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MÓDULO I – EXAME CFP®

Planejamento Financeiro

DICAS PARA O EXAME

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Esse capítulo representa dois tópicos de noções de contabilidade e de


muito relevantes do Módulo 1: estratégias de alavancagem utilizando
Planejamento Financeiro e Gestão recursos de terceiros. Ainda na segunda
Financeira. Na primeira parte, foque seus parte, leia com atenção as modalidades
estudos na compreensão dos seis passos de crédito para pessoa física,
do planejamento financeiro e leia com especialmente em quais situações são
atenção os detalhes de cada passo. Já na recomendados. Esteja preparado para
segunda parte, os estudos devem enfrentar muitas questões desse capítulo
proporcionar maior compreensão acerca no exame!
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1. O Processo de Planejamento Financeiro do Profissional CFP

1.1. Propósito, benefícios e componentes do processo de planejamento financeiro.

O planejamento financeiro pessoal permite que o investidor otimize seus recursos para alcançar
quaisquer objetivos de curto, médio e longo prazo, deixando-o apto a aproveitar as
oportunidades que surjam e a contornar eventuais dificuldades. Se for suficientemente preciso e
bem elaborado, ele pode proporcionar uma vida financeira pessoal saudável e equilibrada,
ponderando as conquistas de metas de curto e médio prazo com a necessidade de poupar
recursos para o futuro.

O planejamento financeiro independe de renda, isto é, pode ser elaborado por pessoas e famílias
com rendas de centenas ou milhões de reais por mês. Apesar da importância de um
planejamento financeiro em países com alto grau de incertezas econômicas, entre eles o Brasil, o
planejamento financeiro não é um hábito comum em nosso país. Este fator agrava ainda mais a
situação financeira de indivíduos despreparados para lidar com tais incertezas e riscos.

1.2. Etapas do processo de planejamento financeiro.

O processo de planejamento financeiro pode ser segmentado em 6 etapas:

1. Definir e estabelecer o relacionamento com o cliente


Definir o escopo dos serviços - O planejador financeiro e o cliente devem definir juntos o escopo
do compromisso antes que qualquer serviço de planejamento financeiro seja desenvolvido. Os
detalhes sobre as responsabilidades de cada um, a duração dos serviços, a compensação e os
conflitos de interesses devem ser acordados nessa etapa e, de preferência, documentados por
escrito e assinados por ambas as partes.

2. Coletar informações necessárias para elaborar um plano financeiro e que permitam


uma visão completa do cliente
O planejador financeiro deve identificar os objetivos, necessidades e prioridades pessoais e
financeiras do cliente que são relevantes à prestação de serviços. Ele também deve obter
informações quantitativas e documentos suficientes sobre o cliente. Todas essas ações devem ser
realizadas antes de fazer e/ou executar qualquer recomendação.

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3. Analisar e avaliar a situação financeira do cliente
O planejador financeiro deve analisar as informações para compreender a situação financeira do
cliente para, então, poder avaliar até que ponto os objetivos, necessidades e prioridades do
cliente podem ser alcançados com seus recursos atuais.

4. Desenvolver as recomendações de planejamento financeiro e apresentá-las ao


cliente
A partir da análise e avaliação da situação financeira do cliente, o planejador financeiro deve
então considerar várias alternativas relevantes com vistas a elaborar um plano de ação ao cliente
para que seja possível atingir os objetivos desse cliente.

Com isso, o profissional conseguirá apresentar esse plano de ação, devendo comunicar tais
recomendações de uma maneira que permita que o cliente tome uma decisão bem informado.

5. Implementar as recomendações do planejamento financeiro


Após o desenvolvimento e apresentação do plano financeiro, deve-se acordar as
responsabilidades da implementação e identificar e selecionar produtos e serviços.

6. Monitorar a situação do cliente


Uma vez que o planejamento financeiro tenha se tornado realidade, ou seja, os produtos e
serviços foram contratados, assim como outras decisões foram tomadas (por exemplo, um ajuste
no orçamento doméstico), a situação do cliente deve ser monitorada periodicamente. Essa etapa
é de fundamental importância, uma vez que planejamentos financeiros tendem a envolver prazos
relativamente longos e, por conta disso, é de se esperar mudanças de várias ordens (desde
objetivos e condições do cliente, até mesmo questões macroeconômicas) cujos impactos sobre o
plano devem ser frequentemente avaliados.

Veremos na sequência essas 6 etapas de forma mais detalhada.

1.2.1. Definir e estabelecer o relacionamento com o cliente.

1.2.1.1. Informar o cliente sobre o processo de planejamento financeiro e sobre as


competências do planejador financeiro.

A relação entre o profissional e seu cliente deve ser pautada, acima de tudo, pela transparência
das informações e dos processos, o que naturalmente contribuirá para construção de uma relação
de confiança.

O processo de planejamento financeiro envolve a análise de todos os aspectos relevantes da


situação do cliente em uma ampla gama de atividades de planejamento financeiro, incluindo
inter-relações entre objetivos, que podem ser inclusive conflitantes. Portanto, é fundamental que
o profissional informe o cliente de forma detalhada e objetiva a respeito do processo de
planejamento financeiro que será colocado em prática no atendimento a esse cliente.

Também visando à construção de um relacionamento de confiança, recomenda-se que o


profissional informe a seu cliente sobre as Competências do Planejador Financeiro: Capacidades,
Habilidades Profissionais e Conhecimento necessários para prestação de um serviço competente.

Veremos mais abaixo, no ponto 8.1, o perfil de competências do Planejador Financeiro em


detalhes.

1.2.1.2. Determinar se o planejador financeiro profissional pode satisfazer as necessidades do


cliente.

O planejador financeiro é um profissional capacitado e experiente, cuja função principal é orientar


com coerência, ética e responsabilidade pessoas físicas no sentido da condução de suas finanças
pessoais. Deve ser dotado de multi-especialidades, com uma visão estratégica e um grande
conhecimento em administração de recursos e carteiras, investimentos imobiliários, operações de
crédito, previdência e planejamento sucessório e fiscal em âmbito nacional e internacional. Deve

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também ter experiência, ética e educação e estar em constante aperfeiçoamento, proporcionando
com isto uma prestação de serviço idônea e profissional.

Sua qualificação o permite auxiliar na definição, implementação, acompanhamento e adaptações


de um plano financeiro individual ou familiar. O profissional deverá obedecer a um roteiro pré-
determinado, que o auxiliará na prestação de seus serviços, como veremos adiante.

Porém, ele deve ter discernimento suficiente para avaliar se é competente para satisfazer as
necessidades do cliente. Nesse sentido, ele deve agir de acordo com o Princípio da Competência,
que afirma que o profissional deve atingir e manter um nível adequado de habilidades,
capacidades e conhecimentos para o fornecimento de serviços profissionais de planejamento
financeiro pessoal.

Espera-se sabedoria e maturidade do profissional para conhecer as suas limitações e as situações


em que a consulta a, ou o encaminhamento para, outros profissionais for apropriada. Exige-se
um comprometimento com sua educação continuada e aperfeiçoamento profissional. Falaremos
sobre competências do Planejador Financeiro tanto no Perfil de Competências (item 8.1) como na
parte do Código de Ética (item 7.1), especificamente sobre o Princípio da Competência.

1.2.1.3. Definir o escopo do relacionamento.

O planejador financeiro e o cliente devem definir juntos o escopo do compromisso antes que
qualquer serviço de planejamento financeiro seja desenvolvido. Os detalhes sobre as
responsabilidades de cada um, a duração dos serviços, a compensação e os conflitos de
interesses devem ser documentados por escrito e assinados por ambas as partes.

1.2.1.4. Definir a forma de remuneração do planejador financeiro.

Existem diversos tipos de remuneração que podem ser cobradas pelos provedores e planejadores
financeiros:
1. Tarifas/ Mensalidades: são as tarifas de manutenção cobradas, por exemplo, por bancos
comerciais ou múltiplos para manutenção de conta corrente ou mensalidade cobradas, por
exemplo, por um escritório de contabilidade.
2. Taxa de administração: é a taxa que a instituição cobra de cada cliente pelo serviço de
gestão e administração da carteira. Seu valor varia muito de uma instituição para outra, daí a
importância de o investidor pesquisar antes de investir seu dinheiro. São cobradas por:
Divisões de private banking, Consultorias independentes, Assets, Family offices.
3. Taxa de performance: é a taxa que a instituição cobra do cliente quando sua rentabilidade
supera um número previamente definido. Sua cobrança recai apenas sobre o rendimento
excedente. São cobradas por: consultorias independentes, Assets, etc.
4. Comissões: encargo gerado pelo ato de compra ou venda do produto. São cobradas por:
instituições financeiras em geral, escritórios de representação de instituições internacionais,
corretoras de seguros.
5. Despesas: dependendo do que for estabelecido, algumas despesas podem ser cobradas do
investidor, penalizando o rendimento da carteira. Por exemplo: despesas com
correspondência, despesas de custódia, honorários de auditores independentes e despesas
com cartório. São cobradas por: consultorias independentes, escritórios de representação de
instituições internacionais, family offices, asset management (ainda que não claramente, pois
é debitado do valor da cota do fundo de investimento) e escritórios de advocacia e
contabilidade.

Especificamente com relação às formas de compensação entre o cliente e o planejador


financeiro, destacam-se:
• Tarifas/mensalidades: refere-se ao serviço de consultoria prestado pelo planejador,
calculado geralmente com base em horas trabalhadas. Esse formato de compensação
independe do volume investido e/ou administrado pelo profissional.
• Taxas de administração: o planejador pode ser remunerado por meio de rebate de taxa de
administração cobrada por determinado fundo de investimento em que seu cliente investiu
recursos.

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• Comissões: o profissional de planejamento financeiro pode eventualmente intermediar a
venda de produtos e serviços a seus clientes, tais como Planos de Previdência e Seguros, e
portanto, receber comissões por isso.
• Taxas de performance: a compensação do profissional pode envolver também taxas de
performance, que seriam devidas em função da superação de algum resultado previamente
estabelecido. Exemplo disso seria uma remuneração a que o profissional teria direito caso um
determinado investimento que foi sugerido por ele ao cliente supere certo parâmetro
(benchmark).
• Composição das anteriores: é possível ao planejador oferecer uma combinação de duas ou
mais formas de cobrança. Por exemplo, se um planejador cobrar R$ 2 mil mensais por seu
trabalho, ele poderia cobrar, pela tarifa, a diferença entre o valor acordado e o rebate que
receber do fundo de investimento em que o cliente investir o dinheiro.

Vale citar que, exceto a cobrança de tarifas/mensalidades, todas as formas de remuneração


citadas acima implicam algum conflito de interesse e, como será explorado na seção de Ética
dessa apostila, o planejador deverá revelar esse conflito ao cliente e registrá-lo em um
documento escrito e assinado pelo cliente e por ele mesmo.

1.2.1.5. Responsabilidades do planejador financeiro, do cliente e de outros assessores.

Na elaboração de um plano financeiro, o profissional e o cliente possuem as seguintes


responsabilidades:

Responsabilidades do Planejador:
• Colocar os interesses do cliente sempre à frente dos seus (dever fiduciário);
• Ser independente e objetivo;
• Ser um bom ouvinte e fazer uma investigação profunda para conhecer o cliente;
• Fazer análises e estudos minuciosos antes de qualquer representação, recomendação ou ação
de investimento;
• Verificar se as aplicações são recomendáveis e apropriadas ao perfil do cliente;
• Explicitar fatores relevantes em relação à carteira de investimentos, incluindo a distinção do
que é opinião e o que é fato;
• Educar, explicar e explicitar formalmente as características básicas das aplicações, incluindo
riscos (disclosures);
• Respeitar a confidencialidade do cliente;
• Ser claro e informar a real capacidade da empresa e de si próprio em prestar serviços e
outras qualificações (“não prometer o que não pode entregar”);
• Informar qualquer conflito de interesse que possa ter com o cliente;
• Informar o cliente sobre taxas e comissões;
• Realocar a carteira quando necessário, observando benefícios e custos de tal
rebalanceamento;
• Monitorar constantemente os investimentos.

Para mais informações a esse respeito, consulte a seção de Ética desse material.

Responsabilidades do Cliente:
• Ser claro e honesto em relação à sua situação econômica e patrimonial, incluindo origens de
recursos, experiência financeira e conhecimento de produtos;
• Cumprir todas as demandas tributárias;
• Ser honesto na relação com a instituição financeira e consultor;
• Explicitar dúvidas ao consultor;
• Tentar seguir e respeitar o plano traçado (ajustes de gastos e despesas) e os objetivos de
investimentos;
• Entender limitações de investimentos e sua situação financeira e econômica.

Assim como dificilmente uma empresa pode crescer no longo prazo se não tiver um foco ou
objetivo, o indivíduo também precisa saber antecipadamente as metas que pretende atingir. Isto
não quer dizer que, depois de definidas, elas não sofram alterações. Faz parte do planejamento
realizar reuniões periódicas, pelo menos anualmente, de modo a confirmar se certos

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investimentos e gastos são realmente necessários, ou se deveriam ser eliminados, assim como
para redefinir objetivos de curto, médio e longo prazos.

1.2.2. Coletar informações necessárias para elaborar um plano financeiro e que


permitam uma visão completa do cliente: gestão financeira, ativos e
investimentos, seguros, aposentadoria, fiscal e sucessória.

1.2.2.1. Identificar os objetivos pessoais e financeiros do cliente, suas necessidades e


prioridades.

Uma vez que o cliente defina quais são os seus objetivos de curto e longo prazo, é importante
distinguir quais são objetivos prioritários (educação dos filhos, aluguel, despesas mensais, plano
de aposentadoria, etc.) e quais são secundários (desejos de viagens, casa de praia, etc.).

Os objetivos, assim como as necessidades e prioridades do cliente, são pontos de extrema


relevância no planejamento financeiro. Isso porque o plano financeiro visa justamente a
desenvolver alternativas para que o cliente atinja seus objetivos, levando em consideração as
necessidades e prioridades desse cliente.

1.2.2.2. Coletar informações quantitativas e documentos.

Na elaboração do perfil do cliente, o planejador financeiro pode-se valer de questionários e


entrevistas de avaliação com o cliente. Dados como a idade, profissão, tipo de atividade
econômica, estado civil, número de dependentes, faixa de renda e tamanho de patrimônio, entre
outras, são importantes para avaliar o perfil do cliente. As origens dos recursos também são
requeridas.

Os questionários trabalham com perguntas em geral fechadas, com objetivo de localizar e


situar o cliente numa faixa ou classificação específica e muitas vezes para conferência de dados.
Verifica-se, por exemplo, se a idade, renda e patrimônio são compatíveis.

Já as entrevistas possuem perguntas mais abertas, possibilitando ao planejador uma avaliação


global e mais qualitativa da situação, com obtenção de opiniões, reações e pontos de vista do
cliente. Assuntos como padrão de vida, desejos, receitas e despesas, e outras limitações são mais
bem ilustradas nessas entrevistas. Muitas vezes, diversas entrevistas são realizadas.

É usual, após essas entrevistas, o planejador desenvolver um relatório detalhado sobre esses
contatos com o cliente para a instituição financeira, que pode requerer mais informações.

O planejador e a instituição financeira usam os dados coletados para definir a situação específica
do cliente e iniciar as análises com vistas à elaboração do planejamento financeiro.

1.2.2.3. Coletar informações qualitativas (perfil psicológico, disposição a assumir riscos e


propensões). Restrições específicas.

Assim como informações quantitativas são bastante relevantes, principalmente para cálculos do
planejamento financeiro, informações qualitativas do cliente também têm grande importância.
Essas últimas devem ser consideradas para que o profissional consiga apresentar alternativas de
planejamento financeiro que sejam viáveis não somente do ponto de vista numérico, mas
também da realidade e de questões pessoais do cliente.

Com essas informações mais qualitativas, o planejador financeiro pode entender melhor o perfil
do cliente (situational profiling). Este processo envolve a classificação do cliente de acordo
com ciclo de vida e circunstâncias econômicas, levando em consideração as características
específicas (qualitativas) de cada indivíduo.

Situational profiling deve ser apenas o passo inicial para entendimento das preferências,
situação econômica, objetivos e desejos. Outro ponto de investigação para se obter informações

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sobre o cliente é a análise de sua atividade, profissão e a origem de seus recursos, uma vez que
podem se mostrar reveladoras do modo de agir e pensar de um investidor.

A experiência passada com investimentos tem grande influência na seleção de ativos, cabendo ao
gestor estabelecer um processo educacional das opções de aplicação disponíveis.

Os pontos iniciais para definição de perfil do cliente são a origem dos recursos, a medida de
riqueza e o ciclo de vida.

1) Origem de recursos: como e quando tais recursos foram obtidos.


• Riqueza criada por atividades empreendedoras: A riqueza criada por atividades
empreendedoras geralmente foi ativamente criada e provavelmente indica que o investidor
tem conhecimento e experiência com decisões de risco. Provavelmente, um investidor de
sucesso está acostumado a tomar decisões de riscos e, portanto está mais disposto a correr
riscos nas suas decisões de investimento. Entretanto, é necessário avaliar se esse investidor
tem capacidade financeira para correr determinado nível de risco. Como resultado, uma
análise completa da capacidade do cliente de assumir riscos pode ser necessária para
designar um nível apropriado de tolerância de risco.
• Riqueza obtida através de herança, evento único e poupança acumulada durante um
longo período de trabalho: pode indicar que são pessoas menos familiarizadas com
atividades de risco e, por isso, mais conservadoras. Apesar de muitas vezes possuírem
capacidade econômica para lidar com situações de incertezas, é necessário um processo
educacional sobre conceitos de carteiras, e o equilíbrio entre retorno e risco para que possa
combinar apropriadamente a capacidade com a disposição de assumir risco.

2) Medida de Riqueza:
A chave para medir riqueza é não considerar o tamanho absoluto da carteira, mas sim a
percepção que um indivíduo tem em relação ao seu nível de riqueza. Geralmente existe
uma correlação positiva entre a percepção do tamanho da carteira e o nível de
tolerância de risco. Se um investidor percebe sua carteira como pequena, provavelmente
exibirá um nível mais baixo de tolerância ao risco.

Um fator adicional sobre a medida de riqueza é seu tamanho relativo aos gastos
requeridos pelo estilo de vida do investidor. Se a carteira gera uma quantidade de fundos
considerável em relação aos fundos necessários para manter seu estilo de vida, um nível de
risco maior pode ser tolerado.

3) Ciclo de vida: Em geral, uma relação inversa existe entre idade e tolerância ao risco.
Geralmente, uma relação inversa existe entre idade e tolerância ao risco do investidor. Há três
fases no ciclo de vida, conforme abaixo:
• Fase de Fundação da Riqueza- os indivíduos procuram acumular riquezas através de
trabalho e poupança, buscando educação ou começando um negócio. O longo prazo de
investimento permite que incorram alto risco. Porém, nesta fase geralmente não possuem
muitos fundos para investir. Os que herdam riquezas nesta fase já podem arriscar mais. As
circunstancias especificas de cada investidor determinará suas decisões
• Fase de Acumulação de Capital: os investidores em início de carreira profissional, ou com
novas famílias, têm maiores oportunidades de se recuperarem de eventuais movimentos
adversos do mercado. Os investidores mais jovens geralmente podem tolerar mais riscos e,
com isso, possuir carteiras com características mais agressivas, visando ao crescimento de
longo prazo, levando em conta suas baixas necessidades de liquidez.
• Fase de Conservação ou Proteção de Capital: os investidores de meia-idade ainda
dispõem de um horizonte de tempo relativamente longo. Podem tolerar risco, entretanto suas
carteiras de investimento devem ser mais conservadoras, especialmente quando a
aposentadoria se aproxima. Suas carteiras devem apresentar algumas aplicações voltadas à
geração de renda e caixa para a aposentadoria. Tais investidores geralmente possuem uma
necessidade de liquidez mais imediata, comparada à fase de acumulação de capital, mas não
têm tantas restrições quanto os investidores que já estão na fase de distribuição/transferência
de capital.
• Fase de Distribuição/Transferência de Capital: os investidores próximos da
aposentadoria podem não ser capazes de depender em uma fonte segura de renda (salário)
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para compensar uma queda de valor da carteira, apresentando assim mais baixa tolerância ao
risco. As carteiras possuem instrumentos de caixa e geração de renda, em detrimento de
ativos de crescimento. Geralmente, os indivíduos mais velhos possuem carteiras maiores, em
termos de ativos, que os mais novos devido à acumulação de capital durante os anos de
trabalho. Se uma pessoa aposentada possuir uma carteira “grande” ou uma renda de
aposentadoria superior ao nível de gastos e às necessidades de caixa, uma diferente avaliação
pode ocorrer do descrito acima.

A classificação de estágio de vida assume que o horizonte de investimento do indivíduo é uma


das principais determinantes de uma política de investimento apropriada. A especificação dos
estágios é arbitrária. Por exemplo, podemos classificar os estágios do indivíduo como jovem,
meia idade e idoso.
• Jovem – no começo da carreira e tipicamente tem membros da família que dependem do
suporte financeiro do indivíduo.
• Meia Idade – tipicamente desfrutando seus anos mais lucrativos, chegando perto da
aposentadoria (assuma aproximadamente 20 anos ou menos no futuro), e não tem
dependentes exceto seu cônjuge.
• Idoso – emprego de renda baixa ou nula, aposentado de sua profissão primária, e não tem
dependentes exceto seu cônjuge.

1.2.2.4. Planejamento financeiro de situações especiais: divórcio, invalidez, doença terminal,


filhos com necessidades especiais.

No planejamento financeiro de um indivíduo, diversas situações específicas devem ser


observadas, entre elas:

• O ciclo de vida é acompanhado de gastos específicos ligados a pessoas e dependentes


associados ao investidor.

• Despesas com educação (universidade) são consideradas nos planos, e muitas vezes são
significativas no orçamento familiar e na necessidade de geração de renda por parte da
carteira de investimentos.

• Situações de morte por parte do investidor ou pessoas ligadas a ele. Quanto maior o número
de dependentes, maiores serão os gastos e as incertezas.

• Estado de saúde do investidor e seus dependentes. É importante a análise de custos


significativos com saúde (tratamentos, mão-de-obra de enfermeiras, etc.).

• Processos de separação também acarretam mudanças. Se apenas um dos cônjuges


trabalha, a necessidade de manutenção de dois lares eleva consideravelmente os gastos e
acarreta, muitas vezes, o sacrifício de investimentos e mudança de objetivos.

• O mesmo ocorre com o processo de divisão de bens. Novos planos de investimentos devem
ser traçados, assim como adequados os objetivos.

• O regime matrimonial (participação final nos aquestos, separação parcial, total ou


comunhão de bens 1 ) deve ser discutido na primeira reunião com o investidor e ser
mencionado formalmente no plano de investimentos.

1.2.3. Analisar e avaliar a situação financeira do cliente.

1.2.3.1. Analisar as informações do cliente e determinar sua capacidade de correr riscos.

O situational profiling também permitirá ao planejador financeiro avaliar a disposição do


cliente para assumir riscos, uma medida subjetiva e geralmente relacionada ao perfil
psicológico do investidor.

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Veja em maiores detalhes regimes matrimoniais no Módulo 3 desse material.
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Não existe uma regra geral e rápida para julgar a disposição para assumir riscos, mas procure
declarações explícitas ou evidências no comportamento do investidor. Por exemplo, se ele se
mostrar incomodado com momentos pontuais de volatilidade mais acentuada no mercado,
provavelmente ele terá baixa disposição a assumir riscos, assim como investidores que afirmam
não se sentirem seguros para realizar aplicações em ativos mais arrojados, como de renda
variável. Abaixo seguem algumas análises que o profissional pode realizar para compreender
melhor a disposição para assumir riscos de seu cliente:

• Se a visão do cliente não é consistente com sua situação financeira, é importante


apresentar essa discrepância ao cliente (ex. pessoa jovem quer investir 100% do capital na
caderneta de poupança ou investidor com poucos recursos e grande comprometimento do
orçamento doméstico para pagamento de despesas correntes que deseja concentrar grande
parte da carteira em ativos de renda variável).
• O horizonte de tempo é um fator importante para determinar a capacidade do indivíduo de
tolerar risco – quanto maior o período de tempo, geralmente, mais tolerante ao risco é o
indivíduo.

Além da disposição para assumir riscos, o planejador financeiro deve identificar a


capacidade do cliente para assumir riscos, pois ambos aspectos influenciam na tolerância ao
risco do cliente. A capacidade de aceitar risco pode ser mais fácil de ser quantificada devido à
conexão entre os objetivos e limite de tempo para alcançá-los.

Em linhas gerais, esse conceito está mais associado a fatores econômicos e financeiros do cliente,
tais como: patrimônio atual e renda comparada com os gastos, prazo e importância de objetivos,
volatilidade máxima que a carteira do investidor pode possuir, de forma que movimentos
abruptos e negativos não prejudiquem a situação financeira do cliente como um todo, ou pelo
menos não de forma significativa.

Para medir a capacidade de assumir risco do investidor, determine:


• Os objetivos de curto e longo prazo do investidor. Um dos fatores que diferenciam
investidores individuais de institucionais é o horizonte de tempo dos investimentos. Os
investidores institucionais podem ter vida infinita, mas indivíduos não. Os objetivos de um
indivíduo são fundamentais para a determinação da sua capacidade de assumir riscos. A
capacidade para assumir riscos é determinada pelo horizonte de tempo do indivíduo, o
tamanho de sua carteira e renda requerida pelos seus objetivos. Geralmente, se os
objetivos de investimento são pequenos em relação ao tamanho da carteira e o período de
tempo é longo, o investidor tem uma capacidade maior de assumir riscos. Se os
objetivos são grandes em relação à carteira e o horizonte de tempo é curto, a capacidade de
recuperação de um desempenho desfavorável da carteira é reduzida, portanto a capacidade
de assumir riscos será também reduzida.
• A importância dos objetivos do investidor (quais são as consequências se os objetivos
não forem alcançados?). Os objetivos relacionados à segurança financeira, manutenção do
estilo de vida atual e sustento da família são geralmente classificados como críticos. Os
objetivos relacionados à obtenção de itens de luxo, construção de casas de veraneio ou gastos
com férias extensas são importantes, mas são geralmente secundários à manutenção do
estilo de vida atual do investidor. Portanto, a consideração de risco leva muito mais em conta
o alcance de objetivos críticos do que os secundários. O gestor e o investidor devem focar nos
objetivos secundários apenas depois de desenvolverem uma estratégia para alcançar os
objetivos críticos.
• A quantidade de volatilidade que a carteira pode ter antes dos objetivos principais serem
alcançados. Se o retorno esperado da carteira se tornar muito alto ao ponto que se torne
arriscada demais, os objetivos devem ser reavaliados. O ponto crucial é que os objetivos
financeiros sejam realísticos para o tamanho atual da carteira e para a capacidade do
investidor de fazer futuras contribuições para a carteira.

A tolerância a riscos pode então ser entendida como a composição da Capacidade do cliente
para assumir riscos com a Disposição desse indivíduo para assumir determinados riscos.

Como exemplos de situações referentes à tolerância a risco (agregando tanto capacidade como
disposição), podemos exemplificar:
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Baixa tolerância a risco Alta tolerância a risco
Metas em curto prazo Metas em longo prazo
Necessidade de liquidez de curto prazo Reserva suficiente para casos de emergência
Proximidade de aposentadoria Carreira em crescimento / início de carreira
Grande parte da renda destinada a
pagamentos de despesas e compromissos Menor comprometimento da renda
financeiros
Alterações no mercado causam ansiedade e
Tranquilidade frente às mudanças no mercado
desconforto

IMPORTANTE: Se houver um conflito entre a capacidade e a disposição de assumir risco,


honre a disposição do cliente se ela for menor ou igual à capacidade de correr risco. Se a
disposição for maior que a capacidade, honre a capacidade e sugira a educação ao
investidor para reconciliar a diferença.

Para o exame: esteja preparado para responder a perguntas sobre a carteira mais apropriada
para um investidor cujas características serão descritas. Como se trata muitas vezes de uma
questão relativamente subjetiva, uma vez que não há consenso sobre percentuais de alocação de
ativos e perfis de investimento (por exemplo, 50% em ações pode ser considerado moderado ou
agressivo?), procure ler com calma e bastante atenção à descrição do investidor e busque nas
alternativas a carteira que melhor se adapta a tais características.

1.2.3.2. Avaliar os objetivos, necessidades e prioridades do cliente. Avaliar compatibilidade


entre objetivos x riscos x situação patrimonial.

Após coletar as informações quanti e qualitativas, assim como sobre os objetivos, restrições e
circunstâncias específicas do cliente, o planejador financeiro deve então realizar análises para
avaliar se tais objetivos são compatíveis com os riscos que o cliente deseja assumir, assim como
com relação à situação patrimonial desse cliente.

Veja esse exemplo a seguir para compreender melhor essa avaliação da compatibilidade entre
objetivos, riscos e a situação patrimonial do cliente.

Um cliente, com 30 anos de idade e que possui atualmente R$ 100 mil para investir, procura um
planejador financeiro. O principal objetivo desse cliente é se aposentar aos 60 anos, com uma
renda de R$ 20 mil/mensais a valores de hoje, a ser usufruída por 40 anos (portanto, até que
esse cliente complete 100 anos).

Após analisar as informações, o profissional constatou o seguinte sobre esse cliente:


- Baixa tolerância a risco;
- Capacidade mensal de poupança: R$ 5 mil/mês;
- Único patrimônio: R$ 100 mil em liquidez
- Sem dívidas ou outros passivos.

O planejador faz alguns cálculos 2 e conclui que, para atingir esse objetivo, o cliente deveria
aplicar cerca de R$ 9 mil mensais durante os próximos 30 anos para poder atingir o objetivo de
aposentadoria (considerando taxa de juros real líquida de 0,25% ao mês), valor que está acima
da capacidade de poupança mensal do cliente.

Diante disso, o planejador apresenta algumas opções ao cliente:

1) Assumindo a capacidade atual de poupança do cliente, assim como seus objetivos, o


planejador calcula que a carteira de investimentos do cliente deve render cerca de 0,50%
ao mês (em termos reais e líquidos). Adicionando inflação de 6% ao ano e Imposto de
Renda de 15% sobre os ganhos, isso representaria um objetivo de rentabilidade de cerca
de 15% ao ano. Para elaborar uma carteira que tenha esse objetivo de rentabilidade,
provavelmente será necessário assumir certos riscos, o que estaria em desacordo com a

2
Veja mais detalhes sobre cálculos na sessão 4 (Fundamentos de Finanças).
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percepção do planejador de que o cliente possui baixa tolerância a riscos. Contudo, ele
deve apresentar isso ao cliente, para que tenha ciência de que será necessário assumir
riscos provavelmente superiores ao tolerável.

2) Outra opção seria, por exemplo, sugerir ao cliente que se aposente um pouco mais tarde.
Se o cliente aceitar poupar até os 70 anos (portanto, por 40 anos) e usufruir da renda de
R$ 20 mil a valores atuais por 30 anos (dos 70 aos 100 anos de idade), assumindo as
demais premissas, ele atingiria o objetivo poupando cerca de R$ 4.800 por mês durante os
40 anos da fase de acumulação.

3) Outra análise seria demonstrar que, caso o cliente consiga aplicar R$ 5 mil mensais por 30
anos, à taxa de 0,25% ao mês (algo relativamente compatível com a baixa tolerância a
riscos), ele poderia desfrutar de renda mensal de apenas cerca de R$ 11 mil.

4) Por fim, o planejador financeiro poderia investigar o orçamento doméstico do cliente e


avaliar se não há possibilidades de maiores entradas e/ou menores saídas, de forma que o
cliente consiga poupar mensalmente os R$ 9 mil necessários para atingir seus objetivos.

1.2.3.3. Analisar o perfil do cliente (suitability): determinar o perfil de risco do cliente e suas
expectativas de retorno, horizonte de investimento e objetivos, para adequação da
carteira de investimentos.

O Profissional sempre deve fazer e/ou implementar recomendações adequadas (”suitability”) às


necessidades e perfil de risco de seu cliente. Este tópico é tratado no exemplo de política de
investimentos no próximo ponto.

1.2.3.4. Determinar uma política de investimentos (Investment Portfolio Statement-IPS) em


função de sua situação financeira, estágio de vida, perfil psicológico, objetivos e
restrições do cliente.

Uma política de investimento (Investment Portfolio Statement ou IPS) é, em termos gerais, o


documento que controla e guia o processo de decisões de investimento.

Algumas características de um IPS:

• Objetivos e restrições são considerados quando formulando decisões de investimento que


beneficiarão o cliente de um modo mais eficiente.
• O processo é dinâmico e permite mudanças de circunstâncias a serem incorporadas ao
processo de decisão de investimento.
• Uma Política de Investimento bem escrita representa os objetivos de longo prazo do
investidor.
• Mesmo que se tenham mudanças em condições ou de gestores de investimento, gestores
futuros devem ser capazes de tomar decisões conforme as metas e objetivos do indivíduo.

Planejadores financeiros que atuam como gestores também se beneficiam de uma Política de
Investimento porque ela serve como um documento que determina formalmente o entendimento
e acordo com os seus clientes.

• Se questões sobre as decisões de investimento específicas surgirem, a Política de


Investimento pode ser consultada para a clarificação da adequação de tais decisões.
• Como a política de investimento determina um processo de revisão, o documento deve
indicar, ou pelo menos fornecer, instrução para a resolução de disputas. O documento
identifica questões que poderiam eventualmente tornarem-se problemas.

O processo decisório e de avaliação de investimentos engloba variáveis fundamentalistas de


finanças, assim como fatores comportamentais como experiências pessoais, preferencias e
características individuais que a finança tradicional não capta. Outros fatores como nível de
riqueza, nível socioeconômico e outros também definem como investidores tomam decisões. Por
estas razões, o uso de questionários com questões não relacionadas aos investimentos acessam
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atitudes e decisões de investidores, categorizando-os em tipos de personalidades ou perfis
psicológicos amplos.

Estes questionários devem ser usados apenas como um primeiro passo. Seus resultados devem
ser usados como um ponto de partida na determinação dos objetivos e restrições do cliente. Ele
pode ajudar o consultor a antecipar preocupações do cliente, estruturar um plano de
investimentos em uma linguagem que o cliente entenda, e construir uma política de
investimentos relevante.

Os passos do processo de formulação de uma política de investimento são:

Etapa de planejamento

Nesta etapa, o planejador financeiro deverá:

1. Determinar e avaliar os objetivos de risco e retorno do cliente. O planejamento de expectativas


de retorno tem que ser feito de acordo com as discussões de tolerância ao risco.
2. Determinar as restrições/limites da carteira.
3. Definir a estratégia de investimento apropriada baseada na análise de objetivos, restrições e
expectativas de mercado.

Etapa de execução

Na fase de execução, o profissional deverá determinar a alocação adequada de ativos para


alcançar a meta de objetivos e restrições do investidor. Isso engloba a alocação de ativos e
seleção de papéis.

Etapa de realimentação

Ajustes periódicos são muito importantes na política de investimentos porque as circunstâncias do


investidor mudam com o tempo. O planejador deve fazer as modificações ou ajustes na carteira,
conforme necessário, para garantir a manutenção de objetivos e restrições originalmente
estabelecidos.

Devemos considerar o estágio de vida, fatores psicológicos, objetivos e restrições do cliente para
nos direcionarmos sobre qual a melhor postura de investimento e elaborarmos uma Política de
Investimentos (IPS – Investment Portfolio Statement).

Por exemplo, podemos definir a postura de investimento como agressiva (principalmente


investimentos em ações), moderada (uma alocação balanceada entre ações e títulos de renda
fixa), ou conservadora (todo ou quase todos os fundos alocados em títulos de renda fixa de
baixo risco).

Em linhas gerais, os investidores podem ser categorizados em quatro categorias de acordo com
seus comportamentos de investimentos. São eles:

Perfis Características
• Desejam alto grau de segurança e são avessos ao risco.
• Preferem investimentos com baixo risco.
• Não gostam de tomar suas próprias decisões de investimentos e podem
resistir ajuda profissional.
Cuidadosos • Podem perder boas oportunidades de investimentos por não conseguirem
tomar decisões.
• Tendem a fazer uma análise cuidadosa e demorada de suas aplicações.
Após decisões e seleções, suas carteiras apresentam baixo giro e
volatilidade.
• Pesquisam mercados, indústrias e empresas com potencial e utilizam
relatórios de analistas para pesquisa de investimentos.
Metódicos
• Não desenvolvem relação afetiva com seus investimentos (são racionais e
baseiam-se em fatos).
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• Tendem a ser conservadores.
• Buscam confirmação de suas decisões e continuam a pesquisar/ buscar
melhores informações.
• Fazem pesquisas e são confiantes em suas próprias habilidades.
• Questionam análises e recomendações profissionais.
Individualistas • Tomam decisões de investimento independentes.
• Tendem a ser menos conservadores que os metódicos.
• São confiantes e tomam suas próprias decisões.
• Tendem a ajustar suas carteiras com frequência com base nas condições
de mercado.
• Admitem falta de conhecimento em investimentos e tendem a questionar
conselhos profissionais.
• A procura constante por novidades juntamente com o acompanhamento
Espontâneos
próximo da gestão provocam um alto giro de suas carteiras (a mais alta
entre os perfis).
• A performance é prejudicada por taxas e custos de comissão associadas
aos constantes ajustes.
• Retorno, em detrimento do risco, é o foco do investidor.

Recomenda-se que o planejador financeiro consiga identificar algumas características e alguns


comportamentos para buscar enquadrar o cliente em alguma das classificações e, com isso,
poder assessorá-lo melhor.

A construção de um IPS envolve a distinção entre retorno requerido e desejado, algo que deve
ser discutido com o cliente. Também é importante definir se o retorno em questão é antes ou
após os impostos.

• Requisitos de retorno geralmente são determinados pelos objetivos de gastos e


crescimento da carteira do investidor.
• Retornos requeridos (Required Returns) são os necessários para alcançar os principais
objetivos financeiros de longo prazo do investidor, como despesas durante a aposentadoria,
gastos com faculdades de filhos, etc.
• Retornos desejados (Desired Returns) são associados aos objetivos e metas secundárias,
como casas de férias, viagens e coisas do gênero.

Os objetivos de retorno também podem ser classificados em:


• Absoluto: um valor definido (percentual) para a apreciação da carteira, considerando a
inflação e os impostos;
• Relativo: utilizar algum benchmark como referência como, por exemplo, o CDI ou Ibovespa.

As carteiras podem apresentar características específicas conforme os objetivos do cliente:


• Preservação de capital: o objetivo do cliente é preservar capital. Característica de clientes
com perfil conservador e/ou com necessidade de liquidez alta;
• Geração de renda: a carteira é exigida na geração de fluxos de caixas para manutenção de
dispêndios por parte do investidor;
• Crescimento: o objetivo prioritário é o crescimento real da carteira após inflação em
períodos de longo prazo (exemplo – valorização de ações);
• Especulativo: crescimento acelerado com alto risco.

Para se estabelecer objetivos de retorno na Política de Investimento é importante:

1) Basear-se nos fatos do caso.


2) Identificar todos os gastos correntes e futuros.
• Verificar necessidade de renda ou não antes da aposentadoria;
• Se o investidor irá depender dessa carteira para viver após a aposentadoria.
3) Avaliar o horizonte de tempo – quanto maior o período, maior deve ser a preocupação do
investidor com inflação e rendimento real, mas a tolerância ao risco geralmente cresce com o
período de tempo.

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4) Avaliar os requisitos de liquidez – lembre-se que os itens a serem incluídos dentro da seção
de liquidez na Política de Investimento (IPS) são gastos a serem arcados pela carteira, e não
pelo salário ou outra renda do investidor.
5) Calcular o retorno exigido para satisfazer as necessidades:
• Considerar inflação e impostos (especificar taxa nominal vs. real, antes ou após
impostos);
• Comparar retorno com risco permitido (capacidade e disposição).

A orientação dada pelo consultor financeiro é de grande importância na conexão dos objetivos do
investidor e sua carteira final.

Existem cinco principais restrições para a Política de Investimento (IPS) de


investidores individuais: (1) horizonte de tempo, (2) liquidez (3) aspectos legais e
regulamentação (4) impostos, e (5) circunstâncias únicas. Lembre-se do acrônimo
TULLI.

Horizonte

Os objetivos devem ser separados de acordo com o horizonte de tempo. Os horizontes de tempo
mais curtos que três anos são geralmente considerados como de curto prazo. Os mais longos que
dez anos são considerados como de longo prazo.

Os horizontes de tempo são períodos nos quais uma carteira é dividida e exige-se certa geração
de recursos para atender importantes objetivos do investidor nestes períodos. Uma mudança de
horizonte de tempo acontece quando as circunstâncias e padrões de gasto ou receitas do
investidor mudam significativamente. Por exemplo, um indivíduo que está atualmente empregado
terá pelo menos dois períodos de tempo: os anos restantes de trabalho (com renda) e os anos de
aposentadoria. Os horizontes de tempo adicionais podem ser gerados dentro de um estágio de
vida quando uma despesa planejada é significativa o suficiente para alterar a política de
investimento.

Geralmente, os investidores individuais lidam com três horizontes de tempo:


1. Pré-Aposentadoria. Os anos entre o desenvolvimento da Política de Investimento até a
aposentadoria.
2. Aposentadoria. O número de anos em que o investidor viverá depois de aposentado com a
renda gerada pela sua carteira.
3. Pós-Morte. A disposição da riqueza depois da morte do investidor (fundação, trust, etc.).

Esteja ciente de horizontes de tempo que não estão relacionados com o indivíduo, mas com
pessoas relacionadas a ele, como por exemplo, o recebimento de herança seria um exemplo de
um novo horizonte de tempo. Outros exemplos incluem os filhos indo para a universidade,
cônjuge parar de trabalhar ou outra despesa significativa que alteraria o planejamento financeiro.

Como vimos nos tópicos de objetivos de risco e retorno, os horizontes mais longos de tempo
indicam uma maior capacidade de um cliente para assumir riscos, mesmo quando sua
disposição para tal não é evidente. Os prazos longos permitem menos pressão sobre uma carteira
de investimentos para eventuais recuperações. O inverso também é verdadeiro. Entretanto, como
já mencionado, cada caso é específico e exige atenção especial.

Liquidez

As restrições de liquidez de uma carteira são associadas à capacidade de atender as necessidades


diárias, assim como as inesperadas, do investidor.
• Gastos Normais. Esses gastos representam necessidades de dinheiro antecipadas e são
geralmente relacionados ao custo de vida. Apenas os custos de vida que têm de ser providos
pela carteira devem ser incluídos em liquidez.
• Reserva de emergência. O investidor deve ter reservas suficientes para atender às
emergências, como por exemplo, despesas médicas inesperadas e perdas de bens não
assegurados. O tamanho desse excedente variará de acordo com as circunstâncias individuais
referentes a entradas e saídas, mas geralmente ficam entre 3 a 12 meses de custo de vida.
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o Previsibilidade quanto às entradas: funcionários públicos, aposentados e pensionistas
têm maior previsibilidade de entradas, comparativamente a outros tipos de trabalhadores,
tais como assalariados da iniciativa privada, autônomos e empresários. Dessa forma,
quanto maior for a previsibilidade quanto às entradas, menor a necessidade de
constituição de uma grande reserva de emergência.
o Previsibilidade quanto às saídas: a estrutura de custos fixos e variáveis de uma saída
também impactará no dimensionamento da reserva de emergência. Via de regra, quanto
maiores os custos fixos, maior a necessidade de constituição de uma significativa reserva
de emergência.
o Deve-se considerar coberturas já contratadas: o dimensionamento da reserva de
emergência também deve considerar a possível existência de coberturas já contratadas
contra determinados eventos, tais como acidentes pessoais, furto, incêndio e colisão de
veículos. Nesse sentido, se um determinado cliente já possuir um seguro de acidentes
pessoais que prevê, por exemplo, Diárias de Incapacidade Temporária, tal renda deve ser
considerada no momento do dimensionamento da reserva de emergência.
o Aplicação dos recursos: uma vez que se trata de uma reserva para emergências,
recomenda-se que os recursos sejam investidos em aplicações com altíssima liquidez e
baixíssimo risco.

A necessidade de fundos para bancar essas despesas é imediata e, portanto, aumenta as


restrições de liquidez da carteira. Se não for especificamente declarado no exercício, pode-se
dizer “três meses de salário deve ser mantido em dinheiro” na seção de liquidez da política de
investimento.

• Eventos Importantes Planejados. Essas despesas são relacionadas aos gastos maiores que
são planejados, como férias, reforma da casa, ou até aposentadoria, que levam a fluxos de
caixa negativos (ex. mais saindo do que entrando na carteira). Quanto mais perto se chega
desses eventos, maior a necessidade de liquidez na carteira.

As características de liquidez dos ativos da carteira também devem ser abordadas.


• Custos de transações. Os custos de transações podem ser explícitos, como comissões, ou
implícitos, como impacto de preço ao liquidar uma posição. Geralmente, quanto maior o custo
da transação, menor é sua liquidez.
• Volatilidade. Os ativos com alta volatilidade podem não conseguir gerar o dinheiro necessário
quando preciso. Estes ativos diminuem a liquidez da carteira e, portanto, não deveriam ser
possuídos por clientes que necessitam liquidez.
• Iliquidez de ativos. Muitas vezes, o ativo de maior valor possuído por um indivíduo é a sua
casa. Uma casa pode ter um valor muito alto, mas devido à sua alta iliquidez não é
considerada um ativo viável para requerimentos de liquidez. A casa é considerada um bem de
legado que pode não ser incluído na alocação de bens especificada no IPS. Exceto pela sua
capacidade de levantar fundos através de sua venda ou em garantia para empréstimo, a
residência primária do investidor não deve ser considerada um bem líquido. Quantidades
substanciais de ações de uma companhia privada também são problemáticas para
necessidades de liquidez.

Para o exame:
• As restrições de liquidez podem ser divididas em três principais categorias: necessidades de
liquidez imediata, necessidades de liquidez contínuas e necessidades de liquidez ocasionais
(esporádicas).
• As necessidades de liquidez imediatas são despesas que precisam ser satisfeitas
imediatamente ou em um período de tempo muito curto. Essas necessidades são geralmente
supridas por um fundo de reservas de alta liquidez (ex. fundos necessários em três meses para
comprar uma casa devem ser removidos do valor da carteira antes de se determinar o retorno
requerido).
• As necessidades de liquidez contínuas são os gastos recorrentes que precisam ser pagos
regularmente pelos retornos da carteira.
• As necessidades de liquidez ocasionais geralmente incluem grandes quantidades
esperadas de fluxo de caixa (ex. segunda casa) que são geradas pela liquidação de uma parte
da carteira.

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Regulamentação e aspectos legais

As restrições regulamentares e legais que se aplicam aos indivíduos são principalmente


associadas aos impostos e transferência de patrimônio (trusts, etc.). As restrições específicas
variam muito de cada jurisdição e tipicamente requerem aconselhamento legal.

Impostos

A tributação é uma questão global e deve ser levada em conta na formulação de políticas de
investimentos. Algumas classificações generalizadas de impostos são:
• Imposto de Renda. Impostos pagos sobre rendimentos (ex. salários, aluguéis, dividendos,
rendas de juros).
• Imposto sobre ganho de capital. Impostos pagos sobre a apreciação de preço de bens na
sua venda.
• Imposto sobre transferência. Impostos pagos sobre bens transferidos na forma de
herança, doações, etc.
• Imposto sobre propriedades. Impostos pagos sobre um percentual do valor líquido ou bens
possuídos (ex. automóveis, imóveis).

Os impostos são limitações na carteira de um indivíduo porque afetam o retorno em um de


dois modos:
• Os impostos pagos no final de um período de posse reduzem o valor final da carteira pelo
valor dos impostos.
• Os impostos pagos durante um horizonte de tempo determinado têm um impacto na
carteira através de uma redução de acumulação de juros.

Os pontos seguintes são meios de reduzir o impacto negativo dos impostos na carteira.
• Deferimento fiscal. Minimize os efeitos de impostos pelo pagamento dos mesmos apenas no
final do período de investimento. Estratégias inclusas nessa categoria focam em baixo giro
(movimentação de fundos) e na compensação dos ganhos com as perdas da carteira.
• Elisão fiscal. Investimento em títulos sem impostos. Contas especiais de poupança e títulos
isentos de impostos são exemplos de opções de investimento que geram retornos isentos de
impostos.
• Redução fiscal. Investimento em títulos que exigem pagamentos de impostos diretos
menores. Ganhos sobre capital podem ser tributados a uma alíquota inferior a do imposto de
renda, assim títulos que geram retornos, principalmente sobre apreciação de preço, oferecem
ao investidor uma taxa de imposto efetiva mais baixa. O uso efetivo de títulos derivativos é
outra maneira de reduzir o impacto total dos impostos.
• Impostos sobre transferência de riqueza. Diminua os impostos legalmente planejando a
transferência de riqueza de uma parte à outra sem envolver uma venda. Muitas vezes, essas
estratégias são muito específicas à jurisdição da área em que o investidor reside. Quando as
transações serão feitas também é importante. Se a riqueza for transferida na morte, os
impostos terão sido diferidos o maior tempo possível.

Para o exame:
• Identifique se os ganhos de carteira serão ou não sujeitos a impostos.
• Veja se os retornos requeridos são antes ou após os impostos.
• Lembre-se que renda em forma de juros é tributável, mas dividendos não.

Circunstâncias especiais

Essa categoria engloba todas as demais situações não cobertas pelas outras categorias.
Informações variadas ou requisitos que devem ser considerados, quanto ao futuro de despesas
ordinárias ou investimentos indesejados, devem aparecer nessa seção da política de
investimentos.

1.2.3.5. Identificar os objetivos de acumulação de capital (patrimônio, geração de renda,


aposentadoria).

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Todo o planejamento financeiro deve ser norteado pelos objetivos do cliente. Cabe ao planejador
financeiro identificar quais são esses objetivos (comprar uma casa, trocar de carro, poupar para a
aposentadoria, entre outros) e traduzir esses desejos em objetivos numéricos de acumulação de
capital.

Em linhas gerais, é possível classificar esses objetivos de acumulação de capital em três grandes
categorias:

1) Construção de patrimônio: o cliente pode ter como objetivo acumular determinado


patrimônio em valores financeiros e pedir que o planejador elabore um plano para que isso se
torne realidade. Do ponto de vista prático, muito mais interessante do que focar nos valores é
ter como objetivos, por exemplo, construir ou se mudar em algum momento do futuro ara
uma casa maior ou em algum lugar de preferência, adquirir outros bens materiais, tais como
automóveis e, claro, ter recursos financeiros suficientes para viver uma vida confortável.

2) Geração de renda: o cliente pode também manifestar interesse pela acumulação de


determinado capital que lhe permita usufruir de certa renda no futuro. A partir desse
objetivo, que deve englobar o valor da renda desejada e após quanto tempo se pretende
começar a usufruir essa renda (e também por quanto tempo o cliente deseja ter tal renda), o
planejador pode sugerir uma economia mensal por determinado período que, aplicada
conforme uma Política de Investimentos voltada para esse objetivo do cliente, permita que
seja possível desfrutar da renda desejada.

3) Aposentadoria: por fim, o planejador financeiro pode elaborar um plano focado para
acumulação de capital a ser usufruído durante a aposentadoria do seu cliente.

Por exemplo, se um cliente afirma que deseja se aposentar daqui a 20 anos com uma renda
de R$ 20 mil por mês, cabe ao profissional considerar:
a. Qual parte do patrimônio atual do cliente servirá como poupança para atingir esse
objetivo? Se o cliente tem um imóvel onde reside, talvez o valor referente a esse imóvel
não deva ser computado no cálculo, pois o cliente provavelmente precisará de um local
para morar;
b. Qual a taxa de juros que será utilizada nos cálculos? Recomenda-se o uso de taxas reais
e líquidas, ou seja, aquelas que já consideram eventuais custos, impostos e inflação;
c. Como será recebida essa renda? Ela será do tipo perpétua ou o cliente pretende utilizá-
la por um determinado número de meses, após a aposentadoria?
d. Qual será o valor mensal a ser poupando pelo cliente durante a fase de acumulação?

Essas são algumas perguntas que o planejador financeiro precisa responder para elaborar o
planejamento financeiro. O mais importante aqui é que o ponto de partida é a identificação
dos objetivos do cliente e, a partir deles, transformá-los em objetivos quantitativos para
elaboração do planejamento.

1.2.3.6. Avaliar exposições a riscos do cliente (vida, patrimônio, saúde, responsabilidades,


etc.).

O gerenciamento de risco consiste basicamente na escolha do tipo e do nível de risco que um


indivíduo quer tomar para si e da monitoração e administração desse nível de risco. Este processo
é contínuo. Por sua vez, cabe ao profissional, com base na coleta de dados e em suas análises,
avaliar as exposições a riscos dos clientes e fazer sugestões para melhor gerenciamento desses
riscos.

Uma das maneiras mais usuais de gerenciamento de risco da pessoa física é a contratação de
seguros. Esse mercado surgiu da necessidade que as pessoas têm de se associar para suportar
coletivamente suas perdas individuais.

Graças ao pagamento antecipado de um valor (prêmio), o beneficiário pode receber uma


indenização que repõe algum item ou suporte financeiro após a perda, por exemplo, de um ente
querido, geralmente provedor da estabilidade financeira desse grupo.
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Seguros podem ser segmentados da seguinte forma:

Seguros de acumulação - Forma reserva, ao pagar prêmios, que retornam ao investidor


corrigida por indexador e juros. Alguns exemplos são:

• Previdência complementar aberta (PGBL);


• Títulos de capitalização.

Seguros de risco - Só existe a indenização em função da decorrência de eventual sinistro


coberto pela apólice:
• Automóvel e Responsabilidade Civil;
• Elementares (Residencial, Comercial e Equipamentos);
• Vida tradicional;
• Acidentes Pessoais;
• Saúde.

Alguns dos seguros mais comuns para pessoa física são:


• Seguros de danos à propriedade (incêndio e lucros cessantes);
• Seguros de automóveis e responsabilidade civil (veículos e gerais);
• Seguros de valores, roubo e fidelidade;
• Seguros de benefícios (vida em grupo, acidentes pessoais);

Para mais detalhes sobre seguros, veja a apostila de Seguros no módulo IV.

1.2.4. Desenvolver as recomendações de planejamento financeiro e apresentá-las


ao cliente.

Feitas a coleta dos dados e as análises, cabe ao planejador financeiro elaborar o plano
propriamente dito e apresentá-lo ao cliente. Essa fase do processo de planejamento financeiro
pode ser dividida nas etapas a seguir.

1.2.4.1. Identificar e avaliar estratégias de planejamento financeiro.


1.2.4.2. Desenvolver recomendações de planejamento financeiro.

A identificação e avaliação de estratégias de planejamento financeiro, assim como as


recomendações de planejamento financeiro, englobam todas as áreas avaliadas na coleta e
análise de dados. O principal intuito é agora apresentar ao cliente estratégias e recomendações
que possibilitem que ele atinja os objetivos elencados, considerando todas as questões
levantadas anteriormente.

Em linhas gerais, pode-se dividir essas estratégias em:

1) Orçamento doméstico: o planejador deverá sugerir eventuais ajustes no orçamento


doméstico que possam contribuir para que os objetivos sejam atingidos. Isso pode envolver
desde uma simples recomendação para aumentar receitas e/ou reduzir despesas até mesmo
uma análise mais profunda das entradas e saídas do orçamento;
2) Balanço patrimonial: as recomendações do planejador passam pelos ativos e passivos
(dívidas e financiamentos) do cliente e da família, tais como sugestões para ajustes na
liquidez do balanço (talvez o cliente tenha grande parte de seus ativos imobilizada), no
capital de giro, ou seja, excesso de ativos de curto prazo sobre passivos de curto prazo3, e
em eventuais dívidas e financiamentos existentes.
3) Proteção contra riscos: cabe ao planejador analisar os riscos a que o cliente está exposto
e, após análises, recomendar ajustes, tais como contratação de determinado seguro ou ainda
modificação de limites máximos de indenização de seguros já contratados, mas cujas
coberturas estejam eventualmente em desacordo com a exposição a riscos do cliente.

3
Veja mais detalhe sobre balanço patrimonial na seção 2.2
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4) Aspectos fiscais: as recomendações do profissional passam por aspectos fiscais da vida
financeira do cliente. Isso envolve desde sugestões pontuais para melhor gestão de impostos
(por exemplo, sugerir a constituição de uma empresa para concentrar os imóveis do cliente, o
que tende a diminuir os impostos incidentes sobre a renda de aluguéis) até mesmo estruturas
tributárias mais complexas.
5) Questões sucessórias: outro importante diz respeito a questões sucessórias, ou seja,
recomendações que visem à proteção do patrimônio da família em momentos de transmissão
de tal patrimônio para gerações futuras, ou mesmo em casos pontuais, como separação de
cônjuges.
6) Investimentos: por fim, as recomendações do planejador financeiro passam pelos
investimentos do cliente. Muitas vezes se trata da parte mais detalhada do plano, pois uma
carteira de investimentos bem elaborada contribuirá, sem dúvida, para o sucesso do plano.
IMPORTANTE: nessa etapa de desenvolvimento de recomendações de planejamento
financeiro ao cliente, o planejador tem como principal objetivo, na parte de
investimentos, desenvolver estratégias e apresentá-las e discuti-las com o cliente.
Os produtos financeiros que suportarão a estratégia serão escolhidos somente na
fase seguinte – Implementar Recomendações de planejamento financeiro.

Os tipos de estratégias de gestão de investimentos podem ser genericamente classificados como:

• Estratégia passiva de gestão é a que procura obter a taxa de retorno do mercado. Um


exemplo de estratégia passiva é a indexação. Na indexação, a carteira segue a performance
de um índice de mercado pré-estabelecido, como por exemplo, o Ibovespa ou o CDI.

• Estratégia Ativa envolve mudar o mix de investimentos baseando-se na alteração das


condições do mercado. A estratégia ativa procura capitalizar as expectativas diferenciadas de
gestores de ativos e obter taxas superiores às do mercado. O investimento pode seguir
diferentes estilos, mas procura-se sempre gerar um alfa positivo (diferença positiva entre
as taxas obtidas pela carteira e o retorno de mercado).

Esta estratégia é frequentemente chamada de “market timing” e é baseada na crença de que


os investidores podem aumentar os retornos de uma carteira, trocando os percentuais de
investimento que compõem.
• Títulos supervalorizados são vendidos na expectativa dos preços caírem.
• Títulos desvalorizados são adquiridos na expectativa dos preços subirem.

• Estratégia semiativa combina ambas as estratégias passiva e ativa. Um exemplo seria uma
indexação seguindo um índice acionário como o Ibovespa, mas com atribuição de pesos
maiores para as ações ou setores que o investidor acredita que terão altos retornos no futuro.

1.2.4.3. Apresentar as recomendações de planejamento financeiro ao cliente.

É chegada então a fase de apresentar as recomendações de planejamento financeiro ao cliente.


Geralmente recomenda-se que seja agendada uma reunião durante a qual o planejador financeiro
irá expor as principais recomendações e discutir com o cliente a viabilidade do que está sendo
proposto.

Sugere-se que as recomendações sejam expostas com base em cada objetivo traçado pelo
cliente. Há outras recomendações que podem ter sido identificadas pelo próprio profissional (por
exemplo, a necessidade de alguma cobertura contra o risco de morte ou invalidez) e que devem
também ser expostas.

É possível que algumas recomendações não sejam viáveis ou haja algumas com as quais o cliente
não concorda. Cabe ao planejador então reavaliar o plano, refazer tais recomendações e
reapresentá-las ao cliente.

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1.2.5. Implementar as recomendações de planejamento financeiro.

1.2.5.1. Acordar as responsabilidades da implementação.

Uma vez apresentado o planejamento financeiro, cabe ao planejador e ao cliente acordar sobre as
responsabilidades da implementação. Em linhas gerais, pode acontecer o seguinte:

• Cliente não deseja apoio do planejador financeiro e procura pelos produtos e serviços por
sua conta, tais como investimentos, seguros, planos de previdência;
• Profissional fica responsável por procurar os produtos e serviços que atendam às
recomendações propostas e as apresenta ao cliente. Por esse serviço, o planejador pode
ser recompensado à parte (por exemplo, com um rebate da taxa de administração de um
fundo de investimento que indicar) ou tal compensação pode já ter sido prevista no
trabalho de planejamento financeiro como um todo.
• Há ainda uma terceira opção, em que o cliente se compromete a implementar o plano,
mas submete os produtos e serviços escolhidos à análise do planejador. Por exemplo, o
cliente deseja investir em determinado fundo, aplicação que está de acordo com a Política
de Investimentos do planejamento, mas pede a opinião do planejador quanto à idoneidade
do gestor, consistência de retornos passados e sobre a gestão do fundo.

1.2.5.2. Identificar e apresentar produtos e serviços para implementação.

Conforme acordado com o cliente quanto aos detalhes da implementação, quem ficou
responsável pela identificação dos produtos e serviços os apresentará a outra parte. No caso de o
cliente optar por não envolver o planejador financeiro nessa fase, cabe a ele (cliente) procurar
tais produtos e serviços por conta própria.

Atenção: Questão de Prova

Nos últimos exames caíram questões práticas, nas quais eram dadas as características de um
investidor e pedia-se qual a alocação de carteira mais indicada para ele. Você deve avaliar:
• O risco da carteira (concentração da carteira em classes de ativos de alto risco como ações,
private equity, etc.).
• A liquidez da carteira – é bom ter um baixo percentual (5%) dos fundos investidos em
produtos de alta liquidez para atender possíveis emergências.
• Retorno exigido pelo cliente – se as carteiras dadas atingem o retorno esperado pelo cliente.

Questões de Prova:

1. Um cliente de 70 anos quer se aposentar em 3 anos e hoje sua carteira está alocada em 50%
renda fixa e 50% renda variável. Ele aceita correr algum risco, porém deseja preservar o
patrimônio para transmiti-lo aos netos. Neste caso, você recomendaria a carteira constituída
por
a. 100% em Renda Fixa.
b. 20% em Renda Variável e 80% em Renda Fixa.
c. 70% em Renda Variável e 30% em Renda Fixa.
d. Manter como está.

A carteira mais recomendada para este cliente seria a B) 20% em Renda Variável e 80% em
Renda Fixa porque ele terá alguma exposição à renda variável (20%) e a maior parte da carteira
em Renda Fixa (gera rendimentos). A exposição à renda variável das carteiras C e D são muito
altas (maior risco) e 100% em RF pode ser muito conservador.

2. Um cliente possui a seguinte alocação de ativos em sua carteira.

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Carteira Cliente
CDI
20%
NTN-C
60% Poupança
10%
Letras
Hipotecárias
10%

Neste caso, o fator que mais poderá prejudicar a performance da carteira deste cliente será:
a. queda de inflação.
b. queda da taxa Selic.
c. aumento de inflação.
d. aumento da taxa Selic.

Resposta A) queda de inflação.


A maior concentração da carteira do cliente é NTN-C que é um título do Tesouro Nacional pós-
fixado e indexado pelo IGP-M (60%). O Índice Geral de Preços do Mercado é um indicador de
inflação, portanto, uma queda de inflação teria um impacto negativo na carteira do cliente.

3. Um cliente possui R$ 1 milhão alocados nos seguintes títulos:


LTN R$ 400 mil
NTN-B R$ 400 mil
LFT R$ 200 mil

Ele leu um relatório de macroeconomia informando que a inflação iria subir nos próximos meses.
Ele pergunta a um profissional CPF o que deve fazer para que seu patrimônio fosse protegido
contra a inflação. A melhor recomendação do Profissional CFP será que ele:
a. Venda NTN-B e LTN e compre LFT.
b. Venda LFT e compre NTN-B.
c. Venda LFT e NTN-B e compre LTN.
d. Venda LTN e compre LFT.

Resposta D) venda LTN e compre LFT.


A LTN é pré-fixada (preço cai com o aumento da inflação). A NTN-B é pós-fixada e atrelada ao
IPCA, portanto seu rendimento subirá com o aumento da inflação. A LFT é pós-fixada e atrelada à
Selic, portanto seu rendimento subirá com o aumento da inflação. A melhor opção seria comprar
NTN-B e LFT e vender LTN, mas ela não é uma alternativa. A segunda melhor é a alternativa D.

A identificação e apresentação de produtos e serviços para implementação passa por


considerações acerca de Asset Allocation. Esse processo de alocação de ativos se refere a
alocação de ativos disponíveis para investir entre várias classes de investimentos. Estas classes
de investimento podem incluir: títulos de renda fixa, renda variável, ações, investimentos
internacionais, private equity, bens imóveis, ativos imobiliários, etc.

A alocação de ativos é muito importante: estudos indicam que aproximadamente 90% do


desempenho de uma carteira no longo prazo é determinado pela alocação dos ativos.

O objetivo de construir um modelo eficiente de alocação é determinar quais investimentos serão


usados e os percentuais apropriados para cada classe de ativos. O modelo de alocação pode
abordar diversas estratégias diferentes, mas cada uma deve ser construída com as seguintes
considerações:
• O nível de tolerância (disposição e capacidade) a risco do cliente.
• O nível de sofisticação do cliente, respeitando as alternativas de investimentos.
• A taxa de retorno esperada necessária para atingir os objetivos do cliente.
• A posição financeira atual do cliente e implicações tributárias por conta de eventuais
realocações.
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Uma vez que estes fatores são considerados, uma alocação de ativos é escolhida, e os valores
são efetivamente investidos. Recomendam-se revisões periódicas, conforme a estratégia de
gestão da carteira (ativa, semiativa ou passiva).

Para alguns planejadores, as classes de ativos disponíveis podem ser limitadas a títulos de renda
fixa e variável. Para outros planejadores, mais de dez classes de ativos podem ser consideradas.
A quantidade de classe de ativos a ser utilizada cabe ao planejador ponderar, considerando os
pontos levantados acima.

Para cada classe a ser incluída na análise, o planejador deve ter no mínimo as seguintes
informações: retorno esperado, desvio padrão esperado (ou variância), correlação com
todas as outras classes de ativos, condições de liquidez de cada aplicação.

Baseado na tolerância a risco do cliente e do risco em potencial das carteiras que existem, uma
estratégia de asset allocation é selecionada para o cliente. Devido à diferença de performance
de cada classe de ativos ao longo do tempo, é necessário fazer um rebalanceamento para ajustar
a carteira com a estratégia pré-definida de alocação de ativos.

Na maioria dos casos, dá-se ênfase à abordagem top-down na formulação das estratégias de
alocação, abrangendo uma análise macroeconômica, a definição da composição macro da
carteira, uma análise setorial e, por último, a análise de cada uma das empresas.

A partir da análise macroeconômica, chega-se ao possível cenário para a economia, em um prazo


estabelecido. Projetam-se as principais variáveis que influenciam na conjuntura econômica do
país e, em particular, no dia-a-dia das empresas, como taxa de juros, câmbio, inflação, evolução
do PIB, as necessidades de financiamento do governo, a balança de pagamentos (principalmente,
o saldo da balança comercial - exportações e importações), o saldo em transações correntes e o
nível das reservas internacionais.

Com base nestas projeções, define-se a alocação de ativos propriamente dita, ou seja, o
percentual dos recursos a serem destinados às diferentes classes de ativos. Este processo passa
geralmente por quatro etapas:

1. Definição da classe de ativos (ações de grandes empresas, ações de pequenas empresas,


papéis de renda fixa, privados e públicos, de curto prazo e longo prazo, ativos imobiliários
etc.);
2. Estimativa de retorno de cada classe de ativo;
3. Estimativa de volatilidade das diferentes classes de ativos;
4. Definição dos objetivos de retorno para cada nível de risco do cliente.

No caso dos recursos que comporão a carteira de ações, por exemplo, decide-se em que setores
da economia serão aplicados, iniciando-se, a seguir, a fase de construção do portfólio. Esta fase
consiste em três partes:

a. Otimização - fica a responsabilidade do administrador em selecionar a carteira ótima que


atenda às expectativas do investidor em relação ao binômio risco e retorno.
b. Customização - consiste em adequar esta carteira ótima às diferentes necessidades de cada
investidor, que possuem perfis diferenciados (conservadores, moderados ou agressivos).
c. Implementação - trata da parte operacional da estratégia, em que os operadores executam
as ordens determinadas pelo gestor. Nestas ordens são estabelecidos os títulos ou ações que
devem ser negociados e seus respectivos níveis de preços para a entrada e saída das
posições.

A diversificação resultante da estratégia de alocação de ativos a ser implementada ajuda a


reduzir os riscos de perdas. É o velho ditado: não coloque todos os ovos numa única cesta. Desta
forma, quando um investimento não estiver indo muito bem, os outros podem compensar,
obtendo-se um retorno médio mais consistente.

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O mais importante critério para uma alocação de ativos apropriada é a correta determinação do
perfil do cliente/ investidor. Podemos traçar diferentes perfis de investidor para alocação de
ativos.

Um investidor conservador é aquele que não está disposto a correr riscos e a aplicar dinheiro
em investimentos com grande oscilação, ou ainda sua atual situação financeira não permite
investimentos que envolvam altos riscos e/ou que possam comprometer o capital investido.

Um investidor moderado está disposto a correr um risco um pouco mais elevado para obter
uma rentabilidade maior, estando propenso a aplicar uma parcela significativa de seu dinheiro em
investimentos que oscilam muito e a destinar o restante para aplicações mais seguras.

Por último, o investidor agressivo está disposto a correr riscos para conseguir a máxima
rentabilidade, estando propenso a investir a maior parte de seus recursos em aplicações que
apresentam grande oscilação e a destinar uma parcela mínima para aplicações mais seguras que
preservem o capital investido.

Os especialistas buscam propor as opções de investimento mais adequadas ao perfil de um dado


cliente, buscando garantir a satisfação do investidor no que se refere à rentabilidade e à proteção
do capital desejadas. Para isso desenvolveram uma série de critérios que permitem definir o perfil
do investidor através de seu histórico de investimentos, dados pessoais, intenção do investimento
e informações de receita e capital. Estas informações, como aplicações anteriores e satisfação
com o retorno obtido (histórico de investimentos), idade, tipo de profissão, tempo de retorno
esperado de uma aplicação (intenção do investimento), renda e bens do usuário, influenciam
diferentemente na definição do perfil do investidor, que ainda pode variar ao longo tempo.

Importante: Dicas de prova para seleção da melhor alocação de carteira para um


investidor:
• Os candidatos são, com frequência, solicitados a selecionar uma carteira adequada com
quatro alternativas.
• Faça uma avaliação ampla de quanto deve ser alocado para ações, renda fixa e ativos de
maior liquidez (exceto se houver uma necessidade muito grande de recursos no curtíssimo
prazo, tente manter a menor alocação possível em ativos de alta liquidez, pois costumam
proporcionar as menores rentabilidades).
• Depois de ter isto em mente, aplique estas diretrizes para as carteiras propostas e elimine
aquelas que não atendam aos seus critérios.
• Se ficar entre duas ou três carteiras que podem atender às suas necessidades, tente reduzir
as alternativas usando os seguintes filtros:
o Exigências de retorno devem ser cumpridas. (Lembre-se de observar se os retornos são
apresentados antes ou após impostos).
o Necessidades de liquidez são atingidas. Necessidades de liquidez podem ser satisfeitas
através da renda gerada pela carteira ou venda de ativos. É interessante a carteira ter um
pequeno percentual alocado em instrumentos líquidos para atender a possíveis
emergências (raramente a alocação de 0% em caixa é a alternativa correta);
o Tolerância ao risco também irá guiá-lo na seleção da carteira que atenda aos requisitos de
retorno com o menor risco possível.
• Ocasionalmente, o investidor solicitará limites específicos para algumas classes de ativos e
/ou exclusão de algumas. Este pedido deve ser respeitado e pode ser a base para a
eliminação de carteiras inadequadas.
• Procure, sempre que possível, calcular índices de retorno ajustados ao risco, como o Índice de
Sharpe, para comparar rentabilidades de forma mais correta, isto é, considerando o risco de
cada ativo.
• Finalmente, faça uma revisão da política de investimento para se certificar que a alocação da
carteira é consistente com os critérios estabelecidos pelo investidor.
• Existe a regra genérica de alocação de ações deve se aproximar de (100 – idade do
investidor). Ou seja, uma pessoa de 40 anos poderia ter até 60% da sua carteira alocada em
ações. Esta é uma regra para guiar a tolerância ao risco de um investidor quando não se sabe
maiores detalhes.
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Exemplos

1. Um professor universitário está considerando investir em um fundo de investimentos. Sua


prioridade é a valorização do capital no longo prazo. Ele vai assumir riscos acima da média em
troca da possibilidade de superar o retorno do mercado. Ele tem 30 anos e espera trabalhar
na universidade até seus 70 anos de idade. Atualmente, esse professor tem um orçamento
doméstico bastante superavitário e não possui qualquer dívida.

O fundo mais apropriado para este investidor, dada uma taxa de risco livre de 3%, é:

Fundo A Fundo B
Balanceado Crescimento e renda
Retorno nos últimos 5 anos: 14% Retorno nos últimos 5 anos: 12%
Desvio padrão = 12% Desvio padrão = 7%
Consiste em 40% das ações de Consiste em 60% em ações de
crescimento, 60% ações preferenciais crescimento e 40% de ações com
dividendos elevados

a. B, porque tem uma melhor relação risco/retorno.


b. A, porque tem uma melhor relação risco/retorno.
c. A, devido ao seu maior retorno em cinco anos.
d. B, porque é um fundo de crescimento e renda.

2. A sua tolerância ao risco pode ser classificada como:


a. baixa a moderada
b. moderada a alta
c. alta.
d. baixa.

O patriarca de uma família vendeu as ações que possuía e obteve R$ 60.000.000,00, que
constitui 100% do seu patrimônio. Ele investiu 90% deste total num projeto com liquidez após 60
meses. Ele deixou os 10% restantes em títulos de curto prazo com liquidez. O patriarca não se
preocupou com a remuneração destes fundos e garantiu à família, para o período de retorno do
seu investimento, uma renda mensal de R$ 200.000,00. Porém, neste período, o mercado sofreu
uma forte queda e um profissional CFP® lhe informou que a expectativa de reintegração do seu
investimento passou de 60 meses para 130 meses. O custo de oportunidade dos fundos de curto
prazo é 1,0% a.m.

3. A família terá renda garantida por:


a. 34 meses.
b. 36 meses.
c. 32 meses.
d. 38 meses.

4. Se o patriarca não tivesse realizado nenhuma retirada de ambos os investimentos ao longo


dos 130 meses, e considerando que tanto o capital investido no projeto quanto nos ativos
líquidos, renderam 1,0% a.m, o retorno anual líquido do patriarca ao final do período, após
pagar 17% de IR no resgate de seus investimentos é:
a. 10,76%.
b. 10,43%.
c. 11,32%.
d. 11,55%.

5. Considerando a possibilidade de o patriarca utilizar todo o seu patrimônio e uma taxa de


retorno de 1% a.m., se ele quiser garantir uma renda mensal perpétua para sua família de
R$200.000,00 ele deverá ter o montante de:
a. R$60.000.000,00.
b. R$20.000.000,00.
c. R$60.200.000,00.
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d. R$22.000.000,00.

Respostas

Questão 01- Resposta A) B, porque ele tem uma melhor relação risco/retorno.
O Fundo B é o mais adequado porque tem uma maior mistura de crescimento e renda e o seu
índice Sharpe é maior (1,29) em relação ao Fundo A (0,92). Índice Sharpe A = (14-3) / 12 =
0,92, Índice Sharpe B = (12-3) / 7 = 1,29, portanto, o Fundo B tem um maior retorno para um
dado nível de risco. Um fundo de crescimento melhor atenderia seus objetivos de crescimento.

Questão 02- Resposta C) Alta


A sua tolerância de risco é composta pela sua disposição e capacidade de assumir riscos. Como
neste caso ambas são altas, sua tolerância total de risco é alta.

Questão 03- Resposta B) 36 meses


Como 90% de seu patrimônio está preso por 130 meses (10% de R$ 60 milhões = 6 milhões),
ele deve se valer do montante aplicado nos fundos de curto prazo. Na HP 12C
PMT = R$200.000 [CHS]
PV = R$6.000.000
I = 1%
N = ? -> n=36 meses

Questão 04- Resposta C) 11,32%


Todo o seu patrimônio está investido a 1% a.m. Na HP 12C
PV = R$ 60.000.000 [CHS]
I = 1%
N = 130 meses
FV = ? = 218.740.823,3

Aplicando o IR de 17% sobre o ganho nesse FV:


FV líquido = (FV -PV)*(0,83) + PV = (218.740.823,3 - 60.000.000)*(0,83) + 60.000.000 =
131.754.883,3 + 60.000.000 = 191.754.883,30
O retorno “i” anual no período seria:
(1+i)^(130/12) = FV líquido / PV = (191.754.883,3) / 60.000.000 = 3,2
(1+i)^(130/12) = 3,2
i = 3,2^(12/130) – 1
i = 11,32%

Questão 05 - Resposta B) R$20.000.000,00


Aplicando a fórmula de perpetuidade: PV = PMT / i
PMT=R$ 200.000; I = 1%; PV = ? -> PV = 20.000.000

Um gestor está revisando a conta de Marcos e Paula. Ambos Marcos e Paula possuem 65 anos de
idade, e têm uma filha de 18 anos. Eles se aposentaram recentemente de uma grande empresa
de tecnologia fabricante de microprocessadores, chamada ABC, Inc. Sua filha pretende estudar
finanças em uma universidade de prestígio. Os custos da universidade são $ 40.000 por ano, mas
ela ganhou uma bolsa de estudos que cobre a metade dos seus custos. O casal manifestou o
desejo de financiar o montante restante da educação universitária, bem como deixar uma grande
herança para a filha após a sua morte. Durante as suas carreiras, eles tiveram rendimentos
relativamente elevados, e conseguiram economizar cerca de 10% das suas rendas a cada ano. A
respeito da sua carteira, eles afirmam que preferem investimentos que têm volatilidade mínima.
Sua carteira de investimentos atual está avaliada em $ 1,2 milhões.
A sua política de investimento segue abaixo:

Objetivo de Retorno A exigência de renda mensal do casal é $ 6.000. Exigência de


retorno anual total é $ 72,000 / $ 1.200.000 = 6% ao ano.
Capacidade de assumir riscos: média. Disposição para assumir
Tolerância de Risco
riscos: abaixo da média
Precisarão de dinheiro pelos próximos quatro anos para financiar o
Liquidez
ensino superior da filha.
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Três fases. Fase 1, o financiamento do ensino universitário da filha.
Horizonte de Tempo Fase 2, a aposentadoria. Fase 3, após a morte - herança para a
filha.
Legal /
N/A
Regulamentação
Impostos Pouca necessidade de adiar a renda.
Considerações
Desejo de financiar a faculdade da filha.
Únicas

A atual carteira do casal segue abaixo:

Alocação Retorno Rendimento Desvio


Ativo/Fundo
(%) esperado esperado4 Padrão
Ação ABC 32% 19,0% 0,5% 28%
Fundos de curto prazo 2% 2,5% 0% 2%
Fundo de renda fixa
30% 6,5% 0% 8%
diversificado
Ações large-cap 15% 9,5% 2,0% 16%
Ações de Mercados
15% 16,0% 1,0% 26%
Emergentes
Terrenos Comerciais 6% 19,0% 0% N/A

Depois de revisar as notas sobre o casal, o gestor revisa suas recomendações feitas pelo seu
colega de trabalho. As recomendações são:
1) Reduzir o peso das ações de tecnologia ABC - esta grande posição expõe a carteira ao risco
específico da ação desnecessário.
2) Aumentar a alocação do fundo de renda fixa diversificado, a fim de diminuir a volatilidade da
carteira.
3) Aumentar a alocação das ações large-cap para gerar crescimento.
4) Manter a alocação de ações no mercado emergente, devido à sua alta rentabilidade.
5) Manter a alocação nos terrenos comerciais devido à sua baixa correlação com outros ativos na
carteira.
Depois de analisar as recomendações acima, o gestor deve concordar com as recomendações:
a. 1, 2 e 4 apenas.
b. 1, 2 e 3 apenas.
c. 1, 3 e 5 apenas.
d. 2, 3 e 4 apenas.

Resposta B) 1, 2 e 3 apenas.
O gestor deve concordar com as recomendações 1, 2 e 3. A alocação em ações de mercados
emergentes é provavelmente muito alta dada a preferência do casal por investimentos de baixa
volatilidade. Além disso, a alocação em terrenos comerciais tem gastos de pagamentos de
impostos, etc. O casal precisa de renda e de liquidez e os terrenos comercias não provê nenhum
destes dois requisitos.

O exemplo abaixo ilustrará melhor como este tema pode ser cobrado no exame.

Um investidor de 35 anos de idade foi recentemente promovido a gerente regional de vendas de


uma empresa comercial nacional. Ele não possui dívida de cartão de crédito, não tem
empréstimos e sua casa está quitada. Ele recebe um salário anual de R$ 250.000,00 e suas
despesas pessoais anuais são R$ 100.000,00. Sua atual carteira tem R$ 1.000.000,00 em ativos
e ele deseja que a carteira gere receita suficiente para cobrir suas despesas anuais. Ele afirma
que prefere não correr riscos elevados.

Dados: inflação de 3,00% a.a., a taxa do ativo livre de risco real de 4,0% a.a. e a taxa de
impostos de 15% sobre os rendimentos projetados, constantes para todo período.

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Os rendimentos são valores constantes recebidos de cada aplicação. No caso de ações, podem ser dividendos ou juros
sobre capital próprio; no caso de imóveis, aluguéis.
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1. Sobre a sua disposição para correr riscos pode-se afirmar que é:
a. alta porque ele ainda é novo.
b. alta porque possui é capaz de poupar dinheiro.
c. média porque prefere não correr riscos elevados.
d. média porque não possui dívidas.

2. Sobre a sua capacidade para correr riscos pode-se afirmar que é:


a. alta porque ele não possui dívidas.
b. alta porque é capaz de poupar dinheiro e seu prazo de investimento é longo.
c. baixa porque se diz conservador.
d. média porque se diz conservador, mas não possui dívidas.

3. A fase do ciclo de vida deste investidor denomina-se


a. acumulação.
b. conservação.
c. proteção.
d. distribuição.

4. A sua tolerância ao risco para os fundos excedentes às suas despesas (poupanças) é:


a. baixa a moderada.
b. moderada a alta.
c. alta.
d. baixa.

5. O retorno nominal mínimo requerido para este investidor, desconsiderando os efeitos dos
impostos é, aproximadamente:
a. 6,0% a.a.
b. 9,0% a.a.
c. 10,0% a.a.
d. 13,0% a.a.

6. Considere as informações sobre as seguintes alocações de ativos:

Carteira
Ativo
I II III IV
Ações 45% 35% 20% 0%
Fundos de renda fixa 25% 30% 40% 50%
Títulos do governo 0% 15% 35% 30%
Fundos private equity 30% 15% 15% 0%
Fundos de curto prazo 0% 5% 0% 20%
Retorno esperado total das
15% 13% 10% 7%
carteiras, após os impostos

A carteira MAIS recomendada a esse investidor, dentre as alternativas apresentadas, é a de


número
a. I
b. II
c. III
d. IV

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Respostas Comentadas

Questão 01 - Resposta C) média porque prefere não correr riscos elevados.


A disposição (vontade) é um fator psicológico, portanto a única alternativa que trata de um fator
psicológico é a C. As demais tratam de fatores financeiros, que caracterizam a capacidade do
investidor para assumir riscos.

Questão 02 - Resposta B) alta porque é capaz de poupar dinheiro e seu prazo de


investimento é longo.
A alternativa A está incorreta porque não possuir dívidas não significa ter capacidade alta de
correr riscos. As demais estão incorretas.

Questão 03 - Resposta A) Acumulação.


O investidor tem 35 anos e foi promovido recentemente. Na fase de acumulação de capital os
investidores se encontram no início de carreira profissional, ou com famílias jovens, têm maiores
oportunidades de se recuperarem de eventuais movimentos adversos do mercado. Investidores
mais jovens geralmente podem tolerar maiores riscos e possuir carteiras com características mais
agressivas, visando o crescimento de longo prazo, levando em conta a baixa necessidade de
liquidez.

Questão 04 - Resposta B) moderada a alta.


Ele tem um longo período de investimento (baixa idade) e baixa exigência de liquidez corrente
(sem dívidas, pagamento de despesas cobertos) que indicam um perfil situacional de tolerar risco
moderado a elevado (sua capacidade de tolerar riscos). Mas a tolerância ao risco é medida pela
capacidade e disposição do investidor a correr riscos. Ele afirma que prefere não correr altos
riscos, mas ao mesmo tempo deseja ter um retorno de 10%. Pode classificar sua disposição como
média. Quando há o conflito entre a capacidade e a disposição de assumir risco, honre a
disposição do cliente se ela for menor ou igual à capacidade de correr risco.

Questão 05 - Resposta D) 13,0% a.a.


Retorno: Para atingir seus objetivos de rendimentos/receitas, o investidor deve ter um approach
de retorno total. Sua carteira deverá gerar rendimentos igual à diferença entre retorno nominal e
os 3,0% de inflação para manter seu valor real. Em termos de valor da moeda hoje, a carteira
deverá gerar 10% (R$ 100 mil/ R$ 1 milhão) para gerar receita suficiente para cobrir suas
despesas anuais. Levando a inflação de 3,0% a.a., o retorno requerido é aproximadamente de
13%.

Questão 06 - Resposta B) II.


A carteira II fornece o retorno requerido (13%) e é diversificada. Possui um percentual em caixa
para situações de emergência e possui 50% em ações e private equity (crescimento) e 45% em
renda fixa (receita). Tem um nível de risco adequado dado o perfil do investidor.
A carteira 1 pode ser eliminada devido ao seu alto risco: 45% ações e 30% em private equity
(75%), além de 0% de liquidez (fundo curto prazo).
As carteiras 3 e 4 não geram o retorno necessário para o investidor (13%) e não são bem
diversificadas.

1.2.6. Monitorar a situação do cliente.

1.2.6.1. Acordar os termos e responsabilidades de revisão da situação do cliente.

A última fase do planejamento financeiro envolve o monitoramento do plano. Essa fase é de


grande importância, pois pode implicar importantes mudanças, não somente de objetivos e
restrições do cliente, como também da carteira de investimentos e da gestão de outros ativos.

Para que tudo transcorra bem, cliente e o profissional devem acordar sobre os termos e
responsabilidades de cada um.

Ao cliente, geralmente cabe manter o planejador sempre informado de mudanças, tais como
alterações em objetivos, mudanças na renda (em função, por exemplo, da perda de um emprego
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ou mesmo de uma promoção, que implique rendas maiores), na estrutura familiar (como o
nascimento de um filho). Já o planejador financeiro geralmente tem a responsabilidade de fazer
as adaptações necessárias no planejamento financeiro sempre que o cliente sinalizar tais
mudanças.

Para uma prática mais regular, recomenda-se que o planejamento financeiro seja revisto pelo
menos uma vez por ano.

Dependendo da responsabilidade do profissional, ele pode ficar incumbido de pró-ativamente


alertar o cliente quanto a mudanças, por exemplo, em algum investimento da carteira ou
relacionadas a alterações no mercado financeiro como um todo que possam impactar o
planejamento financeiro do cliente.

1.2.6.2. Revisar e reavaliar a situação do cliente.

Conforme combinado com o cliente, recomenda-se que pelo menos anualmente o planejamento
financeiro seja revisto, o que envolve analisar novamente desde os objetivos do cliente, até
mesmo as condições macroeconômicas vigentes para que sejam feitas eventuais readequações.

2. Gestão Financeira

2.1. Demonstrações financeiras pessoais: orçamento e fluxo de caixa.

2.1.1. Planejamento de recursos para emergências. Dimensionamento do fundo de


emergência.

Orçamento familiar

O planejamento financeiro aborda a construção do orçamento, a racionalização dos gastos,


formação de uma reserva e a otimização dos investimentos. É um processo ativo e racional para
a administração de investimentos, renda, despesas, patrimônio e dívidas, procurando tornar
realidade sonhos, desejos e objetivos, tais como: casa própria, poupar para a educação dos
filhos, fazer a viagem dos sonhos, ser bem-sucedido na carreira profissional, reduzir impostos,
aposentar-se confortavelmente, planejar o testamento, partilha, etc.

Muitas pessoas tratam de suas finanças procurando apenas, ainda que intuitivamente, gastar
menos do que ganha, o que representa apenas a base de um bom planejamento. Um outro
aspecto importante é estabelecer objetivos de acordo com a fase produtiva de sua vida.

Na teoria, o planejamento financeiro pode ser algo relativamente simples, mas muitas vezes sua
implementação pode ser difícil. Por exemplo, grande parte dos consumidores relacionados pelo
SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) por atraso de pagamento não quitaram suas contas em dia
por mero e simples descontrole dos gastos.

A formação de poupança e o controle de gastos são fatores relevantes na elaboração de um


planejamento financeiro pessoal e devem ser priorizados tanto pelo planejador financeiro quanto
por seu cliente.

Nesse sentido, é importante definir o poder de poupança, que relaciona, em termos


percentuais, a capacidade de poupança, resultante de superávit do orçamento doméstico, com a
renda auferida num certo período. Por exemplo, se João recebe R$ 1.000,00 e poupa R$ 150,00,
seu poder de poupança é de 15%.

A análise das receitas/despesas (demonstrativo de resultado) e dos ativos/passivos (balancete)


define as necessidades de liquidez, um dos fatores limitantes num plano de investimento.

Eventos, esperados ou não, requerem um planejamento de liquidez. Esses eventos são:

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• Despesas correntes – necessidades de caixa do dia-a-dia. Instrumento de alta liquidez é
demandado;
• Reservas para eventos – gastos não esperados como emergências médicas, perdas não
cobertas por seguros, etc. Reservas para cobrir despesas de 3 a 12 meses são recomendadas;
• Grandes eventos planejados – liquidez para eventos como reformas na casa, viagens,
troca de automóvel, etc.

A necessidade por liquidez causa a exigência de manutenção de instrumentos de caixa. Todo


plano de investimento deve levar em conta tal necessidade e separar valores para atendê-la.
Como veremos adiante, a necessidade por grande liquidez restringe a capacidade e mesmo a
disposição psicológica do investidor em assumir riscos.

Podemos identificar as seguintes necessidades de liquidez:


• Imediatas - atendidas por dinheiro reservas;
• Correntes - satisfeitas pela combinação de caixa e rendas;

O profissional também deve estar atento a mudanças nas necessidades de liquidez, o que
pode precipitar reorganização de ativos na carteira por conta de algum evento específico.

Um bom orçamento começa com o estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançadas,


podendo estar voltadas para curto, médio ou longo prazos. O orçamento envolve planejar, definir
necessidades, eleger prioridades, dentro da renda disponível, ajudando o cliente a entender seus
hábitos de consumo.

Passos do orçamento:

1. Comece com um histórico de extratos bancários e canhotos de cheques de doze meses


anteriores. Crie uma planilha para todas as despesas por categorias mês a mês. Se
necessário, recorra a extratos de cartões de crédito para assistir o cliente na determinação do
orçamento para cada categoria de gastos. Também discrimine as receitas: salário, rendas,
etc.
2. Faça um levantamento de gastos futuros, considerando também as despesas sazonais.
Identifique gastos que podem ser eliminados ou reduzidos.
3. Planeje para o inesperado (sempre há despesas imprevistas).
4. Uma vez determinados os valores mensais por categoria, calcule-os como percentual da
receita líquida.
5. Identifique custos sensíveis à inflação e custos fixos (financiamento da casa, etc.).
6. Projete as receitas mensais para o próximo ano.
7. Determine o total das despesas e em quais meses elas ocorrerão. Seguros e impostos
geralmente são despesas anuais. A falta de planejamento pode gerar problemas de fluxo de
caixa.
8. Projete o orçamento para os próximos 12 meses.
9. Compare as despesas reais com as projetadas. Ajuste os próximos 11 meses de acordo.
10. Continue a analisar, selecionando categorias de despesas sobre as quais se tem controle (ex:
lazer, telefone, etc.)

As informações que geralmente fazem parte do orçamento são:

Entradas:
a. Salários
b. Receitas de juros
c. Receitas de dividendos
d. Receitas de aluguéis
e. Reembolso de impostos
f. Outras receitas
g. Pensão alimentícia
h. Renda de aposentadoria

Saídas:
a. Aplicações mensais (previdência, investimentos)
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b. Custos fixos obrigatórios
I. Despesas de moradia (aluguel, financiamento, água, luz, gás)
II. Despesas de carros (seguro, prestações, estacionamento, lavagem, combustível,
manutenção)
III. Impostos
IV. Seguros
c. Custos fixos facultativos
I. TV a cabo, telefone, internet, etc.
II. Clube/ginástica
d. Custos variáveis obrigatórios
I. Alimentação
e. Custos variáveis facultativos
I. Férias
II. Lazer

Fluxo de Caixa Líquido = Fluxos positivos – negativos


I. Analisar Fluxo de Caixa Líquido Facultativo

Notas de rodapé devem ser usadas para explicar detalhes de receitas e despesas.

Exemplo de Orçamento:
Jonas e Maria Carvalho - Ano de 2014
Entradas - Anuais
Salário de Jonas R$ 42.000,00
Salário de Maria R$ 55.000,00
Receita de dividendos R$ 1.220,00
Receita de juros R$ 1.110,00
Total de Entradas Anuais R$ 99.330,00

Saídas - Anuais
Poupança e Investimentos
Previdência R$ 5.000,00
Aplicações R$ 10.530,00
Juros R$ 1.000,00
R$ 16.530,00
Custos Fixos - Anual
Financiamento da casa R$ 9.592,00
IPTU R$ 2.000.00
Seguro Residencial R$ 720,00
Água, luz, gás R$ 1.200,00
Telefone R$ 1.200,00
Financiamento do carro R$ 9.000,00
Seguro do carro R$ 1.800,00
Gasolina/óleo/manutenção R$ 2.600,00
Pagamentos de cartão de
crédito R$ 5.000,00
R$ 33.112,00
Custos Variáveis - Anual
Impostos R$ 26.142,00
Alimentação R$ 6.490,00
Saúde
(dentista/médico/remédios) R$ 2.400,00
Vestuário / Despesas pessoais R$ 2.600,00
Educação R$ 3.000,00
Empregados R$ 2.000,00
Férias/Lazer R$ 3.000,00
Despesas discricionárias R$ 4.056,00
R$ 49.688,00

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Total de Saídas Anuais R$ 99.330,00

Tópicos para ficar atento:

• O cartão de crédito é prático, concentra os pagamentos no dia do mês mais conveniente,


porém, se a fatura não for liquidada na data do vencimento, altas taxas de juros serão
cobradas (crédito rotativo).
• Cheques pré-datados terão que ser cobertos um dia. Cuidado com o hábito de dividir compras
em parcelas, pois no vencimento deverão ser honradas. Na composição do orçamento,
recomenda-se incluir na projeção das despesas esse tipo de lançamento.
• Cumprimento dos deveres trabalhistas dos funcionários (empregadas domésticas, etc.).
• Compras por impulso devem ser repensadas (necessidade vs. desejo).

Não é fácil mudar hábitos num curto período, mas o aprendizado da austeridade no trato das
finanças e o alcance das metas tenderão a compensar os eventuais sacrifícios e
descontentamentos passageiros. Deve-se fazer o balanceamento das receitas e despesas mensais
e reservar uma parcela das receitas para poupança e investimentos (plano de investimentos).

Em resumo, o orçamento doméstico refere-se a uma previsão de entradas e saídas da família em


determinado período. Por sua vez, o Fluxo de Caixa relaciona as movimentações financeiras
(entradas e saídas) por seu real valor e no momento (geralmente no dia) em que ocorreram. Se
o orçamento assim se concretizar, o fluxo de caixa terá exatamente as mesmas informações, mas
agrupadas conforme a data em que as movimentações ocorreram.

Para informações sobre o fundo de emergência, veja o ponto 1.2.3.4 (sobre liquidez) acima.

2.1.2. Índices de endividamento e custo médio ponderado de capital.

Os índices de endividamento e custo médio ponderado de capital são tratados no tópico 2.2.2.

2.2. Demonstrações financeiras empresariais: balanço e demonstrações de resultado.

• Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e


quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da empresa.

No balanço patrimonial, as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio


que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira
da empresa.

De acordo com o § 1º do artigo 176 da Lei 6.404/76, as demonstrações de cada exercício serão
publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior,
para fins de comparação.

No Balanço Patrimonial são registrados os bens, direitos e obrigações da empresa num


determinado momento, agrupados em contas dispostas em ordem decrescente de liquidez.
Vejamos o Balanço Patrimonial da Empresa XYZ S.A.

Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Fornecedores
Clientes Empréstimos Bancários
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Estoques Impostos e Outros
Outros Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Empréstimos Bancários
Realizável a Longo Prazo Resultados de Exercícios Futuros
Investimentos Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital
Intangível Reservas
Lucros Acumulados

No Ativo Circulante estão contabilizadas as disponibilidades (caixa, valores depositados em


bancos, aplicações financeiras de curto prazo, etc.), os direitos realizáveis no prazo de um ano
(contas a receber de clientes, estoques, etc.) e as aplicações de recursos em despesas do
exercício seguinte.

Os Ativos Não Circulantes também registram direitos e obrigações, porém aqueles que
somente têm expectativa de realização após um ano a partir da data do balanço (exemplos:
vendas com prazo superior a um ano, empréstimos concedidos a empresas do mesmo grupo
controlador, dentre outras operações consideradas de longo prazo).

O Ativos Não Circulantes é dividido em:


• Ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte,
assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas
ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia;
• Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção
da atividade da companhia ou da empresa;
• Ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade,
inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e
controle desses bens;
• Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido, marcas
e patentes adquiridos e gastos pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos novos. Note
que os gastos de P&D de produtos existentes devem ser registrados como despesas
operacionais do período.

No Passivo Circulante estão classificadas as obrigações de curto prazo da companhia, como


dívida com fornecedores, impostos, instituições financeiras, etc.

O Passivo Não Circulante, da mesma forma, registra dívidas e obrigações, com a única
diferença situada no prazo de pagamento, ou seja, aqui se incluem aquelas com prazo superior
a um ano.

O Patrimônio Líquido representa o capital próprio da empresa. Nele estão incluídas as contas
de Capital, Reserva de Capital, Reserva de Lucros e outras, além dos Lucros Acumulados. Em
outras palavras, este grupo se caracteriza pela diferença entre o valor total dos ativos (bens e
direitos) e dos passivos (obrigações).

• Demonstração do resultado do exercício (DRE)

Este relatório tem como objetivo principal apresentar de forma vertical resumida o resultado
apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período,
normalmente, de doze meses.

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Na Demonstração dos Resultados do Exercício é que se verifica a performance da empresa
dentro de um determinado período. Cabe aqui lembrar que o Balanço Patrimonial representa uma
fotografia dos números da empresa em certa data. No caso da Demonstração dos Resultados a
visão é outra, ou seja, são valores acumulados num espaço de tempo (receitas e despesas), cujo
somatório vai nos mostrar se houve lucro ou prejuízo.

A classificação das contas segue uma sequência lógica e se inicia com o faturamento da empresa
(ou Receita Operacional) no período. Vamos tomar como referência a Demonstração de
Resultados da empresa fictícia XYZ S.A., mostrada a seguir:

Demonstração dos Resultados


(+) Receita Operacional Bruta
(-) Deduções e abatimentos da Receita Bruta.
(-) Devoluções de vendas/ Impostos e Contribuições incidentes sobre Venda
(-) Descontos/ Abatimentos
(=) Receita Operacional Líquida
(-) Custo dos Produtos e Mercadorias Vendidos e Serviços Prestados
(=) Lucro Operacional Bruto (Margem ou Resultado)
(-) Despesas Operacionais
. (-) Despesas com Vendas
. (-) Despesas Administrativas
. (-) Despesas Tributárias
. (-) Despesas Operacionais Financeiras
(-) Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
(+ ou -) Variações Cambiais
(+/-) Outras receitas ou despesas
(=) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social (LAIR)
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro
(=) Lucro Líquido pós Provisão e antes das Participações
(-) Participações de Debêntures, Empregados, Administradores, e Partes
Beneficiárias e Fundos de Assistência e Previdência de Empregados
(=) Lucro Líquido do Exercício

A contabilidade utiliza o chamado critério de competência, e não de caixa, o que significa que
todos os valores são lançados na Demonstração dos Resultados, sejam eles efetivamente
recebidos ou não.

A Receita Bruta se relaciona com as vendas da empresa no período, não importando se foram
feitas à vista ou a prazo. Da receita bruta são deduzidos os impostos, como IPI e outros, e ainda
eventuais devoluções de vendas e abatimentos concedidos posteriormente à entrega dos
produtos. Chegamos então à Receita Líquida.

O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) representa a parcela dos estoques que foi vendida no
período, incorporando todo o custo envolvido na produção, como matérias-primas, mão-de-obra,
energia, depreciação, etc.

A diferença entre a receita líquida e o CPV resulta no Lucro Operacional Bruto. Em seguida,
encontramos as Despesas Operacionais, aqui apresentadas de acordo com as definições dada
pela Lei das S.A. As principais despesas operacionais são:

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• Despesas com Vendas - representam todos os gastos de promoção, colocação e distribuição
dos produtos da empresa, tais como salários do pessoal de vendas, comissão de vendedores,
propaganda e publicidade, dentre várias outras.
• Despesas Administrativas - incluem os gastos com o pessoal específico da área
administrativa, honorários da diretoria, dentre outras despesas.
• Despesas Operacionais Financeiras - referem-se aos custos dos empréstimos contratados
junto às instituições financeiras, além de encargos de títulos e outras operações sujeitas a
despesas de juros (debêntures, por exemplo).
• Equivalência Patrimonial - diz respeito à parte proporcional que cabe a uma empresa sobre
a variação do Patrimônio Líquido de outras empresas nas quais tenha participação acionária
relevante.

Assim, se deduzirmos do Lucro Bruto todas as despesas operacionais, chegamos ao LAIR (ou
Lucro Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social). Após a dedução da provisão do
Imposto de Renda e Contribuição Social, chega-se ao Lucro Líquido pós Provisão e antes das
Participações. Como última dedução, temos ainda as chamadas Participações Estatutárias,
que se referem às participações de administradores e empregados nos lucros da companhia, de
acordo com o previsto no seu Estatuto.

Tudo considerado, apura-se então o Lucro Líquido do exercício, o qual é direcionado aos
acionistas, sendo uma parte na forma de dividendos ou Juros sobre Capital próprio (JCP) e outra
parte incorporada ao Patrimônio Líquido, na condição de reservas e lucros acumulados.

Balanço Patrimonial – visão Pessoa Física

Assim como é possível elaborar um balanço patrimonial para empresas, é viável e recomendável,
no escopo do planejamento financeiro pessoal e familiar, a construção de um balanço patrimonial.

Nele são registrados os bens, direitos e obrigações da pessoa física ou da família num
determinado momento, agrupados em contas dispostas em ordem decrescente de liquidez, do
lado dos ativos, e por ordem crescente de vencimento (maturidade), do lado dos passivos.

Segue abaixo um exemplo de um balanço para uma família e algumas considerações para sua
construção.

1. Ativos e Passivos deverão ser listados no valor de mercado (fair market value).
2. O período do relatório deve estar correto.
3. Patrimônio líquido deve constar no relatório.
4. Notas de rodapé devem descrever detalhes dos ativos e passivos.
5. Se o casal tiver separação parcial ou total de bens, os ativos e passivos devem conter a inicial
do proprietário (D para Denise e R para Roberto ou CC para conta conjunta no exemplo
abaixo).
6. Categorias de Ativos:
a. Dinheiro ou equivalentes;
b. Ativos financeiros investidos (carteira de ativos);
c. Bens de uso (residência, móveis, automóveis);
d. Ativos devem ser listados em ordem decrescente de liquidez (velocidade de conversão
para dinheiro).
7. Passivos devem ser listados de acordo com a maturidade (data de pagamento):
a. Passivos de curto prazo: com vencimento até 1 ano.
b. Passivos de longo prazo: financiamentos, empréstimos de longo prazo.
8. Patrimônio Líquido = Ativos - Passivos

Exemplo de Balanço Familiar:

Roberto e Denise Oliveira - Dezembro de 2014

ATIVOS1 PASSIVOS & PATRIMONIO LIQUIDO

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Dinheiro & Instrumentos (Alta Liquidez) Passivos de Curto Prazo
Conta banco/Poupança R$ 40.000,00 Cartão de Crédito 1 R$ 5.000,00
Total Dinheiro R$ 40.000,00 Cartão de Crédito 2 R$ 7.000,00
Cartão de Crédito 3 R$ 8.000,00
Ativos Investidos Financiamento carro 1 R$ 10.000,00
Financiamento carro 2 R$ 10.000,00
Total Passivos de Curto Prazo R$ 40.000,00
Carteira de investimentos
Denise R$ 90.000,00
Carteira de investimentos
Roberto R$ 110.801,00
Previdência da Denise R$ 200.000,00 Passivos de Longo Prazo
Financiamento Residência
Previdência do Roberto R$ 400.000,00 Principal R$ 150.000,00

Confeitaria da Denise R$ 100.000,00


Agência Publicidade do
Roberto R$ 300.000,00

Total Investimentos R$1.280.801,00 Financiamento Residência na


Praia R$ 120.000,00
Total Passivos de Longo
Prazo R$ 270.000,00
Bens de uso Pessoal
Automóvel 1 R$ 20.000,00
Automóvel 2 R$ 22.000,00

Bens Pessoais e Móveis R$ 100.000,00


Residência na Praia R$ 180.000,00 Patrimônio Líquido R$1.592.801,00

Residência Principal R$ 300.000,00

Total Bens Uso Pessoal R$ 622.000,00

TOTAL ATIVOS R$1.902.801,00 TOTAL PASSIVOS E PL R$1.902.801,00

Notas:
1 Todos os bens foram avaliados no valor atual de mercado.
2 Casal com comunhão universal de bens.

2.2.1. Planejamento de recursos para capital de giro.

O capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer o negócio acontecer
(girar).

Ele é o recurso que autofinancia a atividade principal de uma empresa, ou seja, é o capital
necessário para continuar a adquirir os bens que serão, por exemplo, revendidos no volume que
o seu mercado consome, e continuar a obter a sua principal fonte de renda perenemente.

O Capital de Giro (CG), também conhecido como Capital Circulante Líquido (CCL), pode ser
calculado como a diferença entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC):

CCL = CG = AC – PC.

Quanto maior for o capital de giro de uma empresa, maior serão os ativos circulantes frente aos
passivos circulantes. Essa situação representa um cenário bastante conservador para o
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empresário, pois ele tem excesso de ativos circulantes, tais como caixa, contas a receber ou
mesmo estoques. Porém, um grande volume de Capital de Giro pode impactar negativamente
a rentabilidade do negócio, pois significa que a empresa tem excesso de dinheiro em caixa,
muitos estoques ou ainda um grande volume de contas a receber, recursos que poderiam ser
reinvestidos no negócio para melhor rendimento.

Por sua vez, um baixo Capital de Giro tende a implicar maior rentabilidade, mas também
maior risco, pois significa que o empresário pode ter menos caixa para fazer frente a suas
obrigações ou que ainda pode estar perdendo vendas, seja por não realizar muitas vendas a
prazo (baixo contas a receber), seja porque possui baixo estoque.

O grande desafio é manter um nível de Capital de Giro que ao mesmo tempo não prejudique a
rentabilidade do negócio, tampouco incremente o risco de baixos ativos circulantes (caixa, contas
a receber e estoques, principalmente). Por fim, é importante mencionar que o dimensionamento
do capital de giro também está muito associado ao setor ao qual à empresa pertence.

Se for feita a mesma análise para pessoa física, poderíamos genericamente concluir o seguinte:

• Elevado Capital de Giro: a pessoa física ou a família possui um grande excesso de ativos
circulantes, tais como caixa e aplicações de elevada liquidez, em relação aos passivos
circulantes (financiamentos de curto prazo). Trata-se de uma situação conservadora, pois
dificilmente faltará caixa para pagar passivos ou mesmo despesas inesperadas. Contudo, a
rentabilidade das aplicações provavelmente não será tão expressiva, uma vez que estão
sendo priorizados investimentos com alta liquidez.
• Baixo Capital de Giro: uma pessoa física ou família com baixo capital de risco possui,
por sua vez, um pequeno excesso ou mesmo uma falta de ativos circulantes em relação
aos passivos circulantes. Isso pode ocorrer quando se tem investimentos de baixa liquidez
(por exemplo, imóveis), poucos recursos em aplicações com maior liquidez ou, ainda, se a
pessoa física ou a família possui grandes dívidas de curto prazo. Nesse caso, a
rentabilidade das aplicações tende a ser superior, em função da menor liquidez, mas o
risco é certamente maior, pois há poucos recursos à mão para fazer frente a uma despesa
inesperada ou ainda um excesso de dívidas de curto prazo.

• Índices de Liquidez

Há dois importantes índices relacionados à gestão do capital de giro: Liquidez Corrente (LC) e
Liquidez Seca (LS)

Liquidez Corrente (LC)

Mede a capacidade de pagamento no curto prazo e é calculado a partir do quociente entre Ativo
Circulante (AC) e Passivo Circulante (PC)

LC = AC
PC

Liquidez Seca (LS)

Mede Capacidade de pagamento no curto prazo sob uma ótima mais realista, dada a menor
liquidez dos estoques (E) e considerando eventuais despesas pagas antecipadamente (DA). É
calculado a partir do quociente entre Ativo Circulante (AC) menos Estoques (E) menos Despesas
Antecipadas (DA) e Passivo Circulante (PC)

LS = AC – E - DA
PC

2.2.2. Índices de endividamento e custo médio ponderado de capital.

• Índices de Endividamento
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Antes de enunciar o Índice de Endividamento, é importante fazer a distinção das fontes de capital
de uma empresa e mesmo de uma pessoa física:

• Capital Próprio: refere-se ao capital da própria empresa ou pessoa física. Está associado
ao Patrimônio Líquido, pois refere-se à quantidade de ativos que se sobressai ao total de
passivos. Em outras palavras, se a empresa ou a pessoa física transformar em dinheiro
todos os ativos e pagar todas as suas dívidas (passivos), o valor que sobra é o Patrimônio
Líquido, ou seja, o Capital Próprio da pessoa física, do sócio ou acionista de uma empresa.
• Capital de Terceiros: está associado ao capital que não pertence à pessoa física, sócio
ou acionista da empresa. Refere-se principalmente a dívidas, sejam elas de curto ou longo
prazo.
• Passivo Total: do ponto de vista de contabilidade empresarial, refere-se à soma do
Capital Próprio com o Capital de Terceiros.

Vejamos então alguns dos principais índices de endividamento:

Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio

O Índice de Relação de Capital de Terceiros/Capital Próprio mede a proporção de Capital de


Terceiros (Exigível Total) frente ao Capital Próprio na estrutura de capital de uma empresa
(Patrimônio Líquido).

Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio = Capital de Terceiros


Capital Próprio

Um índice muito elevado geralmente implica um menor custo de capital; por sua vez, essa
situação representaria maior risco para a empresa, em função do elevado endividamento.

Índice de Endividamento (IE)

Mede a proporção dos ativos totais financiada pelos credores e é calculado através do quociente
entre Passivo Exigível – PE (passivo circulante + exigível a longo prazo) e Ativo Total – AT.

IE = PE
AT

• Custo Médio Ponderado de Capital

Cada fonte de financiamento de uma pessoa física ou empresa possui um custo. Por exemplo, o
sócio ou acionista de uma empresa que investiu determinado capital na companhia em algum
momento certamente deseja um retorno sobre esse capital investido. Por sua vez, um credor que
emprestou dinheiro para uma empresa ou mesmo pessoa física obviamente cobrará juros por
isso.

Logo, cada fonte de financiamento (Capital Próprio e Capital de Terceiros) possui um custo. Da
mesma forma, a Estrutura de Capital de uma empresa ou de uma pessoa física pode apresentar
tais fontes em proporções distintas. Por exemplo, uma empresa altamente endividada
provavelmente possui uma proporção de capitais de terceiros em sua estrutura de capital
superior a outra empresa que praticamente não possui dívidas.

O custo do capital pode ser representado pela taxa de juros que as empresas usam para calcular,
descontando ou compondo, o valor do dinheiro no tempo. É de suma importância para a
avaliação da viabilidade de projetos de investimentos.

É então importante se calcular o Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC ou WACC em


inglês (Weighted Average Cost of Capital), que é obtido pelo custo de cada fonte de capital
(capital de terceiros ou capital próprio) ponderado por sua respectiva participação na estrutura de
capital da empresa. O capital total à disposição da empresa corresponde à soma do capital
próprio (patrimônio líquido) com o capital de terceiros (dívidas ou obrigações).
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Em que:
D = Total de Dívidas (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) Capital de Terceiros
PL = Patrimônio Líquido (Ativos – Passivos) Capital Próprio
RT = Custo do Capital de Terceiros
RP = Custo do Capital Próprio
IR = Alíquota de Imposto de Renda

O termo (1 – IR) que multiplica o custo do capital de terceiros e a participação desse tipo de
capital na estrutura de capital da empresa ou da pessoa física refere-se ao benefício fiscal
associado aos juros cobrados em empréstimos e financiamentos.

Veja o exemplo a seguir para entender melhor como funciona.

Suponha duas empresas com os mesmos resultados operacionais (por exemplo, R$ 100 mil).
Porém, a empresa A não possui dívidas e, a empresa B, contraiu R$ 200 mil junto ao banco à
taxa de juros de 10% ao ano (o que irá gerar uma despesa financeira de R$ 20 mil por ano). Se a
alíquota de Imposto de Renda for de 40%, o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)
dessas empresas seria:

A B
Resultado Operacional R$ 100.000 R$ 100.000
Despesa financeira - (R$ 20.000)
LAIR (Lucro Antes do IR) R$ 100.000 R$ 80.000
IR (40%) (R$ 40.000) (R$ 32.000)
Lucro Líquido R$ 60.000 R$ 48.000

Note então que a empresa A pagou R$ 8 mil a mais de Imposto de Renda que a empresa B. Isso
ocorreu porque a empresa B abateu a despesa financeira de R$ 20 mil da base de cálculo de IR.

Logo, considerando essa economia fiscal de R$ 8 mil, o custo final da dívida contraída pela
empresa B seria: [20.000 (juros) – 8.000 (benefício fiscal)] / 200.000 (total da dívida) = 6% ao
ano.

Perceba que o custo da dívida, considerando o termo (1 – IR) na fórmula do Custo Médio
Ponderado de Capital, será exatamente esse: 10% (1 – 40%) = 6%.

Vejamos então um exemplo completo.

Seja uma empresa que possui a seguinte estrutura de capital:


Passivos Circulantes = R$ 50.000
Exigível a Longo Prazo = R$ 200.000
Patrimônio Líquido = R$ 250.000

Se o Custo de Capital de Terceiros é de 10% ao ano e o de Capital Próprio 20% o ano, calcule o
Custo Médio Ponderado de Capital dessa empresa, considerando alíquota de 40% de Imposto de
Renda.

CMPC = [250.000/(250.000+250.000)] x 10% x (1–40%) + [250.000/(250.000+250.000)] x


20%
CPMC = 3% + 10% = 13% ao ano.

• Medida de fluxo de caixa incluindo lucro antes de juros, impostos, depreciação e


amortização (LAJIDA ou EBITDA).

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Ebitda é a sigla em inglês para earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization, que traduzido literalmente para o português significa: "Lucros antes de juros,
impostos, depreciação e amortização" (Lajida).

É um termo muito utilizado por analistas financeiros na análise de balanços de contabilidade de


empresas de capital aberto. O Ebitda de uma empresa é igual ao lucro bruto menos as
despesas operacionais, excluindo-se destas a depreciação e as amortizações do período
e os juros. Dessa forma, é possível avaliar o lucro referente apenas ao negócio, descontando
qualquer ganho financeiro (derivativos, alugueis ou outras rendas que a empresa possa ter
gerado no período). São também retirados para o apuramento do Ebitda os juros dos
empréstimos que muitas vezes as empresas contratam para alavancar as suas operações, sendo
assim, é importante ter em conta que o Ebitda pode dar uma falsa perspectiva sobre a efetiva
liquidez da empresa.

Essa "purificação" dos números que representam o lucro da empresa vai além da retirada dos
acréscimos referentes às rendas acessórias ou amortizações. No entanto, o Ebitda nada diz sobre
a qualidade dos lucros. Esse indicador é capaz de retirar, também, distorções referentes à maior
ou menor incidência de impostos, decorrentes de incentivos ou majorações fiscais, razão pela
qual é muito utilizado para comparar empresas de setores ou portes distintos, ou ainda aquelas
que residem em países diferentes, cuja carga tributária possa divergir bastante. Por eliminar os
efeitos dos financiamentos e das decisões meramente contábeis, a sua utilização pode fornecer
uma boa análise comparativa, pois mede a produtividade e a eficiência do negócio. Como
percentual de vendas pode ser utilizado para identificar empresas que sejam mais eficientes
dentro de um segmento de mercado. Tem como função, também, determinar a capacidade de
geração de caixa da empresa.

O Ebitda é um indicador relevante e importante, mas o conhecimento e compreensão das suas


limitações fazem com que a utilização de outros indicadores tradicionais também seja útil nas
análises e avaliações de empresas.

Para melhor ilustrar os conceitos de Ebitda, vejamos o exemplo abaixo.

Demonstração do resultado de 20x9

DRE Mil $
Receita operacional bruta 974.655
(-) Impostos sobre vendas (230.567)
Receita operacional líquida 744.088
(-) CPV (-depreciações), CMV, CSP (-489.68)
(-) Depreciações (-30.680)
Lucro Bruto 223.728
(-) Despesas comerciais (83.880)
(-) Despesas administrativas (43.674)
(-) Provisão p/ devedores duvidosos (1.440)
Lucro Operacional I 94.734
(-) Despesas financeiras (3.557)
Lucro Operacional II 91.177
(+/-) Equivalência patrimonial 27.381
Lucro Líquido antes do IR (Lair) 118.558
(-) Provisão IR e CS (16.127)
Lucro Líquido 102.149

Podemos observar que a empresa obteve um lucro líquido de $102.149. Também na


demonstração do resultado é importante separarmos componentes operacionais para termos uma
adequada compreensão sobre a capacidade de a empresa gerar lucro e caixa em suas operações.
Do ponto de vista da análise financeira, é necessário conhecermos os vários estágios do lucro
operacional. Daí termos adotado os três estágios de lucro operacional (I, II e Lair), conforme
podemos observar acima.
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Note que até o lucro operacional I não tivemos interferência de itens que não sejam efetivamente
operacionais. No lucro operacional II, já temos a interferência das despesas financeiras, que
decorrem de dívidas. No Lair, temos a interferência da equivalência patrimonial, que decorre das
participações da empresa em outras empresas sujeitas à avaliação pelo método de equivalência
patrimonial, ou seja, é o reconhecimento da participação da empresa investidora no lucro ou no
prejuízo da investida. Portanto, dentro de um critério mais rigoroso, a tendência é de que apenas
o lucro operacional I seja efetivamente aquele que decorreu das operações-fins da empresa.

A tabela abaixo mostra um refinamento do conceito de lucro operacional, considerando que há o


pagamento de impostos sobre esse lucro.

Cálculo do Ebitda

Resultado Operacional Líquido 20X9


Lucro Operacional I (Lajir) 94.734
Depreciações 30.680
Ebitda/ Lajida 125.414

Outras variações:

EBITDA = Lucro Líquido / (1 – Tx imposto) + Juros + Depreciação + Amortização ou

EBITDA = EBIT + Depreciação + Amortização

Como vimos acima, o Ebitda ou Lajida é uma medida de performance operacional, que considera
as receitas operacionais líquidas, menos os custos e as despesas operacionais, exceto as
depreciações e amortizações. Ou seja, é o lucro operacional I, mais as depreciações. Muitas
empresas estabelecem a remuneração de certos executivos a partir de metas de Ebitda. Neste
sentido os executivos estão sendo avaliados pela performance operacional, não computando o
impacto dos investimentos em imobilizado (foi excluído o valor das depreciações e amortizações)
nem da estrutura de capitais.

Para algumas atividades em que as estruturas das empresas possam ser muito parecidas, o
Ebitda fornece também uma medida comparativa de desempenho com a concorrência. É
importante notarmos que a política de gestão de capital de giro, especialmente, a concessão de
crédito e de prazos a clientes poderão ter interferência expressiva na necessidade líquida de
capital de giro e nas perdas com inadimplência, o que acarretará impacto na estrutura de capital
e nos resultados sem ser refletido no Ebitda.

Em uma análise mais crítica, não há dúvida de que, se o Ebitda for negativo, é péssimo, porém,
se for positivo, não é suficiente para tomar qualquer decisão em relação a empresa, seja para
compra de suas ações ou para fornecimento de empréstimos.

2.3. Estratégias de alavancagem com utilização de recursos de terceiros e adequação


da modalidade de crédito para os objetivos do cliente.

2.3.1. Créditos rotativos: cheque especial e cartão de crédito. Conceito, custos e


quando usar.

O cheque especial é um produto decorrente de uma relação contratual, em que é fornecida ao


cliente uma linha de crédito para cobrir cheques (e outros débitos) que ultrapassem o valor
existente na conta. O produto fica vinculado à conta corrente e os recursos são disponibilizados
automaticamente, conforme a necessidade do cliente.

Por oferecer esses benefícios aos correntistas, os bancos cobram juros e encargos cada vez que
os recursos são utilizados. Esses custos geralmente são descontados uma única vez por mês, em
uma data de vencimento predeterminada. Há alguns bancos, contudo, que já permitem o

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pagamento do cheque especial em parcelas, como acontece em demais modalidades de
empréstimo.

O valor total dessa linha de crédito disponibilizado ao cliente é chamado limite do cheque especial
e é negociado entre o banco e o cliente.

O Cheque Especial deve ser utilizado em situações de emergência, como por exemplo, para
pagamento de uma conta quando você sabe que receberá dinheiro em alguns dias, ou em prazos
curtos, como alternativa para aqueles pequenos "buracos" que aparecem no orçamento. Se você
sabe que precisará utilizar esse dinheiro por um prazo maior, considere a possibilidade de
contratar uma operação de Crédito Pessoal (CDC), que lhe oferece prazos maiores e taxas mais
baixas.

Quanto ao uso, recomenda-se prudência, pois as taxas de juros cobradas estão entre as mais
altas do mercado. O cheque especial deve servir apenas como um empréstimo de curtíssimo
prazo e para uma situação inesperada ou em casos em que se espera que o valor negativo em
conta corrente seja coberto o quanto antes.

Se o cliente precisar do empréstimo por mais tempo, recomenda-se linhas de financiamento com
taxas de juros mais baratas, tais como o Crédito Direto ao Consumidor.

Já o cartão de crédito é um meio de pagamento que possibilita o pagamento à vista ou


parcelado de produtos e serviços.

Ele oferece a vantagem de concentrar vários pagamentos em um único dia, através da compra de
produtos e serviços em estabelecimentos cadastrados. Além disso, o cartão de crédito oferece
aos titulares a possibilidade de não pagar a totalidade da fatura no vencimento. Porém, o Banco
Central estabeleceu que o valor mínimo da fatura de cartão de crédito a ser pago mensalmente
não pode ser inferior a 15% do valor total da fatura.

Os titulares de cartões de crédito ainda geralmente contam com:

• Crédito Rotativo: financiamento automático do valor da parcela que não foi pago,
respeitando o mínimo de 15%;
• Parcelamento da fatura: serviço que permite financiar em parcelas fixas o valor da fatura,
de acordo com condições contratuais pré-estabelecidas;
• Compras Parceladas: no ato da compra, o cliente pode ter a possibilidade de dividir o valor
em parcelas mensais, iguais e fixas, com ou sem juros, dependendo do estabelecimento onde
o produto ou serviço for adquirido;
• Pagamento de contas: alguns cartões oferecem a possibilidade de pagar contas (como de
água, luz, telefone, entre outros) através do cartão de crédito;
• Saques: muitos cartões permitem que os titulares realizem saques em moeda.

De acordo com o Banco Central, há dois tipos de cartões de crédito:

Básico - é o cartão de crédito exclusivo para o pagamento de compras, contas ou serviços. O


preço da anuidade para sua utilização deve ser o menor preço cobrado pela emissora entre todos
os cartões por ela oferecidos. As instituições financeiras, no processo de negociação com os
clientes, estão obrigadas a oferecer o cartão básico, que pode ser nacional e/ou internacional.
Esse cartão não pode ser associado a programas de benefícios e/ou recompensas.

Diferenciado – é o cartão de crédito que, além de permitir o pagamento de compras, está


associado a programas de benefícios e recompensas. O preço da anuidade do cartão diferenciado
deve abranger, além da utilização do cartão para o pagamento de compras, também a
participação do usuário nos programas de benefícios e recompensas associados ao cartão. É
opção do cliente a contratação de cartão básico ou de cartão diferenciado, observando que os
cartões básicos terão as menores tarifas de anuidade dentre todos os cartões ofertados pelos
emissores.

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Ainda de acordo com o Banco Central, é admitida a cobrança de cinco tarifas, válidas tanto para
os cartões básicos quanto para os diferenciados. São elas:
• anuidade;
• para emissão de 2ª via do cartão;
• para retirada em espécie na função saque;
• no uso do cartão para pagamento de contas; e
• no caso de pedido de avaliação emergencial do limite de crédito.

Em resumo, é uma modalidade de crédito bastante interessante quando usada com consciência,
ou seja, para concentrar vários pagamentos em uma única data e ainda aproveitar vantagens que
muitos cartões oferecem, tais como possibilidade de acumular pontos para trocar por passagens
aéreas e por outros bens e serviços.

Porém, se utilizado sem esse propósito, pode se tornar um instrumento capaz de elevar
significativamente a dívida do portador do cartão em pouco tempo, em função das elevadas taxas
de juros que são cobradas pelo chamado Crédito Rotativo, aquele disponibilizado quando o titular
do cartão não paga a totalidade da fatura.

2.3.2. Empréstimos pessoais: conceito; modalidades; garantias; custos e quando


usar.

Cada instituição financeira costuma ter uma grade de empréstimos pessoais com bastante
variedade. Em linhas gerais, os principais tipos são:

Crediário automático

É uma modalidade de empréstimo pessoal caracterizada pela rapidez na contratação e liberação


dos recursos, especialmente para os clientes que já têm um limite pré-aprovado com a instituição
financeira. O dinheiro é liberado ao cliente, que pode utilizá-lo da forma como desejar.

Porém, como geralmente não envolve garantias, essa modalidade costuma possuir taxas de juros
elevadas.

Crédito como antecipação de recebimentos certos

Muitas instituições financeiras oferecem a seus clientes crédito como antecipação de


recebimentos certos, tais como a Restituição do Imposto de Renda e o 13º Salário. O banco
libera o crédito ao cliente e, quando esse cliente receber a restituição do Imposto de Renda ou o
13º Salário, o banco automaticamente desvia esses recursos para ele, como forma de pagamento
do empréstimo.

Por ser um produto atrelado ao recebimento de um valor certo, as taxas de juros costumam ser
mais vantajosas aos clientes.

Crédito com Garantia de Investimentos

Algumas instituições financeiras oferecem a possibilidade de liberação de crédito mediante a


garantia de investimentos do cliente. Uma das grandes vantagens dessa modalidade é o custo,
pois o risco para o banco é reduzido de forma significativa em função da garantia dos
investimentos do cliente.

Crédito Consignado

O crédito consignado é uma modalidade de crédito pessoal que implica desconto diretamente na
folha de pagamento do cliente. Não exige necessidade da comprovação do uso do dinheiro e
geralmente envolve pagamentos em parcelas mensais e iguais.

Assim como o crédito com garantia de investimentos, o fato de as prestações serem debitadas
diretamente do salário do cliente reduz significativamente o risco de inadimplência e, dessa
forma, as taxas de juros costumam ser mais vantajosas para o cliente.
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Tal risco é ainda menor quando o empréstimo for destinado para funcionários públicos,
pensionistas e aposentados pelo INSS, uma vez que tais clientes têm estabilidade em termos de
receitas.

Contudo, para evitar endividamento excessivo, surgiu o conceito da margem consignável, que
é o valor máximo que pode ser comprometido do salário (ou da aposentadoria) por mês para
pagar o empréstimo consignado. De acordo com a legislação, a parcela de empréstimo não pode
ser superior a 30% da renda mensal.

Outro ponto importante é que qualquer empréstimo é computado para cálculo da margem
consignável, e não somente o empréstimo consignado em si. Por exemplo, se o cliente já possui
outro empréstimo cuja parcela corresponde a 20% de sua renda mensal, poderá contrair um
empréstimo consignado, desde que as parcelas não superem 10% da renda mensal (para, no
cômputo geral, respeitar o percentual de 30%).

Quando usar cada modalidade?

O uso de cada modalidade depende do objetivo do cliente com o empréstimo, além do custo
desse empréstimo.

Para necessidades imediatas de recursos, o crediário automático pode ser interessante, uma vez
que os recursos são liberados com rapidez e o cliente não precisa comprovar o destino do
dinheiro para a instituição financeira. Porém, em função do elevado custo, deve ser usado com
prudência.

Caso o cliente consiga se planejar, empréstimos com taxas de juros menores e prazos maiores
para pagamento são mais indicados, como o Consignado e aquele com Garantia de Investimentos
(caso o cliente possua recursos aplicados para dar em garantia).

Por fim, os créditos como antecipação de recebimentos certos, tais como Restituição de Imposto
de Renda e do 13º Salário, são opções muito interessantes, pois costumam implicar juros
inferiores. Além disso, o empréstimo é quitado em uma única parcela, quando do recebimento da
Restituição do Imposto de Renda ou do 13º Salário, evitando assim refinanciamentos e extensão
da dívida por mais tempo.

Tributação

Com relação à tributação, incidem sobre operações de crédito o IOF-Crédito, cobrado de duas
formas:

• 0,38% sobre o saldo devedor, cobrado na liberação do empréstimo (o banco geralmente


oferece a possibilidade de financiar também o IOF);
• 0,0082% ao dia, limitado a 365 dias.

ATENÇÃO! QUESTÃO DE PROVA!

Em exames passados, já foi cobrado o Custo Efetivo Total (CET) de um empréstimo. O CET
refere-se à taxa de juros que é efetivamente cobrada de um devedor em função da operação do
empréstimo. Além da taxa de juros propriamente dita, o CET leva em consideração outros
encargos que o devedor incorrerá, tais como impostos (IOF), seguros e qualquer outro tipo de
despesa que, obviamente, tornarão o custo final do empréstimo mais elevado.

De acordo com a Carta Circular do Banco Central 3.593 de 2013, as instituições credoras em uma
operação de crédito devem fornecer a planilha de cálculo explicitando todos os custos e as
despesas envolvidas, conforme exemplo a seguir, extraído dessa própria Carta Circular:

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Vamos a um exemplo para melhor entendimento desse conceito.

Uma pessoa física contraiu R$ 10 mil através de uma linha de crédito bancário e irá quitar a
dívida em doze parcelas mensais, iguais e consecutivas, no valor de R$ 945 cada, sendo a
primeira paga um mês após a liberação dos recursos. Assumindo IOF total de R$ 350,00, Seguro
Prestamista de R$ 250,00 e uma Tarifa Bancária total de R$ 100,00 (todos financiados pela
própria instituição financeira), calcule a Taxa de Juros e o Custo Efetivo Total desse empréstimo.

Para cálculo da taxa de juros do financiamento, precisamos fazer um ajuste no valor total
financiado. Esse valor corresponde aos R$ 10.000 somados com os demais encargos (IOF, Seguro
e Tarifa), perfazendo R$ 10.700,00. Com o auxílio de uma calculadora financeira5, chegamos à
seguinte resposta:

Valor Presente (PV)= R$ 10.700


Valor da Prestação (PMT) = R$ 945 (deve ser inserido com sinal negativo)
Prazo (n) = 12 meses

Taxa de juros (i) = ? = 0,9052% ao mês, equivalente a 11,42% ao ano.

Porém, note que o valor que será efetivamente liberado para o devedor será de apenas R$
10.000, sendo os demais R$ 700 encargos que ele terá que pagar em função da contratação do
empréstimo. Logo, o Custo Efetivo Total para esse devedor deverá ser calculado com base no
valor efetivamente liberado (R$ 10.000). Logo, recalculando, teremos:

Valor Presente (PV) = R$ 10.000,00 (valor efetivamente liberado)


Valor da Prestação (PMT) = R$ 945,00 (deve ser inserido com sinal negativo)
Prazo (n) = 12 meses

Custo Efetivo Total (i) = ? = 1,9897% ao mês, equivalente a 26,67% ao ano.

2.3.3. Financiamentos: conceito; garantias; modalidades (CDC e Leasing) e quando


usar.

Os financiamentos para pessoa física abrangem diversas categorias e custos diferentes. São as
chamadas operações ativas dos bancos:

• Crédito Direto ao Consumidor (CDC)

É uma modalidade de financiamento direcionada à aquisição de bens de consumo duráveis, de


origem nacional ou estrangeira, que possam ser alienados fiduciariamente. O Bacen admite ainda
as operações relativas a prestações de serviços, como pacotes turísticos, incluindo passagens e
estadia, mediante a apresentação de documento comprobatório.

Os financiamentos por meio do CDC, embora direcionados predominantemente para pessoas


físicas, podem também financiar a aquisição de máquinas, equipamentos e veículos para compor

5
Veja mais detalhes sobre cálculos envolvendo Matemática Financeira no capítulo 5 desse material.
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o ativo imobilizado das empresas. Contudo, para essas aquisições, recomenda-se a utilização de
outras alternativas, como o leasing e o Finame, em função das menores e dos prazos superiores.
Todavia, justamente pelo fato de os prazos das outras alternativas serem longos, uma empresa
que não disponha de recursos imediatos para adquirir bens para o ativo imobilizado, mas não
queira financiá-los por prazos longos, poderá optar pelo CDC, solicitando cotação para os bancos
com os quais opera.

Os financiamentos para pessoas físicas, por meio do CDC, podem ser realizados
independentemente de o financiado ser previamente cliente da instituição credora. Muitas
operações são encaminhadas por lojistas, que vendem bens de consumo duráveis, bem como
para revendas e concessionárias de veículos. Se os potenciais compradores, encaminhados pelos
vendedores, enquadrarem-se nos padrões de crédito do credor, o financiamento poderá ser
realizado. Por outro lado, a pessoa física, interessada na compra de um bem, poderá solicitar o
financiamento diretamente ao banco no qual mantém conta corrente.

Os percentuais do custo de aquisição dos bens que serão financiáveis e os prazos mínimos e
máximos do financiamento são definidos por regras do Bacen, determinadas por sua vez por
políticas governamentais de liberação ou contenção do crédito e, ainda, por políticas internas da
instituição financeira, que para fixá-las levarão em conta aspectos relativos a riscos e
disponibilidade de recursos.

As taxas de juros cobradas são as usuais de mercado, podendo ser pré ou pós-fixadas. Em
períodos de estabilidade econômica e baixa inflação, é usual operar com taxa pré-fixada. Em
períodos de instabilidade econômica e incertezas com relação à inflação e ao comportamento das
taxas de juros, as instituições financeiras tendem a reduzir a oferta do produto e, quando
operam, fazem com encargos pós-fixados e/ou taxas repactuadas. As formas de repagamento
são, em geral, contraprestações iguais, mensais e sucessivas.

Garantias/riscos/ seguro

A garantia usual nas operações de CDC é a alienação fiduciária do próprio bem objeto do
financiamento, que poderá, em caso de inadimplência, ser retomado por meio de uma ação de
busca e apreensão. Caso a alienação seja considerada insuficiente em face do risco do cliente, ou
caso o financiamento não comporte esse tipo de garantia, não há impedimento para que se
solicitem garantias adicionais reais ou fidejussórias.

O produto é interessante do ponto de vista de risco de crédito, uma vez que o financiamento de
bens já possui a priori garantia real e também por ser uma modalidade de financiamento de risco
pulverizado, envolvendo grande número de clientes com operações de pequeno/médio valor.

Regra geral, bancos múltiplos e financeiras que operam o produto exigem seguro com as
coberturas de fogo, roubo, colisão e responsabilidade civil (no caso de veículos), ou fogo, roubo,
danos elétricos, se for o caso, para outros bens. A cláusula beneficiária a favor do financiador
reduz ainda mais a possibilidade de eventual perda e tende a contribuir, portanto, para reduzir a
taxa do financiamento ou para relaxar a exigência de garantias.

Vantagens do produto

As vantagens do produto para o financiado são a disponibilidade de recursos para a aquisição


imediata de bens e o esquema flexível de pagamentos. Para o banco ou financeira, as vantagens
são representadas pela diluição do risco por se tratar de crédito pulverizado e, normalmente, com
garantia real, pela facilidade na administração do produto, pelas receitas adicionais com a tarifa
do contrato, com o seguro (quando o seguro for feito por empresa do mesmo conglomerado
financeiro) e pela receita da operação, que proporciona bons spreads.

• Crédito Automático por Cheque – linhas concedidas a clientes preferenciais quando da


emissão de um cheque (juros pré-fixados ou flutuantes informados, a priori, ao cliente).

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• Operações de Penhor – exclusivas da Caixa Econômica Federal, com o uso de garantia de
penhor de joias. Valor está vinculado ao objeto a ser empenhado e, caso os empréstimos não
sejam pagos, as joias vão a leilão.

• Contas Garantidas / Cheques Especiais – limite disponível diretamente ao cliente, quando


não há saldo disponível na conta corrente de movimentação. Algumas contas garantidas têm
caráter apenas de conta devedora, funcionando separadas da conta corrente e exigindo o
aviso prévio do cliente com antecedência dos valores a serem sacados.

• Cartões de Crédito – os juros cobrados nesta opção são geralmente mais altos.
O consultor financeiro, junto ao investidor, deve analisar os juros cobrados, termos de
contrato e flexibilidade de cada opção separadamente.

Já o leasing, também conhecido como arrendamento mercantil, é o aluguel de um bem por


determinado período, após o qual o usuário (arrendatário) poderá ou não adquirir a propriedade
desse bem, por preço para o exercício da opção de compra livremente pactuado, podendo ser,
inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. A contraprestação e demais pagamentos
previstos no contrato, devidos pelo arrendatário para o arrendador (banco ou Sociedade de
Arrendamento Mercantil), devem ser normalmente suficientes para que o arrendador recupere o
custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um
retorno sobre os recursos investidos. O conceito de leasing está vinculado à ideia de que o valor
do bem está associado ao seu uso econômico e não à sua propriedade.

O leasing nada mais é do que um arrendamento, uma espécie de aluguel, com a opção de
compra no final do contrato. Esse sistema de financiamento, tal como conhecemos hoje, ganhou
força a partir de 1941, com a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA decidiram emprestar
armas para os países aliados, que assumiam o compromisso de, depois da guerra, devolver ou
comprar o armamento.

E essa lógica vale até hoje: uma empresa de leasing, que pode estar associada a um banco – o
que ocorre na maioria das vezes – compra um produto para um cliente, que o aluga por um prazo
determinado. No final desse período, o cliente opta por comprar o produto pelo valor acordado
previamente (pode ser o valor de mercado) ou simplesmente devolvê-lo.

Porém, ficar com o bem é a última coisa que alguém que faz leasing deveria querer. Esse
mecanismo é, em essência, uma maneira de sempre trocar o bem antigo por um novo. No Brasil,
entretanto, transformou-se em uma forma de financiamento muito semelhante às demais
existentes no mercado.

Entre as vantagens do leasing para a pessoa física estão:


• Opção geralmente mais barata de aquisição a prazo frente às linhas tradicionais de
financiamento do bem;
• Casamento do prazo da operação financeira ao uso econômico;
• Constante atualização dos equipamentos durante o contrato.

Basicamente os dois tipos de leasing mais importantes para a pessoa física são:

a. Leasing Financeiro: é caracterizado como uma operação de financiamento integral de bens


móveis e imóveis. Entretanto, é estabelecido via um contrato, sob a forma de locação destes
bens entre uma empresa de leasing (arrendador) e o usuário (arrendatário). Ele se aproxima
de um empréstimo que utiliza o bem como garantia e que pode ser amortizado num
determinado número de contraprestações. Ao final do prazo, o arrendatário pode:
• Renovar o contrato por um valor estabelecido;
• Comprar o bem pelo valor estabelecido ou;
• Encerrar o contrato e devolver o bem.

A opção de compra (segunda alternativa) é pactuada no início do contrato. O prazo mínimo da


operação é de dois anos para bens com vida econômica útil igual ou inferior a cinco anos e
três para bens com vida superior a cinco anos. Despesas adicionais (seguro, manutenção,
impostos, registro de contrato) ficam a cargo do arrendatário. Notas promissórias referentes
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às contraprestações e valor residual são dadas como garantias. O contrato, durante sua vida,
não pode ser rescindido. Estas contraprestações mais o valor residual na venda formam o
retorno financeiro da aplicação para o arrendador. É permitida a utilização do Valor Residual
Garantido (VRG).

b. Leasing Operacional: é efetivamente quase um aluguel do bem. A operação é regida por


contrato entre o produtor de bens (arrendador) e seus usuários (arrendatários). O arrendador
pode ficar responsável pela manutenção do bem e assistência técnica ou não. Ao contrário do
leasing financeiro, o arrendatário pode rescindir o contrato a qualquer tempo, mediante pré-
aviso contratualmente especificado.

O Leasing Operacional deve possuir as seguintes características básicas:


• O prazo mínimo da operação é 90 dias;
• O prazo máximo da operação está limitado a 75% da vida útil econômica do bem
arrendado;
• O valor presente das contraprestações não pode exceder ao valor de 90% do bem
arrendado, sendo a taxa de desconto utilizada a equivalente aos encargos financeiros
constantes no contrato;
• Não é permitida a utilização do Valor Residual Garantido – VRG;
• A opção de compra do bem ao final do contrato é pelo valor de mercado; e
• A manutenção do bem arrendado pode ser responsabilidade do arrendador ou do
arrendatário.

Os contratos devem estabelecer os seguintes prazos mínimos de arrendamento:


-
Para o arrendamento mercantil financeiro:
a) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens à arrendatária (cliente),
consubstanciada em termo de aceitação e recebimento dos bens, e a data de vencimento da
última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com vida útil igual ou
inferior a 5 (cinco) anos (principal exemplo: veículos);
b) 3 (três) anos para o arrendamento de outros bens;

Para o arrendamento mercantil operacional: 90 (noventa) dias.

O Leasing no Brasil funciona da seguinte maneira: imagine que uma pessoa compra um
automóvel, por meio do leasing, com prazo de 24 meses. Pagou R$ 400,00 por mês e, no final do
prazo, tem opção de compra por R$ 7.000,00. Nessa hora, ou ela decide pagar os R$ 7.000,00,
liquidar sua dívida e ficar com o carro, ou devolver para o banco e partir para o leasing de outro
carro.

Assim é como acontece no EUA. Lá, raramente alguém paga para ficar com o automóvel. O
consumidor entra na concessionária com seu carro usado, faz um novo leasing e sai com o carro
zero. A grande vantagem é permitir que o investidor não precise vender o automóvel.

No Brasil, o leasing operacional quase não existe para pessoas físicas. Os bancos fazem o leasing
financeiro. Nesse caso, você fica praticamente impedido de devolver o bem. O financiamento é
feito de forma que o valor residual – o valor do bem no mercado, quando acaba o leasing – seja
incorporado às mensalidades, ou, então, antecipado, tomando a forma de uma entrada – é o
chamado resíduo antecipado. Com isso, no final do contrato, o resíduo está pago e o bem
quitado.

Para pessoas físicas, esse sistema é interessante apenas quando se procura um crédito de prazo
mais longo – especificamente, acima de dois anos. O financiamento por leasing só se torna
competitivo com os demais tipos de créditos nesse caso. No curto prazo, o leasing é mais
indicado para empresas.

Se comparado com o tradicional CDC (Crédito Direto ao Consumidor), o leasing geralmente


possui taxas mais competitivas; porém, a desvantagem é a impossibilidade de quitação
antecipada antes do prazo mínimo estipulado.

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Atenção: Questão de prova

É possível quitar o leasing antes do prazo definido no contrato?

Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos mínimos previstos na legislação e na
regulamentação), o contrato não perde as características de arrendamento mercantil. Entretanto,
caso realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o contrato perde sua caracterização legal
de arrendamento mercantil e a operação passa a ser classificada como de compra e venda a
prazo. Nesse caso, as partes devem arcar com as consequências legais e contratuais que essa
descaracterização pode acarretar.

Para contratos assinados após 6 de dezembro de 2007, é vedada a cobrança de qualquer taxa do
cliente que queira quitar antecipadamente o contrato (conhecida como taxa de antecipação),
conforme Resolução 3.516/2007 do Conselho Monetário Nacional.

2.3.4. Financiamento imobiliário.

2.3.4.1. Seguro habitacional: danos físicos ao imóvel.

Na compra de um imóvel financiado pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), e mesmo fora
desse sistema, a instituição financeira contrata um seguro com as coberturas para morte e
invalidez permanente do mutuário (MIP) e para danos físicos ao imóvel (DFI).

A cobertura de DFI abrange os riscos de incêndio, queda de raio, explosão, inundação e


alagamento, destelhamento, desmoronamento total e parcial, além de ameaça de
desmoronamento.

O limite máximo de cobertura para esta modalidade é o valor da avaliação inicial do imóvel
que serviu de base para a contratação do financiamento, devidamente atualizado pelo índice de
atualização que foi previsto no contrato, se for o caso. No caso de não haver previsão contratual
de atualização, o valor de avaliação poderá ser corrigido por índice estipulado na apólice de
seguro. O valor do prêmio referente à cobertura de DFI é calculado utilizando a taxa estipulada
pela seguradora aplicada sobre o valor de avaliação do imóvel e são atualizados com base no
indexador previsto no contrato ou na apólice, acrescido de IOF e taxas, se for o caso, sendo
cobrados juntamente com as prestações mensais.

A indenização é igual ao valor necessário para a reposição dos prejuízos, com a recuperação do
imóvel em condições idênticas às que apresentava antes do sinistro (materialização de um dos
riscos previstos na apólice).

O seguro habitacional não tem franquia. Quanto à carência, esta só se aplica às seguintes
situações:
• no caso de morte por suicídio, a cobertura só será válida depois de dois anos da entrada em
vigor da apólice do seguro; e
• em caso de desemprego, o seguro não cobre o saldo devedor. Algumas seguradoras
oferecem, à parte, seguro para essa eventualidade mediante a contratação dessa cobertura e
o pagamento de prêmio adicional.
• no caso de morte ou invalidez permanente, a seguradora poderá exigir carência limitada a 12
meses nos casos de alterações de contrato movidas para composição de renda, necessária
para aprovação do financiamento do imóvel.

Coberturas

Essa modalidade garante indenização para prejuízos causados por:


• incêndio, queda de raio e explosão;
• vendaval;
• desmoronamento total ou parcial de paredes, vigas ou outra parte estrutural do imóvel;
• ameaça de desmoronamento, desde que devidamente comprovado;
• destelhamento causado por ventos fortes ou granizo;
• inundação decorrente de transbordamento de rios ou canais; e
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• alagamento provocado por chuvas ou rompimento de canos e tubulações não pertencentes ao
imóvel segurado.

Com exceção dos riscos de incêndio, queda de raio e explosão, a garantia do seguro habitacional
(DFI) se refere a danos causados ao imóvel por fatores externos. Em outras palavras, prejuízos
provocados por acontecimentos gerados de fora para dentro do imóvel, sobre o prédio, ou
sobre o solo ou subsolo em que está construído.

Por exemplo, um rio ou canal transborda e a água danifica a sua casa. O seguro DFI paga as
despesas para a recuperação do imóvel, mas não se responsabiliza pelos seus pertences. A
mesma garantia você tem caso haja ocorrência de eventos como chuva, granizo ou ainda caso se
rompa canos fora de sua casa, mas que provoque danos ao seu imóvel.

Coberturas adicionais

As seguradoras podem oferecer coberturas adicionais, não previstas inicialmente no seguro


habitacional. Por exemplo, serviços de atendimento a emergências domiciliares (Assistência 24h),
assistência funeral e contra riscos de danos ao conteúdo dos imóveis, entre outras.

Riscos excluídos para danos físicos do imóvel (DFI)

Não contam com cobertura os danos decorrentes de:


• uso e desgaste, ou seja, danos verificados exclusivamente em razão da utilização normal do
imóvel ou do decurso do tempo, como os que afetam, por exemplo, revestimentos,
instalações elétricas e hidráulicas, pintura, esquadrias, vidros, ferragens e pisos;
• má conservação ou falta de manutenção, isto é, falta de cuidados usuais para manter o
funcionamento normal do imóvel, como limpeza de calhas, tubulações de esgoto, etc.;
• atos dolosos do mutuário;
• água de chuva, quando invadir o interior do imóvel pelas portas, janelas, vitrinas, claraboias,
respiradouros ou ventiladores abertos ou defeituosos;
• vazamento de água de torneira ou registro, ainda que deixados abertos inadvertidamente;
• infiltração de água ou outra substância líquida por meio de pisos, paredes e tetos, a não ser
que tenha sido provocada por fatores externos ao imóvel;
• danos já existentes antes da contratação do seguro.
• vazamento de água, devido à ruptura de encanamentos pertencentes ao imóvel financiado (ou
ao edifício ou conjunto habitacional do qual o mesmo faça parte);
• trincas e fissuras no imóvel, sem ameaça de desmoronamento;
• obras de melhorias no imóvel que não tenham sido comunicadas à seguradora antes da
ocorrência de sinistro;
• recuperação de qualquer dano não decorrente do sinistro;
• móveis, utensílios e eletrodomésticos;
• danos provenientes de vícios de construção (erro de cálculo, de projeto ou na execução da
obra);
• danos elétricos, a não ser quando provocados por fatores externos ao imóvel;
• prejuízos causados por extravio, roubo ou furto;
• prejuízos decorrentes de atos de inimigos estrangeiros, operações de guerra, guerra civil,
guerrilha, revolução, rebelião, tumultos, lei marcial ou estado de sítio;
• danos causados por atos terroristas;
• prejuízos provocados por radiações ionizantes ou contaminação proveniente de radioatividade
de qualquer combustível ou resíduo nuclear.

2.3.4.2. Seguro prestamista para quitação de dívida.

Seguro Prestamista é seguro que tem por objetivo garantir a quitação de uma dívida do
segurado, no caso de sua morte ou invalidez ou até mesmo desemprego involuntário.

No caso desse tipo de seguro voltado para o financiamento imobiliário, utiliza-se o nome de
Seguro de Morte e Invalidez Permanente (MIP). As coberturas concedidas nesta modalidade
referem-se aos riscos de morte do mutuário/segurado decorrentes de causas naturais ou
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acidentais e invalidez permanente, ocorrida em data posterior à data de assinatura do
contrato, causada por acidente pessoal ou doença que provoque a incapacidade total e
permanente do segurado de exercer sua atividade laboral, devidamente comprovada, sendo a
indenização limitada ao valor do saldo devedor do contrato de financiamento na data do sinistro.

No caso de o mutuário/segurado não exercer qualquer atividade laborativa, terá cobertura de


invalidez permanente quando comprovada a incapacidade total e permanente para exercício de
toda e qualquer atividade laborativa.

São excluídos da cobertura de MIP os sinistros decorrentes e/ou relacionados a doenças


manifestadas em data anterior à assinatura do contrato de conhecimento do
mutuário/segurado e não declaradas na proposta de seguro, nem na Declaração Pessoal de
Saúde, ou resultante de acidente pessoal, também, ocorrido anterior à assinatura do contrato.
Quando o mutuário/segurado já se encontrar aposentado por invalidez permanente, será
considerado somente a cobertura para risco de morte. Para verificação das situações de exclusão
de riscos, deverão ser consultadas as condições gerais da apólice, disponibilizadas pela instituição
financeira que está concedendo o financiamento.

As taxas utilizadas para cálculo dos seguros poderão ser estabelecidas por faixa etária ou por
idade média do grupo segurado. Usualmente, são utilizadas as taxas que variam de acordo com a
faixa etária do mutuário/segurado, (quando maior a idade do segurado maior será a taxa), sendo
o prêmio recalculado no transcorrer do prazo do financiamento e na medida em que houver
mudança de faixa etária.

A base de cálculo do prêmio a ser pago é o saldo devedor do contrato no mês de referência,
utilizando a taxa correspondente à idade do mutuário/segurado naquele mês acrescido de IOF e
taxas, se for o caso, sendo cobrados juntamente com as prestações mensais. Usualmente, o
pagamento do primeiro prêmio é antecipado, bem como, todos os demais, sendo que na última
parcela não deverá ser cobrado. No caso de ocorrência de amortização extraordinária e, em
virtude do prêmio ser calculado sobre o saldo devedor, este será reduzido na mesma proporção
da redução do saldo devedor.

A indenização para as coberturas de MIP corresponderá ao saldo devedor na data da ocorrência


do sinistro e deverá ser paga em parcela única, respeitando o percentual de participação de renda
do mutuário que tenha falecido ou tornado inválido. No caso de invalidez permanente do
segurado deverá ser comprovada através de apresentação de declaração médica atestando a
invalidez do segurado. No caso de haver divergência sobre a invalidez poderá ser constituída uma
junta médica para avaliação do caso.

2.3.5. Crédito rural

O Crédito Rural abrange recursos destinados ao custeio, investimento ou comercialização. As


suas regras, finalidades e condições estão estabelecidas no Manual de Crédito Rural (MCR),
elaborado pelo Banco Central do Brasil. Essas normas são seguidas por todos os agentes que
compõem o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), como bancos e cooperativas de crédito.

Os créditos de custeio ficam disponíveis quando os recursos se destinam a cobrir despesas


habituais dos ciclos produtivos, da compra de insumos à fase de colheita. Já os créditos de
investimento são aplicados em bens ou serviços duráveis, cujos benefícios repercutem durante
muitos anos. Por fim, os créditos de comercialização asseguram ao produtor rural e a suas
cooperativas os recursos necessários à adoção de mecanismos que garantam o abastecimento e
levem o armazenamento da colheita nos períodos de queda de preços.

O produtor pode pleitear as três modalidades de crédito rural como pessoa física ou jurídica. As
cooperativas rurais são também beneficiárias naturais do sistema. Ano a ano, o governo Federal
tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. A maior parte do dinheiro destina-se a
créditos de custeio para cobrir os gastos rotineiros com as atividades no campo. Esse dinheiro é
tomado diretamente nos bancos ou por meio das cooperativas de crédito.

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A oferta de linhas de créditos para investimentos conta com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos Fundos Constitucionais de Financiamento do
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, conhecidos como FCO, FNO e FNE.

2.3.6. Repasses (BNDES)

São financiados pelo BNDES os investimentos para implantação, expansão, modernização,


ampliação e recuperação da capacidade produtiva de empresas; produção e aquisição de
máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional credenciados pelo BNDES, e capital de
giro.

São passíveis de obter financiamento com recursos do BNDES:


• Empresas privadas, sediadas no Brasil;
• Associações e fundações;
• Empresário individual, que exerça atividade produtiva e esteja inscrito no Registro Público de
Empresas Mercantis e no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);
• Pessoas físicas (microempreendedor, produtor rural e transportador autônomo de cargas);
• Administração Pública, direta e indireta; e
• Empresas sediadas no exterior, com a condição de que o acionista com maior capital votante
e que exerça influência dominante sobre as atividades nelas desempenhadas, conforme juízo
a ser feito pelo BNDES, seja:
o pessoa jurídica controlada, direta ou indiretamente, por pessoa física ou grupo de
pessoas físicas, domiciliadas e residentes no Brasil; ou
o pessoa jurídica controlada por pessoa jurídica de direito público interno.

As solicitações podem ser feitas de forma direta, indireta ou mista, dependendo da modalidade de
apoio utilizada:
• Operação direta - realizada diretamente com o BNDES ou através de mandatário.
• Operação indireta - realizada por meio de instituição financeira credenciada, ou através do
uso do Cartão BNDES.
• Operação mista - combina a forma direta com a forma indireta não automática.

2.3.7. Outros: conta margem (margin account); consórcio; penhor; linhas de crédito
educacionais

• Conta Margem

Conta Margem é uma modalidade de crédito oferecido por corretoras de valores para a realização
de operações sem a necessidade de 100% do capital envolvido. Dessa forma, o investidor pode
alavancar seus investimentos ou aproveitar oportunidade sem precisar se desfazer de seus
investimentos.

A cobrança de juros é feita diariamente e a taxa varia de corretora para corretora. Normalmente,
cada uma define regras específicas para a concessão do crédito, baseando-se na carteira de
ações atual do cliente.

• Consórcio

Os consórcios são formados por grupos de pessoas que formam fundos comuns e arrecadam
contribuições mensais em dinheiro destinadas a proporcionar a cada consorciado (membros do
consórcio) a aquisição de um bem, conjunto de bens ou determinado serviço especificados na
proposta de adesão ao longo do tempo. Geralmente, a cada mês são distribuídos 2 bens (um por
sorteio e outro por lance). Os lances correspondem a pagamentos antecipados de prestações.

Os grupos são constituídos após uma Assembleia Geral Ordinária (AGO) convocada pela a
administradora do consórcio, entidade responsável por todas as etapas administrativas (inclusive
pela aplicação do excesso de recursos de cada grupo) e pelos recursos coletados.

Os consórcios geralmente envolvem bens de consumo de valores mais elevados. Os prazos


costumam ser longos, podendo chegar a 72 meses, no caso de consórcio de automóveis, e a 180
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meses, de imóveis. A contribuição mensal é resultante do valor do bem, adicionando-se a este o
porcentual cobrado pela taxa de administração e outras tarifas (tarifa bancária, seguro
prestamista).

As principais vantagens do consórcio são:


• Custo, geralmente inferior àqueles incorridos em financiamentos tradicionais;
• Possibilidade de ser contemplado mediante lance;
• Possibilidade de diluição do saldo devedor no mesmo número de parcelas, no caso da
contemplação por lance (o que reduz significativamente o valor da parcela);
• Possibilidade do uso do saldo do FGTS para amortização do saldo devedor ou para
efetuar lance, no caso de consórcios imobiliários, nas mesmas condições do
financiamento imobiliário.

Por sua vez, as principais desvantagens são:


• Incerteza quanto à contemplação: no caso da contemplação por sorteio, as probabilidades, no
início do grupo são equivalentes de o consorciado ser sorteado no primeiro ou no último mês.
Dessa forma, é pouco indicado para quem gostaria de adquirir o bem com alguma pressa;
• O índice de reajuste das parcelas normalmente utilizado (INCC – Índice Nacional da
Construção Civil) no consórcio imobiliário geralmente não reflete aumento do preço dos
imóveis, o que causa algum descasamento entre o valor da carta de crédito e o real valor dos
imóveis, o que tende a prejudicar principalmente aqueles que serão contemplados mais ao
final do grupo;
• Necessidade de elevados lances, em alguns casos, o que torna desvantajosa essa opção
frente ao financiamento, que por sua vez pode ser contratado mediante desembolso de um
pequeno porcentual sobre o valor financiado, a título de entrada.

A escolha da administradora é fundamental no caso dos consórcios – no Brasil já se presenciou a


quebra de várias empresas do ramo. Isso costuma ocorrer com empresas que não têm suporte
financeiro para a desistência de cotistas ao longo do prazo de duração do grupo, e o fato de o
prazo de entrega ser longo só aumenta o risco do negócio. Porém, essa incerteza diminuiu
significativamente desde que as administradoras de consórcio passaram a ser fiscalizadas pelo
Banco Central.

Existem consórcios nos seguintes segmentos:


• Automóveis;
• Tratores, equipamentos rodoviários, máquinas e equipamentos agrícolas, aeronaves,
embarcações e veículos destinados ao transporte coletivo;
• Motocicletas e motonetas;
• Imóveis;
• Serviços, como bilhetes de passagem aérea e até mesmo pequenas intervenções cirúrgicas
(cirurgia plástica, por exemplo);
• Bens móveis duráveis.

Exemplo:

Dez pessoas querem comprar um carro que custa R$ 20 mil, mas cada uma delas só tem R$ 2
mil. Elas podem esperar dez meses para conseguir adquirir o automóvel ou se reunir em um
grupo juntando mensalmente os R$ 20 mil necessários (desde que cada uma das pessoas aporte
R$ 2 mil por mês). Se fizerem isso todo mês, comprarão um carro todo mês. Ao final de dez
meses, todas estarão com seu automóvel na garagem, e pelo menos nove delas o terão
comprado mais rapidamente do que se bancassem a compra sozinhas. Essa é a lógica do
consórcio.

Na prática, o valor mensal a ser pago será um pouco superior a R$ 2 mil em função dos custos
associados. Ou seja, o consórcio realmente pode ser um bom negócio quando não se tem pressa.
O consorciado vai pagando as prestações mensais e todo mês pode ser sorteado para retirar o
bem ou dar um lance com essa finalidade.

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É importante sempre comparar o consórcio com a opção da poupança programada por meio de
investimentos. É possível que, no mesmo prazo do consórcio, o investidor consiga reunir o
dinheiro necessário para comprar o bem desejado, sem ônus de ter de pagar as taxas de
administração e seguro.

A legislação permite que sejam formados consórcios para a aquisição de bens móveis duráveis
(como eletrodomésticos e carros, inclusive usados), imóveis residenciais e passagens aéreas.
Entretanto, em todos esses casos, o que o consumidor está comprando é uma carta de crédito, e
não o bem em si. Qual a relevância dessa informação? É importante o investidor saber que
sempre pode mudar de ideia e retirar a carta de crédito em vez do bem, utilizando-a para
comprar outro bem qualquer, desde que previsto no contrato do consórcio e com a condição de
que o bem seja alienado fiduciariamente à administradora, como garantia.

• Penhor

Penhor refere-se a uma forma de direito real de garantia que consiste na transferência de algo
móvel ou mobilizável (qualquer objeto que garante o direito imaterial). Os sujeitos que aqui
atuam são o devedor e o credor. O devedor é o sujeito passivo da obrigação principal ou um
terceiro que ofereça o ônus real, como um fiador. O credor é aquele que empresta o dinheiro e
recebe o bem empenhado. Isso implica também receber a posse deste.

• Linhas de Crédito Educacionais

O financiamento público se dá no âmbito Federal por meio do FIES (Financiamento


Estudantil), e é um programa que utiliza com grande amplitude recursos tecnológicos, sendo
grande parte das operações feitas pela internet, inclusive as inscrições dos candidatos no site do
MEC (www.mec.gov.br).

O FIES, é destinado a financiar a graduação no ensino superior de estudantes comprovadamente


carentes, que passam por um processo de seleção antes de obter o direto ao crédito. Para isso
semestralmente o Governo Federal, abre novas inscrições para o programa.

Para ter direito ao financiamento, o estudante deve estar regularmente matriculado em


instituições de ensino não gratuitas, cadastradas no programa e com avaliação positiva do MEC,
fazer a inscrição no programa e ser aprovado no processo seletivo.

O FIES financia até 70% do valor das mensalidades, a partir da data de ingresso no programa
pelo período remanescente para a conclusão do curso. Este prazo pode ser prolongado por mais
um ano mediante aceitação da Comissão Permanente de Seleção e Acompanhamento da IES
(Instituição de Ensino Superior). O contrato deve ser semestralmente renovado mediante a
assinatura de um Termo de Anuência feito na própria Faculdade.

O contrato de crédito é feito pelo aluno ou responsável legal, se o aluno for menor de 18 anos e
não emancipado, juntamente com o fiador e o seu cônjuge com a Caixa Econômica Federal.

O fiador deve ter renda no mínimo duas vezes superior ao valor da mensalidade integral do
curso. Caso a renda da família do estudante seja menor que 60% do valor das mensalidades, é
necessária a presença de um segundo fiador na assinatura do contrato.

Existem diversos modelos de crédito privado para financiar a educação, desde o de instituições
financeiras como o das próprias instituições de ensino superior.

No crédito concedido pelas instituições de ensino superior, geralmente, o ex-aluno, já em


atividade no mercado de trabalho, financia o novo aluno, com o pagamento de suas parcelas. Isto
ocorre por meio da recuperação dos recursos investidos e que são novamente aplicados em
outros alunos.

Este tipo de financiamento é oferecido somente por algumas instituições privadas (financeiras e
de ensino superior), e o valor financiado varia de instituição para instituição, podendo ser
financiado parte ou até mesmo o valor integral da mensalidade.
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A restituição do valor investido geralmente começa a ser feita doze meses após a data prevista
para o término do curso e o número de parcelas pode variar em cada instituição, sendo o mais
usual o ex-aluno pagar as prestações durante o mesmo período que necessitou do financiamento,
mas pode chegar a ser parcelado em até 10 anos.

O sistema de correção tem juros mais baixos que os dos bancos e maiores que o FIES (programa
do Governo Federal), e será feito de acordo com o critério utilizado pela instituição, podendo ser
pelos índices de inflação, pelo valor da hora/aula, pelo valor da mensalidade atual ou outros, que
deverão estar definidos em contrato. Para todos os programas de financiamento é necessária a
participação de um fiador.

Estes programas, tanto públicos como privados, vêm para preencher uma lacuna no
desenvolvimento social do país e são de suma importância para um futuro mais próspero e
socialmente igualitário da nossa população.

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