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Como citar este material:

FEUSER, Carlos Eduardo Prado. Métodos Quantitativos Aplicados a Corporate Finance.


Rio de Janeiro: FGV, 2023.

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deste material são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual, de
forma que é proibida a reprodução no todo ou em parte, sem a devida autorização.
INTRODUÇÃO
Com o aumento da competitividade global e a necessidade de
buscar a rentabilidade no mundo dos negócios, o domínio dos cálculos
no âmbito das finanças tem-se tornado essencial para o sucesso de
qualquer projeto de investimento. São os estudos dos Métodos
Quantitativos Aplicados a Corporate Finance que permitirão ao
investidor adquirir o conhecimento necessário para saber calcular,
projetar e analisar a viabilidade de uma decisão de investimento, seja no
mundo corporativo, seja na busca pela formação do patrimônio pessoal.
Por essa razão, dominar os conceitos básicos de matemática financeira
e o seu potencial aplicado às finanças é altamente relevante e essencial
para a formação de qualquer profissional, independentemente da sua
área de conhecimento ou atuação. Afinal, potencializar a rentabilidade
e acumular patrimônio são desejos muito comuns de qualquer pessoa
física ou jurídica.
Nesse sentido, serão abordados na disciplina de Métodos
Quantitativos Aplicados a Corporate Finance os conceitos do valor do
dinheiro no tempo e a sua aplicabilidade prática no mercado financeiro,
bem como em decisões de projetos de investimentos. Essa abordagem
inclui a operacionalização básica, porém essencial, da calculadora
financeira HP-12C; a aplicabilidade dos regimes de capitalização e taxas
de juros existentes no mercado corporativo; os sistemas de amortização;
os métodos da análise de investimentos via fluxos de caixa e a modelagem
matemática para compreender a correlação existente entre ativos, bem
como as suas projeções e estimação do risco financeiro. Para esse enfoque,
esta apostila foi estruturada em cinco módulos.
No módulo I, serão abordados os aspectos necessários para a devida
compreensão dos efeitos do valor do dinheiro no tempo, da forma de
capitalização dos juros e da contagem dos prazos. Além disso, considerando
a importância de dominar as ferramentas que permitem ganhar agilidade no
processo decisório, serão apresentadas as principais configurações e funções
da calculadora HP-12C para possibilitar a execução dos cálculos financeiros
mais utilizados no mercado corporativo.
No módulo II, serão demonstradas as aplicabilidades dos regimes de capitalização no mercado
financeiro, tais como: as operações de desconto bancário de títulos, o sistema de cálculo dos juros
de contas correntes e os cálculos das variáveis financeiras no regime de juros compostos. Ainda neste
módulo, serão apresentados os cálculos e os significados das diversas taxas de juros aplicadas em
finanças que permitem ao investidor saber calcular o custo efetivo de uma operação de crédito ou a
rentabilidade auferida de um projeto de investimento.
No módulo III, serão apresentados os sistemas de amortização de empréstimos e
financiamentos mais utilizados e como se comportam quando são aplicadas taxas variáveis ou
indexadas a um indicador econômico. A compreensão dos efeitos dos diferentes sistemas de
amortização é crucial para a estruturação dos fluxos de caixa de investimentos e as análises das suas
viabilidades quando envolve capital financiado por terceiros. Portanto, entender como são
estruturados os cálculos inerentes aos sistemas de amortização é fundamental para que o investidor
saiba como melhor se financiar e rentabilizar o seu negócio. Nesse sentido, neste mesmo módulo,
serão apresentadas as diferentes séries de pagamentos existentes bem como o comportamento dos
juros nos casos de parcelas fixas, com carência ou reforços, sejam eles reforços intermediários ou
apenas no final da operação de crédito.
No módulo IV, já com o domínio da base matemática necessária para compreender o
comportamento dos juros e como são calculados, serão apresentados os principais métodos de análise
de investimentos por meio dos fluxos de caixa aplicados a corporate finance. São critérios que permitem
ao investidor calcular se um investimento é viável por oferecer a rentabilidade desejada ou se deve ser
descartado por não cumprir os requisitos mínimos exigidos. Esses requisitos podem ser tanto de
rentabilização mínima exigida, quanto de prazo máximo de devolução do capital, ou ainda serem
estruturados para permitir a comparação de performance entre duas opções de investimento.
Por fim, no módulo V, serão apresentados os conceitos de modelagem matemática para
permitir ao investidor calcular, bem como compreender, a correlação linear existente entre duas
variáveis, permitindo ainda, estabelecer projeções a partir de séries históricas. Adicionalmente, serão
apresentados os conceitos básicos para estimar o retorno esperado para um ativo e os seus riscos
financeiros para fins decisórios.
Em virtude da crescente importância do gerenciamento dos investimentos para a
maximização dos resultados financeiros, o objetivo da apostila de Métodos Quantitativos Aplicados
a Corporate Finance é descrever os conceitos básicos utilizados no mercado financeiro e a sua
aplicabilidade para análise de investimentos e operações de empréstimos e financiamentos e, ainda,
apresentar os conceitos de correlação linear entre duas variáveis e como é possível estimar o risco de
um ativo financeiro.
O objetivo geral desta apostila é reunir em um só lugar os principais conceitos de Métodos
Quantitativos Aplicados a Corporate Finance para oferecer ao interlocutor ferramentas que lhe
permitam saber calcular, projetar e analisar a viabilidade de uma decisão de investimento, bem
como compreender os seus riscos financeiros.
Os objetivos específicos a serem alcançados com esta disciplina são:
 Apresentar os principais conceitos aplicados a corporate finance para permitir ao leitor a
compreensão das operações financeiras existentes no mercado e a sua execução por meio
da operacionalização da calculadora financeira HP-12C.
 Demonstrar a aplicabilidade dos regimes de capitalização e das taxas de juros existentes no
mercado financeiro mediante a apresentação: das operações de desconto bancários de
títulos, do sistema de cálculo dos juros de conta-corrente, dos cálculos das variáveis
financeiras no regime de juros compostos.
 Permitir ao leitor compreender as estruturas dos sistemas de amortização de empréstimos
e financiamentos e as séries de pagamentos mais praticadas no mercado financeiro.
 Descrever os principais métodos de análise de investimentos por meio dos fluxos de caixa
aplicados a corporate finance.
 Evidenciar os aspectos básicos considerados para cálculo e análise da correlação linear
existente entre duas variáveis e como realizar projeções básicas a partir de séries históricas.
 Fornecer os métodos quantitativos básicos para a estimação do risco financeiro para
fins decisórios.

Note que os objetivos geral e específicos descritos acima buscam fornecer conhecimentos de
Métodos Quantitativos Aplicados a Corporate Finance essenciais para a formação profissional em
qualquer área de conhecimento, uma vez que, independentemente da área de atuação, é comum
que no mercado corporativo as pessoas busquem potencializar os retornos financeiros das suas
decisões de investimentos. Uma boa decisão de investimento só poderá ser tomada por aquele que
dominar os conceitos de finanças e a sua aplicabilidade, pois são eles que permitem ao investidor
saber quando, como e onde investir, bem como calcular, projetar e analisar a viabilidade e o risco
financeiro de um investimento.
SUMÁRIO
MÓDULO I – CONCEITOS BÁSICOS APLICADOS A CORPORATE FINANCE ...................................... 11

VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO .................................................................................................. 11


Custo de oportunidade ........................................................................................................... 11
Taxa mínima de atratividade.................................................................................................. 12
JUROS ................................................................................................................................................. 12
Conceito de juros ..................................................................................................................... 13
Conceito de taxa de juros ....................................................................................................... 13
Taxa unitária ............................................................................................................................. 13
Taxa percentual........................................................................................................................ 13
Juros simples ............................................................................................................................ 14
Juros compostos ...................................................................................................................... 14
Fator de capitalização simples ............................................................................................... 15
Fator de capitalização composta ........................................................................................... 15
PRAZOS .............................................................................................................................................. 16
Ano civil e juros exatos ............................................................................................................ 16
Ano comercial e juros comerciais .......................................................................................... 16
Período de capitalização ......................................................................................................... 17
Capitalização contínua ............................................................................................................ 17
Capitalização descontínua ...................................................................................................... 17
OPERACIONALIZAÇÃO DA CALCULADORA HP-12C ..................................................................... 17
Método de Cálculo RPN .......................................................................................................... 17
Função primária e secundária das teclas ............................................................................. 18
Configuração das casas decimais .......................................................................................... 19
Configuração dos separadores de dígitos ............................................................................ 19
Configuração do sistema de datas ........................................................................................ 20
Operações com datas ........................................................................................................ 20
Função da tecla "CHS" ............................................................................................................. 21
Função da tecla “CLX” .............................................................................................................. 21
Função da tecla “yX” ................................................................................................................. 22

MÓDULO II – APLICABILIDADE DOS REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO E TAXAS NO MERCADO


FINANCEIRO ......................................................................................................................................... 23

OPERAÇÃO DE DESCONTO BANCÁRIO DE TÍTULOS ................................................................... 23


Taxa de desconto bancário .................................................................................................... 24
Custo efetivo total da operação de desconto bancário de títulos .................................... 25
SISTEMA DE CÁLCULO DOS JUROS DE CONTA-CORRENTE ........................................................ 25
CÁLCULO DAS VARIÁVEIS FINANCEIRAS NO REGIME DE JUROS COMPOSTOS ........................ 27
Cálculo do valor presente (VP) ............................................................................................... 28
Cálculo do valor das prestações (PMT) ................................................................................. 31
Cálculo do valor futuro (VF) .................................................................................................... 33
Cálculo da taxa de juros efetiva (i) ......................................................................................... 34
Cálculo da quantidade de períodos (n) ................................................................................. 35
TAXAS DE JUROS APLICADAS NO MERCADO FINANCEIRO ......................................................... 36
Taxa real .................................................................................................................................... 36
Taxa nominal ............................................................................................................................ 37
Taxa efetiva ............................................................................................................................... 39
Taxas equivalentes .................................................................................................................. 40

MÓDULO III – SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO E SÉRIES DE PAGAMENTOS ...................................... 43

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS .......................................... 43


Princípios básicos dos sistemas de amortização ................................................................ 44
Sistema de Amortização com Prestações Constantes (Price) ............................................ 44
Sistema de Amortização com a Amortização Constante (SAC) ......................................... 45
Sistema de Amortização Misto (SAM) ................................................................................... 47
Sistema de Amortização Americano (SAA) ........................................................................... 47
Análise comparativa entre os sistemas de amortização .................................................... 48
COMPORTAMENTO DOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO COM ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA ... 50
SÉRIES DE PAGAMENTOS ................................................................................................................ 52
Série de pagamentos postecipados ...................................................................................... 52
Série de pagamentos antecipados ........................................................................................ 52
Série de pagamentos com carência ...................................................................................... 54
Série de pagamentos com reforço no último pagamento ................................................. 56
Série de pagamentos com reforços intermediários, ou periódicos ................................. 57

MÓDULO IV – MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS APLICADOS A CORPORATE FINANCE .... 61

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ............................................................................ 61


VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) ................................................................................................... 62
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ................................................................................................. 66
TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA (TIRM) ..................................................................... 68
PAYBACK SIMPLES (PS)...................................................................................................................... 72
PAYBACK DESCONTADO (PD)........................................................................................................... 75
ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (IL) ...................................................................................................... 78

MÓDULO V – QUANTITATIVE FINANCE ............................................................................................. 81

MODELAGEM MATEMÁTICA ........................................................................................................... 81


Correlação linear ...................................................................................................................... 82
Introdução a projeções a partir de séries históricas........................................................... 86
VALOR ESPERADO (E), DESVIO PADRÃO (Σ) E RISCO FINANCEIRO ............................................ 90
Introdução ao value at risk (VaR) ............................................................................................ 92
ÍNDICE DE SHARPE ........................................................................................................................... 94
Coeficiente de variação (CV) ................................................................................................... 95

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 98

PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 99

CARLOS EDUARDO PRADO FEUSER ............................................................................................... 99


Formação acadêmica .............................................................................................................. 99
Experiências profissionais ...................................................................................................... 99
MÓDULO I – CONCEITOS BÁSICOS
APLICADOS A CORPORATE FINANCE

Neste módulo, serão abordados os aspectos básicos, porém essenciais, do valor do dinheiro
do tempo, a forma de capitalização dos juros e a contagem dos prazos. Essa é a base para estruturar
qualquer pensamento matemático aplicado a corporate finance. Adicionalmente, é imprescindível
que o investidor domine as ferramentas que lhe permitam ganhar dinamismo na execução de
cálculos financeiros para embasar o processo decisório de investimento. Nesse sentido, serão
apresentadas, também neste módulo, as principais configurações e funções da calculadora HP-12C
para preparar o leitor para a realização de cálculos financeiros com agilidade.

Valor do dinheiro no tempo


O valor do dinheiro se modifica com o tempo, seja pela sua perda no poder de compra em
razão da existência de inflação no período em análise, seja em razão da existência de um custo de
oportunidade.

Custo de oportunidade
Custo de oportunidade é o custo financeiro de uma aplicação alternativa ao investimento em
análise. Para melhor compreender este conceito, pergunte-se: considerando o ambiente econômico
atual, se pudesse escolher entre receber R$ 1.000,00 hoje ou R$ 1.200,00 daqui a um ano, qual
preferiria? Neste caso, a resposta é simples: Depende!
Entenda o porquê: considere um cenário em que uma pessoa esteja com o seu limite bancário
de cheque especial tomado, ou seja, a sua conta está com o saldo negativo em exatos R$ 1.000,00.
Considere ainda, que essa pessoa não possua a expectativa de receber qualquer recurso que lhe
permita quitar o referido limite nos próximos meses. Naturalmente, ela preferirá receber os
R$ 1.000,00 hoje e quitar o limite. Se assim não o fizer, facilmente a dívida ultrapassará o valor de
R$ 1.200,00 já nos próximos dois meses, uma vez que é comum que as taxas dos cheques especiais
oferecidos pelos bancos atualmente superem os 10% ao mês. Se esta fosse a taxa, por exemplo,
dentro de um mês a dívida estaria em R$ 1.100,00, passado o segundo mês já resultaria em
R$ 1.210,00 e no prazo de um ano ultrapassaria os R$ 3.000,00.
Agora, considere um cenário em que o investidor, além de possuir saldo positivo na sua conta-
corrente, possua uma significativa quantia de recursos aplicados em renda fixa com remuneração de
100% do CDI, que atualmente está em cerca de 6,40% ao ano e, dado o seu perfil extremamente
conservador, o máximo que o investidor faria se recebesse os R$ 1.000,00 hoje seria engordar ainda
mais a sua aplicação em renda fixa. Note que, neste caso, em um ambiente onde não existe o risco de
inadimplência dos R$ 1.200,00 dentro de um ano, pouco atrativo se torna receber os R$ 1.000,00
hoje e aplicar em uma alternativa que resultará em algo em torno de R$ 1.064,00 após um ano. Logo,
sabiamente, este último investidor preferirá esperar para receber os R$ 1.200,00 após um ano.
Observe, portanto, que o custo de oportunidade pode estar mais atrelado ao investidor do
que ao investimento. Essa é a razão de um determinado investimento poder ser viável para um
investidor e inviável para outro, uma vez que eles podem possuir custos de oportunidades diferentes.
Esse conceito não deve ser confundido com taxa mínima de atratividade.

Taxa mínima de atratividade


Taxa mínima de atratividade é a taxa de rentabilidade exigida por um investidor para um
determinado investimento em razão do risco financeiro de se investir nele. Para a apuração dessa taxa,
são utilizadas metodologias de estimação do risco financeiro e de cálculo do custo financeiro do capital
total exigido pelo investimento. Essa é a base que permite apurar qual a rentabilidade mínima que
justificaria o investidor se sujeitar ao risco de determinado investimento. Portanto, a taxa mínima de
atratividade é inerente ao investimento, e não ao investidor, diferentemente do custo de oportunidade.

Juros
Os juros podem representar o custo de oportunidade ou a taxa mínima de atratividade de um
investimento dependendo do contexto. Para quem concede um empréstimo, pode representar a
remuneração pelo capital emprestado, logo, a rentabilidade desse empréstimo deve ser igual ou
maior que a taxa mínima de atratividade daquela operação, caso contrário, o investidor não se
sentiria atraído em dispor do recurso. Já para aquele que tomou o empréstimo, os juros representam
o custo por utilizar uma quantia que não lhe pertence, logo, esse custo se justificaria por cobrir os
custos de oportunidade de quem decidiu captar o recurso na forma de empréstimo, por considerar
que os benefícios de pagar os referidos juros e utilizar o dinheiro é maior do que deixar de fazê-lo.

12
Conceito de juros
Juros são a remuneração, em moeda, pelo uso do capital de outrem. Os juros podem ser
comparados ao valor pago a terceiros pelo aluguel de um imóvel. Segundo Kuhnen e Bauer (2001,
p. 20) os juros podem ser compreendidos como “a remuneração pelo direito do uso de uma
determinada quantia de capital por um determinado período de tempo”.

Conceito de taxa de juros


Taxa de juros é a remuneração, geralmente expressa em percentual, pelo uso de capital de
outrem. É o resultado da divisão do valor dos juros de um período, expresso em moeda, pelo total
do capital ao qual se refere. Exemplificando:

J R$ 3,50
𝑖𝑖 = ∴ = 0,035 𝑜𝑜𝑜𝑜 3,5% 𝑛𝑛𝑛𝑛 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝í𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
VP R$ 100,00

Onde:
i = taxa de juros equivalente ao período de utilização do capital;
J = juros, expresso em moeda, referente ao período de utilização do capital;
VP = capital principal ou capital inicialmente emprestado ou aplicado;
0,035 = taxa de juros de um período expresso na forma de taxa unitária;
3,5% = taxa de juros de um período expresso na forma de taxa percentual.

Taxa unitária
São as taxas expressas a cada unidade de capital. Normalmente, utilizadas para a formação de
índices de correção, fatores de capitalização ou para utilização em modelos matemáticos.
Exemplificando:
0,035 = taxa de juros no período expresso na forma de taxa unitária, equivalente a 3,50%;
1,035 = fator de capitalização onde se corrige em 3,5% o capital inicial.

Taxa percentual
São as taxas expressas a cada cento de capital. Normalmente, utilizadas para expressar o custo
do dinheiro em determinado período de capitalização, portanto, deve sempre vir acompanhada do
período ao qual se refere, por exemplo: 3,50% ao mês. Logo, a cada mês, o valor será corrigido na
ordem de três inteiros e cinco décimos por cento.

13
Juros simples
Juros simples são os juros calculados no regime de capitalização simples. Capitalização é o
termo utilizado pelo mercado financeiro para incorporar os juros calculados ao valor principal,
contudo, no regime de capitalização simples, apenas o valor principal será utilizado como base para
o cálculo dos juros, independentemente do prazo da operação. Exemplificando:

Tabela 1 – Capitalização pelo regime de juros simples a uma taxa de 10% ao mês

Descrição Data Inicial Mês 1 Mês 2 Mês 3

Capital Principal R$
100 R$
100 R$
100 R$
100

R$
10 R$
10 R$
10

Total dos Juros R$


10 R$
10
R$
10

Saldo Capitalizado R$ 100,00 R$ 110,00 R$ 120,00 R$ 130,00

Juros compostos
Juros compostos são os juros calculados no regime de capitalização composta. No regime de
capitalização composta, os juros serão sempre incorporados ao valor principal, e o seu total será a
base de cálculo dos juros do período subsequente. A incorporação ao capital principal será realizada
a cada período de capitalização, durante todo o prazo da operação. Exemplificando:

Tabela 2 – Capitalização pelo regime de juros compostos a uma taxa de 10% ao mês

Descrição Data Inicial Mês 1 Mês 2 Mês 3

Capital Principal R$
100 R$
100 R$
100 R$
100

R$
10 R$
10 R$
20
R$
10 R$
1
Total dos Juros R$
1 R$
10
R$
2
0,10

Saldo Capitalizado R$ 100,00 R$ 110,00 R$ 121,00 R$ 133,10

14
Fator de capitalização simples
Fator de capitalização é um índice que ao ser multiplicado pelo valor principal resultará no
saldo acumulado já capitalizado com os juros referente ao prazo de determinada operação
financeira. Considerando o cálculo dos juros simples de um empréstimo de R$ 100,00 a uma taxa
de 10% ao mês por um período de três meses, temos:
Juros Simples = VP × i × n
Juros Simples = R$ 100,00 × 0,10 × 3
Juros Simples = R$ 30,00

Logo,
Fator de Capitalização Simples = 1 + (i × n)
Fator de Capitalização Simples = 1 + (0,10 × 3)
Fator de Capitalização Simples = 1 + 0,30
Fator de Capitalização Simples = 1,30

Onde:
i = taxa de juros equivalente a um período de utilização do capital;
n = quantidade de períodos referente ao prazo da operação;
VP = capital principal ou capital inicialmente emprestado ou aplicado;

Portanto, ao se multiplicar o valor inicialmente emprestado ou aplicado pelo fator de


capitalização simples, resultará no valor capitalizado já com os juros. Ou seja, considerando o
exemplo acima, temos: R$ 100,00 × 1,30 = R$ 130,00 (saldo capitalizado).

Fator de capitalização composta


Fator de capitalização composta é um índice que, ao ser multiplicado pelo valor inicial,
resultará no saldo acumulado já capitalizado com os juros compostos referentes ao prazo total de
determinada operação financeira. Considerando o cálculo dos juros compostos de um empréstimo
de R$ 100,00 a uma taxa de 10% ao mês por um período de três meses, temos:

VF = VP × (1 + i) n

VF = R$ 100,00 × (1 + 0,10) 3

VF = R$ 100,00 × 1,3310

VF = R$ 133,10

15
Logo,
Fator de Capitalização Composta = (1 + i) n
Fator de Capitalização Composta = (1 + 0,10) 3
Fator de Capitalização Composta = 1,3310

Onde:
i = taxa de juros equivalente a um período de utilização do capital;
n = quantidade de períodos referente ao prazo da operação;
VP = capital principal ou capital inicialmente emprestado ou aplicado;
VF = valor capitalizado já com os juros de todos os períodos incorporados.

Portanto, ao se multiplicar o valor inicialmente emprestado ou aplicado pelo fator de


capitalização composta, resultará no valor capitalizado já com os juros incorporados. Ou seja,
considerando o exemplo acima, temos: R$ 100,00 × 1,3310 = R$ 133,10 (saldo capitalizado).

Prazos
O prazo é uma variável essencial para o cálculo dos juros ou da rentabilidade de um ativo. É
o prazo que servirá de base para o cálculo dos períodos de capitalização existentes dentro de uma
operação financeira. É o período de capitalização que fornecerá um referencial para ser utilizado na
comparação da remuneração entre duas ou mais alternativas de investimento.

Ano civil e juros exatos


O prazo calculado pelo ano civil considera o ano com todos os 365 dias, ou 366 nos casos
dos anos bissextos. Logo, as taxas de juros fazem referência a um período de capitalização, e o tempo
da aplicação considera o tempo exato de duração da operação financeira. Diferentemente dos juros
calculados quando o prazo é calculado pelo ano comercial.

Ano comercial e juros comerciais


O prazo calculado pelo ano comercial considera o ano com apenas 360 dias e todos os meses
como se 30 dias tivessem.

16
Período de capitalização
Período de capitalização é a frequência em que os juros são incorporados ao valor principal,
podendo fazer referência a um dia, mês, ano ou unidade de tempo pactuada entre as partes.

Capitalização contínua
Ocorre quando a capitalização dos juros em prazos menores do que um período ou em
períodos fracionados são calculados considerando todo o prazo da aplicação, sendo que na parte
fracionária os juros serão calculados proporcionalmente.

Capitalização descontínua
Ocorre quando a capitalização dos juros somente é considerada a cada período de capitalização
completo, ou seja, desconsidera os juros sobre os períodos fracionários. É o caso da capitalização em
uma conta poupança. Caso o investidor decida resgatar o capital aplicado antes de completar um mês,
a sua remuneração será zero naquele período fracionário. É por essa razão que sempre se recomenda
verificar as datas bases de capitalização antes de efetuar saques da conta poupança.

Operacionalização da calculadora HP-12C


A calculadora HP-12C é a mais tradicionalmente utilizada no mercado financeiro, pois
permite ao analista efetuar cálculos complexos de juros compostos com agilidade e simplicidade.
Ela possui as principais funções de cálculos financeiros já programadas nas suas teclas. Por essa
razão, é essencial dominar a sua operacionalização no ambiente corporativo.

Método de Cálculo RPN


Notação polonesa reversa ou simplesmente RPN, na sigla em inglês, é o sistema de cálculo
utilizado pela calculadora HP-12C. O sistema possui algumas vantagens como a redução de passos
na execução de cálculos matemáticos. As comparações são feitas a seguir:

17
Tabela 3 – Comparativo dos sistemas de cálculos matemáticos entre algébrico e RPN

Operação Notação Passos na HP-12C


Matemática Algébrica (Sistema RPN)

E
3,00
RPN D.MY C
N
1+2 1+2=3 T
E
1 R
=
2 +
x,r ŷ,r LST x

1,00
E RPN D.MY C
N
1+2 T
(1 + 2) ÷ 3 = 1 E
3
1 R 2 + 3 ÷
x,r = ŷ,r LST x n! ↶

0,4667
RPN D.MY C

E E
N N
T T
[(1 × 2) + (3 × 4)] ÷ (5 × E E
1×2+3×4 6) 1 R 2 × 3 R 4 × +
x,r = ŷ,r X² n! = D.MY X² LST x
5×6
= 0,4667 E
N
T
E
5 R 6 × ÷
M.DY = ẍw X² ↶

Note que no sistema de cálculo RPN não é necessário pressionar a tecla com o sinal de “=”,
inclusive algumas versões da calculadora HP-12C nem a possuem.

Função primária e secundária das teclas


Quase todas as teclas da calculadora HP-12C possuem mais de uma função, por essa razão é
importante entender como acessar as funções secundárias das suas teclas. A função primária das
teclas é aquela gravada na cor branca, já as funções secundárias são aquelas gravadas na cor laranja
ou na cor azul. O diagrama a seguir ilustrará o procedimento a ser feito:

18
Diagrama 1 – Funcionamento das funções secundárias da calculadora HP-12C

Para acessar a função laranja, FIN


pressionar antes a tecla f Para acessar a função azul,
x >< y
x<y pressionar antes a tecla g

Configuração das casas decimais


A calculadora HP-12C tem capacidade de mostrar no seu visor até nove dígitos após a vírgula,
muito embora possua capacidade para efetuar cálculos com mais.
Para o usuário configurar a quantidade de dígitos que serão mostrados após a vírgula, basta
pressionar a tecla f e, na sequência, a quantidade de dígitos que deseja mostrar.

Configuração dos separadores de dígitos


A calculadora HP-12C vem configurada de fábrica para exibir os separadores decimais no
padrão norte-americano. O padrão norte-americano considera o ponto “.” como separador decimal e
a vírgula “,” como separador dos milhares. Já no Brasil, o padrão utilizado é o mesmo que o europeu,
a vírgula “,” é usada como separador decimal e o ponto “.” como separador dos milhares.
Para alternar entre os sistemas basta desligar a calculadora e, na sequência, manter pressionada
·
a tecla S enquanto liga a calculadora novamente.
Para expressar o numeral mil, o padrão norte-americano mostrará “1,000.00”, e o padrão
europeu mostrará “1.000,00”.

19
Configuração do sistema de datas
Da mesma forma que com os separadores de dígitos, a calculadora HP-12C vem configurada
no padrão de datas norte-americano que é “mês/dia/ano”. Por exemplo, para expressar a data
de 2 de setembro de 2018, a calculadora configurada no padrão norte-americano mostrará
“9.022018”. Já o padrão adotado no Brasil para expressar datas é “dia/mês/ano” e, neste caso, ao
configurar a calculadora para este padrão, ela mostrará “2.092018” no seu visor.
Para configurar a calculadora HP-12C para o padrão utilizado no Brasil, basta pressionar a
4
tecla g e, na sequência, a tecla D.MY . Note que aparecerá no visor da calculadora a sigla “D.MY”
indicando que a configuração foi realizada corretamente. Para retornar a calculadora ao padrão
5
norte-americano de datas, basta pressionar novamente a tecla g e, na sequência, a tecla M.DY .
Neste caso, a sigla “D.MY” que estava no visor deverá desaparecer, indicando que a calculadora
agora está configurada para o padrão norte-americano de datas.

Operações com datas


A calculadora HP-12C realiza a contagem dos dias entre duas datas, bem como estima a data
futura, ou passada, a partir de uma data específica e uma quantidade de dias. A exemplificação a seguir
considera que a calculadora está configurada para o padrão brasileiro de datas.
Para calcular a quantidade de dias existentes entre o dia 15/02/2016 e o dia 15/03/2016,
basta seguir os seguintes passos:
Configure a calculadora para o padrão brasileiro de datas e, para melhor visualização, ao
digitar a data, configure a calculadora para exibir seis dígitos após a vírgula. Posteriormente, digite
a primeira data e pressione a tecla “ENTER”, como segue:

E
N
T
E
1 5 · 0 2 2 0 1 6 R
=
x,r M.DY S x ŷ,r ŷ,r x x,r ẍw

Na sequência, digite a segunda data e utilize a função “∆DYS”, como segue:

1 5 · 0 3 2 0 1 6 g EEX 29,000000
x,r M.DY S x n! ŷ,r x x,r ẍw ∆DYS RPN D.MY C

20
Aparecerá no visor o número “29,000000” indicando que entre as referidas datas transcorreu o
prazo de 29 dias. Note que o resultado apresenta a quantidade de dias exatos, inclusive considerando
os anos bissextos. Para saber a quantidade de dias a serem considerados, se o prazo for calculado pelo
x ><y
ano comercial, basta pressionar a tecla . Deverá aparecer no visor o número 30.
x<y

Já para que a calculadora mostre, por exemplo, a data 30 dias a partir de 15/02/2016, basta
digitar a data base e pressionar a tecla “ENTER”, como a seguir:
E
N
T
E
1 5 · 0 2 2 0 1 6 R
x,r M.DY S x ŷ,r ŷ,r x x,r ẍw =

Na sequência, digite a quantidade de dias, no caso 30, e utilize a função “DATE”:


3 0 g CHS 16.03.2016 3
n! x DATE RPN D.MY C

Aparecerá no visor a data de “16.03.2016” e, no canto direito, o número “3”. Note que, ao
mostrar a data resultante, a calculadora apresenta o separador “.” entre o dia e o mês e também
entre o mês e o ano, inclusive mostrando logo à direita o indicador do dia da semana. Sendo que
“1” significa segunda-feira, “2” significa terça-feira e assim sucessivamente até chegar ao “7”, que
significa domingo.
Observe que a calculadora somente considerará que o número digitado é uma data se for
utilizada alguma das duas funções de datas. Logo, não há necessidade de desfazer qualquer
configuração para voltar a calcular, por exemplo, uma soma, subtração ou variável financeira.

Função da tecla "CHS"


CHS
A tecla DATE é basicamente utilizada para alternar, entre positivo ou negativo, o valor
mostrado no visor. Para isso, basta pressionar a tecla após o visor mostrar um número digitado ou
resultante de alguma operação realizada.

Função da tecla “CLX”


CLX
A tecla X = 0 , ao ser pressionada, substituirá o valor no visor pelo numeral “0” (zero), ou seja,
apagará o número mostrado no visor. Já para apagar todas as memórias e variáveis armazenadas na
f CLX
calculadora de uma só vez o correto é pressionar antes a tecla e, na sequência, a tecla X = 0 .
Neste caso, a função que se está acionando é a função “laranja” que apaga todos os registros e que
está indicada logo acima da tecla.

21
Função da tecla “yX”
A tecla “yx” é usada para elevar um número, guardado na memória “y”, a uma potência “x”.
Essa função é muito utilizada para calcular as taxas de juros compostos equivalentes em unidades
de tempo diferentes e para calcular os fatores de capitalização composta que são aplicados sobre um
capital para se encontrar o saldo capitalizado, já com os juros incorporados ao valor principal.
Exemplificando, para calcular o fator de capitalização composta, a ser aplicado sobre um capital,
que se pretende corrigir a uma taxa de 10% ao mês, por um período de três meses, basta proceder
da seguinte forma:

E
N
T
E
1 R 1 0 % + 3 yX 1,3310
x,r = x,r x INTG LST x n! √x RPN D.MY C

22
MÓDULO II – APLICABILIDADE DOS
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO E TAXAS NO
MERCADO FINANCEIRO

Neste módulo, serão apresentadas as aplicações práticas dos regimes de capitalização simples
e composta no mercado corporativo. Para tanto, os cálculos serão evidenciados mediante exemplos
reais, inclusive com a demonstração do passo a passo na calculadora HP-12C no intuito de dar
dinamismo ao processo de aprendizagem. Também será demonstrado como a calculadora consegue
apurar com simplicidade e facilidade o valor de uma variável financeira no regime de juros
compostos. Ainda neste módulo, serão apresentados os conceitos, com exemplos práticos, das
diferentes taxas de juros utilizadas em finanças corporativas.

Operação de desconto bancário de títulos


As operações de descontos bancários de títulos são muito utilizadas pelas empresas para
cobrir os seus desencaixes, eventualmente detectados no dia a dia dos fluxos de caixa. Esta
operação de antecipação de recursos também é conhecida como “operação de desconto comercial
por fora” uma vez que os juros, neste caso, também chamado de desconto, são calculados com
base no valor futuro do título.
Os juros ou “desconto”, neste caso, são calculados a partir da aplicação de uma taxa de juros
simples sobre o valor de face do título com vencimento futuro, multiplicando o seu valor encontrado
pela quantidade de períodos que expressa o prazo em que se deseja antecipar o recebimento. O banco,
por exemplo, descontará do valor de face o desconto calculado e disponibilizará o seu valor líquido,
já descontado, na data presente.
Na operação de desconto bancário, além do custo referente à taxa de juros, é comum que
sejam cobradas tarifas, expressas em reais (R$) ou percentual (%), para se realizar a operação.
Veja o caso prático a seguir: uma empresa possui um recebível no valor de R$ 1.000,00 com
data de vencimento para 45 dias, ou seja, 1,5 mês. Em consulta, o banco informou que a taxa de
desconto para a operação de adiantamento de recebíveis é de 3,5% ao mês e mais uma tarifa de
R$ 5,70 por título antecipado. Os cálculos são os seguintes:

Juros da Operação ou Desconto (D) = (VF × i × n) + Tarifa

Juros da Operação ou Desconto (D) = (R$ 1.000,00 × 0,035 × 1,5) + R$ 5,70


Juros da Operação ou Desconto (D) = R$ 52,50 + R$ 5,70
Juros da Operação ou Desconto (D) = R$ 58,20.
Logo, na data presente, o valor líquido do título após o desconto será de:

Valor líquido ou Descontado (VP) = (VF – D)

Valor líquido ou Descontado (VP) = (R$ 1.000,00 – R$ 58,20)


Valor líquido ou Descontado (VP) = R$ 941,80
Na calculadora HP-12C, temos a sequência dos seguintes passos:
E
N
T
E
1 0 0 0 R 3 · 5 % 1 · 5 × 52,50
x,r x x x = n! S M.DY INTG x,r S M.DY X² RPN D.MY C

5 · 7 + 58,20
M.DY S BEG LST x RPN D.MY C

– 941,80
← RPN D.MY C

Taxa de desconto bancário


A taxa de desconto bancário ou desconto comercial simples, “por fora”, é a taxa utilizada nas
operações de adiantamento de recebíveis para calcular o desconto do título mediante a sua aplicação
sobre o valor de face. Nesse sentido, é importante entender que tal taxa não expressa o custo efetivo
total da operação, mas sim uma referência para o cálculo dos juros.

24
Custo efetivo total da operação de desconto bancário de títulos
O custo efetivo total da operação de desconto bancário de títulos é a taxa que considera todos
os custos envolvidos na operação e faz referência sempre sobre o capital líquido que foi recebido.
Considerando o exemplo descrito anteriormente, temos que um título com o valor de face de
R$ 1.000,00 com vencimento para 45 dias resultou em um valor líquido de R$ 941,80 após serem
descontados todos os custos da operação, sendo a taxa de desconto de 3,5% ao mês e mais uma tarifa
de R$ 5,70 por título. Logo, o custo total ficou em R$ 58,20 = (R$ 1.000,00 – R$ 941,80).
Como o valor de R$ 58,20 é o custo para adiantar o recurso em 45 dias, ao dividir o seu valor
por 1,5 mês, teremos o custo de R$ 38,80 como sendo o equivalente ao mês. Portanto,
considerando o regime de juros simples, a taxa efetiva de juros da operação resulta em 4,1198% ao
mês, ou seja, R$ 38,80 ÷ R$ 941,80 = 0,041198 ou 4,1198%.
Note que, no referido exemplo, a taxa de desconto aplicada sobre o título foi de 3,5% ao mês,
e o custo calculado gerou uma taxa de 4,1198%, que é 17,70% maior do que o valor expresso na taxa
de desconto. A falta de compreensão desses custos pode resultar em decisões equivocadas.

Sistema de cálculo dos juros de conta-corrente


O sistema de cálculo dos juros pela utilização do cheque especial de uma conta-corrente,
também conhecido como método “hamburguês”, considera o regime de juros simples. Consiste em
aplicar a taxa de juros mensal, ponderadamente pela quantidade de dias em que o saldo permaneceu
negativo, sobre o seu respectivo valor. Contudo, existem algumas considerações importantes de
serem compreendidas.
Normalmente, a taxa de juros pactuada faz referência a um mês de utilização e para encontrar
a sua equivalência ao dia basta dividir por 30, independentemente do mês de utilização. Essa taxa
diária é aplicada pelo saldo devedor e multiplicado pela quantidade de dias de utilização. Note que
se, por acaso, o saldo permanecer negativo durante um mês que tenha 31 dias, a taxa mensal será
dividida por 30, mas aplicada por 31 dias, da mesma forma que será multiplicada por 28 se o mês
de utilização for fevereiro, ou 29 se o ano for bissexto. A exemplificação é apresentada a seguir,
considerando a taxa de 8,40% ao mês, sendo 0,28% a sua equivalência ao dia.

25
Tabela 4 – Demonstração do cálculo de juros de conta-corrente (método hamburguês)

Movimento da Conta-Corrente Sistema de Cálculo para a Apuração dos Juros

Data Crédito Débito Saldo Utilização Cálculo Realizado Juros

31/07/2022 1.000,00 - - -

01/08/2022 1.500,00 - 500,00 9 dias 500,00 × 9 × 0,0028 = R$ 12,60

10/08/2022 1.800,00 1.300,00 - - -

15/08/2022 2.000,00 - 700,00 5 dias 700,00 × 5 × 0,0028 = R$ 9,80

20/08/2022 2.200,00 1.500,00 - - -

29/08/2022 1.700,00 - 200,00 2 dias 200,00 × 2 × 0,0028 = R$ 1,12

31/08/2022 - 200,00 1 dia* 200,00 × 1 × 0,0028 = R$ 0,56

* último dia do mês, mostrando inclusive a cobrança do 31º dia. Total dos Juros R$ 24,08
Calculados:

Outra consideração importante de ser feita é que, embora os juros sejam calculados pelo
regime de juros simples, nos primeiros dias do mês subsequente, os juros calculados serão debitados
na conta-corrente e vão compor a nova base de cálculo dos juros.
Dessa forma, caso o titular da conta-corrente não cubra o saldo negativo, os juros vão
comportar-se como se fossem calculados pelo regime de juros compostos, uma vez que são
incorporados ao saldo a cada mês.
Para melhor compreensão, considere o seguinte: no exemplo acima, o último dia do mês de
agosto encerrou com o saldo negativo em R$ 200,00. Caso o titular da conta não efetue nenhum saque
ou depósito no mês subsequente, qual o valor dos juros referente ao mês de setembro de 2022?
É fácil entender que, como não houve movimentação por parte do titular, o saldo devedor a
ser considerado é de R$ 200,00, logo, os juros resultariam em R$ 16,80, pois
R$ 200,00 × 30 dias × 0,28% ao dia = R$ 16,80. Equívoco! Observe que ainda deverá ser debitado
na conta-corrente o valor dos juros referente ao mês de agosto, isso resultará em um saldo devedor
de R$ 224,08, sendo que R$ 200,00 se referem ao saldo devedor do último dia do mês de agosto e
R$ 24,08 referentes aos juros do período. Portanto, os juros pela utilização do saldo devedor
referente ao mês de setembro de 2022 resultarão em R$ 18,82, pois R$ 224,08 × 30 dias × 0,28%
ao dia = R$ 18,82.

26
Cálculo das variáveis financeiras no regime de juros
compostos
Os juros compostos são os juros calculados a cada período de capitalização e incorporados ao
valor principal, de forma que sirvam de base para o cálculo dos juros do período subsequente, por
essa razão, também são conhecidos pela expressão “juros sobre juros”.
A calculadora HP-12C permite calcular as variáveis financeiras no regime de capitalização
composta com muita praticidade e agilidade, bastando, para tanto, o usuário compreender o
significado de cada variável e identificá-la dentro de um fluxo de caixa. A leitura deve ser a seguinte:
fluxos de caixa são as movimentações financeiras resultantes, período após período, de um ativo que
se pretende analisar. As variáveis financeiras de um fluxo de caixa são:
n
 Número de períodos, representado pela letra “n” e na HP-12C pela tecla 12× ;
i
 Taxa de juros expressa em %, representado pela letra “i” e na HP-12C pela tecla 12÷ ;
PV
 Valor Presente ou Inicial, representado pela sigla “PV” e na HP-12C pela tecla CFo ;
PMT
 Valor das parcelas, representado pela sigla “PMT” e na HP-12C pela tecla CFj
;
FV
 Valor Futuro ou Saldo, representado pela sigla “FV” e na HP-12C pela tecla Nj
;

Diagrama 2 – Visão gráfica dos fluxos de caixa com as variáveis financeiras

27
Cálculo do valor presente (VP)
O cálculo de qualquer variável financeira sucede da identificação de um contexto. O valor
presente ou valor inicial representa qual o valor equivalente, no momento 0 (zero), de um ou mais
valores no futuro. São diversas as formulações utilizadas, uma para cada caso, por exemplo: calcular
o valor presente a partir de parcelas mensais, calcular o valor presente a partir de um valor no futuro,
calcular o valor presente a partir de parcelas mensais e um valor futuro. Inclusive, as parcelas podem
significar entradas e o valor futuro uma saída ao final do último período. Porém, com o uso da
calculadora HP-12C o cálculo de qualquer variável se torna muito prático.
Exemplificando: considerando o regime de capitalização composta com uma taxa de 2,5%
ao mês, qual o valor financiado (Valor Presente) que foi capaz de gerar 12 prestações mensais e
sucessivas no valor de R$ 385,13 cada? A resposta é R$ 3.950,57. A seguir, as resoluções pelo
método algébrico e, na sequência, com o uso da HP-12C.
Algebricamente, temos:

(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1
𝑃𝑃𝑉𝑉 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 ×
(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 × 𝑖𝑖

(1 + 0,025)12 − 1
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 385,13 ×
(1 + 0,025)12 × 0,025

1,34488882 − 1
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 385,13 ×
1,34488882 × 0,025

0,34488882
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 385,13 ×
0,03362222

𝑃𝑃𝑃𝑃 = 385,13 × 10,25776466

𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.950,57

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 8 5 · 1 3 CHS PMT - 385,13
n! END M.DY S x,r n! DATE CFj RPN D.MY C

2 · 5 i 2,50
ŷ,r S M.DY 12÷ RPN D.MY C

1 2 n 12,00
x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

PV 3.950,57
CFo RPN D.MY C

28
Observe que a solução com o uso da HP-12C é muito prática, basta digitar cada variável
conhecida no seu lugar específico na calculadora, independentemente da ordem, e deixar para
pressionar por último a variável que se deseja calcular.
Segue outro exemplo para verificação: considerando o regime de capitalização composta com
uma taxa de 1,54% ao mês, qual o valor financiado (Valor Presente) que foi capaz de gerar 10
prestações mensais e sucessivas no valor de R$ 250,00 cada e, juntamente com a última parcela, um
reforço de R$ 3.000,00? A resposta é R$ 4.875,50. A seguir, as resoluções pelo método algébrico e,
na sequência, com o uso da HP-12C.
Algebricamente, temos:

(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1 𝐹𝐹𝐹𝐹
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = 𝑃𝑃𝑃𝑃1 + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 → 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 × 𝑒𝑒 𝑃𝑃𝑃𝑃 =
(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 × 𝑖𝑖 (1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛

(1 + 0,0154)10 − 1 3.000,00
𝑃𝑃𝑃𝑃1 = 250,00 × + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 =
(1 + 0,0154)10 × 0,0154 (1 + 0,0154)10

1,16512250 − 1 3.000,00
𝑃𝑃𝑃𝑃1 = 250,00 × + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 =
1,16512250 × 0,0154 1,16512250

0,16512250
𝑃𝑃𝑃𝑃1 = 250,00 × + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 = 2.574,84
0,01794289

𝑃𝑃𝑃𝑃1 = 250,00 × 9,20267025 + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 = 2.574,84

𝑃𝑃𝑃𝑃1 = 2.300,66 + 𝑃𝑃𝑃𝑃2 = 2.574,84

𝑃𝑃𝑃𝑃𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = 4.875,50

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.

2 5 0 CHS PMT - 250,00


ŷ,r M.DY x DATE CFj RPN D.MY C

3 0 0 0 CHS FV - 3.000,00
n! x x x DATE Nj RPN D.MY C

1 · 5 4 i 1,54
x,r S M.DY D.MY 12÷ RPN D.MY C

1 0 n 10,00
x,r x 12× RPN D.MY C

PV 4.875,50 ← Valor positivo por se tratar de uma entrada (empréstimo tomado).


CFo RPN D.MY C

29
Observe que, tanto ao digitar o valor da variável “PMT”, quanto da variável “FV”, para
tornar os seus valores negativos, foi utilizada a tecla “CHS”. A compreensão desse detalhe é
altamente importante para a devida operacionalização e interpretação dos resultados fornecidos
pela calculadora. Observe ainda que, no exemplo em questão, a pergunta foi “qual o valor
financiado?”, logo, esse valor significa uma entrada. Para tanto, as prestações e os reforços geraram
saídas no caixa, portanto, devem ser consideradas com o seu valor negativo. Observe que o
resultado apresentado foi positivo.
No exemplo acima, caso o usuário não forneça os valores negativos para a “PMT” e para o
“FV”, a calculadora identificará que se trata de entradas no caixa, logo a resposta apresentará o valor
como sendo negativo, evidenciando que para receber as prestações e o valor futuro é necessário
desembolsar o valor no início. A interpretação, nesse caso, não fica tão comprometida, pois apenas
apresentará a conta matemática pela ótica de quem está concedendo o financiamento. Porém, existem
casos em que a falta de compreensão do que foi exposto pode gerar resultados muito equivocados.
Observe o exemplo a seguir: considerando o regime de capitalização composta com uma taxa
de rendimento de 1,54% ao mês, qual o valor que um investidor deveria aplicar hoje (Valor
Presente) para acumular um valor de R$ 3.000,00 ao final de 10 meses, sabendo que ele vai fazer
10 aportes mensais e sucessivos de R$ 250,00 cada? A resposta é R$ 274,17.
Os passos para a resolução com o uso da HP-12C são:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
2 5 0 CHS PMT - 250,00 ← Valor negativo por se tratar de aplicações.
ŷ,r M.DY x DATE CFj RPN D.MY C

3 0 0 0 FV 3.000,00
n! x x x Nj RPN D.MY C
← Valor positivo por se tratar de um resgate.
1 · 5 4 i 1,54
x,r S M.DY D.MY 12÷ RPN D.MY C

1 0 n 10,00
x,r x 12× RPN D.MY C

PV - 274,17
CFo RPN D.MY C ← Valor negativo por se tratar de uma saída (aplicação inicial).

Note que apenas foi alterado o sinal de uma variável, e o resultado calculado gerou uma
resposta totalmente diferente da do exemplo anterior.

30
Cálculo do valor das prestações (PMT)
O cálculo do valor das prestações de um empréstimo ou financiamento é um cálculo muito
comum no mercado financeiro em razão da sua habitualidade nas operações de crédito. Representa
uma série de pagamentos iguais e sucessivos que, considerando o custo financeiro pactuado,
equivalem a um valor no início da operação, ou, no caso de aplicações para acúmulo de capital, a
um valor de resgate no futuro.
Exemplificando: considerando o regime de capitalização composta com uma taxa de 2,5%
ao mês, qual o valor das prestações mensais e sucessivas que possuem capacidade de amortizar um
empréstimo no valor de R$ 3.950,57 em 12 prestações? A resposta é R$ 385,13. A seguir, as
resoluções pelo método algébrico e, na sequência, com o uso da HP-12C.
Algebricamente, temos:

(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 × 𝑖𝑖
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃 ×
(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1

(1 + 0,025)12 × 0,025
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.950,57 ×
(1 + 0,025)12 − 1

1,34488882 × 0,025
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.950,57 ×
1,34488882 − 1

0,03362222
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.950,57 ×
0,34488882

𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.950,57 × 0,09748713

𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 385,13

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 9 5 0 · 5 7 PV 3.950,57
n! MEM M.DY x S M.DY BEG CFo RPN D.MY C

2 · 5 i 2,50
ŷ,r S M.DY 12÷ RPN D.MY C

1 2 n 12,00
x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

PMT - 385,13
CFj RPN D.MY C

31
Note que o resultado encontrado pela calculadora é um valor negativo, indicando que, para
pagar uma dívida de R$ 3.950,57, deverá ser desembolsado mensalmente o valor de R$ 385,13.
A seguir, outro exemplo, contudo, para encontrar o valor da aplicação periódica (aportes
necessários) para o acúmulo de capital.
Considerando o regime de capitalização composta com uma taxa de rendimento de 0,55%
ao mês e a intenção do investidor de acumular um valor de R$ 3.000,00 ao final de um ano, qual
o valor das 12 aplicações mensais e sucessivas que deverá realizar? A resposta é R$ 242,53. A seguir,
as resoluções pelo método algébrico e, na sequência, com o uso da HP-12C.
Algebricamente, temos:

𝑖𝑖
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝐹𝐹𝐹𝐹 ×
(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1

0,0055
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.000,00 ×
(1 + 0,0055)12 − 1

0,0055
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.000,00 ×
1,06803356 − 1

0,0055
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.000,00 ×
0,06803356

𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 3.000,00 × 0,08084245

𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 242,53

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0
← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.

3 0 0 0 FV 3.000,00
n! x x x Nj RPN D.MY C
← Valor positivo por se tratar de um acúmulo.
0 · 5 5 i 0,55
x S M.DY M.DY 12÷ RPN D.MY C

1 2 n 12,00
x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

PMT - 242,53 ← Resultado negativo evidenciando que se trata de desembolsos.


CFj RPN D.MY C

32
Cálculo do valor futuro (VF)
O valor futuro corresponde normalmente ao valor acumulado de uma série de aplicações ou o
valor (montante), já com os juros incorporados, após a tomada de um empréstimo sem que existam
amortizações periódicas. O mesmo princípio é muito utilizado nos planejamentos previdenciários.
Exemplificando: considerando o regime de capitalização composta com uma taxa de
rendimento de 0,55% ao mês e que a disponibilidade do investidor é de, durante os próximos 20
anos, efetuar 240 aplicações mensais e sucessivas de R$ 350,00, qual valor deverá ter acumulado ao
final do último período? A resposta é R$ 173.721,34.
Observe que, embora o prazo seja de 20 anos, as aplicações serão mensais, logo, a capitalização
deverá ser mensal, portanto, a variável “n” considerada com o seu valor igual a 240, pois são 240
meses no prazo de 20 anos. A seguir, as resoluções pelo método algébrico e, na sequência, com o
uso da HP-12C.
Algebricamente, temos:

(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1
𝐹𝐹𝐹𝐹 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 ×
𝑖𝑖

(1 + 0,0055)240 − 1
𝐹𝐹𝐹𝐹 = 350,00 ×
0,0055

3,72990683 − 1
𝐹𝐹𝐹𝐹 = 350,00 ×
0,0055

2,72990683
𝐹𝐹𝐹𝐹 = 350,00 ×
0,0055

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 350,00 × 496,3466967

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 173.721,34

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 5 0 CHS PMT - 350,00 ← Valor negativo por se tratar de aplicações.
n! M.DY x DATE CFj RPN D.MY C

0 · 5 5 i 0,55
x S M.DY M.DY 12÷ RPN D.MY C

2 4 0 n 240,00
ŷ,r D.MY x 12× RPN D.MY C

FV 173.721,34 ← Resultado positivo evidenciando ser um valor disponível para resgate.


Nj RPN D.MY C

33
A seguir, outro exemplo, porém, apenas com uma aplicação, no início. Exemplificando:
pensando em formar patrimônio para a sua aposentadoria, um investidor dispõe de R$ 43.000,00
para aplicar hoje em títulos do Tesouro Direto e só resgatar o capital no vencimento, que ocorrerá
daqui a 27 anos. Sabendo que se trata de um título sem pagamentos de juros periódicos e que a
taxa pactuada é de 9,58% ao ano, qual será o valor bruto estimado que o investidor vai resgatar no
vencimento? A resposta é R$ 508.409,26. As resoluções pelo método algébrico e, na sequência, com
o uso da HP-12C, serão apresentadas a seguir.
Algebricamente, temos:

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 𝑃𝑃𝑃𝑃 × (1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 43.000,00 × (1 + 0,0958)27

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 43.000,00 × 1,095827

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 43.000,00 × 11,82347111

𝐹𝐹𝐹𝐹 = 508.409,26

Com o uso da calculadora HP-12C, temos:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
4 3 0 0 0 CHS PV - 43.000,00
D.MY n! x x x DATE CFo RPN D.MY C

9 · 5 8 i 9,58
MEM S M.DY END 12÷ RPN D.MY C

2 7 n 27,00
ŷ,r BEG 12× RPN D.MY C

FV 508.409,26
Nj RPN D.MY C
← Resultado positivo por ser um valor disponível para resgate.

Cálculo da taxa de juros efetiva (i)


A taxa efetiva de juros é aquela que expressa linearmente a taxa média representativa de todos
os custos envolvidos na operação, incluindo tarifas, taxas, comissões e seguros, por exemplo.
Considere o caso a seguir: pensando em aproveitar a promoção de “Taxa Zero” de uma
concessionária de veículos, um futuro comprador está analisando a seguinte oferta: “Adquira o
seu veículo ZERO KM no valor de R$ 48.750,00, dando de entrada R$ 29.250,00 e
financiando* o restante com taxa zero de juros em 12 prestações”. Logo abaixo, na propaganda,
constam os seguintes dizeres: “*Sujeito a aprovação do crédito. Serão cobrados R$ 1.500,00
referentes à tarifa de aprovação do crédito e impostos diluídos com as parcelas”. Nesse contexto,

34
pergunta-se: qual a taxa representativa do custo médio efetivo da operação de financiamento? A
resposta é 1,159% ao mês. Note que, com o uso da HP-12C, o procedimento para calcular o
custo efetivo da operação se torna muito simples.
Vejamos: como o valor total do veículo é de R$ 48.750,00 e a entrada é de R$ 29.250,00,
resulta em uma diferença de R$ 19.500,00 a ser financiada. Além disso, considerando que são
cobrados outros custos no valor de R$ 1.500,00 em razão do crédito concedido, o valor total
financiado passa a ser de R$ 21.000,00, ou seja, R$ 19.500,00 + R$ 1.500,00 = R$ 21.000,00.
Considerando, ainda, que o valor deve ser dividido em 12 prestações iguais e sucessivas sem
a incidência de juros, basta dividir o valor por 12 para encontrar o valor da prestação. Esse cálculo
resulta em R$ 1.750,00, pois R$ 21.000,00 ÷ 12 = R$ 1.750,00. Agora é só lançar as variáveis na
HP-12C e apurar a taxa que representará o custo efetivo da operação:

f CLX
X=0
← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.

1 9 5 0 0 PV 19.500,00 ← Valor financiado sem as taxas.


x,r MEM M.DY x x CFo RPN D.MY C

1 7 5 0 CHS PMT - 1.750,00 ← Valor das parcelas já com as taxas.


x,r BEG M.DY x DATE CFj RPN D.MY C

1 2 n 12,00 ← Quantidade de prestações.


x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

i 1.159
12÷ RPN D.MY C ← Taxa ao mês equivalente, incluindo todos os custos da operação.

Importante perceber que mesmo sendo mencionado que a taxa de juros de financiamento é
“zero”, a existência de outros custos acessórios à operação de crédito influencia no custo global da
operação, e a falta da compreensão deste tema pode conduzir o analista a tomar decisões equivocadas.

Cálculo da quantidade de períodos (n)


O cálculo da quantidade de períodos é muito utilizado para a estimação do prazo ideal de
amortização de uma operação de financiamento, mediante a capacidade de pagamentos periódicos
de um fluxo de caixa.
Veja o exemplo: determinado projeto de investimento exige a captação de R$ 100.000,00 em
financiamentos. Considerando que a capacidade do projeto de devolver o capital financiado é de
prestações que não ultrapassem o valor de R$ 3.500,00 mensalmente, pergunta-se: se o custo efetivo
da operação de crédito se traduz em uma taxa de juros igual a 1,3068% ao mês, independentemente
do prazo, qual é o prazo ideal para a amortização do empréstimo? A resposta é 36 meses. A resolução
com a HP-12C é apresentada a seguir:

35
f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 0 PV 100.000,00
x,r x x x x x CFo RPN D.MY C

3 5 0 0 CHS PMT - 3.500,00 ← Valor máximo das parcelas.


n! M.DY x x DATE CFj RPN D.MY C

1 · 3 0 6 8 i 1.3068
x,r S n! x ẍw END 12÷ RPN D.MY C

n 36,00
12× RPN D.MY C
← Quantidade de prestações necessárias.

Taxas de juros aplicadas no mercado financeiro


As taxas de juros no mercado financeiro são muito utilizadas para expressar o custo de uma
operação financeira ou até mesmo a rentabilidade de um determinado ativo. Dependendo do
contexto, as taxas podem receber diferentes terminologias para melhor evidenciar o que se deseja
expressar. Os termos mais utilizados são: taxa real, taxa nominal, taxa efetiva e taxa equivalente. A
aplicação prática de cada um dos termos será demonstrada a seguir.

Taxa real
Segundo Assaf Neto (2016, p. 68), “o termo real para as operações de Matemática Financeira
denota um resultado apurado livre dos efeitos inflacionários. Ou seja, quanto se ganhou (ou perdeu)
verdadeiramente, sem a interferência das variações verificadas nos preços”. Em outras palavras, a
taxa real expressa a taxa representativa do aumento ou perda no poder de compra do dinheiro depois
de descontado o efeito da inflação.
Considere o seguinte exemplo: um investidor, que gastaria o valor de R$ 1.000,00 há um ano
na aquisição de um determinado bem, decidiu aplicar a quantia na renda fixa para multiplicar o seu
dinheiro e, somente hoje, após um ano, comprar o bem desejado. A rentabilidade líquida da aplicação
foi de 6% no ano. Logo, os R$ 1.000,00 aplicados se transformaram em R$ 1.060,00. Ocorre que o
bem que o investidor compraria, que há um ano custava R$ 1.000,00, hoje custa R$ 1.050,00, pois
teve o seu preço atualizado pela inflação, que neste caso, foi de 5% no mesmo período.
Observe que, com os R$ 1.060,00, o investidor pode agora comprar o bem desejado por
R$ 1.050,00 e ainda lhe sobram R$ 10,00. Isso induz ao pensamento que o investidor aumentou
o seu poder de compra em apenas R$ 10,00, equivalente a 1% sobre os R$ 1.000,00 inicialmente
aplicados. Porém, em razão da inflação, o bem não custa mais R$ 1.000,00, e sim R$ 1.050,00.
Logo, o poder de compra deve fazer referência ao valor atual do bem, o que resulta em um aumento
no poder de compra de apenas 0,95238% no ano. Vejamos:

36
(1 + 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 = − 1
(1 + 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼çã𝑜𝑜)

(1 + 0,06)
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 = –1
(1 + 0,05)

1,06
𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 = –1
1,05

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑙𝑙 = 1,0095238 – 1

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 = 0,0095238 𝑜𝑜𝑜𝑜 ,95238%

Taxa nominal
Segundo Martinetti Filho (2010, p. 73), “é a taxa em que a unidade de referência de seu
período é diferente da unidade do período de capitalização. Geralmente é fornecida em anos”. Em
outras palavras, a taxa nominal representa a taxa efetivamente usada para incorporar os juros sobre
o capital a cada período multiplicado pela quantidade de vezes que isso ocorrerá em um espaço de
tempo, geralmente um ano. Ou seja, podemos afirmar que uma taxa efetiva de 1% ao mês, durante
um ano (12 meses), pode ser expressa como sendo uma taxa nominal de 12% ao ano capitalizada
mensalmente. Da mesma forma que uma taxa efetiva de 2% ao mês, durante o mesmo prazo de
um ano, pode ser expressa com sendo uma taxa nominal de 24% ao ano capitalizado mensalmente.
Ocorre, porém, que o período de capitalização descrito em uma taxa nominal pode
influenciar na quantidade de vezes que os juros serão incorporados ao capital principal, e isso
resultar em valores acumulados diferentes. Para melhor evidenciar esse efeito, a demonstração será
realizada a seguir partindo da atualização de R$ 1.000,00 por um período de um ano com a taxa
nominal de 12% ao ano capitalizada mensalmente em comparativo com a mesma taxa nominal de
12% ao ano, porém capitalizada semestralmente.

37
Tabela 5 – Comparativo entre capitalização mensal e semestral de uma taxa nominal

12% a.a. Capitalizada ao Mês 12% a.a. Capitalizada ao Semestre


(1% ao mês) (6% ao semestre)

Juros ao Juros ao
Período Capital Mês Período Capital Sem.

Mês 0 1.000,00 Mês 0 1.000,00

Mês 1 1.010,00 10,00 Mês 1 1.000,00

Mês 2 1.020,10 10,10 Mês 2 1.000,00

Mês 3 1.030,30 10,20 Mês 3 1.000,00

Mês 4 1.040,60 10,30 Mês 4 1.000,00

Mês 5 1.051,01 10,41 Mês 5 1.000,00

Mês 6 1.061,52 10,51 Mês 6 1.060,00 60,00

Mês 7 1.072,14 10,62 Mês 7 1.060,00

Mês 8 1.082,86 10,72 Mês 8 1.060,00

Mês 9 1.093,69 10,83 Mês 9 1.060,00

Mês 10 1.104,62 10,94 Mês 10 1.060,00

Mês 11 1.115,67 11,05 Mês 11 1.060,00

Mês 12 1.126,83 11,16 Mês 12 1.123,60 63,60

Total: 1.000,00 126,83 Total: 1.000,00 123,60

Taxa Efetiva no ano: 12,68% Taxa Efetiva no ano: 12,36%

Note que, para aplicarmos a capitalização de uma taxa nominal, é importante respeitar o
período de capitalização ao qual faz referência, logo, se a taxa nominal é anual, mas a sua
capitalização é mensal, basta dividir o seu valor por 12 e, nesse caso, aplicar mensalmente a taxa.
Da mesma forma que, se a taxa nominal for anual, mas a sua capitalização for semestral, bastará
dividir o seu valor por 2 e aplicar a cada semestre, afinal são 2 semestres em um ano.

38
Importante perceber que os efeitos nos juros resultam em montantes acumulados diferentes.
No caso descrito na tabela acima, se a capitalização for mensal, a taxa efetiva gerada foi de 12,68%
no ano; já no caso da capitalização semestral, a taxa efetiva gerada foi de 12,36% no ano.
Exemplificando as taxas nominais, sem a incidência de outros custos ou valores, temos:
12% ao ano capitalizados mensalmente equivalem a uma taxa efetiva de 1% ao mês;
12% ao ano capitalizados semestralmente equivalem a uma taxa efetiva de 6% ao semestre;
24% ao ano capitalizados mensalmente equivalem a uma taxa efetiva de 2% ao mês;
24% ao ano capitalizados semestralmente equivalem a uma taxa efetiva de 12% ao semestre;
12% ao ano capitalizados bimestralmente equivalem a uma taxa efetiva de 2% ao bimestre;
12% ao ano capitalizados trimestralmente equivalem a uma taxa efetiva de 3% ao trimestre.

Taxa efetiva
Segundo Vieira Sobrinho (2018, p. 164), taxa efetiva é “a taxa de juros calculada com base
no valor efetivamente emprestado ou aplicado e no valor efetivamente recebido ou resgatado, o qual
leva em conta eventuais despesas do contrato, com taxas de administração, comissões, impostos e
outras”. Em outras palavras, a taxa efetiva é a taxa que representa o percentual a ser aplicado, período
a período, para se calcular o valor atualizado já considerando todos os custos envolvidos na
operação. A taxa de juros efetiva é a base para o cálculo do custo efetivo total da operação financeira,
também chamada de CET.
Exemplo:
Considere um empréstimo de R$ 10.000,00 para ser pago em 30 dias com a aplicação de
uma taxa de juros de 10% ao mês, porém, para a tomada do recurso, existe uma tarifa de contrato
igual a R$ 500,00. São dois os cenários possíveis:
Cenário 1: o valor de R$ 500,00, referente à tarifa, sendo pago na tomada do recurso, será o
mesmo que tomar emprestado apenas R$ 9.500,00, pois R$ 10.000,00 – R$ 500,00 = R$ 9.500,00.
Porém, para quitar a operação após um mês, o valor devido será de R$ 11.000,00, pois
R$ 10.000,00 + (R$ 10.000,00 × 10%) = R$ 11.000,00. Neste caso, a taxa efetiva da operação será de
15,79% no mês; afinal, R$ 11.000,00 ÷ R$ 9.500,00 = 1,1579.
Cenário 2: o valor de R$ 500,00, referente à tarifa, sendo financiado com a operação para
possibilitar ao tomador receber os R$ 10.000,00 propostos, resultará em um valor de empréstimo
igual a R$ 10.500,00. Considerando que a taxa aplicada é de 10% ao mês e que o valor será quitado
30 dias após a tomada do recurso, o valor necessário para quitar o empréstimo será de R$ 11.550,00,
uma vez que R$ 10.500,00 + (R$ 10.500,00 × 10%) = R$ 11.550,00. Neste caso, a taxa efetiva da
operação será de 15,50% no mês; afinal, R$ 11.550,00 ÷ R$ 10.000,00 = 1,1550.

39
Taxas equivalentes
Taxas equivalentes são as taxas que aplicadas sobre o mesmo capital, no mesmo prazo, geram o
mesmo resultado, mesmo que se referenciem a períodos de capitalização diferentes. Exemplificando
temos que, aplicando R$ 1.000,00, pelo prazo de um ano, usando taxas que se referem a períodos
diferentes, pode-se chegar a um mesmo valor acumulado. Neste caso, as taxas serão equivalentes.
Observe:
 1% ao mês, durante 12 meses (um ano), sobre R$ 1.000,00, resultará em R$ 1.126,82, e
 12,682% ao ano, por um ano (12 meses), sobre R$ 1.000,00, resultará em R$ 1.126,82.

Logo, as taxas de 1,0% ao mês e 12,682% ao ano são equivalentes no regime de juros compostos.
Caso se deseje transformar uma taxa ao mês em uma taxa ao ano, basta capitalizar a taxa. A
expressão é a seguinte:

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = [(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1] × 100

Onde:
𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = taxa de juros capitalizada, equivalente ao período maior de tempo;
i = taxa de juros referenciada a um intervalo menor de tempo;
n = quantidade de períodos em que se deseja capitalizar a taxa.

Fazendo referência ao exemplo citado anteriormente, temos:

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = [(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = [(1 + 0,01)12 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = [1,0112 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = [1,12682 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 0,12682 × 100

𝑖𝑖𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 12,682%

40
Agora, caso se deseje transformar uma taxa ao ano em uma taxa ao mês, basta descapitalizar
a taxa. A expressão é a seguinte:

1
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = [(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1] × 100

Onde:
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = taxa de juros descapitalizada, equivalente ao período menor de tempo;
i = taxa de juros referenciada a um intervalo maior de tempo;
n = quantidade de períodos em que se deseja descapitalizar a taxa.

Na mesma linha do exemplo anterior, temos:

1
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = [(1 + 𝑖𝑖)𝑛𝑛 − 1] × 100

1
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = [(1 + 0,12682)12 − 1] × 100

1
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = [(1,12682)12 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = [(1,12682)0,08333333 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑧𝑧𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = [1,01 − 1] × 100

𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = 0,01 × 100

𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = 1,00%

41
A calculadora HP-12C permite, mediante alguns procedimentos, calcular a taxa
equivalente rapidamente, contudo, é importante compreender a lógica por trás dos cálculos. Os
passos são os seguintes:

Transformar a taxa de 1% ao mês na sua taxa equivalente ao ano:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 1,00
x,r
PV
CFo RPN D.MY C
← Valor fixo para todos os casos.
1 i 1,00 ← A taxa a ser convertida.
x,r 12÷ RPN D.MY C

1 2 n 12,00 ← Se do período menor para o maior, coloque o maior.


x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

FV - 1,12682 ← Resultado evidenciando o montante capitalizado.


Nj RPN D.MY C

1 n 1,00 ← Se do período menor para o maior, coloque o menor.


x,r 12× RPN D.MY C

i 12,682
12÷ RPN D.MY C
← Resultado: taxa equivalente a um período.

O mesmo pode ser aplicado para o procedimento inverso, transformar a taxa de 12,682% ao
ano na sua taxa equivalente ao mês:

f CLX
X=0
← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 PV 1,00 ← Valor fixo para todos os casos.
x,r CFo RPN D.MY C

1 2 · 6 8 2 i 12,682 ← A taxa a ser convertida.


x,r ŷ,r S ẍw END ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

1 n 1,00
x,r 12× RPN D.MY C
← Se do período maior para o menor, coloque o menor.
FV - 1,12682 ← Resultado evidenciando o montante capitalizado.
Nj RPN D.MY C

1 2 n 12,00 ← Se do período maior para o menor, coloque o maior.


x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

i 1,00 ← Resultado: taxa equivalente a um período.


12÷ RPN D.MY C

42
MÓDULO III – SISTEMAS DE
AMORTIZAÇÃO E SÉRIES DE PAGAMENTOS

Neste módulo, serão apresentados os sistemas de amortização de empréstimos e


financiamentos mais utilizados no mercado financeiro e como se comportam quando são aplicadas
taxas variáveis ou indexadas a um indicador econômico. Para a compreensão dos efeitos dos
diferentes sistemas de amortização é altamente relevante a elaboração dos fluxos de caixa de um
projeto de investimento e a análise da sua viabilidade quando os investimentos possuem parte
financiada com capital de terceiros. Portanto, entender como são estruturados os cálculos inerentes
aos sistemas de amortização é fundamental para que o investidor saiba como melhor se financiar e
rentabilizar o seu negócio. Nesse sentido, ainda neste módulo, serão apresentadas as diferentes séries
de pagamentos existentes e o comportamento dos juros nos casos de parcelas fixas, com carência ou
reforços, sejam eles reforços intermediários ou apenas no final da operação de crédito.

Sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos


Segundo Vieira Sobrinho (2018, p. 127), “um sistema de amortização nada mais é do que
um plano composto por pagamentos periódicos para liquidação de um empréstimo ou de um
financiamento, de curto ou de longo prazo”. Em outras palavras, os sistemas de amortização
descrevem a dinâmica em que o saldo devedor de um empréstimo vai sendo liquidado e o valor
das parcelas necessárias para tal. Os principais sistemas de amortização utilizados no mercado
financeiro serão apresentados a seguir, mas antes é importante compreender os princípios básicos
que regem todos os sistemas.
Princípios básicos dos sistemas de amortização
Os sistemas de amortização podem estar estruturados de diferentes formas, com parcelas fixas,
com parcelas decrescentes, com reforços periódicos, ou até mesmo com apenas uma amortização ao
final do prazo da operação de crédito. Porém, todos os sistemas possuem um mesmo princípio: para
que a parcela tenha capacidade de amortizar ao menos uma parte da dívida, ela deverá ser maior do
que os juros referentes ao período de capitalização. Dessa forma, com exceção do sistema de
amortização americano, é muito comum que a prestação referente a qualquer empréstimo seja
composta do total dos juros referente ao período mais uma parte destinada à amortização da dívida.

Sistema de Amortização com Prestações Constantes (Price)


O sistema de amortização com prestações constantes, também conhecido como sistema da
“Tabela Price” é um dos sistemas de amortizações mais utilizados no mercado financeiro,
principalmente nas operações de empréstimos e financiamentos bancários.
O sistema de amortização baseado na “Tabela Price” consiste basicamente em estruturar
um valor de amortização mais os juros do respectivo período, de forma que, somados, produzam
um valor de prestação constante durante todo prazo da operação de crédito, desta forma
facilitando o planejamento financeiro e estruturação de uma análise de investimento. A estrutura
do cálculo do sistema de amortização com prestações constantes será demonstrada a seguir,
partindo do seguinte exemplo: empréstimo no valor de R$ 5.000,00, ao custo financeiro de 10%
ao período, para ser quitado mediante o pagamento de cinco prestações iguais e sucessivas,
calculadas pelo sistema Price de amortização.

Tabela 6 – Cálculo do Sistema de Amortização com Parcela Constante (Tabela Price)

Sistema de Amortização com Prestação Constante “Tabela Price” Saldo Devedor

Juros Valor da
Prestação (10% ao per.) Amortização Prestação 5.000,00

1 de 5 500,00 818,99 1.318,99 4.181,01

2 de 5 418,10 900,89 1.318,99 3.280,13

3 de 5 328,01 990,97 1.318,99 2.289,15

4 de 5 228,92 1.090,07 1.318,99 1.199,08

5 de 5 119,91 1.199,08 1.318,99 0,00

Total 1.594,94 5.000,00 6.594,94 0,00

44
Note que, nesse caso, a prestação, por ser constante, produz uma amortização crescente, ao
passo que o valor de juros é decrescente na medida em que o saldo devedor vai sendo amortizado.
Observe, ainda, que o valor dos juros calculados e pagos a cada período corresponde exatamente ao
valor da taxa (neste caso, 10% ao período) aplicada sobre o saldo devedor período a período.
O exemplo demonstra que foram tomados R$ 5.000,00 e pagas cinco prestações iguais e
sucessivas no valor de R$ 1.318,99 cada, que totalizam R$ 6.594,94 de desembolso total durante
o prazo da operação, sendo que, desse valor, R$ 5.000,00 são para amortizar 100% da dívida, e a
diferença de R$ 1.594,94 se refere ao total dos juros calculados e pagos durante toda a operação.
Normalmente, em razão do objetivo desse sistema de amortização ser o cálculo de uma
prestação constante durante todo o prazo da operação, o calendário utilizado é o calendário
comercial, considerando que todos os meses possuem 30 dias, até mesmo o mês de fevereiro. Tal
situação permite, por exemplo, a fixação de um dia no mês para vencimento de cada prestação, e
com isso facilitar, na prática, o planejamento financeiro dos fluxos de caixa.

Sistema de Amortização com a Amortização Constante (SAC)


Diferentemente do sistema de amortização com prestações constantes, o sistema de
amortização com a amortização constante, também conhecido como sistema da “Tabela SAC” é
muito utilizado para financiamentos imobiliários. O sistema SAC de amortização possui prestações
variáveis e decrescentes.
O sistema de amortização com a amortização constante consiste basicamente em estruturar um
fluxo de pagamentos de forma que a prestação paga periodicamente tenha a capacidade de amortizar
igualitariamente parte da dívida a cada período. Ou seja, por exemplo, se o empréstimo foi realizado
em três prestações, a amortização de cada prestação será de 1/3 (um terço) da dívida a cada período,
da mesma forma que se for realizado um financiamento para ser quitado em 10 prestações, a
amortização de cada prestação será equivalente a 1/10 (um décimo) do valor financiado.
A estrutura do cálculo do sistema de amortização com amortização constante será
demonstrada a seguir, partindo do seguinte exemplo: empréstimo no valor de R$ 5.000,00, ao
custo financeiro de 10% ao período, para ser pago em cinco prestações sucessivas, calculadas pelo
sistema de amortização constante.

45
Tabela 7 – Cálculo do Sistema de Amortização Constante (Tabela SAC)

Sistema de Amortização com Amortização Constante “Tabela SAC” Saldo Devedor

Juros Valor da
Prestação (10% ao per.) Amortização Prestação 5.000,00

1 de 5 500,00 1.000,00 1.500,00 4.000,00

2 de 5 400,00 1.000,00 1.400,00 3.000,00

3 de 5 300,00 1.000,00 1.300,00 2.000,00

4 de 5 200,00 1.000,00 1.200,00 1.000,00

5 de 5 100,00 1.000,00 1.100,00 0,00

Total 1.500,00 5.000,00 6.500,00 0,00

Note que, nesse caso, em razão de a amortização ser constante, a prestação torna-se variável
e decrescente. Observe, ainda, que o valor dos juros calculados e pagos a cada período corresponde
exatamente ao valor da taxa (neste caso, 10% ao período) aplicado sobre o saldo devedor período a
período. O exemplo demonstra que foram tomados R$ 5.000,00 e pagas cinco prestações variáveis
e decrescentes, que totalizam R$ 6.500,00 de desembolso total durante o prazo da operação, sendo
que, desse valor, R$ 5.000,00 são para amortizar 100% da dívida, e a diferença de R$ 1.500,00 se
refere ao total dos juros calculados e pagos durante toda a operação.
O sistema de amortização pela “Tabela SAC” também é muito utilizado por proporcionar
facilidade na compreensão dos cálculos. Por exemplo, no caso acima, como foram tomados
R$ 5.000,00 emprestados para serem quitados em cinco prestações, o saldo devedor para quitar
integralmente o empréstimo, imediatamente após o pagamento da prestação de cada período, será
o valor do empréstimo dividido pela quantidade de prestações totais, multiplicado pelo número de
prestações que faltam pagar.
Exemplificando, caso se deseje saber o saldo para quitar o empréstimo imediatamente após o
pagamento da segunda prestação, basta dividir R$ 5.000,00 por cinco prestações (que é o total de
prestações da operação) e multiplicar por três prestações que ainda restam. O saldo será de
R$ 3.000,00, que pode ser confirmado observando-se a tabela 7, acima.
Outro diferencial para fins de planejamento financeiro é que como normalmente os
empréstimos para aquisição de imóveis são de prazos bem longos, o risco de inadimplemento futuro
tende a diminuir, uma vez que a expectativa é de que com o passar do tempo as pessoas busquem
aumentar a sua renda, e, com prestações diminuindo, o valor do impacto nos fluxos de caixa vai
diminuindo ao longo do tempo.

46
Sistema de Amortização Misto (SAM)
O sistema de amortização misto (SAM), segundo Assaf Neto (2016, p. 215), “foi desenvolvido
originalmente para as operações de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação”. Esclarece
ainda que este sistema representa basicamente a média aritmética entre o sistema de amortização
calculado pela “Tabela Price” e o sistema de amortização calculado pela “Tabela SAC”, dando origem
à denominação “Mista”, “Tabela Mista” ou ainda Sistema de Amortização Misto.
A demonstração da estrutura de cálculo do sistema de amortização misto tomará por base os
exemplos descritos anteriormente para a “Tabela Price” e a “Tabela SAC”, considerando a mesma
operação de R$ 5.000,00, ao custo financeiro de 10% ao período, para ser quitado mediante o
pagamento de cinco prestações sucessivas, porém agora calculadas pelo sistema de amortização misto.

Tabela 8 – Cálculo do Sistema de Amortização Misto (Tabela SAM)

Sistema de Amortização Misto “Tabela SAM” Saldo Devedor

Juros Valor da
Prestação (10% ao per.) Amortização Prestação 5.000,00

1 de 5 500,00 909,49 1.409,49 4.090,51

2 de 5 409,05 950,44 1.359,49 3.140,06

3 de 5 314,01 995,49 1.309,49 2.144,58

4 de 5 214,46 1.045,04 1.259,49 1.099,54

5 de 5 109,95 1.099,54 1.209,49 0,00

Total 1.547,47 5.000,00 6.547,47 0,00

Observe que o valor das prestações calculadas pelo sistema de amortização misto é exatamente
a média aritmética do valor da prestação calculado pela “Tabela Price” e pela “Tabela SAC”.

Sistema de Amortização Americano (SAA)


O sistema de amortização americano (SAA), segundo Assaf Neto (2016, p. 218), “estipula
que a devolução do capital emprestado é efetuada ao final do período contratado da operação de
uma só vez”. Dessa forma, não são previstas amortizações parciais no transcorrer do prazo total da
operação de empréstimo, contudo, os juros são pagos integralmente a cada período.

47
A demonstração da estrutura de cálculo do sistema de amortização americano será apresentada
a seguir, partindo do seguinte exemplo: empréstimo no valor de R$ 5.000,00, ao custo financeiro de
10% ao período, que deverá ser amortizado pelo sistema americano, ou seja, amortização única ao
final do último período, contudo, os juros deverão ser pagos integralmente a cada período.

Tabela 9 – Cálculo do Sistema de Amortização Americano (Tabela SAA)

Sistema de Amortização Americano “Tabela SAA” Saldo Devedor

Juros Valor da
Prestação (10% ao per.) Amortização Prestação 5.000,00

1 de 5 500,00 0,00 500,00 5.000,00

2 de 5 500,00 0,00 500,00 5.000,00

3 de 5 500,00 0,00 500,00 5.000,00

4 de 5 500,00 0,00 500,00 5.000,00

5 de 5 500,00 5.000,00 5.500,00 0,00

Total 2.500,00 5.000,00 7.500,00 0,00

Note que, nesse caso, em razão de a amortização ser apenas no último período, as prestações,
com exceção da última, são compostas basicamente dos juros calculadas sobre o saldo devedor.
Considerando que o saldo devedor permanece constante durante toda a operação, os juros também
serão constantes. O exemplo demonstra que foram tomados R$ 5.000,00 e pagas quatro prestações
compostas basicamente dos juros e mais uma prestação no final do prazo total da operação,
composta de juros e amortização integral do saldo devedor. Nesse sentido, os pagamentos
totalizaram R$ 7.500,00, sendo que, desse valor, R$ 5.000,00 são para amortizar 100% da dívida,
e a diferença de R$ 2.500,00 se refere ao total dos juros calculados e pagos durante toda a operação.

Análise comparativa entre os sistemas de amortização


Os pagamentos realizados para quitar um empréstimo, independentemente do sistema de
amortização utilizado, devem ser capazes de amortizar integralmente a dívida e remunerar
adequadamente o saldo devedor a cada período. Nesse sentido, embora a taxa de juros seja a mesma
em todos os sistemas, os juros totais pagos em cada sistema serão diferentes, ou seja, o total
desembolsado pelo devedor dependerá do sistema que foi adotado. Essa análise comparativa é
altamente relevante para que se verifique qual sistema possuirá melhor aderência aos fluxos de caixa
de que o devedor vai dispor para fazer frente ao empréstimo tomado. A análise será realizada a seguir.

48
Figura 1 – Saldo devedor conforme o sistema de amortização (evolução comparativa)

Ao analisar os dados descritos acima, é possível verificar que na “Tabela SAC” o saldo diminui
linearmente período a período, já na “Tabela Price” o saldo devedor diminui mais lentamente e na
“Tabela SAM” é exatamente a média dos saldos das duas tabelas anteriores. O saldo devedor na
“Tabela SAA” não sofre mutação até ser quitado no último período e naturalmente tal situação
influencia no volume de juros calculados.
A seguir, será apresentado um comparativo de desembolso total em cada sistema de
amortização e a parcela equivalente aos juros de cada sistema.

Figura 2 – Juros e desembolso conforme o sistema de amortização (evolução comparativa)

49
Ao verificar os dados descritos acima, é possível constatar que o total de juros pagos é menor
na “Tabela SAC” e maior nas demais. Lembrando que a taxa de juros aplicada é a mesma para todos
os sistemas exemplificados. Porém, em razão de o saldo devedor variar diferentemente em cada
sistema, será diferente também o desembolso total.
Importante lembrar também que, embora o sistema de amortização pela “Tabela SAA”
possua um maior desembolso global, o seu sistema de amortização favorece o desenvolvimento de
projetos de investimentos com prazo de maturação mais alongado, uma vez que até a quitação do
empréstimo, que ocorrerá ao final do último período, serão pagos apenas os juros período a período.
Tal situação favorece e gera alívio nos fluxos de caixa de quem tomou o empréstimo.

Comportamento dos sistemas de amortização com


atualização monetária
Nos empréstimos com prazos mais alongados, dada a dificuldade de previsão da inflação, segundo
Hazzan e Pompeo (2015, p. 255), “automaticamente existe a dificuldade de se estabelecer uma taxa de
juros fixa para todo o período do empréstimo”. Por essa razão, nos financiamentos imobiliários, por
exemplo, são utilizados indexadores de atualização monetária. Para simplificar a compreensão de como
são aplicados os índices de atualização monetária e os seus impactos, basta partir de um sistema de
amortização qualquer e aplicar um índice de atualização acumulado até o seu respectivo período em
cada variável que compõe a planilha de cálculo do sistema de amortização escolhido.

50
A exemplificação será demonstrada a seguir:

Diagrama 3 – Aplicação da atualização monetária nos empréstimos

Tabela Base de Exemplo (sem a Aplicação da Atualização


Monetária)

Saldo
Parcela Juros Amortização Prestação Devedor

Basta multiplicar cada 0 de 5 0,00 0,00 0,00 5.000,00


valor da tabela pelo índice
de Atualização Acumulado 1 de 5 500,00 818,99 1.318,99 4.181,01
até o seu respectivo

período. 2 de 5 418,10 900,89 1.318,99 3.280,13

3 de 5 328,01 990,97 1.318,99 2.289,15

4 de 5 228,92 1.090,07 1.318,99 1.199,08

5 de 5 119,91 1.199,08 1.318,99 0,00

Total 1.594,94 5.000,00 6.594,94 0,00


Tabela de Exemplo com a Aplicação da Atualização Monetária


Atualização Índice de
Monetária Atualização
Saldo
do Período Acumulado
Parcela Juros Amortização Prestação Devedor

0,0000% 1,0000000 → 0 de 5 0,00 0,00 0,00 5.000,00

0,4050% 1,0040500 → 1 de 5 502,03 822,30 1.324,33 4.197,95

0,5926% 1,0100000 → 2 de 5 422,28 909,90 1.332,18 3.312,93

1,0000% 1,0201000 → 3 de 5 334,61 1.010,89 1.345,50 2.335,16

0,1000% 1,0211201 → 4 de 5 233,75 1.113,09 1.346,84 1.224,40

0,5000% 1,0262257 → 5 de 5 123,05 1.230,53 1.353,58 0,00

Total 1.615,72 5.086,71 6.702,43 0,00

51
Séries de pagamentos
O entendimento da sistemática dos cálculos das séries de pagamentos advém da compreensão
dos sistemas de amortização, uma vez que as séries de pagamentos são basicamente utilizadas para
a quitação de um empréstimo ou financiamento, ou acúmulo de capital, no caso de recebimentos.
Para melhor evidenciar o comportamento das séries de pagamentos mais utilizadas no mercado
corporativo e facilitar a sua comparação entre elas, todas as séries descritas a seguir usarão um
mesmo exemplo de valor, prazo e taxa.

Série de pagamentos postecipados


A série de pagamentos postecipados é muito frequente nos empréstimos e financiamentos
bancários. Consiste basicamente em captar um valor e realizar o pagamento mediante prestações
periódicas e sucessivas compostas de juros mais a amortização, sendo que a primeira prestação
ocorre já ao final do primeiro período.
Considere o seguinte exemplo: calcular o valor das prestações postecipadas, ao custo
financeiro de 2% ao mês, capazes de quitar um financiamento no valor de R$ 10.000,00 em 36
prestações mensais e iguais. A resposta é R$ 392,33.
A seguir, a resolução com o uso da HP-12C:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 PV 10.000,00
x,r x x x x CFo RPN D.MY C

3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

PMT - 392,33
CFj RPN D.MY C

Série de pagamentos antecipados


A série de pagamentos antecipados consiste basicamente em parcelamentos quando as
prestações ocorrem no início de cada período. Atenção! Não se trata necessariamente de
parcelamentos com entrada mais parcelas fixas, uma vez que a entrada pode ter um valor diferente
da prestação periódica.
Considere o seguinte exemplo: calcular o valor das prestações antecipadas, ao custo financeiro
de 2% ao mês, capazes de quitar um financiamento no valor de R$ 10.000,00 em 36 prestações
mensais e iguais. A resposta é R$ 384,64.

52
A calculadora HP-12C vem preparada também para calcular prestações considerando a série
7
antecipada, basta configurá-la pressionando a tecla g e, na sequência, a tecla BEG . Observe que
na parte de baixo do visor da calculadora aparecerá escrito “BEGIN” indicando que a configuração
foi realizada adequadamente. Para voltar a calculadora para o padrão de cálculo com parcelas

considerado as séries postecipadas, basta pressionar novamente a tecla g e, na sequência, a


8
tecla END . Nesse caso, o escrito “BEGIN” desaparecerá, indicado que agora a calculadora está
configurada no seu padrão de fábrica, que é o modo “END”, ou seja, considera que as parcelas
ocorrem ao final de cada período.
A seguir, a resolução com o uso da HP-12C utilizando a configuração no modo “BEGIN”:

g 7 ← Configurando a calculadora para o modo “BEGIN”.


BEG

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 PV 10.000,00
x,r x x x x CFo RPN BEGIN D.MY C

3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN BEGIN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN BEGIN D.MY C

PMT - 384,64
CFj RPN BEGIN D.MY C
← Observe que está aparecendo o escrito “BEGIN” no visor.

Observe que os passos na calculadora são os mesmos utilizados no cálculo com séries
postecipadas, o que mudou foi apenas a configuração da calculadora. Observe, ainda, que a
prestação calculada considerando a série antecipada resultou menor (R$ 384,64) do que a prestação
calculada anteriormente considerando a série postecipada (R$ 392,33).
A lógica é bem simples: como na série antecipada a prestação ocorre no início de cada período,
a primeira prestação é composta basicamente de amortização, uma vez que não transcorreu o prazo
necessário para gerar juros, logo, o efeito é de um valor financiado menor.
Outra forma de calcular a prestação antecipada, sem se preocupar em ter de configurar a
calculadora para o modo “BEGIN”, é calcular a prestação normalmente, utilizando o padrão de
fábrica, que é o modo “END”, e depois antecipar o valor da prestação por um período.

53
Tomando por base o cálculo da prestação realizado considerando a série postecipada, basta
proceder da seguinte forma:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.

3 9 2 · 3 3 FV 392,33 ← Prestação ao final de um período.


n! MEM ŷ,r S n! n! Nj RPN D.MY C

2 i 2,00 ← Taxa de juros utilizada para calcular as prestações.


ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

1 n 1,00 ← 1 indicando que antecipará do final para o início.


x,r 12× RPN D.MY C

PV - 384,64 ← Valor das prestações se antecipadas em um período.


CFo RPN D.MY C

Note que o princípio aplicado para calcular a prestação antecipada partindo do valor da
prestação postecipada é o princípio básico de atualização do valor do dinheiro no tempo, ou seja,
se existe um valor no futuro e desejo encontrar o seu equivalente no presente, basta aplicar a taxa
de juros pactuada pelo prazo existente entre as duas datas. O interessante de aprender a calcular as
parcelas dessa forma é não precisar se preocupar de ter-se esquecido de voltar a calculadora para o
modo “END” e acabar calculado o valor das prestações equivocadamente. Esse princípio também
torna o cálculo das prestações quando existe carência mais simples.

Série de pagamentos com carência


As séries de pagamentos com carências ocorrem quando são convencionados prazos
superiores a um período para o início da amortização do valor emprestado. Os valores dos juros
durante o período de carência podem ser pagos periodicamente para evitar que a dívida aumente,
ou incorporados ao valor principal e parcelados juntamente com o valor financiado, o que
naturalmente resultará em prestações maiores.
Considere o seguinte exemplo: calcular o valor das prestações postecipadas, ao custo
financeiro de 2% ao mês, capazes de quitar um financiamento no valor de R$ 10.000,00 em 36
prestações mensais e iguais, sendo que a primeira parcela acontecerá ao final do terceiro mês. A
resposta é R$ 408,18.
Importante notar que as prestações calculadas considerando a série postecipada já consideram
que o primeiro desembolso somente ocorrerá ao final do primeiro período, logo, para calcular o
valor da prestação considerando que o primeiro pagamento acontecerá ao final do terceiro período,
basta atualizar o valor da prestação por mais dois meses, da mesma forma que se o primeiro
pagamento ocorresse ao final do 6º mês, bastaria atualizar por mais cinco.
Embora anteriormente já se tenha calculado o valor da prestação postecipada sem carência
anteriormente, a demonstração será realizada novamente para fins didáticos.

54
A seguir, a resolução com o uso da HP-12C:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 PV 10.000,00
x,r x x x x CFo RPN D.MY C

3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

PMT - 392,33 ← Valor da prestação postecipada (ao final do primeiro período).


CFj RPN D.MY C

Agora, basta atualizar o seu valor por mais dois períodos, uma vez que se pede calcular a
prestação ao final do terceiro período.

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 9 2 · 3 3 PV 392,33 ← Prestação ao final de um período.
n! MEM ŷ,r S n! n! CFo RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C
← Taxa de juros utilizada para calcular as prestações.
2 n 2,00 ← 2 para corrigir as prestações por mais dois períodos.
ŷ,r 12× RPN D.MY C

FV - 408,18
Nj RPN D.MY C ← Valor das prestações corrigidas após dois períodos (ao final do 3º período).

Observe que o princípio utilizado para o cálculo da prestação com carência é o mesmo da
correção do valor do dinheiro no tempo a uma determinada taxa e um prazo específico.
Naturalmente, os valores das prestações corrigidas para que o primeiro pagamento ocorra ao final
do terceiro mês (R$ 408,18) é maior do que o valor das prestações calculadas se o primeiro
pagamento ocorrer ao final do primeiro período (R$ 392,33). Isso se dá em razão de o valor
financiado incorporar os juros referentes ao período de carência na dívida.
Outra forma de calcular a prestação considerando o período de carência é capitalizar o valor
total financiado durante o período em que não há pagamentos e calcular as prestações partindo da
dívida capitalizada. Os passos na calculadora HP-12C são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 PV 10.000,00 ← Valor financiado no momento 0 (zero).
x,r x x x x CFo RPN D.MY C

2 i 2,00 ← Taxa de juros utilizada para calcular as prestações.


ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

2 n 2,00 ← 2 para incorporar os juros de dois períodos no financiamento.


ŷ,r 12× RPN D.MY C

FV - 10.404,00 ← Valor da dívida corrigido com a incorporação dos juros de dois períodos.
Nj RPN D.MY C

55
Agora, basta partir do valor da dívida corrigido e calcular normalmente as prestações:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 4 0 4 PV 10.404,00
x,r x D.MY x D.MY CFo RPN D.MY C
← Novo valor financiado, já corrigido.
3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN D.MY C
← Número de prestações para quitar o financiamento.
2 i 2,00 ← Taxa de juros pactuada.
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

PMT - 408,18 ← Valor das prestações considerando o novo valor financiado.


CFj RPN D.MY C

Série de pagamentos com reforço no último pagamento


As séries de pagamentos com reforço no último período são muito utilizadas na aquisição de
imóveis “na planta”, por exemplo. O objetivo é deixar um valor para ser quitado ao final do último
período e com isso gerar prestações periódicas menores.
Considere o seguinte exemplo: calcular o valor das prestações postecipadas, ao custo
financeiro de 2% ao mês, capazes de quitar um financiamento no valor de R$ 10.000,00 em 36
prestações mensais e iguais, sabendo que juntamente com a última parcela será pago um reforço de
R$ 4.000,00. A resposta é R$ 315,40.
A seguir, a resolução com o uso da HP-12C:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 0 PV 10.000,00
x,r x x x x CFo RPN D.MY C

3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

4 0 0 0 CHS FV - 4.000,00 ← Reforço (negativo por ser um desembolso).


D.MY x x x DATE Nj RPN D.MY C

PMT - 315,40 ← Valor das prestações mensais.


CFj RPN D.MY C

Importante lembrar que, como se trata de um reforço, o desembolso total no último período
será de R$ 4.315,40, ou seja, o valor da prestação mais o reforço.
Observe que o valor da prestação (R$ 315,40), considerando que haverá um reforço de
R$ 4.000,00 juntamente com a última prestação, é menor se comparado ao valor da prestação
postecipada calculada sem a ocorrência do reforço (R$ 392,33). Tal situação resulta da capacidade que
o reforço possui de amortizar parte da dívida, restando para as parcelas amortizar um valor menor.

56
O valor que matematicamente o reforço possui capacidade de quitar da dívida é possível de
ser calculado simplesmente trazendo o valor do reforço, que ocorre ao final do último período, para
a data presente, aplicando a taxa de juros convencionada.
Os passos com a HP-12C são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
4 0 0 0 FV - 4.000,00 ← Valor do reforço no último período.
D.MY x x x Nj RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C
← Taxa de juros utilizada para calcular as prestações.
3 6 n 36,00 ← Número de períodos que se deseja antecipar.
n! ẍw 12× RPN D.MY C

PV - 1.960,89 ← Valor do reforço no presente. Capacidade de amortização do reforço.


CFo RPN D.MY C

Portanto, como o reforço na última prestação possui capacidade de amortizar R$ 1.960,89


da dívida, sobra para as parcelas amortizar apenas a diferença, ou seja, R$ 8.039,11, pois
R$ 10.000,00 – R$ 1.960,89 = R$ 8.039,11.
Importante perceber que, como se optou por fazer o pagamento do reforço ao final do último
período, a capacidade de amortização das prestações diminuiu, e isso naturalmente resultará em um
total de juros desembolsados durante todo prazo da operação maior.
Veja, considerando que o valor das prestações postecipadas sem a incidência do reforço resultou
no valor de R$ 392,33, para calcular o total de juros pagos, basta multiplicar o valor das parcelas pelo
número de prestações e subtrair do valor inicialmente financiado, isso resulta em R$ 4.123,88 de juros,
pois (R$ 392,33 × 36) = R$ 14.123,88 e (R$ 14.123,88 –R$ 10.000,00) = R$ 4.123,88. Já os juros
totais desembolsados com a operação, considerando o valor das prestações postecipadas com a incidência
de um reforço ao final do último período, resultou no valor de R$ 5.354,40, pois
(R$ 315.40 × 36) = R$ 11.354,40 e (R$ 11.354,40 + R$ 4.000,00 – R$ 10.000,00) = R$ 5.354,40.
Ou seja, embora exista minimização do impacto da prestação nos fluxos de caixa dos primeiros 35
períodos da operação, o desembolso global é maior em razão do adiamento da amortização.

Série de pagamentos com reforços intermediários, ou periódicos


A série de pagamentos com reforços intermediários, ou periódicos, funciona com o mesmo
princípio de amortização descrito anteriormente, porém aplicado respectivamente para cada
reforço. A série de pagamento com reforços intermediários é muito utilizada para financiamento de
negócios em setores que o nível de atividade é sazonal.

57
Considere o seguinte exemplo: calcular o valor das prestações postecipadas, ao custo
financeiro de 2% ao mês, capazes de quitar um financiamento no valor de R$ 10.000,00 em 36
prestações mensais e iguais, sabendo que a cada 12 prestações serão pagos reforços de R$ 1.000,00
cada, juntamente com a parcela. A resposta é R$ 317,77.
Antes de calcular o valor das prestações, é necessário verificar qual capacidade de amortização
da dívida que os reforços possuem.
Os passos são descritos a seguir: como os reforços ocorrem com a periodicidade de 12 meses,
é preciso verificar qual é a taxa de juros equivalente a um período de um ano a partir da taxa de 2%
ao mês. A resposta é 26,8242% ao ano.
Na HP-12, temos o seguinte:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 PV 1,00 ← Valor fixo para todos os casos.
x,r CFo RPN D.MY C

2 i 2,00 ← A taxa a ser convertida.


ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

1 2 n 12,00 ← Quantidade de períodos que se deseja transformar em 1.


x,r ŷ,r 12× RPN D.MY C

FV - 1,268242 ← Resultado evidenciando o montante capitalizado.


Nj RPN D.MY C

1 n 1,00
x,r 12× RPN D.MY C
← 1 para transformar a taxa para o período de um ano.
i 26,8242 ← Resultado: taxa equivalente a um ano.
12÷ RPN D.MY C

De posse da taxa anual equivalente, é possível calcular o valor presente dos três reforços
anuais, de uma só vez, e verificar o potencial de amortização. A capacidade de amortização é de
R$ 1.900,44. Os passos na HP-12C são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 0 0 PMT 1.000,00 ← Valor dos reforços periódicos.
x,r x x x CFj RPN D.MY C

2 6 · 8 2 4 2 i 26,8242 ← Taxa anualizada.


ŷ,r ẍw S END ŷ,r D.MY ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

3 n 3,00
n! 12× RPN D.MY C
← Quantidade de reforços. Um a cada 12 prestações.
PV - 1.900,44 ← Capacidade a amortização da dívida que os três reforços possuem.
CFo RPN D.MY C

Como a capacidade de amortização da dívida que os reforços possuem é de R$ 1.900,44,


restam apenas R$ 8.099,56 a serem amortizados pelas prestações, pois
(R$ 10.000,00 – R$ 1.900,44) = R$ 8.099,56.

58
Basta agora calcular o valor das prestações considerando o valor financiado de R$ 8.099,56.
Os passos são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
8 0 9 9 · 5 6 PV 8.099,56
END x MEM MEM S M.DY ẍw CFo RPN D.MY C

3 6 n 36,00
n! ẍw 12× RPN D.MY C

2 i 2,00
ŷ,r 12÷ RPN D.MY C

PMT - 317,77 ← Valor das prestações mensais.


CFj RPN D.MY C

Da mesma forma que os exemplos anteriores, para calcular o valor total de juros
desembolsados decorrente dessa operação, basta multiplicar o valor R$ 317,77 por 36 prestações,
somar os três reforços de R$ 1.000,00, cada, e subtrair do valor inicialmente financiado de
R$ 10.000,00. O resultado será de R$ 4.439,72.

59
60
MÓDULO IV – MÉTODOS DE ANÁLISE DE
INVESTIMENTOS APLICADOS A
CORPORATE FINANCE

Neste módulo, já com o domínio da base matemática necessária para compreender o


comportamento dos juros e como eles são calculados, serão apresentados os principais métodos de
análise de investimentos por meio dos fluxos de caixa aplicados a corporate finance. São critérios que
permitem ao investidor calcular se um investimento é viável por oferecer a rentabilidade desejada ou
se deve ser descartado por não cumprir os requisitos mínimos exigidos. Esses requisitos podem ser
tanto de rentabilização mínima exigida, quanto de prazo máximo de devolução do capital, ou ainda
ser estruturados para permitir a comparação de performance entre duas opções de investimento.

Introdução à análise de investimentos


A multiplicação do capital é um dos principais objetivos de qualquer investidor. Para tanto,
é altamente importante conhecer as técnicas que permitem verificar se determinado investimento
tem a capacidade de remunerar satisfatoriamente o capital nele empregado.
São diversos os métodos de análise de investimentos existentes, contudo, alguns são
tradicionalmente mais utilizados e todos eles obedecem a um princípio básico: para que um
investimento seja considerado viável, deverá cumprir os requisitos mínimos de rentabilidade e de
devolução do capital investido.
Nesse sentido, para a devida aplicação dos métodos de análise de viabilidade, é essencial a
estimação dos fluxos de caixa dos projetos de investimentos, uma vez que são os fluxos de caixa que
evidenciarão os volumes de recursos necessários para a implementação de determinado projeto, bem
como a sua capacidade de geração de caixa para fazer frente aos recursos investidos.
Valor Presente Líquido (VPL)
O valor presente líquido (VPL), segundo Vieira Sobrinho (2018, p. 171), “é uma técnica de
análise de fluxos de caixa que consiste em calcular o valor presente de uma série de pagamentos (ou
recebimentos) iguais ou diferentes a uma taxa conhecida, e deduzir o valor do fluxo inicial”. Em
outras palavras, o valor presente líquido, ou simplesmente VPL, consiste em calcular o valor
presente equivalente de todos os fluxos de caixa futuros de um projeto, mediante a aplicação de
uma taxa de desconto que expressa a rentabilidade exigida pelo investidor, e subtrair desse montante
o valor total dos investimentos necessários para a sua implementação.
Os resultados possíveis são: VPL positivo (VPL > 0), VPL negativo (VPL < 0) ou VPL nulo
(VPL = 0). As interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 VPL positivo ou VPL > 0 (zero): evidencia o ganho adicional de um investimento,
equivalente no presente, após a devolução do capital investido e pagamento da
rentabilidade exigida pelo investidor, sempre considerando toda vida útil do projeto.
Portanto, caso o VPL resulte positivo, o projeto deverá ser considerado viável, uma vez
que teve a capacidade de devolver o capital investido, rentabilizar adequadamente o
investimento e ainda gerar um excedente em favor do investidor.
 VPL negativo ou VPL < 0 (zero): evidencia que o projeto de investimento não é capaz de
pagar a rentabilidade exigida pelo investidor e ainda devolver todo capital nele investido.
Desse modo, caso o VPL resulte negativo, o projeto deverá ser considerado inviável, uma
vez que não possui a capacidade de devolver o capital investido e ainda rentabilizar
adequadamente o capital investido.
 VPL nulo ou VPL = 0 (zero): evidencia que o projeto de investimento cumpre exatamente
os requisitos de rentabilidade e de devolução de capital, não gerando excedente de
resultado, mas também não deixando a desejar. Ou seja, o VPL sendo igual a zero significa
dizer que o investimento possui capacidade de devolver o capital investido e remunerar
exatamente a rentabilidade exigida para o investimento. Sob essa ótica, um projeto com o
VPL nulo poderia ainda ser considerado viável, embora alguns autores optem por
mencionar que tal projeto se mostre indiferente para o investidor, cabendo a ele decidir se
deverá ou não realizar o investimento.

Em uma abordagem prática, apurar o VPL significa verificar quanto um ativo vale, a mais ou
a menos, do que ele custa, inclusive descontando a rentabilidade desejada pelo investidor. Por essa
razão, o VPL fornece ao analista uma visão altamente objetiva da geração ou destruição de valor ao
implementar um investimento.

62
Para melhor compreensão da aplicabilidade dos métodos de análise de viabilidade de
investimentos, iniciando pelo VPL, considere o seguinte exemplo: o analista de investimentos da
Empresa Fictícia de Tecnologia S.A. analisa a viabilidade de adquirir um braço mecânico para
aumentar a velocidade de produção da sua fábrica de placas de circuito impresso para computadores.
O braço mecânico possui a vida útil de quatro anos e após esse período o fabricante sugere
que seja totalmente trocado. Acredita-se que, com a aquisição do equipamento, as receitas
aumentarão e gerarão incrementos líquidos nos fluxos de caixa na ordem de R$ 3 milhões, no
primeiro ano; R$ 5 milhões, no segundo ano; e R$ 7 milhões, em cada um dos dois últimos anos
de vida útil do braço mecânico.
Os incrementos líquidos nos fluxos de caixa já consideram os resultados após os pagamentos
de todos os custos operacionais em cada ano de operação. Os custos de aquisição da máquina,
incluindo todos os custos logísticos e de instalação para deixar o equipamento pronto para iniciar a
operação, totalizam R$ 10 milhões. A rentabilidade exigida pelos investidores para que o projeto
em análise seja considerado viável é de 15,20% ao ano.
A seguir, o diagrama de fluxos de caixa resultantes dos investimentos:

Diagrama 4 – Visão gráfica dos fluxos de caixa do investimento no braço mecânico

Questão chave (VPL): sabendo que o método de análise de investimentos aplicado é o cálculo
do Valor Presente Líquido (VPL), o analista deverá considerar o projeto viável? Por quê?

63
Para a verificação da viabilidade aplicando o método de cálculo do valor presente líquido,
basta calcular o valor presente de cada um dos fluxos de caixa futuros projetados e subtrair do
investimento inicial. Algebricamente, os cálculos são:

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 1 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 2 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 3 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹 4 ) − 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼

𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹1 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹2 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹3 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹4


𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = � 1
+ 2
+ 3
+ � − 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
(1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖)4

3 5 7 7
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = � + + + � − 10
(1 + 0,1520)1 (1 + 0,1520)2 (1 + 0,1520)3 (1 + 0,1520)4

3 5 7 7
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = � + + + � − 10
1,1520 1,3271 1,5288 1,7612

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = (2,604 + 3,768 + 4,579 + 3,974) − 10

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = 14,925 − 10 ∴ 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = + 4,925 (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃)

Como o resultado do VPL foi positivo, significa dizer que o projeto em análise possui a
capacidade de remunerar a rentabilidade exigida pelos investidores de 15,20% ao ano sobre o
capital aplicado, devolver o capital total investido e ainda gerar um ganho adicional equivalente
a R$ 4,925 milhões no momento presente. Nesse sentido, considera-se viável a aquisição do
braço mecânico para aumentar a velocidade de produção da fábrica.
A calculadora HP-12C possui a funcionalidade de calcular o VPL de um fluxo de caixa,
bastando para isso digitar os valores dos fluxos de caixa na ordem cronológica, inserir a
i f PV
rentabilidade exigida na variável 12 , pressionar a tecla
÷ e, na sequência, a tecla CFo . A
função na cor laranja a que se está acessando é a “NPV” (sigla em inglês para Net Present Value,
que em português significa Valor Presente Líquido).
Os fluxos de caixa são inseridos na calculadora usando a função azul das teclas, que é acionada
g
por meio da tecla . Para inserir o valor do fluxo de caixa 0 (inicial), neste exemplo, o investimento,
CHS
basta digitar o valor aplicado, na sequência pressionar a tecla DATE
, pois se trata de um desembolso, e
g PV
posteriormente as teclas e CFo , uma após a outra. Para inserir os demais fluxos de caixa, basta
g PMT
digitar o valor resultante do fluxo de caixa, pressionar a tecla e posteriormente a tecla CFj
,
g
sempre observando se corresponde a uma entrada ou saída de caixa. Também existe a função
FV
Nj
, que serve para informar o número de vezes que o último fluxo de caixa se repete.

64
A representação gráfica do cálculo do VPL para o exemplo descrito anteriormente será
apresentada a seguir e, na sequência, os passos para a resolução com o uso da calculadora HP-12C.

Diagrama 5 – Visão gráfica do cálculo do VPL do investimento no braço mecânico

Na calculadora HP-12C, a sequência das teclas para a resolução é a seguinte:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 CHS
DATE
g PV ← Insere o investimento (negativo) no fluxo de caixa 0 (inicial).
x,r x CFo

3 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 1 (positivo).


n! CFj

5 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 2 (positivo).


M.DY CFj

7 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 3 (positivo).


BEG CFj

7 g PMT ou 2 g FV ← Informa que são dois fluxos no valor de 7 (Ano 3 e Ano 4).
BEG CFj ŷ,r Nj

1 5 · 2 i ← Insere a taxa de rentabilidade desejada (taxa de desconto).


x,r M.DY S ŷ,r 12÷

f PV 4,9250 ← Aparece o NPV ou, em português, VPL. No caso, positivo.


CFo RPN D.MY C

Observe que, como a rentabilidade exigida pelos investidores é de 15,20% ao ano e o VPL
positivo indica que a rentabilidade foi alcançada, devolveu o capital investido e ainda resultou em
ganho adicional, presumir-se-á que a rentabilidade média do projeto é superior à taxa mínima de
atratividade. Para apurar a taxa de retorno que o projeto oferece, deve-se calcular a Taxa Interna de
Retorno, ou simplesmente TIR.

65
Taxa Interna de Retorno (TIR)
A taxa interna de retorno, segundo Assaf Neto (2016, p. 158), “é a taxa de juros (desconto)
que iguala, em determinado momento do tempo, o valor presente das entradas (recebimentos) com
o das saídas (pagamentos) previstas de caixa”. Em outras palavras, a Taxa Interna de Retorno, ou
simplesmente TIR, é a taxa média de retorno, período após período, que determinado fluxo de
caixa oferece, considerando toda a vida útil do projeto em análise. Comparando os valores possíveis
da Taxa Interna de Retorno (TIR) com a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) do investimento,
os resultados possíveis podem ser: (TIR > TMA), (TIR < TMA) ou (TIR = TMA).
As interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 (TIR > TMA): A TIR sendo maior que a TMA evidencia que os fluxos de caixa em análise
oferecem uma rentabilidade média, período após período, considerando toda a vida útil
do projeto, maior do que a rentabilidade média exigida pelo investimento. Portanto, caso
a TIR resulte maior que a TMA, o projeto deverá ser considerado viável, por gerar uma
rentabilidade adicional, se comparada à taxa mínima exigida para o investimento. Neste
caso, o VPL do Projeto resultará em um valor necessariamente positivo.
 (TIR < TMA): A TIR sendo menor que a TMA evidencia que os fluxos de caixa em
análise não possuem a capacidade de oferecer uma rentabilidade média, período após
período, considerando toda a vida útil do projeto, maior do que a rentabilidade média
exigida pelo investimento. Portanto, caso a TIR resulte menor que a TMA, o projeto
deverá ser considerado inviável, por não gerar a rentabilidade mínima exigida para a
realização do investimento. Neste caso, o VPL do Projeto resultará em um valor
necessariamente negativo.
 (TIR = TMA): A TIR sendo igual à TMA evidencia que os fluxos de caixa em análise
possuem a capacidade de oferecer uma rentabilidade média, período após período,
considerando toda a vida útil do projeto, exatamente igual à rentabilidade média exigida
pelo investimento. Neste caso, o VPL do projeto resultará em um valor necessariamente
nulo (igual a zero). Sob essa ótica, um projeto que resulte em uma TIR igual à TMA
poderia ainda ser considerado viável, embora alguns autores optem por mencionar que tal
projeto se mostre indiferente para o investidor, cabendo a ele decidir se deverá ou não
realizar o investimento.

A exemplificação do método de análise de investimentos baseado no cálculo da Taxa TIR


será realizada a partir do exemplo anteriormente descrito, conforme segue:
Questão chave (TIR): Sabendo que o método de análise de investimentos aplicado é o cálculo
da TIR, deverá o analista da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. considerar viável o projeto de
adquirir um braço mecânico para aumentar a velocidade de produção da sua fábrica de placas de
circuito impresso para computadores? Por quê?

66
Segundo Gitman (2010, p. 371), a TIR “é a taxa de desconto que iguala o VPL de uma
oportunidade de investimento a zero (isso porque o valor presente das entradas de caixa iguala-se
ao investimento inicial)”. Nesse sentido, algebricamente, temos:

𝑛𝑛
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝑡𝑡
� = 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹0
(1 + 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇)𝑡𝑡
𝑡𝑡 = 1

Gitman (2010, p. 372) complementa que calcular a TIR “envolve uma técnica complexa
de tentativa e erro que testa, logicamente, diversas taxas de desconto, até encontrar aquela que faz
com que o valor presente das entradas de caixa do projeto seja idêntico ao investimento inicial”.
Felizmente, a calculadora HP-12C possui a função de cálculo da TIR que permite ao usuário
calcular o seu valor com muita rapidez e simplicidade, bastando, para isso, digitar os valores dos
fluxos de caixa na ordem cronológica, igualmente ao procedimento utilizado para o cálculo do
f FV
VPL, pressionar a tecla e, na sequência, a tecla Nj . Neste caso, a função na cor laranja a
que se está acessando é a “IRR”(sigla em inglês para Internal Rate of Return, que em português
significa Taxa Interna de Retorno).
Note que, para o uso dessa função, não é necessário inserir a rentabilidade exigida pelo
i
investimento na variável 12 , uma vez que será a própria calculadora que calculará a rentabilidade
÷

média que os fluxos de caixa inseridos oferecerão, considerando toda a vida útil do projeto em análise.
g PV PMT
Os fluxos de caixa são digitados na calculadora e inseridos por meio do uso das teclas , CFo , CFj

FV
e Nj
; da mesma forma que utilizado anteriormente para o cálculo do VPL.
Para calcular a TIR do exemplo descrito anteriormente e que está esquematizada no diagrama
4, os passos são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 CHS
DATE
g PV ← Insere o investimento (negativo) no fluxo de caixa 0 (inicial).
x,r x CFo

3 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 1 (positivo).


n! CFj

5 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 2 (positivo).


M.DY CFj

7 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 3 (positivo).


BEG CFj

7 g PMT ou 2 g FV ← Informa que são dois fluxos no valor de 7 (Ano 3 e Ano 4).
BEG CFj ŷ,r Nj

f FV 34,56 ← Aparece a IRR ou, em português, TIR. No caso, 34,56% ao ano.


Nj RPN D.MY C

67
Note que os passos na calculadora para calcular a TIR são muito similares aos passos para
calcular o VPL, apenas com a mudança no final; em vez de digitar a TMA e usar a função “NPV”,
basta acionar diretamente a função “IRR”. Nesse caso, como a TIR apurada de 34,56% ao ano
resultou em um valor maior que a TMA de 15,20% ao ano, o projeto deverá ser considerado viável,
uma vez que oferece uma rentabilidade (TIR) superior à taxa de rentabilidade exigida pelos
investidores (TMA) para o investimento.

Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM)


A taxa interna de retorno modificada (TIRM) é uma inovação da taxa interna de retorno
(TIR) em razão das seguintes situações:
 A TIR pode não distinguir projetos que apresentam VPLs positivos de projetos que
apresentam VPLs negativos. Por exemplo, considerando a TMA = 10% ao período:
 Fluxo de Caixa A (–R$ 100; +R$ 50; +R$ 80): TIR = 17,87% e VPL = +R$ 11,57;
 Fluxo de Caixa B (+R$ 100; –R$ 50; –R$ 80): TIR = 17,87% e VPL = –R$ 11,57.
 A TIR pode apresentar mais de um resultado possível quando os fluxos de caixa possuírem
mais de uma inversão de sinal ao longo do projeto. Por exemplo:
 Fluxo de Caixa C (–R$ 8; +R$ 50; –R$ 50): TIR = 25% e TIR = 400%.
 A TIR presume que o os fluxos de caixa gerados serão retirados do projeto pelo investidor
ou que eles serão reinvestidos no projeto a uma taxa de retorno igual à da própria TIR.
 O investidor pode decidir, ao seu critério, não retirar os fluxos de caixa até o final da vida
útil do projeto e, neste caso, os fluxos serão reinvestidos a uma taxa provavelmente
diferente da TIR original.

Como alternativa para solucionar todas as questões descritas acima, a TIRM considera que
todos os fluxos de caixa serão reinvestidos até o final da vida útil do projeto a uma taxa pré-
estabelecida. Dessa forma, caberá ao analista simular como resultaria o novo fluxo de caixa
considerando os reinvestimentos dos seus próprios fluxos até o último período e calcular novamente
a TIR do fluxo de caixa resultante.
Essa nova TIR encontrada receberá o nome de TIR Modificada, uma vez que se trata de uma
simples TIR, mas que foi calculada a partir de um fluxo de caixa modificado. Comparando os valores
possíveis da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) com os da Taxa Mínima de Atratividade
(TMA) do investimento, os resultados poderão ser: (TIRM > TMA), (TIRM < TMA) ou
(TIRM = TMA). As interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 (TIRM > TMA): A TIR Modificada sendo maior que a TMA evidencia que mesmo os
fluxos de caixa sendo reinvestidos até o final da vida útil do projeto, a rentabilidade média
do investimento, período após período, resultou maior que a rentabilidade média exigida
pelos investidores. Portanto, caso a TIRM seja maior que a TMA, o projeto deverá ser

68
considerado viável por gerar uma rentabilidade adicional em comparação à taxa mínima
exigida para o investimento. É comum que a TIRM resulte em um valor menor do que a
própria TIR, isso evidencia que houve destruição de rentabilidade ao se reinvestirem os
fluxos de caixa no mesmo projeto, contudo, como visto, o projeto ainda poderá manter a
sua viabilidade se a TIRM for maior que a TMA.
 (TIRM < TMA): A TIR Modificada sendo menor que a TMA evidencia que os
reinvestimentos dos fluxos de caixa no mesmo projeto resultaram em destruição excessiva
de rentabilidade e, nesse caso, o projeto será considerado inviável, uma vez que a nova
rentabilidade auferida não é capaz de cobrir a rentabilidade mínima exigida pelos
investidores para a realização do investimento.
 (TIRM = TMA): A TIR Modificada sendo igual à TMA evidencia que, ao serem
reinvestidos os fluxos de caixa de um investimento até o final da sua vida útil, a
rentabilidade média apurada, período após período, resulta exatamente igual à
rentabilidade média exigida pelos investidores. Sob essa ótica, um projeto que possua uma
TIRM igual à TMA poderia ainda ser considerado viável, embora alguns autores optem
por mencionar que tal projeto se torne indiferente para o investidor, cabendo a ele decidir
se deverá ou não realizar o investimento.

A exemplificação do método de análise de investimentos baseado no cálculo da Taxa Interna


de Retorno Modifica será realizada a partir do exemplo anteriormente descrito, conforme segue:
Questão chave (TIRM): os analistas da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. acreditam que, ao
aumentar a velocidade de produção da sua fábrica e com isso aumentar a sua participação no
mercado, será necessária a implementação de novas políticas de prazos médios concedidos aos seus
clientes e maiores níveis de estoques. A mudança nos prazos implicará um aumento da necessidade
de capital de giro e, por essa razão, os fluxos de caixa gerados precisarão ser reinvestidos até o final
da vida útil do projeto a uma taxa de 10% ao ano, quando serão retirados. Nessas condições, o
analista ainda deverá considerar viável o projeto de adquirir um braço mecânico para aumentar a
velocidade de produção da sua fábrica de placas de circuito impresso para computadores? Por quê?
Como descrito anteriormente, trata-se de verificar se a rentabilidade média será
excessivamente destruída com os reinvestimentos dos fluxos de caixa a ponto de inviabilizar o
projeto. Para calcular a TIR Modificada, basta reaplicar cada fluxo de caixa até o final da vida útil
do projeto pela taxa de reinvestimento informada, projetar um novo fluxo de caixa em que existem
somente o investimento inicial e um único fluxo de retorno ao final do último período e calcular
novamente a TIR.

69
A demonstração aplicada ao caso será apresentada a seguir:

Diagrama 6 – Visão gráfica do cálculo da TIRM do investimento no braço mecânico

Note que os fluxos de caixa do Ano 1 ao Ano 3 foram transportados para o Ano 4, mediante a
aplicação de uma taxa de reinvestimento de 10% ao ano. Dessa forma, o fluxo de caixa do Ano 4, que
antes era de R$ 7 milhões, passou a ser de R$ 24,743 milhões, porém, nos anos 1, 2 e 3, os fluxos de
caixa se tornariam nulos. Nesse sentido, basta agora calcular a TIR do novo fluxo de caixa gerado, o
resultado apurado será a Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM). Os passos são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 CHS
DATE
g PV ← Insere o investimento (negativo) no fluxo de caixa 0 (inicial).
x,r x CFo

0 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 1 igual a 0 (zero).


x CFj

3 g FV
← Informa que são três fluxos de caixas iguais a “0” (Ano 1, Ano 2 e Ano 3).
n! Nj

2 4 · 7 4 3 g PMT ← Insere o novo fluxo de caixa do Ano 4.


ŷ,r D.MY S BEG D.MY n! CFj

f FV 25,42 ← Aparece a TIR =25,42%, que no caso, passa a se chamar a TIRM.


Nj RPN D.MY C

70
Como o fluxo de caixa se tornou um fluxo de caixa simples, ou seja, apresenta apenas um
fluxo de caixa de retorno ao final do projeto para o investimento realizado, o cálculo da TIR, no
caso a TIRM, poderá ser encontrado também da seguinte forma:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
1 0 CHS
DATE
PV ← Insere o investimento (negativo) no valor presente.
x,r x CFo

2 4 · 7 4 3 FV ← Insere o fluxo de caixa do Ano 4 como valor futuro.


ŷ,r D.MY S BEG D.MY n! Nj

4 n ← Insere o número de períodos do fluxo de caixa.


D.MY 12×

i 25,42
12÷ RPN D.MY C
← Aparece a TIR =25,42%, que no caso, passa a se chamar a TIRM.

Observe que as duas formas mostradas exigem que o analista já tenha calculado o novo valor
do fluxo de caixa 4 para que possa ser inserido no fluxo de caixa, porém ainda existe mais uma
forma de calcular a TIRM a partir dos fluxos de caixa originais de maneira mais dinâmica, mas isso
exigirá um pouco mais de técnica. Os passos são os seguintes:
1. Trazer ao valor presente todos os fluxos de caixa gerados com o uso da função “f” “NPV”
da calculadora sem inserir o investimento no “g” “Cfo”, utilizando a taxa de
reinvestimento, não a TMA.
2. Posteriormente, transportar o valor encontrado no presente para o valor futuro (último
período da vida útil do projeto).
i
3. Inserir o valor do investimento no valor presente e pressionar a tecla 12÷ .

Para o caso em análise, na calculadora HP-12C, os passos são os seguintes:


f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 1 (positivo).
n! CFj

5 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 2 (positivo).


M.DY CFj

7 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 3 (positivo).


BEG CFj

7 g PMT ou 2 g FV
← Informa que são dois fluxos no valor de 7 (Ano 3 e Ano 4).
BEG CFj ŷ,r Nj

1 0 i ← Insere a taxa de reinvestimento dos fluxos de caixa.


x,r x 12÷

f PV 16,900 ← Valor de todos os fluxos de caixa, já somados, no presente.


CFo RPN D.MY C

4 n ← Insere o número de períodos do fluxo de caixa entre o Valor Presente e o Valor Futuro.
D.MY 12×

-24,743
FV
Nj RPN D.MY C
← Aparece o valor futuro dos fluxos de caixa equivalente no Ano 4 (negativo).
1 0 PV ← Adiciona o investimento no Valor Presente (positivo porque o FV resultou negativo).
x,r x CFo

i 25,42 ← Aparece a TIR =25,42%, que no caso, passa a se chamar a TIRM.


12÷ RPN D.MY C

71
Observe que, com o procedimento mostrado, ao calcular o valor futuro acumulado dos fluxos
de caixa, este resultou um valor negativo (– R$ 24,743), neste caso, basta colocar no valor presente
o investimento com sinal positivo para que haja a inversão do sinal e permita a HP-12C calcular a
taxa de retorno adequadamente.
Como a TIRM resultou em 25,42% ao ano, a interpretação do resultado aplicada ao caso
deve ser de que mesmo o projeto perdendo a capacidade de gerar fluxos de caixa intermediários, em
razão da necessidade de reinvestimentos, a aquisição do braço mecânico ainda se mostra viável, uma
vez que a Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM = 25,42% a.a.) resultou maior que a Taxa
Mínima de Atratividade do projeto (TMA = 15,20% a.a.).
Note que a rentabilidade média do projeto, sem a necessidade de reinvestimento dos fluxos,
tinha resultado em uma TIR = 34,56% a.a., e que a TIRM calculada resultou em uma rentabilidade
média bem menor (TIRM = 25,42% a.a.). A interpretação é que com os reinvestimentos dos fluxos
houve destruição de riqueza, contudo, ainda assim, o projeto se mantém viável, por manter uma
rentabilidade média, considerando toda a vida útil do projeto, superior à taxa mínima de
rentabilidade exigida pelos investidores.

Payback simples (PS)


O payback simples ou simplesmente payback é o termo utilizado em análise de investimento
para especificar o tempo em que os fluxos de caixas gerados por um projeto são capazes de devolver
integralmente o capital investido. Em outras palavras, o payback period, que em português significa
período de retorno, é o tempo entre o momento do investimento e o momento em que os fluxos
de caixa acumulados se igualam ao valor investido.
O cálculo do payback simples consiste basicamente em ir subtraindo os fluxos de caixa gerados
por um projeto, período a período, do investimento inicialmente realizado a fim de verificar o
momento em que fluxos de caixa acumulados terão a capacidade de devolver todo o capital
investido no projeto.
O método de análise de investimentos baseado no período de payback é recomendado para a
verificação de projetos de investimentos que tenham uma vida útil pré-estabelecida ou que se sujeitem
a fortes consequências decorrentes da inovação, seja tecnológica, seja de processo ou até mesmo de
padrões de consumo. Em outras palavras, o investidor deverá perguntar-se por quanto tempo acredita-
se que poderá sustentar a atividade que está sob análise e, posteriormente, verificar se os fluxos de caixa
gerados e acumulados até esse momento conseguirão devolver o integralmente o capital investido.

72
Por essa razão, o período de payback auxilia também na avaliação do risco de investimento
em projetos que podem sofrer fortes impactos decorrentes da inovação. Comparando o período de
payback simples apurado para determinado projeto de investimento com o prazo máximo de
retorno exigido pelos investidores, os resultados possíveis podem resultar em:
Payback Simples > Prazo Máximo de Retorno); (Payback Simples < Prazo Máximo de Retorno);
ou (Payback Simples = Prazo Máximo de Retorno).
As interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 (Payback Simples > Prazo Máximo de Retorno): o payback simples, sendo maior que o prazo
máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto não possui capacidade
de devolver todo o capital investido dentro do tempo máximo exigido pelos investidores e,
por essa razão, deverá o projeto ser descartado. Caso o mesmo projeto resulte uma
(TIR > TMA) e um (VPL > 0), a interpretação pode ser complementada verificando que,
mesmo que o investimento se apresente lucrativo, considerando toda a vida útil do projeto,
existe significativo risco de se tornar inviável pela sua lucratividade ou rentabilidade
dependerem dos fluxos de caixa posteriores ao prazo máximo de retorno exigidos pelos
investidores e que, naturalmente, possuem menor confiabilidade de se concretizarem.
 (Payback Simples < Prazo Máximo de Retorno): o payback simples, sendo menor que o
prazo máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto possui
capacidade de devolver todo o capital investido dentro do tempo máximo exigido pelos
investidores e, por essa razão, o projeto deverá ser considerado viável. Caso o mesmo
projeto resulte uma (TIR < TMA) e um (VPL < 0), a interpretação pode ser modificada,
verificando que mesmo que o investimento possua a capacidade de devolver todo o capital
investido antes do prazo máximo exigido pelos investidores, a rentabilidade exigida para
o projeto não foi alcançada e, por essa razão, o projeto deverá ser descartado.
 (Payback Simples = Prazo Máximo de Retorno): o payback simples, sendo igual ao prazo
máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto devolverá todo o
capital investido exatamente no tempo máximo exigido por eles e, por essa razão, poderá
ser aceito. Caso o mesmo projeto resulte uma (TIR < TMA) e um (VPL < 0), a
interpretação pode ser modificada, verificando que, mesmo que o investimento possua a
capacidade de devolver todo o capital investido no prazo máximo exigido pelos
investidores, a rentabilidade exigida para o projeto não foi alcançada e, por essa razão, o
projeto deverá ser descartado.

A exemplificação do método de análise de investimentos baseado no cálculo do


payback simples será realizada a partir do exemplo anteriormente descrito e que consta resumido no
diagrama 4, conforme segue:

73
Questão chave (PS): os analistas da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. acreditam que o
mercado de placas de circuito impresso para computadores não deve sofrer fortes impactos
decorrentes de inovação nos próximos três anos, mas que após seja possível que aconteça. Logo,
pretende-se aproveitar o momento para aumentar a participação de mercado, desde que os
investimentos realizados para isso não possuam um período de payback simples superior a 36 meses.
Sabendo que o método de análise de investimentos aplicado é o cálculo do período de Payback
Simples (PS), o analista da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. deverá considerar viável o projeto de
adquirir um braço mecânico para aumentar a velocidade de produção da sua fábrica de placas de
circuito impresso para computadores? Por quê?
Como descrito anteriormente, para o cálculo do período de payback simples, basta acumular os
fluxos de caixa de um determinado projeto de investimento e verificar o momento em que o capital
investido é integralmente devolvido. A demonstração aplicada ao caso será apresentada a seguir:

Tabela 10 – Fluxos de caixa projetado para o investimento no braço mecânico (PS)

Períodos Investimentos Geração de Geração de Geração de Geração de


Caixa Caixa Caixa Caixa
Descrição (Ano 0)
(Ano 1) (Ano 2) (Ano 3) (Ano 4)

- R$ 10 + R$ 3 + R$ 5 + R$ 7 + R$ 7
Fluxos de caixa
milhões milhões milhões milhões milhões

- R$ 10 - R$ 7 - R$ 2 + R$ 5 + R$ 12
Fcx. Acumulados
milhões milhões milhões milhões milhões

Payback Simples (PS < 3 anos)

Note que, no (Ano 3), o fluxo de caixa acumulado torna-se positivo, indicando que
acumulando os recebimentos dos fluxos de caixa até o ano 3, o capital investido já foi integralmente
devolvido, logo, o período de payback simples é menor que três anos, ou 36 meses, que no caso, é
o prazo máximo de retorno do capital exigido pelos investidores. Por essa razão, sob a ótica do
payback simples, o projeto deverá ser considerado viável.
O cálculo do período de payback simples pode tornar-se um pouco mais refinado, caso o
analista verifique que os fluxos de caixa acumulados até o prazo máximo de retorno exigido pelos
investidores resultaram em um valor positivo e muito alto. Poderá então calcular a fração necessária
do último fluxo de caixa para terminar de devolver integralmente o capital investido e verificar o
momento mais provável que isso ocorre.

74
Para isso, basta proceder da seguinte forma:
1. Verifica-se o valor do fluxo de caixa acumulado até o ano exatamente anterior ao ano
em que o período de payback simples acontece e divide-se pelo fluxo de caixa gerado
exatamente no ano em que o período de payback simples ocorre. O resultado
encontrado será a fração do fluxo de caixa do ano em que o payback simples acontece
necessária para terminar de retornar integralmente o investimento realizado. Essa fração
corresponderá também a uma previsão da fração de tempo necessária do ano. O
resultado dessa equação aplicada ao caso em análise é a seguinte: 0,28 ano, uma vez que
(R$ 2 milhões ÷ R$ 7 milhões) = 0,28. Até aqui, o resultado do período de payback
simples passa a ser: 2,28 anos, pois (2 anos + 0,28 ano) = 2,28.
2. Caso o analista deseje calcular o período de payback simples expresso em meses, bastará
multiplicar o valor encontrado em anos por 12. No caso em questão, o resultado será de
27,36 meses, pois (2,28 anos × 12 meses) = 27,36 meses. Como a viabilidade com base
no período de payback simples somente se verifica se o retorno total ocorrer, buscado o
analista arredondar o valor encontrado, deverá fazê-lo para mais, ou seja, como no caso
em questão o resultado apurado foi de 27,36 meses, ao arredondar para cima, o valor
considerado deverá ser de 28 meses, e não 27.

Embora o cálculo do período de payback simples se apresente de fácil aplicação e


compreensão, o payback simples possui uma limitação importante, que é a de não considerar o valor
do dinheiro no tempo. Para corrigir essa falha, surgiu o payback descontado, que nada mais é que
o cálculo do payback já apresentado, porém considerando os fluxos de caixa projetados pelo seu
equivalente no presente. A seguir, a apresentação do método de análise de investimentos baseado
no período de payback descontado.

Payback descontado (PD)


O método de análise de investimentos baseado no período de payback descontado é uma
inovação do método de análise de investimento baseado no período de payback simples. O seu
cálculo obedece ao mesmo princípio: verificar o momento em que os fluxos de caixa acumulados
serão capazes de devolver integralmente os investimentos realizados, contudo, no caso do payback
descontado, os fluxos de caixa deverão ser computados pelo seu valor equivalente no presente,
devidamente descontados pela taxa mínima de atratividade do investimento.

75
Por essa razão, o período de payback descontado evidencia quanto tempo é necessário para que um
determinado projeto devolva o capital investido devidamente remunerado pela rentabilidade mínima exigida
pelos investidores. Comparando o período de payback descontado apurado para determinado projeto de
investimento com o prazo máximo de retorno exigido pelos investidores, os resultados possíveis são:
(Payback Descontado > Prazo Máximo de Retorno); (Payback Descontado < Prazo Máximo de Retorno); ou
(Payback Descontado = Prazo Máximo de Retorno).
As interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 (Payback Descontado > Prazo Máximo de Retorno): o payback descontado, sendo maior que
o prazo máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto não possui
capacidade de remunerar devidamente o capital investido pela taxa mínima de atratividade
do projeto e ainda devolvê-lo para o investidor dentro do tempo máximo exigido por eles,
portanto, deverá o projeto ser descartado. Caso o mesmo projeto resulte uma (TIR > TMA)
e um (VPL > 0), a interpretação pode ser complementada, verificando que, mesmo que o
investimento se apresente lucrativo considerando toda a vida útil do projeto, existe
significativo risco de se tornar inviável em razão de a sua lucratividade ou rentabilidade
depender dos fluxos de caixa posteriores ao prazo máximo de retorno exigido pelos
investidores e que, naturalmente, possuem menor confiabilidade de se concretizarem.
 (Payback Descontado < Prazo Máximo de Retorno): o payback descontado, sendo menor
que o prazo máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto possui
capacidade de remunerar devidamente o capital investido pela taxa mínima de atratividade
do projeto e ainda devolvê-lo para o investidor dentro do tempo máximo exigido por eles,
portanto, o projeto deverá ser considerado viável. Neste caso, necessariamente a
(TIR > TMA) e o (VPL > 0), logo, reforçando ainda mais o entendimento de que um
projeto de investimentos nessas condições deverá ser considerado viável.
 (Payback Descontado = Prazo Máximo de Retorno): o payback descontado, sendo igual ao
prazo máximo de retorno exigido pelos investidores, evidencia que o projeto possui
capacidade de remunerar adequadamente o capital investido pela taxa mínima de
atratividade exigida para o investimento e ainda devolvê-lo integralmente para os
investidores exatamente no prazo máximo exigido por eles e, por essa razão, poderá ser
considerado viável. Neste caso, necessariamente a (TIR > TMA) e o (VPL > 0), logo,
reforçando ainda mais o entendimento de que um projeto de investimentos nessas
condições deverá ser considerado viável.

A exemplificação do método de análise de investimentos baseado no cálculo do


payback descontado será realizada a partir do exemplo anteriormente descrito e que consta resumido
no diagrama 4, conforme segue:

76
Questão chave (PD): os analistas da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. acreditam que o
mercado de placas de circuito impresso para computadores não deve sofrer fortes impactos
decorrentes de inovação nos próximos três anos, mas que após seja possível que aconteça. Logo,
pretende-se aproveitar o momento para aumentar a participação de mercado, desde que os
investimentos necessários para isso não possuam um período de payback descontado superior a 36
meses. Sabendo que o método de análise de investimentos aplicado é o cálculo do Período de
Payback Descontado (PD), o analista da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. deverá considerar viável
o projeto de adquirir um braço mecânico para aumentar a velocidade de produção da sua fábrica
de placas de circuito impresso para computadores? Por quê?
Como descrito anteriormente, para o cálculo do período de payback descontado, basta calcular
o valor presente de cada um dos fluxos de caixa projetados para o investimento, acumulá-los e verificar
o momento em que o capital investido é integralmente devolvido. Como o valor presente (descontado
a TMA de 15,20% ao ano) de cada um dos fluxos de caixa do projeto em análise já foi calculado no
momento da demonstração do cálculo do VPL, agora, estes serão consolidados em uma tabela para a
demonstração do cálculo do payback descontado, conforme segue:

Tabela 11 – Fluxos de caixa projetado para o investimento no braço mecânico (PD)

Períodos Investimentos Geração de Geração de Geração de Geração de


Caixa Caixa Caixa Caixa
Descrição (Ano 0)
(Ano 1) (Ano 2) (Ano 3) (Ano 4)

- R$ 10 + R$ 3 + R$ 5 + R$ 7 + R$ 7
Fluxos de caixa
milhões milhões milhões milhões milhões

- R$ 10 + R$ 2,604 + R$ 3,768 + R$ 4,579 + R$ 3,974


Fcx. Descontados
milhões milhões milhões milhões milhões

Fcx. Desc. - R$ 10 - R$ 7,396 - R$ 3,628 + R$ 0,951 + R$ 4,925


Acumulados milhões milhões milhões milhão milhões

Payback
(PD < 3 anos)
Descontado

Note que, no (Ano 3), o fluxo de caixa descontado acumulado torna-se positivo, indicando
que acumulando os recebimentos dos fluxos de caixa descontados até o ano 3, além de remunerar
adequadamente os investimentos, o capital investido já foi integralmente devolvido, logo, o período
de payback descontado é menor que três anos, ou 36 meses, que, no caso, é o prazo máximo de
retorno do capital exigido pelos investidores. Por essa razão, o projeto deverá ser considerado viável
sob a ótica do payback descontado.

77
O cálculo do período de payback descontado, da mesma forma que payback simples, pode
tornar-se um pouco mais refinado, caso o analista verifique que os fluxos de caixa acumulados até
o prazo máximo de retorno exigido pelos investidores resultaram em um valor positivo e muito alto.
Poderá então calcular a fração necessária do último fluxo de caixa para terminar de devolver
integralmente o capital investido e verificar o momento mais provável que isso ocorre.
Para isso¸ basta proceder da seguinte forma:
1. Verifica-se o valor do fluxo de caixa acumulado até o ano exatamente anterior ao ano em
que o período de payback descontado acontece e divide-se pelo fluxo de caixa gerado
exatamente no ano em que o período de payback descontado ocorre. O resultado
encontrado será a fração do fluxo de caixa do ano em que o payback descontado acontece
necessária para terminar de retornar integralmente o investimento realizado. Essa fração
corresponderá também a uma previsão da fração de tempo necessária do ano. O resultado
dessa equação aplicada ao caso em análise é a seguinte: 0,79 ano, uma vez que
(R$ 3,628 milhões ÷ R$ 4,579 milhões) = 0,79. Até aqui o resultado do período de
payback descontado passa a ser: 2,79 anos, pois (2 anos + 0,79 ano) = 2,79.
2. Caso o analista deseje calcular o período de payback descontado expresso em meses,
bastará multiplicar o valor encontrado em anos por 12. No caso em questão, o resultado
será de 33,48 meses, pois (2,79 anos × 12 meses) = 33,48 meses. Como a viabilidade com
base no período de payback descontado somente se verifica se o retorno total ocorrer,
buscado o analista arredondar o valor encontrado, deverá fazê-lo para mais, ou seja, como
no caso em questão o resultado apurado foi de 33,48 meses, ao arredondar para cima, o
valor considerado deverá ser de 34 meses, e não 33.

Enquanto o payback simples representa o tempo que determinado projeto de investimento


leva para devolver todo o capital investido, o payback descontado representa o tempo que
determinado projeto de investimento leva para devolver o capital investido e ainda rentabilizar
adequadamente o todo o investimento.

Índice de lucratividade (IL)


Segundo Assaf Neto (2016, p. 391), “o índice de lucratividade (IL), ou índice de valor
presente, é uma variante do método do NPV: é determinado por meio da divisão do valor presente
dos benefícios líquidos de caixa pelo valor presente dos dispêndios (desembolso de capital)”. O
índice de lucratividade é calculado da seguinte forma:

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 𝑎𝑎𝑎𝑎ó𝑠𝑠 𝑜𝑜 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
𝐼𝐼𝐼𝐼 =
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼

78
O Índice de Lucratividade indica quanto de retorno o projeto em análise é capaz de gerar
para cada unidade de capital investido. Os resultados possíveis são: (IL >1); (IL < 1) e (IL = 1). As
interpretações possíveis para cada resultado são as seguintes:
 (IL > 1): o índice de lucratividade, sendo maior que 1 (um), evidencia que o projeto é
capaz de retornar todo capital investido, remunerar adequadamente o investimento e
ainda gerar um excedente de retorno. Por essa razão, o projeto deverá ser considerado
viável. No caso do IL > 1, necessariamente o VPL > 0 e a TIR > TMA.

 (IL < 1): o índice de lucratividade, sendo menor que 1 (um), evidencia que o projeto não
é capaz de retornar todo capital investido e ainda remunerar adequadamente o
investimento. Por essa razão, o projeto deverá ser considerado inviável. No caso do IL < 1,
necessariamente o VPL < 0 e a TIR < TMA.
 (IL = 1): o índice de lucratividade, sendo igual que 1 (um), evidencia que o projeto é capaz
de retornar exatamente todo capital investido e ainda remunerar adequadamente o
investimento realizado. Nesse sentido, o projeto poderá ainda ser considerado viável, uma
vez que devolve o capital devidamente majorado pela rentabilidade exigida, não gerando
riqueza adicional, mas também não deixando a desejar. No caso do IL = 1,
necessariamente o VPL = 0 e a TIR = TMA.

A exemplificação do método de análise de investimentos baseado no cálculo do índice de


lucratividade será realizada a partir do mesmo exemplo utilizado anteriormente para evidenciar
todos os outros métodos e que está descrito no diagrama 4, conforme segue.
Questão chave (IL): sabendo que o método de análise de investimentos aplicado é o cálculo
do Índice de Lucratividade (IL), o analista da Empresa Fictícia Tecnologia S.A. deverá considerar
viável o projeto de adquirir um braço mecânico para aumentar a velocidade de produção da sua
fábrica de placas de circuito impresso para computadores? Por quê?
Para a verificação da viabilidade aplicando o método de cálculo do Índice de Lucratividade,
basta calcular o valor presente de cada um dos fluxos de caixa futuros projetados após o investimento
inicial e dividir pelo investimento inicial. Algebricamente, os cálculos são:

𝐼𝐼𝐼𝐼 = (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 1 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 2 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 3 + 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐹𝐹𝐹𝐹 4 ) ÷ 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼

𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹1 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹2 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹3 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹4


𝐼𝐼𝐼𝐼 = � 1
+ 2
+ 3
+ � ÷ 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
(1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖) (1 + 𝑖𝑖)4

3 5 7 7
𝐼𝐼𝐼𝐼 = � + + + � ÷ 10
(1 + 0,1520)1 (1 + 0,1520)2 (1 + 0,1520)3 (1 + 0,1520)4

79
3 5 7 7
𝐼𝐼𝐼𝐼 = � + + + � ÷ 10
1,1520 1,3271 1,5288 1,7612
𝐼𝐼𝐼𝐼 = (2,604 + 3,768 + 4,579 + 3,974) ÷ 10

𝐼𝐼𝐼𝐼 = 14,925 ÷ 10 ∴ 𝐼𝐼𝐼𝐼 = + 1,4925 (𝐼𝐼𝐼𝐼 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 1)

Como o resultado do IL foi maior do que 1, significa dizer que o projeto em análise possui
capacidade de devolver todo o capital aplicado, rentabilizar adequadamente o investimento e ainda
gerar lucro excedente para cada unidade de capital investido. Portanto, a aquisição do braço
mecânico para aumentar a velocidade de produção da fábrica deverá ser considerada viável.
O cálculo do IL pode ser otimizado mediante o uso da função “NPV” da calculadora HP-
12C. Os passos são os seguintes:

f CLX
X=0 ← É sempre recomendável limpar as memórias antes de iniciar um novo cálculo.
3 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 1 (positivo).
n! CFj

5 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 2 (positivo).


M.DY CFj

7 g PMT ← Insere o fluxo de caixa do Ano 3 (positivo).


BEG CFj

7
BEG
g PMT ou
CFj
2
ŷ,r
g FV
Nj
← Informa que são dois fluxos no valor de 7 (Ano 3 e Ano
1 5 · 2 i ← Insere a taxa de rentabilidade desejada (taxa de desconto).
x,r M.DY S ŷ,r 12÷

f PV 14,9250 ← Aparece o Valor Presente dos Fluxos de Caixa.


CFo RPN D.MY C

1 0 ÷ 1,4925 ← Divide o Valor Presente pelo Investimento (IL = 1,4925).


x,r x ↶ RPN D.MY C

Observe que, no procedimento descrito, não foi inserido o valor do investimento na variável
“Cfo” e, por consequência, ao acionar a função “NPV”, o valor resultante representará apenas o
valor equivalente no presente dos fluxos de caixa gerados após o investimento, e não o VPL do
projeto, bastando na sequência dividir o valor encontrado pelo investimento realizado. Após
verificado o valor presente dos fluxos de caixa futuros, enquanto o VPL resulta da subtração do
investimento o IL é resultado da divisão por ele.

80
MÓDULO V – QUANTITATIVE FINANCE

Neste módulo, serão apresentados os conceitos de modelagem matemática para permitir ao


investidor calcular, bem como compreender, a correlação linear existente entre duas variáveis,
permitindo, ainda, estabelecer projeções a partir de séries históricas. Adicionalmente, serão
apresentados os conceitos básicos para estimar o retorno esperado para um ativo e os seus riscos
financeiros para fins decisórios.

Modelagem matemática
O objetivo da modelagem matemática é organizar os dados históricos de um ambiente a fim
de criar sistemas que sejam capazes de prever o seu comportamento. Em outras palavras, modelagem
matemática é a arte de descrever matematicamente um acontecimento ou as correlações existentes
entre eventos. A modelagem matemática é uma das portas do universo financeiro que leva o analista
a se aventurar pelo mundo da econometria e, com isso, estimar probabilidades e medidas estatísticas.
Nesse sentido, serão apresentados a seguir alguns conceitos de estatística e as suas aplicações práticas
no mercado financeiro, dando origem ao estudo das finanças quantitativas ou quantitative finance.
Correlação linear
Segundo Assaf Neto (2016, p. 259), “o conceito de correlação visa explicar o grau de
relacionamento verificado no comportamento de duas ou mais variáveis. Quando se trata
unicamente de duas variáveis, tem-se a correlação simples”. Já quando o estudo visar relacionar mais
de duas variáveis a correlação recebe o nome de correlação múltipla. O estudo aqui abordará apenas
a correlação simples, ou seja, o comportamento entre duas variáveis apenas.
Segundo Gitman (2010, p. 215), “se duas séries se movem na mesma direção, elas são
positivamente correlacionadas. Quando se movem em direções opostas, são negativamente
correlacionadas”.
Gitman (2010, p. 215) esclarece ainda que o grau de correlação existente entre duas ou mais
variáveis é dado pelo coeficiente de correlação, “que varia entre +1 para séries perfeitas e positivamente
correlacionadas e –1 para séries perfeitas e negativamente correlacionadas”. As correlações são perfeitas
quando se movem exatamente na mesma intensidade, quando na mesma direção são positivas e
quando em direções opostas são negativas. Importante mencionar que mesmo o coeficiente de
correlação variando entre –1 e +1, a correlação é medida pelo valor absoluto, ou seja, menor será
quanto mais próximo a 0 (zero), sendo que 0 (zero) significa a inexistência de correlação.
Considerando a variável “n” como sendo o número de observações e, “X” e “Y”, os valores
de cada observação, segundo Assaf Neto (2016, p. 262), a expressão de correlação linear pode ser
apresentada da seguinte forma:

∑ 𝑋𝑋 × ∑ 𝑌𝑌
∑(𝑋𝑋 × 𝑌𝑌) −
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) = 𝑛𝑛
(∑ 𝑋𝑋)2 (∑ 𝑌𝑌)2
��∑(𝑋𝑋 2 ) − � × �∑(𝑌𝑌 2 ) − �
𝑛𝑛 𝑛𝑛

Compreender o que é correlação linear e como interpretar os resultados encontrados é


altamente importante para que se possa entender o comportamento entre duas variáveis de mercado
e com isso possibilitar a construção de cenários no mundo corporativo. A exemplificação será
apresentada a partir do seguinte caso:

82
Questão chave (ρ): os analistas da Fábrica de Fraldas Fofinhas S.A. estão analisando as
possíveis estratégias para aumentar a sua participação no mercado de comércio de fraldas e
consequentemente aumentar o faturamento. Para isso, embora seja esperado que haja correlação
existente entre os prazos concedidos aos clientes e o volume de vendas, os analistas decidiram testar
se realmente a correlação existe e a sua intensidade. O objetivo é entender se ao aumentar o prazo
médio concedido aos clientes será esperado um aumento nas vendas. Os dados históricos foram
organizados e apresentados conforme a tabela abaixo:

Tabela 12 – Dados históricos de prazo médio concedido aos clientes e faturamento

Período Prazo Médio (X) Faturamento (Y)

1 30 68.000

2 18 48.000

3 30 64.000

4 45 82.000

5 30 68.000

6 56 102.000

7 45 92.000

8 40 87.000

9 48 89.000

10 30 70.000

11 38 83.000

12 52 99.000

83
Para fins didáticos, a tabela de dados apresentada será complementada com variáveis
estatísticas utilizadas para calcular o coeficiente de correlação linear. A tabela preparada com as
variáveis estatísticas é a seguinte:

Tabela 13 – Dados históricos de prazo médio e faturamento com variáveis estatísticas

Prazo Médio Faturamento


Período (n) (X × Y) X² Y²
(X) (Y)

1 30 68.000 2.040.000 900 4.624.000.000

2 18 48.000 864.000 324 2.304.000.000

3 30 64.000 1.920.000 900 4.096.000.000

4 45 82.000 3.690.000 2.025 6.724.000.000

5 30 68.000 2.040.000 900 4.624.000.000

6 56 102.000 5.712.000 3.136 10.404.000.000

7 45 92.000 4.140.000 2.025 8.464.000.000

8 40 87.000 3.480.000 1.600 7.569.000.000

9 48 89.000 4.272.000 2.304 7.921.000.000

10 30 70.000 2.100.000 900 4.900.000.000

11 38 83.000 3.154.000 1.444 6.889.000.000

12 52 99.000 5.148.000 2.704 9.801.000.000

Soma 462 952.000 38.560.000 19.162 78.320.000.000

Média 38,5 79.333,33 3.213.333,33 1.596,83 6.526.666.667,67

84
A seguir, o cálculo do coeficiente de correlação linear e posterior interpretação.

∑ 𝑋𝑋 × ∑ 𝑌𝑌
∑(𝑋𝑋 × 𝑌𝑌) −
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) = 𝑛𝑛
(∑ 𝑋𝑋)2 (∑ 𝑌𝑌)2
��∑(𝑋𝑋 2 ) − � × �∑(𝑌𝑌 2 ) − �
𝑛𝑛 𝑛𝑛

462 × 952.000
38.560.000 −
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) = 12
4622 952.0002
��19.162 − � × �78.320.000.000 − �
12 12
439.824.000
38.560.000 −
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) = 12
��19.162 − 213.444� × �78.320.000.000 − 906.304.000.000�
12 12

38.560.000 − 36.652.000
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) =
�(19.162 − 17.787) × (78.320.000.000 − 75.525.333.333,33)

1.908.000
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) =
�1.375 × 2.794.666.666,67

1.908.000
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) =
√3.842.666.666.666,67

1.908.000
𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) =
1.960.272,09

𝜌𝜌(𝑥𝑥,𝑦𝑦) = 0,973334

85
Várias são as formas de calcular o coeficiente de correlação linear, contudo, com o uso de planilhas
eletrônicas o cálculo se torna muito prático. Por exemplo, a função do Microsoft Excel que calcula a
correlação é “=CORREL(matriz1;matriz2)”. A exemplificação consta na figura 3 abaixo:

Figura 3 – Exemplificação do uso da função “=CORREL()” no Microsoft Excel

Uma vez calculado o coeficiente de correlação linear, passamos agora para a sua interpretação
para o caso.
Note que o coeficiente de correlação linear resultou em 0,973334 ou 0,97, evidenciando que
existe uma forte correlação entre o prazo médio concedido aos clientes e o faturamento da empresa,
por essa razão, é possível afirmar que ao aumentar o prazo médio concedido aos clientes será
esperado um aumento nas vendas. Contudo, para expressar matematicamente o relacionamento
entre as variáveis é necessário efetuar um procedimento chamado de regressão linear, que será
apresentado a seguir.

Introdução a projeções a partir de séries históricas


O desejo de encontrar projeções cada vez mais acertadas é muito comum no ambiente
econômico e corporativo, por essa razão, são constantes os estudos com o uso da estatística,
econometria e modelagem matemática, que visam identificar a correlação existente entre as variáveis
de mercado e como se relacionam. Nesse sentido, ao ser verificada a correlação entre variáveis é
muito importante conseguir expressar matematicamente o seu relacionamento.

86
Segundo Assaf Neto (2016, p. 263), “esse é o objetivo da análise de regressão, a qual, por
meio de sua expressão matemática, permite que se efetuem além da identificação da relação das
variáveis, importantes projeções futuras”. Complementa ainda que a expressão da reta ajustada, para
uma correlação linear, em que os valores de X explicarão os valores de Y, é a seguinte:

𝑌𝑌 = 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏𝑏𝑏

Onde:
Y = variável que se deseja projetar, chamada também de variável dependente;
a = ponto onde a reta corta o eixo Y;
b = medida angular que define a intensidade da inclinação da reta de regressão;
X = variável utilizada para explicar o modelo, também chamada de variável independente.

Portanto, a regressão linear calculada para um conjunto de dados estabelece a reta


representativa da relação existente entre as variáveis. Em tese, em um cenário perfeito, com
correlação perfeita e igual a 1, os pontos representativos dos valores de X e Y estariam juntamente
sobre a reta. Segundo Bussab e Morettin (2006, p. 440), os valores das variáveis “b” e “a” podem
ser encontrados respectivamente por meio das seguintes expressões:

∑(𝑋𝑋 × 𝑌𝑌) − 𝑛𝑛(𝑋𝑋� × 𝑌𝑌�)


𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 𝑌𝑌� − 𝑏𝑏 × 𝑋𝑋�
∑ 𝑋𝑋 2 − 𝑛𝑛(𝑋𝑋� 2 )

Para melhor evidenciar a aplicação prática da regressão linear no ambiente corporativo,


utilizaremos os dados do exemplo anteriormente descrito no tópico em que foi tratada a correlação
linear. Serão calculadas as variáveis “b” e “a”, na sequência, apresentada a equação representativa da
reta de regressão linear para prever os valores de “Y” em função dos valores apresentados de “X” e,
posteriormente, demonstrados os gráficos de evolução e de dispersão dos valores históricos. O
cálculo das variáveis “b” e “a” são os seguintes:

∑(𝑋𝑋 × 𝑌𝑌) − 𝑛𝑛(𝑋𝑋� × 𝑌𝑌�)


𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 𝑌𝑌� − 𝑏𝑏 × 𝑋𝑋�
∑ 𝑋𝑋 2 − 𝑛𝑛(𝑋𝑋� 2 )

38.560.000 − 12(38,5 × 79.333,33)


𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 𝑏𝑏 × 38,5
19.162 − 12(38,52 )

38.560.000 − 12(3.054.333,33)
𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 𝑏𝑏 × 38,5
19.162 − 12(1482,75)

87
38.560.000 − 36.652.000
𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 𝑏𝑏 × 38,5
19.162 − 17.787

1.908.000
𝑏𝑏 = 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 𝑏𝑏 × 38,5
1.375

𝑏𝑏 = 1.387,64 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 1.387,64 × 38,5

𝑏𝑏 = 1.387,64 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 79.333,33 − 53.424

𝑏𝑏 = 1.387,64 𝑒𝑒 𝑎𝑎 = 25.909,33

Portanto, a equação da reta para prever os valores de Y em função dos valores apresentados
de X resultou ser:

𝑌𝑌 = 25.909,33 + 1.387,64 (𝑋𝑋)

Agora, com todas as variáveis (“correlação”, “b”; “a”, “equação da reta”) devidamente
calculadas, podemos apresentar os gráficos para finalizar a análise. São os gráficos:

Figura 4 – Evolução do prazo médio concedido aos clientes e faturamento

88
Figura 5 – Gráfico de dispersão (prazo médio concedido aos clientes e faturamento)

Note que, na figura 4, visualmente já é possível perceber a existência de uma correlação entre
os valores de prazos médios concedidos aos clientes e o faturamento da empresa, contudo, tal
informação somente pode ser confirmada e estimada mediante o cálculo do coeficiente de
correlação linear que resultou em 0,973334, ou seja, uma forte correlação.
Já na figura 5, é possível perceber a existência de uma linha de tendência muito aderente aos
dados históricos. A equação da reta de regressão linear resultou ser Y = 25.909,33 + 1.387,64 (X).
Ou seja, como a variável “X” representa os prazos médios concedidos aos clientes e a variável “Y” o
valor dos faturamentos, os analistas podem afirmar que será esperado um aumento médio de
R$ 1.387,64 no faturamento para cada dia a mais concedido no prazo médio aos clientes. Em tese,
a equação demonstra ainda que partindo da posição atual, caso a empresa deseje apenas realizar
vendas à vista (prazo médio com clientes igual a 0 (zero)), o faturamento esperado seria algo em
torno de R$ 25.909,33.
Uma variável importante foi adicionada na figura 5 para complementar a análise da reta de
regressão linear calculada, é a variável “R²”, também chamada de coeficiente de determinação da reta
de regressão. Para encontrar o seu valor, basta elevar ao quadrado o valor do coeficiente de correlação
linear, veja: ρ(x,y) = 0,973334, logo ρ(x,y) ²= 0,973334² = 0,9474 e se, R² = ρ(x,y) ², R² = 0,9474.
O valor de R² como é dependente da correlação, porém elevando o seu valor ao quadrado, em
quanto o coeficiente de correlação pode variar e –1 até +1, o coeficiente de determinação pode variar
de 0 até 1. Segundo Assaf Neto (2016, p. 285), o Coeficiente de Determinação (R²) “é uma medida
estatística que define a porcentagem de Y (variável dependente) que pode ser explicada pela equação
de regressão linear”. Por essa razão, ao verificar o valor do “R²”, poderá o analista avaliar se os valores
encontrados para “Y”, a partir dos valores de “X”, produzirão boas estimativas ou não.

89
No caso em questão, com o Coeficiente de Determinação “R²” resultou em 0,9474, é possível
afirmar que a reta de regressão linear possui boa aderência aos dados históricos e que a estratégia de
prazos médios concedidos aos clientes (X) explicam em 94,74% os faturamentos gerados (Y). Em outras
palavras, a empresa mantendo as demais condições, por exemplo, política de preços, qualidade dos
produtos e atendimento, os níveis de faturamento dependem em 94,74% dos prazos médios concedidos
aos clientes. Logo, os analistas da Fábrica de Fraldas Fofinhas S.A. podem concluir que, caso desejem
aumentar o faturamento da empresa mantendo as demais condições, será necessário aumentar o prazo
médio concedido aos clientes, sendo que para cada dia a mais concedido no prazo, será esperado um
aumento de aproximadamente R$ 1.387,64. Tudo isso porque, conforme evidenciado pela regressão
linear, 94,74% do faturamento são explicados pelo prazo médio concedido aos clientes e 5,26% de
outras variáveis de mercado, já que (100% – 94,74%) resulta em 5,26%.

Valor esperado (E), desvio padrão (σ) e risco financeiro


O Valor Esperado (E) ou Esperança Matemática, segundo Assaf Neto (2016, p. 220), é
“a primeira medida importante para o estudo do risco a ser mensurada. Essa medida representa uma
média dos vários resultados esperados ponderada pela probabilidade atribuída a cada um desses valores”.
Já para Gitman (2010, p. 210) o valor esperado de um retorno “é o retorno mais provável de um ativo”.
É calculado da seguinte forma:

𝑛𝑛

(𝐸𝐸) = �(𝑟𝑟𝑗𝑗 × 𝑃𝑃𝑗𝑗 )


𝑗𝑗=1

Onde,
(E) é o valor esperado;
Pj é a probabilidade de ocorrência de cada resultado “rj”;
rj é o resultado de cada ocorrência;
n. é total de resultados considerados para se calcular a média ponderada.

Em suma, ao se calcular o valor esperado para um evento, o analista busca simplesmente encontrar
qual seria o valor mais provável para uma determinada variável considerando as diversas probabilidades
de ocorrências para cada resultado.
O cálculo do valor esperado é muito utilizado pelos analistas de mercado para a estimação do
retorno médio de um ativo, e a partir daí tomar decisões de investimentos. Contudo, outra informação
importante que deve acompanhar a análise é referente ao risco financeiro, uma vez que o cálculo do
valor esperado não leva em consideração o grau de dispersão dos resultados possíveis em relação ao
retorno médio esperado.

90
Nesse sentido, Assaf Neto esclarece que:

O conceito de risco vincula-se estreitamente com o de probabilidade.


Existe risco sempre que a probabilidade de um evento ocorrer for menor
que 100%. Assim, para um contexto determinístico em que a
probabilidade de um evento for de 100% (certeza total), não há risco.
Em termos estatísticos, o risco pode refletir a dispersão dos resultados em
relação ao valor médio esperado. Por exemplo, ao se lançar uma moeda, a
probabilidade que caia a face da cara ou coroa voltada para cima é de ½,
ou seja, há uma probabilidade de 50% de aparecer cara, e também uma
chance de 50% de aparecer coroa (NETO, 2016, p. 218).

Em complemento, Gitman (2010, p. 210) diz que “o indicador estatístico mais comum de
risco de um ativo é o desvio padrão, σ, que mede a dispersão em torno do valor esperado”. Embora
o risco financeiro seja a probabilidade de um resultado diferente do esperado, alguns autores
ilustram que o risco somente existiria se o resultado ficasse abaixo do valor esperado.
Em linhas gerais, a distribuição normal de probabilidades é uma ótima referência para os
analistas estimarem e perceberem o risco financeiro de um ativo. Segundo Gitman (2010, p. 212), de
forma simplificada, pode ser feita a seguinte interpretação: “68% dos resultados possíveis estarão no
máximo 1 (um) desvio padrão, 95% dos resultados estarão a no máximo dois desvios padrão do valor
esperado e 99% dos resultados estarão a no máximo três desvios padrão do valor esperado”.
A figura 6, abaixo, ilustra a análise a ser realizada considerando a distribuição normal de
probabilidades.

Figura 6 – Variabilidade do retorno esperado e a probabilidade normal de ocorrência

91
Observe que a figura 6 apresenta um histórico de retorno de cada ocorrência e que o valor
esperado calculado resultou ser igual a 100 com um desvio padrão de aproximadamente 2.
Considerando a distribuição normal de probabilidades, é possível afirmar que existe uma
probabilidade de aproximadamente 68% dos retornos estarem entre 98 e 102, uma vez que essa
probabilidade considera o valor médio esperado mais ou menos uma vez o desvio padrão. Da mesma
forma que se o analista desejar obter uma chance de acerto de 95,45% no valor de retorno, deverá
considerar que os retornos poderão apresentar valores entre 96 e 104, ou seja, igual ao valor médio
esperado e mais ou menos duas vezes o desvio padrão. Caso deseje ter uma probabilidade de acerto
de 99,99% nas projeções, deverá considerar que os retornos possíveis estarão entre 92 e 108, uma vez
que o valor médio esperado mais ou menos quatro vezes o desvio padrão resulta nos referidos valores.

Introdução ao value at risk (VaR)


O Value at Risk (VaR), ou Valor em Risco em português, é a perda máxima, expressa em
reais, de um determinado ativo, em um determinado período de tempo, associado a um intervalo
de confiança. São várias as metodologias para o cálculo do VaR e se dividem basicamente em
modelos paramétricos e não paramétricos. A maior perda estimada pode ser calculada, tanto pelo
conhecimento prévio de uma distribuição normal de probabilidades, quanto a partir de um
histórico dos movimentos do próprio ativo em análise. Neste último caso, a presunção é de que as
variações futuras do ativo se distribuirão da mesma forma que o comportamento registrado
historicamente. Portanto, o Valor em Risco, necessariamente fará referência a uma estimativa de
perda máxima, um lapso temporal e um intervalo de confiança.
Para fins didáticos, a exemplificação considerará um histórico de apenas 40 dias úteis a fim
de melhor evidenciar os efeitos e tornar assertiva a demonstração dos cálculos. O exemplo é o
seguinte: os títulos públicos do Tesouro Nacional têm oferecido taxas altamente atrativas para quem
desejar investir, contudo, um investidor identificou que os preços unitários dos títulos têm oscilado
bastante, tanto para mais quanto para menos. Embora os títulos públicos do Tesouro Nacional
sejam considerados investimentos de baixíssimo risco, um analista de investimento foi procurado
para informar qual poderia ser a perda máxima para um dia caso o investidor decidisse adquirir
uma Letra do Tesouro Nacional.
Questão chave (VaR): Qual é o valor máximo de perda para um dia de um investimento de
R$ 100.000,00 em Letras do Tesouro Nacional com vencimento para 01/01/2025, considerando
o histórico dos últimos 40 dias úteis e um intervalo de confiança de 95%? Para responder à
pergunta, o analista de investimento calculou o (VaR) e emitiu o seu parecer conforme segue:

92
Tabela 14 – Dados históricos da LTN-01/01/2025 e cálculo do (VaR)

Preço Unitário Variação Variações


Dia Data Base Taxa Índice Densidade Descrição Valor
LTN 01/01/2025 Diária Ordenadas
-40 12/12/2018 9,75% R$ 570,33 0,0368% 1 -0,6200% 100,0% Valor Atual do Ativo: R$ 610,14
-39 13/12/2018 9,64% R$ 574,00 0,6435% 2 -0,5085% 97,5% Número de Ocorrências: 40
-38 14/12/2018 9,54% R$ 577,38 0,5889% 3 -0,4341% 95,0% Retorno Esperado (1 dia): 0,1704%
-37 17/12/2018 9,43% R$ 581,09 0,6426% 4 -0,3491% 92,5% Desvio Padrão: 0,3724%
-36 18/12/2018 9,37% R$ 583,22 0,3666% 5 -0,3446% 90,0% VaR (95,0%) -0,4341%
-35 19/12/2018 9,42% R$ 581,83 -0,2383% 6 -0,2394% 87,5% VaR (97,5%) -0,5085%
-34 20/12/2018 9,30% R$ 585,89 0,6978% 7 -0,2383% 85,0% VaR (95,0%) em R$ -R$ 2,6488
-33 21/12/2018 9,23% R$ 588,56 0,4557% 8 -0,1297% 82,5% VaR (97,5%) em R$ -R$ 3,1027
-32 24/12/2018 9,18% R$ 590,18 0,2752% 9 -0,1294% 80,0%
-31 26/12/2018 9,17% R$ 590,71 0,0898% 10 -0,1285% 77,5%
-30 27/12/2018 9,16% R$ 591,24 0,0897% 11 -0,0764% 75,0%
-29 28/12/2018 9,09% R$ 593,93 0,4550% 12 -0,0747% 72,5%
-28 02/01/2019 9,05% R$ 595,44 0,2542% 13 -0,0743% 70,0%
-27 03/01/2019 8,96% R$ 598,60 0,5307% 14 -0,0217% 67,5%
-26 04/01/2019 9,03% R$ 596,51 -0,3491% 15 -0,0213% 65,0%
-25 07/01/2019 8,93% R$ 599,99 0,5834% 16 0,0325% 62,5%
-24 08/01/2019 8,94% R$ 599,86 -0,0217% 17 0,0331% 60,0%
-23 09/01/2019 8,87% R$ 602,37 0,4184% 18 0,0368% 57,5%
-22 10/01/2019 8,89% R$ 601,92 -0,0747% 19 0,0897% 55,0%
-21 11/01/2019 8,91% R$ 601,46 -0,0764% 20 0,0898% 52,5%
-20 14/01/2019 8,96% R$ 600,02 -0,2394% 21 0,1967% 50,0%
-19 15/01/2019 8,87% R$ 603,19 0,5283% 22 0,2509% 47,5%
-18 16/01/2019 8,99% R$ 599,45 -0,6200% 23 0,2542% 45,0%
-17 17/01/2019 9,02% R$ 598,68 -0,1285% 24 0,2752% 42,5%
-16 18/01/2019 8,94% R$ 601,50 0,4710% 25 0,3666% 40,0%
-15 21/01/2019 8,97% R$ 600,72 -0,1297% 26 0,4184% 37,5%
-14 22/01/2019 8,89% R$ 603,55 0,4711% 27 0,4550% 35,0%
-13 23/01/2019 8,89% R$ 603,75 0,0331% 28 0,4557% 32,5%
-12 24/01/2019 8,77% R$ 608,11 0,7222% 29 0,4710% 30,0%
-11 25/01/2019 8,85% R$ 605,47 -0,4341% 30 0,4711% 27,5%
-10 28/01/2019 8,87% R$ 605,02 -0,0743% 31 0,5283% 25,0%
-9 29/01/2019 8,84% R$ 606,21 0,1967% 32 0,5307% 22,5%
-8 30/01/2019 8,72% R$ 610,38 0,6879% 33 0,5834% 20,0%
-7 31/01/2019 8,75% R$ 609,59 -0,1294% 34 0,5889% 17,5%
-6 01/02/2019 8,63% R$ 613,77 0,6857% 35 0,6426% 15,0%
-5 04/02/2019 8,59% R$ 615,31 0,2509% 36 0,6435% 12,5%
-4 05/02/2019 8,59% R$ 615,51 0,0325% 37 0,6857% 10,0%
-3 06/02/2019 8,69% R$ 612,38 -0,5085% 38 0,6879% 7,5%
-2 07/02/2019 8,76% R$ 610,27 -0,3446% 39 0,6978% 5,0%
-1 08/02/2019 8,77% R$ 610,14 -0,0213% 40 0,7222% 2,5%

Fonte: Consolidação realizada pelo autor. Preços unitários. Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br.

93
Para calcular o Valor em Risco, ou simplesmente o (VaR), os passos foram os seguintes:
1. Ordenar os valores históricos dos preços unitários a LTN-01/01/2025 e calcular a
variação diária em percentual.
2. Ordenar as variações diárias em percentuais em ordem crescente para verificar as perdas
máximas ocorridas em relação a quantidade de ocorrências analisadas.
3. Calcular o VaR = (Perda máxima registrada no intervalo de confiança desejado).
4. Realizar a análise.

Depois de consolidar os dados históricos e organizar os dados para o cálculo do Valor em


Risco, o analista verificou que, para um intervalo de confiança de 95%, considerando um histórico
de 40 dias úteis, a LTN-01/01/2025 apresentou uma perda máxima de (0,4341%) se analisados
95% das ocorrências. Em complemento, verificou que a perda máxima registrada para 97,5% das
ocorrências foi de (0,5085%) e a maior perda já registrada no período de 40 dias foi de (0,6200%).
Portanto, considerando um investimento de R$ 100 mil, a maior perda para um dia,
considerando um intervalo de confiança de 95%, em um histórico de 40 dias úteis, está estimada em -
0,4341%, ou seja, perda máxima de até R$ 434,10, pois R$ 100.000 × 0,4341% = R$ 434,10. Logo,
o VaR (95%) é igual a R$ 434,10 ou -0,4341%.

Índice de Sharpe
Segundo Ross e Westerfield (2015, p. 345), o Índice de Sharpe “é o prêmio médio pelo risco
do capital próprio ao longo de um período de tempo dividido pelo desvio padrão”. Acrescenta ainda
que, por essa razão, alguns analistas chamam o índice de Sharpe de índice de Recompensa pelo Risco,
pois em linhas gerais, basicamente significa quanto de retorno determinado ativo oferece para cada
unidade de risco financeiro. Portanto, o índice de Sharpe pode ser expresso pela seguinte fórmula:

𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑀𝑀é𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 (𝐸𝐸)


𝐼𝐼𝐼𝐼 =
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃ã𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 (𝜎𝜎)

Outra análise sobre o risco financeiro de um ativo também pode ser observada usando as
mesmas variáveis que compõem o cálculo do Índice de Sharpe, é o caso do Coeficiente de Variação.

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Coeficiente de variação (CV)
Segundo Gitman (2010, p. 212) o coeficiente de variação (CV), “consiste em uma medida de
dispersão relativa que é útil na comparação dos riscos de ativos com diferentes retornos esperados”.
Consiste na divisão do desvio padrão dos retornos de um ativo pelo valor de retorno esperado. Por
essa razão, a interpretação do indicador é de que quanto maior for o Coeficiente de Variação dos seus
retornos históricos, maior será o seu nível de risco financeiro e por consequência deveriam ser
esperados maiores retornos. A expressão do cálculo do Coeficiente de Variação é a seguinte:

𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃ã𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 (𝜎𝜎)


𝐶𝐶𝐶𝐶 =
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑀𝑀é𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 (𝐸𝐸)

Para melhor evidenciar a aplicação prática, tanto do Coeficiente de Variação, quanto do


Índice de Sharpe, apresentamos o seguinte exemplo:
Questão chave (IS e CV): embora sejam considerados títulos de renda fixa, os títulos públicos
podem tornar-se títulos de renda variável se o investidor resgatar o valor investido antecipadamente.
Nesse caso, acompanhar as variações nos preços dos títulos se tornou uma preocupação para os
analistas de investimentos. Dessa forma, surgiu a seguinte indagação: qual das duas Letras do
Tesouro Nacional (LTN-01/01/2023 ou LTN-01-01/2025) apresenta maiores oscilações nos seus
preços e por consequência maiores riscos? Qual das duas LTNs apresenta maiores prêmios para
cada unidade de risco financeiro? Os dados analisados são os seguintes:

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Tabela 15 – Dados históricos da LTN-01/01/2025 e LTN-01/01/2023

LTN - 01/01/2025 LTN - 01/01/2023 LTN - 01/01/2025


Data Base Taxa Preço Unitário Variação Taxa Preço Unitário Variação Descrição Valor
02/01/2019 9,05% R$ 595,44 0,2542% 8,49% R$ 722,54 0,1067% Retorno Esperado (E): 0,1191%
03/01/2019 8,96% R$ 598,60 0,5307% 8,36% R$ 726,23 0,5107% Desvio Padrão (σ): 0,3770%
04/01/2019 9,03% R$ 596,51 -0,3491% 8,44% R$ 724,33 -0,2616% Coef. de Variação (CV): 3,17
07/01/2019 8,93% R$ 599,99 0,5834% 8,40% R$ 725,63 0,1795% Índice de Sharpe (IS): 0,32
08/01/2019 8,94% R$ 599,86 -0,0217% 8,42% R$ 725,33 -0,0413%
09/01/2019 8,87% R$ 602,37 0,4184% 8,38% R$ 726,62 0,1779% LTN - 01/01/2023
10/01/2019 8,89% R$ 601,92 -0,0747% 8,40% R$ 726,32 -0,0413% Descrição Valor
11/01/2019 8,91% R$ 601,46 -0,0764% 8,43% R$ 725,76 -0,0771% Retorno Esperado (E): 0,0868%
14/01/2019 8,96% R$ 600,02 -0,2394% 8,47% R$ 724,94 -0,1130% Desvio Padrão (σ): 0,2369%
15/01/2019 8,87% R$ 603,19 0,5283% 8,38% R$ 727,55 0,3600% Coef. de Variação (CV): 2,73
16/01/2019 8,99% R$ 599,45 -0,6200% 8,49% R$ 724,88 -0,3670% Índice de Sharpe (IS): 0,37
17/01/2019 9,02% R$ 598,68 -0,1285% 8,51% R$ 724,58 -0,0414%
18/01/2019 8,94% R$ 601,50 0,4710% 8,44% R$ 726,66 0,2871%
21/01/2019 8,97% R$ 600,72 -0,1297% 8,49% R$ 725,58 -0,1486%
22/01/2019 8,89% R$ 603,55 0,4711% 8,41% R$ 727,92 0,3225%
23/01/2019 8,89% R$ 603,75 0,0331% 8,38% R$ 728,95 0,1415%
24/01/2019 8,77% R$ 608,11 0,7222% 8,28% R$ 732,06 0,4266%
25/01/2019 8,85% R$ 605,47 -0,4341% 8,34% R$ 730,47 -0,2172%
28/01/2019 8,87% R$ 605,02 -0,0743% 8,34% R$ 730,70 0,0315%
29/01/2019 8,84% R$ 606,21 0,1967% 8,30% R$ 731,99 0,1765%
30/01/2019 8,72% R$ 610,38 0,6879% 8,18% R$ 735,40 0,4659%
31/01/2019 8,75% R$ 609,59 -0,1294% 8,18% R$ 735,63 0,0313%

Fonte: Consolidação realizada pelo autor. Preços unitários. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br>.

Observe que o retorno diário esperado para a LTN-01/01/2025 resultou em 0,1191% com
um desvio padrão de 0,3770%. Já o retorno diário esperado para a LTN-01/01/2023 resultou em
0,0868% com um desvio padrão de 0,2369%. Dessa forma, o retorno médio diário esperado para
a LTN-01/01/2025 resultou maior do que para a LTN-01/01/2023, contudo, ainda falta verificar
o nível de risco financeiro.
Em análise ao Coeficiente de Variação dos retornos dos dois títulos, verificou-se que a LTN-
01/01/2025 apresentou uma variação de 3,17 vezes, enquanto a LTN-01/01/2023 variou apenas
2,73 vezes. Logo, a análise é de que a LTN-01/01/2025 apresenta maior nível de risco, embora o
seu retorno também seja maior.
Essa constatação abre o espaço para uma importante indagação: essa rentabilidade adicional
da LTN-01/01/2025 sobre a LTN-01/01/2023 se justifica, dado os seus respectivos níveis de
riscos? Para responder tal questionamento será analisado agora o Índice de Sharpe calculado para
os investimentos.

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Note que o Índice de Sharpe calculado para a LTN-01/01/2025 resultou em 0,32, ou seja,
os históricos apresentaram 0,32 de retorno para cada unidade de risco (desvio padrão). Já o mesmo
índice calculado para a LTN-01/01/2023 resultou em 0,37, ou seja, os históricos apresentaram
0,37 de retorno para cada unidade de risco. Logo, verifica-se que o prêmio pelo risco da LTN-
01/01/2023 é maior do que o prêmio pelo risco da LTN-01/01/2025 e, por essa razão, os analistas
de investimentos poderiam sugerir que se optasse pelo investimento na LTN-01/01/2023. Embora
a LTN-01/01/2025 tenha apresentado um retorno diário esperado maior (0,1191% > 0,0868%) a
decisão de optar pelo investimento na LTN-01/01/2023 se justifica em razão de este título
apresentar um prêmio maior para cada unidade de risco se comparado ao prêmio pelo risco
oferecido pela LTN-01/01/2025.

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BIBLIOGRAFIA
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Central do Brasil. Calculadora do cidadão, 11 de dezembro de 2018. Disponível em:
https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibi
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https://www.tesourodireto.com.br/mercado-de-titulos-publicos/rentabilidade-acumulada.htm.
Acesso em: maio 2023.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
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KUHNEN, O. L.; BAUER, U. R. Matemática financeira aplicada e análise de investimentos. São


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MORETTIN, P. A.; BUSSAB, W. D. O. Estatística básica. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

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VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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PROFESSOR-AUTOR
Carlos Eduardo Prado Feuser
Formação acadêmica
 Mestre em Agronegócio e Desenvolvimento Regional pela
Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT).
 Especialista em Gestão Empresarial pela FGV.
 Especialista em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria
pela FGV.
 Bacharel em Direito pela Universidade de Cuiabá (Unic).

Experiências profissionais
 Docente dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas.
 Diretor executivo da SFX Participações e Negócios, empresa de assessoria especializada
em gestão empresarial, controladoria e finanças.
 Consultor e palestrante nas áreas de gestão empresarial, gestão do capital de giro, e finanças
corporativas e comportamentais.
 Idealizador e sócio da solução em gestão financeira nambi.com.
 Atuou como membro de conselhos consultivos de administração de grupos econômicos.
 Atuou como CEO, diretor administrativo e financeiro e de TI de um grupo que é
referência nacional no segmento de comércio de combustíveis e derivados de petróleo.
 Ocupou o cargo de controller de grupos econômicos e sociedades anônimas.
 Desenvolveu trabalhos relacionados à análise de negócios, a sistemas de gerenciamento e
processos, com know how em gerenciamento de planilhas eletrônicas para aplicação
em business intelligence (BI).

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