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MATERIAL

OFICIAL DE
ESTUDO PARA
O EXAME CFP®
NO BRASIL

Planejamento
Fiscal

Volume V

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PLANEJAMENTO FISCAL 1

Material oficial de
estudo para o exame
CFP® no Brasil:
planejamento fiscal

Volume V

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2 PLANEJAMENTO FISCAL

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PLANEJAMENTO FISCAL 3

Material oficial de estudo para o exame CFP® no Brasil:


planejamento fiscal

Volume V

O objetivo instrucional desse módulo é capacitar o profissional para compreender


e avaliar a interferência de impostos e tributos sobre as diversas atividades
exercidas pelas pessoas físicas e jurídicas, assim como suas repercussões sobre
suas posições financeiras e o resultado final de transações financeiras em geral.
A abrangência da tributação sobre os cidadãos é ampla, verificando-se
desde o consumo de bens essenciais (alimentação, moradia, serviços
básicos, etc.), até atingir suas decisões de poupança, investimentos locais
e offshore e tributação em operações financeiras e não financeiras, com
ativos mobiliários e imobiliários.
Uma preocupação básica é incentivar o profissional a avaliar e
compreender as vantagens e desvantagens de cada estrutura tributária
dentro de um enfoque de planejamento fiscal incorporado em seu
planejamento financeiro.
Além disso, nesse módulo é requerido do profissional que conheça os impostos
praticados em operações no mercado financeiro e de capitais, local e offshore,
sob a ótica de um investidor residente e domiciliado no Brasil e que tenha noções
gerais a respeito das regras do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas.

Autores
PLANEJAR - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros
PRACTA - Treinamento e Educação Financeira

Sirius - Comunicação

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4 PLANEJAMENTO FISCAL

Planejamento fiscal é o
Volume V da coleção Material oficial
de estudo para o exame CFP® no Brasil,
composta por um total de seis volumes,
de autoria da PLANEJAR - Associação
Brasileira de Planejadores Financeiros e da
PRACTA - Treinamento e Educação Financeira.

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta obra,
no todo ou em parte, constitui violação de
direitos autorais (Lei 9.610/98)

Material oficial de estudo para


o exame CFP® no Brasil:
planejamento fiscal
possui o nº de registro
ISBN 336281
1ª edição: 2019

Projeto gráfico e capa: Sirius Comunicação


Imagem da capa: Istockphotos
Tipologia: Garamond e Frutiger
Papel miolo: Couche fosco 115gr
Papel capa: Triplex 250gr
Impressão: Vox Gráfica

Sirius Comunicação
Rua Bela Cintra, 200, cj 42
CEP 01415-000
São Paulo - SP
Brasil
Tel 011-3217.2727

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Introdução
A CERTIFICAÇÃO CFP®
A Certificação CFP® (Certified Financial Planner) é uma certificação internacional de distinção
que qualifica o profissional para o exercício da atividade de planejador financeiro pessoal. No
Brasil, a entidade certificadora é a Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros,
afiliada ao FPSB Financial Planning Standards Board, entidade responsável pelo gerenciamento,
desenvolvimento e promoção da marca CFP® no mundo.
A Certificação CFP® no Brasil segue os padrões mundiais definidos pelo FPSB que visam
garantir ao público, acesso aos serviços de um profissional competente, ético e que possui
comprovada experiência prática na prestação de serviços de planejamento financeiro pessoal.

O PLANEJADOR FINANCEIRO CFP®


O planejamento financeiro pessoal completo abrange objetivos em diversas áreas, tendo
início em uma avaliação da situação atual do cliente e dos desafios para alcançar os objetivos
traçados. A orientação passa pela avaliação das despesas e receitas, do patrimônio (ativos e
passivos), do planejamento para a longevidade e aposentadoria, dos riscos pessoais e seguros,
pela melhoria na gestão tributária e de um plano para sucessão patrimonial, caso desejável.
O Planejador Financeiro avalia os objetivos, expectativas e necessidades de cada cliente
visando desenvolver, apresentar e executar estratégias de planejamento financeiro adequadas
ao perfil e necessidades do cliente.
O Planejador Financeiro deverá tratar das alternativas mais adequadas de investimentos
para alcançar os objetivos traçados, respeitando a legislação vigente para o exercício de
atividade regulada.
Para se tornar um planejador financeiro certificado, além de ser aprovado em exame
que testa seu conhecimento, o candidato deve comprovar experiência mínima de 1 ano, se
supervisionada, ou de 3 anos, se não supervisionada, no relacionamento direto com clientes
pessoas físicas. Deverá comprovar, também, formação acadêmica, e compromisso com a ética,
aderindo ao Código de Conduta Ética e Responsabilidade Profissional da PLANEJAR, adesão
que sujeita o profissional certificado aos princípios e regras ali previstos, o que dá proteção
adicional aos clientes, fortalecendo o valor da certificação para os profissionais certificados e o
reconhecimento da mesma junto aos principais reguladores brasileiros.

O MATERIAL DE ESTUDO
O Material de Estudos para o exame da Certificação CFP® é uma coleção de seis volumes
estruturado de acordo com o Programa Detalhado e desenvolvido conforme as Orientações de
Estudo, em parceria celebrada entre a Planejar e a Practa Treinamento e Educação Financeira.
• Volume I - Planejamento Financeiro
• Volume II - Gestão de Ativos e Investimentos
• Volume III - Planejamento da Aposentadoria
• Volume IV - Gestão de Riscos e Seguros

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6 PLANEJAMENTO FISCAL

• Volume V - Planejamento Fiscal


• Volume VI - Planejamento Sucessório

Nosso objetivo, com essa iniciativa, é permitir, a todos os candidatos, acesso a um conteúdo
padronizado e qualificado, além de economicamente viável. A PLANEJAR espera que os
profissionais se beneficiem desse recurso didático, colaborando para a conquista da aspirada
Certificação CFP®.
Estamos certos de que os profissionais que já atuam ou pretendem atuar como planejadores
financeiros encontrarão nesta obra conteúdo para apoiá-los na profissão.

AGRADECIMENTO AOS CONTEUDISTAS E REVISORES


O desenvolvimento dos seis volumes desta coleção contou com a colaboração de diversos
profissionais.

PLANEJAR PRACTA
Bruno Rodrigues Correa, CFP® Eliane Habib Tiburski, CFP®
Bruno Ferreira Souza, CFP® Evely Borges da Silveira
Eliane Tanabe, CFP® Gabriel Hernan Facal Villarreal
Fabiano Calil, CFP® Rosario G. V. Pujado, CFP®
Luciana Pantaroto, CFP®
Martin Casals Iglesias, CFP®
Marcia Belluzo Dessen, CFP®
Renato Roizenblit, CFP®
Ricardo Aguida Geraldes, CFP®
Sinara Polycarpo, CFP®

INFORMAMOS QUE AS QUESTÕES APRESENTADAS NESSE MATERIAL NÃO FAZEM PARTE DO EXAME DE CERTIFICAÇÃO
APLICADO PELA PLANEJAR, DEVENDO SERVIR APENAS COMO ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DOS CANDIDATOS.
EM HIPÓTESE ALGUMA A SUA UTILIZAÇÃO É GARANTIA DE APROVAÇÃO NO EXAME, UMA VEZ QUE APENAS SERVE
COMO COMPLEMENTO AO ESTUDO, SENDO FACULTADO AO CANDIDATO ANALISAR A VIABILIDADE DE SEU USO,
COMO TAL INFORMADO. AS QUESTÕES APRESENTADAS NESTE MATERIAL FORAM DESENVOLVIDAS PELOS AUTORES
(PRACTA) ESPECIFICAMENTE PARA FINALIDADE DE APOIO. PORTANTO, NÃO É GARANTIDA A APROVAÇÃO OU QUE
AS QUESTÕES SERÃO APRESENTADAS DA MESMA FORMA NO EXAME. A PLANEJAR RESERVA-SE O DIREITO DE
APRESENTAR QUESTÕES NO EXAME DE CERTIFICAÇÃO CFP® DE FORMA DISTINTA

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PLANEJAMENTO FISCAL 7

ÍNDICE

1. NORMAS TRIBUTÁRIAS BÁSICAS................................................................................................................ 12

1.1 Conceito de tributo..........................................................................................................................................................12


1.1.1 Características.................................................................................................................................................................13
1.1.1.1 Fato Gerador........................................................................................................................................................... 14
1.1.1.2 Base de Cálculo..................................................................................................................................................... 14
1.1.1.3 Alíquota..................................................................................................................................................................... 14
1.1.1.4 Sujeito da relação tributária: contribuinte e fisco............................................................................ 14
1.1.1.5 Obrigação tributária........................................................................................................................................... 15
1.1.2 Espécies de Tributos.................................................................................................................................................... 15
1.1.2.1 Impostos.................................................................................................................................................................... 15
1.1.2.2 Taxas: pelo exercício do poder de polícia e pela utilização de serviços públicos.......... 17
1.1.2.3 Contribuição de Melhoria............................................................................................................................... 19
1.1.2.4 Contribuições Sociais...........................................................................................................................................................19
1.1.2.5 Empréstimos Compulsórios........................................................................................................................... 20
1.2 Princípios................................................................................................................................................................................... 21
1.2.1 Princípio da legalidade............................................................................................................................................... 21
1.2.2 Princípio da anterioridade....................................................................................................................................... 21
1.2.3 Princípio da irretroatividade.................................................................................................................................... 22
1.2.4 Princípio da isonomia ou igualdade tributária............................................................................................ 22
1.2.5 Princípio da competência......................................................................................................................................... 23
1.2.6 Princípio da capacidade contributiva................................................................................................................ 23
1.2.7 Imunidade.......................................................................................................................................................................... 25
1.2.8 Isenção.................................................................................................................................................................................26
1.3 Tributos relevantes para o planejamento fiscal....................................................................................... 27
1.3.1 ITCMD..................................................................................................................................................................................27
1.3.2 ITBI.......................................................................................................................................................................................... 27
1.3.3 IR – Imposto de Renda............................................................................................................................................... 27

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8 PLANEJAMENTO FISCAL

2. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA............................................................................................ 28

2.1 Fundamentos do Imposto de Renda..................................................................................................................28


2.1.1 Princípios constitucionais aplicáveis ao Imposto de Renda................................................................. 28
2.1.1.1 Generalidade.......................................................................................................................................................... 28
2.1.1.2 Universalidade........................................................................................................................................................ 28
2.1.1.3 Progressividade...................................................................................................................................................... 28
2.1.2 Conceito de renda........................................................................................................................................................ 29
2.1.2.1 Renda.......................................................................................................................................................................... 29
2.1.2.2 Rendimento............................................................................................................................................................. 29
2.1.2.3 Ganho de capital.................................................................................................................................................. 30
2.1.2.4 Proventos de qualquer natureza................................................................................................................. 30
2.1.3 Disponibilidade econômica ou jurídica da renda...................................................................................... 30
2.2 Regime básico de tributação da renda da Pessoa Física/ Tabela progressiva................. 30
2.2.1 Formas de recolhimento do imposto................................................................................................................ 32
2.2.1.1 Retenção na fonte............................................................................................................................................... 32
2.2.1.2 Autorecolhimento (recolhimento mensal obrigatório do carnê-leão)................................ 32
2.2.2 Rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica.......................................................................... 32
2.2.2.1 Rendimentos do trabalho assalariado..................................................................................................... 33
2.2.2.2 Rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício.................................................................... 33
2.2.2.3 Tributação da Pessoa Física (autônomo) x Pessoa Jurídica (prestadora de serviço).... 33
2.2.2.4 Aluguéis e royalties............................................................................................................................................. 34
2.2.2.5 Resgates de planos de previdência........................................................................................................... 34
2.2.3 Rendimentos recebidos de pessoa física........................................................................................................ 35
2.3 Rendimentos isentos ou não tributáveis....................................................................................................... 35
2.3.1 Indenizações por rescisão do contrato de trabalho................................................................................ 35
2.3.2 Lucro de alienação de bens ou direitos de pequeno valor................................................................. 35
2.3.3 Lucro de alienação de único imóvel.................................................................................................................. 36
2.3.4 Lucro de alienação de imóvel para a compra de outro imóvel em 180 dias........................... 36
2.3.5 Lucros e dividendos..................................................................................................................................................... 36
2.3.6 Aposentadoria, reserva remunerada, reforma, pensão ou pecúlio............................................... 36
2.3.6.1 Acima de 65 anos................................................................................................................................................ 36
2.3.6.2 Decorrente de morte ou invalidez permanente................................................................................ 37
2.3.6.3 Doença grave ou acidente de trabalho.................................................................................................. 37

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2.3.7 Rendimentos e ganho de capital de aplicações financeiras............................................................... 37


2.3.8 Transferências patrimoniais (doação, herança, legado, meação, divórcio)............................... 37
2.3.8.1 Situações em que doações ou herança podem gerar ganho de capital........................... 38
2.4 Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva na fonte ou definitiva..................................... 38
2.4.1 Décimo terceiro salário e PLR (Participação nos Lucros e Resultados)......................................... 38
2.4.2 Rendimentos de aplicações financeiras.......................................................................................................... 39
2.4.3 Juro sobre capital próprio creditado a acionistas...................................................................................... 39
2.4.4 Prêmios obtidos em loterias, sorteios, títulos de capitalização........................................................ 39
2.4.5 Ganho de capital líquido em operações de renda variável................................................................. 39
2.4.6 Ganho de capital na alienação de bens e direitos................................................................................... 40
2.4.7 Alienações a prazo....................................................................................................................................................... 41
2.5 Declaração de ajuste anual do imposto de renda da pessoa física (DIR-PF).................... 41
2.5.1 Declaração simplificada; desconto padrão................................................................................................... 41
2.5.2 Declaração completa; despesas dedutíveis................................................................................................... 42
2.5.3 Declaração de bens e direitos............................................................................................................................... 44
2.5.4 Variação patrimonial e consistência das informações............................................................................ 44
2.6 Declaração de saída definitiva do país............................................................................................................ 45
2.7 Declaração de espólio....................................................................................................................................................45

3. TRIBUTAÇÃO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS................................................................................. 46

3.1 Tributação das aplicações em renda fixa e renda variável.............................................................. 46


3.1.1 Tributação das aplicações de renda fixa......................................................................................................... 47
3.1.2 Tributação das Aplicações de renda variável............................................................................................... 50
3.2 Tributação das aplicações em fundos de investimento..................................................................... 56

4. TRIBUTAÇÃO DE INVESTIMENTOS EM IMÓVEIS........................................................................ 66

4.1 Imposto de Renda............................................................................................................................................................. 66


4.1.1 Renda de alugueis (Pessoa Física e Holding Imobiliária)....................................................................... 66
4.1.2 Ganho de capital (Pessoa Física e Holding Imobiliária).......................................................................... 66
4.1.2.1 Ganho de Capital em operação realizada por pessoa física..................................................... 66
4.1.2.2 Ganho de Capital em operação realizada por pessoa jurídica que se dedique à
compra e venda de imóveis como atividade principal.................................................................. 67
4.1.2.3 Ganho de Capital em operação realizada por pessoa jurídica que não se
dedique à compra e venda de imóveis como atividade principal.......................................... 68

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4.2 ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis.............................................................................. 68


4.3 ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações............................................... 69

5. CONCEITOS BÁSICOS DA TRIBUTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA


(HOLDING IMOBILIÁRIA E PJ PRESTADOR DE SERVIÇOS)....................................................... 70

5.1 Simples Nacional................................................................................................................................................................70


5.2 Lucro Presumido................................................................................................................................................................. 71
5.3 Lucro real..................................................................................................................................................................................71

6. TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS NO EXTERIOR POR


RESIDENTES FISCAIS NO BRASIL.........................................................................................................................73

6.1 Rendimentos recebidos de fonte estrangeira (Pessoa Física ou Jurídica).......................... 73


6.1.1 Momento da tributação........................................................................................................................................... 73
6.1.2 Conceito da disponibilidade de lucros por empresas no exterior................................................... 73
6.1.3 Impactos tributários da utilização de empresas ou estruturas fiduciárias................................. 73
6.1.4 Compensação de imposto pago no exterior............................................................................................... 74
6.2 Rendimentos tributáveis.............................................................................................................................................74
6.2.1 Rendimentos do trabalho........................................................................................................................................ 74
6.2.2 Rendimentos de aluguel........................................................................................................................................... 75
6.2.3 Lucros e dividendos..................................................................................................................................................... 75
6.3 Rendimentos isentos e não tributáveis........................................................................................................... 75
6.3.1 Lucro na alienação de bens ou direitos de pequeno valor................................................................. 75
6.3.2 Lucro na alienação de moeda estrangeira mantida em espécie..................................................... 75
6.3.3 Transferências patrimoniais (doação, herança, legado, meação, divórcio)............................... 75
6.3.3.1 Situações que podem gerar ganho de capital................................................................................... 75
6.3.4 Variação cambial de saldo de depósito mantido em instituições financeiras......................... 75
6.4 Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva de fonte ou definitiva..................................... 76
6.4.1 Ganhos ou perdas de capital auferidos em investimentos no exterior....................................... 76
6.4.1.1 Bens ou direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas com rendimentos
76auferidos originariamente em reais (R$).......................................................................................... 76
6.4.1.2 Bens ou direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas com rendimentos
auferidos originariamente em moeda estrangeira.......................................................................... 77
6.4.1.3 Alienação de moeda estrangeira mantida em espécie................................................................. 77
6.4.2 Juros recebidos em conta remunerada........................................................................................................... 77

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6.5 Declaração obrigatória para o Banco Central e Receita Federal................................................ 77

7. PENALIDADES PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES.......................................... 79

7.1 Penalidades da legislação de Imposto de Renda.................................................................................... 79


7.2 Penalidades da legislação do BACEN quanto a investimentos no exterior...................... 79
7.3 Consequências criminais do descumprimento das obrigações................................................... 79

8. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO.........................................................................................................................80

8.1 Conceito.....................................................................................................................................................................................80
8.2 Distinção entre elisão fiscal, evasão fiscal, simulação e dissimulação.................................. 80
8.3 Análises de substância sobre a forma e propósito negocial......................................................... 81
8.4 Estratégias para reduzir carga tributária do cliente............................................................................. 82
8.4.1 Ativos financeiros.......................................................................................................................................................... 82
8.4.2 Planos de previdência................................................................................................................................................. 82
8.1.3 Ativos imobiliários (Pessoa Física x Holding Imobiliária)....................................................................... 83
8.1.4 Investimentos no exterior........................................................................................................................................ 83

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO................................................................................................................................................84

RESUMO..........................................................................................................................................................................................90

GLOSSÁRIO..................................................................................................................................................................................99

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................................................................................102

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12 PLANEJAMENTO FISCAL

1. NORMAS TRIBUTARIAS
BÁSICAS

1.1. Conceito de tributo


De acordo com o Código Tributário Nacional, tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Fracionando-se o conceito, teremos o seguinte:


a) toda prestação pecuniária: os tributos são devidos em moeda, de forma a assegurar ao Poder
Público a disponibilidade dos meios financeiros dos quais necessita para a consecução de suas
finalidades. Não existe, no sistema tributário brasileiro, a possibilidade de pagamento do tributo
através de bens ou prestação de serviços.

b) compulsória: o tributo é sempre compulsório, ou seja, obrigatório. Praticado o fato que enseja
a cobrança, o dever de pagar o tributo nasce independentemente da vontade do contribuinte.
Por exemplo, vejamos o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Ao se
tornar proprietário de veículo automotor, o cidadão pratica o ato previsto em lei do qual decorre
a obrigação de pagar o tributo. A partir de então, o tributo é devido de forma compulsória, o que
significa que o cidadão, agora na condição de contribuinte, não pode optar pelo pagamento ou
não do tributo e, caso não o pague, arcará com as sanções previstas em lei e poderá ser cobrado
judicialmente.

c) em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir: o tributo há de ser sempre apurado e pago
em moeda corrente nacional, pois o sistema tributário brasileiro não admite que o tributo seja
quantificado de outra forma, principalmente em função da impossibilidade de pagamento do
tributo em bens ou através de prestação de serviços.
Imagine-se uma importação de 1 tonelada de trigo. O tributo incidente não poderá ser calcu-
lado em função do peso do trigo, mas sim em moeda. Logo, caso se pretenda cobrar um tributo
correspondente a 10% da operação, será necessário precificar o valor da tonelada de trigo em
moeda, para depois proceder ao cálculo do tributo. É impossível a cobrança de 100 Kg de trigo,
por se tratar de bem in natura e não de moeda corrente nacional.

d) que não constitua sanção por ato ilícito: o tributo é sempre decorrente da prática de um
ato lícito vinculado ao contribuinte, ou a este imputável. Quaisquer cobranças decorrentes de
sanção por ato ilícito (penalidades), mesmo sendo pecuniárias, compulsórias e em moeda, não
serão consideradas tributo.
O exemplo clássico é a multa de trânsito. É fato que se trata de uma prestação pecuniária,

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PLANEJAMENTO FISCAL 13

compulsória, em moeda e cujo credor é o Poder Público. Contudo, por ser decorrente da prática
de um ato ilícito, trata-se de mera penalidade sancionatória. Outro exemplo comum é a impossi-
bilidade de cobrança de Imposto de Renda – IR – sobre operações ilícitas, tais como tráfico de
entorpecentes e jogos de azar.

e) instituída em lei: somente a lei pode determinar a cobrança do tributo. O Poder Público,
sempre nos termos da competência prevista na Constituição Federal, detém a prerrogativa de
editar a lei necessária para instituição do tributo. A existência da lei é requisito fundamental para
a cobrança de qualquer espécie de tributo. Trata-se do princípio da legalidade, o qual será visto
em tópico próprio.
O princípio da legalidade surgiu na Inglaterra, no século XIII, com a Magna Carta do Rei João
Sem-Terra. Lá constou o enunciado “no taxation without representation”, princípio pelo qual não
poderiam ser instituídos quaisquer tributos sem a concordância dos representantes do povo. Na
atualidade, os representantes do povo compõem o Poder Legislativo e são os responsáveis pela
edição das leis tributárias.

f) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o ato de cobrança do


tributo há de ser sempre vinculado à lei que determinou sua exigência e instituiu os meios e
mecanismos para sua apuração, cobrança e fiscalização. Nas atividades vinculadas, os agentes
administrativos não gozam de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de
praticar o ato administrativo. Pelo contrário, é a lei que estabelece a finalidade a ser alcançada,
a forma e procedimentos a serem observados e a competência da autoridade administrativa
responsável pelo exercício da referida atividade. Por conseguinte, tem-se que os agentes admi-
nistrativos não poderão proceder de forma diversa da prevista em lei para exigir o pagamento
dos tributos por parte dos contribuintes.
A vinculação das atividades administrativas à lei é uma forma de cercear o livre arbítrio dos
agentes públicos. Na Constituição Federal de 1988 o princípio da vinculação à lei foi fortemente
reforçado, após o encerramento do período de ditadura. Buscou-se, com isso, purgar os abusos de
poder e atos arbitrários, concedendo à lei a prerrogativa única de determinar a forma e o conteúdo
dos atos administrativos.

1.1.1. Características
Para entender a obrigação tributária, há de se ter em mente a seguinte regra:
Se é “F”, “C” deve ser.
A oração acima significa “se é FATO, CONSEQUÊNCIA deve ser”, o que significa que para
cada fato previsto em lei haverá uma consequência igualmente prevista em lei, cuja aplicação é
obrigatória. A legislação trabalha num sistema simples de ação e reação, ou de fato e consequên-
cia. Por isso é que a legislação prevê que, para a ocorrência de determinado fato será aplicável uma
determinada consequência.
Para o conhecimento do sistema tributário faz-se imprescindível o estudo dos fatos tribu-
táveis e das consequências aplicáveis a tais fatos, de maneira a poder prevê-los, analisá-los e
planejá-los.
Fixadas as premissas, convém uma análise da forma pela qual se opera o nascimento da obri-
gação tributária. Para isto, é indispensável o fracionamento dos elementos jurídicos dos quais
decorre a incidência, conforme os seguintes conceitos:

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14 PLANEJAMENTO FISCAL

1.1.1.1. Fato gerador


Fato gerador é o fato hipotético previsto em lei cuja ocorrência material enseja a obrigatorie-
dade do pagamento do tributo.
Como exemplos de fatos geradores, podemos citar:
No caso do Imposto sobre a Renda – IR: auferir renda ou proventos de qualquer natureza.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA: ser proprietário
de veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU: ser proprietário de bem imóvel den-
tro do perímetro urbano do município.

1.1.1.2. Base de cálculo


Base de cálculo é o valor utilizado como base para o cálculo do valor do tributo. A base de
cálculo deve sempre estar relacionada ao fato gerador.
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, a base de cálculo é o valor da renda ou dos proventos
auferidos pelo contribuinte.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, a base de cálculo
corresponde ao valor do veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, a base de cálculo corresponde ao
valor venal do imóvel.

1.1.1.3. Alíquota
Alíquota é o percentual aplicável sobre a base de cálculo para fins de determinação do valor do
tributo a ser pago. Corresponde à parcela da riqueza que deverá ser revertida ao Poder Público
a título de tributo. A alíquota deve ser multiplicada pela base de cálculo para fins de apuração do
tributo devido.
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, as alíquotas são progressivas, partindo de 0% (faixa
da isenção), passando pelos patamares de 7,5%, 15%, 22,5% e chegando à alíquota máxima de
27,5%, no caso das pessoas físicas.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, a alíquota, no
Estado de São Paulo, é de 4%. Por se tratar de tributo de competência dos Estados e do Distrito
Federal, as alíquotas variam de acordo com o local de registro do veículo.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, a alíquota é de 1% no município de
São Paulo. Por se tratar de tributo de competência dos municípios, as alíquotas variam de acordo
com o local do imóvel.

1.1.1.4. Sujeitos da relação tributária: Contribuinte e Fisco


Sujeito ativo é o ente público competente ao qual o tributo é destinado. Em outras palavras, o
sujeito ativo é o credor do tributo dentro da obrigação tributária. Utilizando os mesmos exemplos
do item “a”:
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, o sujeito ativo do tributo é a União Federal.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, o sujeito ativo é
o Estado ou o Distrito Federal.

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No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o sujeito ativo é o Município.


Sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica a quem compete pagar o tributo; pode ser o con-
tribuinte ou o responsável. Será o contribuinte quando houver relação pessoal e direta com a
ocorrência do fato gerador. Será o responsável quando, mesmo sem revestir a condição de contri-
buinte, seja obrigado por lei a recolher o imposto.
Em muitas situações, a lei determina que a fonte pagadora é a responsável pelo recolhimento
do tributo, pois em regra essa medida facilita a fiscalização e controle por parte das autoridades.
Por exemplo: o empregador é responsável pelo recolhimento do imposto de renda sobre o salário
do empregado.
Ainda com os mesmos exemplos:
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, o sujeito passivo é a pessoa que tiver auferido renda.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, o sujeito passivo
é o proprietário do veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o sujeito passivo é o proprietário do
imóvel urbano.

1.1.1.5. Obrigação tributária


Com os elementos acima citados, é possível fazer a determinação da incidência do tributo, veri-
ficando-se o fato gerador, do qual decorre o DEVER de um sujeito passivo (devedor) PAGAR em
favor de um sujeito ativo (credor) determinado tributo, correspondente à multiplicação de uma
alíquota sobre o valor da base de cálculo.

1.1.2. Espécies de Tributos


A Constituição Federal prevê a outorga de competência para a cobrança dos seguintes tributos:
a) Impostos;
b) Taxas;
c) Contribuições de Melhoria;
d) Contribuições Sociais;
e) Empréstimos Compulsórios.

1.1.2.1. Impostos
Os impostos constituem a maior fonte de receitas da Administração Pública e sua delimitação
de competências encontra-se prevista nos artigos 153 (Dos impostos da União)1, 155 (Dos im-
postos dos Estados e do Distrito Federal)2 e 156 (Dos impostos dos Municípios) da Constituição
Federal. Sua cobrança encontra-se atrelada a manifestações de riqueza do contribuinte, tais como:
a) propriedade de bens (IPVA, IPTU, ITR); b) renda (IRPF, IRPJ); c) consumo (ICMS, ISS); d)

1
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos
nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
2
Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulati-
vos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa,
impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas
de sua criação.

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produção (IPI); e) operações financeiras (IOF); f) operações imobiliárias (ITBI); g) doações ou


heranças (ITCMD); h) grandes fortunas (IGF) etc.
De acordo com o Código Tributário Nacional, imposto é o tributo cuja obrigação tem por
fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.
A cobrança do imposto é realizada em função da prática de um fato previsto em lei por parte
do contribuinte, independentemente de uma atividade estatal específica. Em outras palavras,
para a cobrança do imposto a Administração Pública não necessita praticar qualquer ato em
favor do contribuinte, pois os impostos não visam remunerar uma atividade estatal específica,
mas apenas e tão somente partilhar as riquezas em favor do ente público. Não há, portanto,
caráter remuneratório.
Outra definição interessante neste sentido: o imposto tem por origem uma situação que
não supõe nem se conecta com nenhuma atividade do Estado especificamente dirigida ao
contribuinte. Para exigir imposto de certo indivíduo não é preciso que o Estado lhe preste
algo determinado.
O fato de não existir um caráter remuneratório da atividade estatal implica em outra caracterís-
tica própria e específica dos impostos: a destinação das receitas decorrentes de impostos é unica-
mente o Erário Público. Assim sendo, os impostos constituem recursos financeiros cuja utilização
somente será determinada por força da aprovação do orçamento público. Justamente por isso é
que os impostos não podem ter vinculação de suas receitas.
Na década de 90 a União Federal instituiu o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação
Financeira), prevendo que a receita proveniente da cobrança do referido imposto seria revertida
para a área da saúde. Com isso, o Governo criou uma vinculação de receita para o referido impos-
to, fato que tornou sua cobrança inconstitucional. É justamente por isso que o IPMF (Imposto)
foi posteriormente convertido na CPMF (Contribuição Social), para possibilitar a vinculação de
receitas pretendida pela Administração Pública.

As competências tributárias previstas na Constituição Federal são as seguintes:


a) A União Federal possui competência para instituir impostos sobre:
Importação de produtos estrangeiros (II);
Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);
Renda e proventos de qualquer natureza (IR);
Produtos industrializados (IPI)
Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF);
Propriedade territorial rural (ITR);
Grandes fortunas (IGF).

b) Os Estados e o Distrito Federal possuem competência para instituir impostos sobre:


Transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos (ITCMD);
Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS);
Propriedade de veículos automotores (IPVA).

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c) Os Municípios possuem competência para instituir impostos sobre:


Propriedade predial e territorial urbana (IPTU);
Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais
sobre imóveis, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI);
Serviços de qualquer natureza (ISS).

1.1.2.2. Taxas
As taxas, ao contrário dos impostos, são cobradas em função de uma atuação do ente público
em favor do contribuinte. A Administração Pública, ao exercer determinada atividade em favor
dos particulares, cobra a taxa respectiva daqueles particulares aos quais a atividade aproveita.
Logo, a origem do pagamento das taxas não reside em um fato relacionado ao contribuinte, mas
sim em um fato relacionado ao Estado. Neste caso, e como principal característica das taxas, te-
remos o caráter remuneratório.

As taxas podem ser instituídas em função de dois tipos de atuação pública:


a) Exercício do poder de polícia;
b) Utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contri-
buinte ou postos a sua disposição.
Assim sendo, podemos definir as taxas como um tributo que decorre da atuação estatal dire-
tamente dirigida ao contribuinte, em função do exercício do poder de polícia ou em função da
prestação de serviços públicos específicos e divisíveis.

Taxas pelo exercício do poder de polícia


Entende-se por poder de polícia o conjunto de prerrogativas atribuídas à Administração Públi-
ca para disciplinar o exercício da liberdade e da propriedade, em sintonia com o interesse coletivo.
O exercício do poder de polícia materializa-se através de uma série de atos da Administração
Pública vinculados à fiscalização das condutas dos particulares na sociedade, manutenção da paz
social, respeito às leis e limitação das liberdades individuais, em prol da coletividade.
Segundo o Código Tributário Nacional, o poder de polícia se percebe nas atividades da adminis-
tração pública que regulem a prática de determinados atos, limitando direitos, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Como exemplo de taxa cobrada em função do exercício do poder de polícia, podemos citar a
Taxa de Fiscalização de Anúncios - TFA, instituída e cobrada para remunerar a atividade pública
de fiscalização, visando evitar abusos e utilização de propaganda irregular. O poder de polícia, ain-
da, é utilizado de forma a aplicar penalidades aos infratores. Outro exemplo é a Taxa de Licença
de Funcionamento - TLIF, cujo poder de polícia se vincula à fiscalização dos estabelecimentos
para operarem de acordo com a legislação.

Taxas pela utilização de serviços públicos


Por serviço público entende-se toda a atividade de oferecimento de utilidades ou comodidades
materiais diretamente direcionada em favor do contribuinte, atividade exercida propriamente pela
Administração Pública ou através de terceiros que lhe façam as vezes.

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Os serviços públicos passíveis de remuneração mediante cobrança de taxas são aqueles espe-
cíficos e divisíveis.
O serviço será específico quando se referir a uma prestação de serviços realizada em favor de
uma pessoa ou de um número determinado (ou determinável) de pessoas, em caráter não uni-
versal. Os serviços prestados de forma universal, disponíveis para toda a coletividade, não serão
considerados específicos, mas sim gerais. Ou seja, o serviço somente será específico quando for
possível mensurar a natureza e extensão do serviço prestado ao indivíduo ou grupo.
O serviço será divisível quando for possível se aferir a quantidade de serviços usufruída por
cada contribuinte e, para tanto, é necessário que os serviços possam ser utilizados e mensurados
individualmente para cada usuário.
Logo, a taxa depende da conjugação do seguinte binômio: determinação do destinatário do ser-
viço x quantidade de serviço usufruída pelo destinatário. O Fisco, portanto, deverá dividir o custo
total do serviço entre as pessoas que dele gozam (especificidade), proporcionalmente à parcela
que cada um usufruir (divisibilidade).
Como exemplos de taxas instituídas em função da prestação de serviços públicos específicos e
divisíveis podemos citar aquelas cobradas em função do fornecimento domiciliar de água potável,
saneamento básico, energia elétrica, entre outras.
Outro ponto relevante diz respeito à utilização efetiva ou potencial dos serviços públicos. Cer-
tamente as taxas serão devidas com relação aos serviços públicos efetivamente usufruídos pelo
contribuinte. Porém, também se faz possível a cobrança de taxas em face de contribuintes que
não tenham utilizado os serviços públicos, porém estes tenham permanecido a sua disposição,
facultando-lhe a utilização.
O pagamento de taxas pela utilização efetiva do serviço público ocorre cada vez que o cidadão
“contrata” tais serviços com o ente público, remunerando a respectiva prestação. Nessa hipótese,
o contribuinte remunera o serviço público que lhe foi prestado, na exata proporção e medida do
que efetivamente lhe foi prestado. O tributo, neste caso, torna-se a contrapartida financeira da
relação entre Administração Pública e contribuinte.
É o caso, por exemplo, das taxas pagas para a obtenção de certidões perante repartições pú-
blicas. Outro caso é o da taxa paga para ingressar com uma demanda judicial. Nestes casos, o
contribuinte somente pagará a referida taxa quando optar pela utilização dos referidos serviços.
Se escolher não utilizar tais serviços, a taxa não poderá lhe ser cobrada.
Diferentemente dos exemplos acima, existe também o pagamento de taxas pela utilização po-
tencial dos serviços públicos. Denomina-se utilização potencial a simples colocação dos serviços
públicos à disposição dos cidadãos, sem ser necessária à sua “contratação” ou sua efetiva presta-
ção. Nestes casos, o contribuinte pagará a taxa mesmo sem receber os serviços.
Como exemplo podemos citar a taxa de coleta de esgoto, a qual é cobrada dos particulares
independentemente do uso efetivo da rede pública de esgoto. Logicamente, aquele que utilizar a
rede pública será obrigado a pagar uma taxa proporcional a seu uso. Quem optar pela não utiliza-
ção da rede pública, estará igualmente sujeito ao pagamento da taxa, porém num patamar inferior,
pois igualmente deverá remunerar o Estado pela manutenção da disponibilidade dos serviços. As
redes de esgoto deverão ser mantidas e custeadas pelo Estado, independentemente da efetiva uti-
lização por parte do contribuinte, uma vez que constitui obrigação do ente público assegurar-lhe
o acesso constante a tais serviços.
A lógica da remuneração dos serviços de utilização potencial visa a manutenção e custeio das
redes de serviços públicos essenciais, cuja prestação não pode ser interrompida. O ente público

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cria sistemas de atendimento constante à coletividade e cabe aos contribuintes remunerar tais
serviços independentemente de sua utilização, uma vez que existe um custo para mantê-los per-
manentemente a sua disposição.

1.1.2.3. Contribuição de Melhoria


A contribuição de melhoria é o tributo cuja instituição tem como origem a valorização de bem
imóvel por força de realização de obra pública. Difere do imposto pois depende da existência
prévia de uma atividade estatal destinada ao contribuinte, qual seja a obra pública. Da mesma for-
ma, difere da taxa por não decorrer de exercício de poder de polícia nem da prestação de serviços
públicos, mas sim da realização de obra pública.
O referido tributo correspondente a parte do benefício econômico (valorização de imóvel)
obtido em função da realização de determinada obra pública. A valorização das propriedades
adjacentes à obra pública, para fins de contribuição de melhoria, é diretamente proporcional à me-
lhoria implementada através da obra pública. Esta valorização servirá como base para a cobrança
do tributo por parte do Estado e deve ser aferida de maneira clara, precisa e concreta, sob pena
de inviabilizar a exigibilidade do tributo.
Em contrapartida, a cobrança da contribuição de melhoria encontra um teto máximo corres-
pondente ao valor total da obra, independentemente do grau de valorização imobiliária imple-
mentada pelos imóveis adjacentes. Portanto, o valor cobrado pelo ente estatal não poderá superar
o montante total da obra pública, sob pena de enriquecimento indevido do Estado.
A contribuição de melhoria possui caráter remuneratório, pois visa retribuir ao ente público
parte das despesas relacionadas à obra realizada, em medida correspondente à valorização patri-
monial experimentada por cada contribuinte. A obra, no caso, há de ser sempre pública, ou seja,
resultado de uma ação estatal financiada com os recursos do erário.
O exemplo mais comum de cobrança de contribuição de melhoria ocorre nos casos de asfal-
tamento de ruas, implementação de saneamento básico, instalação de redes elétricas, obras de in-
tegração dos transportes públicos, etc, obras estas que ensejam a valorização de todos os imóveis
da área beneficiada.

1.1.2.4. Contribuições Sociais


As contribuições sociais são de competência da União Federal e dividem-se em três grupos:
a) contribuições de seguridade social;
b) contribuições de intervenção no domínio econômico;
c) contribuições de interesse de categorias profissionais.
a) as contribuições de seguridade social, a exemplo do que ocorre com os impostos, não requerem
uma atividade estatal direcionada para o contribuinte. Assim sendo, não possuem caráter remu-
neratório, ou seja, não representam contrapartida financeira de uma prestação estatal. Porém, e
diversamente do que ocorre com os impostos, o produto arrecadado a título de contribuições
sociais possui destinação específica e previamente instituída, o que as vincula a determinadas
atividades estatais realizadas no âmbito da seguridade social. Assim sendo, as contribuições de
seguridade social possuem vinculação de suas receitas.
A instituição de contribuições sociais é prerrogativa única da União Federal e de suas
autarquias. Estados, Distrito Federal e Municípios não têm competência para instituir con-
tribuições sociais.

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20 PLANEJAMENTO FISCAL

Exemplos de contribuições de seguridade social são as contribuições ao INSS, PIS, CO-


FINS etc.

b) as contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) caracterizam-se pela finalida-


de interventiva do Poder Público, e pela destinação de seus recursos para o financiamento em
atividades relacionadas ao domínio econômico no qual se pretende intervir. Portanto, possui
vinculação de suas receitas ao desenvolvimento das atividades econômicas necessárias à inter-
venção do Estado naquele setor específico do domínio econômico. Aliás, a vinculação de recei-
tas à atividade interventiva constitui elemento essencial para a caracterização das contribuições
de intervenção no domínio econômico.
Como exemplo pode ser citada a CIDE instituída sobre o comércio de combustíveis e deri-
vados do petróleo, cuja receita é destinada ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de
álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo; ao financiamento
de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e ao financiamento de
programas de infraestrutura de transportes.

c) as contribuições de interesse de categorias profissionais são aquelas instituídas em favor de ca-


tegorias profissionais ou econômicas, vinculando-se suas receitas às entidades representativas
desses segmentos. Trata-se de tributo destinado ao custeio das atividades das instituições fis-
calizadoras e representativas de categorias econômicas ou profissionais, que exercem funções
reputadas como de interesse público.
No ramo das contribuições de interesse de categorias profissionais podemos destacar as con-
tribuições sindicais, as contribuições associativas a entidades de representação de classes, tais
como OAB, CREA, CORECON, e as contribuições do chamado sistema “S” (SESC, SENAC,
SEBRAE, SESI SENAI etc.).

1.1.2.5. Empréstimos Compulsórios


O empréstimo compulsório representa um ingresso repentino e temporário de recursos nos
cofres públicos, cuja exigência decorre de situações extraordinárias, tais como calamidade pública,
guerra externa efetiva ou iminente, e investimento público urgente e de relevante interesse nacio-
nal. Se de um lado a Constituição Federal prevê as situações nas quais será exigível o empréstimo
compulsório, de outro lado não prevê sobre quais fatos os empréstimos compulsórios incidirão,
deixando a critério do Poder Legislativo sua determinação.
A principal característica dos empréstimos compulsórios é a obrigatoriedade de devolução
dos valores ao contribuinte assim que cessar o motivo que deu causa a sua cobrança. É por
conta disto que os recursos possuem natureza temporária nos cofres públicos. Vale ressaltar,
ainda, que o produto da arrecadação deverá ser integralmente vinculado às atividades neces-
sárias para enfrentar as situações extraordinárias que ensejaram a instituição do empréstimo
compulsório.
No ano de 1986 foi instituído empréstimo compulsório dos consumidores de gasolina ou álco-
ol para veículos automotores e dos adquirentes de automóveis de passeio e utilitários. O valor do
empréstimo era equivalente a 28% do valor do consumo de gasolina e álcool carburante; 30% do
preço de aquisição de veículos novos e de até um ano de fabricação; 20% do preço de aquisição
de veículos com mais de um e até dois anos de fabricação; 10% do preço de aquisição de veículos
com mais de dois e até quatro anos de fabricação.

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1.2. Princípios
1.2.1. Princípio da legalidade
O princípio da legalidade constitui a pedra fundamental do sistema tributário nacional. Por
referido princípio, não se pode exigir ou aumentar tributo sem lei que assim o estabeleça.
Mencionado instituto remonta a Inglaterra do século XIII, com a Magna Carta do Rei João
Sem-Terra. Lá constou o enunciado “no taxation without representation”, princípio pelo qual não
poderiam ser instituídos quaisquer tributos sem a concordância dos representantes do povo. Na
atualidade, os representantes do povo compõem o Poder Legislativo e são os responsáveis pela
edição das leis tributárias.
A exigência ou aumento do tributo deve estar em lei propriamente dita. Quaisquer outras
normas, tais como Decretos, Instruções Normativas, Ordens de Serviços etc., não serão vá-
lidas para tanto.

O princípio da legalidade, na definição acima, pode ser entendido de duas formas:


a) que o tributo deve ser cobrado com o consentimento daqueles que o pagam, sendo este
consentimento dado na eleição dos representantes do povo para o Poder Legislativo, em função
do sistema representativo de Governo;
b) que o tributo somente pode ser cobrado de acordo com normas já instituídas, de acordo
com regras objetivas e de conhecimento público e geral, para se garantir segurança aos cidadãos
nas relações mantidas com o Fisco.
No início da vigência da Constituição de 1988, o Governo aumentou o valor da contribuição ao
PIS por intermédio dos Decretos-Lei nº 2.445/88 e 2.449/88. Como o referido aumento somente
poderia se dar mediante lei, os referidos decretos foram julgados inconstitucionais por violação
ao princípio da legalidade.

1.2.2. Princípio da anterioridade


O princípio da anterioridade visa conceder prazo entre a publicação da lei e a cobrança do
tributo, fazendo com que os contribuintes disponham de tempo para se adequarem à nova carga
tributária. Por essa razão é que é vedado cobrar tributo no mesmo exercício financeiro em que
haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou.
Os tributos, portanto, somente poderão ser cobrados no ano seguinte àquele no qual foi pu-
blicada a lei. Ainda, deve haver uma antecedência mínima de 90 dias entre a publicação da lei e a
primeira cobrança.
As contribuições sociais (espécie de tributo), por possuírem disciplina própria, somente se
submetem ao prazo de 90 dias, podendo ser cobradas no mesmo ano de publicação da lei. As-
sim sendo, as contribuições sociais podem ser cobradas no mesmo ano da edição da lei que as
tenha instituído ou majorado. É o caso, por exemplo, da contribuição ao PIS, COFINS, INSS,
entre outras.
Existem, ainda alguns impostos cuja instituição ou majoração pode ser feita imediatamente,
sem ser necessário o transcurso dos prazos da anterioridade. São eles o Imposto de Importação -
II, Imposto de Exportação - IE, o IPI e IOF. A razão desta exceção reside no fato de se tratarem
de tributos vinculados a operações diretamente relacionadas às políticas econômica e cambial,
bem como à balança comercial. Logo, tais tributos devem ser mais flexíveis para permitirem ao

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Governo exercer suas funções de acordo com suas necessidades imediatas, adequando tais tri-
butos sempre que for necessário, inclusive para fins de controle de mercado e poder econômico.
O Governo costumeiramente reduz a zero a alíquota do IPI para determinados produtos, entre
eles os automóveis populares, visando permitir o acesso a tais bens. Em outras ocasiões, aumenta
o Imposto de Importação visando estimular o consumo de bens produzidos em território nacio-
nal. Contrariamente, pode também diminuir o Imposto de Importação visando controlar o mer-
cado interno, evitando monopolização ou cartelização de empresas nacionais mediante inclusão
de produtos estrangeiros no mercado.
Uma forma válida de economia tributária é a opção pela antecipação de operações antes da
entrada em vigor do aumento de impostos, permitindo que a tributação ocorra dentro da alíquota
vigente anterior ao aumento.

1.2.3. Princípio da irretroatividade


Pelo princípio da irretroatividade é vedado cobrar tributo com relação a fatos geradores ocor-
ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou majorado. Com tal princípio
busca-se que o contribuinte tenha ciência da tributação incidente sobre os fatos que pratica, no
momento em que os pratica. Com isso, assegura-se ao contribuinte o direito de não ser tributado
de acordo com lei posterior ao acontecimento do fato.
A lei aplicável para fins de tributação, portanto, é sempre a vigente no momento de ocorrência
do fato. O advento de lei posterior não atinge fatos passados, a não ser para beneficiar o contri-
buinte no que diz respeito a penalidades por infrações cometidas.
EXCEÇÃO: De acordo com o Código Tributário Nacional, poderá ser aplicada a lei posterior
quando esta deixar de definir determinado ato como infração ou quando estipular penalidade
menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. Este instituto é muito aplicado
quando a legislação posterior diminui o percentual da multa aplicável ao fato. Caso o contribuinte
ainda não tenha efetuado o pagamento da referida multa, poderá pleitear a aplicação da nova pe-
nalidade, mais benéfica. Note-se que as exceções são sempre em benefício do contribuinte.

1.2.4. Princípio da isonomia ou igualdade tributaria


O princípio da isonomia visa dar tratamento tributário equivalente às pessoas que se encontra-
rem em situações semelhantes. Costuma-se dizer que pelo princípio da isonomia deve-se tratar
igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.
Justamente por isso é que o nome correto a ser utilizado é isonomia, e não igualdade. Em
verdade, não se busca dar tratamento igual a todos, mas sim tratamento isonômico, ou seja, trata-
mento equivalente àqueles que se encontrarem em situação equivalente.
Um excelente caso para tratar o princípio da isonomia é o da opção por regimes de tributação.
Todas as Microempresas (faturamento inferior a R$ 360.000,00 ao ano) serão iguais entre si. Todas
as Empresas de Pequeno Porte (faturamento entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00 ao ano) serão
iguais entre si. Todas as empresas com faturamento superior a R$ 4.800.000,00 ao ano serão iguais
entre si. Porém, cada categoria será tributada de forma diferenciada. As Microempresas serão
tributadas pelo SIMPLES, em suas alíquotas mais baixas. As Empresas de Pequeno Porte serão
tributadas pelo SIMPLES, em suas alíquotas mais altas. As empresas com faturamento superior
a R$ 4.800.000,00 ao ano não poderão optar pelo SIMPLES, devendo escolher entre Lucro Pre-
sumido ou Lucro Real. Por fim, as empresas com faturamento anual superior a R$ 78.000.000,00
serão obrigadas a se sujeitar à tributação pelo Lucro Real. Neste caso, não há violação ao princípio

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da isonomia, muito pelo contrário, dá-se cumprimento ao princípio estabelecendo, com um crité-
rio lógico, as diferenciações entre empresas.

1.2.5. Princípio da competência


Competência tributária é a prerrogativa concedida pela Constituição Federal para a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios de instituir seus respectivos tributos, ou seja, de im-
plementar e cobrar suas receitas tributárias. Como conceito, podemos definir a competência tri-
butária como a aptidão para criar tributos, sempre e quando respeitados os limites definidos pela
Constituição Federal. E esta aptidão é indelegável, ou seja, não pode ser transferida a terceiros,
devendo ser exercida exclusivamente pela entidade prevista na Constituição Federal.
A Constituição Federal não institui tributos, apenas define as competências e as distribui entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios para que estes possam tributar as atividades para as
quais lhes seja outorgada a respectiva competência.
Como exemplo da distribuição das competências tributárias podemos citar o caso dos impostos,
cujas competências encontram-se definidas pela Constituição Federal nos artigos 153, 155 e 156.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I. Importação de produtos estrangeiros;
II. Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III. Renda e proventos de qualquer natureza;
IV. Produtos industrializados;
V. Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI. Propriedade territorial rural;
VII. Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I. Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II. Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se ini-
ciem no exterior;
III. Propriedade de veículos automotores.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I. Propriedade predial e territorial urbana;
II. Transmissão “intervivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos a sua aquisição;
III. Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

1.2.6. Princípio da capacidade contributiva


O princípio da capacidade contributiva representa um desdobramento do princípio da igual-

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24 PLANEJAMENTO FISCAL

dade, porém no sentido de dar tratamento desigual aos que forem desiguais, na medida de suas
desigualdades. É o princípio pelo qual o Poder Público deve repartir a carga tributária de acordo
com as possibilidades financeiras dos cidadãos, conforme a capacidade econômica de cada indi-
víduo, tendo como finalidade estabelecer uma sistemática justa de exigência fiscal. Este princípio
é aplicável unicamente aos impostos, ou seja, aos tributos definidos nos artigos 153, 155 e 156
da Constituição Federal, como já visto no item anterior. A Constituição prevê que “sempre que
possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica
do contribuinte...”.
Pelo princípio da capacidade contributiva as pessoas deverão ser tributadas de forma diferen-
ciada, de acordo com sua capacidade econômica, preservando-se os menos favorecidos e tribu-
tando-se aqueles que possuam melhores condições financeiras ou apresentem sinais demonstrati-
vos de riqueza. Para tanto, utiliza-se o sistema de isenções e progressividade.
O melhor exemplo é o do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas - IRPF, baseado justa-
mente no sistema de isenções e progressividade, para que as pessoas contribuam de acordo com
sua capacidade econômica. Para tanto, a legislação prevê isenção para aqueles que tiverem renda
anual inferior a R$ 22.847,76; tributação na alíquota de 7,5% para aqueles que tiverem renda anual
entre R$ 22.847,77 e R$ 33.919,80; tributação na alíquota de 15% para aqueles que tiverem renda
anual entre R$ 33.919,81 e R$ 45.012,60; tributação na alíquota de 22,5% para aqueles que tiverem
renda anual entre R$ 45.012,61 e R$ 55.976,16; e tributação em 27,5% para aqueles que tiverem
renda anual superior a R$ 55.976,16. Os números indicados se referem à tabela progressiva vi-
gente em 2018.
A capacidade contributiva deve sempre respeitar o princípio da isonomia. Assim sendo, não
podem ser abertas exceções para determinadas pessoas, em caráter específico, mas sim estabele-
cer-se um critério de diferenciação com base em categorias definidas através de um critério justo
de diferenciação, para que todos aqueles que se enquadrarem naquela hipótese possam receber
tratamento fiscal diferenciado. E, estabelecidas as categorias, sempre o imposto deverá ser exigido
de forma maior sobre aqueles que possuem maior capacidade financeira, e de forma menor sobre
aqueles que possuem menor capacidade.

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PLANEJAMENTO FISCAL 25

Relacione o princípio de uma coluna com a correta descrição na segunda coluna:


Princípio Descrição do conceito
É vedado cobrar tributo com relação a
A Princípio da legalidade tributária 1 fatos geradores ocorridos antes do início
da vigência da lei
O fisco deve restringir seu poder
tributário, conforme definido na
B Princípio da anterioridade 2
constituição, entre os poderes Federais,
Estaduais e Municipais.
Nenhum tributo será instituído ou
C Princípio da irretroatividade 3
aumentado, a não ser por meio de Lei.
As pessoas deverão ser tributadas de
Princípio da isonomia ou igualdade forma diferenciada, de acordo com sua
D 4
tributária capacidade econômica, preservando-se
os menos favorecidos.
É vedada a cobrança de tributos no
mesmo exercício fiscal em que tenha sido
E Princípio da competência 5 publicada a lei de criação ou aumento.
Entretanto, para alguns impostos, a
Constituição comporta exceções.
Deve-se tratar igualmente os iguais, e
F Princípio da capacidade contributiva 6 desigualmente os desiguais, na medida
de suas desigualdades.
Respostas: A-3; B-5; C-1; D-6; E-2; F-4

1.2.7. Imunidade
Imunidade é a previsão constitucional de não concessão de competência tributária para fins
de tributação de determinadas pessoas, objetos ou operações. Ao outorgar a imunidade a Cons-
tituição Federal cria uma lacuna na competência tributária pois impede União, Estados, Distrito
Federal e Municípios de receberem competência tributária para exigir tributo sobre as pessoas,
objetos ou operações abrangidas pela imunidade.

Somente a Constituição Federal pode outorgar imunidades. As pessoas imunes previstas na


Constituição são:
a) Imunidade recíproca: é chamada de recíproca pois é a imunidade que os entes estatais devem
uns aos outros (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Por conta dessa reciprocidade,
nenhum desses entes pode instituir impostos em relação ao patrimônio, renda ou serviços, uns
dos outros.
Por força da imunidade recíproca os Municípios não podem cobrar IPTU de imóveis da
União ou dos Estados (patrimônio). Os Estados não podem cobrar IPVA dos veículos da
União ou dos Municípios (patrimônio). A União não pode cobrar IR das receitas dos Estados
ou dos Municípios (renda). Os Municípios não podem cobrar ISS da União ou dos Estados
(serviços).

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26 PLANEJAMENTO FISCAL

b) Templos de qualquer culto: é igualmente vedada a cobrança de quaisquer impostos sobre


os templos de qualquer culto. Este benefício é extensivo a todos os impostos, e não somente
aqueles relativos a patrimônio, renda ou serviços.
A imunidade em comento é aplicável apenas aos fatos relacionados com a atividade religiosa.
Assim sendo, caso o templo utilize parte de sua área para o funcionamento de um estacionamen-
to, a receita obtida por esta atividade estará sujeita ao pagamento de tributos. Outro exemplo
comum é a criação de uma lanchonete de atendimento ao público em geral.

c) Partidos políticos, entidades sindicais de trabalhadores, instituições de educação e ins-


tituições de assistência social: a exemplo da imunidade recíproca, as entidades em comento
não estão sujeitas ao pagamento de impostos sobre seu patrimônio, renda e serviços.
Com relação a estas entidades, é vedada a cobrança de IPTU e IPVA (patrimônio), cobrança
de IR (renda), cobrança de ISS (serviços). Da mesma forma que os templos de qualquer culto, a
imunidade alcança apenas os fatos relacionados com a atividade fim da entidade.

d) Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão: a constituição impede a


cobrança de impostos sobre estes itens por considerá-los essenciais à liberdade de comunicação
e de pensamento, bem como para a difusão da cultura e da educação.
Esta imunidade também garante que o governo não possa intervir através de cobrança de im-
postos em áreas relacionadas a imprensa, cultura, expressão, arte, educação, etc. A Constituição
Federal de 1988 teve especial preocupação em garantir a liberdade de expressão e de pensamento
fazendo esta imunidade em seu texto.

1.2.8. Isenção
A isenção é tradicionalmente conhecida como uma hipótese de não incidência legalmente qua-
lificada. Em outras palavras, isenção é a previsão em lei de não incidência do tributo sobre deter-
minada pessoa, bens ou serviços. A principal diferença entre imunidade e isenção é que, enquanto
na imunidade não há competência tributária, na isenção existe competência tributária, mas o ente
competente opta por não tributar determinada atividade, da pessoa ou de sua capacidade contri-
butiva, o que é feito através de lei própria. A isenção, portanto, é concedida pelo próprio ente a
quem o tributo é devido. Somente a lei pode outorgar a isenção, assim como somente outra lei
pode revogá-la.
A isenção de impostos na aquisição de veículos por taxistas é um exemplo de isenção concedida
em função da atividade desenvolvida. A isenção de Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas –
IRPF sobre a aposentadoria dos portadores de doenças graves é um caso de concessão de isenção
em função da pessoa. A faixa de isenção do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas – IRPF é
um exemplo de isenção em função da capacidade contributiva da pessoa.
Importante destacar que a isenção somente pode ser concedida pelo próprio ente tributante
competente. A isenção, portanto, é uma opção do ente tributante por não exercer a competência
tributária em determinados casos.

Imunidade x isenção
Imunidade, é definida na Constituição Federal, a isenção é um ato de lei e pode ser revogada
com maior facilidade

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PLANEJAMENTO FISCAL 27

1.3. Tributos relevantes para o planejamento fiscal


1.3.1. ITCMD - Imposto sobre a transmissão causa mortis e
doações
O Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD é um imposto de compe-
tência dos Estados e do Distrito Federal que incide sobre a transferência de bens por herança ou
legado (causa mortis) ou pela transferência gratuita de bens entre pessoas vivas (doações).
Assim sendo, este tributo terá um impacto fiscal relevante sobre a sucessão ou sobre o planeja-
mento sucessório, inclusive aquele consistente em transmissão gratuita de bens em vida.
Cada Estado e Distrito Federal possuem sua legislação própria disciplinando o ITCMD, motivo
pelo qual a forma de cálculo e cobrança deste tributo apresenta variações de acordo com a legis-
lação de cada unidade federada.
O ITCMD será objeto de estudo aprofundado dentro do material relativo ao Módulo VI – Pla-
nejamento Sucessório.

1.3.2. ITBI - Imposto sobre a transmissão de bens imóveis


O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI é um imposto de competência dos
Municípios que incide sobre a transferência da propriedade de bens imóveis ou de direitos sobre
bens imóveis entre pessoas vivas, desde que onerosa, ou seja, desde que exista uma contrapartida
(preço, permuta, etc.). Em caso de transmissões gratuitas (sem contrapartida) o imposto devido
será o ITCMD indicado no item anterior.
Cada Município possui sua legislação própria disciplinando o ITBI, motivo pelo qual a forma
de cálculo e cobrança deste tributo apresenta variações.
O ITBI será objeto de estudo aprofundado dentro do material relativo ao Módulo VI – Plane-
jamento Sucessório.

1.3.3. IR - Imposto sobre a Renda


O Imposto sobre a Renda – IR é um imposto de competência da União Federal que pode
incidir sobre a renda e proventos das pessoas físicas (IRPF) ou sobre os resultados da pessoa
jurídica (IRPJ).
A seguir trataremos do Imposto de Renda das Pessoas Físicas – IRPF e, mais adiante, traremos
elementos relativos ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ.

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28 PLANEJAMENTO FISCAL

2. IMPOSTO DE RENDA
DE PESSOA FÍSICA

2.1. Fundamentos do Imposto de Renda


O Imposto de Renda das Pessoas Físicas – IRPF é um imposto de competência da União Fe-
deral que incide sobre a renda e os proventos de qualquer natureza auferidos pelas pessoas físicas.

2.1.1. Princípios constitucionais aplicáveis ao Imposto de Renda


O imposto sobre a renda deverá ser regido pelos princípios da generalidade, universalidade e
progressividade.

2.1.1.1. Generalidade
Implica em que a tributação da renda deverá ser utilizada de forma geral (generalidade), ou seja,
atingindo todos aqueles que efetivamente aufiram renda. Este princípio visa equiparar, para fins de tri-
butação, todas as pessoas em território nacional, afastando privilégios existentes antes da Constituição
Federal de 1988, que dispensava a tributação da renda dos magistrados, militares e congressistas.
As exceções admissíveis ao princípio da generalidade são: a) o caso das pessoas imunes (entes
públicos, templos de culto, partidos políticos, entidades sindicais, etc.); b) os casos de isenção
concedida pela própria União Federal.

2.1.1.2. Universalidade
Possibilidade de tributação de todas as receitas auferidas pelas pessoas. A renda, no direito tri-
butário, é um dos chamados conceitos universais, ou seja, constitui elemento que somente pode
ser vislumbrado de forma absoluta. Isto implica dizer que para se constatar a existência de renda,
há de se analisar a totalidade dos rendimentos da pessoa, independentemente de sua denominação,
origem e do local onde forem auferidos, inclusive no caso de rendimentos recebidos no exterior.
Esse é o caso do IRPF, no qual, por ocasião da declaração anual de bens e rendimentos se
efetua o ajuste entre os tributos já pagos no decorrer do ano e a totalidade (universalidade) das
receitas auferidas, de modo a se concluir pela necessidade de pagamento ou restituição de impos-
to de acordo com o acréscimo patrimonial. É por conta do princípio da universalidade da renda
que é possível ao Fisco brasileiro tributar os rendimentos havidos no exterior pelos contribuintes
residentes no Brasil, pois a renda será universalmente considerada, independentemente da base
territorial na qual tenha sido auferida.

2.1.1.3. Progressividade
É a sistemática utilizada para garantir o respeito ao princípio da capacidade contributi-

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PLANEJAMENTO FISCAL 29

va, de forma a tributar em alíquotas mais elevadas aqueles que gozam de melhor condição
financeira.
Em termos de IRPF, existe a previsão de isenção e de aumento gradativo de alíquotas confor-
me o volume de renda auferida. Com isto, quem efetivamente possui maiores rendimentos arca
com uma alíquota maior do que aqueles que percebem rendimentos menores.

2.1.2. Conceito de renda


O imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza (acréscimo patrimonial).

2.1.2.1. Renda
Entende-se como renda o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos.
Como produto do capital podemos citar os rendimentos em caderneta de poupança, CDB,
commodities, aluguéis, rendimentos do trabalho não-assalariado etc. Como produto do trabalho
teremos, entre outros, salário, honorários, comissões, remunerações, preços de serviços etc.

2.1.2.2. Rendimentos
Rendimentos correspondem aos valores auferidos pela pessoa física a qualquer título, os quais
poderão se submeter a 3 regimes: a) rendimentos tributáveis, a serem tributados de acordo com a
tabela do IRPF; b) rendimentos isentos e não tributáveis, sobre os quais não incidirá a tributação;
e c) rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, os quais terão regras de tributação di-
ferenciadas, não se aplicando a tabela do IRPF.

Classificação de rendas e rendimentos


A Receita Federal classifica as rendas e rendimentos recebidos pelo contribuinte, pessoa física,
em três categorias:
- Rendimentos Tributáveis: compõem a base de cálculo do imposto de renda; geram
impacto no valor do imposto a pagar; e admitem a compensação do imposto de renda retido
na fonte a título de antecipação. Os exemplos mais comuns dessa categoria são as rendas
provenientes de trabalho assalariado e de aluguéis. Neste caso, a alíquota de imposto de
renda a pagar será determinada em função do montante de renda tributável, podendo variar
entre 0% e 27,5%;
- Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva: são rendimentos tributados
dentro da própria operação da qual se originaram, de forma isolada com relação aos demais
rendimentos da pessoa física. Também são as rendas e rendimentos desta categoria que não
compõem a base de cálculo do imposto de renda por ocasião do ajuste anual e não admitem
a compensação do imposto de renda retido na fonte.
Os exemplos mais comuns dessa categoria são o 13º salário e algumas modalidades de
aplicações financeiras feitas pelo contribuinte, pessoa física;
- Rendimentos Isentos e Não Tributáveis: os exemplos mais comuns são os rendimentos
gerados pelos depósitos em poupança e diversos instrumentos relacionados ao mercado
imobiliário, tais como, Letra Imobiliária, Letra Hipotecária, Certificado de Recebível Imobiliário.
Nesta categoria também se declara o ganho de capital obtido com a venda de ações à vista,
em bolsa de valores, cujo valor de venda mensal tenha sido inferior a R$ 20 mil.

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30 PLANEJAMENTO FISCAL

2.1.2.3. Ganhos de capital


O ganho de capital é um rendimento sujeito à tributação exclusiva. Por ganho de capital enten-
de-se a diferença positiva entre o valor de aquisição (compra) e o valor de alienação (venda) de
um determinado bem ou direito. Para que ocorra o ganho de capital é necessário, portanto, que o
valor de alienação (venda) seja superior ao valor de aquisição (compra). A apuração do ganho de
capital se faz pontualmente na operação, considerando apenas o valor dispendido na aquisição do
ativo e o valor recebido pela alienação deste.

2.1.2.4. Proventos de qualquer natureza


Entendem-se como proventos de qualquer natureza: quaisquer acréscimos patrimoniais não
compreendidos no conceito de renda. O principal exemplo que podemos citar são os proventos
de aposentadoria, ou seja, os valores recebidos pelos inativos que não representam produto do
capital nem do trabalho. Ainda na qualidade de proventos podemos citar os prêmios de loteria,
doações, heranças, etc. Simplificando a questão, serão considerados proventos todos os aumentos
patrimoniais que não sejam produto do capital ou do trabalho.

2.1.3. Disponibilidade econômica ou jurídica da renda


A legislação brasileira previu como fato gerador do IRPF a disponibilidade econômica ou jurí-
dica de renda ou proventos de qualquer natureza.
A disponibilidade econômica corresponde aos valores efetivamente recebidos pela pessoa físi-
ca, das quais possa dispor economicamente. Assim sendo, quaisquer valores pagos ou creditados
em favor da pessoa física constituem disponibilidade econômica desta. Os valores economica-
mente disponíveis representam um acréscimo patrimonial efetivo, pela própria existência dos
valores “em caixa”.
Por sua vez, a disponibilidade jurídica diz respeito à titularidade de determinados valores mes-
mo que estes não sejam efetivamente pagos ou transferidos à pessoa física. A legislação autoriza a
tributação dos valores unicamente por estarem juridicamente disponíveis para a pessoa física, que
pode apenas ter optado por não os ingressar em seu patrimônio, porém já possui a titularidade
efetiva de tais bens e direitos.
A disponibilidade jurídica de renda é utilizada pelo Fisco para tributar os lucros oriundos de
empresas no exterior, mesmo na hipótese de que estes não sejam efetivamente transferidos ao só-
cio. Para a legislação brasileira, o simples fechamento de balanço apontando a existência de lucro
distribuível autoriza a cobrança de imposto do sócio, mesmo quando este opte por não transferir
o referido lucro para seu patrimônio pessoal.

2.2. Regime básico de tributação da renda - Imposto de Renda da


Pessoa Física (IRPF) / Tabela progressiva
O imposto sobre a renda das pessoas físicas tem como fato gerador o acréscimo patrimonial
percebido no ano calendário. São considerados rendimentos tributáveis, entre outros, a) salário;
b) férias; c) aluguel.
No caso do aluguel é possível a dedução de despesas pagas a título de impostos, taxas, emolu-
mentos etc., desde que relacionados ao imóvel.
Mesmo se tratando de imposto de apuração anual, a lei instituiu um sistema de apuração men-

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PLANEJAMENTO FISCAL 31

sal, com pagamento do imposto a título de antecipação do imposto devido por ocasião da decla-
ração anual de ajuste. Para tanto, utiliza-se uma tabela publicada anualmente.

Tabela mensal referente ao exercício fiscal de 2018


Rendimento Alíquotas (%) Dedução (R$)
Até R$ 1.903,98 Isento -
De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 7,50 142,80
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 15,00 354,80
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 22,50 636,13
Acima de 4.664,68 27,50 869,36

O cálculo mensal é feito mediante a multiplicação do valor bruto do rendimento pela alíquota
aplicável ao valor recebido, chegando-se ao imposto bruto a pagar, do qual será deduzida a parcela
a deduzir prevista para a respectiva alíquota.
No ato de encerramento do ano calendário, o contribuinte deverá apurar a renda auferida no
exercício e efetuar o cálculo do imposto devido de acordo com a tabela de apuração anual do
IRPF. Para fins de apuração anual, somente poderão ser tomados como base os rendimentos
tributáveis, ou seja, o valor remanescente após a dedução e abatimento de despesas e, ainda, ex-
cluídos os rendimentos isentos e não tributáveis.
As alíquotas também podem ser conferidas na tabela anual abaixo temos o exemplo da tabela
referente ao exercício de 2018:

Tabela anual referente ao exercício de 2018


Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
Até 22.847,76 – –
De 22.847,77 até 33.919,80 7,5 1.713,58
De 33.919,81 até 45.012,60 15,00 4.257,57
De 45.012,61 até 55.976,16 22,5 7.633,51
Acima de 55.976,16 27,5 10.432,32

O cálculo anual é feito mediante a multiplicação do valor bruto do rendimento pela alíquota
aplicável ao valor recebido, chegando-se ao imposto bruto a pagar, do qual será deduzida a parcela
a deduzir prevista para a respectiva alíquota.
Do valor apurado com base na tabela anual deverão ser deduzidos todos os valores pagos men-
salmente a título de antecipação. Nos casos nos quais o valor do imposto pago antecipadamente
for superior ao imposto devido, o Fisco deverá proceder à restituição do imposto pago a maior.
Esta situação ocorre, por exemplo, nos casos nos quais a pessoa física possui deduções que redu-
zam consideravelmente a base tributável ou que tenha auferido a renda de forma centralizada em
alguns meses, nada recebendo em outros.

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32 PLANEJAMENTO FISCAL

2.2.1. Formas de recolhimento do imposto


2.2.1.1. Retenção na fonte
A retenção na fonte é uma forma de responsabilidade tributária de terceiros, prevista na lei, pela
qual a fonte pagadora passa a ter a obrigação de reter do contribuinte, por ocasião do pagamento
de determinado valor, uma parcela de tributo a ser antecipado aos cofres públicos. A obrigato-
riedade de retenção na fonte recai, no caso do IRPF, sobre as pessoas jurídicas que pagarem ou
creditarem valores em favor de pessoas físicas.

2.2.1.2. Autorrecolhimento (recolhimento mensal obrigatório


carnê-leão)
O autorrecolhimento é a modalidade de antecipação do IRPF aplicável aos casos nos quais não
há previsão legal de retenção para a fonte pagadora. Nestes casos, a pessoa física deverá utilizar o
chamado Carnê-Leão para lançar os recebimentos mensais e efetuar os recolhimentos de IRPF a
título de antecipação, para posterior ajuste anual por ocasião da entrega da Declaração de Ajuste
Anual do IRPF.
Estão sujeitas à utilização do Carnê-Leão e ao recolhimento mensal obrigatório do IRPF a
pessoa física residente no Brasil que receber:
a) rendimentos de outras pessoas físicas que não tenham sido tributados na fonte no Bra-
sil, tais como decorrentes de arrendamento, subarrendamento, locação e sublocação de
móveis ou imóveis, e os decorrentes do trabalho não assalariado, assim compreendidas
todas as espécies de remuneração por serviços ou trabalhos prestados sem vínculo em-
pregatício;
b) rendimentos ou quaisquer outros valores recebidos de fontes do exterior, tais como, trabalho
assalariado ou não assalariado, uso, exploração ou ocupação de bens móveis ou imóveis, trans-
feridos ou não para o Brasil, lucros e dividendos;
c) emolumentos e custas dos serventuários da Justiça, como tabeliões, notários, oficiais públicos e
demais servidores, independentemente de a fonte pagadora ser pessoa física ou jurídica, exceto
quando forem remunerados exclusivamente pelos cofres públicos;
d) importâncias em dinheiro a título de pensão alimentícia, em face das normas do Direito de
Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, ou
por escritura pública, inclusive alimentos provisionais;
e) rendimentos recebidos por residentes no Brasil que prestem serviços a embaixadas, repartições
consulares, missões diplomáticas ou técnicas ou a organismos internacionais de que o Brasil
faça parte;
f) rendimento de transporte de carga e de serviços com trator, máquina de terraplenagem, colhei-
tadeira e assemelhados;
g) rendimento de transporte de passageiros.

2.2.2. Rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica


Os rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica serão tributados com base na Tabela
Progressiva Mensal, para posterior ajuste por ocasião da Declaração Anual, através da Tabela
Progressiva Anual.

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PLANEJAMENTO FISCAL 33

2.2.2.1. Rendimentos do trabalho assalariado


Os rendimentos do trabalho assalariado serão tributados com base na Tabela Progressiva Men-
sal, para posterior ajuste por ocasião da Declaração Anual, através da Tabela Progressiva Anual,
com exceção de eventuais rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, como por exem-
plo PLR e 13º salário.

2.2.2.2. Rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício


Os rendimentos tributáveis recebidos em virtude de trabalho sem vínculo empregatício serão
tributados com base na Tabela Progressiva Mensal, sendo para tanto utilizado o Carnê-Leão e o
autorrecolhimento antecipado do IRPF, para posterior ajuste por ocasião da Declaração Anual,
através da Tabela Progressiva Anual.

2.2.2.3. Tributação de pessoa física (autônomo) X pessoa jurídica


(prestadora de serviço)
Em se tratando de prestação de serviços é comum a contratação através de pessoa jurídica
ou de prestador de serviços autônomo. A opção decorre principalmente em virtude dos custos
incidentes sobre a folha de salários, além dos benefícios previstos na legislação trabalhista e nas
Convenções Coletivas de Trabalho.
Recentemente, com a ampliação das possibilidades de terceirização de serviços através da cha-
mada Lei da Terceirização, tem se tornado cada vez mais comum a prestação de serviços através
de pessoas jurídicas.
A contratação através de pessoa jurídica terá uma carga tributária definida de acordo com o
regime de tributação aplicável à empresa, podendo ser SIMPLES NACIONAL, Lucro Presumido
ou Lucro Real. Para estes conceitos, solicitamos a leitura dos itens 5.1, 5.2 e 5.3 nos quais tratare-
mos acerca da tributação dos resultados da pessoa jurídica.
Após as alterações feitas no ano de 2014, o mais comum em termos de prestação de serviços são
as empresas optantes pelo SIMPLES NACIONAL, as quais recolhem seus tributos com base em
seu faturamento bruto, com incidência de alíquotas progressivas que, a depender da atividade, po-
derão variar de 4,5% a 33,0%, com aplicação da dedução de valores prevista nas respectivas tabelas.
Ainda, é comum a prestação de serviços ocorrer através de empresas optantes pelo Lucro
Presumido, cuja carga tributária será de até 14,53% do faturamento bruto, acrescido do valor do
Imposto Sobre Serviços – ISS que pode variar de 2% a 5%. Temos, então, uma tributação entre
16,53% e 19,53% abrangendo IRPJ, Adicional de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e ISS. Estes tributos
serão avaliados de forma mais aprofundada em tópico próprio.
O trabalho autônomo, por sua vez, é prestado na condição de pessoa jurídica sem vínculo
empregatício. É importante destacar a diferença entre trabalho autônomo e trabalho informal.
O autônomo, para ser reconhecido como tal, deverá possuir cadastro municipal de prestador
de serviços e emitir Recibo de Pagamento a Autônomo – RPA para cada serviço prestado, sen-
do que a ausência destes elementos faz com que o serviço seja informal, e não autônomo. Na
condição de autônomo, o prestador de serviços estará sujeito à retenção mensal do IRPF con-
forme Tabela Progressiva Mensal quando o tomador for pessoa jurídica. No caso de tomador
pessoa física, o prestador deverá proceder ao autorrecolhimento nos termos do Carnê-Leão.
Em ambos os casos o prestador estará sujeito ao ajuste anual de sua renda tributável conforme
a Tabela Progressiva Anual.

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34 PLANEJAMENTO FISCAL

O trabalhador autônomo deverá arcar, ainda, com o desconto de INSS e pagamento do Impos-
to Sobre Serviços – ISS em alíquota entre 2% e 5%.
O mais importante, contudo, é que a sistemática de trabalho respeite as características pró-
prias de cada modalidade de contratação. A utilização da pessoa jurídica ou do regime autônomo
como mecanismo para mascarar a relação de emprego pode sujeitar a empresa a autuações fiscais,
previdenciárias e trabalhistas, sem embargo de vir a se sujeitar a processos laborais por parte dos
prestadores de serviços.

2.2.2.4. Aluguéis e royalties


Os valores pagos por pessoas jurídicas a pessoas físicas a título de aluguéis e royalties serão tri-
butados com base na Tabela Progressiva Mensal, para posterior ajuste por ocasião da Declaração
Anual, através da Tabela Progressiva Anual.

2.2.2.5. Resgate ou Renda de Planos de Previdência e FAPI


Os benefícios de renda assim como os resgates de planos de previdência e FAPI serão tributados
de acordo com a opção de regime de tributação realizada no momento de contratação do plano:
a) Regime tributável, adota a tabela progressiva de alíquotas. A alíquota será definida em razão do
montante da renda tributável do contribuinte.
b) Regime de tributação definitiva ou exclusiva na fonte, adota a tabela regressiva de alíquotas. A
alíquota será definida em razão do prazo entre a data da aplicação e a data do resgate.

Em caso de opção pelo regime tributável, a tributação ocorrerá em duas etapas:


a) retenção na fonte de 15% do valor do resgate (ou benefício de renda) por parte da entidade
pagadora;
b) declaração do valor do resgate ou renda como rendimento tributável, por ocasião da Decla-
ração Anual de Ajuste para fins de recolhimento de eventual diferença positiva de imposto a
pagar ou restituição de parte ou todo o imposto pago na fonte.

Já em caso de opção pelo regime de tributação definitiva, o imposto será integralmente retido na
fonte de acordo com a alíquota aplicável no momento do resgate, variando de 35% para resgates até 2
anos da aplicação, 30% para resgate entre 2 e 4 anos, 25% para resgate entre 4 e 6 anos, 20% para resga-
te entre 6 e 8 anos, 15% para resgate entre 8 a 10 anos e 10% para resgate em prazo superior a 10 anos.

Alíquotas no regime de tributação definitiva


Prazo de Acumulação Alíquota Retida na Fonte (%)
Até 02 anos 35
Acima de 02 anos e até 04 anos 30
Acima de 04 anos e até 06 anos 25
Acima de 06 anos e até 08 anos 20
Acima de 08 anos e até 10 anos 15
Acima de 10 anos 10

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PLANEJAMENTO FISCAL 35

O valor recebido nesta modalidade de tributação deverá ser declarado na condição de


rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, não sendo admitida qualquer com-
pensação.
Este assunto será expandido e detalhado no item 5.5 do Módulo III – Planejamento da Apo-
sentadoria, que aborda a tributação dos planos de previdência dos tipos PGBL e VGBL.

2.2.3. Rendimentos recebidos de pessoas físicas


Os rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física serão tributados com base na Tabela
Progressiva Mensal, sendo para tanto utilizado o Carnê-Leão e o autorrecolhimento ante-
cipado do IRPF, para posterior ajuste por ocasião da Declaração Anual, através da Tabela
Progressiva Anual.
No momento da Declaração Anual de Ajuste os valores recebidos de pessoas físicas deverão
ser lançados nos respectivos meses na ficha Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física
e do Exterior.

2.3. Rendimentos isentos ou não tributáveis


A seguir serão expostas as principais previsões de isenção ou não tributação de bens e direitos
pelo IRPF.

2.3.1. Indenizações por rescisão do contrato de trabalho


São isentos de IRPF os valores recebidos em virtude da rescisão de contrato de trabalho,
bem como os valores recebidos a título de FGTS. O aviso prévio indenizado é também isento
de IRPF.
Caso a rescisão contemple valores acima daqueles previstos na legislação trabalhista, o valor
que exceder os direitos trabalhistas previstos em lei será tributado pelo IRPF. Também sofrerá
tributação pelo IRPF o aviso prévio quando trabalhado.

2.3.2. Lucro de alienação de bens ou direitos de pequeno valor


É isento o lucro decorrente da alienação de bens ou direitos de pequeno valor, como por
exemplo:
a) Venda de ações no mercado à vista de bolsas de valores ou mercado de balcão, se o total das
alienações desse ativo, realizadas no mês, não exceder a R$ 20.000,00; Importante: a isenção
não se aplica às operações de day trade, às negociações de cotas dos fundos de investimento em
índice de ações, aos resgates de cotas de fundos ou clubes de investimento em ações e à alie-
nação de ações efetivada em operações de exercício de opções e no vencimento ou liquidação
antecipada de contratos a termo
b) Venda de ouro, ativo financeiro, se o total das alienações desse ativo, realizadas no mês, não
exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
c) Vendas de ações de pequenas e médias empresas (conforme art. 16 da Lei nº 13.043/2014).
d) Venda de demais tipos de bens ou direitos, se o total das alienações dos bens ou direitos de
mesma natureza não ultrapassar R$ 35.000,00 por mês.

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36 PLANEJAMENTO FISCAL

Exemplo
Um indivíduo vendeu ações em bolsa de valores em diversas datas dentro do mesmo mês. O valor
total das vendas foi de R$ 22.000,00. Se as vendas ocorreram com lucro, o lucro é tributável.
No mês seguinte, o valor total das vendas de ações foi de R$ 15.000,00. Ainda que haja lucro
pela venda, o lucro é isento de imposto de renda.

2.3.3. Lucro de alienação de imóvel único


É isento o ganho de capital auferido na alienação do único imóvel que o titular possua, cujo va-
lor de alienação seja de até R$ 440.000,00 (quatrocentos e quarenta mil reais), desde que não tenha
sido realizada qualquer outra alienação imobiliária nos cinco anos que antecederem a operação.

2.3.4. Lucro de alienação de imóvel para compra de outro imóvel


em 180 dias
É isento o ganho de capital auferido por pessoa física que aliena imóvel residencial e aplica
o produto da venda na aquisição de imóveis residenciais no País, no prazo de 180 dias con-
tado da celebração do contrato. Em caso do produto da venda ser aplicado parcialmente, a
isenção do IRPF ocorrerá somente com relação à parcela efetivamente aplicada na aquisição
de imóveis residenciais no prazo de 180 dias, ficando o restante sujeito à incidência do impos-
to. A isenção se aplica desde que não tenha sido realizada qualquer outra alienação imobiliária
nos cinco anos que antecederem a operação. Benefício válido a cada 5 anos.

2.3.5. Lucro e dividendos


São isentos os lucros e dividendos recebidos de pessoas jurídicas, desde que apurados nos ter-
mos da legislação fiscal e contábil.
Importante destacar que somente serão isentos os lucros e dividendos recebidos de empresas com
sede no Brasil, sendo que lucros e dividendos distribuídos por empresas no exterior a pessoas físicas
residentes no Brasil sofrerão a tributação normal de pessoas físicas com base na Tabela Progressiva.

2.3.6. Aposentadoria, reserva remunerada, reforma, pensão ou


pecúlio
2.3.6.1. Acima de 65 anos
As pessoas maiores de 65 anos serão tributadas pelo IRPF com base na Tabela Progressiva
Mensal, para posterior ajuste no ato da Declaração Anual de Ajuste, tendo então como base a
Tabela Progressiva Anual.
Contudo, a legislação prevê para as pessoas maiores de 65 anos uma dedução adicional para
fins de IRPF, atualmente (2018) no valor de R$ 1.903,98 por mês (R$ 22.847,76 anuais), aplicável
exclusivamente com relação aos proventos de aposentadoria. Trata-se de uma isenção adicional,
não se confundindo com a faixa de isenção da Tabela Progressiva. O contribuinte deverá declarar
como isenta a parcela de aposentadoria até o limite anual de R$ 22.847,76 e somente computar
como rendimento tributável o valor excedente a esta faixa de isenção. O valor tido como rendi-
mento tributável será tributado de acordo com a Tabela Progressiva Anual.

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PLANEJAMENTO FISCAL 37

2.3.6.2. Decorrente de morte ou invalidez permanente


A pensão por morte ou invalidez permanente recebida pela pessoa física é isenta do IRPF.

2.3.6.3. Doença grave ou acidente de trabalho


São isentos do IRPF os valores recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma, incluin-
do a complementação recebida de entidade privada e a pensão alimentícia, quando recebidos por
portadores de moléstia grave dos seguintes tipos:
a) AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida);
b) Alienação mental;
c) Cardiopatia grave;
d) Cegueira;
e) Contaminação por radiação;
f) Doença de Paget em estados avançados (Osteíte deformante);
g) Doença de Parkinson;
h) Esclerose múltipla;
i) Espondiloartrose anquilosante;
j) Fibrose cística (Mucoviscidose);
k) Hanseníase;
l) Nefropatia grave;
m) Hepatopatia grave;
n) Neoplasia maligna;
o) Paralisia irreversível e incapacitante;
p) Tuberculose ativa.
Também são isentos os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em
serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional.
A isenção é ilimitada, abrangendo a totalidade dos rendimentos recebidos, independentemente
de valor. Importante destacar que não há isenção sobre o rendimento do trabalho, mas unicamen-
te sobre a aposentadoria, pensão ou reforma.

2.3.7. Rendimentos de aplicações financeiras


É isenta do Imposto de Renda, na fonte e na declaração de ajuste anual da Pessoa Física, a re-
muneração produzida por: depósitos em poupança; LH - Letra Hipotecária, CRI- Certificado de
Recebíveis Imobiliários e CPR -Cédula de Produto Rural com liquidação financeira; LCA - Letra
de Crédito do Agronegócio; e LCI – Letra de Crédito Imobiliário; debêntures de infraestrutura;
os rendimentos recebidos de fundos imobiliários, observadas as condições da Receita Federal.
Não há isenção para o ganho de capital auferido na alienação ou cessão destes títulos.

2.3.8. Transferências patrimoniais (doação, herança, legado,


meação, divórcio)
São isentos de IRPF os bens e direitos recebidos a título de doação, herança, legado ou de-
correntes da dissolução da sociedade conjugal, desde que tais bens e direitos sejam transferidos
pelo valor anteriormente declarado à Receita Federal, sem nenhum tipo de correção, atualização,
reavaliação ou avaliação a preço de mercado.

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38 PLANEJAMENTO FISCAL

2.3.8.1. Situações em que doações ou herança podem gerar


ganho de capital
Nos casos nos quais os bens e direitos transmitidos por doação, herança, legado ou dissolução
da sociedade conjugal venham a ter seus valores corrigidos, atualizados, reavaliados ou colocados
em patamares de mercado, será devido IRPF na modalidade de ganho de capital incidente sobre
a diferença positiva entre o novo valor e o valor anteriormente declarado para tais bens e direitos.
Por exemplo, se determinado imóvel estava declarado pelo falecido pelo valor de R$ 1.000.000,00,
mas na hora da transmissão os herdeiros resolvem atualizar seu valor para um valor de mercado
de R$ 2.000.000,00, então o espólio será obrigado a realizar o recolhimento do imposto sobre o
ganho de capital sobre o valor adicionado, pois a transmissão por herança somente é isenta até o
limite do valor patrimonial previamente declarado pelo falecido.
A mesma regra é aplicável à doação. Sempre que no ato de transmissão se aumentar o valor do
bem transmitido haverá incidência de IRPF na modalidade de ganho de capital.
A opção pela atualização pode ser vantajosa em se tratando de imóveis adquiridos entre 1969 e
1988, em virtude da redução de ganho de capital prevista na legislação, ou também em outras situ-
ações nas quais a lei também preveja fator de redução do ganho de capital, o que pode fazer com
que a antecipação do ganho de capital gere economia tributária. Sobre este assunto veja o item 2.4.6.

2.4. Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva ou definitiva


A tributação exclusiva/definitiva é aquela realizada sobre determinadas operações, nas quais
o imposto é apurado de forma individualizada sobre a própria operação, mantendo-se separada-
mente do restante dos rendimentos tributáveis. Os valores recebidos em hipóteses de tributação
exclusiva ou definitiva não se submetem a novo cálculo por ocasião da declaração anual, não ha-
vendo ajuste anual, o que impede tanto a restituição do IRPF pago na operação quanto a cobrança
adicional de qualquer outro valor.
A seguir serão destacados os rendimentos previstos na legislação como sujeitos à tributação
exclusiva/definitiva.

2.4.1. Décimo terceiro salário e PLR (Participação nos Lucros e Resultados)


O décimo terceiro salário e a Participação nos Lucros e Resultados serão tributados exclusiva-
mente na fonte. O décimo terceiro salário será tributado de acordo com as alíquotas da Tabela
Mensal do IRPF. Já a Participação nos Lucros e Resultados será tributada por uma tabela progres-
siva específica para esse tipo de rendimento:

Tributações da PLR
Valor do PLR anual (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
De 0,00 a 6.677,55 0,0 -
De 6.677,56 a 9.922,28 7,5 500,82
De 9.922,29 a 13.167,00 15,0 1.244,99
De 13.167,01 a 16.380,38 22,5 2.232,51
Acima de 16.380,38 27,5 3.051,53

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PLANEJAMENTO FISCAL 39

2.4.2. Rendimentos de aplicações financeiras


A tributação dos rendimentos de aplicações financeiras será discutida no capítulo 3 de forma
individualizada e pormenorizada.

2.4.3. Juros sobre capital próprio creditado a acionistas


Os juros sobre capital próprio são uma modalidade de remuneração aos acionistas pelo capital
integralizado na pessoa jurídica. Quando pagos a acionistas estão sujeitos à incidência de IRPF na
modalidade de tributação exclusiva na fonte à alíquota de 15%.
O pagamento de juros sobre o capital próprio costuma ser uma opção vantajosa para as em-
presas tributadas pelo Lucro Real pois tal pagamento representa uma despesa que, ocorrendo,
reduzirá o resultado tributável da empresa. Assim sendo, a pessoa jurídica evitaria a incidência de
IRPJ e CSLL sobre a parcela paga a título de juros sobre capital próprio, o que representa, como
regra, uma tributação de 34% que deveria ser paga antes de ser possível qualquer distribuição de
lucro ao acionista. Logo, mesmo arcando o acionista com uma tributação de 15%, a economia
tributária da pessoa jurídica torna a opção vantajosa.
Empresas tributadas pelo Lucro Presumido ou SIMPLES NACIONAL também podem
pagar juros sobre capital próprio, porém isto não se mostra vantajoso na medida em que
tais empresas recolhem integralmente seus tributos com base no faturamento, sendo irre-
levante o lucro apurado ao final. Logo, não há redução tributária para a pessoa jurídica e,
além disto, o pagamento implica em incidência de 15% de IRPF para o acionista. Nestes
casos a via mais econômica é a remuneração do acionista via distribuição de lucro, a qual
é isenta de IRPF.
É importante destacar que há uma limitação ao valor que pode ser pago a título de juros sobre
o capital próprio.

2.4.4. Prêmios obtidos em loterias, sorteios, títulos de


capitalização
Os prêmios obtidos em loterias, sorteios e títulos de capitalização estão sujeitos ao pagamento
de IRPF na modalidade de tributação exclusiva na fonte à alíquota de 30%.

2.4.5. Ganho de capital liquido em operações de renda variável


Os ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de
futuros, e assemelhadas, inclusive day trade, serão tributados às seguintes alíquotas:
a) 20%, no caso de operação day trade;
b) 15%, nas operações realizadas nos mercados à vista, a termo, de opções e de futuros.
As operações de integralização de quotas por ações, alienação de quotas, resgate de fundos
imobiliários, mercado à vista, mercado a termo e mercado de opções estão sujeitas à retenção
do imposto sobre a renda incidente na fonte à alíquota de 0,005% (cinco milésimos por cento)
sobre o valor da venda, salvo se o valor da retenção do imposto seja igual ou inferior a R$ 1,00,
como antecipação, podendo ser compensado com o imposto sobre a renda mensal na apuração
do ganho líquido.
Os rendimentos auferidos em operações de day-trade realizadas em bolsas de valores, de mer-
cadorias, de futuros e assemelhadas, por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta,

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40 PLANEJAMENTO FISCAL

sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda na fonte à alíquota de 1% (um por cento) sobre
o valor do ganho.

2.4.6. Ganho de capital na alienação de bens e direitos


Estarão sujeitas ao pagamento de IRPF na modalidade de ganho de capital os ganhos auferidos
nas seguintes modalidades:
a) Operações que impliquem em ganho de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer
natureza.
b) Reavaliação e atualização de valor de bens recebidos por sucessão (herança), legado (testamen-
to), doação em adiantamento da legítima (adiantamento da herança em vida) ou dissolução da
sociedade conjugal (separação, divórcio).
c) Alienação de bens ou direitos e liquidação ou resgate de aplicações financeiras, de propriedade
de pessoa física, adquiridos, a qualquer título, em moeda estrangeira.

Ganho de capital
O ganho de capital é entendido como a diferença positiva entre o custo de aquisição e o
valor de alienação dos bens ou direitos. Entre estes bens e direitos podemos destacar: a)
ações; b) aplicações em moeda estrangeira; c) bens imóveis; d) direitos reais; c) direitos
autorais etc.

A base de cálculo do imposto é o ganho de capital apurado, sobre o qual incidirão as seguintes
alíquotas progressivas, por faixa de incidência:
• 15% sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5.000.000,00;
• 17,5% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 5.000.000,00 e não ultrapassar R$ 10.000.000,00;
• 20% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 10.000.000,00 e não ultrapassar R$ 30.000.000,00; e
• 22,5% sobre a parcela dos ganhos que ultrapassar R$ 30.000.000,00.

No caso de alienação de bens imóveis, é possível aplicar um percentual de redução sobre o ga-
nho de capital obtido na venda. Este percentual é aplicado sobre o ganho de capital, determinan-
do que parcela do ganho será isenta de imposto de renda, e sobre que parcela incidirá o imposto
de renda. Em síntese, quanto maior for o período em que o alienante deteve a propriedade do
bem, maior será o percentual de redução.
No caso de alienação de bens imóveis adquiridos até 1969, o alienante usufruirá de um percen-
tual de redução do ganho de capital de 100% (cem por cento), zerando o lucro tributável.
Para imóveis adquiridos pelo alienante entre os anos de 1970 e 1988 o percentual de redução
de ganho de capital seguirá a tabela regressiva abaixo, devendo ser pago o IRPF sobre o saldo de
ganho de capital após a aplicação do coeficiente de redução.

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PLANEJAMENTO FISCAL 41

Redução do imposto sobre venda de imóveis


Ano de Aquisição ou Percentual de Ano de Aquisição ou Percentual de
Incorporação Redução incorporação Redução
1969 100% 1979 50%
1970 95% 1980 45%
1971 90% 1981 40%
1972 85% 1982 35%
1973 80% 1983 30%
1974 75% 1984 25%
1975 70% 1985 20%
1976 65% 1986 15%
1977 60% 1987 10%
1978 55% 1988 5%

A legislação prevê ainda a aplicação de outros percentuais de redução para imóveis adquiridos
a partir de 1988, através da aplicação de fórmulas matemáticas que levam em consideração o nú-
mero de meses decorridos entre a data de aquisição e a data da venda do imóvel.
O aplicativo GCAP, disponibilizado para download no site da Receita Federal, aplica os percen-
tuais de redução automaticamente.

2.4.7. Alienações a prazo


Nas alienações a prazo o ganho de capital será apurado como venda à vista e será tributado
proporcionalmente aos valores recebidos em cada mês, sendo o IRPF recolhido de forma indi-
vidualizada para cada mês no qual ocorrer recebimento. Durante o prazo de pagamento deverá
ser calculado o valor de aquisição proporcional à fração do valor de alienação recebida naquele
mês para fins de apuração proporcional do ganho de capital, fazendo-se o recolhimento mensal
individualizado para as parcelas que forem recebidas dentro do mesmo mês-calendário.

2.5. Declaração de ajuste anual do Imposto de Renda da


pessoa física
2.5.1. Declaração simplificada; desconto padrão
A declaração simplificada constitui um meio de facilitar a apuração do imposto, mediante des-
conto de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto de R$ 16.754,34 (em 2018). A
aplicação desse desconto se dá em substituição ao regime de deduções e abatimentos e pode ser
utilizado independentemente do montante de rendimentos recebidos e do número de fontes
pagadoras.
Por se tratar de opção do contribuinte, a utilização desse sistema não é obrigatória. Contudo, a
declaração simplificada é benéfica a todos os contribuintes cujas deduções e/ou abatimentos fo-

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42 PLANEJAMENTO FISCAL

rem inferiores a 20% da renda percebida no ano ou, ainda, tenham dificuldades na demonstração
das despesas dedutíveis incorridas. O desconto de 20% dos rendimentos tributáveis é aplicável
em todos os casos, independentemente do contribuinte ter tido despesas dedutíveis, desde que
respeitado o limite máximo de dedução.

2.5.2. Declaração completa; despesas dedutíveis


A declaração completa, ao contrário da declaração simplificada, deve ser apresentada contendo
todas as informações relacionadas às deduções e abatimentos das despesas incorridas no decorrer
do ano. Para tanto, o contribuinte precisa demonstrar claramente a realização das despesas bem
como possuir documentos idôneos que as comprovem.
É comum a Receita Federal enviar para a malha fina as declarações que apresentam va-
lores elevados de deduções e abatimentos, visando investigar possível crime de sonegação
fiscal praticado no intuito de obter restituição indevida de imposto ou diminuição do saldo
de imposto a pagar. A malha fina requererá ao contribuinte a comprovação das despesas
dedutíveis através de documentos válidos e idôneos. Com isso, muitos contribuintes acabam
tendo suas restituições de imposto atrasadas, mesmo tendo deduzido e abatido licitamente
suas despesas.

Podem ser abatidos ou deduzidos da base de cálculo do imposto sobre a renda das pessoas
físicas as seguintes despesas (as referências de valores abaixo, são relativas ao exercício de 2018):
a) Contribuições à Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios;
b) Contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus
tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados
aos da Previdência Social, cuja dedução será limitada a 12% do valor total dos rendimentos
tributáveis;
c) Para os contribuintes que perceberem rendimentos do trabalho não-assalariado, serão dedutí-
veis as despesas escrituradas em livro caixa, tais como: i) remuneração paga a terceiros, desde
que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários; ii) emolumentos
pagos a terceiros; iii) despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manuten-
ção da fonte produtora;
d) Dependentes, no valor máximo anual de R$ 2.275,08;
e) Importâncias pagas a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial
ou acordo homologado judicialmente ou escritura pública;
f) Despesas médicas comprovadas;
g) Despesas com educação, até o limite anual de R$ 3.561,50 (valor em outubro/2018) por pessoa
(valor aplicável tanto para educação própria quanto para a de dependentes);
h) Contribuições para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual - FAPI cujo ônus seja da
pessoa física, cuja dedução será limitada a 12% do valor dos rendimentos tributáveis.

Podem ser abatidos ou deduzidos diretamente do imposto devido as despesas abaixo. Impor-
tante: essas despesas somente serão dedutíveis para os contribuintes que optarem pela declaração
no modo completo (deduções legais):
i) Contribuição patronal paga à Previdência Social pelo empregador doméstico e a contri-

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PLANEJAMENTO FISCAL 43

buição para financiamento do seguro contra acidentes de trabalho (GILRAT) incidentes


sobre o valor da remuneração do empregado, limitada a um empregado doméstico por
declaração, inclusive no caso da declaração em conjunto; limitada, ainda, ao valor recolhido
no ano-calendário a que se referir a declaração.
O valor da dedução não poderá, ainda, exceder ao valor da contribuição patronal calculado
sobre um salário mínimo mensal, sobre o décimo terceiro salário e sobre a remuneração adicio-
nal de férias, referidos também a um salário mínimo. Para o ano de 2017, o limite anual era de
R$ 1.171,84.
O salário pago ao empregado doméstico e as outras contribuições, como o FGTS, não são
considerados despesas dedutíveis.

i) Doações:
1. Fundos de amparo à criança e ao adolescente;
2. Fundos de amparo ao idoso;
3. Incentivo à Cultura (Fundo Nacional de Cultura) ou apoio direto a projetos e ações sociais
cadastrados no Programa Nacional de Apoio à Cultura;
4. Incentivo à Atividade Audiovisual (patrocínios e investimentos em projetos cinematográficos
credenciados pela Ancine);
5. Incentivo ao Desporto (doações ou patrocínios no apoio direto a projetos desportivos e para-
desportivos previamente aprovados pelo Ministério do Esporte);
6. Incentivo ao Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência
(Pronas-PCD)
7. Incentivo ao Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon):
A soma das deduções listadas nos itens 1 a 5 está limitada a 6% do imposto devido.
Cada uma das deduções listadas nos itens 6 e 7 estão limitadas a 1% do imposto devido. Assim,
no total, é permitido deduzir até 8% do imposto devido com doações, desde que respeitados os
limites acima.
As doações devem ser feitas no ano-calendário a que se referir a declaração, com exceção das
doações aos Fundos de amparo à criança e ao adolescente, que podem ser feitas diretamente na
declaração, até o limite de 3% do imposto devido, e desde que somada às outras doações dos itens
1 a 5 acima não ultrapasse o limite de 6% do imposto devido.

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44 PLANEJAMENTO FISCAL

Exemplo
Considerando um contribuinte com rendimentos total do salário de R$ 325.000,00 no ano
e um 13º de 25.000,00, com 2 dependentes e respectivas despesas com instrução, despesas
médicas anuais de R$2.000,00 e Contribuição patronal à Previdência Social paga a seu
funcionário doméstico de R$300,00 por mês.
Note que as despesas com instrução e despesas médicas foram deduzidas da base de cálculo
do imposto. Já a contribuição patronal à Previdência Social foi deduzida diretamente do
imposto devido:
Rendimentos tributáveis 325.000,00
Previdência (12X620,00)11% sobre teto de $5645,00 7.440,00
Dependentes 2X $2.275,08 4.550,16
Despesas com instrução (limitada a $3.561,50 por dependente) 7.123,00
Despesas médicas 2.000,00
Total das deduções 21.113,16
Base de Cálculo do IR anual 303.886,84
IR de 27,5 % de 303.886,74 83.568,88
Dedução conforme tabela acima 10.432,32
IR 73.136,56
(-) contribuição patronal ao INSS 1.171,84
Imposto de Renda devido no ano 71.964,72

As tabelas e as deduções estão no item 2.5

2.5.3.Declaração de bens e direitos


Todos os bens e direitos devem ser declarados na ficha Bens e Direitos a partir do ano em que
foram adquiridos e devem igualmente ser excluídos no ano em que forem alienados, declaran-
do-se a venda e zerando a posição na ficha Bens e Direitos com relação à data de 31/12 do ano
da alienação. É de suma relevância manter atualizadas e corretas as informações da ficha Bens e
Direitos para possibilitar o conhecimento da evolução patrimonial da pessoa física.
Vale lembrar, ainda, que patrimônio sujeito a registro público, tais como veículos e imóveis,
bem como investimentos e valores mantidos em instituições financeiras são do prévio conhe-
cimento da Receita Federal e a ausência de declaração destes pode gerar uma fiscalização para
averiguação de eventual sonegação fiscal ou ocultação de patrimônio.

2.5.4. Variação patrimonial e consistência das informações


Um ponto de especial atenção no momento da confecção da Declaração Anual de Ajuste do
IRPF é a variação patrimonial constante do saldo final da ficha Bens e Direitos, no comparativo
entre as duas últimas declarações.
A Receita Federal utiliza tais informações para acompanhar a evolução patrimonial da pessoa
física e avaliar se tal evolução é compatível com os rendimentos recebidos ao longo dos anos. Isto
equivale a dizer que a pessoa física deverá possuir em seus rendimentos (sejam tributáveis, isentos

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PLANEJAMENTO FISCAL 45

ou tributação exclusiva) valores suficientes para justificar as despesas incorridas e o aumento de


seu patrimônio de um ano para o outro.
Havendo valores suficientes para justificar o acréscimo constatado na ficha Bens e Direitos, a
declaração terá consistência nas informações de evolução patrimonial. Caso não existam rendi-
mentos suficientes para justificar o acréscimo, a declaração será inconsistente e certamente será
encaminhada ao setor de Malha Fiscal para fins de fiscalização e apuração de eventual sonegação
fiscal ou incorreção de informações.

2.6. Declaração de Saída Definitiva do País


A Declaração de Saída Definitiva do País é uma declaração que deve ser apresentada pelos
contribuintes que se ausentarem do país e assumirem um novo domicílio tributário no exterior. O
efeito da declaração é justamente encerrar a relação de domicílio tributário com o Brasil, passando
o contribuinte a ser considerado residente no exterior para todos os fins fiscais.
A função desta declaração é evitar que o contribuinte se sujeite à dupla tributação decor-
rente da manutenção de dois domicílios fiscais. Logo, é de suma importância que o contri-
buinte, ao optar pela saída do país, realize o procedimento de comunicação para evitar que
seja tributado na condição de residente e, ainda, tenha que oferecer à tributação no Brasil
toda a sua renda e proventos, inclusive os auferidos no exterior, com base no princípio da
universalidade da renda.
A perda da condição de residente pode ocorrer pela saída definitiva ou pela saída temporária
por período superior a 12 meses. Ultrapassado tal período, o contribuinte perde automaticamente
a condição de residente no Brasil para fins fiscais.
O procedimento inicial é a apresentação da Comunicação de Saída Definitiva do País dentro do
período de 30 dias anteriores à data de saída até o último dia do mês de fevereiro do ano-calendá-
rio seguinte. No caso de saída temporária, o prazo é contado da data de vencimento do prazo de
12 meses até o último dia de fevereiro do ano seguinte.
Após a Comunicação de Saída Definitiva do País, o contribuinte ainda deverá apresentar a De-
claração de Saída Definitiva do País, dentro do prazo que vai de 1º de março até o último dia útil
do mês de abril do ano seguinte à saída.
Caso o contribuinte se retire do país sem apresentar Comunicação nem Declaração de Saída
Definitiva do País, estará descumprindo a legislação tributária e poderá ser penalizado em eventual
fiscalização.

2.7. Declaração Final de Espólio


A Declaração Final de Espólio consiste na última declaração prestada em nome do contribuin-
te falecido, na qual o inventariante deverá fazer constar a transmissão individualizada dos bens e
direitos que o falecido possuía em sua Declaração de IRPF.
Atualmente, o espólio encontra-se obrigado a apresentar 3 tipos de declaração ao longo da
sucessão: a) Declaração Inicial de Espólio: declaração de bens e direitos relativa ao ano-calendário
do falecimento do contribuinte; b) Declaração Intermediária de Espólio: relativa aos anos-calen-
dários posteriores ao do falecimento e enquanto a partilha de bens não for definitivamente ho-
mologada; e c) Declaração Final de Espólio: declaração apresentada quando do encerramento da
partilha de bens, visando formalizar perante a Receita Federal a transferência dos bens do falecido
para seus herdeiros.

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46 PLANEJAMENTO FISCAL

3. TRIBUTAÇÃO DE
APLICAÇÕES FINANCEIRAS

3.1.Tributação das aplicações em Renda Fixa e Renda Variável


Objetivo deste item é conhecer e explicar as regras de tributação incidentes sobre as operações
de renda fixa e de renda variável para o investidor pessoa física, assim como calcular o imposto
de renda e o ganho de capital dessas aplicações. Cabe sinalizar que, em muitos instrumentos de
aplicações financeiras, a tributação do contribuinte, pessoa jurídica é diferente.
O examinador no seu exame para a Certificação Profissional CFP, irá sempre explorar os seus
conhecimentos sobre a tributação de aplicações financeiras explorando sempre algum aspecto das
definições abaixo:
I. Fato Gerador: como já vimos, diz respeito de quando o imposto é devido. O fato ou evento
que gera a incidência do imposto é, por exemplo: rendimento, ganho de capital, resgate etc.
II. Base de cálculo: diz respeito o que é tributado. É a grandeza econômica sobre a qual se aplica a
alíquota para calcular a quantia a pagar, ou seja, o valor sobre o qual incide a alíquota do imposto Por
exemplo: o IR é calculado sobre o rendimento do CDB, portanto a base de cálculo é o rendimento.
III. Alíquota: é o percentual ou valor fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para chegar-
mos ao valor de um tributo. Diz respeito a quanto é o imposto.
IV. Agente responsável pelo Recolhimento do Imposto e prazos legais: O responsável por
recolher o imposto devido à Receita Federal. Diz respeito a quem recolhe o imposto. Exemplo:
no caso do CDB, o agente responsável pelo recolhimento é a instituição pagadora dos rendi-
mentos; já no mercado à vista de ações, o responsável pelo recolhimento é o próprio contri-
buinte. Existem diferentes prazos de recolhimento, conforme a operação. No ganho de capital
em operações com ações, por exemplo, o recolhimento do IR será feito até o último dia útil do
mês subsequente ao da operação.
V. Compensação de Perdas: A legislação tributária também prevê que perdas auferidas em res-
gatas de fundos poderão ser compensadas de ganhos futuros, sob certas condições. Perdas em
operações de renda variável são passíveis de compensação na apuração de ganhos em períodos
posteriores e/ou na declaração de IR.
VI. Regime tributário: A Receita Federal classifica as rendas e rendimentos recebidos pela con-
tribuinte pessoa física em três categorias:
a) Regime Tributável onde o rendimento irá compor a base de cálculo na Declaração do IR.
b) Regime Definitivo ou Exclusivo de fonte para Pessoa Física - Pago no resgate e não tendo
mais nada a declarar ou restituir.
c) Isenção: Situações específicas, previstas na Lei, em que os rendimentos são isentos de impostos
VII. Ganho de capital: É ganho obtido pelo investidor quando negocia seu título no mercado
secundário, diferença positiva entre o preço de venda (alienação) e compra do título.

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PLANEJAMENTO FISCAL 47

VIII. Day Trade: É a operação ou a conjugação de operações iniciadas e encerradas em


um mesmo dia, com o mesmo ativo, em uma mesma instituição intermediadora, em que
a quantidade negociada tenha sido liquidada, total ou parcialmente (compra e venda no
mesmo dia).

3.1.1 Tributação das aplicações de renda fixa


Fato Gerador
Todos os rendimentos produzidos por aplicações financeiras de renda fixa, auferidos
por pessoa física, pessoa jurídica, inclusive as isentas, são considerados Fato Gerador de
impostos.
O momento em que o imposto é devido é na alienação do investimento. Considera-se alienação
qualquer forma de transmissão da propriedade, bem como a liquidação, o resgate, a cessão ou a
repactuação do título ou aplicação.
Os rendimentos periódicos (recebimento de cupons) produzidos por título ou aplicação, bem
como qualquer remuneração adicional aos rendimentos pré-fixados, serão submetidos à incidên-
cia do imposto de renda na fonte por ocasião de seu pagamento ou crédito.

Para lembrar
Recolhimento do Imposto de Renda em Títulos Públicos Federais negociados via
Tesouro Direto:
O imposto de renda sobre os rendimentos proporcionados ao investidor será retido na
recompra, pagamento de juros ou resgate dos títulos. A alíquota incidente é a mesma dos
títulos de renda fixa e o recolhimento dos impostos devidos é responsabilidade do Agente de
Custódia.

Alguns investimentos são equiparados a aplicações financeiras de renda fixa para efeitos tribu-
tários, por exemplo:
a) Ajuste positivo do Swap.
b) As operações de “Box” nos mercados de opções de compra e de venda em bolsas de valores
ou de mercadorias e de futuros, onde 4 opções conjuntas “simulam” o resultado de uma
renda fixa.
c) COE- Certificado de Operações Estruturadas. Registrando-se que, para efeitos de apuração e
pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas incorridas em operações de
COE também não poderão ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos em operações
de renda variável.
d) As operações de mútuo e de compra vinculada à revenda, tendo por objeto ouro, ativo financei-
ro, são equiparadas às operações de renda fixa para fins de incidência do imposto sobre a renda
na fonte.

Alíquota do Imposto de Renda


A alíquota de IR sobre os rendimentos da Renda Fixa segue uma tabela decrescente de acordo
com o prazo de permanência:

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IR de Renda Fixa
Prazo da aplicação Alíquota de IR
Até 180 dias 22,5%
De 181 a 360 dias 20,0%
De 361 a 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

No caso de debênture conversível em ações, os rendimentos produzidos até a data da conver-


são serão tributados nessa data.

Exemplo
Considerando uma debênture com vencimento de 3 anos e pagamentos de cupons semestrais
(a cada 180 dias). O pagamento do primeiro cupom será submetido à incidência do imposto
de renda na fonte por ocasião de seu pagamento, computando o prazo da aquisição até o
recebimento dos cupons, neste caso 180 dias e alíquota de 22.5%. Considerando ser um
investidor pessoa física, o regime será definitivo na fonte.

Base de cálculo: Diferença positiva entre o valor da alienação, líquido do IOF, quando aplicá-
vel, e o valor da aplicação financeira.
Agente responsável pelo recolhimento: A pessoa jurídica que efetuar o pagamento dos
rendimentos.
Regime de tributação: exclusivo de fonte (ou definitivo)
Isenções Pessoa Física: É isenta do Imposto de Renda, na fonte e na declaração de ajuste
anual da Pessoa Física, a remuneração produzida por:
• Caderneta de Poupança
• LF - Não se aplica porque prazo mínimo é 24 meses;
• Debêntures e CRI (isento pela Lei 12.431);
• LH;
• LCI;
• LCA;
• CRA;
• CRP.
Não há isenção para o ganho de capital auferido na alienação ou cessão destes títulos.

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PLANEJAMENTO FISCAL 49

Para lembrar
Observe que somente investidores pessoas físicas terão isenção de imposto de renda sobre os
rendimentos das aplicações anteriormente citadas.
Por exemplo, os rendimentos das Debêntures emitidas por Sociedades de Propósito
Específico (SPE) criadas para fins da implementação de projetos de investimento na área de
infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação,
considerados como “prioritários”, serão tributados sob alíquota zero para a Pessoa Física e
15% para Pessoa Jurídica.
Note que não há isenção para ganhos de capital auferidos na alienação (venda) ou cessão
destes títulos.

Imposto sobre Operações Financeiras-IOF nas aplicações de renda fixa; impacto no rendimen-
to do investidor; isenções.

Fato gerador: Incide sobre resgate, cessão ou repactuação de operações com títulos ou valores
mobiliários cujo prazo de permanência tenha sido inferior a 30 dias.
Alíquota: 1% ao dia, sobre o valor de resgate, cessão ou repactuação, limitado ao rendimento
da operação, em função do prazo, conforme tabela regressiva.

Tabela regressiva referente Imposto sobre Operações Financeiras-IOF


Prazo % limite do Prazo % limite do Prazo % limite do
em dias rendimento em dias rendimento em dias rendimento
01 96 11 63 21 30

02 93 12 60 22 26

03 90 13 56 23 23

04 86 14 53 24 20

05 83 15 50 25 16

06 80 16 46 26 13

07 76 17 43 27 10

08 73 18 40 28 6

09 70 19 36 29 3

10 66 20 33 30 0

Base de cálculo: O valor de resgate, cessão ou repactuação, limitado ao rendimento ou a um


percentual do rendimento.
Agente responsável pelo recolhimento: A pessoa jurídica (fonte) que credita rendimentos
resgata ou recompra o título.

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50 PLANEJAMENTO FISCAL

Isenções do IOF nos títulos de renda fixa.


O investidor não terá incidência do IOF nas seguintes aplicações de renda fixa:
1) Alíquota Zero
• Debentures
• Certificados de Recebíveis Imobiliários-CRI (Decreto 7.487/11);
• Letra de Crédito do Agronegócio - LCA; (Decreto 7.487/11.)
• Certificado de Recebíveis do Agronegócio - CRA (Decreto 7.487/11.)
• Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio - CDCA; (Decreto 7.487/11.)
• Letra Financeira (Decreto 7.487/11)

2) Isentos de IOF:
• Cédula de Produto Rural - CPR.

Não incide IOF sobre a Caderneta de Poupança

Para lembrar
Em relação ao IOF sobre os instrumentos de Renda Fixa lembre-se que:
- A base de cálculo é o valor do resgate, cessão ou repactuação.
- Quando devido, o IOF será de 1% ao dia sobre o valor do resgate limitado a certo percentual
do rendimento da operação, em função do prazo, conforme tabela regressiva.
- Em uma operação de renda fixa cujo prazo seja inferior a 30 dias serão recolhidos o IOF e o
imposto de renda, nesta ordem.
- Regra geral: é permitido resgate de suas aplicações em renda fixa, com liquidez diária a
qualquer momento, entretanto, resgates até o 29º sofrerão incidência de IOF sobre o
rendimento.

Regime tributário: Pessoa Física exclusivo de fonte ou definitivo.

Exemplo: cálculo do IOF sobre aplicações de renda fixa


Aplicação em um título de renda fixa no valor de $100.000,00
Resgate de $100.800,00 após 11 dias.
IOF de 1% ao dia por 11 dias (11% de$100.800,00) = $11.088,00
Limite do IOF: 63% de $800,00= $504,00
IR = 22,5% sobre rendimento líquido de IOF, isto é: 22,5% de $296,00 ($800,00-$504,00) =
$66,60
Valor líquido do resgate: $100.800,00 - $504,00 – 66,60

3.1.2 Tributação das Aplicações de renda variável


Fato Gerador: sujeitam-se à incidência do imposto de renda os ganhos líquidos auferidos por
qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta, em operações realizadas nas Bolsas de Va-
lores, de Mercadorias, de Futuros e assemelhadas, existentes no País.

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PLANEJAMENTO FISCAL 51

O disposto nesta seção aplica-se, também, aos ganhos líquidos auferidos por qualquer benefi-
ciário pessoa física:
• Na alienação de Brazilian Depositary Receipts (BDR), em bolsa;
• Na alienação de ouro, ativo financeiro;
• Em operação realizada em mercado de liquidação futura, fora de bolsa, inclusive com opções
flexíveis;

Base de Cálculo
Ganho líquido auferido nas operações realizadas em cada mês, admitida a dedução dos custos
e despesas incorridos, necessários à realização das operações.
É admitida a compensação de perdas de meses anteriores da base de cálculo de ganhos futuros.

Alíquotas:
Dividendos: isentos de Imposto de Renda
Juros sobre capital próprio: Imposto de renda retido na fonte à alíquota de 15%
Ganho de Capital em transações no mercado à vista: A partir de 01/01/2005 as operações com
ações no mercado à vista (exceto day trade) passaram a ter duas incidências de imposto de renda:
• Alíquota de 0,005% sobre o valor da alienação (venda), sendo a instituição intermediadora res-
ponsável pelo recolhimento. Imposto compensável.
• Alíquota de 15% sobre o ganho de capital líquido, sendo o próprio contribuinte responsável
pelo recolhimento do imposto devido, via DARF, até o último dia útil do mês subsequente.

Isenções (somente para Pessoa Física)


• Não está sujeito ao imposto de renda o ganho líquido em operações no mercado à vista de
ações, nas bolsas de valores, e de ouro, ativo financeiro, cujo valor do somatório de todas as
vendas, em cada mês calendário, sejam iguais ou inferiores a R$20.000,00, para o conjunto de
ações negociado.

Atenção
Alíquota diferentes, sobre bases de cálculos diferentes. A alíquota de 0,005% incide sobre o
valor da venda e a de 15%, sobre o valor do ganho de capital.
O limite de R$ 20.000,00 para se beneficiar da isenção do pagamento de imposto de renda,
refere-se ao valor da venda e não ao valor do ganho de capital.

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52 PLANEJAMENTO FISCAL

Exemplo
Investidor adquiriu R$ 50.000,00 em ações da cia ABCD, e vendeu 55 dias depois o lote todo
por R$ 72.000,00. Vamos calcular o IR devido, considerando despesas totais de negociação no
valor de R$ 500,00 e que tem acumulado perdas de operações em bolsa realizadas no passado
no valor de R$1.500,00
Ganho de capital bruto = (R$72.000 - $50.000) R$ 22.000,00
Despesas diversas R$  -500,00
Compensação de perda de período anterior R$  -1.500,00
Ganho de capital líquido R$ 20.000,00
Imposto de renda devido (15% x R$20.000,00) R$ 3.000,00
Imposto de renda retido na fonte (0,005% s/ R$72.000,00) R$  3,60
Imposto de renda a recolher (R$3.000,00 - R$3,60) R$  2.996,40

Ganho de Capital em operações de Day Trade


Considera-se day trade, para efeitos fiscais, a operação ou conjugação de operações iniciadas e
encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em que a quantidade negociada tenha sido
liquidada total ou parcialmente. Imposto total devido é de 20% sobre o ganho de capital. Este
ganho será recolhido em dois momentos:
• Na fonte pela instituição intermediadora, à alíquota da 1% sobre o ganho de capital;
• Via DARF, pelo contribuinte, à alíquota de 20%, com direito a compensar o IR retido na fonte
até o último dia útil do mês subsequente.
Base de cálculo: ganho de capital líquido em ambos os casos.

Exemplo da tributação de operação de day trade


Investidor comprou lote de ações XYZ no valor de R$ 13.000,00 e vendeu no mesmo dia por
R$ 18.000,00.
O imposto devido é de 20% sobre o ganho de capital de R$5.000,00, portanto o IR total será
de R$1.000,00. Como será recolhido:
a) A corretora irá reter na fonte 1% sobre o ganho de capital, representando R$50,00 e
b) O contribuinte deverá recolher via DARF 19% sobre o ganho de capital de R$950,00
Note que:
1. Não existe isenção de IR para operações de day trade, mesmo com valores inferiores a
R$ 20.000,00/ mês
2. As perdas incorridas em operações de day trade somente poderão ser compensadas com
ganhos auferidos em operações da mesma espécie (day trade), realizadas no mês ou meses
subsequentes.
3. A alíquota de IR é de 20%. Sendo recolhidos 1% na fonte e 19% via DARF.

Regime de Tributação: Pessoa Física é definitivo.


Compensação de Perdas: para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ga-
nhos líquidos, as perdas incorridas nas operações de renda variável poderão ser compensadas com

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PLANEJAMENTO FISCAL 53

os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em outras operações
realizadas em qualquer das modalidades operacionais, exceto no caso de perdas em operações de
day trade.
As perdas decorrentes de operações de day trade de ações podem ser compensadas somente
com operações de mesma espécie.

Fique atento à base de cálculo do imposto de renda destes produtos:


No mercado de ações à vista a base de cálculo da alíquota de:
- 15% é sobre o ganho de capital;
- Já a retenção na fonte de 0,005% é calculada sobre o valor da alienação, ou seja, valor da
venda.
No mercado de day trade a base de cálculo da alíquota de:
- 20% é sobre o ganho de capital;
- A retenção na fonte de 1% é calculada também sobre o ganho de capital.
No mercado de swap a base de cálculo é o valor do ajuste positivo do swap, conforme prazo
do contrato. Sempre com retenção na fonte.

Tributação dos Contratos de Swap


Alíquota: Tabela Regressiva idêntica aos títulos de renda fixa, decrescente de acordo com o
prazo da operação.

Alíquota sobre operações de swap


Prazo de Permanência Alíquota
Até 180 dias 22,5%
De 181 dias a 360 dias 20,0%
De 361 dias até 720 dias 17,5%
A partir de 721 dias 15,0%

Base de Cálculo: será o saldo ou resultado positivo auferido na liquidação do contrato de swap,
inclusive quando da cessão do mesmo contrato.
Responsável pelo Recolhimento: O imposto será retido pela pessoa jurídica que efetuar o
pagamento do rendimento, na data da liquidação ou da cessão do respectivo contrato.
Compensação de Perdas: há entendimentos diversos sobre a possibilidade de pessoas físicas
compensarem eventuais perdas incorridas em operações de Swap. O que se sabe, seguramente,
é que não podem ser compensadas com ganhos líquidos em outras operações de renda variável.
Os favoráveis à compensação de perdas, recomendam que seja feita com ganhos em operações
de mesma espécie (swap com swap), devidamente registradas.

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54 PLANEJAMENTO FISCAL

Compensação de perdas
Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas
incorridas nas operações do mercado à vista, mercado de opções e mercados a termo
poderão ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos no próprio mês ou nos meses
subsequentes, inclusive nos anos-calendário seguintes, em outras operações realizadas em
qualquer das modalidades operacionais previstas nestas modalidades.
Observação: Perdas em operações de day trade poderão ser compensadas exclusivamente
entre operações da mesa espécie (day trade x day trade).

Mercados a Termo
Base de cálculo: o ajuste positivo do contrato de derivativos.
Alíquota de imposto de renda: 15%. Haverá IR de fonte no valor de 0,005% sobre o valor
do ajuste positivo recolhido pelo agente pagador do ajuste, e recolhimento pelo contribuinte via
DARF dos 15% compensando o valor antecipado na fonte.
Lembrando que as operações de day trade serão tributadas com alíquota de 20%, com retenção
de 1% na fonte e o contribuinte via DARF irá recolher os 19% restantes.

Mercado de opções
Regra geral: O imposto incide à alíquota de 15% sobre o resultado líquido apurado e ad-
mite-se a dedução das despesas incorridas na realização das operações (corretagem, emolu-
mentos etc.)
Na negociação da opção no mercado secundário: Sobre o resultado positivo apurado no encer-
ramento de opções da mesma série.
Nas operações de exercício (desconsiderando a corretagem e outras despesas operacionais)*.
a. Titular da opção de compra.
Pela diferença positiva entre o valor da venda à vista do ativo na data do exercício da opção e o
preço de exercício, deste valor desconta-se o valor do prêmio pago.
b. Lançador da opção de compra.
Pela diferença positiva entre o preço de exercício da opção, acrescido do valor do prêmio, e o
custo de aquisição do ativo objeto do exercício.
c. Titular de opção de venda
Pela diferença positiva entre o preço de exercício da opção e o valor da compra à vista do ativo,
deste valor desconta-se o valor do prêmio pago.
d. Lançador da opção de venda
Pela diferença positiva entre o preço da venda à vista do ativo na data do exercício da opção,
acrescido do valor do prêmio, e o preço de exercício da opção.

Observações
1. Não ocorrendo venda à vista do ativo na data do exercício da opção, o ativo terá como custo
de aquisição o preço de exercício da opção, acrescido ou deduzido do valor do prêmio.
2. Não havendo encerramento ou exercício da opção, o valor do prêmio constituirá ganho para
o lançador e perda para o titular na data do vencimento da opção.

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PLANEJAMENTO FISCAL 55

3. O imposto é apurado em períodos mensais e pago, pelo investidor, até o último dia útil do mês
subsequente.

Exemplo
O investidor adquiriu opção de compra de 10.000 ações “Z”, pagando o prêmio de R$ 2,00,
totalizando o prêmio de R$ 20.000,00, com vencimento para 60 dias e preço de exercício de
R$10,00 por ação. Antes do vencimento, o investidor decidiu encerrar (zerar) sua posição e
vendeu a call da mesma série, recebendo um prêmio total de R$ 22.000,00.
Desconsiderando custos de corretagem, qual será a tributação?
Resposta: 15% sobre R$ 2.000,00. O valor do prêmio recebido R$22.000,00 - Valor do prêmio
pago na compra de R$ 20.000,00, ganho de R$2.000.00.

Mercados futuros
Nos mercados futuros, o ganho líquido será o resultado positivo da soma algébrica dos ajustes
diários ocorridos, sendo reconhecido por ocasião da liquidação, encerramento de qualquer posi-
ção ou cessão. Alíquota sobre o ganho obtido nestes contratos é de 15%.

Aluguel de ações
Para quem disponibiliza suas ações para aluguel (chamada de ponta doadora), a remuneração
do aluguel será tributada pelo IR retido na fonte com as mesmas regras estabelecidas para tribu-
tação de rendimentos de renda fixa, isto é, tabela regressiva de 22,5% até 15% conforme prazo
de permanência.
Para o tomador a taxa de aluguel é um custo da operação.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Assinale Falso ou Verdadeiro sobre tributação
de aplicações financeiras
1. Os rendimentos advindos do recebimento de dividendos são tributados à
alíquota de 15%.

2. Juros sobre capital próprio é também uma forma de distribuição de lucros.


Isento de IR.

3. O imposto de renda incidente em operações à vista (exceto day trade) é


retido na fonte, à alíquota de 0,005% sobre o valor da venda, mesmo nas
operações com prejuízo.

4. O contribuinte recolhe 15% de imposto de renda sobre o ganho de capital


líquido da retenção na fonte, via DARF.

5. As operações de renda fixa são todas isentas de IOF.

6. A base de cálculo sobre a qual incide alíquota de 0,005% é o ganho de capital.

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56 PLANEJAMENTO FISCAL

7. No mercado à vista de ações, exceto day trade, a base de cálculo sobre a qual
incide alíquota de 15% é o ganho de capital líquido, recolhido pelo contri-
buinte, via DARF.

8. Sobre o ganho de capital nas operações de day trade incide alíquota de 20%
sendo 1% retido na fonte a título de antecipação.

9. No mercado à vista de ações, exceto day trade, pessoas físicas não pagam
imposto de renda quando o valor de venda for igual ou inferior a R$20.000,00
no conjunto de ações negociadas a cada mês.

10. O contribuinte, pessoa física, pode compensar perdas relativas a operações


no mercado à vista de ações na declaração de ajuste anual.

Exercícios de fixação - respostas comentadas

Resposta: 1-F; 2F; 3V; 4F; 5F; 6-F; 7-V; 8-V; 9-V; 10-V
1. Falso. Dividendos são isentos de tributação para Pessoas Físicas.
2. Falso. Juros sobre capital próprio é uma forma de distribuição de lucros. Entretanto, incide IR
de 15% na fonte, não compensável na declaração.
3. Verdadeiro. Importante lembrar que operações day trade são uma exceção à essa regra.
4. Falso. A afirmativa generaliza e não especifica o tipo de transação, portanto, depende. Nova-
mente a exceção no caso de operações day trade, tributadas com alíquota e 20%.
5. Falso. As operações de renda fixa estão sujeitas ao pagamento do IOF se o prazo das opera-
ções for inferior a 30 dias.
6. Falso. A alíquota de 0,005% é retida na fonte, sobre o valor da venda de ações, exceto day
trade.
7. Verdadeiro. Lembrando que a tributação das operações do tipo day trade é diferente: alíquo-
ta de 20% sendo que a fonte recolhe 1% na fonte.
8. Verdadeiro. Sobre o ganho de capital nas operações de day trade incide alíquota de 20%
sendo 1% retido na fonte a título de antecipação.
9. Verdadeiro. O ponto de atenção aqui é que o valor de R$20.000,00/mês se refere ao valor
da venda e não ao valor do ganho de capital.
10. Verdadeiro. Quando o contribuinte não realiza outras operações que permitam a compen-
sação de perdas, a compensação pode ser feita por intermédio da declaração anual.

3.2. Tributação das aplicações em Fundos de Investimento


Cabe sinalizar que será abordada a tributação do investidor pessoa física; o investidor pessoa
jurídica tem, em muitos casos, tratamento fiscal diferenciado.
Fato Gerador: rendimento auferido no último dia de maio e novembro, ou no resgate, se
ocorrer em outra data.
Base de cálculo: Diferença positiva (líquida de IOF, quando aplicável) entre o valor da cota
apurado na data de resgate ou no final de cada período de incidência e o valor da cota na data da
aplicação ou no final do período de incidência anterior (rendimento).
Alíquota de IR devida nas aplicações em Fundos de investimento considera duas variáveis:
I. O perfil tributário do fundo e

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PLANEJAMENTO FISCAL 57

II. O tempo de permanência do cotista


Perfil tributário: conforme as regras da Receita Federal, para fins de tributação dos rendimentos,
os fundos de investimento foram classificados em:
1. Fundos de curto prazo (carteira constituída por títulos com prazo médio igual ou inferior a 365
dias)
2. Fundos de longo prazo (carteira constituída por títulos com prazo médio superior a 365 dias) e
3. Fundos de ações (no mínimo 67% da carteira está alocada em ações).

Alíquotas de acordo com o tempo de permanência no fundo (exceto fundo de ações):

Alíquotas
Prazo de aplicação
Fundos de longo prazo Fundo de curto prazo
(Tempo de permanência)
Até 180 dias 22.50% 22.50%
De 181 a 360 dias 20,00% 20,00%
De 361 a 720 dias 17,50% 20,00%
Acima de 720 dias 15,00% 20,00%

Exemplo
Um investidor aplicou recursos em Fundo Renda Fixa Curto Prazo em março de 20XX e
permaneceu 370 dias no investimento. No resgate, a alíquota de IR foi de 20%, menor alíquota
aplicável aos fundos de curto prazo, apesar da permanência por 370 dias. A base de cálculo
será os rendimentos totais, calculados desde a data da aplicação, compensados os impostos
recolhidos no come-cotas de maio e novembro.

Para os fundos abertos (em que o investidor pode solicitar resgate de seus recursos a qualquer
momento), a incidência do imposto de renda ocorre em dois momentos: quando há um resgate,
seja ele total ou parcial, e semestralmente no último dia útil dos meses de maio e novembro. Essa
tributação semestral a título de antecipação, é conhecida como “come cotas”.

Come-cotas
É um procedimento adotado pelos administradores dos fundos de investimento para recolher
antecipadamente, no último dia útil dos meses de maio e novembro, o imposto de renda sobre
os rendimentos produzidos por fundos de investimento sem prazo de carência, ou com prazo de
carência superior a 90 dias.
O administrador resgata quantidade de cotas equivalente ao montante do imposto que deve
ser recolhido naquela data. Por conta dessa redução na quantidade de cotas, o procedimento foi
apelidado de “come-cotas”.
Lembre-se de que a alíquota do come-cotas é:
• 20% sobre os rendimentos para os Fundos de Curto Prazo.

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58 PLANEJAMENTO FISCAL

• 15% para os Fundos de Longo Prazo.


• NÃO há incidência de “come-cotas” para Fundos de Ações.
• Não se aplica a regra do “come-cotas” para Fundos Fechados.
Come-cotas em fundos com carência
• Fundo sem carência ou com carência acima de 90 dias: O “come-cotas” será semestral, nos
meses de maio e novembro, ou no resgate, o que ocorrer primeiro.
• Fundos com carência de até 90 dias: O “come-cotas” ocorrerá na data em que completar cada
período de carência.
• Exemplo: fundo com carência de 60 dias, come-cotas passa a ser de 60 em 60 dias.

Exemplo
Exemplo do cálculo do come-cotas para um fundo cuja carteira tenha títulos com prazo
médio igual ou inferior a 365 dias (fundo curto prazo).
Valor Aplicação Valor da cota Quantidade
Descrição
em (R$) (R$) de cotas
Aplicação em 15/05/xx 10.000,00 2,00 5.000
Posição em 31/05/xx 10.500,00 2,10 5.000
Valorização da cota (16 dias) 500,00
IOF (500x46%) não recolhido (230,00)
IR a recolher 20% sobre 270,00 = 54,00
Quantidade de cotas a resgatar (54,00/2,10) = 25,71 cotas
Posição após come-cotas 10.446,00 2,10 4974,29
Fonte: Gestão de Impostos-Shingaki,Mário

Os fundos de ações: conforme legislação vigente há o benefício da tributação exclusivamente


no resgate (sem come-cotas) para fundos ou clubes de investimento em ações cujas carteiras se-
jam constituídas por, no mínimo, 67% em ações. Para efeito da composição da carteira do fundo
de ações, são equiparadas a ações:
• Os recibos de subscrição;
• Certificados de ações;
• BDRs - Brazilian Depositary Recepts;
• Cotas de fundos de ações;
• Cotas de fundos de índice de ações;
• ADRs - American Depositary Receipts;
• Global Depositary Recepts;
• Cotas de fundo de ações negociados no exterior.

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PLANEJAMENTO FISCAL 59

Alíquotas
“COME-COTAS”
FUNDOS DE LONGO PRAZO Alíquotas no resgate
(Antecipação de imposto)
Até 180 dias – 22,5%

Carteira com prazo médio superior 181-360 dias – 20,0%


15%, maio e novembro
a 365 dias 361-720 dias – 17,50%
Acima de 720 – 15,0%
“COME-COTAS”
FUNDOS DE CURTO PRAZO Alíquotas no resgate
(Antecipação de imposto)
Até 180 dias – 22,5%
Carteiras com prazo médio de até 365 dias 20%, maio e novembro.
Acima de 180 – 20,0%
FUNDOS DE AÇÕES Alíquotas no resgate “COME-COTAS”
Fundos com, no mínimo, 67% da carteira
15% Não tem
em ações

Responsável pela retenção: administrador do fundo de investimento.

Para lembrar
Administrador do Fundo de Investimento é o responsável legal pelo recolhimento dos impostos.
Importante: nos fundos distribuídos por conta e ordem: O recolhimento do imposto de renda
é de responsabilidade da instituição intermediária (distribuidor)
A compensação de perdas é permitida entre fundos de administradores diferentes, desde que
sejam distribuídos pela mesma instituição intermediária.

Prazo de recolhimento: até o terceiro dia útil subsequente ao decêndio de ocorrência dos
fatos geradores
Regime de tributação: Exclusivo de fonte (ou definitivo)

Exemplos
1.Um investidor aplicou recursos em fundo de renda fixa curto prazo em março de 20XX e
permaneceu 370 dias no investimento. No resgate, a alíquota de IR será de 20% por se tratar
de um fundo de curto prazo. O imposto incidirá sobre os rendimentos totais produzidos desde
a data da aplicação, sendo compensado o IR retido antecipadamente em maio e novembro.
2. Um investidor aplicou recursos em fundo de renda fixa longo prazo em março de 20XX e
permaneceu 370 dias no investimento. No resgate, a alíquota de IR será de 17,5% por se tratar de
um fundo de longo prazo. O incidirá incidirá sobre os rendimentos totais produzidos desde a data
da aplicação, sendo compensado o imposto recolhido antecipadamente em maio e novembro.
3. Um investidor aplicou recursos em fundo de ações em março de 20XX e permaneceu 180
dias no investimento. No resgate a alíquota de IR será de 15%. Aos fundos de ações não se
aplica o procedimento de come-cotas.

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60 PLANEJAMENTO FISCAL

Para lembrar
1. Qual a diferença tributária de um investimento em ações versus fundo de ações?
Ambos têm a mesma alíquota de IR de 15% e são isentos de IOF. O investidor pessoa física
que negocia ações no mercado à vista, em bolsa, conta com isenção de IR sobre o ganho de
capital, desde que o valor de alienação mensal não ultrapasse R$ 20.000,00. O investimento
em fundo de ações não conta com essa isenção.
2. Para os fundos fechados (em que o investidor somente poderá resgatar suas cotas ao
final do prazo de duração do fundo), não há incidência de “come cotas”, havendo apenas a
cobrança do imposto de renda quando da liquidação do fundo ou da cessão de cotas realizada
nos termos das normas vigentes.

Para lembrar
Os fundos de investimentos que tiverem no mínimo 85% do Patrimônio investido em
debêntures de projetos de investimento, na área de infraestrutura ou de produção econômica
intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação, considerados como “prioritários” no
registro CVM, serão tributados pelo Imposto de Renda com as seguintes alíquotas:
- 0% sobre os rendimentos creditados para Pessoa Física.
- 15% sobre os rendimentos creditados para Pessoa Jurídica.

IOF nos fundos de renda fixa, IOF nos fundos com “data de aniversário” (fundos
com carência):
• Fundos sem carência: O IOF será cobrado à alíquota de 1% ao dia sobre o valor do resgate,
cessão ou repactuação, limitado ao rendimento da operação, em função do prazo, conforme ta-
bela decrescente, se o prazo entre a data da aplicação e do resgate for inferior a 30 dias. (Decreto
no. 4494- Art. 33).
• Fundos com carência: O IOF será cobrado à alíquota 0,5% ao dia sobre o valor de resgate de
quotas de fundos de investimento, constituídos sob qualquer forma, na hipótese de o investidor
resgatar quotas antes de completado o prazo de carência para crédito dos rendimentos. O IOF
de que trata este artigo fica limitado a 100% do rendimento da operação. (Decreto no. 4494-
Art. 31).

Compensação de perdas no pagamento do IR dos Fundos de Investimento


As perdas apuradas no resgate de cotas de fundos de investimento poderão ser compensadas
com rendimentos auferidos em resgates ou incidências posteriores, desde que sejam observadas
algumas regras:
I. No mesmo ou outro fundo de investimento do mesmo administrador. Em caso de aplicações
por conta e ordem, as perdas apuradas no resgate de cotas de FI poderão ser compensadas com
rendimentos auferidos em resgates posteriores, no mesmo ou em outro FI intermediado pela
mesma pessoa jurídica que atua por conta e ordem, ainda que os fundos de investimento sejam
administrados por pessoas jurídicas distintas.
II. Desde que os fundos sejam da mesma classificação de perfil de prazo da carteira do fundo,
ou seja:
• Perdas em fundos Curto Prazo, devem ser compensadas com ganhos em Fundos Curto Prazo;

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PLANEJAMENTO FISCAL 61

• Perdas em fundos de Longo Prazo somente podem ser compensadas com outros ganhos em
fundos de Longo Prazo; e
• Perdas em fundos de ações somente podem ser compensadas com ganhos em fundos de ações.
III. O administrador deve manter sistema de controle que permita a identificação individual dos
contistas dos valores compensáveis.

Exemplo
A perda em um Fundo Multimercado pode ser compensada da base de cálculo do IR devido
de ganhos obtidos num Fundo DI, desde que ambos sejam do mesmo administrador e ambos
tenham o mesmo perfil tributário, isto é, fundo multimercado de longo prazo poderá ser
compensado com fundo DI também de longo prazo.

Não há IOF em fundo de ações.

Fundos de Investimento com Carteira em Debêntures incentivadas


Serão tributados exclusivamente na fonte, à alíquota 0% (zero por cento), os ganhos auferidos
por pessoa física que aplique em fundo de investimento que aloque no mínimo 85% (oitenta e
cinco por cento) do valor do patrimônio líquido em debentures incentivadas.

Fundos Fechados
Vimos no módulo II que, nos fundos fechados, não pode haver resgate a qualquer momento.
Se o investidor quiser reaver os recursos aplicados ele deverá (i) aguardar até o vencimento do
fundo, se o fundo tiver vencimento ou (ii) negociar suas cotas no mercado secundário.
Imposto de Renda nas hipóteses acima:
Fundo Fechado com vencimento: No vencimento os rendimentos serão tributados na fonte,
conforme o tipo de fundo:
• 15% em se tratando de fundos de ações
• Conforme prazo de permanência e perfil da carteira, para os demais fundos.
Esta regra é válida também em caso de liquidação do fundo.
Fundo Fechado sem vencimento ou com vencimento: quando o cotista negocia suas cotas no
mercado secundário, aplica-se a regra do ganho de capital, ou seja, 15% sobre o ganho de capital,
para todas as classes de fundos, exceto os fundos imobiliários, cuja alíquota é de 20% sobre o
ganho (veja item abaixo).
Não há “Come-Cotas” em Fundos Fechados.

FIP: Fundo de Investimento de Participações.


Como se trata de fundos fechados aplica-se a regra acima.

Fundos de Investimento Imobiliário (FII) - Tributação do investidor pessoa física:


Fato gerador do FII
a) O FII deve, semestralmente, apurar e distribuir 95% dos lucros auferidos pela carteira de inves-
timento. Nessa oportunidade, o cotista será tributado na fonte.

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62 PLANEJAMENTO FISCAL

Exemplos de lucros da carteira: aplicações financeiras, aluguel, ganho na venda de imóveis etc.
b) Os ganhos auferidos pelo investidor na alienação (venda) de cotas do fundo no mercado secun-
dário também pagam Imposto de Renda.
Base de Cálculo, alíquota e tratamento do Imposto do FII:
I. Ganhos auferidos na alienação de cotas: 20%, recolhido pelo cotista, via DARF .
II. Ganhos dos lucros auferidos pela carteira: 20%, retido na fonte.

Isenção para o investidor pessoa física apenas sob certas condições.


Desde 01/01/2005 os lucros distribuídos pelos FII aos cotistas passaram a ser isentos de
imposto de renda para investidores pessoas físicas, desde que atendido o conjunto das seguintes
condições:
a. O Fundo Imobiliário possua, no mínimo, 50 cotistas;
b. O cotista PF não possua 10% ou mais das cotas do FII ou tenha direito a receber rendimentos,
em valor superior a 10% do total dos rendimentos auferidos pelo FII;
c. As cotas do FII sejam negociadas, exclusivamente, em bolsa de valores ou mercado de balcão
organizado.
Importante: não há isenção para os ganhos auferidos na alienação de cotas do FII. Sempre que
houver ganho de capital na venda de cotas do FII, o investidor (PF e PJ) pagará imposto (alíquota
de 20%).
Como se trata de um fundo fechado, o FII não tem come-cotas.
Agente responsável pelo recolhimento:
a) O IR sobre os rendimentos advindos da distribuição de lucros semestral será recolhido pelo
administrador do fundo. Há casos de isenção, em condições específicas, que não serão objeto
de estudo neste material, e também, na prova.
b) Os ganhos de capital auferidos pela alienação de cotas do fundo tem como responsável pelo
recolhimento o próprio contribuinte via DARF.

Compensação de Perdas do FII


Eventuais perdas ocorridas na alienação de cotas de FII poderão ser compensadas somente
da base de cálculo de ganhos futuros de fundos da mesma espécie, desde que a negociação tenha
sido feita em Bolsa. Se a negociação for feita fora de bolsa não é admitida nenhuma compensação.

Para lembrar
Como o ambiente de negociação das cotas de FII é o mesmo das ações, muitos investidores
acabam se deparando com situações específicas e ficam em dúvida quanto à tributação.
Uma dúvida frequente diz respeito à isenção de IR para vendas no valor de até R$ 20 mil por
mês. As vendas de cotas de FII não são isentas, qualquer que seja o valor das vendas, isto é, o
IR deve ser sempre apurado e, se for o caso, recolhido.
Outra dúvida comum diz respeito à compensação de prejuízos com ganhos posteriores, que
é admitida tanto nas ações quanto nos ganhos de capital com cotas de FII. No entanto, só é
admitida compensação entre ativos da mesma espécie.
Perdas com FII somente podem ser compensadas com ganhos em FII.

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PLANEJAMENTO FISCAL 63

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.


FIDC Aberto: idêntico aos demais fundos abertos de Renda Fixa (incluindo o instrumento
do come-cotas).
FIDC Fechado: no vencimento os rendimentos serão tributados na fonte, conforme prazo de
permanência e perfil da carteira.
Se o cotista negociar suas cotas no mercado secundário, aplica-se a regra do ganho de capital,
ou seja, 15% sobre o ganho de capital, via DARF.

FIDC com incentivo fiscal: No caso de fundo de investimento em direitos creditórios, cons-
tituídos sob a forma de condomínio fechado, relacionados à captação de recursos com vistas a
implementar projetos de investimento na área de infraestrutura, ou de produção econômica in-
tensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação, considerados como prioritários nos termos do
Decreto nº 7.603, de 9 de novembro de 2011, a que se refere o art. 2º da Lei nº 12.431, de 24 de
junho de 2011, os rendimentos auferidos sujeitam-se a tributação conforme o disposto no art. 48
da INRFB 1585/2015 e serão de 0% (zero por cento), quando auferidos por pessoa física.

Fundo de Investimento de índice (ETFs)


ETF de Renda Variável: Semelhante ao procedimento das operações com ações, a corretora
retém 0,005% na fonte, sobre o valor da alienação e o investidor recolhe 15% via DARF, com-
pensando o valor retido em fonte.
ETF de Renda Fixa: Conforme tabela

Alíquotas de ETFs
Prazo médio da carteira do ETF de Renda Fixa Alíquota
Até 180 dias 25%
De 181 a 720 dias 20%
Acima de 720 dias 15%

Segundo o Decreto 7.487/11, nos Fundos de Índice de Renda Fixa a alíquota de IOF é zero.

Tributação da Carteira Administrada


A tributação das Carteiras Administradas acontece a cada fato gerador e de acordo com o tipo
de ativo. Observamos assim que é totalmente diferente da tributação dos Fundos de Investimento
onde a incidência de IR é semestral - chamado come cotas - e/ou no resgate, dependendo do tipo
de fundo.

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64 PLANEJAMENTO FISCAL

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Assinale Falso ou Verdadeiro sobre a
tributação de Fundos de Investimento
1. A alíquota do imposto de renda devida pelo cotista de um fundo de inves-
timento é definida exclusivamente em função do prazo de permanência na
aplicação

2. Uma aplicação em fundo de investimento (exceto os fundos de ações), cujo


prazo seja inferior a 30 dias, está sujeito à incidência do IOF além do IR.

3. Nos fundos com carência de até 90 dias o “come-cotas” ocorrerá na data em


que completar cada período de carência.

4. Com exceção das aplicações por conta e ordem, a perda em um Fundo Multi-
mercado pode ser compensada da base de cálculo do IR devido em um Fundo
de Renda Fixa, desde que ambos sejam do mesmo administrador e ambos
tenham carteira de curto ou longo prazo. Para aplicações por conta e ordem,
a compensação é admitida, no mesmo ou em outro FI intermediado pela mes-
ma pessoa jurídica que atua por conta e ordem, ainda que os administradores
sejam distintos.

5. Um fundo de investimento que tenha no mínimo 70% em ações será tributa-


do pelo IR somente no resgate.

6. Resgates de cotas em fundo de curto prazo após 721 dias da aplicação pagará
15% de imposto de renda.

7. A incidência do IR em fundos de investimentos não afeta o valor da cota,


apenas a quantidade de cotas do investidor.

8. Caso o cotista de um fundo com carência solicite resgate antes de completar


a carência não haverá rendimento e, portanto, não haverá incidência de im-
postos.

9. Há isenção do imposto de renda nas aplicações em Fundos de Investimento


Imobiliário para o investidor pessoa física apenas sob certas condições

10.Aplicações em fundos de índices de Renda Variável e Renda Fixa serão tribu-


tadas como ações.

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PLANEJAMENTO FISCAL 65

Exercícios de fixação - respostas comentadas

Respostas: 1-F; 2-V; 3V;4-V;5-V; 6-F;7-V;8-F;9V;10-F


1. Falso. A alíquota do imposto de renda devida pelo cotista de um fundo de investimento é
definida em função do prazo de permanência na aplicação e, também, em razão do prazo médio
da carteira do fundo, se de curto prazo ou de longo prazo.
2. Verdadeiro. O IOF incide sobre operações com prazo de até 29 dias, inclusive.
3. Verdadeiro. Fique atento ao critério do come-cotas nos fundos com carência. Fundos com
carência até 90 dias, vale a regra da afirmativa. Se for carência acima de 90 dias, prevalece a
mesma regra de fundos sem carência, nos meses de maio e novembro de cada ano.
4. Verdadeiro. Fique atento à informação se o fundo é distribuído por conta e ordem, situação
que admite a compensação mesmo entre fundos de administradores diferentes.
5. Verdadeiro. A partir de 67% do patrimônio em ações o fundo será considerado Fundo de
Ações e, como tal, será tributado. Alíquota única de 15%, sendo o fato gerador o resgate.
6. Falso. Se o fundo é de curto prazo são aplicáveis apenas duas alíquotas: 22,5% para prazo
de permanência de até 180 dias e 20% para permanência superior a 180 dias.
7, Verdadeiro. O administrador resgata certa quantidade de cotas para recolher ao fisco o
imposto de renda devido, por isso a expressão “come-cotas”. O pagamento da taxa de adminis-
tração e performance sim, afeta o valor da cota.
8.Falso. Haverá rendimentos que serão recolhidos a título de imposto.
9. Verdadeiro. Nem todos os fundos imobiliários admitem a isenção do pagamento do impos-
to de renda para a pessoa física. Volte ao assunto, neste volume, para recordar os critérios da
Receita Federal.
10. Falso. Os fundos de índices de ações recebem o mesmo tratamento das negociações de
ações, exceto day trade. Os fundos de índices de Renda Fixa têm tributação distinta, sendo apli-
cável uma tabela de alíquotas específica.

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66 PLANEJAMENTO FISCAL

4. TRIBUTAÇÃO DE INVESTIMENTOS
EM IMÓVEIS

4.1. Imposto de Renda


4.1.1. Renda de Aluguéis (Pessoa Física e Holding Imobiliária)
Tem se tornado comum a utilização de pessoas jurídicas para a administração de receitas de
locação de bens imóveis. O motivo é simples: economia tributária.
Em algumas situações as holdings podem ser utilizadas como instrumento de planejamento
sucessório, que serão abordados no Módulo VI – Planejamento Sucessório.
A renda decorrente de aluguéis recebida diretamente por pessoas físicas é tributada de
acordo com a Tabela Progressiva Mensal, sendo posteriormente sujeita a ajuste anual por
ocasião da Declaração do IRPF. A alíquota da renda de aluguéis, portanto, pode atingir o
patamar de 27,5%.
Em contrapartida, uma pessoa jurídica ao receber uma receita de locação de imóveis pró-
prios poderá, em caso de opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido (vide item
5.2), submeter-se a uma carga tributária de até 14,53%. Eventual opção pelo regime do Lucro
Real (vide item 5.1) deveria ser avaliada de acordo com a relação de despesas incorridas pela
holding imobiliária, pois neste a relação ‘receita/despesas’ gera um impacto direto na carga
tributária efetiva. O mais comum é que a holding imobiliária opte pelo regime do Lucro Pre-
sumido.
É importante destacar que a transmissão de propriedade de bens imóveis para uma holding
imobiliária é operação tributável pelo Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis.

4.1.2. Ganho de Capital (Pessoa Física e Holding Imobiliária)


Com relação à tributação sobre o ganho de capital, assim entendido como a diferença posi-
tiva entre o valor de aquisição e o valor de alienação do bem imóvel, a opção pela realização da
operação dependerá da atividade da empresa e dos valores envolvidos e do ganho decorrente da
alienação do bem imóvel. A tributação da pessoa jurídica dependerá do regime tributário adotado
(vide itens 5.1, 5.2 e 5.3) e da forma de contabilização dos bens imóveis.

4.1.2.1. Ganho de Capital em operação realizada por pessoa física


A alíquota aplicável à pessoa física será progressiva, de 15% a 22,5% (vide item 2.4.7).

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PLANEJAMENTO FISCAL 67

Isenção de IR em ganhos com venda de imóvel


Existem 3 situações em que há isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na
alienação de imóvel:
1. Quando há alienação do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de
até R$ 440.000,00 (quatrocentos e quarenta mil reais), desde que não tenha sido realizada
qualquer outra alienação imobiliária nos cinco anos que antecederem a operação (conforme
mencionado no item 2.3.2. acima).
2. Quando a pessoa física que alienar imóvel residencial no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias após a venda, aplicar o produto da alienação (ou parte dele) na aquisição de imóvel
residêncial. O benefício vale a cada 5 anos.
3. Nas hipóteses em que é possível aplicar o percentual de redução sobre o ganho de capital.

4.1.2.2. Ganho de Capital em operação realizada por pessoa


jurídica que se dedique à compra e venda de imóveis como
atividade principal
Empresas que se dediquem à compra e venda de bens imóveis contabilizarão seus imóveis na
conta Estoque, tendo-os como mercadorias no ativo circulante. Neste caso, por ocasião da venda,
o valor integral da venda (e não apenas o ganho) será tido como receita e será oferecido à tribu-
tação. Assim sendo, a base de cálculo desta operação (valor integral da operação) já é superior à
base de cálculo de uma operação com pessoa física (diferença positiva entre valor de aquisição e
valor de alienação).
Neste caso específico, a pessoa jurídica não é tributada na modalidade de ganho de capital, mas
sim passa a ter a receita da venda dos bens imóveis como receita operacional.
Em se tratando de empresa que exerce atividade imobiliária (gestão de bens próprios) a lei não
permite a opção pelo SIMPLES NACIONAL.
No caso de pessoa jurídica tributada pelo Lucro Real, o valor integral da operação será tributa-
do inicialmente a título de COFINS à alíquota de 7,6% e PIS à alíquota de 1,65%. Ou seja, já de
início a tributação sobre o valor total da operação será de 9,25%.
O restante da tributação (tributos sobre resultado – IRPJ 15%, adicional ao IRPJ 10% e CSLL
9%) dependerá da existência de lucro tributável ou não, pois o valor se adicionará à receita da
empresa. Assim sendo, empresas que possuam prejuízo operacional poderão realizar a operação e
compensar a receita da venda com o prejuízo operacional, não ensejando tributação sobre resul-
tados. Por outro lado, empresas que estejam em situação de lucro operacional sofrerão tributação
da ordem de 34% a título de IRPJ, adicional ao IRPJ e CSLL.
Já no caso de pessoa jurídica tributada pelo Lucro Presumido, a somatória das alíquotas de
IRPJ, Adicional de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS corresponderá a 6,73% sobre o valor total da
operação, desde que a holding imobiliária não tenha como objeto a prestação de nenhum tipo de
serviço (caso contrário, vide item 4.1.2.3). Logo, é importante realizar um cálculo comparativo en-
tre a tributação apenas do ganho como pessoa física numa alíquota maior, ou a tributação integral
da operação na pessoa jurídica por uma alíquota inferior.

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68 PLANEJAMENTO FISCAL

4.1.2.3. Ganho de Capital em operação realizada por pessoa


jurídica que não se dedique à compra e venda de imóveis como
atividade principal
Empresas que não se dediquem à compra e venda de bens imóveis contabilizarão seus imóveis
na conta Ativo Imobilizado. Neste caso, por ocasião da venda, poderão oferecer à tributação uni-
camente o valor correspondente ao ganho de capital (diferença positiva entre valor de aquisição
e valor de alienação). Assim sendo, não há diferença de base de cálculo entre este tipo de pessoa
jurídica e as pessoas físicas.
Em se tratando de empresa optante pelo SIMPLES NACIONAL, a tributação será de 15%
sobre o ganho de capital. Desta forma, a base de cálculo será a mesma que a das pessoas físicas,
porém a alíquota será única de 15%, não havendo previsão de progressividade de alíquota para
operações envolvendo ganho superior a R$ 5.000.000,00, como ocorre no caso de operação rea-
lizada por pessoa física. Assim sendo, mostra-se vantajosa a opção pela realização da operação na
pessoa jurídica em situações em que o ganho é superior a R$ 5 milhões.
No caso de pessoa jurídica tributada pelo Lucro Real, a tributação dependerá da existência de
lucro tributável ou não, pois o ganho de capital se adicionará à receita da empresa. Assim sendo,
empresas que possuam prejuízo operacional poderiam realizar a operação e compensar o ganho
de capital com o prejuízo operacional, não ensejando tributação sobre resultados (IRPJ 15%,
adicional ao IRPJ 10% e CSLL 9%). Por outro lado, empresas que estejam em situação de lucro
operacional acabarão sofrendo tributação da ordem de 34% a título de IRPJ, adicional ao IRPJ e
CSLL.
Por se tratar de empresa prestadora de serviços que não que exerce atividade imobiliária como
atividade principal, haverá a isenção de PIS e COFINS.
Já no caso de pessoa jurídica tributada pelo Lucro Presumido, a somatória das alíquotas de
IRPJ, Adicional de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS corresponderá a 34% e incidirá sobre o valor do
ganho de capital. Logo, a opção é menos vantajosa que a tributação direta na pessoa física.
Por se tratar de empresa prestadora de serviços que não que exerce atividade imobiliária como
atividade principal, haverá a isenção de PIS e COFINS.

4.2. ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis


O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI (vide item 1.3.2) incidirá na transfe-
rência onerosa de bens imóveis entre pessoas físicas vivas, entre pessoas físicas vivas e pessoas
jurídicas ou entre pessoas jurídicas.
No caso de investimentos em imóveis, o ITBI será, em geral, devido pelo comprador do imóvel
(contribuinte do imposto) e representa um custo obrigatório para a formalização da operação de
transmissão da propriedade.
Ainda, no caso de constituição de Holding Imobiliária, a integralização dos bens imóveis, assim
entendida como o aporte dos bens imóveis ao capital social da empresa, estará sujeita ao paga-
mento do ITBI para a devida transmissão de propriedade.
O procedimento para a realização da integralização em bens imóveis possui as seguintes etapas:
a) previsão em contrato social de integralização dos bens imóveis ao capital social e seu respectivo
valor;
b) elaboração de escritura pública de conferência de bens para viabilizar a transmissão da proprie-
dade perante o cartório de registro de imóveis.

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PLANEJAMENTO FISCAL 69

É importante destacar que existe uma previsão de imunidade na integralização de bens imóveis
ao capital social de pessoas jurídicas, porém esta imunidade prevista na constituição não se aplica
nos casos nos quais a pessoa jurídica possua atividade imobiliária. Assim sendo, a integralização
dos bens imóveis é operação tributável pelo ITBI.
Ainda, caso se pretenda reduzir a tributação da venda dos bens mediante transmissão da pes-
soa jurídica para a pessoa física do (s) sócio (s) (vide item 4.1.2), esta transmissão igualmente será
tributável pelo ITBI, sendo, portanto, de suma importância computar o custo deste imposto na
avaliação da opção pelo planejamento tributário.

4.3. ITCMD - Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e


Doações
O ITCMD incide apenas sobre transmissões gratuitas de bens e direitos (vide item 1.3.1), por
isso esse imposto não está diretamente relacionado ao dia-a-dia dos investidores em imóveis.
Apesar disso, grande parte dos indivíduos que investem em imóveis, diretamente ou por meio de
uma pessoa jurídica, em determinado momento poderão optar por transferir o patrimônio para
terceiros, em especial os herdeiros. Assim, é recomendado analisar os eventuais impactos suces-
sórios na ocasião em que o investimento estiver sendo estruturado. Esse ponto será abordado no
Módulo VI – Planejamento Sucessório.

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70 PLANEJAMENTO FISCAL

5. CONCEITOS BÁSICOS DA TRIBUTAÇÃO


DA PESSOA JURÍDICA (HOLDING
IMOBILIÁRIA E PJ PRESTADOR DE SERVIÇOS)

O imposto sobre a renda das pessoas jurídicas tem como base de cálculo o lucro real, lucro
presumido ou lucro arbitrado. Há, ainda, o sistema unificado de recolhimento de tributos
denominado SIMPLES NACIONAL, aplicável a determinadas atividades e com limites próprios
de faturamento anual.

5.1. Simples Nacional


O SIMPLES NACIONAL é um sistema unificado de recolhimento de tributos para empresas
com faturamento bruto anual de até R$ 4.800.000,00 que abrange em uma única alíquota e paga-
mento os seguintes tributos:
I. Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ;
II. Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI;
III. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL;
IV. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS;
V. Contribuição para o PIS/Pasep;
VI. Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social;
VII. Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Ser-
viços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS; e
VIII. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

Existe uma série de restrições à opção pelo SIMPLES NACIONAL além do limite de fatura-
mento. As vedações mais importantes dizem respeito à composição societária da pessoa jurídica
e ao ramo de atividade por ela exercido.
No ano de 2014 houve relevante ampliação no escopo do SIMPLES NACIONAL que passou
a incluir um número maior de atividades de prestação de serviços, uma vez que anteriormente o
foco principal desse regime eram as empresas comerciais ou industriais.
Após as alterações feitas no ano de 2014, o mais comum em termos de prestação de serviços
são as empresas optantes pelo SIMPLES NACIONAL, as quais recolhem seus tributos com
base em seu faturamento bruto, com incidência de alíquotas progressivas que, a depender da
atividade, poderão variar de 4,5% a 33,0%, com aplicação da dedução de valores prevista nas
respectivas tabelas.
Para uma melhor análise das tabelas sugere-se a leitura da Lei Complementar nº 123/2006.

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PLANEJAMENTO FISCAL 71

5.2. Lucro presumido


Lucro Presumido: o lucro presumido visa a simplificação das operações tributárias, mediante
aplicação de um percentual de “presunção de lucro” por ramo de atividade, em relação ao fatura-
mento. Chama-se presumido justamente por não depender de uma apuração detalhada da corre-
lação entre receitas e despesas para a definição econômica do resultado.

Os percentuais de presunção de lucro para fins de IRPJ são determinados por ramo de ativida-
de, nos seguintes termos:
i. 8% sobre a receita bruta mensal (regra geral);
ii. 1,6% sobre a receita bruta mensal, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível
derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;
iii. 16% sobre a receita bruta mensal, para:
• Atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o
percentual previsto no caput deste artigo;
• Pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos
de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, coopera-
tivas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência
privada aberta.

iv. 32% sobre a receita bruta mensal, para as atividades de:


• Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;
• Intermediação de negócios;
• Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;
• Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão e
crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos credi-
tórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

A presunção de lucro para fins de CSLL é a seguinte:


a) 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte;
b) 32% para:
• Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e transporte;
• Intermediação de negócios;
• Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza.
Sobre o resultado apurado com base no percentual de presunção incidirão IRPJ (15%), adicio-
nal ao IRPJ (10%) e CSLL (9%).

5.3. Lucro real


O lucro real consiste na apuração do resultado da pessoa jurídica de acordo com a correlação
real entre receitas e despesas. Percebido resultado positivo após o cômputo de todas as receitas
e abatimento das despesas possíveis, ocorre a incidência do imposto, calculado sobre o valor do
resultado (lucro) auferido. A pessoa jurídica apura os resultados de sua atividade (lucro ou prejuí-

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72 PLANEJAMENTO FISCAL

zo societário), de conformidade com os princípios e critérios contábeis, considerando as receitas


(remunerações de prestações de serviços, venda de mercadorias, aplicações financeiras etc.), e os
dispêndios (custos, despesas tributárias e financeiras, encargos trabalhistas e previdenciários etc.).
Em seguida, promove os ajustes determinados pela lei tributária, mediante acréscimo ou dimi-
nuição de determinados valores, concluindo pela existência de resultado positivo (lucro real), ou
negativo (prejuízo fiscal).
O resultado apurado é submetido à tributação pelo IRPJ (15%), adicional ao IRPJ (10%)
e CSLL (9%), o que implica numa tributação de até 34% sobre os resultados positivos da
pessoa jurídica.
O Lucro Real é obrigatório para pessoas jurídicas com receita anual superior a R$ 78.000.000,00.

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PLANEJAMENTO FISCAL 73

6. TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS


RECEBIDOS NO EXTERIOR POR
RESIDENTES FISCAIS NO BRASIL

C omo já destacado no item 2.1.1.2, a fixação de domicílio fiscal no Brasil sujeita o contribuinte
residente a oferecer à tributação a universalidade de sua renda, inclusive os rendimentos au-
feridos no exterior.
Lembramos, ainda, que o domicílio fiscal somente poderá ser alterado pela saída defini-
tiva do país ou pela perda de condição de residente em virtude de saída temporária (vide
item 2.6).

6.1. Rendimentos recebidos de fonte estrangeira (pessoa física ou


jurídica)
Os rendimentos tributáveis recebidos de fonte estrangeira serão tributados com base na Tabela
Progressiva Mensal, sendo para tanto utilizado o autorrecolhimento.
No momento da Declaração Anual de Ajuste, os valores recebidos de pessoas físicas deverão
ser lançados nos respectivos meses na ficha Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física
e do Exterior ou na ficha sobre Ganhos de Capital.

6.1.1. Momento da tributação


O momento em que ocorre o fato gerador corresponde ao momento da disponibilização dos
valores pela fonte no exterior em favor da pessoa física residente no Brasil (regime de caixa), in-
dependentemente de tais valores terem sido remetidos ao Brasil.

6.1.2. Conceito de disponibilização de lucros por empresas


localizadas no exterior
Consideram-se disponibilizados os lucros no momento da distribuição de lucros ou dividendos
ou se houver devolução do capital aportado e a quota tiver, no momento de sua devolução, valor
superior àquele do momento do aporte.

6.1.3. Impactos tributários da utilização de empresas ou estruturas


fiduciárias
As aplicações financeiras, no caso de investimento direto por pessoas físicas, sofrerão tributa-
ção pelo IRPF, na modalidade de ganho de capital, à alíquota progressiva de 15% a 22,5% (vide
item 2.4.7) sobre a diferença entre o custo de aquisição e o valor de liquidação, resgate, cessão ou
repactuação da operação.

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74 PLANEJAMENTO FISCAL

O custo de aquisição da aplicação financeira pode ser:


• Em reais, se o investimento é efetuado com recursos obtidos a partir de rendimentos auferidos
originariamente em reais (tributação da variação cambial como ganho de capital);
• Em dólares, se o investimento é efetuado com recursos obtidos a partir de rendimentos aufe-
ridos originariamente em moeda estrangeira.
No caso de aplicações financeiras efetuadas diretamente pelas pessoas físicas, ocorrerá tributa-
ção a cada mudança de aplicação financeira e, ainda, não haverá a possibilidade de compensação
de perdas com ganhos.
No caso de aplicações financeiras no exterior, efetivadas por intermédio de fundos exclusivos,
estruturas fiduciárias ou empresas offshore, é possível mudar a aplicação da carteira do fundo ou
da empresa sem gerar a obrigação de calcular o imposto de renda no Brasil.
O investidor detém cotas do fundo e, para fins fiscais, seu investimento é nestas cotas. Logo,
a opção de investimento do fundo pode variar uma vez que, para todos os efeitos, o investidor
continuará sendo detentor das cotas do fundo. Assim, o que muda é apenas o fator pelo qual o
investimento é remunerado, e não o investimento em si.
Será possível, ainda, a compensação de perdas passadas com ganhos futuros. O imposto sobre
a renda somente será devido por força do resgate das cotas ou ações, da seguinte forma:
a) para fundos exclusivos: regime de ganho de capital, com a incidência da alíquota do IRPF à
alíquota progressiva de 15% a 22,5% (vide item 2.4.7) sobre a diferença positiva entre o custo
de aquisição das cotas e o valor de resgate das mesmas.
b) para empresas offshore:
i) regime de ganho de capital em caso de alienação das cotas ou ações, com a incidência do IRPF
à alíquota progressiva de 15% a 22,5% (vide item 2.4.7) sobre a diferença positiva entre o custo
de aquisição das cotas ou ações e o valor de resgate das mesmas;
ii) tabela progressiva mensal, no caso de disponibilização de lucros por parte da empresa offshore,
com posterior ajuste anual.
iii) segundo entendimento recente da Receita Federal (SC COSIT 678/2017), a devolução do
capital correspondente à participação acionária de empresa no exterior, recebida por pessoa
física residente no Brasil, transferidos ou não para o Brasil, está sujeita à tributação pela tabela
progressiva mensal, com posterior ajuste anual.

6.1.4. Compensação de imposto pago no exterior


As pessoas físicas que receberem valores de fontes situadas no exterior e que venham a sofrer
tributação de renda no país de origem poderão deduzir no Brasil o imposto pago no exterior,
desde que exista tratado internacional entre o país estrangeiro e o Brasil ou haja reciprocidade de
tratamento entre ambos os países com relação à dedução fiscal.

6.2. Rendimentos tributáveis


6.2.1. Rendimentos do trabalho
A exemplo dos rendimentos do trabalho recebidos no Brasil, os rendimentos do trabalho auferidos no
exterior se sujeitarão à incidência do IRPF. Por não ser possível a tributação na fonte destes recursos, o
contribuinte deverá realizar o autorrecolhimento com base na Tabela Progressiva Mensal através de Car-
nê-Leão para posterior ajuste por ocasião da Declaração do IRPF com base na Tabela Progressiva Anual.

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PLANEJAMENTO FISCAL 75

6.2.2. Rendimentos do aluguel


A exemplo dos rendimentos do trabalho, os rendimentos do aluguel deverão ser objeto de au-
torrecolhimento pela Tabela Progressiva Mensal através de Carnê Leão, sujeitando-se a posterior
ajuste anual por ocasião da Declaração do IRPF.

6.2.3. Lucros e dividendos


Diferentemente dos lucros e dividendos auferidos no Brasil, que são isentos de IRPF, os lucros
e dividendos auferidos no exterior sofrem a incidência do IRPF com base nas alíquotas progres-
sivas, sempre no ato de disponibilidade dos valores em favor do contribuinte residente no Brasil.
Lembramos que, pelo princípio da universalidade da renda e pelo conceito da disponibilidade
jurídica da renda e proventos, o momento da incidência do imposto é o momento de sua efetiva
distribuição.

6.3. Rendimentos isentos e não tributáveis


6.3.1. Lucro na alienação de bens ou direitos de pequeno valor
A exemplo do que ocorre nas operações internas, é isento do IRPF o lucro obtido na alienação
de bens de pequeno valor, assim entendidos como os bens com valor inferior a R$ 35.000,00
alienados dentro do mesmo mês.

6.3.2. Lucro na alienação de moeda estrangeira mantida em


espécie
A alienação de moeda estrangeira mantida em espécie até o limite anual de US$  5.000,00 é
isenta do IRPF.
Ultrapassado este limite, a operação passa a ser tributável na modalidade de ganho de capital
(vide item 6.4.1.3).

6.3.3. Transferências patrimoniais (doação, herança, legado,


meação, separação ou divórcio)
A exemplo do que ocorre nas operações internas no Brasil, as transmissões gratuitas de bens
são isentas de IRPF.

6.3.3.1. Situações que podem gerar ganho de capital


Pode se tornar exigível o IRPF em caso de atualização de valores ou valorização dos bens por
ocasião da transmissão, na mesma sistemática aplicável às transmissões realizadas no Brasil, con-
forme destacado no item 2.3.6.1.

6.3.4. Variação cambial de saldo de depósito mantido em


instituições financeiras
É isento de IRPF o acréscimo patrimonial decorrente de variação cambial de depósitos em
moeda estrangeira mantidos em instituições financeiras no exterior.
Por exemplo: um indivíduo possui US$ 1.000,00 em uma conta corrente nos Estados Unidos.

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76 PLANEJAMENTO FISCAL

Em 31/12/2016, a cotação de dólar americano para reais era de aproximadamente 3,25. Assim,
ao final de 2016 esse indivíduo tinha o equivalente a R$ 3.250,00 no exterior. Ao final de 2017, o
valor depositado continuava sendo de US$ 1.000, mas a cotação era de aproximadamente 3,30.
Assim, nessa data ele tinha o equivalente a R$ 3.300,00 no exterior. Assim, apesar de o valor ter
permanecido o mesmo em dólar, houve um aumento no valor equivalente em reais, por conta da
variação cambial. Esse acréscimo patrimonial é isento de tributação no Brasil.

6.4. Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva de fonte ou


definitiva
6.4.1. Ganhos ou perdas de capital auferido em investimentos no
exterior
Ao tratar dos ganhos e perdas em investimentos no exterior, é de suma importância dar a
devida atenção à variação cambial incidente na operação, pois ela pode ocorrer de duas formas
diferentes que podem impactar tributariamente a operação.
Relembramos, por oportuno, que o ganho de capital é a diferença positiva entre o Custo de
Aquisição e o Valor de Alienação de determinado bem ou direito.

6.4.1.1. Bens ou direitos adquiridos e aplicações financeiras


realizadas com rendimentos auferidos originariamente em reais (R$)
Quando a aquisição de bens e direitos no exterior for feita inicialmente em REAIS teremos
um Custo de Aquisição calculado em REAIS. Por ocasião da alienação, que ocorrerá em moeda
estrangeira, o Valor da Alienação em moeda estrangeira deverá ser convertido para REAIS. Se a
moeda estrangeira for DÓLAR AMERICANO, bastará a conversão direta. Se for em outra moe-
da, deverá ser feita a conversão para DÓLAR AMERICANO e depois para REAIS.
A conversão da moeda, momento no qual pode impactar a variação cambial, será com relação
ao Valor de Alienação.
Assim sendo, quando o Custo de Aquisição for em REAIS o Valor de Alienação deverá tam-
bém ser convertido em REAIS. Tendo ambos os valores em REAIS, o IRPF sobre o ganho de
capital incidirá sobre a diferença positiva eventualmente existente entre esses dois valores.
Quando o investimento for originado em REAIS o ganho de capital deve ser calculado em
REAIS.
Veja o exemplo de um cálculo de IR de um investidor cuja origem dos recursos foi em Re-
ais, e realizou remessa para o exterior para realizar aplicações financeiras:

Ganhos em reais e outras moedas


Descrição Custo em Reais Taxa Ptax Custo em US$
Aplicação Financeira 1.000 1,30 US$ 769,23
Resgate 1.200 2,00 US$ 600,00
Ganho de Capital Tributável 200 (169,23)
Imposto a pagar 30 Não há

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PLANEJAMENTO FISCAL 77

6.4.1.2. Bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras


realizadas com rendimentos auferidos originariamente em moeda
estrangeira
Diferentemente do item anterior, quando a origem do investimento for em moeda estrangeira
teremos um Custo de Aquisição em moeda estrangeira. Assim sendo, por ocasião da alienação
teremos também um Valor de Alienação em moeda estrangeira.
Neste caso não haverá conversão da moeda para fins de apuração do ganho, mas sim haverá a
apuração do ganho de capital na própria moeda estrangeira.
O que será convertido é justamente o valor do ganho de capital em moeda estrangeira. Para
isto, mantém-se a regra: se for em DÓLAR AMERICANO, a conversão será direta para REAIS;
se for em outra moeda, deverá primeiro ser convertida para DÓLAR AMERICANO e em segui-
da para REAIS.

Exemplo
Cliente dispõe de recursos no exterior (recursos obtidos no exterior nunca internalizados no
Brasil). Adquire imóvel no valor de USD 50.000 (Ptax= 2,0)
Passados 2 anos cliente vende o imóvel no exterior por US$ 60.000,00 (Ptax=2,85)

Item Cálculo
Ganho de Capital em US$ US$ 60.000,00 - US$ 50.000,00 = US$ 10.000,00
Ganho de Capital em reais US$ 10.000,00 x R$ 2,85000 (*) = R$ 28.500,00
Imposto devido R$ 28.500,00 x 15% = R$ 4.275,00

6.4.1.3. Alienação de moeda estrangeira mantida em espécie


O ganho de capital decorrente da alienação de moeda estrangeira mantida em espécie é tribu-
tável pelo IRPF na modalidade de ganho de capital à alíquota de 15% sobre a diferença positiva
entre o Custo de Aquisição e o Valor de Alienação, desde que o ganho não ultrapasse a quantia
de R$  5.000.000,00. Ultrapassado este valor, as alíquotas serão progressivas de 17,5% (ganho
superior a R$ 5.000.000,00 até R$ 10.000.000,00), 20% (ganho superior a R$ 10.000.000,00 até
R$ 30.000.000,00) e 22,5% (ganho superior a R$ 30.000.000,00).
Vale lembrar que a alienação de moeda estrangeira mantida em espécie até o limite anual de
US$ 5.000,00 é isenta do IRPF.

6.4.2. Juros recebidos em conta remunerada


Os juros recebidos em conta remunerada no exterior serão tributáveis pelo IRPF na modalidade
de ganho de capital à alíquota de 15%, desde que não ultrapassem a quantia de R$ 5.000.000,00.
Ultrapassado este valor, as alíquotas serão progressivas de 17,5% (acima de R$ 5.000.000,00 até
R$ 10.000.000,00), 20% (acima de R$ 10.000.000,00 até R$ 30.000.000,00) e 22,5% (acima de
R$ 30.000.000,00).

6.5. Declaração obrigatória para o Banco Central e a Receita Federal


As pessoas físicas ou jurídicas residentes fiscais no Brasil deverão entregar anualmente ao Ban-

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78 PLANEJAMENTO FISCAL

co Central do Brasil a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, sempre e quando possuam


bens e direitos no exterior em valor de mercado superior a US$  100.000,00 (cem mil dólares
americanos) em 31 de dezembro. Detentores de bens e direitos no exterior em valor superior a
R$ 100.000.000,00 deverão realizar a entrega da declaração de forma trimestral.
A pessoa física, por ocasião da declaração anual de ajuste, deverá informar à Receita Federal a
existência de bens e/ou direitos no exterior e o valor constante destes, seguindo as orientações da
Receita Federal para declarar cada item.

Como fazer a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior ao Banco Central


A declaração só pode ser feita de maneira eletrônica e diretamente na página do CBE no sítio
do Banco Central do Brasil na internet (www.bcb.gov.br >> Câmbio e Capitais Estrangeiros >>
Capitais Brasileiros no Exterior).
Há regras específicas para informar os bens e direitos na Declaração de Capitais Brasileiros no
Exterior ao Banco Central que, em muitas situações, são diferentes das regras utilizadas para de-
clarar os mesmos bens e direitos na Declaração de Ajuste Anual. Assim, é recomendado consultar
o Manual do Declarante e a legislação disponível no site do Banco Central mencionado acima.

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PLANEJAMENTO FISCAL 79

7. PENALIDADES PELO DESCUMPRIMENTO


DE OBRIGAÇÕES PERANTE A RECEITA
FEDERAL E O BANCO CENTRAL

7.1. Penalidades da legislação de Imposto de Renda


No caso de entrega em atraso ou de não entrega da Declaração Anual de Ajuste do IRPF o
contribuinte ficará sujeito ao pagamento de multa 1% ao mês por mês de atraso incidente sobre o
valor do imposto devido, mesmo que tenha sido efetivamente pago, observados o valor mínimo
de R$ 165,74 e máximo de 20% do imposto devido.
Caso a declaração não possuísse imposto a pagar, o valor da multa será fixo de R$ 165,74.

7.2. Penalidades da legislação de BACEN quanto a investimentos


no exterior
A Circular BACEN nº 3.857/2017 prevê quatro modalidades de penalidades relativas a investi-
mentos brasileiros no exterior, quais sejam:
a) Efetuar registro ou apresentar declaração em desacordo com os prazos previstos nas respecti-
vas normas: 1% (um por cento) do valor sujeito a registro ou declaração, limitado a R$25.000,00
(vinte e cinco mil reais);
b) Prestar informações incorretas ou incompletas: 2% (dois por cento) do valor sujeito a registro
ou declaração, limitado a R$50.000,00 (cinquenta mil reais);
c) Não efetuar registro, não apresentar declaração ou não apresentar documentação comproba-
tória das informações fornecidas ao Banco Central do Brasil: 5% (cinco por cento) do valor
sujeito a registro ou declaração, limitado a R$125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais);
d) Prestar informação falsa em registro ou declaração: 10% (dez por cento) do valor sujeito a
registro ou declaração, limitado a R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).
Os valores mencionados nos itens 7.1 e 7.2 se referem ao exercício de 2018.

7.3. Consequências criminais do descumprimento das obrigações


perante o Banco Central e a Receita Federal
É importante destacar que ambas as declarações, DIRPF e CBE, estão diretamente associadas
ao controle patrimonial e aferição de regularidade dos acréscimos patrimoniais e investimentos
realizados pelas pessoas físicas e, no caso da CBE, também pelas pessoas jurídicas.
Assim sendo, são duas declarações de vital importância para a prevenção à lavagem de dinheiro
e combate à ocultação de patrimônio, pois trazem consigo uma explicitação e identificação de
origem e destino de valores transacionados.
A ausência de prestação de tais informações autoriza a presunção de ilegalidade das operações rea-
lizadas, desencadeando apurações fiscais e criminais visando o esclarecimento dos fatos e investigação
de eventuais crimes relacionados aos bens e direitos não declarados, sem embargo das consequências
penais relacionadas aos crimes contra a ordem tributária, em especial o crime de sonegação fiscal.

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80 PLANEJAMENTO FISCAL

8. PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO

8.1. Conceito
Planejamento tributário é a forma lícita e organizada de alcançar uma menor carga tributária
usufruindo, para tanto, dos mecanismos previstos em lei para fins, por exemplo, de organização
societária, enquadramento em isenções e imunidades, adequação de rotinas contábeis etc. A prin-
cipal característica do planejamento tributário é sua licitude, não devendo ser confundido com
formas ilícitas de supressão de tributos ou de ocultação de operações, as quais estarão abrangidas
dentro do plano da evasão fiscal.

8.2. Distinção entre elisão fiscal, evasão fiscal, simulação e


dissimulação
A elisão fiscal é a adoção, por parte do contribuinte, de condutas ou formas lícitas com o
intuito de evitar a ocorrência do fato gerador ou, dada sua ocorrência, afetar a incidência da
norma tributária de maneira a diminuir ou retardar o pagamento do tributo. Na esfera da elisão
tributária merece maior destaque o planejamento tributário, forma comum e rotineira de redução
de encargos tributários. Referido conceito compreende tanto a simples análise de atividades co-
merciais e administrativas de forma a permitir uma redução nos encargos de ordem fiscal; quanto
a reestruturação e reformulação de rotinas comerciais, contábeis, mercantis e/ou societárias de
forma a possibilitar a opção por regimes de tributação mais benéficos, a utilização de incentivos
fiscais e a obtenção de imunidades, isenções ou reduções de alíquota, sempre por intermédio de
mecanismos lícitos.
A evasão fiscal, por sua vez, caracteriza-se pela utilização de mecanismos, condutas ou formas
negociais proibidas pela legislação buscando inibir a tributação ou reduzir ilicitamente o valor do
tributo a pagar. Entre as práticas evasivas podem se destacar a sonegação, inadimplência fiscal,
simulação e negócio indireto”.
Sonegação é toda conduta do contribuinte que, além de ilícita, esteja prevista na lei como crime,
no caso os crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/903. Inadimplência fiscal, ou
3
Lei nº 8.137/90: “Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório,
mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária,
inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar
nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir
ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena -
reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias,
que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência,
caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo
legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres

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PLANEJAMENTO FISCAL 81

ausência de recolhimento do tributo devido dentro do prazo legal, não implica na caracterização
de sonegação, salvo nos casos de tributos retidos na fonte, na qualidade de responsável tributário,
e não repassados aos cofres públicos. Ressalvada essa hipótese, a inadimplência fiscal implica, uni-
camente, na aplicação das penalidades administrativas (multas, juros, encargos etc.), sem quaisquer
consequências de ordem criminal.
A Simulação, por sua vez, é caracterizada pela realização de um negócio lícito, porém que não
represente o real negócio pretendido pelas partes, optando-se por um negócio diferente unica-
mente para ser possível inibir ou reduzir a tributação. Nos casos de simulação, a forma lícita do
negócio é utilizada como meio de ocultar a finalidade ilícita deste com relação à tributação, disfar-
çando a vontade real das partes em prejuízo de terceiros.
Um exemplo de simulação poderia ser, ao invés da realização de uma compra e venda tributável
pelo IRPF, que as partes contratantes, comprador e vendedor, fizessem doações recíprocas para
aproveitamento da isenção de IRPF sobre doações. Logo, o vendedor doaria o imóvel ao com-
prador. O comprador, por sua vez, doaria o dinheiro do preço ao vendedor. A doação seria uma
forma lícita de transmissão de bens, porém no caso estaria se tratando de uma doação simulada
para esconder o verdadeiro negócio jurídico de compra e venda.
Negócio indireto, por sua vez, caracteriza-se pela prática de determinado negócio lícito com a
finalidade de obtenção de resultados diversos daqueles previstos, como por exemplo a celebração
de um contrato de leasing de forma a ocultar um negócio de venda e compra mediante parcelamen-
to. Há de se ressaltar a importância do elemento subjetivo, uma vez que a caracterização do negócio
indireto dependerá da apuração do vício de vontade ou dolo das partes na celebração do negócio.

8.3. Análises de substância sobre a forma e propósito negocial


Para fins de apuração da legalidade dos negócios jurídicos celebrados e a verificação de se tra-
tar de planejamento tributário ou evasão fiscal, a avaliação sempre será de maneira a privilegiar a
substância sobre a forma. Isto equivale a dizer que o conteúdo do negócio jurídico se sobrepõe
à forma utilizada para documentá-lo e, assim sendo, se a forma utilizada (forma contratual, por
exemplo) for divergente daquela exigida por lei para a substância (objeto contratado) poderá ser
desconsiderada a forma utilizada e caracterizado o negócio através unicamente de seu objeto.
Um exemplo disto, para a fácil compreensão, é a desconsideração de contratos de prestação de
serviços com pessoas jurídicas celebrados unicamente com a finalidade de evadir custos fiscais
e previdenciários. Nestes casos, a forma de contratação é de pessoa jurídica, mas a execução do
serviço é através da pessoa física em sistemática equivalente à da relação de emprego. Logo, ve-
rificando-se que a forma utilizada não condiz com o objeto, pode a fiscalização desconsiderar a
forma e privilegiar o objeto, fazendo incidir a tributação respectiva.
Ainda, na análise da substância e da forma, será sempre necessário averiguar o propósito ne-
gocial envolvido, assim entendido como a intenção real das partes na celebração do negócio. No
exemplo anterior, o propósito negocial era a contratação de pessoa física para trabalho em regime
similar ao emprego, porém a forma utilizada foi a de contratação de pessoa jurídica para evadir
tributos. Portanto, a forma utilizada não condiz com o propósito negocial das partes na celebra-
ção do negócio jurídico, situação que autoriza sua desconsideração.

públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de
imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de
imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito
passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ”.

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82 PLANEJAMENTO FISCAL

8.4. Estratégias para reduzir carga tributária do cliente


8.4.1. Ativos financeiros
É possível o planejamento tributário e redução de carga tributária mediante escolha de ativos
financeiros sujeitos a isenção, tais como LH - Letra Hipotecária, CRI- Certificado de Recebíveis
Imobiliários e CPR -Cédula de Produto Rural com liquidação financeira; LCA - Letra de Crédito
do Agronegócio; e LCI – Letra de Crédito Imobiliário (vide item 2.3.5).
Recomenda-se, contudo, que além da avaliação de impacto tributário seja igualmente realizada a
avaliação comparativa dos rendimentos líquidos dos ativos, pois poderão existir ativos financeiros
tributáveis que possuam um rendimento líquidos superior, mesmo diante da incidência tributária.
Outra forma de planejamento tributário para ativos financeiros é a utilização da prerrogativa de
liquidação mensal de ativos dentro da faixa de isenção do IRPF (vide item 2.3.2), ou seja, limitan-
do a realização mensal de operações e ganhos a um volume sobre o qual recaia isenção.

Exemplo
um indivíduo possui ações na bolsa de valores (mercado à vista) cujo valor de mercado é de
aproximadamente R$ 30.000,00. Se ele vender todas as ações no mesmo mês, eventual ganho
de capital estará sujeito ao imposto de renda de 15%. Se ele optar por vender as ações em 2
meses, respeitando o limite de isenção mensal (valor de alienação de até R$ 20.000 por mês),
o ganho de capital será isento de tributação.

8.4.1.2. Planos de Previdência


A utilização de planos de previdência para fins de planejamento tributário tem se tornado co-
mum ao longo dos anos, na forma de PGBL e VGBL.
O Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL pode ser utilizado como planejamento por pes-
soas que recebam rendimentos tributáveis, uma vez que as contribuições feitas para este tipo de
plano permitem dedução, com caráter de diferimento, de até 12% da renda tributável do IRPF por
ocasião da Declaração Anual de Ajuste para os contribuintes que utilizam o formulário completo.
Destaca-se que o diferimento consiste de uma postergação do pagamento do imposto, uma
vez que as contribuições feitas ao plano serão tributadas integralmente por ocasião do resgate ou
pagamento de benefício de renda. A base de cálculo do IR no PGBL é o patrimônio montante,
representado pelo capital investido acrescido dos rendimentos.
Já o Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL mostra-se adequado para as pessoas que rece-
bam rendimentos isentos e não tributáveis, uma vez que não concede nenhum tipo de dedução
sobre os rendimentos tributáveis. O plano, porém, tributa unicamente os resultados, e não o pa-
trimônio total, como é o caso do PGBL.
Além da escolha da modalidade de plano (PGBL ou VGBL), é possível optar pela tributação
pela tabela regressiva ou tabela progressiva.
As pessoas que planejam resgatar os aportes em longo prazo poderão se beneficiar da opção
pela tabela regressiva, cuja alíquota mais baixa é de 10%. Porém, se houver a necessidade de res-
gate do plano em prazo de acumulação inferior a 4 anos, por exemplo, a alíquota aplicável pela ta-
bela regressiva será de no mínimo 30%. Caso o participante tenha optado pela tabela progressiva,
nessa situação a tributação será mais vantajosa, vez que a alíquota máxima será de 27,5%.
As pessoas que estimam que terão rendimentos tributáveis de valor baixo no futuro, ou ainda,

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PLANEJAMENTO FISCAL 83

que terão despesas dedutíveis de valor alto (como por exemplo, despesas com planos de saúde
na terceira idade, etc.), poderão se beneficiar da escolha da tabela progressiva, pois dependendo
do valor do rendimento e/ou do valor das despesas dedutíveis, poderão ser alcançadas alíquotas
inferiores a 10%, que é a alíquota mínima a ser atingida caso a opção tenha sido a tabela regressiva.
Desse modo, é necessária uma análise individualizada da situação do participante, para que a
escolha do plano e da tributação sejam adequadas.
Os planos de previdência também podem ser utilizados como instrumentos de planejamento
sucessório, como será abordado no Módulo VI.

8.4.1.3. Ativos Imobiliários (Pessoa Física x Holding Imobiliária)


Com relação aos ativos imobiliários o correto planejamento tributário é essencial para a redu-
ção lícita de carga tributária, sendo necessária a avaliação dos benefícios da realização de opera-
ções na condição de pessoa física ou holding imobiliária.
Como visto nos itens 4.1.1 e 4.1.2, há diversas formas de se gerar tributação sobre as operações
imobiliárias com relação a aluguéis e venda de ativos, justificando-se o planejamento antecipado
de forma a melhor estruturar a operação com economia de tributos.

8.4.1.4. Investimentos no Exterior


O planejamento tributário envolvendo investimentos no exterior deve ser feito sempre a partir
da análise da tributação de todos os países envolvidos, a fim de se certificar de que a carga tribu-
tária dos países, somada, não inviabilizará o investimento.
Além da tributação, é importante verificar os custos de manutenção dos investimentos no exte-
rior: além de possivelmente recolher impostos no país em que ocorrer o investimento e no Brasil,
é necessário cumprir com obrigações previstas na legislação de cada país. Assim, além da tribu-
tação, pode haver outros custos, como consultoria fiscal, contábil e jurídica tanto nos países em
que o indivíduo possui investimentos quanto no Brasil, que precisam ser levados em consideração.
A escolha do país em que serão realizados os investimentos também pode trazer vantagens
ou desvantagens do ponto de vista tributário. Alguns países possuem acordos para evitar a dupla
tributação com o Brasil. Outros países possuem reciprocidade de tratamento tributário com o
Brasil, o que permite, em determinadas situações, o imposto pago no exterior seja compensado,
reduzindo o imposto devido no Brasil, e vice-versa.
Conforme mencionamos anteriormente, os investimentos no exterior podem ser feitos de for-
ma direta por um indivíduo no Brasil. Nesse caso, os rendimentos estarão sujeitos à tributação de
acordo com o Capítulo 6 desse material.
Outra opção frequentemente utilizada é a constituição de uma pessoa jurídica no exterior (em-
presa “offshore”) para que os investimentos sejam realizados na titularidade da pessoa jurídica.
As principais vantagens tributárias obtidas por uma pessoa física residente no Brasil com a cons-
tituição de uma “offshore” são:
a) Diferimento de tributação: os rendimentos dos investimentos não serão tributáveis no Brasil
na data em que forem recebidos pela offshore, mas somente serão tributados quando houver
distribuição de lucros da offshore para a pessoa física (ou alienação de cotas da offshore, ou
ainda a devolução do capital investido);
b) Possibilidade de compensação de perdas com lucros de investimentos diversos de titularidade da
offshore. A tributação no Brasil recairá apenas sobre os lucros líquidos que serão distribuídos pela
empresa à pessoa física no Brasil. A compensação de perdas com lucros não é permitida quando
os investimentos no exterior são realizados diretamente pela pessoa física residente no Brasil.

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84 PLANEJAMENTO FISCAL

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Planejamento fiscal

1. Com relação aos princípios da tributação: A. I, II e III.


I. Por força do princípio da legalidade, é ve- B. II, III.
dado ao Poder Público exigir ou aumentar C. I, III e IV.
tributo sem lei que assim o estabeleça.
D. I, II e III.
II. Por força do princípio da isonomia, é
vedado ao Poder Público dar tratamen-
to diferenciado a quaisquer pessoas,
devendo todos, sem exceção, receber o
mesmo tratamento.
III. Por força do princípio da capacidade
contributiva, as pessoas deverão ser tri-
butadas de forma diferenciada, de acor-
do com sua capacidade econômica.
IV. Por força do princípio da irretroatividade,
a lei somente poderá atingir fatos futuros
ao início de sua vigência, ressalvada a hipó-
tese de retroação benéfica ao contribuinte
com relação a infrações ou penalidades.
Está correto apenas o que se afirmar em:

2. Maria de Fátima efetuou duas operações A. Sofrerá incidência na fonte de


em bolsa: 0,005% sobre o valor de venda e
- Comprou 1000 ações da empresa X a R$ 30,00 15% sobre o ganho de capital.
por ação em abril. B. Haverá incidência de 15% de IR na
- 3 meses depois, vendeu 500 ações da empre- fonte para investidor pessoa física.
sa X a R$ 35,00 por ação. C. A operação é isenta de IR.
Em relação ao IR incidente sobre a operação,
D. O IR não se aplica, pois Fátima não
podemos afirmar que:
teve ganho de capital.

3. Em relação ao IOF sobre fundos de investi- A. I e II.


mento, é correto afirmar que: B. I, II e III.
I. Em fundos sem carência, é cobrado até o C. II, III e IV.
29° dia da aplicação.
D. I e IV.
II. Em fundos com carência, se o cotista res-
gatar antes da carência não há incidên-
cia de IOF, visto que o cotista não tem
rendimentos.
III. O IOF nos fundos de ações é cobrado à
alíquota de 1% ao dia sobre o valor de
resgate, limitado a certo percentual do
rendimento.
IV. Se o cotista de um fundo de Renda Fixa
resgatar antes do 30° dia da aplicação,
o administrador recolherá o IOF e calcu-
lará depois o IR, sobre os rendimentos
líquidos de IOF.

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PLANEJAMENTO FISCAL 85

4. Em relação à tributação de aplicações fi- A. I somente.


nanceiras: B. II somente.
I. O fato gerador do imposto de renda nos C. III somente.
fundos de renda fixa é sempre e somen-
D. I, II e III.
te o resgate da operação.
II. A base de cálculo sobre a qual será cal-
culada a alíquota do IR devido nas ope-
rações de renda fixa é o rendimento to-
tal da operação, liquido de IOF, quando
aplicável.
III. A alíquota do IR – Imposto de Renda de-
vida nos fundos de ações será definida
em função do prazo da permanência do
cotista.

5. Em relação à tributação de Fundos de In- A. Os fundos com carência – indepen-


vestimento (exceto nas aplicações por con- dente do período da carência – serão
ta e ordem):. tributados segundo as mesmas re-
gras aplicáveis aos fundos sem carên-
cia.
B. A perda em um Fundo Multimerca-
do pode ser compensada da base de
cálculo do IR devido num Fundo DI
desde que ambos sejam do mesmo
administrador e ambos tenham o
mesmo perfil tributário.
C. Um investidor que resgatou cotas de
um fundo de curto prazo 720 dias
depois da aplicação pagará 15% de
imposto de renda.
D. A incidência do imposto de renda
nos fundos de investimento afeta o
valor da cota.

6. Três anos após ter feito as aplicações, A. 15% referente ao clube e fundo de
seu cliente resgatou o valor bruto de ações e 20% sobre o fundo referen-
R$ 60.000,00 de um clube de investimen- ciado.
tos; R$ 60.000,00 de um fundo de ações; e B. 20% referente ao clube e fundo re-
outros R$ 60.000,00 de um fundo referen- ferenciado e 15% referente ao fundo
ciado curto prazo. Podemos afirmar que o de ações.
Imposto de Renda devido sobre cada um
C. 15% sobre todos os investimentos
dos rendimentos será de:
que serão tributados em diferentes
momentos.
D. 20% sobre todos os investimentos
que serão tributados em diferentes
momentos.

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86 PLANEJAMENTO FISCAL

7. Analise as afirmações sobre tributação de A. I e II.


aplicações financeiras. B. I, II e III.
I. Um fundo de ações será tributado no C. II, III e IV.
resgate e em maio e novembro à alí-
D. I e IV.
quota de 15%
II. A cobrança de IR em fundos de inves-
timento afeta a quantidade de cotas e
não o valor da cota
III. Um fundo curto prazo terá sua alíquota
de come cotas sempre de 20%
IV. Um fundo longo prazo terá sua alíquota
de come cotas sempre de 15%
Está correto o que se afirma em:

8. Um investidor aplicou recursos em Fundo A. 15% e 17,5%.


de Curto Prazo em março e permaneceu B. 15% e 20%
370 dias no investimento. No come-cotas e
C. 20% e 17,5%
no resgate, as alíquotas de IR foram, res-
pectivamente: D. 20% e 20%

9. A empresa de laticínios LEITEBOM vendeu A. Não há incidência de IR, pois o ajuste


um Non Deliverable Forward (NDF) de 90 foi negativo.
dias por USD 1 milhão à cotação de R$ 3,00. B. Incide IR de fonte a 0,005% e de 15%
A PTAX do vencimento foi R$ 2,95. Em rela- via DARF sobre o ajuste positivo.
ção ao IR incidente sobre a operação, pode-
C. Incide IR conforme prazo do contra-
mos afirmar que:
to, neste caso 22,5%.
D. Não há incidência de IR, pois as ope-
rações de hedge são isentas.

10. Sobre a tributação das pessoas físicas: A. Os rendimentos auferidos no exterior


só serão tributados se os mesmos fo-
rem remetidos ao país.
B. Os rendimentos recebidos de outra
pessoa física sofrem retenção do IR
na fonte pagadora.
C. Os rendimentos recebidos de outra
pessoa física ou do exterior são sub-
metidos ao autorrecolhimento.
D. O Imposto sobre rendimentos de um
CDB pode ser compensado na Decla-
ração de Ajuste Anual.

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PLANEJAMENTO FISCAL 87

11. Sr. José acaba de receber juros referente A. Os rendimentos advindos de aplica-
a uma aplicação em títulos da dívida do te- ções em títulos livre de risco, referen-
souro norte-americano, no exterior. É cor- tes a aplicações financeiras no Brasil
reto afirmar que ou no exterior, são isentos de IR.
B. Neste caso, por se tratar de rendi-
mento de aplicações no exterior re-
lativo a aplicações em renda fixa, a
alíquota obedece à tabela regressiva.
C. Assim como os dividendos, os juros
recebidos de aplicações no exterior
são tributados conforme tabela pro-
gressiva.
D. Os rendimentos de cupom de juros
recebidos por pessoa física residente,
relativos a aplicações no exterior, são
tributados à alíquota de 15%.

12. Como regra geral, o Imposto de Renda A. Houver a prova do efetivo recolhi-
eventualmente pago no exterior pode ser mento do imposto.
compensado no Brasil se: B. O imposto for pago em países signa-
tários do MERCOSUL.
C. O país ou domicílio não estiver na
lista de paraísos fiscais do Fisco.
D. Houver acordo para evitar a dupla
tributação ou acordo de reciprocida-
de.

13. Maria é proprietária de um único imóvel, A. Zero, por força da isenção sobre o
no qual reside, que está informado em sua ganho de capital auferido na aliena-
declaração do imposto de renda pessoa fí- ção do único imóvel, cujo valor de
sica pelo valor histórico de r$ 100.000,00 alienação seja de até r$ 440.000,00.
(cem mil reais). Ela pretende vender esse B. 15% sobre o valor do ganho de capi-
imóvel por r$ 350.000,00 (trezentos e cin- tal, correspondente a r$ 250.000,00.
quenta mil reais). Tendo em vista que Ma-
C. 20% sobre o valor do ganho de capi-
ria não realizou qualquer outra operação
tal, correspondente a r$ 250.000,00.
imobiliária nos últimos 5 (cinco) anos, a
tributação sobre a operação, para fins de D. 27,5% sobre o valor do ga-
IRPF, será: nho de capital, correspondente a
r$ 250.000,00, deduzindo-se a par-
cela prevista na tabela de apuração
mensal do IRPF.

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88 PLANEJAMENTO FISCAL

14. O sr. Pierre, francês, mudou-se há três A. O Sr. Pierre, por possuir nacionalida-
anos de Paris para São Paulo para viver de francesa, somente poderá ser tri-
com a sua esposa brasileira. Todavia, o butado na França, não havendo IR a
sr. Pierre continua a receber uma série de ser recolhido aos cofres brasileiros.
rendimentos pagos por fontes situadas na B. O Sr. Pierre poderá escolher o país no
França e que somam cerca de R$ 50.000,00 qual pretende ter seus rendimentos
por mês. No brasil, o sr. Pierre recebe um tributados.
salário de R$ 20.000,00 da subsidiária da
C. O Sr. Pierre não poderá ser tributado
empresa francesa onde trabalha. Podemos
no Brasil pelos rendimentos auferidos
afirmar que
na França, porém pagará IR sobre o
salário recebido no Brasil.
D. O Sr. Pierre, na qualidade de residente
no Brasil, será tributado pela totalida-
de dos rendimentos auferidos, inclusi-
ve aqueles provenientes do exterior.

15. O sr. Marcos, após sucessivos problemas A. Zero, por força da isenção prevista para
de saúde veio a falecer, deixando para seus os bens recebidos a título de herança.
2 filhos, únicos herdeiros, um patrimônio B. 15% sobre o valor total do patrimônio
total de R$ 1.000.000,00 (um milhão de re- recebido por cada um dos herdeiros
ais). No ato de transferência do patrimônio
C. 20% sobre o valor total do patrimônio
para os herdeiros, mantendo-se o valor pa-
recebido por cada um dos herdeiros.
trimonial de R$ 1.000.000,00 (um milhão de
reais), a tributação pelo IRPF será: D. 27,5% sobre o valor total do patri-
mônio recebido por cada um dos
herdeiros.

16. Renata é proprietária de imóvel residen- A. Zero, por força da isenção prevista para
cial, informado em sua Declaração do Im- o ganho de capital auferido na aliena-
posto de Renda Pessoa Física pelo valor ção de imóvel residencial para compra
histórico de R$ 440.000,00 (quatrocentos de imóvel residencial em até 180 dias.
e quarenta mil reais). Ela pretende vender B. 15% sobre o valor do ganho de capi-
esse imóvel por R$ 600.000,00 (seiscentos tal, correspondente a R$ 160.000,00.
mil reais), em julho de 2018, para a com-
C. 20% sobre o valor do ganho de capi-
pra de um imóvel residencial na cidade de
tal, correspondente a R$ 160.000,00.
Paris, França, em novembro de 2018. Igno-
rando outras variáveis, a tributação sobre a D. 27,5% sobre o valor do ga-
operação, para fins de IRPF, será: nho de capital, correspondente a
R$ 160.000,00.

Exercícios de fixação - respostas comentadas

QUESTÃO 01 - Alternativa correta: C. Somente a afirmação II está incorreta. O princípio da isono-


mia não visa dar tratamento igual a todos, mas sim tratamento equivalente àqueles que se encon-
trarem em situação equivalente. Logo, trata-se de dar tratamento igual aos iguais, e desigual aos
desiguais na medida de suas desigualdades. É com base neste fundamento que o poder público
pode dar tratamento privilegiado a determinadas empresas ou pessoas, exigindo destas uma carga
tributária menor.
QUESTÃO 02 - Alternativa correta: C. A operação é isenta de IR. Lembrando que a pessoa física é
isenta de IR em operações com ações a vista cujo valor não ultrapasse R$ 20.000.
QUESTÃO 03 - Alternativa correta: D. I e IV. A afirmação II é incorreta, pois os rendimentos exis-

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PLANEJAMENTO FISCAL 89

tem, e são, na prática, recolhidos à Receita Federal a título de IOF. A afirmação III é incorreta, pois
não incide IOF nos fundos de ações.
QUESTÃO 04 - Alternativa correta: B. II somente. A afirmação I está errada pois, além do imposto
de renda no resgate, há também incidência do come cotas nos fundos de renda fixa. A afirmação
III está errada pois a alíquota de IR dos fundos de ações será sempre 15%, independentemente do
prazo de permanência do cotista.
QUESTÃO 05 - Alternativa correta: B. A alternativa A está incorreta pois o come cotas para os
fundos com carência de até 90 dias ocorrerá na data da carência. Somente os fundos com carência
superior a 90 dias serão tributados segundo as mesmas regras aplicáveis aos fundos sem carência.
A alternativa C está incorreta porque a menor alíquota para fundos curto prazo é de 20% e não
15%. A alternativa D está errada pois a cobrança de imposto de renda nos fundos não afeta o
valor da cota uma vez que o IR é pago pelo cotista e não pelo fundo.
QUESTÃO 06 - Alternativa correta: A. 15 % referente ao clube e fundo de ações e 20% sobre o
fundo referenciado.
QUESTÃO 07 - Alternativa correta: C. II, III e IV. A afirmação I está incorreta, fundos de ações não
tem o processo de come cotas semestral.
QUESTÃO 08 - Alternativa correta: D. 20% e 20%. A menor alíquota de IR dos fundos de curto
prazo é de 20%, qualquer que seja o prazo de permanência a partir de 180 dias; se a aplicação
fosse em fundo de longo prazo o IR no resgate seria de 17,5%. A alíquota no “come-cotas”
também é de 20% por se tratar de fundo de curto prazo.
QUESTÃO 09 - Alternativa correta: B. Incide IR de fonte a 0,005% e de 15% via DARF sobre o
ajuste positivo.
QUESTÃO 10 - Alternativa correta: C. Os rendimentos recebidos de outra pessoa física ou do exte-
rior são submetidos ao autorrecolhimento (recolhimento via DARF). A alternativa A) está incorreta
pois os rendimentos auferidos no exterior serão tributados mesmo que não sejam remetidos ao país.
A alternativa B) está incorreta uma vez que rendimentos recebidos de outra pessoa física são sujeitos
à retenção via DARF e D) está incorreta porque o imposto incidente sobre o CDB é exclusivo de fonte.
QUESTÃO 11 - Alternativa correta: D. Os rendimentos de cupom recebidos por pessoa física resi-
dente, relativos a aplicações no exterior são tributados à alíquota de 15%.
QUESTÃO 12 - Alternativa correta: D. Houver acordo para evitar a dupla tributação. Sempre
deve-se verificar se há acordo para evitar a dupla tributação ou reciprocidade de tratamento para
compensação de valor pago no exterior. Os países com os quais o Brasil assinou a convenção inter-
nacional são: MERCOSUL, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Coréia, Dinamarca, Espanha, Filipinas,
Finlândia, França, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Itália, Japão Luxemburgo, México, Noruega,
Portugal, Eslovaca, Rep. Tcheca, Suécia e Ucrânia. Assim com temos reciprocidade de tratamento
com Alemanha, EUA e Reino Unido.
QUESTÃO 13 - Alternativa correta: A. A lei prevê a isenção do IRPF para o ganho de capital
auferido na alienação do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de até
R$ 440.000,00 (quatrocentos e quarenta mil reais), por conta de não ter realizado qualquer outra
alienação imobiliária nos últimos cinco anos
QUESTÃO 14 - Alternativa correta: D. Tendo fixado a residência no Brasil, o Sr. Pierre passará a
ser tributado no Brasil por toda sua renda e proventos, mesmo auferidos no exterior, por força do
princípio da universalidade.
QUESTÃO 15 - Alternativa correta: A. As heranças são isentas do IRPF.
QUESTÃO 16 - Alternativa correta: B - 15% sobre o valor do ganho de capital
A lei prevê a isenção do IRPF para o ganho de capital auferido na alienação de imóvel residencial
desde que o produto da venda do imóvel seja aplicado na compra de imóveis residenciais, no pra-
zo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, aplica-se somente para aquisição de imóveis em território
nacional Sendo o novo imóvel no exterior, não é aplicável a isenção.

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90 PLANEJAMENTO FISCAL

MÓDULO V – PLANEJAMENTO
FISCAL - RESUMO

Objetivo: entender as regras básicas da tributação visando a coletar informações que permi-
tam uma análise da situação tributária atual do cliente e identificar os diversos tipos de tributos
(impostos, contribuições e taxas)
Tributo: de acordo com o Código Tributário Nacional, tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Princípio da legalidade: a exigência ou aumento do tributo deve estar em lei propriamente
dita. Quaisquer outras normas, tais como Decretos, Instruções Normativas, Ordens de Serviços
etc., não serão válidas para tanto.
Princípio da anterioridade: visa conceder prazo entre a publicação da lei e a cobrança do
tributo, fazendo com que os contribuintes disponham de tempo para se adequarem à nova carga
tributária.
Princípio da irretroatividade: é vedado cobrar tributo com relação a fatos geradores ocor-
ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou majorado
Princípio da isonomia ou igualdade tributária: dar tratamento tributário equivalente às
pessoas que se encontrarem em situações semelhantes. Deve-se tratar igualmente os iguais, e de-
sigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.
Princípio da competência: Competência tributária é prerrogativa concedida pela Constitui-
ção Federal para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de instituir seus respec-
tivos tributos, ou seja, de implementar e cobrar suas receitas tributárias.
Princípio da capacidade contributiva: é um desdobramento do princípio da igualdade, visa
dar tratamento desigual aos que forem desiguais. O Poder Público deve repartir a carga tributária
de acordo com as possibilidades financeiras dos cidadãos, conforme a capacidade econômica de
cada indivíduo, tendo como finalidade estabelecer uma sistemática justa de exigência fiscal. Me-
lhor exemplo é o IRPF, baseado justamente no sistema de isenções e progressividade, para que as
pessoas contribuam de acordo com sua capacidade econômica.
Imunidade: é a previsão constitucional de não concessão de competência tributária para fins
de tributação de determinadas pessoas, objetos ou operações. Templos, partidos políticos, sindi-
catos, livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
Isenção: é a previsão em lei de não incidência do tributo sobre determinada pessoa, bens ou
serviços. Ex.: isenção de IRPF para uma faixa de renda.

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PLANEJAMENTO FISCAL 91

Tributos relevantes para o planejamento fiscal


a) ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Cada Estado e Distrito
Federal possuem sua legislação e alíquotas próprias;
b) ITBI - Transmissão de Bens Imóveis de forma onerosa entre pessoas vivas. A base de cálculo é
o valor venal dos bens ou direitos transmitidos à época da operação. A alíquota do ITBI é fixada
em lei ordinária do município competente. No caso de a transmissão ser por herança (‘‘Causa
mortis’’), não incide ITBI; ao invés dele, incidirá o ITCMD (que é um imposto estadual);
c) IR - Imposto de Renda: é um imposto de competência da União Federal que pode incidir sobre
a renda e proventos das pessoas físicas (IRPF) ou sobre os resultados da pessoa jurídica (IRPJ).

Princípios do Imposto de Renda


i. Princípio da Generalidade: O IR deve ser pago por todas as pessoas, respeitado o princípio da
capacidade contributiva;
ii. Princípio da Universalidade. O IR deverá incidir sobre todas as espécies de proventos e rendas.
Renda será universalmente considerada, independentemente da base territorial na qual tenha
sido auferida;
iii. Princípio da Progressividade: devem existir diversas alíquotas, respeitando-se a faixa de renda
do contribuinte.

Renda: o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos.


Rendimento: valores auferidos pela pessoa física a qualquer título, os quais poderão se subme-
ter a 3 regimes: a) rendimentos tributáveis, a serem tributados de acordo com a tabela progressiva
do IRPF; b) rendimentos isentos e não tributáveis, sobre os quais não incidirá a tributação; e c)
rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, os quais terão regras de tributação diferen-
ciadas, não se aplicando a tabela progressiva do IRPF.
Ganho de Capital: Por ganho de capital entende-se a diferença positiva entre o valor de
aquisição (compra) e o valor de alienação (venda) de um determinado bem ou direito (tributação
exclusiva de fonte).
Proventos de qualquer natureza: serão considerados proventos todos os aumentos patrimo-
niais que não sejam produto do capital ou do trabalho. Ex.: prêmios de loteria, doações, heranças,
aposentadoria.
Disponibilidade econômica ou jurídica da renda: quaisquer valores pagos ou creditados
em favor da pessoa física constituem disponibilidade econômica ou jurídica.

Regime básico de tributação da renda da Pessoa Física:


a) Rendimentos tributáveis: compõem a base de cálculo do imposto de renda; geram impacto
no valor do imposto a pagar por ocasião da Declaração do Imposto de Renda; e admitem a
compensação do imposto de renda retido na fonte a título de antecipação. Os exemplos mais
comuns dessa categoria são as rendas provenientes de trabalho assalariado e de aluguéis. Neste
caso, a alíquota de imposto de renda a pagar será determinada em função do montante de renda
tributável, podendo variar entre 0% e 27,5%;
b) Rendimentos tributados exclusivamente na fonte: também conhecidos como com tribu-

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92 PLANEJAMENTO FISCAL

tação definitiva. As rendas e rendimentos que não compõem a base de cálculo do imposto de
renda e não admitem a compensação do imposto de renda retido na fonte. Os exemplos mais
comuns dessa categoria são o 13º salário e todas as modalidades de aplicações financeiras feitas
pelo contribuinte, pessoa física;
c) Rendimentos isentos: os exemplos mais comuns são os rendimentos gerados pelos depósitos
em poupança e diversos instrumentos relacionados ao mercado imobiliário, tais como Letra
Imobiliária, Letra Hipotecária, Certificado de Recebível Imobiliário e Fundo Imobiliário. Nesta
categoria também se declara o ganho de capital obtido com a venda de ações em bolsa de va-
lores, cujo valor de venda mensal tenha sido inferior a R$ 20 mil, entre outros.

Retenção na fonte: fonte é uma forma de responsabilidade tributária de terceiros prevista


na lei pela qual a fonte pagadora passa a ter a obrigação de reter do contribuinte, por ocasião do
pagamento de determinado valor, uma parcela de tributo a ser antecipado aos cofres públicos.
Autorecolhimento: é a modalidade de recolhimento do IRPF aplicável aos casos nos quais
não há previsão legal de retenção para a fonte pagadora .
Regras da Tributação sobre os Rendimentos do trabalho assalariado: Recolhimento pela
fonte pagadora até o dia 20. A base de cálculo das alíquotas segue tabela publicada anualmente
pela receita federal. A base de cálculo sujeita à incidência mensal do IR, pode ser deduzida com as
seguintes despesas: dependentes, limites de isenção de aposentadorias, importâncias pagas a título
de pensão alimentícia, contribuições previdenciárias (até 12% da renda tributável), contribuições
à previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Exemplos de rendimentos via tabela progressiva mensal: rendimentos da pessoa jurídica, do
trabalho assalariado. Aluguéis e royalties, rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício, al-
guns rendimentos recebidos do exterior (ver regras específicas).

Algumas Isenções de IR sobre rendimentos da Pessoa Física:


• Dividendos pagos no Brasil;
• Rendimentos do FGTS;
• Rescisão trabalhista até o lime da legislação;
• Alienação de ações até R$20.000,00 / mês;
• Alienação de outros bens até R$35.000,00 / mês;
• Alienação de um único imóvel cujo valor da venda seja de até R$ 440.000,00 (sendo única venda
em 5 anos);
• Rendimentos de algumas aplicações financeiras (ver item específico);
• Pensão por morte ou invalidez;
• Pensão por doenças graves (incluindo complementação de pensão complementar);
• Bens e direitos recebidos a título de doação, herança, legado ou decorrentes da dissolução da
sociedade conjugal, desde que tais bens e direitos sejam transferidos pelo valor anteriormente
declarado à Receita Federal. Se houver ganho de capital será tributado.

Aposentadoria acima de 65 anos: dedução adicional para fins de IRPF, atualmente no valor
de R$ 1.903,98 por mês (R$ 22.847,76 anuais), aplicável exclusivamente com relação aos proven-
tos de aposentadoria.

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PLANEJAMENTO FISCAL 93

Tributação exclusiva de fonte ou definitiva (sem compor base de cálculo da declaração


anual de IR):
• Décimo terceiro salário e PLR;
• Rendimentos das aplicações financeiras;
• Juros sobre capital próprio;
• Prêmios de loteria sorteio e títulos de capitalização (alíquota de 30%);
• Ganho de capital.

Declaração de ajuste anual do imposto de renda da pessoa física:


• Declaração simplificada constitui um meio de facilitar a apuração do imposto, mediante des-
conto de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto de R$ 16.754,34 (em 2018). É
benéfica a todos os contribuintes cujas deduções e/ou abatimentos forem inferiores a 20% da
renda percebida no ano;
• Declaração completa; despesas dedutíveis: deve ser apresentada contendo todas as informa-
ções relacionadas às deduções e abatimentos, de despesas incorridas no decorrer do ano. (Con-
sultar os abatimentos permitidos e limites).

Declaração de saída definitiva do país. A função desta declaração é comunicar a condição


de não residente no Brasil para a Receita Federal .
Declaração de espólio: atualmente, o espólio encontra-se obrigado a apresentar 3 tipos de
declaração ao longo da sucessão: a) Declaração Inicial de Espólio b) Declaração Intermediária
de Espólio c) Declaração Final de Espólio: declaração apresentada quando do encerramento da
partilha de bens, visando formalizar perante a Receita Federal a transferência dos bens do falecido
para seus herdeiros.

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94 PLANEJAMENTO FISCAL

Resumo da Tributação das Aplicações Financeiras

Aplicações financeiras em Renda Fixa, Swap e COE


Qualquer forma de transmissão da propriedade, liquidação, resgate,
Fato Gerador
cessão ou repactuação do título.
Diferença positiva entre o valor da alienação, líquido do IOF quando
aplicável, e o valor da aplicação financeira.
Base de cálculo Os rendimentos periódicos (recebimento de cupons) produzidos pelo
título serão submetidos à incidência do imposto de renda na fonte por
ocasião de seu pagamento, computando o prazo da aquisição até o
recebimento dos cupons.
Regime de tributação Exclusivo de fonte (ou definitivo).
IR: Conforme o prazo desde a aquisição:22,5% (até 180 dias); 20% (de
181 a 360 dias); 17,5% (de 361 a 720 dias) ou 15% (acima de 720 dias)
sobre rendimentos periódicos e na venda ou resgate.
Regra Geral
IOF: 1% ao dia sobre o valor do resgate, limitado ao rendimento da
operação, conforme tabela regressiva, se o resgate ocorrer até o 29° dia
da aplicação.
Caderneta de poupança; LH, CRI, CRA, CPR com liquidação financeira,
Isentos de IR
LCA, LCI, Debêntures incentivadas (lei 12431).
Alíquota zero de IOF LF, LCA, CRI, CRA, debêntures, e isento de IOF: CPR.
IOF regra geral, porém como exigem prazo mínimo de aplicação superior
IOF da LCI e LF
a 29 dias, a alíquota é zero.

Imposto de Renda das Operações Day Trade


Imposto de Renda na Fonte Imposto de Renda recolhido via DARF
Alíquota
1% 20%
Base de Cálculo Ganho de capital líquido
Responsável pelo O próprio contribuinte até o último
A Corretora
Recolhimento dia útil do mês seguinte
Compensação As perdas decorrentes de operações de day trade de ações podem ser
de perdas compensadas somente com operações de mesma espécie

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PLANEJAMENTO FISCAL 95

Imposto de Renda das Operações em Ações (exceto Day Trade)


Responsável pelo
Evento Alíquota Base de cálculo
Recolhimento
Dividendos Isento N.A. N.A.
Juros sobre
Capital 15% Rendimento A fonte pagadora
Próprio
Diferença positiva entre o O próprio contribuinte, até o
valor de venda e de aquisição último dia útil do mês seguinte
15%
do ativo vendido líquido de àquele em que foi realizada a
despesas e perdas anteriores operação
A corretora que intermediou a
Ganho de 0,005% Valor da alienação (venda)
transação
Capital
(Diferença O valor do IR retido na fonte poderá ser:
positiva entre a) deduzido do imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês;
valor da venda
e compra) b) compensado com o imposto incidente sobre ganhos líquidos
Compensação
dos meses subsequentes;
do IR retido
na fonte c) compensado na declaração de ajuste anual se após as
deduções previstas acima ainda houver saldo de imposto retido;
d) compensado com o imposto devido sobre o ganho de capital
na alienação de ações.
Observações:
Compensação As perdas decorrentes de operações realizadas no mercado de ações podem ser
de perdas compensadas da base de cálculo de ganhos de períodos posteriores.
Não está sujeito ao imposto de renda o ganho líquido auferido por Pessoa Física
Isenção para em operações no mercado à vista de ações nas bolsas de valores (exceto day
Pessoa Física trade), cujas alienações, em cada mês, sejam iguais ou inferiores a R$ 20.000,00
para o conjunto de ações.
Regime de
Pessoa Física: exclusivo de fonte ou definitivo.
Tributação

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96 PLANEJAMENTO FISCAL

Fundos de investimento - Imposto de Renda


No resgate: IR de 15% sobre a diferença positiva entre o valor de
FI em Ações resgate e o custo de aquisição
Come-cotas: não há
No resgate: IR sobre o rendimento total produzido entre a data de
Fundos de longo prazo aplicação e a data de resgate. Alíquota definida na tabela regressiva
(prazo médio da carteira de 22,5% até 15% conforme prazo, sendo compensado o IR
superior a 365 dias) cobrado no come-cotas.
No come-cotas em maio e novembro: 15%
No resgate: IR sobre o rendimento total produzido entre a data
Fundos de Curto Prazo de aplicação e a data de resgate. Alíquota definida conforme
(prazo médio da carteira prazo, 22,5% (até 180 dias) e 20% (acima de 180 dias), sendo
inferior a 365 dias) compensado o IR cobrado no come-cotas.
No come-cotas em maio e novembro: 20%
FI com 85% da carteira em
0% (zero por cento), quando auferidos por pessoa física.
Debêntures Incentivadas:
Ganhos auferidos na alienação de cotas: 20%, recolhido pelo
cotista, via DARF.
Ganhos dos lucros auferidos pela carteira: 20%, retido na fonte.
Estão isentos de imposto de renda os cotistas, pessoas físicas, do
Fundo Imobiliário desde que atendido o conjunto das seguintes
Fundo de Investimento condições:
Imobiliário (FII) a) O Fundo Imobiliário possua, no mínimo, 50 cotistas;
b) O cotista PF não possua 10% ou mais das cotas do FII ou tenha
direito a receber rendimentos em valor superior a 10% do total dos
rendimentos auferidos pelo FII;
c) As cotas do FII sejam negociadas, exclusivamente, em bolsa de
valores ou mercado de balcão organizado.
15% sobre resgates e sobre ganhos na alienação/ amortização das
FIP quota;, exigido manter no mínimo em suas carteiras 67% de ações,
caso contrário serão tributados como fundo de renda fixa.
FIDIC aberto: Regra Geral 15% de antecipação, retidos
semestralmente (“come-quotas” maio e novembro).
FIDC
FIDC fechado: no vencimento os rendimentos serão tributados, na
fonte, conforme prazo de permanência e perfil da carteira.
Fundo de Índice de ações: 15%.
ETFs (Fundo de Índices) Fundo de Índice de renda fixa: IR: Alíquota de 15% a 25%
conforme prazo médio da carteira: 25% (até 180 dias); 20% (de
181 dias a 720 dias); 15% (acima de 720 dias).

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PLANEJAMENTO FISCAL 97

IOF dos Fundos de Investimento


Decreto nº 4.494 - Artigo 33
Fundos O IOF será cobrado à alíquota de 1% ao dia sobre o valor do
sem resgate, cessão ou repactuação, limitado ao rendimento da
carência operação, em função do prazo, conforme tabela decrescente, se o
prazo entre a data da aplicação e do resgate for inferior a 30 dias.
Fundos em geral,
exceto os de Decreto nº 4.494 - Artigo 31
ações. O IOF será cobrado à alíquota 0,5% ao dia sobre o valor de
Fundos resgate de quotas de fundos de investimento, constituídos sob
com qualquer forma, na hipótese de o investidor resgatar quotas antes
carência de completado o prazo de carência para crédito dos rendimentos.
O IOF de que trata este artigo fica limitado a 100% do rendimento
da operação.
Fundos de ações Isento.

Tributação de rendimentos obtidos no exterior


O Brasil tributa todas as rendas obtidas no exterior por qualquer entidade ou pessoa residente.
1. Ganhos de Capital: alienação de bens, liquidação ou regates de quotas de
fundos, juros recebidos de títulos de renda fixa etc.
Alíquota de 15% a 22,5% sobre o ganho
15% para ganhos de até R$ 5 milhões
Tipos de renda no 17,5% para ganhos de R$ 5 até 10 milhões
exterior.
20% para ganhos de 10 até 30 milhões
22,5% para ganhos a partir de 30 milhões
2. Rendimentos: lucros dividendos, aluguel, royalties, remuneração de trabalho etc.
Alíquota de 0 a 27,5% do rendimento acumulado
Os brasileiros que possuem bens no exterior em montante superior a
US$ 100 mil norte-americanos, ou equivalente, estão sujeitos a declaração
Declaração de anual desses ativos ao Banco Central Brasileiro (BACEN), através do registro
Capitais Brasileiros eletrônico da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE).
no Exterior (DCBE)
Para o caso de bens em valor superior a US$ 100 milhões a obrigatoriedade
de apresentação dessa declaração é trimestral.
Quando ocorre a Aplicação através da pessoa física: o rendimento deve ser tributado
tributação? mensalmente, de acordo com a sua natureza.
Investimento no exterior adquirido com recursos originados no exterior:
Impostos sobre calcula-se o IR excluindo impactos da variação cambial.
variação cambial Investimento no exterior adquirido com recursos originados em Reais e remetidos
para o exterior: calcula-se o IR incluindo os impactos da variação cambial.
Recursos parados
na conta corrente Não são tributados
no exterior
Lei n.º 13.259, de 16 de março de 2016.

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98 PLANEJAMENTO FISCAL

Tributação de Investimentos em Imóveis:


• Aluguel (PF): tributada de acordo com a Tabela Progressiva Mensal, sendo posteriormente
sujeita a ajuste anual por ocasião da Declaração do IRPF. A alíquota da renda de aluguéis, por-
tanto, pode atingir o patamar de 27,5%.

Ganho de Capital em operações realizadas por pessoa física:


• Alíquotas;
• 15% para ganhos de até R$ 5 milhões;
• 17,5% para ganhos de R$ 5 até 10 milhões;
• 20% para ganhos de 10 até 30 milhões;
• 22,5% para ganhos a partir de 30 milhões.

Isenções de IR sobre o Ganho de Capital na alienação de imóvel:


a) Quando há alienação do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de até
R$ 440.000,00 (quatrocentos e quarenta mil reais), desde que não tenha sido realizada qualquer
outra alienação imobiliária nos cinco anos que antecederem a operação.
b) Quando a pessoa física que alienar imóvel residencial aplicar no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias após a venda, o produto da alienação na aquisição de outro imóvel residêncial. O benefício
vale a cada 5 anos.
c) Nas hipóteses em que é possível aplicar o percentual de redução sobre o ganho de capital.

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PLANEJAMENTO FISCAL 99

GLOSSÁRIO

Acréscimo patrimonial - Aumento de patrimônio do contribuinte.


Agente responsável pelo Recolhimento do Imposto - O responsável por recolher o impos-
to devido à Receita Federal. Diz respeito a quem recolhe o imposto. Exemplo: no caso do CDB o
agente responsável pelo recolhimento é a instituição pagadora dos rendimentos;
Alienação - Qualquer operação que se caracteriza como compra e venda, permuta, adjudica-
ção, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de
compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins.
Alimentando - pessoa que recebe a pensão alimentícia .
Alíquota - Percentual que será aplicado sobre a base de cálculo para apurar o valor de deter-
minado tributo.
Autorrecolhimento - É a modalidade de recolhimento do IRPF aplicável aos casos nos quais
não há previsão legal de retenção para a fonte pagadora .
Base de cálculo - Montante sobre o qual se aplica a alíquota para determinar o valor do
tributo devido.
Carnê-Leão - Recolhimento mensal obrigatório que a pessoa física residente no Brasil fica
sujeita ao receber rendimentos tributáveis de outra pessoa física ou do exterior, quando não tri-
butados na fonte no Brasil.
CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica é o “CPF” das empresas.
Come-cotas - É o imposto cobrado no último dia útil dos meses de maio e novembro para
os fundos de investimento sem prazo de carência, ou com prazo de carência superior a 90 dias.
Simula-se o resgate do fundo para apurar o rendimento obtido no período. O imposto é pago
reduzindo a quantidade de cotas do investidor.
Compensação de Perdas - A legislação tributária também prevê que perdas auferidas em
resgatas de fundos poderão ser compensadas de ganhos futuros, sob certas condições. Perdas de
renda variável também são passiveis de compensação na declaração de IR.
Comprovante ou Informe de Rendimento - Documentos que empresas, bancos e fontes
pagadores em geral fornecem com a descrição de valores recebidos e rendimentos do cidadão
durante o ano-calendário, bem como outras informações relevantes (ex. contribuições previden-
ciárias, retenções na fonte, etc.).
Comunicação de Saída Definitiva do País - Comunicação que a pessoa faz ao se retirar

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do Brasil em caráter definitivo ou passar à condição de não-residente no Brasil, quando houver


saído do território nacional em caráter temporário e permanecer no exterior por período supe-
rior a 12 meses.
Contribuinte - É o sujeito passivo de uma obrigação tributária. Toda pessoa – física ou jurídica
– que paga tributo (sentido genérico) aos cofres públicos, quer seja da União, dos Estados, dos
Municípios e/ou do Distrito Federal. O Código Tributário Nacional, em seu Art. 121, parágrafo
único, I, conceitua como contribuinte o “sujeito passivo da obrigação principal ... quando tenha
relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador”.
DARF - Documento de Arrecadação de Receitas Federais utilizado por pessoa física e jurídica
para pagamentos de impostos, contribuições e taxas no âmbito federal.
Day Trade - É a operação ou a conjugação de operações iniciadas e encerradas em um mesmo
dia, com o mesmo ativo, em uma mesma instituição intermediadora, em que a quantidade nego-
ciada tenha sido liquidada, total ou parcialmente (compra e venda no mesmo dia).
Declaração retificadora - É a opção que o contribuinte tem de corrigir a declaração primeira-
mente entregue. O prazo para a retificação da declaração de rendimentos termina em cinco anos.
Deduções - Gastos devidamente comprovados que podem reduzir o valor do imposto a ser
pago ou elevar o valor da restituição.
Desconto simplificado - É o desconto de 20% sobre os rendimentos tributáveis que substitui
as deduções legais possíveis, respeitado o limite previsto nas normas do IRPF. Não precisa ser
comprovado.
Dívidas e ônus reais - São as dívidas e empréstimos tomados e/ou pagos pelo contribuinte.
Espólio - É o conjunto de bens e direitos e obrigações de um falecido. O programa utilizado
para fazer a declaração de espólio é o mesmo para a declaração de ajuste de Imposto de Renda.
FAPI - Fundo de Aposentadoria Programada Individual.
Fato Gerador - Evento previsto em lei cuja ocorrência material enseja a obrigatoriedade do
pagamento do tributo;
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Foi criado para proteger o trabalhador em
caso de demissão sem justa causa. Não é tributado, mas seu saque ou uso para a compra de imóvel
deve ser declarado.
Fonte Pagadora - Pessoa física ou jurídica que efetuou o pagamento de rendimentos ao con-
tribuinte.
Ganho de Capital - Lucro obtido na alienação de um bem ou direito. Representado pela dife-
rença positiva entre o preço de venda e o preço de compra de um ativo.
Honorário - Valores recebidos por profissional liberal pela prestação de um serviço.
Imunidade tributária - é uma proteção que a Constituição Federal confere aos contribuintes.
É uma hipótese de não incidência tributária constitucionalmente qualificada.
ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. É um imposto municipal, de responsa-
bilidade do comprador, pago/recolhido por este nas transações imobiliárias.

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ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer bens ou direitos.
É um imposto estadual sobre a transmissão de herança e doações.
ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, também chamado de Imposto Territorial
Rural. Equivalente ao IPTU (municipal), pagam-no os proprietários dos imóveis territoriais rurais.
Juros de mora - São devidos pelo atraso no cumprimento de obrigação tributária.
Livro caixa - É o livro no qual são relacionadas, mensalmente, as receitas e despesas relativas à
prestação de serviços sem vínculo empregatício. Está dispensado o seu registro na Receita Federal
ou em cartórios. As despesas permitidas para dedução variam conforme o tipo de atividade.
Malha - Revisão da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física
pela qual são efetuadas verificações nos dados informados pelo contribuinte.
Multa de mora - Penalidade aplicada quando o pagamento da contribuição ou do tributo não
acontece no prazo previsto em lei.
Pensão alimentícia - valor estipulado por decisão judicial ou acordo judicial ou escritura pú-
blica para a manutenção de familiares (ex. filhos após o divórcio dos pais).
Permuta - É a troca de bens, podendo ser de diferente espécie, entre os contribuintes. Se a
permuta gerar vantagem financeira para uma das partes, o beneficiado terá que pagar imposto.
Pró-labore - É a remuneração (salário) paga aos sócios de empresas.
Proventos de qualquer natureza - quaisquer acréscimos patrimoniais não compreendidos no
conceito de renda. Ex.: prêmios de loteria, doações, heranças, aposentadoria.
Receitas isentas - São os rendimentos não tributáveis, que precisam ser declarados, mas não
modificam o imposto do contribuinte (poupança, férias, FGTS, bolsa de estudos, entre outros).
Recibo da declaração - É o comprovante do envio da declaração do Imposto de Renda à
Receita Federal. Este documento deve ser guardado pelo contribuinte.
Renda - Entende-se como renda o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos.
Rendimentos tributáveis - Rendimentos sobre os quais incide o Imposto sobre a Renda da
Pessoa Física.
Rendimentos tributáveis na fonte - Rendimentos sujeitos à retenção do Imposto sobre a
Renda da Pessoa Física pela fonte pagadora, quando do pagamento, emprego, entrega, ou crédito
do rendimento.
Residentes e Não-Residentes Fiscais - residente fiscal é aquele que vive em caráter perma-
nente no Brasil. O não-residente é aquele que deixou o Brasil em caráter definitivo, ou deixou o
Brasil em caráter temporário e permaneceu no exterior por período superior a 12 meses.
Restituição - É o ressarcimento pela Receita Federal de tributos pagos indevidamente . Só
tem direito de receber a restituição do Imposto de Renda quem comprovar o recolhimento do
pagamento do valor requerido.
Retenção na fonte - A retenção na fonte é uma forma de responsabilidade tributária de ter-
ceiros prevista na lei, pela qual a fonte pagadora passa a ter a obrigação de reter do contribuinte,

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por ocasião do pagamento de determinado valor, uma parcela de tributo a ser antecipado aos
cofres públicos. A obrigatoriedade de retenção na fonte recai, no caso do IRPF, sobre as pessoas
jurídicas que pagarem ou creditarem valores em favor de pessoas físicas.
Royalties - termo utilizado para designar a importância paga ao detentor ou proprietário ou
um território, recurso natural, produto, marca, patente de produto, processo de produção, ou obra
original, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou comercialização do referido produto ou
tecnologia. Os detentores ou proprietários recebem porcentagens geralmente prefixadas das ven-
das finais ou dos lucros obtidos por aquele que extrai o recurso natural, ou fabrica e comercializa
um produto ou tecnologia.
Sonegação - Ato ou efeito de sonegar, deixar de informar tributo devido ou declará-lo de
forma parcial, alterar documentos e notas fiscais, visando reduzir o pagamento de impostos. Tam-
bém chamado de evasão fiscal.
Sujeito ativo - Ente público competente ao qual o tributo é destinado. Em outras palavras, o
sujeito ativo é o credor do tributo dentro da obrigação tributária.
Sujeito passivo - É o contribuinte ou o responsável a quem compete pagar o tributo, em
função de sua vinculação com a ocorrência do fato gerador. O sujeito passivo corresponde ao
devedor da obrigação tributária
Tributação exclusiva - Ver: Rendimentos tributáveis na fonte.

BIBLIOGRAFIA

SHINGAKI, Mario. Gestão de Impostos: para pessoa física e jurídica. Saint Paul, São Paulo.
2002.

SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Manual do Imposto sobre a Renda


Retido na Fonte – Mafon. Disponível em:
http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-demonstrativos/dirf-de-
claracao-do-imposto-de-renda-retido-na-fonte/manual-do-imposto-de-renda-retido-na-fonte-
-mafon. Acesso em: jan. /2018.

ANBIMA. Instrução Normativa nº 1.585/2015. Tributação de Ativos e Operações Finan-


ceiras – IR e IOF. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.
action?idAto=67494&visao=anotado acesso em: jan. /2018.

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ANOTAÇÕES

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