ ∂w p ∂w p ⎤ E p
σp = ⎢⎣ K x + K x − w
Lp p x 1 2 ∂x 2 p x 2 1 ∂x 1 ⎥⎦ L p p (24)

Interpretando-se σp como carregamento externo aplicado à placa, as equações

integrais do deslocamento e de suas derivadas no ponto S do contorno ficam:

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70 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

K (S) w (S) +
⎡ ∂w ∂w ⎤
+ ∫ ⎢q *n (S, Q) w (Q) − m *n (S, Q) (Q) − m *ns (S, Q) (Q)⎥dΓ(Q) =
Γ⎣ ∂n ∂s ⎦
Nc ⎡ ∂w * ⎤
= ∑ ci R ( Q ) w *
ci (S, Q ) + ∫Γ ⎢
⎢ Vn ( Q ) w *
(S, Q ) − m n ( Q )

(S, Q ) ⎥dΓ(Q) +
i =1 ⎣ n ⎦⎥
+∫ g (q ) w * (S, q)dΩ g (q) +
Ωg

⎡ ⎛ ∂w p ⎞ ⎛ ∂w p ⎞ ⎤
⎢ K p x 2 ⎜⎜ ⎟ ∫ w * (S, t )x1 ( t )dΩ j + K p ⎜ ⎟ ∫ w * (S, t )x 2 ( t )dΩ j + ⎥
⎟ x1 ⎜ ∂x ⎟ Ω tj
⎝ ∂x1 ⎠ j Ω tj
Nc E
p ⎢ ⎝ 2 ⎠j ⎥
+∑ ⎢ ⎥
L
j =1 pj ⎢ w j ⎥
⎢+ K ∫Ω tj w (S, t )dΩ j
*

⎣ p ⎦
(25)
e

∂w ∂w
K1 (S) (S) + K 2 (S) (S) +
∂m s ∂u s
⎡ ∂q * ∂m *n ∂w ∂m *ns ∂w ⎤
+∫ ⎢ n (S, Q) w (Q) − (S, Q) (Q ) − (S, Q) (Q)⎥dΓ(Q) =
Γ ⎢ ∂m ∂m s ∂n ∂m s ∂s ⎥⎦
⎣ s
Nc
∂w *ci ⎡ ∂w * ∂ ⎛⎜ ∂w * ⎞⎟ ⎤
= ∑ R ci (Q) (S, Q) + ∫ ⎢Vn (Q) (S, Q) − m n (Q) (S, Q)⎥dΓ(Q) +
∂m s Γ⎢ ∂m s ∂m s ⎜⎝ ∂n ⎟⎠ ⎥⎦
i =1 ⎣
∂w *
+ ∫ g (q ) (S, q )dΩ g (q) +
Ωg ∂m s
⎡ ⎛ ∂w p ⎞ ∂w * ⎛ ∂w p ⎞ ∂w * ⎤
K p x 2 ⎜⎜ ⎟ ∫ (S, t )x1 ( t )dΩ j + K p x1 ⎜⎜ ⎟ ∫
⎢ ⎟ Ω ⎟ Ω tj ∂m (S, t )x 2 ( t )dΩ j + ⎥
⎝ ∂x1 ⎠ j tj ∂m s ⎝ ∂x 2
Nc E
p ⎢ ⎠j s ⎥
+∑ ⎢ ⎥
L
j =1 pj ⎢ ⎥
∂w *
⎢+ w p ∫Ω (S, t )dΩ j ⎥
⎣ tj ∂m s ⎦
(26)

Os valores de ∂wp/∂x1 e ∂wp/∂x2 e wp são constantes para cada interface pois a

seções transversais dos pilares permanecem planas após as deformações.


Após a discretização do contorno da placa, estas equações formam um sistema
linear de equações como segue:

⎧w Γ ⎫
[ H.. H ]⎨w
Ω ⎬ = [ G ] VΓ + p
⎩ Ω⎭
(27)
onde wΩ são os deslocamentos e suas derivadas nas interfaces placa-pilar que são
incógnitas adicionais em cada equação.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 71

Escrevendo-se as expressões integrais destes deslocamentos e de suas


derivadas para todas as interfaces placa-pilar obtém-se o seguinte sistema de equações:

⎧w Γ ⎫
[ H .. H ]⎨w
' '
Ω ⎬ = [ G ] VΓ + p
' '
(28)
⎩ Ω⎭

Agrupando-se os dois sistemas, tem-se:

⎡ H.. H Ω ⎤ ⎧w Γ ⎫ ⎡G ⎤ ⎧p ⎫
⎢ ' ' ⎥ ⎨ ⎬ = ⎢ ' ⎥ VΓ + ⎨ ' ⎬ (29)
⎣ H .. H Ω ⎦ ⎩w Ω ⎭ ⎣G ⎦ ⎩p ⎭

A solução deste sistema fornece os valores nodais do contorno e os


deslocamentos dos pontos das interfaces placa-pilar, dos quais podem ser calculados os
esforços nos pilares através das equações 21, 22 e 23.

3.2 Associação placa-grelha

Em estruturas usuais de edifícios, a ligação entre os diversos elementos


estruturais é monolítica e seu comportamento deve ser considerado como o de uma
estrutura tridimensional. A placa, associada a elementos lineares que trabalham à flexão
como vigas, formando uma grelha, pode ser analisada de forma mais simples
considerando a interação entre si por pontos discretos, onde os esforços de interação são
forças verticais, como já apresentado por PAIVA (1996). Propõe-se neste trabalho
realizar a interação entre os momentos fletores nestes pontos com o objetivo de se
melhorar a análise de um pavimento composto por placa e grelha.
Estes esforços de interação podem ser considerados como carregamento
externo e nas equações integrais de deslocamento e de suas derivadas são incógnitas.
De forma análoga ao já feito para o caso da interação placa-pilar, o sistema de
equações obtido após a discretização do contorno da placa resulta:

[ H ] w Γ = [ G ] VΓ + [G Ω ]PΩ + p (30)
onde
PΩT = {P1 .0.0.P2 .0.0...Pn .0.0}
é o vetor de esforços em todos os pontos de interação placa-grelha.

Escrevendo-se as equações de ∂w/∂x1 , ∂w/∂x2 e w para todos os nós da


grelha no domínio da placa, obtém-se o seguinte sistema de equações:
⎧w Γ ⎫
[ ] [ ]
H ' .. H 'Ω ⎨ ⎬ = [ G ' ] VΓ + G 'Ω PΩ + p ' (31)
⎩w Ω ⎭

Combinando-se os dois sistemas, fica:

⎡ H.. H Ω ⎤ ⎧w Γ ⎫ ⎡G ⎤ ⎡G Ω ⎤ ⎧p ⎫
⎢ ' ' ⎥ ⎨ ⎬ = ⎢ ' ⎥ VΓ + ⎢ ' ⎥ PΩ + ⎨ ' ⎬ (32)
⎣ H .. H Ω ⎦ ⎩w Ω ⎭ ⎣G ⎦ ⎣G Ω ⎦ ⎩p ⎭

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72 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Da análise matricial usual de grelha obtém-se o seguinte sistema linear de


equações:

[ R ] w g = PΩ
(33)
onde wg é o vetor de valores nodais ∂w/∂x1 , ∂w/∂x2 e w de todos os nós de grelha
no domínio da placa e w , ∂w/∂n , ∂w/∂s dos pontos no contorno da placa.

Explicitando-se as contribuições de domínio e de contorno, fica:

⎧w Γ ⎫
[R Γ ]
.. R Ω ⎨ ⎬ = PΩ (34)
⎩w Ω ⎭

Substituindo-se a equação (34) no sistema global do conjunto placa-grelha,


resulta:

⎡ H.. H Ω ⎤ ⎧w Γ ⎫ ⎡G ⎤ ⎡G Ω ⎤ ⎧w Γ ⎫ ⎧p ⎫
[ ]
⎢ ' ' ⎥ ⎨ ⎬ = ⎢ ' ⎥ VΓ + ⎢ ' ⎥ R Γ .. R Ω ⎨ ⎬ + ⎨ ' ⎬ (35)
⎣ H .. H Ω ⎦ ⎩w Ω ⎭ ⎣G ⎦ ⎣G Ω ⎦ ⎩w Ω ⎭ ⎩p ⎭

Agrupando-se os termos em deslocamentos, fica:

⎡ H 11 .. H 12 ⎤ ⎧w Γ ⎫ ⎡G ⎤ ⎧p ⎫
⎢ H .. H ⎥ ⎨w ⎬ = ⎢ ' ⎥ VΓ + ⎨ ' ⎬ (36)
⎣ 21 22 ⎦ ⎩ Ω ⎭ ⎣G ⎦ ⎩p ⎭

Após a imposição das condições de contorno, o sistema pode ser resolvido para
todas as incógnitas do problema. Os momentos fletores dos elementos de grelha podem
ser obtidos na forma usual ao da análise matricial de grelha.
Havendo grelha e colunas acopladas à placa, o sistema global de equações é
similar à equação (29), onde o vetor wΩ inclui os deslocamentos e suas derivadas para
todos os nós do domínio conectados às colunas e à grelha.

4 EXEMPLOS NUMÉRICOS

Aplicou-se a formulação do método, desenvolvida neste trabalho, em exemplos


que visam mostrar sua utilização na análise de placas usuais. Esta formulação permite
uma melhor análise de placas determinando-se as inclinações na direção tangencial de
bordas livres da placa, possibilitando inclusive uma melhor ligação da placa com outros
elementos estruturais como vigas e pilares. Os resultados são comparados com
resultados analíticos, com soluções obtidas por outros processos numéricos como
Método das Diferenças Finitas ou Método dos Elementos Finitos.
Os exemplos para as soluções analíticas de alguns problemas são encontrados
em TIMOSHENKO e WOINOWSKY-KRIEGER (1970) e as obtidas através do
Método das Diferenças Finitas são obtidas das tabelas organizadas por BARES (1972).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 73

Utilizou-se o programa computacional do Método dos Elementos Finitos


PAVIMENTO, DAVID (1995)3, para obtenção de resultados de alguns exemplos. O
programa utiliza o elemento finito DKT e analisaram-se placas discretizadas em 3200
elementos.
Na análise de placas com todo o contorno apoiado ou engastado a formulação
apresentada neste trabalho torna-se semelhante à formulação usual do método, ou seja,
apenas as equações integrais referentes ao deslocamento transversal e à sua derivada na
direção normal ao contorno são efetivamente utilizadas, enquanto a equação integral da
derivada na direção tangencial é anulada no sistema global.
Neste trabalho também é utilizada a formulação proposta por PAIVA (1991)
onde as forças cortantes equivalentes são admitidas concentradas nos pontos nodais, que
melhora efetivamente a análise diminuindo as oscilações dos valores destas forças ao
longo da borda apoiada na placa, estas oscilações são devidas à presença das reações de
canto. Esta melhoria também foi obtida por OLIVEIRA NETO (1991).
Serão mostrados exemplos onde demonstra-se a efetiva contribuição da
formulação proposta para o método.

Exemplo 4.1. Placa quadrada apoiada nos quatro cantos, com carregamento
uniforme.

Neste exemplo analisa-se uma placa quadrada apoiada nos quatro cantos e
submetida a um carregamento uniformemente distribuído, conforme mostra a Figura
4.1.

Figura 4.1 - Placa quadrada apoiada nos quatro cantos.

Os dados numéricos são ν=0,25, dez elementos de contorno lineares em cada


lado de comprimento a e carregamento uniformemente distribuído q. Foram também
utilizados 16 e 24 elementos de contorno no total, sendo obtidos resultados satisfatórios,
porém optou-se por padronizar este número em 40 elementos no total garantindo
resultados de precisão aceitável.
A Tabela 4.1. mostra os resultados obtidos pela formulação proposta,
comparada às soluções analíticas encontradas em TIMOSHENKO e WOINOWSKY-
KRIEGER (1970) e aos obtidos pelo Método dos Elementos Finitos, estes valores
referem-se ao centro da placa.

3
DAVID, R.A. (1995). Elaborado em programa de doutorado na EESC-USP. Professora assistente da
Faculdade de Engenharia, UNESP, campus de Bauru, SP

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


74 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Os valores obtidos pelo Método dos Elementos de Contorno que são


apresentados na Tabela 4.1. em negrito referem-se à utilização de pontos fonte fora do
contorno. Os valores obtidos com a utilização de pontos fonte no contorno, sendo
necessária a utilização de integrais analíticas, são apresentados entre parênteses.

Tabela 4.1 - Deslocamento e esforços na placa apoiada nos quatro cantos


elemento finito form. proposta form. proposta valor fator de
DKT M.E.C. M.E.C. teórico multiplicaçã
M.E.F. aprox. linear aprox. cúbica o
desl. Vertical w 2,52.10-2 2,28.10-2 2,55.10-2 2,57.10-2 fw = q.a4/D
(2,35.10-2) (2,32.10-2)
Momento mx 10,93.10-2 11,81.10-2 11,06.10-2 11,09.10-2 fm = q.a2
(10,78.10-2) (10,70.10-2)
-2
Momento my 10,93.10 11,81.10 -2
11,06.10-2 11,09.10-2 fm = q.a2
(10,78.10-2) (10,70.10-2)

A Tabela 4.2 mostra os valores de deslocamentos e suas derivadas em pontos


ao longo da borda obtidos pela formulação proposta, utilizando-se aproximações
lineares e cúbicas para os deslocamentos transversais w no elemento de contorno.

Tabela 4.2 - Deslocamentos ao longo da borda da placa apoiada nos quatro cantos
x/a (para y = 0) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
M.E.C 4,84.10-3 9,16.10-3 12,53.10-3 14,65.10-3 15,38.10-3
linear (4,24.10-3) (7,94.10-3) (10,76.10-3) (12,51.10-3) (13,11.10-3)
w / fw M.E.C 5,61.10-3 10,38.10-3 14,28.10-3 16,65.10-3 17,46.10-3
cúbica (4,73.10 ) (8,98.10 ) (12,28.10 ) (14,37.10-3) (15,08.10-3)
-3 -3 -3

M.E.F. 5,50.10-3 10,31.10-3 14,02.10-3 16,33.10-3 17,10.10-3


M.E.C 1,54.10-4 1,57.10-4 1,60.10-4 1,66.10-4 1,70.10-4
linear (2,02.10 ) (1,69.10 ) (1,45.10 ) (1,30.10 ) (1,25.10-4)
-4 -4 -4 -4

∂w/∂n /fw M.E.C 2,18.10 1,14.10-4


-4
1,68.10-4 1,35.10-4 1,08.10-4
cúbica (2,00.10 ) (1,69.10 ) (1,46.10 ) (1,32.10 ) (1,28.10-4)
-4 -4 -4 -4

M.E.F. 2,15.10-4 1,67.10-4 1,33.10-4 1,14.10-4 1,08.10-4


-4 -4 -4 -4
M.E.C 2,94.10 2,77.10 2,09.10 1,11.10 0
linear (2,34.10-4) (1,95.10-4) (1,39.10-4) (0,72.10-4) 0
∂w/∂s / fw M.E.C 2,67.10
-4 -4 -4 -4
2,20.10 1,55.10 0,80.10 0
cúbica (2,29.10-4) (2,19.10-4) (1,37.10-4) (0,71.10-4) 0
-4 -4 -4 -4
M.E.F. 2,61.10 2,15.10 1,51.10 0,77.10 0,21.10-6

Os valores obtidos pela formulação proposta do Método dos Elementos de


Contorno apresentados em negrito na Tabela 4.2 referem-se à utilização de pontos fonte
fora do contorno e os valores obtidos por esta formulação utilizando pontos fonte no
contorno estão representados entre parênteses. Os valores obtidos utilizando-se o
programa PAVIMENTO referem-se à utilização de 200 elementos para a discretização
da placa.
Observa-se que os valores de deslocamentos e esforços nos pontos do centro e
ao longo da borda da placa apresentam diferenças da ordem de 6,0% a 12,0% para a
aproximação linear e menores que 2,0% para a aproximação cúbica, quando
comparados os valores com os obtidos pelo M.E.F.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 75

Neste exemplo também aparece a vantagem da utilização da formulação que


admite a força cortante equivalente como força concentrada nos pontos nodais, de
maneira que os valores das reações nos apoios discretos são obtidos diretamente.

Exemplo 4.2. Placa quadrada com carregamento uniforme, com dois lados
adjacentes engastados e dois lados livres.

Neste exemplo é analisada uma placa, conforme mostra a Figura 4.2, com
bordas adjacentes engastadas e as outras livres, demonstrando a boa precisão obtida
pelo método nos valores de deslocamentos e de momentos fletores nos pontos da placa
para um número pequeno de pontos na sua discretização. Os dados numéricos são
ν=0,20 e dez elementos de contorno lineares são utilizados em cada lado de
comprimento a e carregamento uniformemente distribuído q. Os resultados obtidos
são comparados com os obtidos pelo método dos elementos finitos, onde uma divisão
de 144 elementos triangulares de seis parâmetros por nó (T18) foi utilizada, e pela
formulação usual do Método dos Elementos de Contorno com dois parâmetros de
deslocamentos por nó utilizados por PAIVA (1987).

Figura 4.2 - Placa com dois lados engastados e dois livres

Na Tabela 4.3 observam-se valores de deslocamento transversal w e de


esforços com diferenças não ultrapassando 8,0% relativos, e uma maior proximidade
de valores da formulação aqui proposta utilizando três parâmetros em deslocamento por
ponto do contorno com os valores obtidos pelo método dos elementos finitos. Neste
exemplos foram apresentados os valores obtidos com pontos fora de e no contorno, e
aproximação cúbica para o deslocamento transversal w.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


76 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Tabela 4.3 - Resultados obtidos pela formulação apresentada e pelos Métodos


dos Elementos Finitos e de Contorno para a placa da Figura 4.2
M. E. C. M. E. C. M. E. C. M. E. F. Fator
PAIVA FORM. FORM. PAIVA de
(1987) PROPOSTA PROPOSTA (1987) Multi-
(pontos no (pontos fora do plicação
contorno) contorno)
w18 0,0458 0,03914 0,04063 0,0407 q a4 / D
w11 0,0171 0,01522 0,01560 0,0156 q a4 / D
w12 0,0131 0,01187 0,01210 0,0121 q a4 / D
mx1 -0,2630 -0,23625 -0,2445 -0,2409 q a2
mx2 -0,1944 -0,1750 -0,1800 -0,1824 q a2
mx3 -0,1318 -0,12395 -0,1271 -0,1268 q a2
mx4 -0,0707 -0,0650 -0,0700 -0,0700 q a2
mx5 -0,0170 -0,0200 -0,0185 -0,0196 q a2
my14 -0,0229 -0,0173 -0,0189 -0,0191 q a2
my15 -0,0652 -0,0583 -0,0607 -0,0608 q a2
my16 -0,0318 -0,0249 -0,0267 -0,0269 q a2
my17 -0,0418 -0,03136 -0,0337 -0,0337 q a2

Exemplo 4.3. Placa quadrada apoiada nos quatro cantos e vigas ao longo dos lados,
com carregamento uniforme.

Neste exemplo analisa-se uma placa quadrada de lados de comprimento a ,


apoiada nos quatro cantos, Figura 4.3, com vigas ao longo dos lados com momentos de
inércia Iv = 5.a.D / E e submetida a um carregamento uniformemente distribuído q.
Utilizou-se ν=0,25 e dez elementos de contorno retos em cada lado da placa.

Tabela 4.4 - Deslocamento e esforços no centro da placa apoiada nos quatro


cantos com vigas de borda
elemento finito form. proposta form. proposta valor fator de
DKT - M.E.F. M.E.C. M.E.C. teórico multiplicaçã
aprox. linear aprox. cúbica o
desl. vertical w 5,16.10-3 5,43.10-3 5,30.10-3 5,19.10-3 fw = q.a4/D
-2
momento mx 4,98.10 5,03.10 -2
4,99.10-2 4,94.10-2 fm = q.a2
momento my 4,98.10-2 5,03.10-2 4,99.10-2 4,94.10-2 fm = q.a2

A Tabela 4.4. mostra os resultados obtidos pela formulação proposta, em


negrito, e foram comparados aos resultados analíticos encontrados em TIMOSHENKO
e WOINOWSKY-KRIEGER (1970) e aos obtidos pelo Método dos Elementos Finitos
utilizando-se 200 elementos de placa DKT do programa computacional PAVIMENTO,
DAVID (1995), em sua discretização. Observa-se que os valores de deslocamentos e
esforços apresentam diferenças máximas da ordem de 4,0 % nos pontos do centro da
placa entre os valores analíticos e os obtidos pelo Método dos Elementos Finitos.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 77

Figura 4.3 - Placa quadrada apoiada nos quatro cantos e vigas ao longo dos lados.

A Tabela 4.5 mostra os valores de deslocamentos e suas derivadas nas direções


normal e tangencial em pontos ao longo da borda obtidos pela formulação proposta, em
negrito, com as duas opções de aproximação do deslocamento w ao longo do elemento
de contorno, linear e cúbica, comparados aos obtidos utilizando-se o programa
PAVIMENTO.

Tabela 4.5 - Deslocamentos ao longo da borda da placa apoiada nos quatro


cantos e com vigas de borda
x/a (para y = 0) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
M.E.C 3,50.10-4 6,56.10-4 8,89.10-4 10,34.10-4 10,84.10-4
linear
w / fw M.E.C 3,14.10-4 5,90.10-4 8,01.10-4 9,33.10-4 9,78.10-4
cúbica
M.E.F. 2,85.10-4 5,40.10-4 7,42.10-4 8,71.10-4 9,15.10-4
M.E.C 3,53.10-5 5,05.10-5 6,21.10-5 6,92.10-5 7,13.10-5
linear
∂w/∂n /fw M.E.C 3,41.10
-5
4,97.10-5 6,15.10-5 6,89.10-5 7,13.10-5
cúbica
M.E.F. 3,23.10-5 4,76.10-5 5,91.10-5 6,61.10-5 6,84.10-5
-5 -5 -5
M.E.C 1,69.10 1,37.10 0,96.10 0,49.10-5 0,0
linear
∂w/∂s / fw M.E.C 1,51.10
-5
1,24.10-5 0,87.10-5 0,45.10-5 0,0
cúbica
M.E.F. 1,37.10-5 1,16.10-5 0,84.10-5 0,44.10-5 0,0

Na Tabela 4.6 mostram-se os deslocamentos transversais w e os momentos


fletores nas direções x e y , mx e my , para uma linha no eixo de simetria da placa
(y/a=0,5), obtidos pelos dois métodos numéricos, apresentados seguindo-se a convenção
até aqui adotada.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


78 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Tabela 4.6 - Deslocamento transversal e momentos fletores ao longo do eixo de


simetria da placa apoiada nos quatro cantos e com vigas de borda
(y/a=0,5)
x/a (para y/a=0,5) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
M.E.C 24,72.10-4 37,00.10-4 46,42.10-4 52,33.10-4 54,33.10-4
linear
w / fw M.E.C 23,56.10-4 35,75.10-4 45,11.10-4 50,97.10-4 52,97.10-4
cúbica
M.E.F. 22,67.10-4 34,64.10-4 43,89.10-4 49,67.10-4 51,61.10-4
M.E.C 2,18.10-2 3,57.10-2 4,43.10-2 4,89.10-2 5,03.10-2
linear
mx /fm M.E.C 2,16.10-2 3,55.10-2 4,40.10-2 4,85.10-2 4,99.10-2
cúbica
M.E.F. 2,14.10-2 3,52.10-2 4,38.10-2 4,83.10-2 4,98.10-2
-2 -2 -2 -2
M.E.C 2,36.10 3,51.10 4,35.10 4,86.10 5,03.10-2
linear
my / fm M.E.C 2,29.10-2 3,45.10-2 4,30.10-2 4,82.10-2 4,99.10-2
cúbica
M.E.F. 2,32.10-2 3,44.10-2 4,29.10-2 4,81.10-2 4,98.10-2

Tabela 4.7 - Deslocamento transversal e momentos fletores e volventes ao


longo de linha paralela à borda da placa apoiada nos quatro cantos
e com vigas de borda (y/a=0,2)
x/a (para y/a=0,2) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
-4 -4 -4 -4
M.E.C 16,33.10 24,72.10 31,50.10 35,61.10 37,00.10-4
linear
w / fw M.E.C 15,48.10-4 23,56.10-4 30,36.10-4 34,36.10-4 35,75.10-4
cúbica
M.E.F. 14,77.10-4 23,03.10-4 29,36.10-4 33,33.10-4 34,64.10-4
M.E.C 1,60.10-2 2,56.10-2 3,12.10-2 3,42.10-2 3,51.10-2
linear
mx /fm M.E.C 1,57.10-2 2,51.10-2 3,07.10-2 3,36.10-2 3,45.10-2
cúbica
M.E.F. 1,56.10-2 2,48.10-2 3,04.10-2 3,34.10-2 3,44.10-2
M.E.C 1,75.10-2 2,56.10-2 3,12.10-2 3,46.10-2 3,57.10-2
linear
my / fm M.E.C 1,69.10-2 2,51.10-2 3,09.10-2 3,43.10-2 3,55.10-2
cúbica
M.E.F. 1,65.10-2 2,48.10-2 3,07.10-2 3,41.10-2 3,52.10-2
M.E.C 1,90.10-2 1,58.10-2 1,11.10-2 0,57.10-2 0,0
linear
mxy / fm M.E.C 1,94.10-2 1,61.10-2 1,13.10-2 0,58.10-2 0,0
cúbica
M.E.F. 1,93.10-2 1,59.10-2 1,12.10-2 0,57.10-2 0,95.10-4

Na Tabela 4.7 mostram-se os deslocamentos transversais w , os momentos


fletores nas direções x e y , mx e my , e os momentos volventes mxy para uma linha

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 79

paralela à borda da placa com coordenadas (y/a=0,2), obtidos pelos dois métodos
numéricos.
Nota-se nas tabelas 4.5, 4.6 e 4.7 uma maior aproximação dos valores obtidos
com a utilização da aproximação cúbica para os deslocamentos transversais w,
comparados aos obtidos pelo Método dos Elementos Finitos, apesar da aproximação
linear de w também apresentar valores perfeitamente aceitáveis.
Pode-se concluir neste exemplo que a aproximação cúbica proposta neste
trabalho melhora consideravelmente a simulação das ligações da placa com vigas, com
valores comparados aos obtidos pelo Método dos Elementos Finitos.

Exemplo 4.4. Pavimento de edifício apoiado em colunas, sem vigas

Neste exemplo analisa-se o pavimento de edifício representado na Figura 4.4,


cujos dados são:
Laje plana e maciça com espessura de t=16 cm, módulo de elasticidade
E=1964,2 kN/cm2, coeficiente de Poisson ν=0,15 e carregamentos totais da laje de
q=11,25 kN/m2. e Os pilares, de seção 45x45 cmxcm e altura de h=5,50 m, são
engastados na base. O programa computacional PAVIMENTO foi utilizado com uma
malha de 288 elementos triangulares DKT.

Figura 4.4 - Pavimento de edifício apoiado em colunas

Mostram-se as reações e deslocamentos nas interfaces das colunas na tabela


4.8.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


80 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Tabela 4.8 - Deslocamentos e reações de apoio nas colunas da placa


Colunas P1 P2 P7 P8
w MEC 0,02496 0,04285 0,02501 0,04322
(cm) MEF 0,02319 0,039381 0,02349 0,03978
dw/dx MEC 0,003850 0,002243 0,003808 0,0001002
MEF 0,003890 0,004003 0,003873 0,0000201
dw/dy MEC 0,008396 0,007163 0,008364 0,007144
MEF 0,008582 0,007318 0,0085560 0,007185
RCOLUNA MEC 167,34 287,26 167,64 289,70
(kN) MEF 167,70 284,80 169,89 287,67
Mx MEC -27,50 -64,72 -26,93 -64,78
(kNxcm) MEF -31,39 -66,59 -31,58 -65,72
My MEC -25,13 -51,02 -24,42 -50,66
(kNxcm) MEF -30,93 -57,15 -31,98 -57,51

Mostram-se nas Figuras 4.5 a 4.12 os valores de deslocamentos transversais w


(cm) e de suas derivadas nas direções normal e tangencial ao contorno ao longo do eixo
y=0,0 e de deslocamentos e momentos fletores e volventes (x102 kNxcm) da laje ao
longo de dois eixos internos da placa obtidos pelos dois métodos numéricos.

Deslocamentos w na borda da placa (para y=0)

1,00000
0,50000
0,00000
0,00
-0,50000 200,0 400,0 600,0 800,0 1000, 1200, 1400,
0 0 0 0 00 00 00
-1,00000
-1,50000
X

w - MEF w - MEC

Figura 4.5 - Deslocamentos w , borda y=0,0 cm

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 81

Variação dos deslocamentos

0,01000

0,00500

0,00000
0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,0 1200,0 1400,0
-0,00500 0 0 0
x (cm)

dw/dn dw/ds dw/dn dw/ds


- MEC - MEC - MEF - MEF

Figura 4.6 - Derivadas de deslocamentos dw/dn e dw/ds, borda y=0,0 cm

Mx para y=465,00 cm

2000,00

1000,00

0,00
0,00 500,00 1000,00 1500,00
-1000,00

-2000,00
X

Mx - MEC Mx - MEF

Figura 4.7 - Momentos fletores Mx , seção com y=465,0 cm

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82 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

My para y=465,00 cm

4000,00
3000,00
2000,00
1000,00
0,00
0,00 500,00 1000,00 1500,00
x (cm)

My MEC My MEF

Figura 4.8 - Momentos fletores My , seção com y=465,0 cm

Mxy para y=465,00 cm

300,00
200,00
100,00
0,00
0,00
-100,00 500,00 1000,00 1500,00
-200,00
-300,00
-400,00
x (cm)

Mxy MEC Mxy MEF

Figura 4.9 - Momentos fletores volventes Mxy , seção com y=465,0 cm

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Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 83

Mx para x=452,00 cm

2500,00
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
0,00 200,00 400,00 600,00 800,00
y (cm)

Mx MEC Mx MEF

Figura 4.10 - Momentos fletores Mx , seção com x=452,0 cm

My para y=465,00 cm

4000,00
3000,00
2000,00
1000,00
0,00
0,00 500,00 1000,00 1500,00
x (cm)

My MEC My MEF

Figura 4.11 - Momentos fletores My , seção com x=452,0 cm

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


84 Luttgardes de Oliveira Neto & João Batista de Paiva

Mxy para x=452,00 cm

400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
-100,00
0,00 200,00 400,00 600,00 800,00
-200,00
-300,00
-400,00
x (cm)

Mxy MEC Mxy MEF

Figura 4.12 - Momentos fletores volventes Mxy , seção com x=452,0 cm

Das Figuras 4.5 a 4.12 confirma-se novamente os excelentes resultados obtidos


pela formulação do Método dos Elementos de Contorno proposta; tem-se nesta
formulação uma proposta de melhoria da análise de placas delgadas com bordas livres,
onde a introdução da outra variável de contorno que surge nestes casos, a derivada do
deslocamento na direção tangencial ∂w/∂s, traz nítidas melhorias nos resultados de
deslocamentos e esforços, quando comparados com os resultados obtidos pela
formulação usual do método. A utilização da aproximação cúbica, possibilitada pela
introdução da variável ∂w/∂s ao equacionamento, e a relação conjunta desta variável
com o deslocamento transversal w nos termos da matriz, tornaram as equações destes
deslocamentos acopladas, deixando de ser independentes entre si, melhorando
sensivelmente a consistência esta matriz e do sistema global de equações. A introdução
da variável ∂w/∂s ao equacionamento traz também a possibilidade da ligação da placa
com outros elementos estruturais lineares envolvidos na análise de pavimentos de
edifício, como vigas e pilares, conforme pode ser observado nestes exemplos numéricos
finais.

5 CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho foi o de apresentar uma formulação alternativa do


método dos elementos de contorno para a análise de placas delgadas visando possibilitar
a sua utilização prática para análise de pavimentos de edifícios e sua associação com
outros elementos estruturais envolvidos. É evidente a contribuição introduzida pela
formulação utilizando três parâmetros nodais em deslocamentos à análise de placas
isoladas, principalmente apresentando bordas livres, e obtendo bons resultados na
análise de pavimentos, considerando-se a melhor modelagem que permite nas ligações
placa-viga e placa-pilar, principalmente.
Na forma com que a formulação tradicional é equacionada, a derivada de
deslocamento na direção tangencial ao contorno ∂w/∂s não aparece. Pela formulação

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 61-87, 2005


Uma formulação do método dos elementos de contorno com três parâmetros nodais... 85

apresentada neste trabalho, os três valores nodais de deslocamento utilizados são os


mesmos definidos nos elementos lineares, vigas e pilares, nos outros métodos
numéricos mais utilizados, em especial o método dos elementos finitos. Desta forma, a
estrutura é melhor modelada para ser analisada como um conjunto, onde a
compatibilidade entre os três parâmetros nodais em deslocamento é realizada
diretamente. No caso da formulação tradicional do método dos elementos de contorno
isto requer maiores esforços para se analisarem caso a caso os problemas, no sentido de
contornar a não compatibilização das variáveis.
Outro ponto importante a ser comentado refere-se à aproximação cúbica dos
deslocamentos transversais no elemento de contorno que, na forma como é realizada
também no método dos elementos finitos, permite perfeita compatibilização dos
deslocamentos da placa e da viga ao longo do elemento. Com isto a associação do
elemento de contorno da placa com elementos lineares é realizada em níveis de
interpolação compatíveis, melhorando com certeza a análise numérica dos problemas.
Pela forma como são ligadas placa e viga, cuja interação é feita por pontos
discretos, a proposta de se admitirem as forças cortantes equivalentes como forças
concentradas traz também vantagens, simplificando sobremaneira a análise de placas
delgadas.
Esta formulação considerando as forças contantes equivalentes como forças
concentradas já vinha sendo utilizada para os casos de placas isoladas, melhorando a
oscilação de valores em bordas apoiadas em proximidades de cantos. Estas oscilações
ocorrem devido às reações de canto, inerente à formulação de placas delgadas, pois são
forças concentradas que afetam os valores de esforços na sua proximidade. Para o caso
de análise de placas com bordas livres, com apoios discretos ou ainda na associação
com vigas e pilares, a consideração das forças cortantes equivalentes como forças
concentradas traz melhorias à análise conforme observado nos exemplos numéricos.

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88
UMA FORMULAÇÃO DO MÉTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS APLICADA À ANÁLISE
ELASTOPLÁSTICA DE CASCAS
Arthur Dias Mesquita1 & Humberto Breves Coda2

Resumo
Um elemento finito para análise elastoplástica de placas (em flexão ou não) e cascas é
descrito. Este elemento apresenta geometria triangular e é o resultado do acoplamento
entre um elemento de flexão de placas (DKT) e um elemento de tensão plana, baseado
na formulação livre (FF). O elemento DKT é um elemento finito bem conhecido,
considerado por muitos autores como um dos melhores de sua classe. O elemento FF
apresenta o grau de liberdade rotacional, que é essencial quando se trabalha com
cascas aproximadamente planas. Além disso, sua convergência é garantida devido à
imposição do ‘Teste do Elemento Individual’. O comportamento elastoplástico é
aproximado por meio de técnicas de integração implícita. Plasticidade associativa é
considerada com encruamento isotrópico e critério de von Mises. Afim de preservar a
taxa assintótica de convergência quadrática do método de Newton-Raphson, a matriz
tangente elastoplástica consistente é aplicada. Resultados demonstram a precisão e
eficiência da formulação proposta.

Palavras-chave: Elemento finito; formulação livre; casca; placa; membrana;


elastoplástico; implícito.

1 INTRODUÇÃO

Devido à complexidade matemática dos modelos que representam a maioria dos


problemas na engenharia, poucas são as soluções analíticas encontradas. As soluções
exatas obtidas para casos específicos, são limitadas pela geometria do problema e por
hipóteses bastante simplificadoras. Quando se trata de problemas não lineares de cascas
a complexidade é ainda maior. Nestes casos, apela-se para os métodos numéricos, em
particular para o Método dos Elementos Finitos (MEF). Dessa forma, pode-se
representar o comportamento do problema abordado de maneira mais precisa e
eficiente. Entretanto, muitas das formulações de elementos finitos de cascas não são
confiáveis. Algumas formulações apresentam problemas de travamento, implicando na
incapacidade do elemento reproduzir a solução teórica, caracterizando uma sobrerigidez
numérica, que toma maior importância a medida que se reduz a espessura. Além disso, a
presença da curvatura torna mais difícil a representação dos modos de corpo rígido e a
1
Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-USP
2
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, hbcoda@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


90 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

compatibilidade interelemental, qualidades que impedem a satisfação do patch test e


consequentemente a garantia de convergência. Um outro problema, bastante comum nas
formulações de elementos finitos de cascas, é a inexistência do grau de liberdade
rotacional (“drilling”). A liberdade rotacional proporciona uma modelagem mais
coerente da estrutura em casca, além do mais, evita que a matriz de rigidez global
apresente singularidades nos casos onde os elementos da estrutura são coplanares ou
aproximadamente coplanares. Neste contexto, apresenta-se o desenvolvimento de um
elemento finito triangular para análise elastoplástica de cascas1. O elemento é
construído através do acoplamento entre o elemento de flexão de placas DKT2,3 e o
elemento de membrana4,5 desenvolvido através da Formulação Livre. Este elemento
finito de casca, proposto inicialmente por Mesquita e Coda6 para análise elástica-linear,
possui o grau de liberdade rotacional e não apresenta problemas de travamento por
cisalhamento (“shear looking”). Além disso, ambos os elementos (flexão e membrana)
satisfazem o patch test e consequentemente possuem garantia de convergência.

2 FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE CASCA

Uma forma simples de tratar o problema de cascas através do MEF, consistiria da


aplicação de elementos planos que incorporam o comportamento de flexão (elemento de
flexão de placas) e membrana (elemento de tensão plana). Esta forma de abordar o
problema, adotada neste trabalho, apesar de simples não deixa de ser eficiente, tendo em
vista o objetivo de se tratar problemas não-lineares. Assim, supondo um elemento com
um número de n nós, o campo de deslocamento pode ser escrito como:

⎡[ϕ ]m [0] ⎤ ⎧{δ }m ⎫


{ U} = [ϕ ]{δ } = ⎢ ⎥⎨ ⎬ (1)
⎣ [0] [ϕ ]f ⎦ ⎩ {δ }f ⎭

sendo a submatriz [ϕ ]m de ordem 2x3n, contém um conjunto de funções de forma


referente ao estado de membrana. Semelhantemente, a submatriz [ϕ ]f de ordem 1x3n,
contém um conjunto de funções de forma referente ao estado de flexão. Os termos {δ }m
e {δ }f são os vetores de deslocamentos nodais do elemento, no sistema local,
relacionados com os estados de membrana e flexão respectivamente, expressos como:

{δ } Tm = [ u i vi θ zi uj ⋅ ⋅ ⋅ θ zn ] e {δ} Tf = [w i θ xi θ yi w j ⋅⋅⋅ θ yn ] (2)

Note que o vetor de deslocamentos {δ }m contém o grau de liberdade rotacional


θ z . As deformações podem ser obtidas diferenciando-se apropriadamente o campo de
deslocamento apresentado em (1). Desta forma, tem-se:

{ε } = [∇ ]m [ϕ ]m {δ } m + z[∇ ]f [ϕ ]f {δ } f = [[B ]m z[B ]f ]{δ } = [B ]{δ }


(3)

onde [B ]m e [B ]f são as matrizes de deformação correspondentes aos estados de


membrana e flexão respectivamente e as expressões [∇ ]m e [∇ ]f são definidas como:

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 91

⎡ ∂ ∂x 0 ∂ ∂y ⎤ ⎡ ∂2 ∂2 ∂2 ⎤
[∇ ]Tm = ⎢ ∇ T
= − ⎢ 2
∂ ∂y ∂ ∂x ⎥⎦ ∂x∂y ⎥⎦
e [ ] 2 (4)
⎣ ∂x ∂y 2
f
⎣ 0

A expressão da matriz de rigidez pode ser obtida aplicando-se a equação (3) na


definição da energia de deformação U , da seguinte forma:

1 1 1 1
U=
2 ∫ V
{ε } T {σ }dV = ∫ {ε } T [ D]{ε }dV = ∫ {δ } T [B ]T [ D][B ]{δ }dV = {δ } T [K ]{δ }
2 V 2 V 2
(5)

onde [ D ] é um operador constitutivo não-linear e [K ] é a matriz de rigidez definida


como:
⎡ [B ]Tm ⎤
[K ] = ∫ [B ]T [ D ][B ]dV = ∫ ⎢
V z[ B ]T
⎥[ D ][[B ]m z[B ]f ]dV (6)
V
⎣ f ⎦

Para visualizar melhor a expressão da matriz de rigidez, pode-se expandir a


equação (6), de maneira que:

⎡ ∫ [B ]Tm [ D ][B ]m dV ∫ [B] z[ D][B] dV ⎤⎥


T

[K ] = ⎢ V T
m f
V
(7)
⎢⎣ ∫V [B ]f z[ D ][B ]m dV ∫ [B] z [ D][B] dV ⎥⎦
V
T
f
2
f

Assim, utilizando-se técnicas de integração numérica para obter os termos de


flexão, membrana e acoplamento entre os dois primeiros, é possível obter a matriz de
rigidez. Note que, no caso da elasticidade linear considerando material homogêneo os
termos de acoplamento são nulos. Entretanto, em uma análise elastoplástica, os termos
de acoplamento na expressão de [K ] devem ser considerados, preservando assim, a taxa
de convergência quadrática do método Newton-Raphson. Ressalta-se ainda, a
simplicidade da formulação, visto que, para construir o elemento só é necessário a
existência das matrizes de deformação referentes aos estados de flexão (elemento de
flexão de placas) e membrana (elemento de membrana), que podem ser obtidas
separadamente.
Os esforços podem ser obtidos pela integração das tensões através da espessura,
da seguinte forma:

⎧ {N} ⎫ h 2 ⎧ {σ } ⎫
⎨ ⎬ = ∫− h 2 ⎨ ⎬dz (8)
⎩{M }⎭ ⎩ z{σ }⎭

onde {N} e {M} são respectivamente os esforços de membrana e flexão. Neste


trabalho, as tensões serão obtidas através de um procedimento implícito que será
posteriormente apresentado.

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92 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

3 ELEMENTO DE MEMBRANA

Para simular os efeitos de membrana na casca, utilizar-se-á o elemento


triangular com graus de liberdade rotacionais desenvolvido através da Formulação
Livre7.

Figura 1 - Geometria e graus de liberdade do elemento de membrana.

A Formulação Livre apresenta uma definição para a matriz de deformação, de


maneira que, aplicada na definição padrão da energia potencial, produza uma matriz
de rigidez positiva definida, que satisfaça ao “teste do elemento individual” e
consequentemente ao patch test. Assim, a matriz de deformação é expressa como:

1 1
[ B ]m = [L]T + β ([B ]a − ∫ [B ]a dV ) (9)
V V V

onde V é o volume do elemento, β é um escalar aplicado de maneira a não destruir as


propriedades de convergência (sendo β ≥ 0 ), [ B ]a é a matriz de deformação definida
pela diferenciação apropriada dos modos de alta ordem do elemento de membrana. A
matriz [L] é denominada matriz “lumping” por transformar consistentemente as tensões
{σ }rc (fig. 2a), provocadas por um estado de corpo rígido/deformação constante sobre o
elemento, no vetor de forças nodais equivalente {F}rc , da seguinte maneira:

{F}rc = [L]{σ }rc ; [ L] = ∫


Γ
[ϕ ]TΓ dΓ (10)

onde Γ representa o contorno do elemento. Note que, o vetor de tensões {σ }rc se


relaciona com as tensões no lado do elemento {σ }rc (fig. 2a), da seguinte forma:

⎡nx 0 ny ⎤
{σ }rc = [ n]{σ }rc [ n] = ⎢
n x ⎥⎦
; (11)
⎣0 ny

sendo [ n] a matriz que contém as componentes do versor normal ao lado do elemento.

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Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 93

(a) (b)
Figura 2 - (a)Tensões devido a um estado-rc. (b)Deformada de um lado do elemento.

A expressão da matriz [L] apresentada na equação (10), pode ser encontrada


aplicando-se o princípio dos trabalhos virtuais δWΓ em todo o contorno do elemento,
como:

δWΓ = {F}rcT {δu} = ∫ Γ


{σ }rcT [ϕ ]Γ {δu}dΓ = {σ }rcT ∫ [ϕ ]Γ dΓ {δu} = {σ }rcT [L]T {δu}
Γ
(12)

onde [ϕ ]Γ = [ n]T [ϕ ]Γ , sabendo que [ϕ ]Γ é um conjunto de funções de forma dos


deslocamentos do contorno e {δu} é o vetor de deslocamentos virtuais do elemento no
sistema xy . Segundo Bergan e Fellipa4, para compatibilizar a não existência de uma
única relação entre as rotações do lado do elemento e a definição da mecânica do
contínuo, θ Z = 12 ( ∂∂xv + ∂∂uy ) , é necessário introduzir o escalar α (fig. 2b) de maneira a
ligar esses dois conceitos. O parâmetro α encontra-se implicitamente na expressão da
matriz “lumping” [L ] multiplicando os termos relativos aos giros.

4 ELEMENTO DE FLEXÃO (DKT)

O elemento DKT (Discrete Kirchhoff Triangle) foi inicialmente publicado por


Stricklin et al.8. Reexaminado por mais de uma década, atualmente encontra-se entre os
melhores elementos para análise de flexão em placas de sua classe. As funções de
deslocamento do elemento são conformes, dessa forma, a continuidade de todas as
variáveis essenciais ao longo dos lados do elemento e a convergência na solução de
placas delgadas é garantida3. O elemento de placa DKT possui geometria triangular (fig.
3), sendo constituído de 9 graus de liberdade (deslocamento transversal w e as rotações
θ X e θ Y nos vértices). Sua formulação tem como ponto de partida o elemento
triangular com nós nos vértices e no meio dos lados (fig. 3a).

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94 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

(a) (b)
Figura 3 - Desenvolvimento do DKT. (a) Elemento inicial. (b)Elemento final.

Inicialmente a teoria de Reissner-Mindlin é adotada, daí a necessidade de se obter


funções interpoladoras independentes para as rotações θ X e θ Y , por estas não
dependerem apenas das respectivas derivadas parciais w/x e w/y apresentada na teoria
de Kirchhoff, mas também, das parcelas oriundas da consideração da deformação por
esforço cortante. Posteriormente, as hipóteses da teoria de Kirchhoff juntamente com
outras, são aplicadas discretamente ao longo dos lados do elemento, permitindo eliminar
os graus de liberdade extras localizados no meio dos lados, degenerando no elemento da
figura 3b com nove graus de liberdade. Assim, na formulação da matriz de rigidez do
elemento DKT, adotam-se as seguintes hipóteses:
1)As rotações θ X ( x , y ) e θ Y ( x , y ) variam quadraticamente sobre o elemento.
6
θ x ( x, y ) = {ϕ }T {θ x } → θ x ( x, y ) = ∑ ϕ i θ xi (13a)
i =1
6
θ y ( x, y ) = {ϕ } T {θ y } → θ y ( x, y ) = ∑ ϕ i θ yi (13b)
i =1
2)A variação do deslocamento transversal w(s) é cúbica ao longo dos lados.
3)Impondo variação linear da rotação θ s (rotação na direção s) ao longo dos lados.
4)As hipóteses de Kirchhoff são impostas discretamente nos nós intermediários e dos
vértices.

Aplicando as hipóteses apresentadas, fazendo uso de relações geométricas


(transformação de coordenadas), pode-se eliminar os graus de liberdade extras no meio
dos lados do elemento das expressões de θ x ( x , y ) e θ y ( x , y ) em (13), de maneira que
estas expressões sejam escritas em função apenas dos graus de liberdade dos vértices
( w i , θ xi , e θ yi , onde i = 1,2,3 ), da seguinte forma:

θ x ( x, y ) = {ϕ } T {θ x } = {ϕ } T [G]{δ } f (14a)
θ y ( x , y ) = {ϕ } T {θ y } = {ϕ } T [ H ]{δ } f (14b)

Definidas as rotações θ x ( x , y ) e θ y ( x , y ) em função dos deslocamentos nodais do


vértice, pode-se encontrar o vetor de deformações, definido como:

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Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 95

⎧ θ x ( x, y ) ⎫
{ε } = z[∇ ]m ⎨ ⎬ = z[B ]f {δ } f (15)
⎩ − θ y ( x , y )⎭

onde [∇ ]m está definido na equação (41) e [ B ]f é a matriz de deformação de flexão.


Note que {ε } = [ε x ε y γ xy ] , de maneira que as componentes referentes aos efeitos
do esforço cortante são desprezadas. Sendo assim, na formulação da matriz de rigidez
do elemento a parcela da energia de deformação devido ao esforço cortante é
desprezada, considerando apenas a parcela devido a flexão.

5 RELAÇÃO CONSTITUTIVA ELASTOPLÁSTICA

O comportamento elastoplástico tem sua modelagem fundamentada nas seguintes


definições:

*Relação constitutiva elástica {dσ } = [ D]{dε }e (16a)


*Decomposição aditiva das deformações totais {dε } = {dε } e + {dε } p (16b)
*Lei de evolução das deformações plásticas {dε } p = λ {∂F ∂σ} = λ {ψ } (16c)
*Critério de plastificação F({σ }, κ ) = f ({σ }) − σ ( κ ) ≤ 0 (16d)
*Lei de evolução do encruamento κ = ∫ d κ = ∫ dε p (16e)

onde κ é o parâmetro de encruamento definido em função do incremento de deformação


plástica equivalente dε p (encruamento por deformação).
A noção de carregamento/descarregamento pode ser definida através das
condições de Kuhn-Tucker, expressas como:

*Condições de Kuhn-Tucker F({σ }, κ ) ≤ 0 , λ ≥ 0 , λF({σ }, κ ) = 0 (17)

A relação (16c) é conhecida como princípio da normalidade, pode ser interpretada


como a condição de que o vetor incremento de deformação plástica seja normal à
superfície de plastificação no espaço das tensões, pois ∂F ∂σ é um vetor de direção
normal à superfície de escoamento no ponto referente ao estado de tensão considerado
(fig. 4). Pode-se tornar menos rígida a restrição imposta à relação (16c) tomando-se um
potencial plástico Q = Q({σ }, κ ) com unidade de tensão, de maneira que:

{dε } p = λ {∂Q ∂σ} (18)

O caso particular de F=Q, é conhecido com o nome de plasticidade associada. Se


Q≠F, a plasticidade é não associada. Neste trabalho, por simplicidade, será adotada a
plasticidade associativa.

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96 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

Figura 4 - Superfície de plastificação: princípio da normalidade.

Supondo-se que o estado de tensão atual verifique a função de plastificação, num


processo de carregamento plástico, o ponto representativo do novo estado de tensão
deve permanecer na superfície de plastificação. Este requerimento representa a
condição de consistência plástica expressa por: F = 0 e dF = 0 . Dessa forma tem-se:

dF = {∂F ∂σ} {dσ } + ∂F ∂κ = {ψ } T {dσ } − λΛ = 0


T
(19)

onde

1 ∂F
Λ=− dκ (20)
λ ∂κ

Aplicando-se as equações (16a-c) e (19), pode-se deduzir a expressão da matriz


tangente elastoplástica, de forma que:

{dσ } = [ D]ep {dε } (21)

onde [ D]ep é a matriz tangente elastoplástica expressa como:

[ D]{ψ }{ψ } T [ D]
[ D]ep = [ D] − (22)
{ψ } T [ D]{ψ } + Λ

6 MATRIZ TANGENTE ELASTOPLÁSTICA CONSISTENTE

A derivação da matriz tangente elastoplástica consistente (ou algorítmica) pode ser


encontrada em muitos trabalhos9,10,13,14. Esta matriz é consistente com o algoritmo de
integração implícito (backward Euler) e a aplicação desta preserva a característica de
convergência quadrática do método de Newton-Raphson9. Técnicas padrão podem
utilizar a matriz tangente elastoplástica em (22), que é inconsistente com o
procedimento de integração implícito (a não ser que o tamanho do incremento seja
infinitesimal), provocando a perda da característica de convergência quadrática do
método de Newton-Raphson13. A expressão da matriz tangente elastoplástica pode ser
obtida através da linearização do algoritmo implícito e neste trabalho será deduzida, por
simplicidade, para um material elastoplástico perfeito.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 97

{σ } i +1 = [ D]({ε } i +1 − {ε } pi +1 ) = [ D]({ε } i + 1 − {ε } pi ) − λ[ D]{ψ } i +1 (23)

Desta forma tem-se:

{σ }i +1 = {σ }ten
i + 1 − λ[ D]{ ψ } i + 1 (24)

onde {σ }i +1 é o estado de tensão procurado e o sobrescrito ‘ten’ indica um estado de


tentativa (previsão elástica). Diferenciando a equação (24) obtém-se:

{dσ } i + 1 = [ D]{dε } i + 1 − dλ[ D]{ψ } i + 1 − λ[ D][ ∂ψ ∂σ ] i +1 {dσ } i + 1 (25)

Note que o último termo em (25) é omitido na derivação da matriz tangente


elastoplástica. Explicitando o valor de {dσ } i +1 na equação (25), obtém-se:

{dσ } i + 1 = [Ξ ]({dε } i + 1 − dλ {ψ } i + 1 ) (26)

onde [Ξ ] é a matriz tangente elástica modificada (algorítmica) expressa como:

[
[Ξ ] = [ D]− 1 + λ[ ∂ψ ∂σ ] i + 1 ]
−1
(27)

Semelhantemente a (19), pode-se aplicar a condição de consistência plástica, de


maneira que:

dFi +1 = {ψ }Ti +1 {dσ }i +1 = {ψ }Ti +1 [Ξ ]{dε }i +1 − dλ {ψ }Ti +1 [Ξ ]{ψ }i +1 = 0


(28)

Manipulando as equações (26) e (28) encontra-se:

{dσ } i + 1 = [ D]epc {dε } i + 1 (29)

onde [ D]epc é a matriz tangente elastoplástica consistente expressa como:

[Ξ ]{ψ }i +1 {ψ }Ti +1[Ξ ]T


[ D]epc = [Ξ ] − (30)
{ψ }Ti +1[Ξ ]{ψ }i +1

Note que, quando o incremento de carga tende a zero, o parâmetro λ também


tende a zero, de maneira que a matriz algorítmica [Ξ ] apresentada em (27) se degenera
na matriz constitutiva elástica [ D] , dessa forma, a matriz tangente elastoplástica
consistente [ D]epc definida em (30) reduz-se à matriz tangente elastoplástica clássica
[ D]ep apresentada em (22), considerando encruamento nulo. Esta característica
apresentada pela matriz [ D]epc expressa o requerimento de consistência9.

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98 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

7 ALGORITMO IMPLÍCITO (BACKWARD EULER)

O procedimento implícito de integração das tensões por si só fornece suficiente


precisão, evitando a aplicação de técnicas para melhorar o seu desempenho, tais como
sub-incrementação. Este é incondicionalmente estável e caracteriza-se, através de uma
interpretação geométrica, por proporcionar um retorno à superfície de plastificação
segundo a direção normal à própria superfície na posição atual, como pode ser
observado na figura 5. Para o caso específico do critério de von Mises e lei de fluxo
associativa a projeção proporcionada pelo procedimento implícito ocorre sempre na
direção radial, sendo por isso denominado “Radial Return Mapping”. Segundo Simo e
Hughes9 o procedimento permite a definição de uma matriz tangente elastoplástica
consistente com o algoritmo de retorno. Dessa forma, fazendo-se uso da matriz
elastoplástica consistente, a convergência quadrática do método de Newton-Raphson é
garantida. As relações do algoritmo implícito podem ser escritas como:

Deformações totais {ε } i + 1 = {ε } i + {∇ S U }
Tensões {σ } i + 1 = [ D]({ε } i + 1 − {ε } iP+ 1 )
Deformações plásticas {ε } iP+ 1 = {ε } iP + λ {∂F ∂σ } i + 1 = {ε } iP + λ {ψ } i + 1
Parâmetro de encruamento κ i + 1 = κ i + dκ i + 1 = κ i + dε iP+ 1 (31)
Deformação plástica efetiva dε iP+ 1 = 23 [dε ]iP+ 1 = 2
3 ([dε ]iP+ 1 :[dε ]iP+ 1 ) 1 2
Lei de Encruamento σ ( κ i + 1 ) = σ y + Hκ i + 1
Critério de Plastificação F({σ } i + 1 , κ i + 1 ) = f ({σ } i + 1 ) − σ ( κ i + 1 ) ≤ 0

onde ∇ s (⋅) é o operador de deformações que atua sobre o campo de deslocamentos { U}


definido no passo de tempo [t, t + ∆t ] , [ D] é a matriz constitutiva elástica, σ y é a
tensão de escoamento inicial e H é o módulo plástico de encruamento isotrópico.

B {σ } ten
i +1

{ ψ }i + 1
Procedimento explícito
(solução incoerente) Procedimento implícito
{σ } imp
i +1
{ ψ }i
{σ } exp
i +1
D
C

Figura 5 - Procedimento de integração implícito e explícito.

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Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 99

INTEGRAÇÃO DAS TENSÕES

No processo de integração das tensões pelo procedimento implícito, é necessário


considerar um estado de tentativa (etapa de previsão), que é tomado como um passo
puramente elástico, de maneira que são válidas as seguintes relações:

{ε } i + 1 = {ε } i + {∇ S U}
{σ } ten
i + 1 = [ D]({ε } i + 1 − {ε } i )
P
(32)
F({σ }ten i + 1 , κ i ) = f ({σ } i + 1 ) − σ ( κ i )
ten

Se as tensões obtidas na previsão elástica não violarem a condição de


plastificação, significa que o estado de tensão obtido é admissível e compatível com o
modelo adotado. Por outro lado, se as tensões obtidas estiverem fora da superfície de
escoamento, um outro estado de tensão deve ser procurado de modo a se tornar
compatível com o modelo adotado. Dessa forma tem-se:

{σ } i + 1 = [Ξ( λ )][ D]−1 {σ } ten


i +1

κ i + 1 = κ i + dκ i + 1 = κ i + dε ( λ ) iP+ 1 (33)
{ε } iP+ 1 = {ε } iP + λ {∂F ∂σ } i + 1 = {ε } iP + λ {ψ } i + 1

onde [Ξ ] é a matriz tangente elástica modificada (algorítmica) definida como:

[Ξ ] = [[ D]− 1 + λ[ P ]]
−1
(34)

Note que as expressões (33) dependem da determinação do parâmetro


λ (multiplicador plástico). Conforme apresentado por Simo e Taylor10, o parâmetro λ
pode ser obtido impondo-se a condição de consistência no instante i+1, ou seja:

F({σ }i +1 , κ i +1 )2 = f ({σ ( λ )}i +1 ) 2 − σ ( κ ( λ ) i +1 ) 2 = 0 (35)

Para estado plano de tensão com material isotrópico, fazendo uso do critério de
von Mises, a expressão (35) possui uma forma particularmente simples1,9,10.

8 RESULTADOS NUMÉRICOS

São apresentados os resultados numéricos da implementação computacional do


elemento de casca com comportamento elástico-linear e elastoplástico. Inicialmente
apresentam-se estudos de convergência do elemento de casca, considerando-se apenas o
comportamento elástico-linear. A rede é refinada progressivamente, verificando sempre
se o valor do deslocamento obtido converge para a solução teórica. Posteriormente,
analisa-se o comportamento e o desempenho do elemento de casca proposto,
considerando os efeitos não-lineares físicos. Por conveniência, o elemento aqui
apresentado é denominado FFDKT (Free Formulation Discret Kirchoff Triangle).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


100 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

8.1 Resultados numéricos elástico-lineares

Nos exemplos analisados, o elemento de casca é confrontado com elementos


considerados de boa performance. Dois elementos triangulares planos de casca com
graus de liberdade rotacional15 serão utilizados na comparação. Estes elementos foram
construídos pelo acoplamento entre o elemento de flexão de placa DKT e os elementos
de membrana (com drilling) desenvolvidos por Allman com integração reduzida
(ALLMAN 1) e integração normal (ALLMAN 2). O elemento triangular plano de casca
TLCL16, também será utilizado nas análises de convergência. Este elemento não possui
o grau de liberdade rotacional, porém, o elemento de placa utilizado no acoplamento é
formulado uilizando as hipóteses de Reissner-Mindlin onde a deformação por esforço
cortante é considerada. Nas análises o elemento proposto utilizará os parâmetros
α = 1,2 e β = 0,001 .

CILINDRO COM PAREDES RÍGIDAS


O cilindro com parede rígida nas suas extremidades é solicitado por cargas
concentradas radiais (fig. 6a). Devido a sua simetria discretiza-se apenas 1 8 do mesmo.
O gráfico de convergência do deslocamento radial do ponto A é apresentado na figura
6b, onde está indicada também, a solução analítica para o problema.

0.2
x L=600,0
F=1 0.18248
R=300,0
Sim. A 0.16
t=3,0
E=3,0x102
y’ ν=0,3 0.12
W(A)

FFDKT(1,2;0,001)
Parede
Rígida x’ 0.08 TLCL
ALLMAN 1
R Sim.
0.04 ALLMAN 2
θ ANALÍTICO

z 0
2x2 4x4 8x8 16x16
Sim.
L REDE
y
(a) (b)
Figura 6 - (a)Cilindro com paredes rígidas. (b)Convergência do deslocamento do ponto A.

CÚPULA ESFÉRICA VAZADA

A estrutura é solicitada por cargas concentradas radiais e devido a sua simetria


discretiza-se apenas ¼ da semi-esfera. Os resultados para o deslocamento radial
apresentados pelos elementos são comparados com a solução analítica do problema no
gráfico de convergência da figura 7b.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 101

0.1
0.0924
18o z R=10,0
t=0,04 0.08
E=6,825x107
θ Livre ν=0,3
0.06

U(A)
Sim.
Sim. 0.04
FFDKT(1,2;0,001)
ALLMAN 1
0.02 ALLMAN 2
F=1 TLCL
'EXATO'
φ y 0
A
Livre
2x2 4x4 8x8 16x16
F=1 REDE
x

(a) (b)
Figura 7 - (a)Cúpula esférica. (b) Convergência do deslocamento do ponto A.

8.2 Resultados numéricos elastoplásticos

O elemento aqui proposto é confrontado com outros elementos, com a finalidade


de verificar o seu desempenho. Adotou-se um modelo estratificado baseado na
quadratura de Gauss juntamente com o método de Newton-Raphson para solução de
sistemas não-lineares. Na atualização da matriz de rigidez, utilizou-se a matriz
elastoplástica tangente consistente, preservando assim, a taxa de convergência
quadrática do método de Newton. Todas as análises foram realizadas utilizando-se um
total de trinta incrementos iguais.

PAINEL DE COOK

Este problema proposto por Cook é bastante utilizado na avaliação de elementos


de membrana em análises elásticas lineares. A estrutura analisada é uma viga engastada
solicitada por um carregamento parabolicamente distribuído aplicado em sua
extremidade livre. A geometria e as grandezas envolvidas no problema são apresentados
na figura 8a. Na análise do problema elastoplástico foram admitidas tolerâncias em
força e em deslocamento de 0,001%. Na figura 8b apresenta-se o diagrama
%Carregamento x deslocamento transversal do ponto A (ponto no meio da extremidade
livre). Os resultados do elemento de membrana da formulação livre foram obtidos com
uma rede de 8x8x2 elementos utilizando os valores de α = 1, 5 e β = 0, 5 e são
confrontados com os resultados obtidos com o elemento CST (Constant Strain Triangle)
para uma rede de 16x16x2 elementos.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


102 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

120

y 100
P
160cm A 160cm
80

%P
60
440cm E = 21000,0 kN/cm2
ν = 0,3 40
CST(16x16)
Et = 210,0 kN/cm2
σy = 25,0 kN/cm2 20
FFDKT(8x8)
h = 10 cm
P = 18300,0 kN
0
x 0 5 10 15 20
480cm
V(A)-cm

(a) (b)
Figura 8 - (a)Propriedades físicas e geométricas da estrutura. (b)Deslocamento vertical do ponto
A

PLACA QUADRADA

A placa apresentada na figura 9a é simplesmente apoiada e está solicitada por um


carregamento distribuído ‘q’. Devido a sua simetria analisa-se apenas 1 4 da estrutura.
Os resultados do deslocamento transversal do centro da placa são comparados com o
resultado dos elementos heterosis apresentado em Owen e Hinton11 utilizando os
modelos estratificado e não estratificado.
25
y

20
4
E = 10,92x10
ν = 0,3 15
Apoiada Et = 0,0 qL2 Heterosis(estratificado)
σy = 1600,0 My Heterosis(não estratif.)
Sim. A L L = 1,0 10
h = 0,01 FFDKT(3 Pto. Gauss)
q = 1,0 FFDKT(5 Pto. Gauss)
Sim. 5 FFDKT(7 Pto. Gauss)
FFDKT(9 Pto. Gauss)
x
0
Apoiada
0 10 20 30 40
L wD
100
M y L2
(a) (b)
Figura 9 - (a)Propriedades físicas e geométricas da estrutura. (b)Deslocamento transvesal do
ponto A

Entretanto, como o objetivo neste exemplo é analisar o comportamento do


elemento com relação a integração das tensões e das equações constitutivas para varias
distribuições dos pontos de Gauss na espessura, optou-se por discretizar a estrutura com
a mesma quantidade de graus de liberdade utilizados pelos elementos heterosis. Dessa
forma, adotou-se uma rede de 4x4x2 elementos FFDKT. Neste exemplo foram
admitidas tolerâncias em força e deslocamento de 0,01%. Na figura 9b são apresentadas

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


Uma formulação do método dos elementos finitos aplicada à análise elastoplástica de cascas 103

as curvas carga x deslocamento transversal do ponto A (centro da placa). O elemento


FFDKT é analisado com 3, 5, 7 e 9 pontos de Gauss distribuídos na espessura.

COBERTURA CILÍNDRICA

A estrutura analisada, uma casca cilíndrica é um “benchmarck” bastante utilizado


em análises com não linearidade física e geométrica. A casca apresentada na figura 10a
é solicitada por um carregamento ‘q’ por unidade de área, referente ao peso próprio. As
extremidades da casca são consideradas como paredes rígidas e os lados longitudinais
totalmente livres. Devido a sua simetria, discretiza-se apenas 1 4 da estrutura. Na análise
do problema elastoplástico foram admitidas tolerâncias em força e em deslocamento de
0,1%. As curvas carga x deslocamento transversal do ponto A são apresentadas na
figura 10b. O elemento FFDKT é analisado utilizando 5, 7 e 9 pontos de Gauss na
espessura com valores de α = 1, 5 e β = 0, 5 e com 9 pontos de Gauss com os valores
de α = 1, 2 e β = 0,001 . O elemento é comparado com o elemento de casca triangular
curvo de 6 nós TSL6 da biblioteca do sistema LUSAS. Na análise numérica, a estrutura
é discretizada com uma rede de 8x8x2 para ambos os elementos. Porém, o elemento
TSL6 utiliza um total de 1283 graus de liberdades, enquanto o elemento aqui proposto
utiliza 486 graus de liberdades.

3
E = 2,1x104 MN/m2
kN m 2
ν = 0,0
Et = 0,0 MN/m2
2.5
σy = 4,1 MN/m2
R = 7,6 m
L = 15,2 m
2
h = 0,076 m
q

q = 3,0 kN/m2 TSL6(5Pto-1283gl)


1.5
Parede Rígida y FFDKT(1,5;0,5-5Pto-486gl)
z FFDKT(1,5;0,5-7Pto-486gl)
A y’ 1
Sim. x’
Sim. FFDKT(1,5;0,5-9Pto-486gl)
0.5 FFDKT(1,2;0,001-9Pto-486gl)
R Livre
θ 0
m

400 L 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3


w(A)
x

(a) (b)
Figura 10 - (a)Propriedades físicas e geométricas da estrutura. (b)Deslocamento transvesal do
ponto A

9 CONCLUSÕES

Um elemento triangular plano para análise elastoplástica de cascas delgadas é


apresentado. O elemento é construído pelo acoplamento entre o elemento de flexão de
placas DKT (Discrete Kirchhoff Triangle) e o elemento de membrana desenvolvido por
Bergan & Felippa4. Além da vantagem de ser construído por elementos de alta
performance12 e não apresentar problemas de travamento por esforço cortante, o
elemento de casca desenvolvido apresenta o grau de liberdade rotacional. Este grau de
liberdade proporciona uma modelagem mais coerente da estrutura em casca, evitando

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


104 Arthur Dias Mesquita & Humberto Breves Coda

problemas de mal condicionamento da matriz de rigidez nas situações onde os


elementos da estrutura são coplanares ou aproximadamente coplanares. Além do mais,
ambos os elementos (placa e membrana) satisfazem o patch test, possuindo portanto,
garantia de convergência. Os resultados elástico-lineares apresentados, demonstram a
boa performance do elemento quando comparado com elementos similares considerados
de bom desempenho. Ressalta-se que, para todos os parâmetros de α e β analisados o
elemento obteve convergência. Os resultados não-lineares também demonstram o bom
comportamento do elemento, até mesmo, quando analisado com uma quantidade de
graus de liberdade inferior. O procedimento implícito é incondicionalmente estável e a
aplicação do operador tangente consistente preserva a taxa de convergência quadrática
do método de Newton-Raphson. O modelo estratificado é bastante adequado,
ressaltando-se apenas a necessidade de se utilizar uma quantidade de pontos de Gauss
superior a três.

10 AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo -


FAPESP pelo apoio financeiro concedido para o desenvolvimento deste trabalho.

11 REFERÊNCIAS

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para análise elastoplástica de cascas. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola
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um elemento de membrana com liberdades rotacionais. São Carlos. 101p.
Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São
Paulo.

MESQUITA, A. D.; CODA, H. B. (1997). Elemento de casca com liberdade


rotacional desenvolvido através do acoplamento entre o elemento da formulação livre
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finitos: análisis elástico lineal. Barcelona: Centro Internacional de Métodos Numéricos
en Ingeniería.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 89-105, 2005


106
ESTUDO DAS ESTRUTURAS DE MEMBRANA: UMA
ABORDAGEM INTEGRADA DO SISTEMA
CONSTRUTIVO, DO PROCESSO DE PROJETAR E
DOS MÉTODOS DE ANÁLISE
Maria Betânia de Oliveira1 & Roberto Luiz de Arruda Barbato2

Resumo
As estruturas de membrana compreendem as estruturas de membrana protendida por
cabos e as estruturas pneumáticas. Ambas estão sendo usadas em coberturas de centros
esportivos, de áreas comerciais e de construções industriais, entre outras. Objetivando
divulgar a pesquisa de doutorado3 da autora, constitui-se da síntese da tese
apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
Apresenta o sistema construtivo, o processo de projetar e os métodos de análise das
estruturas de membrana empregadas em coberturas. Propõe um modelo de pesquisa
integrado voltado para o desenvolvimento desta tecnologia no Brasil.

Palavras-chave: estruturas de membrana; estruturas pneumáticas; membranas


protendidas; coberturas; sistema construtivo; processo de projetar; análise estrutural;
pesquisa-modelo.

1 INTRODUÇÃO

As estruturas de membrana empregadas em coberturas podem ser uma solução


economicamente viável, eficiente e esteticamente agradável (TENSAR, 1999;
BIRDAIR, 1998; ROBBIN, 1996; VANDENBERG, 1996; STRUCTURAL
ENGINEERING REVIEW, 1994 e INTERNATIONAL CONFERENCE ON SPACE
STRUCTURE, 1993). Todavia, estas são pouco conhecidas, estudadas e empregadas no
Brasil.
Neste contexto, insere-se o problema de pesquisa em questão. Buscando
solucioná-lo, definiram-se como objetivos da pesquisa, as seguintes contribuições
básicas: sistematizar o conhecimento científico existente sobre o tema e introduzi-lo no
Brasil e, também, apontar caminhos para investigação científica sobre as estruturas de
membrana no país (OLIVEIRA, 2001).

1
Professora da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Paraíba,
betania@univap.br
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, barbato@sc.usp.br
3
Doutoramento financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 107-122, 2005


108 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

A seguir apresenta-se, brevemente, a tecnologia envolvida no desenvolvimento


das estruturas de membrana. Esta tecnologia abrange a do sistema construtivo, a do
processo de projetar e a dos métodos de análise estrutural a serem utilizados.

2 SISTEMA CONSTRUTIVO

As estruturas de membrana empregadas em coberturas são um sistema


construtivo formado principalmente pela membrana estrutural, a qual ainda tem a
função de vedar. As membranas estruturais são folhas flexíveis que resistem às ações
devido à sua forma, às suas características físicas e ao seu pré-tracionamento. A forma
da superfície é definida por uma configuração possível de equilíbrio. Suas
características físicas definem a sua resistência à tração, limitando os níveis de tensão
que podem ser atingidos. O pré-tracionamento é o necessário para assegurar que a
membrana esteja sempre submetida a esforços de tração.
É importante ressaltar que o pré-tracionamento da membrana pode ser
basicamente alcançado, ou através do seu estiramento por meio de cabos que compõem
o sistema estrutural de suporte, ou através da atuação da pressão de gases. Quando o
pré-tracionamento é alcançado pela pressão de gases ⎯ estas estruturas são chamadas
de estruturas pneumáticas. No primeiro caso ⎯ quando o pré-tracionamento é
alcançado pelo estiramento da membrana por meio de cabos tensores, geralmente
situados no contorno da membrana ⎯ estas estruturas são chamadas de estruturas de
membrana protendida por cabos (OLIVEIRA, 2001; OLIVEIRA & BARBATO, 1999;
LEWIS, 1998; OLIVEIRA & BARBATO, 1998a; OLIVEIRA & BARBATO, 1998b;
NOHMURA, 1991). Estes tipos básicos podem ser subdivididos em diversas
alternativas de projeto, como indicado nas Figs.(2.1-2). As Figs.(2.3-4) mostram
exemplos de estruturas de membrana empregadas em coberturas.

Estruturas de Membrana
Protendida por Cabos

Com Superfícies
na Forma de Com Superfícies
Com Superfícies
Parabolóides Geradas entre
Modificadas
Hiperbólicos Anéis

Figura 2.1 - Tipos de Estruturas de Membrana Protendida por Cabos [figura da autora,
ilustrações das estruturas de VANDENBERG(1996)].

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 107-122, 2005


Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema construtivo... 109

Estruturas Pneumáticas

Membranas Membranas
Infláveis Suportadas pelo Ar

(Air inflated) (Air supported)

Figura 2.2 - Tipos básicos de estruturas pneumáticas


[figura da autora, ilustrações das estruturas de OTTO & TROSTEL (1967)].

Figura 2.3 - Hajj Terminal, Jeddah, Soudi Arabia (ROBBIN, 1996).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 107-122, 2005


110 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

Figura 2.4 - Estádio de Vancouver, Canadá (HAMILTON et al., 1995).

A construção dessas coberturas é relativamente simples, sendo necessário o


mesmo nível de cuidado e de controle dispensado às construções convencionais. Os
principais aspectos da construção são aqueles ligados à confecção da membrana, ao
sistema de bombeamento de ar e ao sistema de acesso (para o caso das estruturas
pneumáticas), à ancoragem, ao transporte e à montagem (TENSAR, 1999; BIRDAIR,
1998; ASCE 17-96, 1996; CRISWELL et al., 1996; ROBBIN, 1996; VANDENBERG,
1996; ARCHITECTURAL DESIGN, 1995; FIRTH, 1993; ASI-77, 1977; HERZOG,
1977 e OTTO & TROSTEL, 1967).

3 PROCESSO DE PROJETAR

O projeto dessas coberturas é caracterizado pela grande interdependência entre o


estado de tensão e a forma das mesmas, pela composição da superfície desejada através
da emenda de pedaços de membrana e pelo fato da membrana resistir apenas a esforços
de tração. Sendo assim, o projeto envolve a resolução de três problemas: determinação
da configuração inicial de equilíbrio (form-finding); definição do modelo de corte
(cutting-pattern) e análise do comportamento estrutural da membrana submetida às
ações (load analysis) (LEWIS, 1998; TABARROK & QIN, 1992 e FUJIKAKE et al.,
1989).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 107-122, 2005


Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema construtivo... 111

3.1 Determinação da Configuração Inicial da Membrana

O problema da determinação da configuração inicial de equilíbrio é usualmente


denominado por form finding, ou shape finding, ou 3D shape definition. Este é um
problema de otimização da estrutura, que já tem uma considerável atenção nas
pesquisas (ARGRYRIS et al.,1974; GEA, 1996; GRÜNDING, 1988; GOSLING &
LEWIS, 1996a; GOSLING & LEWIS, 1996b; SCHIERLE & YIN, 1993).
A determinação da forma das estruturas de membrana é uma operação delicada,
na qual deve-se assegurar a ausência de áreas comprimidas e o controle das formas
geradas (MAURIN & MOTRO, 1998). Estas não podem ser prescrita a priori, pois,
como a membrana não resiste à flexão, a forma da estrutura, as ações e os esforços
interagem de modo a satisfazerem as equações de equilíbrio, sem a ocorrência de
compressão na membrana. Além de satisfazer as condições de equilíbrio, a configuração
inicial tem que satisfazer às exigências estéticas, de funcionalidade e estruturais
(TABARROK & QIN, 1997).
Os primeiros estudos foram realizados com modelos físicos, Fig.(3.1).
Resultados importantes foram alcançados com os estudos de Frei Otto com tecidos
convenientemente esticados e com bolhas de sabão, estas últimas são configurações
com superfície mínima. Através das conclusões alcançadas com os modelos físicos,
pode-se obter a posição inicial através de processos analíticos com considerações
puramente geométricas (OTTO & TROSTEL, 1967; HERZOG, 1977).

Tecido Esticado Bolhas de Sabão


Figura 3.1 - Exemplos de modelos físicos empregados na definição da forma inicial da
membrana [adaptada de BARNES & WAKEFIELD(1988) e de OTTO & TROSTEL(1967)].

Com os avanços tecnológicos, a determinação da configuração inicial passou a


ser principalmente alcançada com o emprego de métodos numéricos, Fig.(3.2). Estes
podem ser colocados em três grupos. O primeiro grupo emprega o Método da
Densidade de Força (SCHEK, 1973), o segundo, o Método da Relaxação Dinâmica
(DAY, 1965) e o terceiro grupo, o Método da Análise Não-linear Direta
(TABARROK&QIN, 1992). Estes métodos são tratados na Seção 5.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 107-122, 2005


112 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

Figura 3.2 - Determinação da forma inicial da membrana com o emprego de processos


numéricos [TABARROK & QIN (1992)].

Atualmente, as pesquisa são voltadas para o desenvolvimento de sistemas


gráficos interativos que combinem diversos métodos para a solução do problema de
equilíbrio inicial, através de uma base de dados comum (VÉRON et al., 1998a; VÉRON
et al., 1998b; KNUDSON, 1991).

3.2 Definição do Modelo de Corte da Membrana

Como a membrana é encontrada comercialmente em rolos, esta precisa ser


cortada em pedaços que, emendados e protendidos, proporcionem a forma da superfície
tridimensional apropriada. Nesta fase do projeto, define-se o modelo de corte da
membrana, o qual é denominado cutting pattern.
Assim sendo, após a determinação da configuração inicial da superfície da
membrana, em uma primeira etapa da definição do modelo de corte, esta superfície
tridimensional é dividida em pedaços, Fig.(3.3). Estes pedaços são a determinação dos
parâmetros de corte/emenda, ainda em três dimensões (GALASKO et al., 1997;
MOCRIEFF & TOPPING, 1990; WAKEFIELD, 1984).

Figura 3.3 - Definição do modelo de corte através de linhas com propriedades geodésicas
(BARNES, 1988a).

Em uma segunda etapa da definição do modelo de corte, esses pedaços são


transformados em correspondentes pedaços planos, ou seja, a superfície tridimensional é
transformada em uma correspondente superfície plana com os dados de corte/emenda
necessários para a fabricação da estrutura, Fig.(3.4) (GALASKO et al., 1997;
MOCRIEFF & TOPPING, 1990; WAKEFIELD, 1984).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 107-122, 2005


Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema construtivo... 113

Figura 3.4 - Transformação de pedaços da superfície tridimensional em correspondentes


pedaços planos (MONCRIEFF & TOPPING, 1990).

Com exceção de superfícies com curvatura em apenas uma direção, qualquer


determinação de geometria de corte em um plano é aproximada. Esta é uma questão
difícil, pois a maioria das superfícies das estruturas de membrana não pode ser colocada
em um plano sem sobrepor-se ou sem separar-se em partes. Sendo assim, o problema da
transformação de uma superfície tridimensional em uma plana não possui solução única.
Neste sentido, procura-se uma solução que minimize os gastos de materiais, que
preserve a forma da superfície, que apresente layout esteticamente agradável e, por fim,
que preserve a capacidade da estrutura em suportar às ações (VÉRON et al., 1998a).
De modo similar à determinação da configuração de equilíbrio, a definição do
modelo de corte pode ser tratada por diversos métodos. Para a escolha do método mais
apropriado, caso a caso, pode-se equacionar os graus de confiabilidade, de flexibilidade
e de rapidez convenientes na definição do modelo de corte (GALASKO et al., 1997;
MOCRIEFF & TOPPING, 1990; WAKEFIELD, 1984).
Em geral, os método empregados para gerar modelos de corte são baseados em
modelos físicos, modelos geométricos e modelos por equilíbrio (WAKEFIELD, 1984;
MONCRIEFF & TOPPING, 1990).

3.3 Análise da Membrana Submetida às Ações

Determinados a forma inicial e o modelo de corte da membrana, o


comportamento da estrutura submetida às ações deve ser investigado (LEWIS, 1998;
VÉRON et al., 1998b LEONARD & VERMA,1976; VERMA & LEONARD, 1978;
LEONARD,1974; LEONARD, 1967).
A ausência de rigidez à flexão torna as estruturas de membrana suscetíveis a
grandes deslocamentos. Em muitos casos as ações também dependem da configuração
da membrana. Um exemplo é a pressão interna, normal à superfície atual da membrana.
Portanto, análise não-linear é necessária para a inclusão destes efeitos (TABARROK &
QIN, 1992).
Além disso, como a membrana não resiste às tensões de compressão, rugas
ocorrerão quando as ações provocam tensões de compressão maiores que as tensões de
tração provenientes da protensão da membrana. Então, um procedimento para os
elementos não-tracionados deve ser incluído na análise (TABARROK & QIN, 1992;
CONTRI & SCHREFLER, 1988; SEOKWOO & SEYOUNG, 1997).
O estudo do comportamento das estruturas de membrana pode ser realizado
através de processos analíticos, de processos numéricos e de ensaios experimentais com
protótipos e modelos (FIRTH,1993; LEONARD, 1988; MAJOWIECKI, 1985;
HERZOG,1977 e OTTO & TROSTEL, 1967).

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114 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

As ações usualmente consideradas são a sobrecarga concentrada, o peso próprio,


a pressão interna uniforme, o carregamento de neve e a pressão de vento (TABARROK
& QIN, 1992).
É importante ressaltar que o efeito do vento em estruturas flexíveis, tais como as
estruturas de membrana, é diferente do efeito do vento em estruturas rígidas
convencionais (MINAMI et al., 1993). SRIVASTAVA & TURKKAN (1995)
apresentam o estudo experimental em túnel de vento em estruturas de membrana e
TURKKAN & SRIVASTAVA (1995) mostram que o método das redes neurais pode
ser usado para a definição da pressão do vento em estruturas pneumáticas.
Recentemente, TABARROK & QIN (1997) apresentam análise do comportamento
dinâmico de estruturas de membrana com o Método dos Elementos Finitos. Entretanto,
usualmente valores conservativos de ações estáticas equivalentes são empregados no
projeto (LEWIS, 1998).
Além disso, pode-se levar em consideração o efeito dinâmico da pressão interna
nas estruturas pneumáticas. SYGULSKI (1993) e SYGULSKI (1995) fazem estudo das
vibrações em estruturas pneumáticas considerando a interação com a pressão interna. O
Método dos Elementos Finitos é empregado para modelar a estrutura e o Método de
Elementos de Contorno é empregado para modelar o ar. Neste trabalho, o efeito da
compressibilidade do ar é considerado.

4 ANÁLISE ESTRUTURAL: PROCESSO ANALÍTICO

No processo analítico a membrana é estudada a partir de equações diferenciais


que relacionam tensões (esforços), deformações e deslocamentos. Estas equações
resolvidas levam às expressões que permitem analisar a membrana solicitada por
diversos tipos de carregamento.
A aplicação desse processo é bastante trabalhosa, mesmo na análise linear de
membranas com formas simples e submetidas a carregamentos simples. Entretanto, o
seu estudo e a sua aplicação, além de auxiliarem na fase de anteprojeto, colaboram para
o entendimento do comportamento das estruturas de membrana.
Com este processo, a análise de estruturas pneumáticas, ou de outras estruturas
de membrana, é composta de dois problemas principais: determinação da pressão
interna (pressure inflation) necessária, ou de outras forças de protensão, e do cálculo do
máximo esforço de tração atuante na membrana submetida às ações. Determina-se a
pressão interna, ou outras forças de protensão, supondo que as esforços de compressão
não aparecem em nenhum ponto da membrana submetida ao carregamento externo e a
pressão interna (ou outras forças de protensão). Desta forma a mínima tensão principal
deve ser ainda de tração. Esta condição é necessária para se garantir a ausência de
pregas na membrana. No cálculo da pressão interna requerida, ou de outras forças de
protensão, bem como da máxima tensão, determinam-se primeiro os esforços na
membrana (sectional loads). Usualmente, admite-se material submetido a pequenas
deformações e consideram-se as ações atuando no sistema indeformado. É muito mais
trabalhoso a análise de membranas altamente deslocáveis, as quais são incapazes de
suportar algum carregamento na forma inicial. Nestes casos, as membranas sofrem
grandes deslocamentos até atingirem a configuração final de equilíbrio, as equações
diferenciais a serem resolvidas para a determinação da configuração final exata são,
geralmente, não-lineares (OTTO & TROSTEL,1967).

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 107-122, 2005


Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema construtivo... 115

5 ANÁLISE ESTRUTURAL: MÉTODOS NUMÉRICOS

Atualmente as pesquisas sobre a análise de estruturas de membrana estão


voltadas principalmente aos métodos numéricos. Estas estão basicamente divididas em
três grupos: o primeiro grupo emprega o Método da Densidade de Força (MAURIN &
MOTRO, 1998), o segundo grupo emprega o Método da Relaxação Dinâmica
(BARNES, 1994) e o terceiro grupo emprega o Método da Análise Não-linear Direta
(TABARROK & QIN, 1992). Estes métodos são abordados a seguir.

5.1 Método da Densidade de Força

O Método da Densidade de Força consiste do cálculo da posição de equilíbrio de


um sistema estrutural submetido a estado de tensão (de tração) previamente definido.
Este método foi desenvolvido com o intuito de proporcionar ao usuário uma
ferramenta simples, eficiente e segura para a resolução do problema da determinação da
configuração inicial de equilíbrio de estruturas de membrana (MAURIN &
MOTRO,1998). Neste sentido, SCHEK (1973) desenvolveu uma forma de encontrar o
equilíbrio da membrana modelando-a como uma rede de cabos.
A principal característica do método proposto por H. J. Schek (Force density
method, FDM) encontra-se na prescrição de um Coeficiente de Densidade de Força,
uma razão entre força por comprimento de cabo, para cada elemento de cabo. A forma
que satisfaz ao equilíbrio da rede de cabo, de acordo com os coeficientes especificados,
é então rapidamente calculada e deve ser considerada como equivalente à forma de uma
membrana equilibrada (MAURIN & MOTRO,1998).

5.2 Método da Relaxação Dinâmica

O método da relaxação dinâmica foi criado por A. Day (DAY, 1965).


Entretanto, M. R. Barnes é o pesquisador que mais possui publicações nesta área, das
quais destacam-se BARNES (1975), BARNES (1980), BARNES (1984), BARNES
(1988a), BARNES (1988b), BARNES & WAKEFIELD(1988) e BARNES (1994).
Atualmente, W. J. Lewis tem publicado trabalhos importantes, dos quais destacam-se
LEWIS (1993) e LEWIS (1998).
BARNES (1975) faz um breve histórico do desenvolvimento do método e suas
aplicações. BARNES & WAKEFIELD (1988) e BARNES (1988) descrevem uma
metodologia baseada no método da relaxação dinâmica com amortecimento cinético
para a determinação da configuração inicial de equilíbrio, dos modelos de corte e da
análise da estrutura submetida às ações. Comentam que a abordagem com
amortecimento cinético garante a estabilidade da estrutura porque grandes modificações
locais (tais como, geometria do contorno e tensões especificadas) são rapidamente
dissipadas para toda a superfície da estrutura. Estes autores apresentam também
exemplos ilustrativos de projetos com esta abordagem. Os recentes desenvolvimentos
do método e suas aplicações são apresentados em BARNES (1994) e LEWIS (1993).
Segundo BARNES (1994), apesar de não haver nenhum livro publicado sobre o
método, o qual é bastante empregado em projeto de estruturas tracionadas em diversos
escritórios de cálculo, o mesmo já foi detalhadamente estudado em teses de
doutoramento defendidas na Inglaterra.
A base do método é descrição passo a passo, para pequenos incrementos de
tempo, do movimento de cada nó de uma estrutura até que, devido a um amortecimento

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 107-122, 2005


116 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

artificial, a esta repouse em equilíbrio estático (BARNES, 1994). Na determinação da


configuração inicial de equilíbrio, o cálculo é iniciado a partir de uma estrutura com
forma inexata e arbitrária, a qual está submetida ao movimento causado pela imposição
de um estado de tensão. Na análise da estrutura submetida às ações, o cálculo é iniciado
a partir da estrutura na configuração inicial de equilíbrio, a qual repentinamente fica
submetida ao movimento causado pelas ações (BARNES, 1994).
Usando uma matriz de rigidez concentrada nos pontos (lumped stiffness) de uma
malha de diferenças finitas, o sistema de equações de equilíbrio é resolvido por
relaxação dinâmica sucessiva de forças desbalanceadas (LEWIS, 1993).
Na forma original do método da relaxação dinâmica aplicou-se amortecimento
proporcionais ao produto das velocidades nodais e das componentes da massa
(amortecimento viscoso), sendo obtida mais rapidamente a convergência com o menor
modo de vibração da estrutura (BARNES, 1994).
Entretanto, devido às grandes alterações da geometria da estrutura, controles
adicionais às vezes são necessários para se garantir a convergência do método. Um
procedimento empregado é o denominado amortecimento cinético (Kinetic damping).
Este consiste da imposição das componentes da velocidade nulas, quando for detectado
um pico local na energia cinética da estrutura em movimento (e sem amortecimento). O
cálculo da estrutura é reiniciado a partir da geometria atual, repetindo o procedimento
descrito durante novo (usualmente decrescente) pico na energia cinética. Quando a
energia cinética se dissipar, o equilíbrio estático da estrutura é alcançado (BARNES,
1994).
Atualmente no cálculo de estruturas de membrana, o método da relaxação
dinâmica com amortecimento cinético é empregado nas fases de determinação da forma,
na definição do modelo de corte e na análise estática da estrutura submetida às ações
(BARNES, 1988; BARNES & WAKEFIELD, 1988).

5.3 Método da Análise Não-linear Direta

Este método compreende a teoria de análise não-linear de estruturas, usualmente


empregada para as estruturas mais convencionais, com o método dos elementos finitos.
Entretanto, no emprego desta teoria no caso particular das estruturas de membrana
torna-se necessário o emprego de estratégias na definição da forma.
Na determinação da configuração inicial de equilíbrio, várias formas podem ser
pesquisadas. Na análise da estrutura de membrana submetida aos carregamentos,
verifica-se a segurança e a eficiência do projeto. Emprega-se o Método dos Elementos
Finitos, usualmente com a utilização de um método do tipo Newton-Raphson na
resolução do sistema de equações não lineares. Além dos elementos de membrana,
devem-se inserir outros tipos de elementos para a análise global da estrutura
(TABARROK & QIN, 1992; FUJIKAKE et al., 1989).
Segundo TABARROK & QIN (1992), neste método a determinação da
configuração inicial de equilíbrio pode ser alcançada com as seguintes abordagens:
determinação de uma superfície com tensões uniformes; determinação de uma
superfície com tensões não uniformes e determinação de uma superfície através da
imposição de deslocamentos à estrutura (simulando o sistema de montagem das
estruturas de membrana).
A determinação de uma superfície com tensões uniformes é alcançada com a
abordagem que leva ao cálculo da superfície mínima. Para a determinação da superfície
mínima, assume-se que a membrana tem um módulo de elasticidade muito pequeno e
que a mesma está submetida a um estado de protensão (de tração) isotrópicas,

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Estudo das estruturas de membrana: uma abordagem integrada do sistema construtivo... 117

(TABARROK & QIN, 1992; FUJIKAKE et al., 1989). A forma de equilíbrio da


membrana sob condições de contorno geometricamente dadas é, então, calculada. As
tensões na membrana mudam muito pouco, devido à suposição de um módulo de
elasticidade muito pequeno. Assim sendo, as tensões isotrópicas especificadas
continuam em equilíbrio na superfície calculada. Em outras palavras, a configuração de
equilíbrio calculada será um estado de tensão próximo das tensões uniformes, isto é,
próxima da superfície mínima (TABARROK & QIN, 1992).
A abordagem que leva ao cálculo de uma superfície com tensões não uniformes
às vezes é desejável porque alguns requisitos de projeto podem não ser satisfeitos com
superfícies mínimas. Nesta abordagem, um módulo de elasticidade muito pequeno é
ainda assumido para a membrana, mas as tensões iniciais não são uniformemente
distribuídas em toda a membrana. Neste caso, a forma de equilíbrio depende da
distribuição inicial de tensões. Diversas tentativas de cálculo são usualmente necessárias
para a determinação da forma de equilíbrio satisfatória, ajustando-se a razão entre as
tensões especificadas (TABARROK & QIN, 1992).
Outra abordagem é a que leva ao cálculo de uma superfície com o emprego de
deslocamentos sucessivos impostos em pontos da membrana. Isto pode ser necessário
porque, em alguns casos, não é óbvio como se deve prefixar as tensões iniciais não
uniformes. Começando com uma membrana plana submetida a tensões uniformes
iniciais e usando o módulo de elasticidade com valor real, a membrana é deslocada por
uma fração da distância entre a posição inicial e a posição final desejada. A
configuração de equilíbrio resultante terá tensões não uniformes, as quais
provavelmente são elevadas. Neste instante, as tensões devido às deformações são
removidas e somente as tensões iniciais são mantidas. Depois outro deslocamento da
cobertura é imposto. O processo é repetido até que a cobertura alcance a posição
previamente estabelecida em projeto. As tensões no último acréscimo de deslocamento
estarão em equilíbrio e serão usadas para calcular a membrana submetida às ações
externas. Se a última iteração fornecer tensões elevadas, um deslocamento menor é
imposto após a liberação das tensões elásticas. Este efeito simula o processo de
montagem das estruturas de membrana (TABARROK & QIN, 1992).
Pode-se concluir que é viável o emprego de um sistema computacional
comercial na análise de estruturas de membrana com este método, entretanto, algumas
estratégias específicas são necessárias.

6 CONCLUSÃO

A tecnologia envolvida no desenvolvimento das estruturas de membrana abrange


a do sistema construtivo, a do processo de projetar e a dos métodos de análise estrutural
a serem utilizados.
Sendo assim, propõe-se um modelo de pesquisa integrado voltado para o
desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil. Este modelo deve auxiliar a coordenação e
a compatibilização dos esforços de investigação científica nas diversas áreas do
conhecimento envolvidas no desenvolvimento das estruturas de membrana.

6.1 Modelo Integrado de Pesquisa em Estruturas de Membrana

A construção e o projeto das estruturas de membrana envolvem muitas áreas de


conhecimento, as quais suportam a tomada de decisões e contribuem para o aumento da
eficácia e da eficiência do processo de construi-las e do processo de projetá-las. Sendo

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 22, p. 107-122, 2005


118 Maria Betânia de Oliveira & Roberto Luiz de Arruda Barbato

assim, no desenvolvimento desses processos, devem-se explorar, em cada investigação


científica ou tecnológica, as inter-relações entre as áreas de conhecimento envolvidas,
buscando o compartilhamento de visões e de informações entres as mesmas.
Desse modo, pode-se concluir pela necessidade de implementação de um
modelo integrado de pesquisa em estruturas de membrana, o qual está esquematizado na
Fig. (6.1). Esta figura, análoga a um disco, é composta por quatro faixas. Ao centro, na
primeira faixa, tem-se o projeto de pesquisa temático, o qual busca a integração das
áreas de conhecimento nas investigações científicas ou tecnológicas a serem
desenvolvidas. A segunda faixa é dividida em três setores, os quais representam as três
linhas de pesquisa que compõem o modelo. A terceira faixa é dividida em treze setores,
os quais representam os temas das pesquisas a serem executadas nas referidas linhas de
pesquisa. A última faixa, contorna a figura esquemática do modelo de pesquisa, é
dividida em seis setores, os quais representam as áreas de conhecimento que podem
contribuir para o desenvolvimento das estruturas de membrana.

Figura 6.1 - Modelo Integrado de Pesquisa em Estruturas de Membrana.

O projeto de pesquisa temático, o qual deve ser elaborado a partir de uma


perspectiva global do processo de construir e do processo de projetar as estruturas de
membrana, tem por objetivo o domínio da tecnologia envolvida nestes processos. Tendo
em vista tal objetivo, na elaboração do referido projeto, deve-se buscar: a identificação
dos requisitos necessários ao desenvolvimento destes processos; a identificação das
lacunas existentes no conhecimento científico, tendo em vista o atendimento dos
requisitos anteriormente definidos; a identificação das áreas de conhecimento que
precisam ser envolvidas na eliminação destas lacunas e, por fim, a definição de
mecanismos de coordenação das investigações científicas e tecnológicas em todas essas
áreas de conhecimento, para se garantir a integração destas.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v.7, n. 22, p. 107-122, 2005


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