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INTRODUÇÃO
É sabido que entre os filósofos antigos muitos foram os que desprezaram ou, no
mínimo, menosprezam a dimensão do prazer e do desejo na ética, enquanto outros
elevaram-no ao mais alto posto dos bens. Exemplo do primeiro caso temos a ética
estoica, enquanto do segundo caso temos a ética epicurista. Para os estoicos a virtude
consiste em viver de acordo com a razão universal. E uma vez que os prazeres, desejos e
paixões em geral são concebidos como opostos à razão, segue-se que o prazer é algo a
ser evitado. Na esteira oposta ao estoicismo há o epicurismo. Para esses filósofos o
prazer não só é um bem como é o sumo bem, de modo que toda a ação humana deve ser
dirigida para a obtenção de prazeres e fuga das dores.
Tanto o estoicismo quanto o epicurismo surgiram após Aristóteles. Todavia, é
possível apontar alguns predecessores dessas escolas que exerceram influência direta
sobre a reflexão aristotélica em torno do prazer. Nos dois livros que tratam de modo
mais direto com a noção de prazer, o livro VII e o X, Aristóteles dialoga com uma visão
anti-hedonista e uma visão hedonista, respectivamente. Essas diferentes concepções são
representadas pelas figuras de Espeusipo, discípulo de Platão que o sucedeu na
Academia, e Eudoxo, filosofo hedonista. Nesses dois livros fica claro que Aristóteles
pensa diferente desses filósofos. Para ele o prazer não deve ser considerado um mal em
si, como algo oposto à razão, tampouco ele pode ser elevado à categoria de sumo bem,
embora certamente seja um bem.
deve-se tomar os prazeres e as dores nas ações como sendo sinais (σημεῖον)
das disposições: quem se abstém dos prazeres corporais e se deleita
(χαίρων) com isso é temperante; ao passo que quem se incomoda com isso é
intemperante; quem suporta as coisas temíveis e se deleita, ou ao menos não
sofre, é corajoso; ao passo que quem sofre é covarde” (EN 3:1104b3-8).
O virtuoso não age visando o prazer, mas uma vez que as ações virtuosas são em
si mesmas boas e o caráter do homem virtuoso é de tal modo constituído que ele ama a
virtude e se compraz de em agir virtuosamente, segue-se que a vida virtuosa é prazerosa
e, portanto, feliz. O prazer não é o principio que rege a ação, mas a consequência natural
da ação:
BIBLIOGRAFIA