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Geografia

local em que o rio deságua. Os rios e lagos represen- •• Lago vulcânico: ocupa a cratera de um vul-
tam 0,3% de toda água doce do planeta. cão inativo. Ex.: Lago Pavin, na França;
A foz de um rio pode ser em delta (várias ilhas e •• Lago de erosão: ocupa uma cavidade feita
canais, intensos processos de deposição) ou estuário pela erosão do vento, das águas das chuvas
(sem ilhas e geralmente profundas). ou por geleiras. São pouco profundos. Ex.:
lagos do NE do Brasil e Finlândia;
Clima, vazão e regime dos rios •• Lagos mistos: os maiores lagos de água doce
A vazão dos rios de uma bacia relaciona-se ao clima existentes no planeta. São originários de de-
da região. A variação na quantidade de água no leito do pressões tectônicas e do trabalho das gelei-
rio ao longo do ano recebe o nome de regime. ras. Ex.: Grandes Lagos, nos EUA.
•• Lagos residuais: são o que restou de antigos
mares em processo de desaparecimento. São ex-
Vazão Características
cessivamente salgados, muito profundos e ge-
Perenes Nunca secam. ralmente extensos. Ex.: Cáspio, Aral e o Balcash.
Caudalosos Possuem um grande volume
de água.
Bacias hidrográficas
Temporários ou Secam no período em que
Intermitentes não chove. Bacias hidrográficas são áreas caracterizadas pela
existência de uma rede hidrográfica ou fluvial. É
Regimes Características composta por um rio principal e seus afluentes.
Pluvial Dependem exclusivamente As bacias hidrográficas podem ser:
da chuva.
•• exorreica: quando deságuam no oceano.
Nival Dependem do derretimento
•• endorreica: quando deságuam no interior de
de neve.
um continente, em um lago ou mar interior.
Glacial Dependem de geleiras.
•• arreicas: não possuem um padrão de drenagem
Misto Dependem de mais de um
definido. Estão associadas a regiões desérticas.
fator.
•• criptorreicas: quando as bacias são subter-
râneas.
No Brasil, com exceção do Sertão Nordestino, to-
dos os rios são perenes. No Sertão Nordestino, devi-
do ao clima semiárido, a maioria dos rios são inter-
Hidrografia brasileira
mitentes. A rede hidrográfica brasileira é uma das maiores
do globo, devido à grande extensão territorial do
Os lagos país e ao clima úmido que predomina na maior parte
do território brasileiro. Todos os rios brasileiros desá-
Os lagos são depressões do terreno preenchidas guam no oceano atlântico, sendo exorreicos.
por água. Os lagos se dividem em:
Algumas características específicas da rede hidro-
•• Lagos de barragem: resultantes do fechamen- gráfica brasileira:
to de um vale pela queda de uma barreira, re-
•• é a mais extensa bacia fluvial do mundo.
tendo nele as águas de um rio ou das chuvas.
•• existe o predomínio de rios planálticos, que lhe
•• Lagos de depressão: são de vários tipos: tec-
conferem grande potencial hidrelétrico.
tônicos, vulcânicos, de erosão e mistos.
•• predomínio do regime fluvial, isto é, a maior
•• Lagos tectônicos: ocupam fendas existentes na
parte dos rios brasileiros são abastecidos por
crosta terrestre, produzidas por abalos sísmi-
águas provenientes de chuvas.
cos. Apresentam, geralmente, grande profun-
didade e alongamento no sentido da fratura. •• predominância de rios perenes, com exceção
Ex.: Lago Tanganica, na África; do Sertão Nordestino.

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•• a maioria dos rios brasileiros desembocam em Compreende 7,5% do território brasileiro, possuindo
forma de estuário. várias hidrelétricas: Paulo Afonso, Três Marias, Sobra-
•• o Brasil apresenta pequeno número de lagos. dinho e Xingó.
As principais Bacias Hidrográficas brasileiras são: Bacia Platina: é formada pelo conjunto das bacias
dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, cujas nascentes
Bacias hidrográficas do Brasil estão no território brasileiro e deságuam em territó-
rio argentino, no estuário do Prata.

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•• Bacia do Paraguai: o rio Paraguai nasce na ser-
ra de Araporé, no MT e percorre a planície do
Pantanal. Rio típico de planície, destacando-se
pelo seu aproveitamento como hidrovia.
•• Bacia do Paraná: o Paraná, o mais importante
rio da bacia platina, é formado pela confluência
dos rios Paranaíba e Grande, está localizado na
parte central do planalto meridional, o que o
torna um rio de planalto e, consequentemente,
com significativo potencial hidrelétrico. Apre-
senta o maior potencial hidrelétrico instalado
do país, com as hidrelétricas de Furnas, Xavan-
tes, Complexo Urubupungá (Jupiá e Ilha Soltei-
ra) e Itaipu.
•• Bacia do Uruguai: apresenta um trecho de pla-
nalto e outro de planície. Nasce da junção dos
rios Canoas (SC) e Pelotas (RS). Apresenta pou-
cos trechos navegáveis e pequeno potencial hi-
drelétrico, com destaque para as hidrelétricas
de Itá e Machadinho.
Bacia Amazônica: localiza-se no Norte do país.
Bacias Secundárias: o Brasil apresenta três con-
O principal rio é o Amazonas, maior rio do mundo.
juntos de bacias secundárias: Bacia do Atlântico Nor-
Possui o maior potencial hidráulico, navegável, re-
deste, Atlântico Leste e Atlântico Sul-Sudeste.
gime misto (pluvio-nival) e foz mista. Compreende
46% do território brasileiro, apresentando o maior

Problemas e
potencial hidrelétrico do país. É a maior bacia hidro-
gráfica do globo.
Bacia do Araguaia-Tocantins: ocupa 9,5% do
território nacional. Por apresentar longos trechos na- questões ambientais
vegáveis, é utilizada para escoar parte da produção
agrícola do Centro-Oeste. A usina hidrelétrica de Tu- Efeito estufa: O efeito estufa é um fenômeno na-
curuí, maior hidrelérica totalmente brasileira, atende tural que consiste na retenção de calor irradiado pela
às necessidades de consumo de energia do Projeto superfície terrestre. Assim, o problema não é a sua
Carajás, no Pará. existência, mas sim sua intensificação, principalmen-
te após o processo de industrialização, com o aumen-
Bacia do São Francisco: é constituída pelo rio
to da concentração de gases diversos, como metano,
São Francisco (maior rio totalmente brasileiro) e um
clorofluorcarbonos (CFCs) e dióxido de carbono.
grande número de afluentes, a maioria temporários.

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PRINCIPAIS PAÍSES EMISSORES DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)

SUÉCIA

CANADÁ NORUEGA FINLÂNDIA


REINO
UNIDO DINAMARCA
PAÍSES BELARUS COREIA DO SUL
BAIXOS POLÔNIA
ESTADOS UNIDOS

UCRÂNIA
BÉLGICA
ALEMANHA RÚSSIA
REP. TCHECA
JAPÃO
FRANÇA
CHINA
ÁUSTRIA CASAQUISTÃO
HUNGRIA BULGÁRIA
ESPANHA
USBEQUISTÃO FILIPINAS
MÉXICO ITÁLIA ROMÊNIA

TURQUIA TAILÂNDIA
GRÉCIA IRÃ
PAQUISTÃO ÍNDIA

ISRAEL
CINGAPURA

MALAÍSIA

SAUDITA
ARÁBIA
VENEZUELA ARGÉLIA INDONÉSIA
COLÔMBIA
EGITO
BRASIL
AUSTRÁLIA
NIGÉRIA
ARGENTINA
ÁFRICA
DO SUL

Emissões de dióxido de carbono em 1996 Toneladas de dióxido de carbono emitidas


(em milhões de toneladas) por habitante, em 1996
1000 15 ou mais
500 De 7 a 14,9
100 De 3 a 6,9
De 1 a 2,9
1
Menos de 1

Principais emissores de dióxido de carbono.

Chuva ácida: é o resultado de poluentes gerados pela queima de carvão e combustíveis fósseis, e de poluen-
tes industriais como dióxido de enxofre e nitrogênio. É um fenômeno atmosférico de escala local e regional.

Distribuição das chuvas ácidas

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Buraco da camada de ozônio: o ozônio é um Porém, com a emissão de poluentes, os cloroflu-
gás que se concentra na estratosfera (segunda ca- orcarbonos (CFCs), usados em aparelhos de refrige-
mada da atmosfera), numa região situada entre ração e ar condicionados, embalagens plásticas e sol-
20km a 40km. A camada de ozônio possui a fun- ventes, tem destruído a camada de ozônio através de
ção de proteger o planeta da radiação ultravioleta reações químicas, permitindo que a intensidade dos
emitida pelo Sol. raios ultravioletas seja maior.

Diminuição do buraco da camada de ozônio

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1992 2010 2030 2050

América do Sul América do Sul América do Sul América do Sul

buraco na buraco na buraco na


camada camada camada
de ozônio de ozônio de ozônio
Antártida Antártida Antártida Antártida

O buraco na camada de ozônio.

Inversão térmica: fenômeno que ocorre princi- camada de ar mais frio se sobrepõe a uma camada
palmente em metrópoles e centros urbanos. As ca- de ar quente, impedindo o movimento ascendente
madas mais baixas da atmosfera, junto à superfície, do ar atmosférico. Principalmente em locais indus-
estão mais aquecidas pelo processo de irradiação trializados, a inversão térmica leva à retenção dos
solar. O ar mais quente e menos denso tende a subir, poluentes nas camadas mais baixas, podendo oca-
formando células de convecção. Dessa forma, mas- sionar problemas de saúde. Nas madrugadas muito
sas de ar movimentam-se verticalmente. Esse movi- frias, as temperaturas próximas ao solo tendem a se
mento constante do ar ajuda a dispersar poluentes resfriar mais que as camadas mais altas, ocorrendo a
das camadas mais baixas. Com a inversão térmica, a inversão térmica.

Inversão

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Fluxo Normal Térmica

Ar mais frio Ar frio

Ar frio Ar quente

Ar quente Ar frio

Ilustração da inversão térmica.

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Ilhas de Calor: Ocorre em grandes centros urbanos. A temperatura nas áreas urbanas são mais altas que
nas regiões periféricas ou circunvizinhas, devido à alta concentração de prédios e poluentes.

Esquema de ilha de calor

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Temperatura ao meio-dia (ºC)
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zona rural subúrbio zona urbana zona urbana subúrbio zona rural
(centro comercial) (centro residencial)
Ilustração das Ilhas de calor.

El Niño e La Niña: aquecimento e resfriamento Efeitos do La Niña no Brasil


anormal das águas do oceano Pacífico.

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Amazônia:
El Niño: caracterizado pelo aquecimento das águas chuvas
abundantes. Nordeste:
do oceano Pacífico, junto ao litoral do Peru. muitas
chuvas e
enchentes.
La Niña: caracterizado pelo resfriamento das águas
do oceano Pacífico, junto ao litoral do Peru.
A maior ou menor intensidade dos ventos alísios é
responsável por esse fenômeno. Baixas
temperaturas

Efeitos do El Niño e La Niña no Brasil Sul: secas


muito fortes. N

Efeitos do El Niño no Brasil O L

S
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O L

Amazônia: dimi- S
Aquecimento Global: refere-se ao aumento da
nuição das preci-
pitações e seca.
Nordeste:
secas severas.
temperatura média dos oceanos e do ar perto da su-
perfície da Terra que se tem verificado nas últimas
décadas e a possibilidade da sua continuação duran-
te o corrente século. Entre os motivos responsáveis
Centro-Oeste: tendên-
para o aumento da temperatura está o aumento na
cia de chuva acima da
média e aumento de
emissão de poluentes na atmosfera, principalmente
temperatura em Mato
Grosso do Sul
após a revolução industrial.
Sudeste: moderado

Sul: chuvas intensas de


aumento das tem-
peraturas médias.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Cli-
maio a junho e na prima-
vera. Enchentes. Tempe-
máticas (IPCC), em seu relatório mais recente diz que
raturas mais altas. grande parte do aquecimento observado nas últimas

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décadas se deve muito provavelmente a um aumento A divisão internacional do trabalho
do efeito estufa, causado pelo aumento nas concentra-
ções de gases estufa de origem antrópica. É uma forma de cooperação social que exige es-
pecialização e interdependência de funções, além
do aprimoramento de ferramentas para cada seção

Organização do de trabalho.
Divisão técnica de trabalho – de 1920 a 1970
espaço mundial verifica-se a predominância do Fordismo, criado nos
EUA baseando-se na linha de montagem para aten-
der à incipiente sociedade de consumo em massa.
Mais tarde surge o Taylorismo com produção espe-
A velha ordem cializada em seções interdependentes onde cada
operário faz uma tarefa limitada, rígida e cronome-
A Segunda Guerra Mundial trada num certo tempo. Este último vai influenciar o
modelo japonês Toyotismo, que se caracteriza pela
Dizer que em algum momento determinado fato
especialização das tarefas e o just-in-time ou “tem-
na história da humanidade deixa de ser decisivo para
po justo”, método criado pelos japoneses após crises
o estudo de Geografia é bastante difícil, mas, pode-
petrolíferas (década de 1970) para diminuir custos.
mos dizer que de certa forma a atual situação político-
econômica se configurou a partir da Segunda Guerra Divisão espacial de trabalho – divisão local de
Mundial. Já naquela época, início do século XX, o im- trabalho feita entre o campo (cuja função é a de
perialismo mantinha-se e era mantido pela indústria fabricar produtos primários) e a cidade (que fabri-
bélica. ca produtos secundários e presta serviços). Divisão
regional de trabalho: entre regiões do mercado in-
Configurava o cenário a multipolaridade, ou seja,
terno de um país. Divisão internacional de trabalho
a supremacia de um conjunto de nações. Entre os
(hierarquização de produção entre países) feita pelo
aliados vencedores da guerra, surgem os EUA como a
comércio exterior (também chamado de transações
nova potência mundial, rapidamente a URSS se recu-
correntes ou balanço de pagamentos). Nesta última,
pera configurando assim a situação geopolítica que
temos de modo simplificado, de um lado as nações
tomaria conta do cenário mundial na segunda meta-
pobres ou pouco desenvolvidas fornecendo os pro-
de do século XX, a bipolaridade e a Guerra Fria.
dutos de menor valor agregado em contrapartida
com os produtos mais sofisticados fornecidos pelas
A Guerra Fria nações ricas ou desenvolvidas.
A bipolaridade formada pela URSS e pelos EUA se-
gue por algum tempo como uma disputa por áreas de A nova ordem
influência entre os capitalistas e os socialistas. Diante
disto o prestígio do socialismo cresce bastante e a he- Pode-se dizer que com a mundialização do capi-
gemonia norte-americana é abalada. Inicia-se então a talismo e da economia, com as novas tecnologias de
corrida armamentista criando uma nova situação geo- telecomunicações, com a revolução na agricultura
política da Velha Ordem Mundial. e indústria (informática, robótica, biogenética) e na
circulação e consumo (novos meios de transportes),
O fim da Guerra Fria inicia com a crise do socialis-
bem como pela ação das transnacionais e bancos in-
mo soviético, que causou o afrouxamento dos laços
ternacionais, surge uma nova configuração mundial,
políticos que mantinham o Leste Europeu sob hege-
uma Nova Ordem substitui a antiga bipolaridade de
monia soviética, acompanhado de um significativo
rivalidade entre socialistas e capitalistas.
corte de gastos, ajuda militar e econômica. A queda
do Muro de Berlim marca o fim da Guerra Fria e o A Nova Ordem Mundial criada pela multipolaridade
deslocamento das tensões entre o socialismo e o ca- da tríade formada pela Europa Ocidental, os Estados
pitalismo para as desigualdades econômicas entre Unidos e o Japão, vai figurar uma Nova Divisão Inter-
os países ricos do Norte e os pobres do Sul. nacional de Trabalho, com a industrialização de alguns
países da América Latina e dos “Tigres Asiáticos”.

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A nova divisão internacional do trabalho minaram as bases das novas tecnologias nas áreas
da informação, transporte, informática, espacial etc.
Com a Nova Ordem Mundial temos uma Nova Mas ela atinge o estágio do que denominamos de
Divisão Internacional do Trabalho, os países sub- Globalização somente após o surgimento da Nova
desenvolvidos (ou em vias de desenvolvimento) Ordem Mundial.
além de serem exportadores de matérias-primas,
A Globalização é então a terceira etapa de um pro-
passam a exportar produtos manufaturados como
cesso ainda maior chamado de Mundialização. Podemos
calçados, tecidos, alimentos enlatados e, em alguns
considerar as três etapas da seguinte forma:
casos, eletrodomésticos e carros. Tais produtos co-
meçaram a ser produzidos nos países em desenvol- •• Primeira Etapa: a internacionalização que
vimento, principalmente pela mão-de-obra barata, está anexada ao desenvolvimento dos fluxos
diminuindo assim, os custos de produção. de exportação.
Entretanto, os países desenvolvidos ainda man- •• Segunda etapa: a transnacionalização, que
têm as indústrias de alta tecnologia em seus respec- se liga aos fluxos de investimentos e das im-
tivos territórios. E nessa balança comercial quem sai plantações no estrangeiro.
perdendo são os países em desenvolvimento, pois •• Terceira etapa: a globalização, que corres-
seus produtos exportados não agregam tanto valor ponde à instalação das sedes mundiais de pro-
quanto aqueles que o mundo desenvolvido exporta. dução e de informação.
É o caso do México na América do Norte, do Brasil e Ao domínio territorial, militar e político-econômi-
Argentina na América do Sul e dos Tigres Asiáticos. co típico do imperialismo da Velha Ordem, sucede,
Países que iniciaram sua industrialização tardiamen- hoje, o domínio tecnológico, econômico-financeiro
te, hoje pagam pelo atraso tecnológico de suas in- e ideológico (este através da mídia) do neocolonia-
dústrias. lismo nesta Nova Ordem Mundial. Nesse contexto
atual, assistimos a um processo cada vez maior de
A mundialização: globalização e regionalização e globalização.
regionalização dos mercados A globalização reestruturou o espaço em função dos
Paradoxalmente, a Guerra Fria contribuiu para a países centrais e se tornou um flagelo para uma parte
mundialização da economia, visto que com ela ger- significativa dos povos em desenvolvimento.

Regionalização do mundo em países do Norte e países do Sul

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A concentração de renda atual de 20% dos países Etapas do processo de integração econômica
mais ricos é de mais de 60 vezes a dos mais pobres;
Um processo de integração econômica caracteri-
surge uma nova divisão internacional de trabalho,
za-se por um conjunto de medidas de caráter econô-
com os países centrais investindo em pesquisa cien-
mico, que têm por objetivo promover a aproximação
tífica e tecnológica; diminui a autonomia dos Esta-
e a união entre as economias de dois ou mais países.
dos em suas políticas internas, já que estão cada vez
mais inseridas neste processo de internacionalização A teoria do comércio internacional registra a clas-
da economia e submetidas à ação do capital espe- sificação de cinco tipos de associação entre países
culativo; a revolução tecno-científica protagoniza a que decidem integrar suas economias:
Terceira Revolução Industrial, aumentando a produ- a) a Zona de Preferência Tarifária é o mais elemen-
tividade das empresas e globalizando a economia, tar dos processos de integração, apenas assegura
mas criando novos desafios: dificuldades de acesso níveis tarifários preferenciais para o grupo de países
ao mercado de trabalho, aumento do desemprego que conformam a Zona.
e pobreza. b) uma segunda modalidade, a Zona de Livre Co-
Ocorre a padronização de formas de consumo mércio (ZLC), consiste na eliminação das bar-
(ex.: moda, hábitos de consumo e de alimentação, reiras tarifárias e não-tarifárias que incidem so-
como do jeans, do fast-food) e de critérios tecnológi- bre o comércio entre os países que constituem
cos (como o ISO 9000). Tais fatos ampliam o merca- a ZLC. Ex.: NAFTA.
do mundial, mas também a dependência em relação c) a União Aduaneira é uma Zona de Livre Co-
às transnacionais e a identidade cultural (tradições e mércio que adota também uma Tarifa Externa
costumes) são rapidamente transformadas. Comum (TEC). Nessa fase do processo de inte-
gração, um conjunto de países aplica uma tarifa
Regionalização dos mercados para suas importações provenientes de países
não pertencentes ao grupo, qualquer que seja
A regionalização dos países consiste na eliminação
o produto, e, por fim, prevê a livre circulação de
de tarifas alfandegárias entre os países membros, di-
bens entre si com tarifa zero. Ex.: MERCOSUL.
minuindo os custos de comercialização dos produtos
d) o Mercado Comum, além da livre circulação de
e aumentando o poder de competição internacional
mercadorias, requer a circulação de serviços e
das empresas daquele mercado regional.
fatores de produção, ou seja, de capitais e pes-
Já a globalização é um processo posterior, em que soas. Porém, deve-se ressaltar que, além da livre
estas empresas, já fortalecidas internamente no blo- circulação de bens, serviços e fatores de produ-
co regional, aumentam os fluxos mercantis de seus ção, todos os países membros de um Mercado
produtos e capitais com outros blocos. Como exem- Comum devem seguir os mesmos parâmetros
plo desse processo, citamos os bancos internacionais para fixar a política monetária (fixação de taxas
e as transnacionais dos Estados Unidos, Canadá, Eu- de juros), a política cambial (taxa de câmbio da
ropa Ocidental (União Europeia) e do Japão. moeda nacional) e a política fiscal (tributação e
controle de gastos pelo Estado), ou seja, os pa-
Os blocos econômicos íses membros devem concordar com o avanço
Os polos de poder da economia globalizada atual integrado da coordenação das suas políticas
são os três megablocos regionais: a União Europeia; macroeconômicas. Ex.: UE (até 1992).
a APEC (Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico, e) a União Econômica Monetária é a etapa
sob influência do Japão e EUA, no Oriente) e o NAFTA mais avançada dos processos de integração
(Acordo Norte-Americano de Livre-Comércio, englo- econômica, até agora alcançada apenas pela
bando a América Anglo-Saxônica e o México). Há, ain- União Europeia.
da, pequenos blocos regionais como o MERCOSUL, a A União Econômica e Monetária ocorre quan-
ASEAN (no Sudeste Asiático – integrante da APEC), o do existe uma moeda comum e uma política
Pacto Andino – desses menores o mais conceituado, monetária com metas unificadas e reguladas
pelo tamanho do mercado, é o MERCOSUL. por um Banco Central comunitário.

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Atualmente a UE busca uma integração político- Monetária (UEM) e estabeleceu a meta de definição de
-social. A aceitação de uma constituição comum políticas externas e de defesas comuns. Atualmente não
entre as nações seria uma etapa importante neste só tem livre circulação de mercadorias e pessoas (entre
processo. Na última consulta popular alguns países os países membros da Comunidade Europeia) como há
foram terminantemente contra, como a França, por uma integração política (o Parlamento Europeu), militar
exemplo. (a OTAN com a participação dos EUA) e monetária com
a adoção de uma moeda única, o euro.
União Europeia A maioria de seus Estados-Membros adotou uma
A União Europeia (UE) é formada, atualmente, por moeda única, o euro, a partir de 1999. Suécia e Dina-
27 Estados. É o bloco econômico de maior expressão marca optaram por não aderir ao euro. O Reino Unido
e avanço na integração que existe. Ela tem três sedes está revendo sua posição, mas por enquanto ainda não
principais, a da Comissão Europeia (braço executivo aderiu à moeda.
da UE), que fica em Bruxelas (Bélgica), a do Parlamen- Foi um longo processo de integração da Europa,
to, que fica em Estrasburgo (França) e a do Banco iniciado em 1945, após o término da Segunda Guerra
Central, em Frankfurt (Alemanha). Mundial, com o Plano Marshall para evitar a propa-
As origens da UE encontram-se no Plano Schu- gação do socialismo e criar condições políticas e eco-
man, de 1950, que conduziu o Tratado da Comuni- nômicas para eliminar taxas aduaneiras (para tal era
dade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), em 1953. preciso atenuar a rivalidade franco-germânica).
Formalmente, a organização surgiu com o Tratado Em 2007 ingressaram no bloco mais sete nações.
de Roma, de 1957. A Comunidade Europeia consoli- Turquia, Macedônia e Croácia ainda são candidatas,
dou-se, objetivamente, como espaço estratégico oci- mas sem previsão de data de adesão.
dental no contexto bipolar da Guerra Fria.
NAFTA
União Europeia e seus 27 Estados
Temática Cartografia.

Países integrantes do NAFTA

Temática Cartografia.

Em 1994 – com os EUA querendo fazer frente à


UE e ao Japão, com os quais têm déficits comerciais,
tentando concretizar o velho sonho expansionista
O Tratado de Maastricht, de 1992, rebatizou a co- na América e resolver problemas imigratórios – foi
munidade como União Europeia. Esse tratado, que criado o NAFTA. Vamos assinalar algumas de suas
substituiu o de Roma, deflagrou a União Econômica e características.

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De um lado a América Anglo-Saxônica (EUA e Datas importantes:
Canadá), países com alto padrão de vida e alto grau
•• 1995 – eliminação das tarifas de importação de
de industrialização e de outro o México (país em de-
90% das mercadorias. Boa parte das mercadorias
senvolvimento, como a América Latina, África e sul
importadas entre os países membros foi taxada
da Ásia), que vai fornecer matérias-primas, principal-
de maneira comum.
mente o petróleo e mão-de-obra barata. Com isso os
EUA vão fortalecer seu papel junto a América Latina •• 1999 – desvalorização do real (a Argentina impõe
através de superávits. barreiras) – intercâmbio trava em 15 bilhões;
Em dezembro de 1994 o México entrou em crise •• 2001 – crise Argentina (diminuem as trocas co-
com sua política neoliberal, abalando profundamente merciais);
a convicção norte-americana de estender um mercado •• 2003 – retomada Argentina, retorno do cres-
comum sob sua influência por toda América (iniciativa cimento;
para as Américas, hoje se fala na zona de livre comér- •• 2004 – os países chamados andinos, como o
cio da ALCA, ou Área de Livre Comércio das Améri- Chile, Bolívia, Equador, Colômbia e Peru, se as-
cas). Contudo, em virtude da eleição de presidentes sociam ao bloco;
de esquerda em vários países da America Latina, as
•• 2005 – a Venezuela buscou sua adesão ao acordo,
negociações da ALCA estão estagnadas.
mas teve que cumprir algumas exigências, como
adotar a TEC – Tarifa Externa Comum. Apenas em
Mercosul 2007 os acordos foram assinados.
Bloco econômico criado em 1991 pela Argentina, O Brasil possui a liderança do bloco econômico e
Brasil, Paraguai e Uruguai, baseado no Mercado Co- a Argentina a segunda colocação. O Brasil exporta,
mum Europeu, com o objetivo de reduzir ou eliminar principalmente para os países parceiros, automóveis,
impostos, proibições e restrições entre seus produtos. bem como suas peças de manutenção e reposição,
Atualmente está no estágio de União Aduaneira. bebidas, cigarros, café, açúcar, aparelhos eletrôni-
cos, óleos e calçados etc.
Países do MERCOSUL

Tigres ou Dragões Asiáticos


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Países que formam os Tigres Asiáticos

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A expressão “Tigres Asiáticos” é usada para se re- APEC
ferir aos quatro países asiáticos: Hong Kong, Cinga-
pura, Coreia do Sul e Taiwan (Formosa). A denomina- A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
ção de “tigre” é dada em referência à agressividade (APEC) foi criada no ano de 1989 na Austrália, como
das economias desses países, que a partir da década um fórum de conversação entre os países membros
de 1960 tem um crescimento vertiginoso. da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASE-
AN) e seis parceiros econômicos da região do Pací-
Entre suas características econômicas estão o seu
fico, como EUA e Japão. Em 1994 adquiriu caracte-
caráter totalmente exportador, oferta de mão-de-
rísticas de um bloco econômico na Conferência de
-obra barata, atração de investimentos externos.
Seattle.
Entre as reformas realizadas podemos citar: a re-
A criação da APEC surgiu em decorrência de um
forma agrária, subsídios agrícolas, investimento na
intenso desenvolvimento econômico ocorrido na
educação, desestímulo ao consumo interno. É um
região da Ásia e do Pacífico. O bloco responde por
modelo extremamente dependente das oscilações
46% das exportações mundiais, além da aproxima-
econômicas externas.
ção entre a economia norte-americana e os países
Membros antigos: Coreia do Sul, Taiwan, Hong do Pacífico.
Kong e Cingapura; novos membros: Tailândia, Indo-
nésia e Malásia.

Países membros da APEC

Temática Cartografia.

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Geografia
A China Separatismo e nacionalismo: são conflitos que
ocorrem quando um grupo étnico nacionalista obje-
A China ainda é socialista, mas desde 1978 (com tiva constituir seu próprio Estado-Nação. Exemplos:
Deng Xiaoping) começou a organizar o “socialismo Chechênia. A questão da Palestina, onde os palesti-
de mercado” com reformas econômicas no campo nos lutam com os israelenses para configurar o seu
e na cidade e com a abertura das Zonas Econômicas próprio país.
Especiais (ZEE) para atrair transnacionais e sua tecno-
Conflitos regionais: chamados assim quando
logia; estabeleceu, ainda, a política das Quatro Gran-
ocorrem em função da definição de fronteiras ou pela
des Modernizações: indústria, agricultura, pesquisas
posse de territórios (aos quais se atribui um domínio
científicas e tecnológicas e aprimoramento das forças
histórico). Exemplo:
armadas. Em consequência deu-se um crescimento
econômico de 9% na década de 1990 e a invasão •• Índia x Paquistão – que disputam a região da
mundial de produtos chineses. Como ponto interme- Caxemira, no Noroeste indiano;
diário para este comércio eles utilizam especialmente •• Israel x Palestina – disputa por territórios.
Hong Kong, incorporado desde julho de 1997. Lutas em favor da democracia: são lutas resul-
Embora colocada por muitos autores como per- tantes de um ideal anticolonialista, reivindicações
tencente aos países do Sul, devemos destacar que a democráticas ou de reconhecimento de identidades
China nesse momento histórico, não pertenceria a (indígena). Exemplo: Exército Zapatista de Libertação
nenhum grupo, ela pode ser considerada como em Nacional (EZLN) em Chiapas, no México.
estágio de transição, pois combina áreas de livre co- Guerras revolucionárias ou conflitos funda-
mércio com a maior parte do país que vive sob uma mentalistas: ocorrem quando grupos tentam impor
economia planificada. É importante destacar o papel sua própria ideologia ou visão de mundo a todos os
da China nesse novo momento econômico-político cidadãos. Exemplo: os conflitos na Argélia entre fun-
mundial, já que a mesma se mantém no discurso damentalistas religiosos que pretendem um Estado
como um país comunista, entretanto criou as zonas Islâmico e o governo pró-ocidente.
de comércio, onde são feitas as transações com o
Lutas étnicas ou religiosas: ocorrem quando
mundo capitalista (áreas como, por exemplo, Hong
grupos de diferentes identidades (conflitos identi-
Kong, Xangai, onde temos grandes empresas e ban-
tários ou étnicos) lutam pela posse de territórios.
cos). A grande capacidade produtiva, e o grande
Nestes casos, etnia e religião ficam bastante “pró-
mercado consumidor existente atraem grandes in-
ximas” e a religião, muitas vezes, é o aspecto mais
vestimentos vindos do exterior. Com a abertura da
marcante da diferença. Por vezes caracteriza-se
China, acredita-se que a mesma possa assumir o pa-
pela chamada “limpeza étnica”. Exemplo: Ruanda e
pel de superpotência em poucos anos.
Burundi (África) – entre as etnias tútsis e hútus; Os
conflitos entre os croatas (católicos), bósnios (mu-
Tipos de conflitos çulmanos) e os sérvios (cristãos ortodoxos) na ex-

e suas principais razões -Iugoslávia (Bálcãs).


Conflitos irredentistas: quando grupos étnico-
Recursos Naturais: são conflitos que ocorrem pela -nacionalistas pretendem estender as fronteiras de
disputa de territórios contendo recursos minerais im- seu Estado para anexar outro território dentro do
portantes, como por exemplo, água, petróleo, ouro, dia- qual vivem comunidades pertencentes ao seu grupo,
mantes, cobre, carvão, ferro, entre outros. Exemplos: ou seja, qualquer movimento que objetive a unifica-
•• Israel x Palestina – água; ção de povos da mesma origem étnica, ainda que po-
•• Rússia x Chechênia – petróleo. liticamente ou territorialmente separados. Exemplo:
Projetos da Grande Sérvia e Grande Albânia.

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Geografia
Terrorismo e conflitos pelo mundo fases que atuam, muitas vezes, concomitantemente.

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São elas:
Agricultura tradicional: consiste na forma ru-
dimentar de produção de alimentos, caracteriza-se
pelo emprego de força humana e animal, e técnicas
atrasadas como a queimada, uso da enxada e arado
de tração animal.
Agricultura moderna: a partir da Revolução Indus-
trial no final do século XIX, há uma modernização na
produção de alimentos como o uso de máquinas, adu-
bos, rotação de culturas em associação à pecuária, ele-
vando a produtividade, é a chamada Revolução Verde.
Agricultura contemporânea: a agricultura atual,
praticada principalmente nos países desenvolvidos,
com elevada mecanização, seleção de sementes, uso
intenso de defensivos e adubos químicos, alta produ-
tividade, grande investimento de capitais e de pesqui-
sas científicas (transgenia).

Agricultura O que foi a Revolução Verde?


Foi uma grande mudança do modo de pro-
O desenvolvimento da agricultura duzir alimentos e de praticar a agricultura: Ini-
cia no século XX (trigo, arroz e milho):
É no período Neolítico, a partir da descoberta •• Em áreas experimentais na América Lati-
da Agricultura, que o homem torna-se sedentário. na e a Ásia (1950);
Desde então, a agricultura é o principal meio de sua •• Sementes selecionadas, fertilizantes, de-
subsistência, e cada vez mais importante para a so- fensivos (agrotóxicos), irrigação, mecani-
brevivência da humanidade. zação etc.
Principal atividade do setor primário, a agricultura •• Nos países desenvolvidos que possuem
está fortemente dependente de fatores como clima e estrutura para implementar a revolu-
solo; é responsável por graves problemas ambientais ção, ocorre um aumento da produção.
e principalmente aqueles relacionados ao mau uso •• Nos países subdesenvolvidos serviu para
da água. manter a estrutura fundiária baseada na
grande propriedade de exportação.

Produtos de Climas Tropicais: arroz, milho,


sorgo, mandioca, batata-doce, inhame, feijão,
algodão, cana, fumo, amendoim, papoula, café, O campo na atualidade
cacau, banana, abacaxi, coco etc.
Os países desenvolvidos e industrializados inten-
Produtos de Climas Temperados: trigo, cen- sificaram a produção agrícola por meio da moder-
teio, cevada, aveia, batatinha, cenoura, rabanete, nização das técnicas empregadas, utilizando cada
soja, ervilha, beterraba, azeitona, linho, girassol, vez menos mão-de-obra. Nos países pouco desen-
vinha, maçã, uva, pêssego etc. volvidos, em contrapartida, houve o êxodo rural,
que promoveu o drástico empobrecimento dos tra-
Do ponto de vista do desenvolvimento técnico balhadores agrícolas, concentrados na periferia das
e científico da agricultura, podemos distinguir três grandes cidades. Estas tecnologias permitiram que

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nações mais ricas conseguissem produzir mais em Agricultura no mundo e geopolítica
um espaço menor e mesmo em áreas que antes não
serviam para práticas agrícolas. Um exemplo disso é

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o cultivo de soja – um grão de origem temperada –, Maiores Produtores de Cereais – 2002
em áreas tropicais. Produção mundial de cereais:
2 bilhões (em %)
Por outro lado, as regiões pobres e tecnicamente
Indonésia 2,8
atrasadas estão muito mais sensíveis aos rigores im- França 3,4
Brasil
postos pelas condições naturais (solo, água, clima) 2,5 Federação
e econômicas (barreiras fiscais), nem sempre favo- Russsa 4,2
ráveis à produção agrícola. Uma das consequências
dessa situação é a fome.
Atualmente, observa-se a tendência à grande pe- Outros países
41,6
netração do capital agroindustrial no campo, tanto Índia
EUA 11,0
nos setores voltados ao mercado externo quanto ao 14,7
mercado interno. A produção agrícola tradicional ten- China
19,8
de a especializar, não para concorrer contra as mais
fortes, mas para produzir a matéria-prima utilizada
pela agroindústria, é a industrialização do campo. Cereais – produção mundial.

Sistemas agrícolas No ano de 2001 temos uma desaceleração da eco-


nomia mundial e uma desaceleração nos mercados
Em relação ao grau de capitalização e o índice de agrícolas. Ao mesmo tempo ocorre um aumento da
produtividade: produção mundial.
Sistema Intensivo: é caracterizado pela menor Isso fez com que o preço dos alimentos sofresse
dependência do agricultor às condições naturais, uma grande queda nos últimos anos. Mas no primeiro
pois quanto menor a dependência, mais intensivo semestre de 2007 a ONU anuncia a possibilidade de
será o sistema agrícola.
aumento da pobreza e desnutrição no mundo em vir-
Características: tude do crescente aumento do preço dos alimentos,
•• uso permanente do solo, rotação de culturas e podendo causar o retrocesso no combate à pobreza e
uso de fertilizantes e defensivos; aos Objetivos do Milênio.
•• seleção de espécies, seleção de sementes, Sérias críticas são feitas aos países que deixam de
transgênicos; produzir alimentos para produzir outras lavouras co-
•• mecanização, produção elevada por hectare e merciais como a de cana-de-açúcar (biodiesel e álco-
grande rendimento; ol), por exemplo.
•• alta produtividade da terra e mão-de-obra qua-
lificada. Atualmente, somando agropecuária, extrati-
Sistema Extensivo: caracteriza-se por técnicas vismo, pesca, obtém-se apenas 6% da riqueza
rudimentares de produção, onde a “roça” é exemplo produzida no mundo.
deste sistema. É utilizado pouco ou nenhum adu-
bo ou qualquer outro tipo de corretivo do solo, o
que acarreta o esgotamento do solo e seu posterior
Contudo, nos países em desenvolvimento este
abandono.
setor absorve a maioria da força de trabalho e che-
Características:
ga a representar até 20% da riqueza produzida
•• desmatamento, queimada, coivara; por estes países.
•• mão-de-obra não qualificada;
•• esgotamento e rotação de solos; Quanto mais desenvolvido o país, menor é a im-
•• baixa produtividade da terra. portância da agricultura na sua economia e na ab-
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Geografia
sorção de mão-de-obra. Em países subdesenvolvidos Entenda:
a agropecuária chega a significar até 20% do PIB e
absorve a maior parcela do mercado de trabalho.
G-20
Os produtos agrícolas mais cultivados e negocia-
dos são a cana-de-açúcar, o milho, o arroz e a carne O G-20 é um grupo de países em desenvolvimento
bovina. criado em 20 de agosto de 2003, na fase final da prepa-
ração para a V Conferência Ministerial da Organização
Mundial do Comércio (OMC), realizada em Cancun.
Se bem distribuídos, o total de alimentos pro- O Grupo concentra sua atuação na agricultura e
duzidos no mundo, hoje, seria suficiente para tem uma vasta e equilibrada representação geográ-
não existir nenhum faminto. fica, são cerca de 22 nações, sendo que possuem al-
guns “membros flutuantes”.

Localização dos países do G-20 (países em desenvolvimento)

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Destacam-se a importância dos seus membros na mesmo para manter os trabalhadores no campo, em
produção e comércio agrícolas, representando quase última análise para manter aquecida a economia.
60% da população mundial, 70% da população rural Transgênicos: plantas que têm suas estruturas
em todo o mundo e 26% das exportações agrícolas geneticamente modificadas para resistirem a pragas
mundiais. e a intempéries, além de potencializar seus poderes
Há também o G-20 dos países industriais, este é um nutritivos.
fórum econômico criado em 1999, que reúne as maio- Polêmicas: os alimentos transgênicos não são to-
res potências econômicas mundiais. lerados pela União Europeia por ainda não existirem
Protecionismo: são impostos ou sobretaxações pesquisas que comprovem que esses alimentos não
cobrados sobre produtos importados, geralmente provocam males ao ambiente e ao consumidor em
bens alimentícios e maquinário. longo prazo. Outro ponto, talvez o que realmente
Subsídios: uma série de medidas econômicas esteja em jogo, é o direito de propriedade de quem
(financiamento ou mesmo doação) praticado pelos fabricar a semente, ou seja, não pode trocar com o
governos para produzir determinados produtos ou vizinho e se trocar tem que pagar.

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Barreiras Sanitárias: é o controle de fluxo numa

Domínio público.
determinada área afetada por alguma moléstia ani-
mal ou vegetal, no intuito de controlar sua dissemi-
nação. Ex.: surto de Aftosa no Brasil, a Vaca Louca na
Europa e a Doença de Aujesszky (suínos).

Agricultura em países desenvolvidos


Agricultura na Europa: este continente também
passou pelo processo de concentração de terras de-
vido à mecanização. Aumentou-se assim a produtivi- Coleta de látex.
dade, entretanto, a agricultura europeia não conse-
gue se manter sem os subsídios dados pelos governos Setor secundário: faz parte desse setor toda a ati-
desse continente, além da taxação imposta aos pro- vidade industrial que processa ou transforma a maté-
dutos agrícolas oriundos dos mercados estrangeiros. ria-prima em bens de consumo, máquinas e equipa-
Essas medidas constituem aquilo que chamamos de mentos, construção civil e geração de energia.
medidas protecionistas. Embora haja um alto nível de
mecanização da agricultura (com exceção de áreas do

Creative Suíte.
Mar Mediterrâneo), há rotação de culturas e a associa-
ção agricultura-pecuária.
Agricultura dos EUA: também sofreu intensa
mecanização. O uso de fertilizantes, agrotóxicos e
de mecanização, promovem na agricultura america-
na uma concentração de terras aliada à formação de
grandes cinturões agrícolas, os belts (grandes áreas Exemplo de indústria.
monocultoras). A agricultura americana é altamente
capitalizada, gerenciada de maneira empresarial. Setor terciário: é formado pela atividade comer-
Os EUA estão entre os maiores produtores e ex- cial e prestação de serviços. (Fazem parte deste setor
portadores de alimentos no mundo, de forma que professores, médicos, dentistas, e profissionais libe-
qualquer mudança na política agrícola americana rais em geral).
tem reflexos mundiais. Boa parte da força de sua
agricultura está baseada em subsídios aos seus pro-

Comstock Complete.
dutores e de medidas protecionistas. Ex.: Dairy Belt
– leite e hortigranjeiros; Green Belt – frutas, legumes
e verduras; Corn Belt – milho, soja, aveia, alfafa e por-
cos; Wheat Belt – trigo; Cotton Belt – algodão.

Atividades econômicas
Exemplo de ramo do setor terciário.

Como veremos nos capítulos seguintes, a popu-


lação urbana é cada vez maior, com isso a tendência
A economia mundial está baseada em três atividades mundial é a concentração da população economica-
distintas, que estão relacionadas entre si e, dependen- mente ativa (PEA), ou seja, aquela em idade de traba-
do do grau de desenvolvimento destes setores, pode- lhar, nos setores primário, secundário e terciário.
-se dizer qual o grau de desenvolvimento de um país.
Assim, a concentração da população economica-
Setor primário: é a base da economia de uma mente ativa inserida em um determinado setor da
nação. Constituída por toda a atividade extrativista economia releva o desenvolvimento econômico e o
(vegetal, animal e mineral), pela produção agrícola índice de urbanização de um país. Da mesma forma,
e pecuária. É o setor responsável pela produção de quanto mais desenvolvida a economia, maior é a par-
alimentos e de produção de matérias-primas para o
ticipação da mulher no mercado de trabalho.
abastecimento do setor secundário.
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A atual possibilidade oferecida pelas telecomunica- cisamos saber em que estágio ele se encontra. Nesse
ções, a revolução técnico-científico-informacional, ma- sentido, o carvão apresenta quatro fases de formação:
ximizam as relações comercias. Essa interligação glo- turfa (fase com menor teor de carbono), o linhito, a
bal promove o crescimento de setores sofisticados e hulha (mais consumido e mais abundante no mundo),
especializados como o turismo, telecomunicação etc. e o antracito (muito raro, apenas 5% das reservas).
Mas, em alguns países de economias mais frágeis
e países emergentes, está ocorrendo um crescimento Os recursos energéticos
desordenado do setor terciário, principalmente em vir- Para o desenvolvimento de um país são neces-
tude do capital de aposentadoria e de funcionalismo sários fortes investimentos visando a sua indus-
público. São, portanto, municípios ou áreas que conso- trialização. No entanto, para que esta indústria se
mem mais do que produzem, que estão em déficit. desenvolva, os investimentos em fontes de energia
também são fundamentais, pois sem uma matriz
Recursos naturais energética eficiente o país não conseguirá alcançar
o desenvolvimento.
A natureza é a origem de todos os recursos neces-
sários à sobrevivência da humanidade. Mas a partir Os combustíveis fósseis
da revolução industrial, a natureza começou a ser ex-
plorada de maneirara intensa e predatória, causando Os combustíveis fósseis são as fontes energéticas
sérios problemas ambientais e, consequentemente, geradas pela fossilização de material orgânico. Entre
podendo colocar em risco a própria vida na terra. Os os mais importantes estão o carvão, o petróleo e o
recursos naturais podem ser divididos em: gás natural.

Renováveis: são os recursos que podem se re- Carvão mineral: hidrocarboneto formado pela
compor em um período de tempo condizente com a decomposição de restos vegetais que sofreram lento
escala de tempo humana. processo de solidificação. É importante lembrar que
a matéria orgânica que formou o carvão e o petróleo
Não-renováveis: são os recursos que após serem uti-
difere. O carvão é formado a partir do acúmulo de
lizados pelo homem, não se recompõem em uma escala
grandes formações florestais do passado geológico
de tempo condizente com a escala de tempo humana. da Terra. Já o petróleo e o gás natural, têm formação
Também podemos dividir os recursos naturais em marinha, com base no plâncton.
dois grandes grupos conforme a sua finalidade e origem, Atualmente as melhores jazidas do mundo estão
teremos, assim, os recursos energéticos (podem ser re- localizadas nos Montes Urais na Rússia, no Vale do
nováveis) e os recursos minerais (são não-renováveis). Ruhr na Alemanha, nas Montanhas Rochosas e nos
Um exemplo de recurso mineral não-renovável é o Apalaches nos Estados Unidos, no norte da França, no
carvão. Para classificarmos a qualidade do carvão, pre- oeste da China e na região de Yorkshire na Inglaterra.

MCT/Brasil.

Área analisada Petróleo (%) Carvão (%) Nuclear (%) Hidro (%) Gás (%)
América do Norte 40 23 7 4 26
Europa Ocidental 46 22 12 2 18
CEI e Europa Oriental 30 25 4 2 39
Ásia 38 49 5 2 6
Oceania 36 41 – 3 20
África e Oriente Médio 49 33 1 2 15
América Latina 38 26 2 10 24
Total Global 40 28 7 3 22
Cenário mundial dos mercados das fontes de energia.

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culos marinhos), ao morrer, no fundo das águas mari-

Almanaque Abril, 2004.


Produtores mundiais de carvão
nhas. Mas o processo de acumulação do petróleo em
País % mundial
jazidas deu-se através dos movimentos tectônicos.
China 32,1
As maiores jazidas mundiais de petróleo locali-
Estados Unidos 19,1 zam-se entre os escudos cristalinos Pré-Cambrianos
Rússia 6,9 e os dobramentos modernos do final do Mesozoico.
Índia 6,7 Nessa sequência, podemos observar:
África do Sul 5,9 Oriente Médio: localizado entre os terrenos anti-
Austrália 5,7 gos da África e os recentes do Cáucaso.
Polônia 4,1 Venezuela: as jazidas da Bacia do Orinoco, entre o
Produção de carvão no mundo.
Escudo Guiano e os Andes.
Canadá: entre o Escudo Canadense e as Monta-
nhas Rochosas.
O carvão mineral no Brasil
Brasil: as principais jazidas estão situadas na bacia
O carvão brasileiro é considerado de baixa quali- de Campos (Rio de Janeiro), na plataforma continental.
dade, principalmente em função do seu baixo teor Também é encontrado nos anticlinais (áreas mais
calorífico. Isso ocorre em função do pouco tempo baixas e côncavas) dos dobramentos modernos,
geológico em que as florestas foram decompostas como no Alasca e no Equador.
no Brasil, quando comparado com as principais re-
No ano de 2006 o Brasil anuncia o marco histórico
giões carboníferas do mundo. No Brasil, as princi-
da autossuficiência em produção de petróleo, pondo
pais jazidas de carvão estão na Região Sul, no Vale
em operação a plataforma P-50. As novas descober-
do Rio Tubarão, em Santa Catarina (maior produ-
tas de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de San-
ção) e no Vale do Rio Jacuí no Rio Grande do Sul
tos, anunciadas em 2007, colocam o Brasil em um
(maiores reservas). No entanto, a nossa produção
novo patamar na indústria do petróleo, possibilitan-
é insuficiente para o consumo, levando à importa-
do listar entre as 10 maiores reservas mundiais.
ção do produto.
A OPEP: A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo foi criada em 1960, por meio do Acordo de
Bagdá, por cinco dos principais países exportadores
Localização das principais jazidas
de petróleo (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Ve-
nezuela), em represália à redução dos preços imposta
Principais jazidas de carvão no Brasil
pelo cartel das sete irmãs (cartel formado em 1928 por
Temática Cartografia.

cinco empresas norte-americanas, uma holandesa e


uma inglesa).
A OPEP criou uma nova base de relacionamento
entre os países produtores e o cartel formado pelas
grandes empresas de petróleo. A partir dela, os go-
vernos assumiram muitas das funções que anterior-
mente estavam sob o controle das empresas, pelo
menos no que diz respeito à produção do petróleo.
Países membros: Arábia Saudita, Argélia, Catar, Emi-
rados Árabes Unidos, Indonésia (sob revisão), Irã, Ira-
que, Kuwait, Líbia, Nigéria, Venezuela e o Equador
(retomou em 2007).

O Petróleo Energia nuclear


Seu surgimento está associado à Era Paleozoica, Podemos dizer que entre as principais finalidades
na deposição de plâncton (animais e vegetais minús- do desenvolvimento desta tecnologia energética, uma
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Geografia
delas diz respeito às questões geopolíticas, pois toda Hidroeletricidade
nação que detém equipamentos nucleares, pode vir a
Em países com grandes e volumosos rios, como o
desenvolver armamentos, como bombas atômicas. En-
Brasil, a energia hidráulica representa grande parte
tre os grandes problemas da energia nuclear, inserem-
da energia gerada, e os investimentos na construção
-se os altos custos para a construção da usina e tam-
de novas usinas continuam, principalmente em fun-
bém a possibilidade de vazamentos.
ção da expansão de algumas áreas econômicas.

Gás natural O Brasil possui hoje o terceiro maior potencial hi-


droelétrico do mundo, tem na hidroeletricidade sua
Apresenta muito mais vantagens que o carvão e maior riqueza energética (85% da eletricidade pro-
o petróleo, pois, seu custo é mais barato, seu trans- duzida). No entanto, as construções de usinas hidro-
porte por dutos é mais facilitado, além de ser me- elétricas acabam acarretando uma série de proble-
nos poluente. É utilizado amplamente pela indústria mas ambientais, tais como a destruição de espécies
e cresce no uso veicular. Assinado com a Bolívia, o vegetais e animais.
acordo do gasoduto Bolívia-Brasil já opera no seu li-
mite desde 2006.

Divulgação Itaipu.
Gasoduto Bolívia-Brasil
IESDE Brasil S.A.

Vista parcial da Hidroelétrica de Itaipu.

A energia solar
Uma das energias mais limpas e menos perigosas,
a energia solar é gerada a partir do calor provindo
do Sol, que é captado por baterias solares. No Brasil,
ainda não existe um aproveitamento racional dessa
fonte. Contrariando sua característica natural de es-
tar localizado na região tropical, com bastante inci-
dência de energia solar ao longo do ano.

Fontes renováveis Energia eólica


O principal entrave brasileiro era a carência de es-
Termoeletricidade tudos confiáveis do potencial desta fonte de energia.
Tecnicamente falando, é uma tecnologia para con- Hoje o Brasil já consegue produzir energia eólica a
versão de energia térmica em eletricidade por meio preços competitivos com as formas tradicionais de
da queima de combustíveis, geralmente sólidos: le- energia termoelétrica e hidroelétrica. Boa parte dos
nha, carvão mineral, gás natural, urânio etc. A ener- investimentos vem da iniciativa privada, e o maior
gia termelétrica ainda possui grande importância no potencial instalado está no Nordeste, em especial
cenário mundial, principalmente se considerarmos nos projetos do estado do Ceará.
dentro dela a energia nuclear. No Brasil é cada vez
mais atrativa pela iniciativa privada, visto que os po- Biomassa
tenciais hidrelétricos das Regiões Sul e Sudeste já es- É a energia obtida do gás produzido pela matéria
tão esgotados. orgânica em decomposição. No Brasil, apenas recen-

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temente os biodigestores começaram a ser instala- Brasil – recursos minerais
dos, e vêm obtendo resultados satisfatórios onde são

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utilizados.
São mais comuns o uso do carvão vegetal, da le-
nha e produção do etanol. Colocando o nosso país
em uma posição de destaque neste setor, comportan-
do não apenas as condições naturais necessárias para
isso, mas também, um dos maiores programas de pro-
dução de energia renovável do planeta.
Outra frente importante deste setor é a produção
do biodiesel. Sua importância está alicerçada em al-
guns fundamentos: substitui total ou parcialmente o
óleo diesel de petróleo em motores, é um óleo bio-
degradável e menos poluente, e pode ser extraído de
vários vegetais ou óleos já utilizados.

Recursos minerais
Industrialização
Minério de ferro
Explorado, principalmente, no Quadrilátero Cen-
tral ou Ferrífero, em Minas Gerais, e na Serra dos A localização da indústria
Carajás, no Pará. A maior parte do minério de ferro O processo industrial surge de forma dispersa e
explorado no Quadrilátero Central (MG) e na Ser- pontualmente aglomerada. Inicialmente são os fa-
ra dos Carajás (PA) é exportada especialmente para tores de produção que irão ditar onde nascerão as
a União Europeia, Estados Unidos, Japão e China. indústrias. Foram estes fatores que tornaram a dis-
Dentre as empresas atuantes no processo explo- tribuição desigual no planeta, pois, a tendência foi a
ratório desse minério destaca-se a Cia. Vale do Rio concentração nos lugares onde há fatores favoráveis
Doce, e dentre os portos exportadores, o de Tu- à sua instalação. São considerados fatores de loca-
barão, em Vitória, no Espírito Santo, e o de Ponta lização desta primeira fase: as matérias-primas, as
da Madeira, em São Luiz do Maranhão. fontes de energia, a mão-de-obra e a proximidade
do mercado consumidor.
Bauxita Com o desenvolvimento científico e industrial
Minério utilizado na produção do alumínio, as outros fatores começaram a ser valorizados, como
principais jazidas estão no estado do Pará (Parago- a infraestrutura de transporte (permitindo alcançar
minas e Vale do Rio Trombetas). Grandes projetos novos mercados), a rede de comunicações (promove-
de mineração foram planejados nessa área, como ram o contato fácil e a comunicação). Este momento
o Projeto Carajás. O Brasil detém 1/6 das reservas histórico é responsável pela instalação de grandes
mundiais. empresas multinacionais em países em desenvolvi-
mento como o Brasil e o México, logo após a Segun-
Minérios de manganês da Guerra Mundial. Quer dizer, em ambos os países
já existia uma indústria de base forte, uma malha de
De grande importância para as indústrias siderúr- transportes e telecomunicações mais ampla, capazes
gicas, química, cerâmica entre outras. de garantir esse empreendimento.
O Brasil possui a terceira maior reserva do mundo, No período atual, o que atrai mais as indústrias e
superado apenas pela Rússia e pelo Gabão. investimentos é justamente a circulação de capital,
As principais áreas de ocorrência são Minas Gerais, ou seja, o velho paradigma da localização perde aos
Mato Grosso do Sul e Pará. poucos a sua influência. Certamente muitas indús-

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trias ainda dependem de fatores locacionais, como estágio, inicia-se a divisão do trabalho e o tra-
abundância em matéria-prima, para sua instalação. balho assalariado. Os meios de produção con-
Mas, com a intensificação do processo de globali- centram-se nas mãos do dono da manufatura.
zação, através do desenvolvimento dos meios de •• A indústria maquinofatureira: nesse modelo,
transporte e telecomunicações, o mundo inteiro é, dá-se uma intensa divisão do trabalho, resulta-
atualmente, um mercado em potencial. Um exemplo do da revolução industrial com a utilização de
desse processo seria a fabricação de um veículo auto- máquinas.
motor no Brasil, em uma empresa com donos norte-
•• A indústria tecnológica ou de ponta: é a in-
-americanos, por um empregado de descendência
dústria moderna, onde há uma redução drástica
asiática, utilizando tinta de petróleo árabe, para ser
exportado para países europeus. do número de trabalhadores em decorrência da
grande automação nas linhas de montagem.
Incentivos fiscais, robotização, desregulamenta-
ção trabalhista, desemprego, capitais voláteis etc., Quanto a sua natureza as indústrias podem ser:
são a face da Terceira Revolução Industrial, ou revo- •• Horizontal: quando a mesma corporação expan-
lução técnico-científica. de suas atividades a outros setores.
•• Vertical: quando uma mesma companhia atua
A classificação das indústrias em todas as etapas do processo de produção.
As indústrias podem ser classificadas com bases em
vários critérios, o mais utilizado é o que leva em consi- As principais áreas
deração o tipo e destino do bem produzido: industrializadas do planeta
Indústrias de bens de produção: destinam suas
Como relatado, as indústrias se instalam, preferen-
mercadorias para a produção ou o transporte de outras
cialmente, próximas aos centros consumidores, das
mercadorias e não para o consumo final. Ex.: produtos
fontes de matéria-prima, oferta de energia, de água, de
químicos, celulose, aço, máquinas e implementos.
mão-de-obra, incentivos fiscais etc.
Conhecidas como indústrias de base, requerem a
utilização de quantidades expressivas de matérias-
-primas e combustíveis apresentando consumo in- Concentração das indústrias
tensivo de energia. Por isso, são também denomina-
das indústrias pesadas. Concentração das indústrias

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Indústrias de bens de capital ou intermediárias:
produzem equipamentos necessários para o funciona-
mento de outras indústrias, como as de máquinas.
Indústrias de bens de consumo: produzem bens
para o consumidor final, a população comum, elas
subdividem-se em:
•• Indústrias de bens duráveis: as que produzem
bens para consumo a longo prazo, como auto-
móveis, refrigeradores.
•• Indústrias de bens não duráveis: as que pro-
duzem bens para consumo em geral imediato,
como as de alimentos. Complexo Industrial: é o conjunto de fábricas
Porém, outros critérios podem ser levados em diversificadas de grande dimensão e com extensão
consideração, como o modo de produzir: regional. Os mais importantes são:
•• A indústria artesanal: é o estágio mais primiti- •• região dos Grandes Lagos dos EUA;
vo de indústria, onde o artesão executa todo o •• Vale do Rio Ruhr, na Alemanha;
processo produtivo de forma manual. •• nos Montes Urais e arredores de Moscou, na Rússia;
•• A indústria manufatureira: surge com o de- •• a região do ABCD paulista no Brasil.
senvolvimento mercantil e capitalista. Nesse
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Geografia
Distrito industrial: ou centro industrial é um parque 4.a fase: 1989 até os dias atuais
industrial localizado em uma área ou zona reservada Essa fase marca o avanço do neoliberalismo no
para as indústrias, afastado dos centros urbanos. país, com sérias repercussões no setor secundário da
economia.
A industrialização no Brasil O modelo neoliberal adotado determinou a priva-
tização de quase todas as empresas estatais, tanto
O processo de expansão industrial no Brasil se
no setor produtivo, como as siderúrgicas e a Com-
iniciou com as mudanças sociais, políticas e econô-
panhia Vale do Rio Doce (CVRD), hoje apenas Vale,
micas que caracterizaram as últimas três décadas do
século XIX. quanto no setor da infraestrutura e serviços, como o
caso do sistema Telebrás.
A distribuição espacial da indústria brasileira, com
acentuada concentração em São Paulo, foi determi- Houve brutal aumento do desemprego, devido
nada pelo processo histórico, já que no momento à falência de empresas e às inovações tecnológicas
do início da efetiva industrialização, o estado tinha, adotadas, como a utilização de máquinas e equipa-
devido à cafeicultura, os principais fatores para ins- mentos industriais de última geração, necessários
talação das indústrias, a saber: capital, mercado con- para aumentar a competitividade e resistir à concor-
sumidor, mão-de-obra e transportes. Além disso, a rência internacional.
atuação estatal através de diversos planos governa-
mentais acentuou essa concentração no Sudeste. A realidade regional
A evolução histórica da indústria no Brasil pode ser
dividida em quatro fases: Região Sudeste
1. fase: 1922 a 1930
a
A mais industrializada das regiões brasileiras, com
Período de reduzida atividade industrial, dado a as maiores concentrações industriais no estado de
característica agrário-exportadora do país. São Paulo, no qual a atividade se expandiu a partir
2.a fase: 1930 a 1956 do polo industrial da Grande São Paulo.
O ano de 1930 é considerado por alguns autores No Sudeste ainda se destacam os polos industriais
como o da “Revolução Industrial” no Brasil. Efetiva- do Rio de Janeiro, principalmente os localizados na Bai-
mente é o ano que marca o início da industrialização xada Fluminense, no Grande Rio, no Vale do Paraíba, na
(processo através do qual a atividade industrial vai se Região Serrana (Petrópolis e Nova Friburgo), os polos
tornar a mais importante do país). industriais de Minas Gerais, como o da Grande Belo Ho-
rizonte, onde identificamos a presença de dois impor-
A Crise de 1929 determinou a decadência da cafei-
tantes distritos industriais, os de Betim e Contagem.
cultura e a transferência do capital para a indústria, o
Dentre as inúmeras produções das áreas indus-
que, associado à presença de mão-de-obra e mercado
triais paulistas, pode-se destacar a automobilística
consumidor, vai justificar a concentração industrial no
(no ABCD), a siderurgia (na Baixada Santista) e a pro-
Sudeste, especificamente em São Paulo. No entanto, a
dução têxtil (em Sorocaba).
ação do Estado começa a alterar o quadro, com o Go-
verno de Getúlio Vargas criando as empresas estatais E dentre as inúmeras produções industriais presen-
do setor de base, como a CSN (siderurgia), PETRO- tes nos polos industriais do Rio de Janeiro e Belo Hori-
BRÁS e a CVRD (mineração). zonte pode-se destacar a têxtil e a siderúrgica.
3.a fase: 1956 a 1989
Região Sul
Compõe-se do período de maior crescimento in-
dustrial do país em todos os tipos de indústria, tendo A segunda mais industrializada do país apresen-
como base a aliança entre o capital estatal e o capital ta sua atividade industrial ainda bastante vinculada
estrangeiro. O governo Juscelino Kubitschek dá início ao setor agropecuário. Isso quer dizer que no Sul as
à chamada “Internacionalização da Economia”, com a produções agroindustriais, como a frigorífica e a de
entrada de empresas transnacionais, notadamente do óleos vegetais, apresentam, ainda hoje, elevada par-
setor automotivo. ticipação relativa no total do valor industrial produ-
zido nessa região.
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Geografia
No estado do Rio Grande do Sul, destaca-se, como região de Ponta Grossa, que concentra indústrias be-
a mais importante de suas áreas industriais, a Gran- neficiadoras de grãos. No norte do estado, como em
de Porto Alegre seguida pela região de Caxias do Sul, Londrina e Maringá, destaca-se a produção industrial
localizada na região planáltica do estado. Dentre as baseada nas indústrias alimentares e químicas.
produções desenvolvidas nesses domínios pode-se
citar: no caso da Grande Porto Alegre, a indústria pe- Região Nordeste
troquímica (Canoas) e de calçados (São Leopoldo e
A terceira região mais industrializada do país (9% da
Novo Hamburgo). Quanto à região de Caixas do Sul,
produção industrial brasileira), destacam-se as produ-
destacam-se as indústrias de metalurgia.
ções vinculadas ao processo de transformação indus-
No estado de Santa Catarina, destacam-se como trial das matérias-primas regionais.
importantes áreas industriais o Vale do Itajaí, com forte
Entre os mais importantes centros industriais do
presença do setor têxtil e a zona carbonífera do estado.
Nordeste podemos mencionar as três grandes áreas
No estado do Paraná, ocorre a concentração indus- metropolitanas – Recife, Salvador e Fortaleza – com
trial na região metropolitana de Curitiba, com desta- destaque para as produções têxteis e alimentícias,
que para os setores de mecânica, siderurgia e auto- seguidas pela metalúrgica, química e de eletrodo-
motores. No interior do estado o destaque fica para a méstico.
Indústrias no Brasil

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Geografia

Sistemas de transporte geiros, seu uso aumentou consideravelmente. Isso prin-


cipalmente pela velocidade e segurança dos voos.

O transporte corresponde à atividade que permite


a circulação de pessoas e mercadorias. É vinculado
O transporte no Brasil
ao setor terciário da economia, como atividade pres- O Brasil é um país de grandes dimensões, ou seja,
tadora de serviços. grandes distâncias necessitam ser percorridas para
A evolução humana foi acompanhada pela evolu- que seu abastecimento seja realizado.
ção do sistema de transporte. Primeiramente, o ho- Devido a essas características e, também pelo
mem só podia contar com o próprio corpo, ao longo fato de ainda perseguir a autossuficiência em rela-
do tempo começou a usar a tração animal, para pu- ção ao petróleo – de onde derivam a gasolina e o
xar carroças, arado ou mover roda de moinho. diesel – o sistema de transporte mais adequado à
realidade do país seria o ferroviário. Foi o binômio
Com a Revolução Industrial, o sistema de trans-
porto-ferrovia que desempenhou papel importante
porte também foi modificado. A invenção de loco-
para o surgimento e a expansão dos principais cen-
motivas e barcos a vapor acelerou o desenvolvimen-
tros regionais.
to dos transportes, estando estreitamente associado
com a evolução tecnológica.
Transporte ferroviário
Os tipos de transportes mais utilizados em grande
escala são os terrestres, compostos por ferrovias e Historicamente o Brasil construiu uma grande ma-
rodovias; os aquáticos, representados pela navega- lha ferroviária tanto por motivo de ocupação do ter-
ção fluvial e marítima e o aéreo. As características, a ritório como também de mobilidade pelo mesmo.
importância e o desenvolvimento de cada um deles
estão diretamente associados à escala de desenvol- Ferrovias
vimento econômico que se encontra o país. Sendo o
Parecia que o país estaria seguindo o caminho que
ferroviário e rodoviário os mais utilizados.
a maioria dos países europeus traçou. Mas, com a
O uso de rodovias data de muito tempo, pois se ori- aceleração da industrialização, começa a denominada
ginaram com as trilhas abertas por povos primitivos e “cultura do automóvel”, que foi, e ainda é, intensa.
que posteriormente, transformaram-se em estradas. Fortemente influenciada pelos EUA, essa “cultura”
O início do século XX é marcado pela implantação acelerou a indústria automobilística – quase inexis-
da indústria automobilística e consequentemente, tente – e consequentemente, a construção de grande
pela valorização do transporte rodoviário. malha rodoviária.
A respeito do transporte ferroviário, sua expan- O transporte ferroviário foi gradativamente sen-
são pelo mundo foi muito rápida. A partir da Se- do abandonado, ficando apenas em funcionamen-
gunda Guerra Mundial o sistema começou a ser ne- to alguns trens (principalmente para transporte de
gligenciado em prol do rodoviário, que era reflexo cargas) e metrôs – estes, por sua tecnologia, foram
do boom do automóvel. Atualmente, as vantagens implantados para suprir a demanda dos grandes cen-
do transporte ferroviário estão sendo colocadas em tros urbanos do mundo.
pauta novamente – como a capacidade de carga, o O país possui cerca de 30 000km de ferrovias para
baixo consumo de energia e a segurança no tráfe-
tráfego, uma densidade ferroviária de aproximada-
go. Está sendo visto como opção para o transporte
mente 3 metros por km2; bem inferior a dos EUA
de grandes centros urbanos, através dos metrôs e
(150m/km2) e Argentina (15m/km2). A sua distribui-
dos trens metropolitanos.
ção, como mostra a figura, é bastante desigual, com
A navegação marítima e a fluvial são bastante uti- cerca de 52% situada no Sudeste.
lizadas em áreas onde, por diversos motivos, a malha
Na Região Sul brasileira a malha foi privatizada, fun-
ferroviária e rodoviária não se desenvolveu.
cionando como uma binacional, onde se verifica um ex-
O transporte aéreo, se comparado com os outros ti- celente desempenho das ferrovias, com concentração
pos, tem uma história bastante recente. Mas, desde que no transporte de: grãos, produtos siderúrgicos, vinho,
começou a ser empregado para transportes de passa- pedra e cimento.
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Geografia
Transporte rodoviário As rodovias sob o controle direto do Governo Fe-
deral dividem-se em:
Com o processo de industrialização (posterior a
•• Rodovias radiais – partem de Brasília e têm
1950) inserira-se no país a era dos transportes ro-
numeração de 001 a 100;
doviários, desenhando assim, um novo perfil para a
expansão e o plano físico das cidades. Este é o princi- •• Rodovias longitudinais – seguem sentido
pal sistema de transporte no Brasil. Representa 56% norte-sul, a numeração aumenta de leste para
das cargas movimentadas, contra 21% por ferrovia oeste e varia de 101 a 200;
e 18% por hidrovia. A predominância desse tipo de •• Rodovias transversais – seguem no sentido
transporte deve-se ao modelo de desenvolvimento leste-oeste e a numeração vai de 201 a 300;
implantado desde o período do governo JK. A falta •• Rodovias diagonais – cortam as anteriores em
de investimentos em infraestrutura, como um todo, diagonal e variam de 301 a 400, aumentando
e a ausência de uma política de intermodalidade são para sul.
algumas das dificuldades do setor.

Rodovias, ferrovias e hidrovias

Divulgação ANTT.

Outras formas de transporte mente o ferroviário, e em um segundo momento, o


rodoviário – ficando responsável por pequena parti-
A navegação fluvial e a marítima são pouco ex- cipação no transporte de cargas e um pouco mais de
pressivas no contexto nacional – devido à adoção de destaque no transporte de passageiros.
políticas de transporte que privilegiaram primeira-

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Geografia
Quanto ao transporte aéreo, é quase que exclusi- Taxa de Mortalidade Infantil (TMI):
vamente para transbordo de pessoas. As construções TMI = razão entre o número de óbitos anuais de
de estruturas aeroportuárias necessitam de enormes menores de um ano de idade e o número de nascidos
espaços e complicadas instalações. Também a manu- vivos no ano, expresso em 1 000 nascidos vivos.
tenção das aeronaves, que é bastante cara. Apesar
Crescimento Vegetativo (CV):
de os acidentes serem, geralmente, letais, é de longe
o transporte mais seguro existente. CV ou Natural = TN – TM
Crescimento Demográfico ou Absoluto:
CV + saldo migratório.
Estudos de população População absoluta
É através dos estudos populacionais que se pode É o número total de habitantes de um lugar. Atu-
conhecer o grau de desenvolvimento de estados, re- almente a população absoluta do planeta é de 6,7
giões ou países. bilhões de pessoas.
Os dados sobre a população mundial são sempre

Almanaque Abril, 2007.


aproximados, pois, muitas nações não fazem conta- Os mais populosos do mundo
gem populacional.
China 1 331
São considerados fatores do povoamento aqueles
Índia 1 136
de caráter: físico, histórico-culturais e econômicos.
Em relação à possibilidade de povoamento po- EUA 303,9
demos dividir a superfície do planeta em ecúmenos Indonésia 228,1
(áreas que favorecem a ocupação humana) e anecú- Brasil 190
menos. Esses, são áreas menos povoadas, são áreas
Paquistão 164,6
frias, desérticas, florestais ou economicamente pou-
co desenvolvidas. Bangladesh 147,1
Rússia 141,9
Demografia
É a ciência que estuda a dinâmica populacional População relativa ou
humana por meio de estatísticas de natalidade, fe-
cundidade e migrações etc.
densidade demográfica
Taxa de Natalidade (TN): é o número de nasci- É a relação entre o número de habitantes e a ex-
mentos para um grupo de mil habitantes ao longo tensão territorial de determinada área. É expressa,
de um ano. geralmente, em hab./km2. Os pequenos países da
Europa (Vaticano, Mônaco, Luxemburgo etc.), estão
entre as nações com maior densidade demográfica.
TN = n.º de nasc. 1 ano
1 000 hab.
Almanaque Abril, 2007.

Taxa de Mortalidade (TM): é o número de óbitos País TN 0/0 TM 0/0 CV0/0


para um grupo de 1  000 habitantes no período de África 36,9 15,6 21,3
um ano.
Am. do Sul 20,4 6,5 13,9

TM= n.º de óbitos 1 ano Ásia 18,7 7,0 11,7


1 000 hab. Oceania 16,9 7,5 9,4
Am. do Norte 14,7 7,2 7,5
Europa 10,3 11,3 -1

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Geografia
Crescimento populacional mundial estagnação. Ou seja, baixa natalidade e baixa morta-
lidade, igual a baixo crescimento.
O crescimento populacional mundial foi lento até
primeira metade do século XIX e aumentou gradati-
vamente à medida que nos aproximamos do século
Teorias demográficas
XX, mas, foi a partir de 1950, que o mundo passou Com a explosão demográfica surgiram muitas
por uma verdadeira revolução populacional. ideias de controle populacional, cada uma com uma
filosofia e um método próprios, veja:

Almanaque Abril, 2008.


10 Malthusiana: entende que o crescimento popula-
8 cional gera fome e miséria das grandes massas, por
6
isso, a alternativa é o controle artificial da natalidade.
4
2 Neomalthusiana: entende que o crescimento po-
0
1650 1750 1850 1950 2000 2007 2050
pulacional gera atraso ao desenvolvimento econômi-
Crescimento populacional em bilhões.
co. Defende o controle artificial da natalidade, sem
reformas sociais.
Assim, podemos considerar três diferentes fases: Reformistas: com princípios nos ideais socialistas,
Primeira Fase (até 1750): é a chamada fase do defendem a melhoria do padrão de vida e reformas
equilíbrio primitivo. Onde a natalidade era alta e a sociais, que naturalmente iriam promover o controle
mortalidade também, resultando num baixo cres- natural do crescimento da população.
cimento vegetativo. Principalmente em virtude de Transição democrática: considerada “mais cientí-
guerras e epidemias. fica”, esta teoria entende que a população evolui em
Segunda Fase (1950): é a fase da explosão de- direção ao equilíbrio populacional, passando pelas
mográfica. Isso já ocorria na Europa desde o final do três fases que já vimos anteriormente.
século XIX, mas, no restante do mundo, apenas no
século XX. Ocorre um controle de mortalidade em Superpopulação ou explosão demográfica
virtude da Revolução Sanitária, contudo, a natalida-
Essa situação dependerá da situação econômica
de continua elevada.
do lugar. Só ocorre quando a economia não consegue
suprir as necessidades da população, ou seja, quando
Revolução Sanitária? a população cresce mais rápido que a economia pode
Foi um grande salto de melhoria na saúde sustentar.
mundial a partir de 1950. Foi baseada em:
•• vacinação;
Subpovoamento
•• saneamento básico; Ocorre quando uma área apresenta um pequeno
número de habitantes. São, portanto, áreas de baixa
•• ampliação de ambulatórios;
densidade demográfica.
•• ação médica;
•• distribuição de alimentos.
Lembre-se:
•• Um país populoso é aquele com grande nú-
mero de habitantes.
Terceira Fase (2000): com as políticas de melhoria
•• Um país povoado é aquele que tem uma alta
das condições sanitárias, das políticas de controle de
densidade demográfica.
natalidade, das condições econômicas e educacio-
nais mais elevadas, a natalidade tende a diminuir. É
conhecida também como a fase da estabilização ou Áreas de maior concentração populacional:

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Geografia

Atlas Escolar do IBGE.


América do Sul América do Norte Ásia África
Brasil: RJ, SP. EUA: Chicago, Tóquio, Xangai, Seul, África do Sul:
Nova Iorque, Oeste. Bancoc. Joanesburgo.
Argentina: Buenos Aires. México: Cidade do Índia: Bombaim, Nigéria: Lagos.
México. Nova Delhi, Calcutá.
Chile: Santiago. Indonésia:Jacarta. Egito: Cairo.

IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educa-
ção, esperança de vida e natalidade.

Índice de Desenvolvimento Humano 2007

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Rússia
Belarus

Macedônia

Albânia
Líbia
Oceano
Trópico de Câncer
Haiti Pacífico

Gâmbia

Brasil Arábia
Equador Saudita
Iêmen
Oceano Oceano Quênia
Pacífico Atlântico Oceano
Índico
Trópico de Capricórnio

Zimbabwe

Países com IDH Alto


Países com IDH Médio
Países com IDH Baixo

Países que Ingressaram no Nível Médio de IDH

Países que Ingressaram no Nível Alto de IDH

Em 2007 o Brasil ingressa no grupo dos países •• entre 0,500 e 0,799 – médio.
com IDH alto, mas cai uma posição no ranking. •• entre 0,800 e 1 – alto.

Critérios de Avaliação:
•• Educação: taxa de alfabetização + total de População no Brasil
pessoas que frequentam algum curso; O país possui, aproximadamente, 190 milhões de
•• Longevidade: esperança de vida ao nascer; habitantes, sendo o quinto em população no mun-
•• Renda: PIB per capita. do, considerado um país populoso, mas com uma
densidade demográfica de 21,97 hab/km2, não sen-
Classificação: do considerado um país povoado e não enfrenta o
problema de superpovoamento.
•• entre 0 e 0,499 – baixo.

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Geografia
Sua população está concentrada na faixa litorânea, Transição demográfica no Brasil
particularmente nas Regiões Nordeste e Sudeste.
1.a fase: controle da mortalidade;
Nosso país tem uma população em fase de enve-
lhecimento, com menos nascimentos e com maior 2.a fase: aumento do crescimento;
expectativa de vida da população. 3.a fase: baixa natalidade = baixo crescimento.

Brasil – densidade demográfica, 2000 300

IESDE Brasil S.A.


IESDE Brasil S.A.
250
200
150
100
50
0

1865
1890
1920
1950
1970
1991
2010
2030
2050
2070
2090
Evolução da população brasileira 1865 – 2100 (milhões).

Estrutura da população ativa


PEA: população economicamente ativa (maiores
de 10 anos de idade que exercem atividade remu-
nerada).
População Ocupada ou Propriamente Ativa: é
aquela que está empregada.
Pirâmides Etárias
•• Base: jovens
•• Corpo: adultos

Distribuição estimada da população - 2007 •• Topo: idosos

De população jovem:
Almanaque Abril, 2007 e IBGE.

Homens Anos Mulheres

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(1191-2000)
(milhões)

Dem. (%)
Demog.
Região

Cresc.
Dens.
Pop.

Norte 14 623 3,8 2,9

Nordeste 51 533 33,2 1,3

Sul 26 733 46,4 1,4

Sudeste 77 873 84,2 1,6

Centro-
13 223 8,2 2,4
-Oeste Milhões População total: 30 981 382 Milhões

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Geografia
De população População Rural e Urbana no Brasil
em fase de envelhecimento: Em milhões de pessoas

Almanaque Abril, 2008.


Homens Anos Mulheres

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1940 28,4 12,9

1950 33,2 18,8

1960 38,8 31,3

1970 41,0 52,1

1980 38,6 80,4

1991 35,8 111

2000 32,0 137,8

Milhões População total: 141 452 000 Milhões 0 50 100 150

Migrações
De população envelhecida:
Homens Anos Mulheres
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Mundo – áreas migratórias.

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Milhões População total: 16 531 929 Milhões

Diferentes tipos de pirâmides etárias.

População rural x urbana


Rururbano: assentamentos localizados entre o pe-
rímetro urbano e o rural. Emigração: Saída
Ruralização: a Ruralização consiste no retorno de ci- Imigração: Entrada
dadãos para o meio rural.
Quanto ao tempo:
Cresce a população urbana no mundo Periódicas x Definitivas
Quanto ao espaço:
Almanaque Abril, 2008.

Em milhões de pessoas PREVISÃO

5,0 5,0 Intra (internas) x Inter (externas)


4,2
Principais causas das migrações: fome, guerra,
4,0
miséria, catástrofes naturais, trabalho.
3,0 2,9 3,5
Países de Imigração (entrada): EUA, Áustria, Ale-
2,0 1,7
2,3 manha, Canadá, Espanha, França.
1,0
1,0 1,3 Países de Emigração (saída): Cuba, Haiti, Turquia,
0,7
0 Rússia.
1950

1960

1970

1980

1990

2000

2030
2010

2020

Brasil: as maiores emigrações vão para EUA, Para-


guai, Japão e Portugal/Alemanha.

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Geografia
No passado: Brasil – fluxo migratório.

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Saída: Ásia e Europa
Entrada: América e Oceania.
Atualmente:
Predominam as migrações em direção à Europa e
até mesmo à Ásia. As razões são inúmeras, mas, as
econômicas predominam.

Tipos de migrações
Nomadismo: povos Ciganos.
Transumância: sazonal e em geral ligada a fatores
climáticos:
•• África: Zona do Sahel (desértica) para estepes.
•• Brasil: Sertão Nordestino para a Zona da Mata.
Pendulares: diárias.
Campo – Cidade: êxodo rural.
Cidade – Campo: ruralização (em busca de me-
lhor qualidade de vida).
Campo – Campo: fronteira agrícola.
A estruturação
Cidade – Cidade: primeiro para as capitais, de- do espaço agrário
pois para as cidades do interior.

Migrações no Brasil – causas As formas de produção


Produção de roça: está associada ao sistema ex-
Norte
tensivo de produção agrícola, também conhecido
•• extrativismo mineral: RO, AP, PA; como sistema itinerante. É comum o uso de técnicas
•• madeira: PA, AM; atrasadas como a queimada, com predominância de
mão-de-obra familiar. Ocorrem em pequenas e mé-
•• agricultura: RO, AC e de RO RR.
dias propriedades e é destinada ao autoconsumo.
Sudeste

Ronai Rocha.
•• para o interior dos estados.

Sul
•• até fim de 1980: Centro-Oeste e Norte: frontei-
ra agrícola;
•• a partir de 1990 das metrópoles para interior.

Nordeste Exemplo de produção de roça.

•• ainda apresenta déficit migratório. Agricultura ecológica ou orgânica: a Agroecologia


surge nos Estados Unidos e na Europa no final de 1970
Centro-Oeste e chega ao Brasil no início de 1990. É praticada em pe-
•• Fronteira agrícola, madeira, rodovias, posseiros. quenas propriedades com emprego de sementes não

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Geografia
modificadas no plantio e sem a utilização de adubos e Utiliza alta mecanização e pouca mão-de-obra,
defensivos químicos. Podendo proporcionar maior retor- mas altamente especializada (ex.: produção de la-
no financeiro ao produtor e menores danos ao solo e ao ranja, soja, trigo).
meio ambiente. Jardinagem ou terraceamento: é um sistema de
uso intensivo do solo, tradicional e milenar, caracte-

Istock Photo.
rístico da Ásia Monçônica. É realizado em pequenas
propriedades com mão-de-obra familiar, utilizando
técnicas como: adubação orgânica, irrigação por
inundação e terraceamento. Utiliza intenso trabalho
braçal e se destina ao autoconsumo.

Divulgação da Câmara Municipal de Tabuaço


Exemplo de agricultura ecológica.

Plantations: herança colonial, esse sistema ex-


tensivo até hoje é utilizado, principalmente no cul-
tivo de banana (América Central), de café, cana-de-
-açúcar e cacau (Brasil e África tropical), borracha e
juta (Ásia). Necessita de mão-de-obra abundante e
barata. A característica marcante é a monocultura de
exportação de produtos tropicais em grandes pro-
priedades.
Exemplo de terraceamento.
Felipe Ferreira.

Cinturões Verdes e Bacias Leiteiras: próximos


aos centros urbanos, onde o valor da terra é alto,
pratica-se esse tipo de agricultura ou pecuária in-
tensivas. Utilizam-se pequenas e médias proprieda-
des e predomina o trabalho familiar. São exemplos
disso o green belt e o dairy belt americanos.
Corte de cana-de-açúcar.

Dwight Sipler.
Empresa agrícola: está associada ao sistema in-
tensivo por investimento de capital (já que ocorre em
extensas áreas), são resultado do desenvolvimento
tecnológico e capitalista ocorrido nos EUA e na Eu-
ropa. É utilizada em médias e grandes propriedades.
A produtividade é bastante considerável em virtude
do uso de tecnologias avançadas como as sementes
híbridas e transgênicas.

Exemplo de cinturão verde.


Divulgação UNILEITE.

Agricultura em áreas áridas: Graças às técnicas


de irrigação altamente desenvolvidas como a de
gotejamento, áreas semiáridas ou áridas do plane-
ta têm alcançado uma boa produtividade. Por ou-
tro lado, esse tipo de agricultura tem se mostrado
altamente agressiva ao ambiente, trazendo como
resultado a salinização dos solos e a exaustão dos
Exemplo de empresa agrícola. recursos hídricos.
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Geografia
Problemas ambientais Agricultura no Brasil e RS
decorrentes da agricultura Com a produção apresentando recordes desde o
início desta década, movimentando aproximadamente
Os principais problemas ambientais causados pela 8,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o país tem hoje
agricultura estão relacionados à degradação dos solos boa parte da sua economia alicerçada na agricultura.
e dos recursos hídricos. Boa parte desses problemas
Alguns dos entraves são a matriz de transporte
podem ser evitados com soluções simples e baratas, as
baseada em rodovias e a necessidade de moderniza-
mais conhecidas e disseminadas são o terraceamento,
ção de portos.
o plantio em curvas de nível, o plantio direto, a aplica-
ção de corretivos (ureia, calcário etc.), rotação de solos
e culturas, a irrigação e o reflorestamento. A concentração de terras no Brasil
Lixiviação: consiste na “lavagem” dos nutrientes A estrutura fundiária está relacionada com o
dos solos das regiões tropicais úmidas ou equato- número, tamanho e distribuição das propriedades
riais. É, portanto, um processo natural que se agrava agrárias. A concentração de terras é, para a maioria
com o solo descoberto pela prática agrícola. dos pesquisadores, um dos maiores problemas en-
Laterização: pode acontecer de forma natural, ou frentados no meio agrário.
resultar de ações antrópicas, em áreas de clima tropi- Atualmente a agricultura brasileira participa em
cal típico (uma estação seca e outra chuvosa), como o menos de 10% do PIB, empregando apenas 24% da
nosso Cerrado. Na época seca, o hidróxido de ferro e PEA, destes, 65% estão em pequenas e médias pro-
de alumínio afloram para a superfície, formando uma priedades que utilizam mão-de-obra familiar.
camada rígida logo abaixo da superfície (laterítica),
Hoje a agricultura brasileira centra-se na produção
impedindo o desenvolvimento normal da planta.
para a exportação de produtos como soja, carne bo-
Queimada: é uma técnica agrícola arcaica para lim- vina, laranja, café e açúcar.
par áreas para plantio ou renovação do pasto, também
leva ao esgotamento do solo. Ela garante boa produ- A propriedade da terra no Brasil
ção nas primeiras safras. No entanto, com o solo des-
coberto ocorre a lixiviação. É uma técnica aplicada para A primeira Lei de Terras do Brasil, data do ano
troca de pasto seco nas áreas de pecuária. de 1850. Com essa lei, todas as terras devolutas
tornaram-se propriedade do Estado. Na prática um
Salinização: consiste no depósito de sais minerais
de seus efeitos foi o impedimento do acesso à terra
no solo, devido à evaporação da água utilizada na
pelos imigrantes. No ano de 1964 é lançado o Esta-
irrigação de culturas em regiões de clima árido ou
tuto da Terra que além de lançar o ideal da reforma
semiárido.
agrária no país traz as seguintes definições:
Desertificação: é decorrente de todos ou de alguns
•• Módulo Rural: a propriedade mínima de terra
dos fatores acima citados. Consiste, na prática, na are-
capaz de proporcionar condições de sustento
nização do solo, tornando-o impraticável para a agri-
a uma família de 4 pessoas. Varia conforme a
cultura.
região.
Degradação dos recursos hídricos:
•• Minifúndio: inferior ao módulo rural, portanto
•• é responsável por 70% do consumo da água antieconômicas. Varia conforme a região.
potável do mundo;
•• Latifúndio por dimensão: área superior a 600
•• leva ao assoreamento dos rios (problemas de vezes o módulo.
cheias no Pantanal);
•• Latifúndio por exploração: propriedade que
•• os produtos químicos utilizados aumentam a de- não exceda 600 vezes o módulo rural, mas que
gradação dos rios; seja inexplorada.
•• leva ao desmatamento; •• Empresa rural: exploração econômica e racional
•• a irrigação pode causar estresse hídrico. que tenha área até 600 vezes o módulo rural.

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Geografia
As relações de trabalho no campo A pecuária
•• Assalariados permanentes: recebem salários.
Rebanho Bovino 2005 (mil cabeças)
Representam 10% da força de trabalho.

Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
•• Assalariados temporários: são contratados Região Efetivo %
na época da colheita. São chamados de boias Norte 82 978 40,06
frias. Representam 25% da força de trabalho
no campo. Nordeste 53 937 26,04
•• Corumbás: mão-de-obra temporária típica do Sudeste 77 889 37,60
nordeste brasileiro.
Sul 143 970 69,50
•• Peão: mão-de-obra típica da Região Norte.
Surgiu em 1970 com a expansão das frontei- Centro-Oeste 71 985 34,75
ras agrícolas. O contratante recebe o nome de
Brasil 207 157
“gato”. É um trabalho compulsório, chamado
de escravidão por dívida.
•• Arrendatário: são aqueles que arrendam ou
“alugam” a terra pagando ao proprietário uma
quantia em dinheiro previamente combinada,
Geografia urbana
ou a sua equivalência em produtos.
•• Parceiros: são aqueles que trabalham numa
parte das terras de um proprietário, a quem
Urbanização mundial
pagam com parte do que é produzido. Podemos considerar a urbanização como a amplia-
ção ou formação de áreas urbanas, com predominân-
Os conflitos pela terra cia de atividades do setor secundário e terciário e a exis-
tência de equipamentos públicos.
A partir do processo de mecanização da agricultu-
ra surge o êxodo rural, aumentando a população das Quando falamos de urbanização, devemos nos
cidades e consequentemente uma gama de proble- remeter a sua principal forma no espaço – A CIDA-
máticas urbanas associadas ao campo. Não só a falta DE. As primeiras cidades se estabeleceram onde
de trabalho, mas, também, a falta da própria terra, havia a abundância de recursos naturais e possibili-
estimula conflitos nas relações sociais do campo dade de produção de excedentes, essenciais para os
brasileiro. A desigualdade evidente em nossa estru- processos de trocas.
tura fundiária traz à tona muitos embates políticos Evolução da formação das cidades
e sociais que têm sido amplamente divulgados pela
mídia, principalmente a partir da atuação dos movi- Primórdios – as cidades que cresceram em
mentos sociais. O movimento de maior expressão da vales de rios (como o Nilo, Tigre, Eufrates etc.).
atualidade é o MST.
Grandes Navegações – as cidades crescem
em locais portuários.
Principais áreas de conflito
Pós-Revolução Industrial – evoluíram em lo-
•• Araguaia-Tocantins; cais onde havia entroncamentos ferroviários, e
•• Sertão de Pernambuco; principalmente onde houvesse matérias-primas.
•• oeste da Bahia; Atualmente – a formação das cidades está
•• fronteiras Mato Grosso do Sul – Paraguai; muito mais associada ao comércio, serviços e
equipamentos públicos.
•• região de Pernambuco.

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Geografia
Portanto, a cidade deve, em grande parte, o seu

Adaptado Almanaque Abril, 2008.


AS DEZ MAIORES MEGALÓPOLES DO MUNDO
desenvolvimento à industrialização. Em milhões de habitantes na região metropolitana
Hoje a urbanização já pode ser considerada um 2005 2015*
fenômeno global. As estimativas mostram que pela 1 Tóquio (Japão) 35,2 1 Tóquio (Japão) 35,5
primeira vez na história, o número de habitantes das 2 Cidade do México 19,4 2 Cidade do México 21,9
zonas urbanas superou o do campo. 3 Nova York 18,7 3 Nova York 21,6

A urbanização deve, sem dúvida, ser maior nos 4 São Paulo 18,3 4 São Paulo 20,5

países mais pobres, pois, estes apresentam os maio- 5 Mumbai (Índia) 18,2 5 Mumbai (Índia) 19,9

res índices de população rural. Mas, é difícil realizar

Adaptado Almanaque Abril, 2008.


AS DEZ MAIORES MEGALÓPOLES DO MUNDO
comparação entre as nações, pois, os critérios utiliza- Em milhões de habitantes na região metropolitana
dos são variados. 2005 2015*

6 Nova Délhi (Índia) 15,0 6 Nova Délhi (Índia) 18,6

7 Xangai (China) 14,5 7 Xangai (China) 17,2


A ONU trabalha com critérios de população
8 Calcutá (Índia) 14,3 8 Calcutá (Índia) 17,0
e área urbana. Já em países como o Brasil, fun-
9 Jacarta (Indonésia) 13,2 9 Jacarta (Indonésia) 16,8
ciona o critério administrativo. Toda sede de
10 Buenos Aires (Argentina) 12,6 10 Buenos Aires (Argentina) 16,8
município é cidade e seus distritos são con-
siderados vilas, independente de população As dez maiores megalópoles do mundo.
ou área. Assim, os dados de urbanização de
nosso país podem parecer superiores aos de Há de se considerar que nos países de industriali-
outras nações. zação mais antiga, a urbanização produziu cidades
onde foi possível desenvolver também as infraestru-
turas. Assim, os problemas urbanos não se multipli-
Com exceção da China e da Índia, com as maiores caram tanto como nos países em desenvolvimento,
populações do planeta e de industrialização recen- onde o processo foi muito rápido e não foi acompa-
te, todos os países industrializados são urbanizados. nhado por melhorias ou implantação das infraestru-
Podemos encontrar áreas densamente urbanizadas, turas necessárias. Ocorrendo uma grande transferên-
mas sem existência de indústrias, esse fato é caracte- cia de população para as cidades, notadamente para
rístico de nações muito pobres. as grandes metrópoles (êxodo rural), criando uma
série de problemas.

Problemas urbanos Assim as grandes cidades de nações recentemen-


te industrializadas, como Brasil, Argentina e México,
No início da Revolução Industrial a taxa de urbani- possuem um grande cinturão de pobreza em sua pe-
zação não passava de 2%. A população que vive em riferia. Ampliando e agravando os problemas de sub-
cidades atingiu 34% do total em 1960, 44% em 1992, moradias, de desemprego, carência de serviços, de
em 2000 era de 48% e em 2008 a população urbana saneamento, educação e saúde. Isso contribui para
mundial superou os 50%. Podemos notar com isso as péssimas previsões da ONU para os próximos 30
que o processo de urbanização é um fenômeno mui- anos, as quais indicam que cerca de um quarto da
to recente na história do homem. população estará vivendo em condições de moradias
precárias.

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Geografia
População urbana mundial – 2005

Temática Cartografia.
Rede urbana cado, é que se estruturou uma rede urbana em escala
nacional. Com a modernização da economia, primeiro
Podemos considerar como rede urbana o sistema as Regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único
de cidades, no território de cada país, interligadas que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recente-
umas às outras através dos sistemas de transportes mente o Norte e o Centro-Oeste.
e de comunicações, num constante fluxo de pesso-
as, mercadorias, informações etc. Em países desen-

IESDE Brasil S.A.


volvidos elas serão mais densas e articuladas, pois,
tais países apresentam economias diversificadas e
dinâmicas, grande mercado interno e alta capacida-
de de consumo.

Rede urbana no Brasil


Desde a colonização do Brasil, temos um país que
está voltado para fora, ou seja, um país praticamente
todo concentrado (população e atividades econômi-
cas) nas áreas costeiras. Sendo assim, verificam-se O avanço da urbanização no Brasil.
muitos problemas de ligação (estradas) entre as áre-
as costeiras e as áreas interiores do Brasil. Em virtude A indústria foi a grande responsável pela acele-
dessa estrutura o centro e o norte do país ficavam ração do processo de urbanização. Como mostra o
praticamente isolados. gráfico da urbanização brasileira, hoje o Brasil é um
país predominantemente urbano, com cerca de 81%
Apenas a partir da década de 1940, juntamente
população vivendo e trabalhando em cidades, em es-
com a industrialização e a instalação de rodovias, fer-
pecial nas metrópoles.
rovias e novos portos integrando o território e o mer-
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Geografia
Urbanização das regiões brasileiras prio município, servindo apenas aos seus habitantes,
têm população dominantemente inferior a 10 mil ha-

Censo Demográfico 1980-2000/IBGE.


Regiões 1980 1991 2000 bitantes (mediana de 8 133 habitantes).
Norte 50,32 59,05 69,83

Nordeste 50,46 60,65 69,04

IBGE – Nova dinâmica da rede urbana brasileira.


Cidades mais N.° de População PIB
Sudeste 82,81 88,02 90,52
influentes municípios (2007) (2005)
Sul 62,41 74,12 80,94 São Paulo 1 028 51 020 582 40,5%
Centro-Oeste 70,84 81,28 86,73 Rio de Janeiro 264 20 750 595 14,4%
Brasil 67,59 75,59 81,23 Brasília 298 9 680 621 4,3%
Manaus 72 3 480 028 1,7%
Belém 161 7 686 082 2%
Fortaleza
Hierarquia urbana
786 20 573 035 4,5%
Recife 666 18 875 595 4,7%
Salvador 486 16 335 288 4,9%
Nova dinâmica da rede urbana brasileira Belo Horizonte 698 16 745 821 7,5%
Curitiba 666 16 178 968 9,9%
Estudo divulgado pelo IBGE, em outubro de 2008,
Porto Alegre 733 15 302 496 9,7%
aponta nova hierarquização das cidades no Brasil.
Goiânia 363 6 408 542 2,8%
Baseado na presença de órgãos do governo, de gran-
A lista mostra São Paulo, grande metrópole nacional, segui-
des empresas e na oferta de ensino superior, serviços da das metrópoles nacionais, Rio de Janeiro e Brasília. Na
de saúde e domínios de internet, o IBGE estabeleceu sequência aparecem as nove metrópoles.
a influência das cidades no espaço brasileiro. Assim,
foram definidos 5 níveis:
Metrópole: compreende cidades com grande in- Metropolização
fluência territorial, dividida em: O crescente aporte de infraestrutura e equipa-
•• grande metrópole nacional: São Paulo. mentos urbanos em uma determinada área (redes
•• metrópole nacional: Brasília e Rio de Janeiro. de água e esgoto, abertura e pavimentação de ruas,
parques etc.), reflete a importância ou o desenvolvi-
•• metrópole: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,
mento atingido pelo centro urbano. Assim é preciso
Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e
definir:
Porto Alegre.
Conurbação: é o encontro de duas ou mais cida-
Capital regional: são 70 centros que, como as
des próximas devido ao seu crescimento horizontal.
metrópoles, também se relacionam com o estrato
superior da rede urbana. Têm área de influência de Região Metropolitana: são áreas administrativas
âmbito regional. São os municípios mais importan- formadas pelos maiores municípios do país, e os mu-
tes de uma microrregião. São divididos em Capital nicípios a eles conurbados.
Regional A, B e C. As Regiões Metropolitanas foram constituídas por
Centro sub-regional: 169 centros com atividades Lei Complementar n.º 14, de 1973, visando à pola-
de gestão menos complexas, apresentam área de rização de indústrias e a serviços em determinadas
atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com regiões. As cidades que fazem parte de uma região
centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, metropolitana ganham valores maiores quando da
apenas com as três metrópoles nacionais. São dividi- distribuição da receita orçamentária.
dos em centro sub-regional A e B. No país são 31 regiões metropolitanas, sendo que
Centro de zona: 556 municípios de menor porte nas nove maiores vivem aproximadamente 56,3 mi-
e com atuação restrita à sua área imediata, dividido lhões de habitantes, cerca de 30% da população.
em centro de zona A e B. Metrópole: é uma grande cidade, concentradora
Centro local: demais 4 473 municípios cuja cen- de indústrias (setor secundário) e serviços (setor ter-
tralidade e atuação não extrapolam os limites do pró- ciário), exercendo uma centralização das atividades

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Geografia
econômicas em relação às cidades adjacentes, com Cidades globais: abrigam sedes de grandes em-
redes de influência, que interligam até mesmo mu- presas, e organismos internacionais, tornando-se
nicípios situados em diferentes estados. centros financeiros mundiais com grande influência
Megalópole: é uma vasta área urbanizada, resul- no cenário econômico mundial. São cidades que po-
tante da conurbação de duas ou mais metrópoles. larizam o país e são, muitas vezes, elos entre o país
Temos como exemplo: nos EUA, onde há uma me- e o mundo. Aproximadamente 55 cidades no mundo
galópole que abrange cidades como Boston, Nova podem ser consideradas globais e se situam princi-
Iorque, Filadélfia, Baltimore e Washington. A maior palmente nos países desenvolvidos. Rio de Janeiro
megalópole do mundo está no Japão que vai de Tó- e São Paulo são consideradas, também, metrópoles
quio a Kitakiushu. globais.
No Brasil está se formando uma megalópole, que Taxa de urbanização brasileira
será a junção da Grande São Paulo com o Grande Rio

IESDE Brasil S.A.


de Janeiro.
Na medida em que as infraestruturas de transpor-
tes e comunicação foram se expandindo pelo país,
o mercado se unifica e a tendência à concentração
urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atin-
gindo o país como um todo.

Megalópole brasileira vista do espaço


NASA.

América do Sul vista do espaço, com destaque para as


cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

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