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OFICIAL DE
ESTUDO PARA
O EXAME CFP®
NO BRASIL
Planejamento
Sucessório
Volume VI
Material oficial de
estudo para o exame
CFP® no Brasil:
planejamento sucessório
Volume VI
Volume VI
Autores
PLANEJAR - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros
PRACTA - Treinamento e Educação Financeira
Sirius - Comunicação
Planejamento sucessório é o
Volume VI da coleção Material oficial
de estudo para o exame CFP® no Brasil,
composta por um total de seis volumes,
de autoria da PLANEJAR - Associação
Brasileira de Planejadores Financeiros e da
PRACTA - Treinamento e Educação Financeira.
Sirius Comunicação
Rua Bela Cintra, 200, cj 42
CEP 01415-000
São Paulo - SP
Brasil
Tel 011-3217.2727
Introdução
A CERTIFICAÇÃO CFP®
A Certificação CFP® (Certified Financial Planner) é uma certificação internacional de distinção
que qualifica o profissional para o exercício da atividade de planejador financeiro pessoal. No
Brasil, a entidade certificadora é a Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros,
afiliada ao FPSB Financial Planning Standards Board, entidade responsável pelo gerenciamento,
desenvolvimento e promoção da marca CFP® no mundo.
A Certificação CFP® no Brasil segue os padrões mundiais definidos pelo FPSB que visam
garantir ao público, acesso aos serviços de um profissional competente, ético e que possui
comprovada experiência prática na prestação de serviços de planejamento financeiro pessoal.
O MATERIAL DE ESTUDO
O Material de Estudos para o exame da Certificação CFP® é uma coleção de seis volumes
estruturado de acordo com o Programa Detalhado e desenvolvido conforme as Orientações de
Estudo, em parceria celebrada entre a Planejar e a Practa Treinamento e Educação Financeira.
• Volume I - Planejamento Financeiro
• Volume II - Gestão de Ativos e Investimentos
• Volume III - Planejamento da Aposentadoria
• Volume IV - Gestão de Riscos e Seguros
Nosso objetivo, com essa iniciativa, é permitir, a todos os candidatos, acesso a um conteúdo
padronizado e qualificado, além de economicamente viável. A PLANEJAR espera que os
profissionais se beneficiem desse recurso didático, colaborando para a conquista da aspirada
Certificação CFP®.
Estamos certos de que os profissionais que já atuam ou pretendem atuar como planejadores
financeiros encontrarão nesta obra conteúdo para apoiá-los na profissão.
PLANEJAR PRACTA
Bruno Rodrigues Correa, CFP® Eliane Habib Tiburski, CFP®
Bruno Ferreira Souza, CFP® Evely Borges da Silveira
Eliane Tanabe, CFP® Gabriel Hernan Facal Villarreal
Fabiano Calil, CFP® Rosario G. V. Pujado, CFP®
Luciana Pantaroto, CFP®
Martin Casals Iglesias, CFP®
Marcia Belluzo Dessen, CFP®
Renato Roizenblit, CFP®
Ricardo Aguida Geraldes, CFP®
Sinara Polycarpo, CFP®
INFORMAMOS QUE AS QUESTÕES APRESENTADAS NESSE MATERIAL NÃO FAZEM PARTE DO EXAME DE CERTIFICAÇÃO
APLICADO PELA PLANEJAR, DEVENDO SERVIR APENAS COMO ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DOS CANDIDATOS.
EM HIPÓTESE ALGUMA A SUA UTILIZAÇÃO É GARANTIA DE APROVAÇÃO NO EXAME, UMA VEZ QUE APENAS SERVE
COMO COMPLEMENTO AO ESTUDO, SENDO FACULTADO AO CANDIDATO ANALISAR A VIABILIDADE DE SEU USO,
COMO TAL INFORMADO. AS QUESTÕES APRESENTADAS NESTE MATERIAL FORAM DESENVOLVIDAS PELOS AUTORES
(PRACTA) ESPECIFICAMENTE PARA FINALIDADE DE APOIO. PORTANTO, NÃO É GARANTIDA A APROVAÇÃO OU QUE
AS QUESTÕES SERÃO APRESENTADAS DA MESMA FORMA NO EXAME. A PLANEJAR RESERVA-SE O DIREITO DE
APRESENTAR QUESTÕES NO EXAME DE CERTIFICAÇÃO CFP® DE FORMA DISTINTA
ÍNDICE
2. REQUISITOS LEGAIS....................................................................................................................................................13
2.1 Regimes de casamento.................................................................................................................................................13
2.1.1 Separação total de bens........................................................................................................................................... 14
2.1.1.1 Separação obrigatória de bens.................................................................................................................... 14
2.1.2 Comunhão parcial de bens..................................................................................................................................... 15
2.1.3 Comunhão universal de bens............................................................................................................................... 16
2.1.4 Participação final de aquestos.............................................................................................................................. 16
2.1.5 Pacto antenupcial.........................................................................................................................................................17
2.2 Mudança no regime de casamento....................................................................................................................17
2.3 Reflexos patrimoniais no término da sociedade conjugal.............................................................. 17
2.4 União estável.........................................................................................................................................................................18
2.4.1 União estável de fato ou formalizada.............................................................................................................. 19
2.4.2 Regimes de bens na união estável..................................................................................................................... 20
2.4.3 Mudança de regime de bens na união estável........................................................................................... 20
2.4.4 Reflexos patrimoniais no término da união estável................................................................................. 20
5.3.2 Trust....................................................................................................................................................................................... 59
5.3.3 Fundações..........................................................................................................................................................................60
6. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS.......................................................................................................................................61
6.1 ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação........................................................... 62
6.1.1 Competência................................................................................................................................................................... 62
6.1.2 Fato gerador.....................................................................................................................................................................62
6.1.3 Base de cálculo...............................................................................................................................................................63
6.1.4 Alíquota..............................................................................................................................................................................63
6.1.5 Contribuinte.....................................................................................................................................................................63
6.1.6 Momento de pagar..................................................................................................................................................... 63
6.1.7 Isenções...............................................................................................................................................................................63
6.2 ITBI - Imposto sobre Transmissão inter vivos de Bens Imóveis................................................... 63
6.2.1 Competência................................................................................................................................................................... 63
6.2.2 Fato gerador.....................................................................................................................................................................63
6.2.3 Base de cálculo...............................................................................................................................................................63
6.2.4 Alíquota..............................................................................................................................................................................63
6.2.5 Contribuinte.....................................................................................................................................................................63
6.2.6 Momento de pagar..................................................................................................................................................... 64
6.2.7 Isenções...............................................................................................................................................................................64
6.3 IR - Imposto de Renda....................................................................................................................................................64
6.3.1 Competência................................................................................................................................................................... 64
6.3.2 Fato gerador.....................................................................................................................................................................64
6.3.3 Base de cálculo...............................................................................................................................................................64
6.3.4 Alíquota..............................................................................................................................................................................64
6.3.5 Contribuinte.....................................................................................................................................................................65
6.3.6 Momento de pagar..................................................................................................................................................... 65
6.3.7 Isenções...............................................................................................................................................................................65
RESUMO..........................................................................................................................................................................................70
GLOSSÁRIO..................................................................................................................................................................................82
1. PRINCÍPIOS DO
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
Para refletir
Marcio, profissional liberal, 61 anos, faleceu hoje, vítima de acidente de trânsito. Deixa esposa
e 2 filhos. O filho mais novo, Caio, de 23 anos, é portador de doença degenerativa grave. O
mais velho, Samuel, de 28 anos, acabou de concluir seu MBA no exterior e ainda não gera
renda suficiente para se sustentar. A esposa, Marisa, dedica 100% do seu tempo a cuidar do
filho doente.
Marcio construiu um patrimônio relevante em imóveis (residência, casa de praia e sítio,
avaliados em R$ 10 milhões) e investimentos financeiros (fundos de investimento e títulos
públicos, no total de R$ 8 milhões). Saudável e ativo, sempre imaginou que iria viver mais de
100 anos. Talvez por isso nunca tenha planejado sua sucessão.
O caso acima não é incomum. Márcio se preocupou a vida inteira em construir um patrimônio,
entretanto não planejou a eventualidade da sua falta. Além da dor da perda, a família terá desafios
importantes nos primeiros meses, desafios estes que um adequado planejamento teria amenizado.
1.2.1. Liquidez
A liquidez é a necessidade mais imediata da família. No caso citado no início, o provedor não
deixou nenhuma reserva de liquidez, todo o patrimônio entra em inventário. Um produto de pre-
vidência poderia ter dado a liquidez de que a família precisa no primeiro momento.
1.2.2. Ativos
É preciso levar em consideração o que são ativos de uso (por exemplo, a residência da família)
e os ativos de não uso (por exemplo, investimentos ou imóveis alugados). O planejador financeiro
deverá avaliar o valor de mercado dos ativos e o impacto tributário na sucessão, eventualmente
propondo alternativas que facilitem o processo sucessório.
1.2.3. Passivos
Na elaboração do plano sucessório devem ser avaliados os passivos existentes e as despesas
correntes, propondo eventuais ajustes visando à preservação do patrimônio no momento da
sucessão.
1.3.3. Filantropia
Apesar de não ser tão comum quanto nos mercados desenvolvidos, a doação de caráter filan-
trópico precisa ser considerada na elaboração do plano sucessório, respeitando as regras jurídicas
vigentes na legislação brasileira, e atendendo a vontade expressa de seu cliente.
2. REQUISITOS LEGAIS
Comunhão de bens
A propriedade comum (comunhão) é sempre na mesma proporção entre os cônjuges, ou seja,
meio a meio. Em situações de formação de comunhão não importa de qual dos cônjuges
veio o aporte financeiro para a aquisição do bem. Mesmo que um dos cônjuges realize 100%
do pagamento e registre o bem em seu nome, juridicamente este bem será de propriedade
conjunta em igualdade de proporções.
Nesse cenário surgem os regimes de bens para disciplinar de que maneira os cônjuges poderão
ou não gerar propriedade comum (comunhão).
O Código Civil Brasileiro prevê 4 regimes de bens, quais sejam:
Separação de bens
A separação obrigatória de bens constará do ato de casamento e será fixada independentemente
da vontade dos cônjuges.
Outros casos de separação obrigatória podem ser temporários em virtude de sua causa ser
igualmente temporária. Desaparecendo a causa, podem os cônjuges requerer o cancelamento da
separação obrigatória e optar livremente por algum regime de bens.
Cônjuge A Cônjuge B
Patrimônio A Patrimônio B
Como o regime da Comunhão Parcial de Bens somente incide sobre os bens adquiridos na
constância do casamento, os bens adquiridos antes do casamento continuarão pertencendo exclu-
sivamente ao cônjuge que os tenha adquirido.
SUB-ROGAÇÃO: a lei também permite que sejam mantidos como propriedade exclusiva os
valores relativos à venda dos bens particulares e, ainda, os novos bens que venham a ser adqui-
ridos com tais valores. Porém para isto é necessário, por medida de cautela, manter um controle
isolado destes valores e bens para que seja possível a conferência de seu lastro original, ou seja,
os bens particulares. Caso não seja possível confirmar o lastro, os bens se presumirão comuns.
Uma das cautelas comuns na aquisição de bens, especialmente imóveis, é fazer constar na escritura
pública de aquisição de que a compra é feita com valores particulares ou com o produto da venda
de bens particulares.
É importante indicar que o Código Civil prevê a comunicabilidade dos frutos percebidos dos
bens particulares durante o casamento. Em outras palavras, serão de propriedade conjunta os
frutos dos bens particulares que surjam na constância do casamento. Por frutos entendem-se os
rendimentos do bem.
Exemplo
Daniel, casado com Cláudia, possui um imóvel adquirido antes do casamento. O bem será
particular dele, não ensejando propriedade comum (comunhão). Porém, em caso de locação
deste bem imóvel, o aluguel do bem (fruto) será de propriedade conjunta.
A opção pelo regime da comunhão parcial de bens não requer a lavratura de pacto an-
tenupcial, sendo o regime padrão de casamento. Em outras palavras, caso os cônjuges não
optem por outro regime de bens, a comunhão parcial de bens será automaticamente aplicada
ao casamento.
Cônjuge A Cônjuge A
Cônjuge A Cônjuge A
Bens particulares Bens particulares
50% 50%
Doações Doações
(meação) (meação)
Herança Herança
Exceção
excetuam-se da propriedade conjunta unicamente os bens recebidos por doação ou por
legado (via testamento) com imposição de cláusula de incomunicabilidade. A cláusula de
incomunicabilidade é uma imposição do doador ou do testador determinando que os bens
transmitidos não possam formar propriedade conjunta (comunhão) com o cônjuge do
destinatário dos bens. Esta é a única exceção possível à propriedade conjunta no regime da
Comunhão Universal de Bens.
A opção pelo regime da comunhão universal de bens deve obrigatoriamente ser formalizada
por pacto antenupcial.
Cônjuge A Cônjuge A
50% (meação) 50% (meação)
entanto, na forma pela qual ocorre a dissolução do matrimônio pois, por ocasião da dissolução,
todos os bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento serão divididos por igual
entre os cônjuges, como aconteceria no regime da comunhão parcial de bens.
Em outras palavras, podemos definir a participação final dos aquestos como ‘um casamento regi-
do pela regra da separação total de bens, porém dissolvido pela regra da comunhão parcial de bens’.
Em que pese se tratar de um regime pouco usual, sua característica própria pode ser de espe-
cial utilidade para casais que na constância do casamento necessitem ter maior independência e
autonomia com relação a seu patrimônio, porém não pretendam ficar desamparados em caso de
dissolução do matrimônio.
A opção pelo regime da participação final nos aquestos deve obrigatoriamente ser formalizada
por pacto antenupcial. A opção por este regime de bens é extremamente rara.
Para refletir
O trâmite judicial para alteração de regime de bens deve incluir a apresentação de certidões
relativas a eventuais dívidas existentes em nome dos cônjuges, justamente para fins de
preservar os credores com relação à responsabilidade patrimonial do casal.
Para lembrar
É importante ter clareza com relação aos conceitos envolvidos. Comunhão é a totalidade dos
bens comuns, ou seja, aqueles bens que por força do regime de bens se tornam propriedade
conjunta. A meação, por sua vez, é o direito que cada cônjuge tem à metade dos bens que
compõem a comunhão. Logo, a meação corresponde a 50% da comunhão.
Meação e herança
É de suma importância não confundir meação com herança. A meação é um direito matrimonial.
A herança é um direito sucessório. Assim sendo, mesmo no caso de morte de um dos cônjuges,
os bens outorgados ao sobrevivente a título de meação não possuem natureza sucessória,
tratando-se unicamente da distribuição de bens do casal em virtude do encerramento do
casamento pela morte de um dos cônjuges.
Para refletir
A convivência pública é um dos elementos cuja constatação ocorre com maior facilidade,
pois os casais costumam, dentro da normalidade do relacionamento, apresentar-se
à sociedade como um casal. Isto ocorre desde a simples frequência a eventos sociais e
familiares, chegando a casos de maior relevância, como por exemplo o apadrinhamento
conjunto de outros casais. Obviamente a convivência pública não enseja, sozinha, a união
estável.
Contínua: o Código Civil instituiu a necessidade de que a convivência pública dos compa-
nheiros ocorra de forma contínua. Assim sendo, relacionamentos esporádicos ou que sofram
constantes interrupções não poderão ser considerados união estável.
Duradoura: para a caracterização da união estável é necessário que a convivência pública, além
de contínua, seja duradoura. Porém, o Código Civil não estipula nenhum prazo específico para
que a convivência seja considerada duradoura, prestigiando-se mais a dinâmica da relação do que
o lapso temporal em si.
Importante
O Código Civil de 2002 optou por não fixar um prazo específico e manter o foco principal
na dinâmica do casal, ou seja, se eles de fato se comportam como uma unidade familiar.
O Código Civil anterior previa a obrigatoriedade de um relacionamento de 24 meses
para a caracterização da união estável, independentemente da forma pela qual o casal se
relacionasse.
Com intuito de constituir família: este é o principal fundamento da união estável, pois
é possível também que outros relacionamentos, tais como o simples namoro, ensejem uma
convivência pública contínua e duradoura. A união estável, porém, requer a caracterização do
intuito de constituir família, o que se entende como o estabelecimento de uma dinâmica de re-
lacionamento assemelhada ao casamento, incluindo deveres de lealdade e fidelidade, bem como
sendo possível constatar a assistência, respeito e consideração mútuos e a vida em comum no
domicílio conjugal.
Para refletir
Sobre a vida em comum no domicílio conjugal é importante destacar que a caracterização da
união estável não depende, obrigatoriamente, da coabitação (residência conjunta), havendo
inúmeros casos de reconhecimento da união estável mesmo o casal não partilhando a mesma
residência. Porém, isto é exceção, pois via de regra as relações evoluem para a construção de
uma moradia conjunta.
Importante
A união estável somente é possível entre pessoas que poderiam efetivamente se casar. Podemos
nos referir à união estável como “a união daqueles que, podendo se casar, convivem como
se casados fossem, mesmo sem ter se casado”. Assim sendo, não há união estável entre uma
pessoa casada e seu amante, por exemplo, pois a pessoa casada está impedida de assumir um
segundo casamento de forma concomitante.
Assim sendo, união estável não formalizada (união estável de fato) sempre será regida pela co-
munhão parcial de bens e, ao não se ter estipulado corretamente a data de início da união estável,
poderá haver grande discussão acerca do lapso temporal pelo qual os companheiros formarão
patrimônio conjunto (comunhão).
Importante
A formalização da união estável por escritura é altamente recomendável para que possam ser
estabelecidas corretamente as regras da relação, especialmente a data de seu início, o que
permitirá fixar uma data exata para o surgimento de eventuais direitos decorrentes da união.
Ainda, no ato de formalização através de escritura, os companheiros poderão estabelecer
livremente o regime de bens a ser adotado para fins de união estável dentro dos regimes já
previstos para o casamento.
Importante
Reconhecida a união estável, o companheiro sobrevivente passará a ter todos os direitos
matrimoniais e sucessórios. Não reconhecida, os bens do falecido serão distribuídos
exclusivamente entre seus herdeiros, sem inclusão do companheiro sobrevivente.
Caso não haja qualquer estipulação de beneficiar terceiros com relação à parcela disponível,
todos os bens serão distribuídos entre os herdeiros legais, nos termos da lei.
A proteção da parcela legítima dos herdeiros implica também numa restrição à doação de bens
em vida, conforme se verificará no item a seguir.
limitação, desde que as doações sucessivas ocorram de forma legítima, e não como forma de
fraudar a limitação ora tratada. Em caso de fraude, as doações sucessivas poderão ser anuladas
pelo Poder Judiciário.
Importante
Para que não seja considerada uma antecipação de herança (antecipação de legítima) o doador
deverá fazer constar expressamente da doação ou do testamento que: a) os bens doados
proveem de sua parcela disponível; e b) que a doação não representa uma antecipação de
legítima.
Mais adiante trataremos deste assunto de forma mais aprofundada (item 4.1.5), inclusive com
análise de seus efeitos para fins de sucessão.
3. ASPECTOS LEGAIS
DA SUCESSÃO
Relembrando conceitos
Comunhão é a totalidade dos bens comuns, ou seja, aqueles bens que por força do regime de
bens se tornam propriedade conjunta. A meação, por sua vez, é o direito que cada cônjuge
tem à metade dos bens que compõem a comunhão. Logo, a meação corresponde a 50% da
comunhão.
b) metade dos bens comuns, ou seja, a parcela de 50% (meação) dos bens comuns do casal (co-
munhão).
Esta apuração deverá ocorrer tanto para o sobrevivente quanto para o falecido.
Ao final deste procedimento, os bens que couberem ao falecido (bens particulares mais meação
do falecido) serão destinados à formação da herança e serão distribuídos a seus herdeiros confor-
me as proporções previstas no Código Civil.
Direito de herança
Se o herdeiro vier a falecer após a abertura da sucessão (óbito daquele que deixou herança),
então os herdeiros do herdeiro falecido estarão aptos a receber em seu lugar.
A ordem é prevista pelo Código Civil, sendo que na existência de um herdeiro de determinada
categoria, os demais serão excluídos da sucessão, a saber:
1. Descendentes + Cônjuge/Companheiro;
2. Ascendentes + Cônjuge/Companheiro;
3. Cônjuge/Companheiro;
4. Colaterais até quarto grau;
5. Município e União Federal.
Como já visto anteriormente, são considerados herdeiros necessários aqueles indicados nos
itens 1, 2 e 3 acima (item 2.6.2.1), os quais possuem direito ao recebimento de, ao menos, 50% do
patrimônio (parcela legítima).
Exemplo 1
Maria, viúva, faleceu deixando 4 filhos e um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança,
portanto, será dividida em 4 parcelas iguais entre seus filhos, ou seja, R$ 2.500.000,00 para
cada um.
Maria
Filho 1 Filho 2
R$ 2,5 milhões R$ 2,5 milhões
Caso haja algum descendente falecido anteriormente à abertura da sucessão (descendente pre-
morto), e este descendente não tenha deixado outros descendentes capazes de receber a herança
em seu lugar por direito de representação (vide item 3.3.1.3.), a herança será distribuída apenas
entre os descendentes vivos.
Exemplo 2
Maria, viúva, faleceu deixando 3 filhos vivos e 1 filho premorto que não deixou descendentes.
O patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida
em 3 parcelas iguais entre seus filhos vivos, ou seja, R$ 3.333.333,33 para cada um.
Maria Filho 1
R$ 3.333.333,33
Filho 2
R$ 3.333.333,33
Filho 1 Filho 2 Filho 3 Filho 4
1/3 1/3 1/3 (premorto) Filho 3
R$ 3.333.333,33
Importante destacar que caso todos os filhos fossem premortos seria necessário verificar na
sequência a existência de descendentes no próximo grau, ou seja, os netos. E na ausência de netos,
buscar bisnetos e assim por diante até se esgotarem as categorias descendentes. Na ausência de
descendentes, então os herdeiros seguintes seriam os ascendentes, também em concorrência com
o cônjuge.
Importante
Ocorrendo o falecimento de um dos cônjuges ou companheiros, o primeiro passo será
promover a individualização do patrimônio de cada um dos envolvidos, apurando-se o
patrimônio particular (que não compôs a meação) e o patrimônio conjunto (comunhão).
Esta apuração ocorrerá de acordo com o regime de bens utilizado pelo casal, o qual
repercutirá na formação ou não da comunhão e, por conseguinte, a existência ou não de
meação.
O patrimônio comum de cada um corresponderá, portanto, à somatória dos seguintes itens:
a) bens particulares havidos em vida (sobre os quais não se formou comunhão); e
b) metade dos bens comuns, ou seja, a parcela de 50% (meação) dos bens comuns do casal
(comunhão).
Esta apuração deverá ocorrer tanto para o sobrevivente quanto para o falecido.
Ao final deste procedimento, os bens que couberem ao falecido (bens particulares mais meação
do falecido) serão destinados à formação da herança e serão distribuídos a seus herdeiros
conforme as proporções previstas no Código Civil.
Numa análise das situações acima expostas, percebe-se que o primeiro critério para concorrer
à herança é justamente ostentar a condição de casado/convivente, o que não ocorre no caso de
pessoas judicialmente separadas ou separadas de fato há mais de 2 anos (itens i e ii).
Com relação aos demais itens (iii e v), o critério é puramente patrimonial e matemático, pelo
qual podemos afirmar, simplificando o conceito, que o cônjuge/companheiro não poderá receber
herança sobre bens dos quais já tenha recebido meação.
Importante
No caso da comunhão universal de bens, o cônjuge/companheiro sobrevivente já terá recebido
meação de todos os bens, motivo pelo qual a lei o excluí da herança.
No caso de comunhão parcial de bens na qual o cônjuge falecido não possua bens particulares, o
cônjuge/companheiro sobrevivente já terá recebido meação de todos os bens existentes. Note-
se que, mesmo em se tratando de comunhão parcial, a inexistência de bens de propriedade
exclusiva do cônjuge/companheiro acaba se equivalendo à comunhão universal, pois todos os
bens que os cônjuges possuem submetem-se à comunhão.
No que diz respeito à separação obrigatória de bens (item iv), a restrição à herança é uma
penalidade imposta pela lei. Veja que estamos a falar da separação obrigatória de bens, ou seja,
a separação legal de bens, imposta por lei em determinadas situações (item 2.1.1.1). No caso da
separação convencional de bens, ou seja, separação total de bens por acordo entre os cônjuges/
companheiros, o cônjuge/companheiro sobrevivente poderá participar da herança em concor-
rência com os descendentes.
Assim sendo, primeiramente será necessário definir exatamente sobre quais bens o cônjuge/
companheiro sobrevivente concorrerá à herança. Após ser feita esta apuração, o cônjuge/compa-
nheiro concorrerá à herança em igualdade de proporções com o número de descendentes habili-
tados como herdeiros. Há, porém, uma reserva mínima de 25% da herança em favor do cônjuge/
companheiro caso este seja ascendente de todos os descendentes do falecido com os quais con-
correr à herança. Ou seja, o cônjuge/companheiro sobrevivente que for ascendente de todos os
descendentes receberá em igualdade de proporções ou a parcela mínima de 25%, sempre o que
for maior.
Exemplo 1
Maria, casada pelo regime da separação total de bens com João, faleceu deixando 1 filho e um
patrimônio de R$ 10.000.000,00. João é pai do filho de Maria. A herança deixada por Maria,
portanto, será dividida em 2 partes iguais entre João e o filho de Maria, recebendo cada um
R$ 5.000.000,00.
Exemplo 2
Maria, casada pelo regime da separação total de bens com João, faleceu deixando 1 filho e
um patrimônio de R$ 10.000.000,00. João não é pai do filho de Maria. A herança deixada
por Maria, portanto, será dividida em 2 partes iguais entre João e o filho de Maria, recebendo
cada um R$ 5.000.000,00.
Exemplo 3
Maria, casada pelo regime da separação total de bens com João, faleceu deixando 4 filhos e
um patrimônio de R$ 10.000.000,00. João é pai dos 4 filhos de Maria. Sua herança, portanto,
será dividida da seguinte forma:
a) 25% em favor do cônjuge sobrevivente – R$ 2.500.000,00;
b) 75% em 4 parcelas iguais entre seus filhos, ou seja, R$ 1.875.000,00 para cada um de
seus filhos.
Exemplo 4
Maria, casada pelo regime da separação total de bens com João, faleceu deixando 4 filhos e
um patrimônio de R$ 10.000.000,00. João é pai apenas de 3 filhos de Maria. Sua herança,
portanto, será dividida em 5 parcelas iguais a serem divididas entre João e os 4 filhos de Maria,
recebendo cada um R$ 2.000.000,00.
Exemplo 5
Maria, casada pelo regime da comunhão parcial de bens com João, faleceu deixando 4 filhos
e um patrimônio de R$ 10.000.000,00, sendo R$ 2.000.000,00 relativos a bens particulares
de Maria e R$ 8.000.000,00 correspondentes à meação de Maria no casamento com João.
João é pai dos 4 filhos de Maria. A herança deixada por Maria, portanto, será dividida da
seguinte forma: a) sobre os R$ 2.000.000,00 João concorrerá à herança, recebendo, portanto,
R$ 500.000,00 (25%), sendo os R$ 1.500.000,00 (75%) restantes divididos em parcelas iguais
entre os 4 filhos no valor de R$ 375.000,00 para cada um. Com relação aos R$ 8.000.000,00,
João não poderá concorrer, sendo essa quantia, portanto, dividida em partes iguais pelos filhos
de Maria, recebendo cada um R$ 2.000.000,00.
Filho 1
Filho 1 R$ 2 milhões
Filho 1 Filho 2 Filho 3 Filho 4 João
R$ 375 mil
R$500 mil Filho 2
(25%) R$ 2 milhões João
Filho 2
(herança) R$ 8 milhões
R$ 375 mil Filho 3 (meação)
R$ 2 milhões
Filho 4 Filho 3
R$ 375 mil R$ 375 mil Filho 4
R$ 2 milhões
Exemplo 6
Maria, casada pelo regime da comunhão parcial de bens com João, faleceu deixando 4 filhos
e um patrimônio de R$ 10.000.000,00, sendo R$ 2.000.000,00 relativos bens particulares
de Maria e R$ 8.000.000,00 correspondentes à meação de Maria no casamento com
João. João é pai apenas de 3 filhos de Maria. A herança deixada por Maria, portanto, será
dividida da seguinte forma: a) sobre os R$ 2.000.000,00 João concorrerá à herança em
igualdade de proporções com os 4 filhos de Maria, recebendo, portanto, R$ 400.000,00
cada um (João e filhos). Com relação aos R$ 8.000.000,00, João não poderá concorrer,
sendo essa quantia, portanto, dividida em partes iguais pelos filhos de Maria, recebendo
cada um R$ 2.000.000,00.
Exemplo 1
Maria, viúva, faleceu deixando 3 filhos vivos e 1 filho premorto que, por sua vez, deixou 2
filhos (netos de Maria). O patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00. Sua herança,
portanto, será dividida da seguinte forma: a) R$ 2.500.000,00 a ser dividido em igualdade
de proporções por seus netos através de direito de representação de seu filho premorto; b)
R$ 2.500.000,00 para cada um de seus filhos vivos.
É importante destacar que o direito de representação somente ocorrerá quando a herança for
destinada a descendentes de um grau mais próximo dentre os quais houver um premorto que
tenha deixado descendentes de um grau mais remoto. Não havendo descendentes de grau mais
próximo, não haverá direito de representação, mas sim se passará a dividir a herança em igualdade
de condições entre os descendentes de grau mais remoto.
Exemplo 2
Maria, viúva, faleceu deixando 3 filhos premortos, Luís, Rodolfo e Bruno. Luís deixou 2 filhos
(netos de Maria), Rodolfo deixou 1 filho (neto de Maria) e Bruno deixou 3 filhos (netos de Maria).
O patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida
em igualdade de proporções entre seus 6 netos, pelo qual cada um receberá R$ 1.666.666,66.
Neste caso não se trata de direito de representação, mas sim de recebimento na própria pessoa
dos netos, contando, portanto, o recebimento ‘por cabeça’ em igualdade de proporções.
Neto 3 Neto 4
1/6 R$ 1.666.666,66
Neto 1 Neto 2 Neto 4 Neto 5 Neto 6
1/6 1/6 1/6 1/6 1/6 Neto 5
R$ 1.666.666,66
Neto 6
R$ 1.666.666,66
Haverá ainda um outro caso de direito de representação na categoria dos colaterais que será
analisado mais adiante.
Exemplo 1
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, porém deixando pai e mãe vivos e um
patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida em 2 parcelas iguais
entre seus pais, no valor de R$ 5.000.000,00 para cada um.
Maria
Exemplo 2
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, porém deixando pai vivo e um avô materno
vivo, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será concedida
integralmente ao pai de Maria. Não haverá herança para o avô materno vivo, pois não há
direito de representação para ascendentes e, ainda, porque a existência de herdeiros em grau
mais próximo exclui o direito dos herdeiros de grau mais distante.
Maria
Ainda, em caso de pai e mãe premortos, os parentes de grau mais distante (avós, bisavós etc.)
dividirão a herança pela metade entre ascendentes de linha paterna e ascendentes de linha mater-
na. Em outras palavras, a herança será dividida em duas partes iguais e será distribuída entre os
ascendentes de cada linha, em igualdade de proporções.
Exemplo 3
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, deixando também pai e mãe premortos,
porém deixando um avô materno vivo e avô e avó paternos vivos, bem como um patrimônio
de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida da seguinte maneira: a)
R$ 5.000.000,00 para os ascendentes da linha materna, ou seja, para seu avô materno; b)
R$ 5.000.000,00 para os ascendentes da linha paterna, ou seja, em igualdade de proporções
para o avô e a avó paternos, recebendo cada um deles R$ 2.500.000,00.
Maria
Havendo apenas um ascendente no grau mais próximo, a herança será integralmente concedida
a este ascendente, excluindo-se os ascendentes de grau mais remoto.
Exemplo 4
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, deixando também pai e mãe premortos,
porém deixando um avô materno vivo e um bisavô paterno vivo, bem como um patrimônio
de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será concedida integralmente ao avô materno,
porque a existência de herdeiros em grau mais próximo exclui o direito dos herdeiros de grau
mais distante.
Bisavô
zero
Maria
Exemplo 1
Maria, casada no regime da comunhão parcial de bens, faleceu sem deixar descendentes,
porém deixando pai e mãe vivos e um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto,
será dividida em 3 parcelas iguais entre o cônjuge e seus pais, no valor de R$ 3.333.333,33
para cada um.
Exemplo 2
Maria, casada no regime da comunhão parcial de bens, faleceu sem deixar descendentes, porém
deixando pai vivo e um avô materno vivo, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00.
Sua herança, portanto, será dividida em 2 parcelas iguais entre o cônjuge e seu pai. Não haverá
herança para o avô materno vivo, pois não há direito de representação para ascendentes e,
ainda, porque a existência de herdeiros em grau mais próximo exclui o direito dos herdeiros
de grau mais distante.
Avô
zero
Patrimônio de Maria = R$ 10 milhões
Pai Mãe
1/2 (premorta) Pai Cônjuge
R$ 5 milhões R$ 5 milhões
Cônjuge
Maria
1/2
Exemplo 3
Maria, casada pelo regime da comunhão parcial de bens, faleceu sem deixar descendentes,
deixando também pai e mãe premortos, porém deixando um avô materno vivo e avô e avó
paternos vivos, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto,
será dividida da seguinte maneira: a) R$ 5.000.000,00 para o cônjuge sobrevivente; b)
R$ 2.500.000,00 para os ascendentes da linha materna, ou seja, para seu avô materno; b)
R$ 2.500.000,00 para os ascendentes da linha paterna, ou seja, em igualdade de proporções
para o avô e a avó paternos, recebendo cada um deles R$ 1.250.000,00.
Avó paterna
Cônjuge R$ 1.250.000,00
Maria
1/2
Exemplo 4
Maria, casada pelo regime da comunhão parcial de bens, faleceu sem deixar descendentes,
deixando também pai e mãe premortos, porém deixando um avô materno vivo e um bisavô
paterno vivo, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto,
será dividida da seguinte maneira: a) R$ 5.000.000,00 para o cônjuge sobrevivente; b)
R$ 5.000.000,00 para o avô materno, porque a existência de herdeiros em grau mais próximo
exclui o direito dos herdeiros de grau mais distante.
Pai Mãe
(premorto) (premorta)
Cônjuge
Maria
1/2
3.3.3. Cônjuge/Companheiro
Na ausência de descendentes e ascendentes, a herança será integralmente concedida ao cônju-
ge/companheiro sobrevivente.
Exemplo 5
Maria, casada pelo regime da comunhão parcial de bens, faleceu sem deixar descendentes
nem ascendentes, deixando um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será
concedida integralmente ao cônjuge sobrevivente.
Cônjuge
Maria
100%
BENS PARTICULARES MEAÇÃO
R$ 2 milhões R$ 8 milhões
Com relação aos graus de parentesco colateral, podemos dividi-los da seguinte forma:
• Colaterais de 2º grau: irmãos;
• Colaterais de 3º grau: tios e sobrinhos;
• Colaterais de 4º grau: primos, tios-avôs e sobrinhos-netos.
Pai de A Avô de A
2º grau 3º grau
Irmão
A Pai de A Tio de A
de A
4º grau
Primo
A
de A
A regra para a herança continua sendo a mesma: os herdeiros de grau mais próximo excluem
da sucessão os herdeiros de grau mais distante, porém neste caso há uma ordem de preferência
prevista no Código Civil.
Exemplo 1
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes nem ascendentes, porém deixando um irmão
vivo, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será concedida
integralmente ao irmão, porque a existência de herdeiros em grau mais próximo (colateral de
2º grau) exclui o direito dos herdeiros de grau mais distante.
Irmão
Maria
100%
Exemplo 2
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes nem ascendentes, porém deixando dois irmãos
bilaterais vivos, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será
dividida em 2 parcelas iguais para cada irmão bilateral, recebendo cada um R$ 5.000.000,00.
Irmão 1 Irmão 2
Maria
1/2 1/2
Exemplo 3
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes nem ascendentes, porém deixando dois irmãos
bilaterais e um irmão unilateral vivos, bem como um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Sua
herança, portanto, será dividida da seguinte forma: a) duas parcelas iguais de R$ 4.000.000,00,
sendo uma para cada irmão bilateral; b) uma parcela de R$ 2.000.000,00 em favor do irmão
unilateral.
Exemplo
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, nem ascendentes, deixando, porém, 1 irmão
bilateral vivo e 1 irmão bilateral premorto, que por sua vez deixou filhos (sobrinhos de Maria). O
patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida da
seguinte forma: a) R$ 5.000.000,00 em favor de seu irmão bilateral vivo; b) R$ 5.000.000,00 a
ser dividido em igualdade de proporções por seus sobrinhos através de direito de representação
do irmão premorto, na condição de filhos de irmão.
Sobrinho 1 Sobrinho 2
1/4 1/4
É importante destacar que o direito de representação somente ocorrerá quando a herança for
destinada a colaterais de segundo grau dentre os quais houver um premorto que tenha deixado
filhos, não se admitindo descendentes de grau maior (netos, bisnetos etc.). Não havendo irmãos,
não haverá direito de representação, mas sim se passará a dividir a herança em igualdade de con-
dições entre os colaterais de grau mais remoto.
Exemplo 1
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, nem ascendentes, deixando 2 irmãos bilaterais
premortos, Rubens e Carlos. Rubens deixou 2 filhos (sobrinhos bilaterais de Maria), Carlos deixou
1 filho (sobrinho bilateral de Maria). O patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00.
Sua herança, portanto, será dividida em igualdade de proporções entre seus 3 sobrinhos, pelo
qual cada um receberá R$ 3.333.333,33. Neste caso não se trata de direito de representação
de filhos de irmãos, mas sim de recebimento na própria pessoa dos sobrinhos, contando,
portanto, o recebimento ‘por cabeça’ em igualdade de proporções.
Sobrinho 3
R$ 3.333.333,33
Sobrinho 1 Sobrinho 2 Sobrinho 3
1/3 1/3 1/3
Exemplo 2
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, nem ascendentes, deixando 1 irmão bilateral
premorto chamado Rubens e 1 irmão unilateral premorto chamado Carlos. Rubens deixou 2
filhos (sobrinhos bilaterais de Maria) e Carlos deixou 1 filho (sobrinho unilateral de Maria). O
patrimônio deixado por Maria é de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida da
seguinte forma: a) duas parcelas iguais de R$ 4.000.000,00, sendo uma para cada sobrinho
bilateral; b) uma parcela de R$ 2.000.000,00 em favor do sobrinho unilateral.
Sobrinho 3
R$ 2 milhões
Sobrinho 1 Sobrinho 2 Sobrinho 3
1/3 1/3 1/3
Exemplo 3
Maria, viúva, faleceu sem deixar descendentes, nem ascendentes, deixando 2 irmãos
unilaterais premortos, Rubens e Carlos. Rubens deixou 2 filhos (sobrinhos unilaterais de
Maria), Carlos deixou 1 filho (sobrinho unilateral de Maria). O patrimônio deixado por Maria é
de R$ 10.000.000,00. Sua herança, portanto, será dividida em igualdade de proporções entre
seus 3 sobrinhos, pelo qual cada um receberá R$ 3.333.333,33.
Sobrinho 3
Sobrinho 1 Sobrinho 2 Sobrinho 3 R$ 3.333.333,33
1/3 1/3 1/3
Por se tratar de uma decisão proferida sob a chamada repercussão geral, a partir da decisão
proferida em 10/05/2017 todos os órgãos executivos e judiciários são obrigados a seguir e
aplicar.
Portanto, para efeitos do presente conteúdo, todas as regras sucessórias aplicáveis ao casamen-
to são igualmente aplicáveis à união estável. Assim sendo, para fins de planejamento sucessório,
não mais importa a forma pela qual a união foi formalizada, detendo os cônjuges e os companhei-
ros os mesmos direitos à participação na herança um do outro.
Exemplo 1
Imagine um herdeiro que recebeu 25% de uma herança de R$ 1.000.000,00, ou seja,
R$ 250.000,00. O falecido possuía uma dívida no valor de R$ 2.000.000,00. Este credor
poderá exigir do herdeiro apenas a quantia de R$ 500.000,00 (25%) até o limite do valor que
o herdeiro recebeu de herança, ou seja, R$ 250.000,00. Assim sendo, o herdeiro neste caso
responderá por R$ 250.000,00 perante o credor.
Exemplo 2
Imagine um herdeiro que recebeu 25% de uma herança de R$ 2.000.000,00, ou seja,
R$ 500.000,00. O falecido possuía uma dívida no valor de R$ 1.000.000,00. Este credor
poderá exigir do herdeiro apenas a quantia de R$ 250.000,00 (25%) até o limite do valor
que o herdeiro recebeu de herança. Porém como o valor que o herdeiro recebeu é superior
ao valor pelo qual pode ser cobrado pelo credor, o herdeiro responderá unicamente pelo valor
proporcional da dívida do falecido, ou seja, R$ 250.000,00.
4. INSTRUMENTOS DE
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
4.1. Doação
A doação é uma forma de transmissão gratuita de bens em vida, permitindo a transferência da
propriedade como forma de antecipação de planejamento sucessório.
4.1.1. Conceito
A doação é o ato pelo qual alguém, de forma gratuita e sem contrapartida, estipula a transfe-
rência de seu patrimônio em favor de outra pessoa. Trata-se de um contrato específico previsto
na legislação civil e pelo qual é possível transmitir bens imóveis, bens móveis, valores, direitos,
investimentos financeiros etc., ainda em vida.
Para refletir
A doação em vida é uma forma de antecipação da transmissão de bens aos herdeiros,
permitindo que estes tenham acesso ao patrimônio antes de quaisquer processos de inventário
e sem a necessidade de realização dos trâmites de inventário.
Outra vantagem da doação em vida é a possibilidade de trazer os herdeiros para a gestão de
determinados bens de forma antecipada, passando a ter contato e gestão direta do patrimônio
sob supervisão do futuro sucedido considerando este ainda ser vivo.
4.1.2. Forma
A doação deve ser sempre realizada por documento escrito, podendo se optar pela escritura
pública ou pelo documento particular. A doação verbal somente se admite com relação a bens
móveis de pequeno valor e se efetivamente ocorrer a entrega física destes – caso contrário, a do-
ação verbal não será considerada válida.
Seja qual for o caso, é sempre recomendável que a doação seja formalizada por escritura pública
para ter uma maior garantia de eficácia do ato e se resguardar de possíveis questionamentos de
terceiros.
Com relação à doação vale a pena revisitar os itens 2.6.1 (doação universal), 2.6.2 (reserva de
legítima) e 2.6.3 (doação em antecipação de legítima).
de uma doação pura e simples, mas sim de uma doação contendo uma cláusula condicional para
sua ocorrência.
Como exemplos podemos citar uma doação condicionada à prestação de auxílio a terceiros ou
realização de determinadas obras de caridade.
Ainda, a doação pode ser condicionada à ocorrência de um evento futuro e certo, como por
exemplo o atingimento de determinada idade. Nestes casos a doação ocorre a termo, ou seja,
condicionada à ocorrência de um evento futuro, porém certo e devidamente especificado.
Por fim, a doação também pode ser condicionada à ocorrência de um evento futuro, porém in-
certo, como por exemplo a colação de grau universitário. Nestes casos a doação ocorre mediante
condição, ou seja, a doação depende da ocorrência do evento futuro e incerto, sendo que em caso
de não ocorrência a doação não surtirá efeitos.
Inalienabilidade na doação
É comum o uso de cláusula de inalienabilidade na doação de bens a pessoas que costumem
se endividar ou que possuam histórico de dilapidação de patrimônio. Na doação de pais para
filhos, a cláusula vitalícia de inalienabilidade também garante que o bem doado chegue aos
netos, pois o pai não poderá dele se desfazer.
A cláusula de impenhorabilidade, por sua vez, impede que credores do recebedor da doação
(donatário) possam atingir o bem doado em virtude de dívidas que o donatário possua e que es-
tejam em execução judicial.
Impenhorabilidade na doação
É comum o uso de cláusula de impenhorabilidade na doação de bens a pessoas que costumem
se endividar e costumem ter problemas de crédito. Com a impenhorabilidade, o donatário fica
resguardado com relação à ação de credores sobre o bem doado.
A cláusula de incomunicabilidade impede que sobre o bem doado se gere comunhão. Como
já visto, os bens comunicáveis ensejam a criação de patrimônio conjunto (comunhão – vide item
2.1). Ao estabelecer a cláusula de incomunicabilidade o doador garante que sobre o bem não re-
caiam direitos matrimoniais de cônjuges e companheiros, independentemente do regime de bens
adotado pelo casal.
Incomunicabilidade na doação
Como visto no item 2.1.3, a imposição de cláusula de incomunicabilidade impede inclusive
a formação de patrimônio comum até no regime da comunhão universal de bens. Ainda,
a cláusula de incomunicabilidade é um meio de se fazer doações a uma pessoa casada
garantindo-se a manutenção integral dos bens na propriedade desta pessoa mesmo no caso
de divórcio.
Exemplo
Maria, viúva, faleceu deixando 4 filhos e um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Em vida, fez
uma doação de um imóvel no valor de R$ 1.000.000,00 para um de seus filhos chamado Luís.
Por ocasião de seu inventário, Luís deverá informar no inventário ter recebido esta doação
(trazer à colação). Feita a colação, o patrimônio total será de R$ 11.000.000,00, cabendo a
cada filho a parcela de R$ 2.750.000,00. Luís já terá recebido o imóvel de R$ 1.000.000,00
e receberá a complementação de R$ 1.750.000,00 via inventário. Os demais filhos receberão
diretamente no inventário a quantia de R$ 2.750.000,00.
É importante destacar que o herdeiro que estiver obrigado à colação e deixar de realizá-la per-
derá o direito sobre o patrimônio que omitiu da colação, desde que outro herdeiro comprove a
omissão.
Exemplo
Maria, viúva, faleceu deixando 4 filhos e um patrimônio de R$ 10.000.000,00. Em vida, fez
uma doação de um imóvel no valor de R$ 1.000.000,00 para um de seus filhos chamado
Luís. Por ocasião de seu inventário, Luís decidiu não mencionar ter recebido tal doação. Um
dos irmãos de Luís descobriu a doação, informou o juiz e requereu a perda de direitos de
Luís sobre o bem sonegado. Assim sendo, será incorporado o valor de R$ 1.000.000,00 no
inventário, totalizando-se R$ 11.000.000,00. Porém Luís não poderá participar da herança de
R$ 1.000.000,00 que sonegou e tal valor será dividido em 3 partes iguais por seus 3 irmãos,
recebendo R$ 333.333,33 cada um. Sobre os R$ 10.000.000,00, Luís poderá participar e a
divisão será em 4 partes iguais de R$ 2.500.000,00. Como Luís já recebeu R$ 1.000.000,00
em vida, somente terá a receber a complementação de R$ 1.500.000,00 via inventário. Os
demais filhos receberão diretamente no inventário a quantia de R$ R$ 2.833.333,33, ou seja,
a somatória de R$ 2.500.000,00 com R$ 333.333,33.
Lembramos que para que não seja considerada uma antecipação de herança (antecipação de le-
gítima) o doador deverá fazer constar expressamente da doação ou do testamento que: a) os bens
doados proveem de sua parcela disponível; e b) que a doação não representa uma antecipação de
legítima. Havendo esta disposição, o herdeiro não é obrigado a informar a doação no inventário,
estando dispensado de realizar a colação.
4.1.8. Usufruto
O usufruto constitui-se da manutenção do direito de usar e de fruir (colher frutos) de deter-
minado bem mesmo sem possuir a condição de proprietário. Em termos de planejamento su-
cessório, a doação com usufruto é comumente utilizada para a transferência da propriedade aos
herdeiros, ainda em vida, porém com o resguardo integral do uso do bem e da percepção de seus
frutos. O usufruto pode ser estabelecido de forma temporária ou vitalícia. Nos casos de doação
para fins de antecipação de sucessão o usufruto é estipulado sempre de forma vitalícia.
Para refletir
A fraude poderá ocorrer pela doação de bens após a ciência da existência de dívida perante
terceiros de maneira a ficar sem patrimônio suficiente para responder pela dívida, situação
na qual será denominada ‘fraude contra o credor’. Por outro lado, caso a dívida já esteja em
execução judicial, a alienação gratuita dos bens por parte do devedor será denominada ‘fraude
à execução’.
4.2. Testamento
4.2.1. Conceito
O testamento é a forma de dispor sobre a parte disponível do patrimônio, devendo ser sempre
respeitada e resguardada a parcela legítima quando constatada a existência de herdeiros neces-
sários (item 3.2). A utilização do testamento pode auxiliar em muito o planejamento sucessório,
inclusive servindo como ferramenta para distribuição de bens de acordo com o perfil de cada her-
deiro ou, ainda, de estipulação de condição mais vantajosa para determinado herdeiro. A presença
e assessoria de advogado é recomendável para a lavratura do testamento, porém não obrigatória.
Testamento é regovável
O Código Civil define o testamento como um ato personalíssimo de caráter revogável, podendo
ser mudado a qualquer tempo, e que pode envolver a totalidade dos bens do testador, ou de
parte deles, para depois de sua morte. O testador que possuir herdeiros necessários poderá
a seu exclusivo critério estipular bens em favor de terceiros, desde que tal estipulação não
ultrapasse a metade de seu patrimônio, devendo sempre ser resguardada a parcela legítima.
Havendo herdeiros necessários (item 3.2), somente a parte disponível pode ser objeto de
testamento.
Vale lembrar que no caso de inexistência de herdeiros necessários o testamento poderá
abranger a totalidade dos bens do testador, pois não haverá a necessidade de resguardo da
parcela legítima. Assim sendo, havendo apenas herdeiros colaterais até 4º grau, o testador
pode destinar a integralidade de seu patrimônio a quem bem entender, podendo deixar de
contemplar totalmente os herdeiros colaterais.
O testamento também pode ser utilizado como meio para imposição de cláusulas restritivas
de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, conforme já visto para o caso da
doação (item 4.1.4).
justos ou não. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de
parte deles, para depois de sua morte, sendo que a legítima dos herdeiros necessários não poderá
ser incluída no testamento.
4.2.3. Formas
O Código Civil fixa as formas e classificação dos testamentos, os quais podem ser ordinários
ou especiais. Os testamentos ordinários são o testamento Público, o testamento Cerrado e o tes-
tamento Particular.
O testamento público é aquele feito por tabelião através de lavratura de escritura em cartório.
É o testamento mais utilizado e o mais eficiente, pois o ato público se reveste de uma série de for-
malidades e possui fé pública. As boas práticas de planejamento sucessório recomendam sempre
a utilização deste tipo de testamento.
O testamento particular é aquele feito por documento particular e que pode ser escrito de
próprio punho ou por processo mecânico, tendo como condição de validade a assinatura do
documento por três testemunhas. Se escrito por processo mecânico, não poderá conter rasuras
nem espaços em branco. Com a morte do testador, o testamento deverá ser publicado em juízo,
com citação dos herdeiros legítimos para se manifestarem e apresentarem eventual impugnação.
Diferente dos demais tipos de testamento, nos quais é obrigatório o uso da língua vernácula, o
testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas que o
assinarem sejam capazes de compreender o idioma.
O testamento cerrado é elaborado pelo testador, cuja validade, porém, dependerá de aprovação
por parte do tabelião na presença de duas testemunhas. Aprovado o testamento, o tabelião passará
a fechar e coser (lacrar) o documento, entregando-o ao testador e fazendo registro do ato no livro
do cartório. Falecendo o testador, o testamento deverá ser apresentado ao juiz que o abrirá e o
fará registrar, ordenando seja cumprido, desde que não encontre vício externo que o torne nulo
ou suspeito de falsidade.
Além das opções acima, são consideradas como formas ordinárias de testamento os codicilos,
os quais, por ato do testador, são destinados a fazer disposições especiais sobre o seu enterro,
sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos po-
bres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
Em termos de segurança jurídica, recomenda-se a utilização do testamento público pois este é
dotado de fé pública, permanece arquivado oficialmente e não corre o risco de extravio, garantin-
do-se com isto o cumprimento da vontade do testador.
4.2.4. Testamenteiro
O testador deverá nomear um testamenteiro que será a pessoa responsável pela execução das
disposições constantes no testamento. O testamenteiro (responsável pela execução do testamen-
to) não se confunde com a figura do inventariante (responsável pela execução do inventário).
O testamenteiro, ao contrário do inventariante, não possui poder de gestão sobre os bens dei-
xados pelo falecido (espólio), limitando-se a promover a abertura e registro do testamento perante
o juiz e a acompanhar o trâmite do inventário visando garantir o cumprimento das disposições
testamentárias e a eficácia do testamento em si. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador,
a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado
pelo juiz.
Inalienabilidade no testamento
É comum o uso de cláusula de inalienabilidade na doação de bens a pessoas que costumem se
endividar ou que possuam histórico de dilapidação de patrimônio. No testamento de pais para
filhos, a cláusula vitalícia de inalienabilidade também garante que o bem chegue aos netos,
pois o pai não poderá dele se desfazer.
A cláusula de impenhorabilidade, por sua vez, impede que credores do herdeiro possam atingir
os bens da herança em virtude de dívidas que estejam em execução judicial.
Impenhorabilidade no testamento
É comum o uso de cláusula de impenhorabilidade no testamento feito em favor de pessoas
que costumem se endividar e costumem ter problemas de crédito. Com a impenhorabilidade,
o herdeiro fica resguardado com relação à ação de credores sobre os bens herdados.
A cláusula de incomunicabilidade impede que sobre o bem herdado se gere comunhão. Como
já visto, os bens comunicáveis ensejam a criação de patrimônio conjunto (comunhão – vide item
2.1). Ao estabelecer a cláusula de incomunicabilidade o testador garante que sobre o bem não re-
caiam direitos matrimoniais de cônjuges e companheiros, independentemente do regime de bens
adotado pelo casal.
Incomunicabilidade no testamento
Como visto no item 2.1.3, a imposição de cláusula de incomunicabilidade impede inclusive a
formação de patrimônio comum até no regime da comunhão parcial de bens. Ainda, a cláusula
de incomunicabilidade é um meio de se transmitir herança a uma pessoa casada garantindo-
se a manutenção integral dos bens na propriedade desta pessoa mesmo no caso de divórcio.
O Código Civil permite, ainda, que o testamento possa ser utilizado sobre a parcela legítima
unicamente para fins de estipulação de cláusulas restritivas, desde que o testador apresente um
justo motivo para tanto. Via de regra, o motivo apresentado é a incerteza com relação a atos futu-
ros e a preocupação com eventual dilapidação de patrimônio ou insucesso de empreendimentos
do herdeiro.
Para refletir
Os seguros de vida são ferramentas muito úteis em termos de planejamento sucessório sob
a ótica da necessidade de liquidez imediata após o falecimento e do recebimento de valores
independentemente do trâmite do inventário. Em inventários litigiosos é comum existir um
problema de liquidez para os herdeiros, pois a distribuição dos bens estará condicionada
ao encerramento do inventário. Em casos de elevado patrimônio imobilizado e com pouca
liquidez, o seguro de vida pode ser usado como uma ferramenta capaz de outorgar a liquidez
necessária para a própria manutenção do patrimônio e pagamento dos custos do inventário.
Ainda, os seguros de vida permitem a livre estipulação de beneficiários, podendo também ser
usado o seguro como forma de destinação de recursos a determinado herdeiro específico ou
a terceiros que não façam parte da sucessão hereditária.
Outro ponto de suma relevância para o planejamento sucessório é o fato de que os valores re-
cebidos a título de seguro de vida não respondem por eventuais dívidas do falecido, como ocorre
com os bens recebidos por herança (item 3.5). Assim sendo, o seguro de vida é uma ferramenta
altamente valiosa para o planejamento da sucessão de pessoas que tenham dívidas.
Ainda, sob a ótica fiscal, a opção por seguros de vida se mostra interessante em virtude da
isenção prevista para os valores recebidos a título de indenização.
5. ESTRUTURAS DE
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
5.1. Holding
5.1.1. Holding de participações
O termo holding tem origem no direito estrangeiro, especialmente o norte-americano. Aplicado
ao direito societário identifica uma sociedade que tem como objeto a participação em outras so-
ciedades, participando do capital destas em níveis suficientes para controlá-las. Mas a sociedade
holding também pode ter como escopo a titularidade e controle de determinado patrimônio, bens
ou direitos.
Usualmente o termo está associado a empresa controladora de um grupo de empresas que,
por meio da titularidade total ou parcial dos respectivos capitais sociais, exerce o efetivo poder de
controle do grupo, tomando decisões e determinando os rumos dos negócios de acordo com sua
vontade. Trata-se da holding de participações, também conhecida como holding pura.
Com a utilização de uma holding é possível efetivar e centralizar as decisões e a administração
das sociedades familiares bem como do respectivo patrimônio alocado. Com a criação de uma
holding de participações (ou holding pura) poderá se criar um ambiente familiar que permita a cen-
tralização do controle do grupo de empresas e que, ainda, possa ser utilizado como mecanismo
de ingresso de herdeiros na operação.
Por fim, podemos destacar também a possibilidade de utilização da holding de participações para
fins sucessórios através do ingresso de herdeiros em posições minoritárias que, porém, lhes per-
mitam dar continuidade aos negócios da família em caso de falecimento do sócio majoritário da
empresa. Para isto é necessário adotar algumas cautelas de cunho societário de forma a assegurar
a continuidade da gestão.
alíquota de 11,33% a 14,53%. Eventual opção pelo regime do Lucro Real deveria ser avaliada de
acordo com a relação de despesas incorridas pela holding imobiliária, pois neste a relação ‘receita/
despesas’ gera um impacto direto na carga tributária efetiva. O mais comum é que a holding imo-
biliária opte pelo regime do Lucro Presumido.
É importante destacar que a transmissão de propriedade de bens imóveis para uma holding imo-
biliária é operação tributável pelo Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis.
Sob a ótica sucessória, a holding imobiliária permite que os negócios da empresa não sejam afe-
tados diretamente pela morte de seu fundador, permitindo a continuidade dos negócios dentro da
normalidade enquanto realizado o procedimento de inventário.
No que diz respeito à partilha de bens, a utilização de uma holding imobiliária permite a unifica-
ção dos imóveis da família numa única unidade societária e possibilita que os herdeiros recebam
como herança o percentual de quotas sociais ou ações que lhes cabe por lei, permitindo uma
partilha mais simples e rápida do que uma partilha de bens imóveis.
• Os investidores podem trocar o gestor e/ou o administrador e/ou o custodiante, sem ter que
resgatar a carteira de investimentos do fundo.
Especificamente do ponto de vista sucessório, um investidor que queira definir como irá deixar
a herança no caso de sua morte, poderá doar em vida determinada quantidade de cotas para cada
herdeiro, com usufruto do investidor.
Exemplo
Suponha um fundo exclusivo fechado com 100 cotas, valendo R$ 500.000 cada. O Patrimônio
Líquido do fundo é, portanto, R$ 50 milhões. O investidor poderá doar em vida, por exemplo,
30 cotas para o herdeiro A, 30 para o herdeiro B e 40 para o herdeiro C, sempre respeitando
a legislação em vigor. O usufruto das cotas doadas é do investidor.
5.3. Exterior
5.3.1. Bens e direitos no exterior
Toda pessoa física pode ter bens e direitos no exterior, bastando para tanto possuir origem lícita
dos recursos utilizados em sua aquisição, movimentação oficial de tais recursos para a operação
de aquisição e, ainda, declarar tais bens e direitos à Secretaria da Receita Federal, através da De-
claração de Imposto de Renda, e ao Banco Central do Brasil, através da Declaração de Capitais
Brasileiros no Exterior caso estes bens e direitos sejam em valor superior a US$ 100.000,00.
O investimento direto na pessoa física não costuma se mostrar benéfico do ponto de vista tri-
butário pois não permite a compensação de perdas de determinado investimento com ganhos de
outro, sendo recomendável, neste sentido, a realização do investimento através de uma estrutura
jurídica no exterior, como empresa offshore ou fundo exclusivo, por exemplo.
Ainda no que diz respeito à titularidade de bens e direitos no exterior diretamente em nome da
pessoa física, há de se atentar para os custos sucessórios de cada jurisdição onde se localizem tais
bens e direitos, pois em caso de falecimento do titular, seus herdeiros terão que se submeter aos
custos locais relacionados à sucessão.
Para refletir
Um exemplo clássico de elevados custos de sucessão são os Estados Unidos da América, sendo
comum que os custos e impostos na sucessão atinjam percentuais elevados, chegando a 40%
do valor dos bens e direitos.
Para fins de proteção com relação a custos sucessórios é igualmente recomendada a utilização
de estruturas internacionais como meio de aquisição de bens e direitos, especialmente estruturas
offshore. Ainda, é importante que a empresa offshore esteja localizada numa jurisdição que não
imponha elevados custos sucessórios.
Estrutura offshore
Centralizando os ativos numa estrutura offshore a pessoa física passa a ser detentora de um
único tipo de ativo: as ações da empresa offshore. Assim sendo, em caso de falecimento,
somente será necessário inventariar as ações de acordo com os custos e legislação da jurisdição
onde a empresa encontra-se sediada. Os ativos, por sua vez, não se submeterão à sucessão,
pois continuarão de propriedade da empresa offshore.
5.3.2. Trust
Os trusts são uma figura comum no exterior, porém não possuem similar ou equivalente no
direito brasileiro, motivo pelo qual não é possível qualificá-los dentro das normas nacionais. Jus-
tamente por conta deste problema conceitual é que os trusts são utilizados unicamente para fins
de gestão de ativos no exterior.
Em termos conceituais, trata-se de uma instituição constituída por um instituidor (settlor) a
partir da transferência de determinado patrimônio para que o trust, através de seu administrador
nomeado (trustee), se encarregue da guarda e administração de tais bens, sempre no melhor inte-
resse do beneficiário indicado pelo fundador. A principal característica do trust é o fato de haver a
efetiva transmissão de propriedade dos bens do instituidor (settlor) ao trust.
Trust e patrimônio
TRUST: sujeitos envolvidos
Instituidor (settlor) – Cria o trust, transferindo parte ou todo o seu patrimônio para um
fiduciante (trustee).
Fiduciante (trustee) - Recebe a propriedade deste patrimônio e o administra em seu nome,
segundo as instruções fixadas pelo instituidor (settlor) e sempre em benefício e no melhor
interesse do beneficiário.
Fiduciário (beneficiary) – É o beneficiário do trust.
Pode existir, ainda, a figura do protector, indicado expressamente pelo instituidor, que terá
controle sobre o fiduciante (trustee), incluindo até poderes para destituí-lo e nomear outro.
O trust se forma com e após a manifestação expressa e formal de vontade do instituidor (settlor),
devendo nomear e identificar o fiduciante (trustee), devendo este formalizar também a sua aceita-
ção. Após a aceitação, é efetivada a transferência do patrimônio para a titularidade do fiduciante
(trustee), realizando, também, a devida identificação de todos os fiduciários (beneficiaries), planos
de sucessão e identificação da individualização da distribuição do patrimônio. Ainda, é possível
ser estabelecida uma forma de revogabilidade do trust, o que, ocorrendo, implicará no retorno dos
bens à esfera patrimonial do settlor.
O trust é comumente utilizado como forma de planejamento da sucessão no exterior, es-
tabelecendo-se as regras de administração do patrimônio em favor dos herdeiros em caso de
falecimento do settlor. Para isto, poderão ser previstas de antemão as regras de participação e
de distribuição em favor dos herdeiros, regras estas que deverão ser estritamente cumpridas
pelo trustee.
Além da finalidade sucessória os trusts podem ser utilizados para fins de proteção patrimonial e
até de planejamento tributário, a depender da jurisdição onde se localizem.
5.3.3. Fundações
Diferentemente dos trusts, as fundações possuem uma denominação legal no Brasil. De acordo
com o Código Civil, “para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se
quiser, a maneira de administrá-la”. Em outras palavras o conceito de fundação parte da alocação
de bens associada a uma determinada finalidade previamente definida.
Porém, em território nacional, as fundações somente poderão ser constituídas para as finalida-
des de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e con-
servação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa cientí-
fica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção
e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da
cidadania, da democracia e dos direitos humanos; e IX – atividades religiosas.
Já as fundações constituídas no exterior não encontram tais limitações com relação a seu obje-
to, motivo pelo qual podem ser utilizadas para finalidade sucessória, alocando-se o patrimônio e
definindo-se a finalidade da fundação a administração de tais bens em benefício do grupo familiar,
no caso de fundações puras, ou do grupo familiar e de terceiros indicados pelo fundador, no caso
de fundações mistas.
A administração da fundação caberá ao conselho de fundação, cujos membros serão indicados
pelo fundador, e aos quais competirá direcionar a administração da fundação dentro de suas fina-
lidades previamente determinadas em documento particular e sigiloso firmado entre o fundador
e o conselho. O estatuto da fundação, por sua vez, poderá definir a forma pela qual as determina-
ções do fundador poderão ser alteradas ou revogadas.
É possível, ainda, a nomeação de um protetor para fins de supervisionar as atividades do con-
selho da fundação ou para substituir seus membros em caso de falecimento do fundador sem que
este tenha indicado seu sucessor.
No caso das fundações, estas possuem personalidade jurídica própria. Assim, uma fundação
é uma universalidade de bens e direitos, distinta da dos fundadores, beneficiários e administra-
dores, instituída por escrito, seja por escritura pública ou testamento, podendo ter um ou mais
fundadores.
6. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
Com relação aos aspectos tributários da sucessão é necessário rememorar alguns conceitos
tributários relevantes.
Fato gerador: é o fato hipotético previsto em lei cuja ocorrência material enseja a obrigatorie-
dade do pagamento do tributo.
Exemplos
No caso do Imposto sobre a Renda – IR: auferir renda ou proventos de qualquer natureza.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA: ser proprietário de
veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU: ser proprietário de bem imóvel dentro
do perímetro urbano do município.
Base de cálculo: é o valor utilizado como base para o cálculo do valor do tributo. A base de
cálculo deve sempre estar relacionada ao fato gerador.
Exemplos
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, a base de cálculo é o valor da renda ou dos proventos
auferidos pelo contribuinte.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, a base de cálculo
corresponde ao valor do veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, a base de cálculo corresponde ao valor
venal do imóvel.
Alíquota: é o percentual aplicável sobre a base de cálculo para fins de determinação do valor
do tributo a ser pago. Corresponde à parcela da riqueza que deverá ser revertida ao Poder Público
a título de tributo. A alíquota deve ser multiplicada pela base de cálculo para fins de apuração do
tributo devido.
Exemplos
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, as alíquotas são progressivas, partindo de 0% (faixa
da isenção), passando pelos patamares de 7,5%, 15%, 22,5% e chegando à alíquota máxima
de 27,5%, no caso das pessoas físicas.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, a alíquota, no
Estado de São Paulo, é de 4%. Por se tratar de tributo de competência dos Estados e do
Distrito Federal, as alíquotas variam de acordo com o local de registro do veículo.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, a alíquota é de 1%, no Município de
São Paulo. Por se tratar de tributo de competência dos Municípios, as alíquotas variam de
acordo com o local do imóvel.
Sujeito ativo: ente público competente ao qual o tributo é destinado. Em outras palavras, o
sujeito ativo é o credor do tributo dentro da obrigação tributária.
Exemplos
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, o sujeito ativo do tributo é a União Federal.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, o sujeito ativo é o
Estado ou o Distrito Federal.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o sujeito ativo é o Município.
Sujeito passivo: é o contribuinte a quem compete pagar o tributo, em função de sua vincu-
lação com a ocorrência do fato gerador. O sujeito passivo corresponde ao devedor da obrigação
tributária.
Exemplos
No caso do Imposto sobre a Renda – IR, o sujeito passivo é a pessoa que tiver auferido renda.
No caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, o sujeito passivo é
o proprietário do veículo automotor.
No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o sujeito passivo é o proprietário do
imóvel urbano.
6.1. ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação
6.1.1. Competência
A competência para instituição e cobrança do ITCMD é dos Estados e Distrito Federal.
6.1.4. Alíquota
A alíquota é definida por cada um dos Estados e pelo Distrito Federal dentro de sua competên-
cia tributária, sendo porém limitada a uma alíquota máxima de 8% (oito por cento).
6.1.5. Contribuinte
Os contribuintes são, em geral, as pessoas que receberem os bens por doação, herança e legado,
sendo denominados pela legislação, respectivamente, de donatário, herdeiro e legatário. Porém, cada
Estado pode determinar que o contribuinte seja qualquer uma das partes da operação.
6.1.7. Isenções
As isenções do tributo variam de acordo com a legislação estadual editada por cada Estado da
Federação e Distrito Federal.
6.2.4. Alíquota
A alíquota é definida por cada um dos Municípios dentro de sua competência tributária.
6.2.5. Contribuinte
O contribuinte são os adquirentes dos bens ou direitos sobre imóveis que estejam sendo trans-
mitidos ou os cedentes de direitos relativos a compromissos de venda e compra de bens imóveis.
6.2.7. Isenções
As isenções do tributo variam de acordo com a legislação municipal editada por cada Município.
6.3.4. Alíquota
A alíquota será de 15% sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5.000.000,00; 17,5%
sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 5.000.000,00 e não ultrapassar R$ 10.000.000,00; 20%
sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 10.000.000,00 e não ultrapassar R$ 30.000.000,00; e
22,5% sobre a parcela dos ganhos que ultrapassar R$ 30.000.000,00.
6.3.5. Contribuinte
O contribuinte, no caso do IR na sucessão, será o espólio.
6.3.7. Isenções
No caso de alienação de bens imóveis, é possível aplicar um percentual de redução sobre o
ganho de capital obtido pela venda. Este percentual é aplicado sobre o ganho de capital, determi-
nando qual parcela do ganho será isenta de imposto de renda, e sobre qual parcela incidirá o im-
posto de renda. Em síntese, quanto maior for o período em que o alienante deteve a propriedade
do bem, maior será o percentual de redução.
No caso de alienação de bens imóveis adquiridos até 1969, o alienante usufruirá de um percen-
tual de redução do ganho de capital de 100% (cem por cento), zerando o lucro tributável.
Para imóveis adquiridos pelo alienante entre os anos de 1970 e 1988 o percentual de redução
de ganho de capital seguirá a tabela regressiva abaixo, devendo ser pago o IRPF sobre o saldo de
ganho de capital após a aplicação do coeficiente de redução.
A legislação prevê ainda a aplicação de outros percentuais de redução para imóveis adquiridos
a partir de 1988, através da aplicação de fórmulas matemáticas que levam em consideração o nú-
mero de meses decorridos entre a data de aquisição e a data da venda do imóvel.
O aplicativo GCAP, disponibilizado para download no site da Receita Federal, aplica os percen-
tuais de redução automaticamente.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Planejamento sucessório
1. Roberta e Camilo são casados em co- A. O apartamento que Camilo tenha ad-
munhão parcial de bens. É correto afir- quirido por herança durante o casa-
mar que: mento, comunica-se com a esposa, a
qual adquire o direito à meação.
B. O veículo que Camilo tenha adquirido
durante o casamento, em função de
doação de seu melhor amigo, comuni-
ca-se com a esposa, a qual adquire o
direito à meação.
C. Mesmo na constância do matrimônio,
não se comunicam as rendas de caráter
salarial, ou seja, tais valores não ense-
jam direito à meação.
D. Caso Camilo tenha adquirido um
apartamento antes do matrimônio, tal
patrimônio será exclusivamente seu,
não gerando direito à meação para a
esposa.
10. Mario faleceu hoje. Ele era solteiro, sem A. O sobrinho herdará todo o patrimônio,
descendentes nem ascendentes. Sua úni- por direito de representação da irmã
ca família era um sobrinho, filho de uma falecida.
irmã, também falecida. Mario tinha um B. O patrimônio será considerado herança
patrimônio de R$ 2.000.000,00. É correto jacente, pois não existem herdeiros ne-
afirmar que: cessários.
C. O patrimônio deveria ser transmitido
para a irmã, entretanto como ela já é
falecida e não há direito de representa-
ção de sobrinhos, o patrimônio passa a
ser do Estado.
D. O patrimônio passará a ser 50% do so-
brinho, por direito de representação da
irmã falecida, e 50% do Estado.
RESUMO
Requisitos Legais
Comunicabilidade
Antes de se discutir os regimes de casamento é importante conhecer o conceito de comunica-
bilidade de bens, que é a forma de se gerar bens comuns, independentemente de qual deles tenha
adquirido o bem. Os bens comunicáveis são aqueles que formam propriedade conjunta. Os bens
incomunicáveis são aqueles que não formam propriedade conjunta, permanecendo sempre na
esfera patrimonial particular do cônjuge que o tenha adquirido.
Comunhão
A consequência da comunicabilidade de bens é o surgimento da comunhão. A comunhão é o
conjunto de bens e direitos, bem como de dívidas e obrigações, que são de propriedade conjunta
de ambos os cônjuges em igualdade de proporções.
Nesse cenário surgem os regimes de bens para disciplinar de que maneira os cônjuges poderão
ou não gerar propriedade comum (comunhão).
O Código Civil Brasileiro prevê 4 regimes de bens, quais sejam:
pacto antenupcial (separação convencional) ou, ainda, pode ser obrigatório por lei em determina-
das hipóteses previstas no Código Civil (por exemplo, pessoa maior de 70 anos).
Pacto Antenupcial
É importante destacar que a escolha por um regime de bens diferente da comunhão parcial
de bens depende obrigatoriamente da lavratura de escritura pública de pacto antenupcial. Não se
admite nenhum tipo de pacto antenupcial por instrumento particular.
União Estável
É a convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituir família.
Convivência Pública: para a caracterização da união estável é necessário que os compa-
nheiros possuam uma convivência pública, ou seja, que se apresentem à sociedade efetivamente
como um casal.
Contínua: o Código Civil instituiu a necessidade de que a convivência pública dos companhei-
ros ocorra de forma contínua.
Duradoura: é necessário que a convivência pública, além de contínua, seja duradoura. Porém,
o Código Civil não estipula nenhum prazo específico para que a convivência seja considerada
duradoura, prestigiando-se mais a dinâmica da relação do que o lapso temporal em si.
Com intuito de constituir família: a união estável requer a caracterização do intuito de consti-
tuir família, o que se entende como o estabelecimento de uma dinâmica de relacionamento asseme-
lhada ao casamento, incluindo deveres de lealdade e fidelidade, bem como sendo possível constatar
a mútua assistência, respeito e consideração mútuos e a vida em comum no domicílio do casal.
Os regimes de bens aplicáveis à união estável são os mesmos aplicáveis ao casamento.
Doação Universal
A disposição de bens em vida é uma prerrogativa de qualquer pessoa. Porém por lei não é pos-
sível a realização da chamada doação universal, ou seja, a doação de todos os bens que a pessoa
possua. Esta regra visa garantir que o doador mantenha para si ao menos recursos mínimos de
subsistência, não podendo se desfazer de todo seu patrimônio e rendas. Ainda, há também restri-
ções à doação em vida de bens que representem mais da metade do patrimônio do doador quando
houver herdeiros necessários.
Legítima
A legítima representa um direito dos herdeiros necessários ao recebimento de, ao menos, me-
tade dos bens.
Herdeiros necessários
Os herdeiros necessários são:
a) os descendentes vivos (filhos, netos, bisnetos etc.);
b) os ascendentes vivos (pais, avós, bisavós etc.);
c) o cônjuge ou o companheiro.
Existindo herdeiros necessários, a totalidade do patrimônio da pessoa viva (100%) poderá ser
dividida em duas parcelas: a) legítima (50%) que corresponde à parcela mínima obrigatória de titu-
laridade dos herdeiros; e b) disponível (50%) que corresponde à metade dos bens com relação aos
quais a pessoa viva tem plena liberalidade, seja para doar, seja para direcionar a terceiros através
de testamento.
1. Descendentes + Cônjuge
Todos os descendentes são considerados herdeiros necessários (filhos, netos, bisnetos etc.) e,
existindo descendentes, toda a herança será distribuída na categoria “descendentes + cônjuge”,
não sendo contemplados de nenhuma forma os ascendentes e os colaterais.
Direito de Representação
É o direito que os descendentes do descendente premorto (já falecido na abertura da sucessão)
têm de receber a herança de seu falecido ascendente (por exemplo, direito que os netos têm de
receber a herança do avô no lugar de seu falecido pai).
2. Ascendentes + Cônjuge
Na ausência de descendentes, a herança será direcionada aos ascendentes (pais, avós, bisavós
etc.) em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
Todos os ascendentes são considerados herdeiros necessários e, na ausência de descendentes,
toda a herança será distribuída na categoria “ascendentes + cônjuge”, não sendo contemplados
de nenhuma forma os colaterais.
3. Cônjuge
Na ausência de descendentes e ascendentes, a herança será integralmente concedida ao cônjuge
sobrevivente. Todas as regras sucessórias aplicáveis ao cônjuge se aplicam também ao companhei-
ro na união estável, não havendo diferenciação de direitos entre ambos.
Inventário e Partilha
O inventário é o procedimento pelo qual os bens do falecido são identificados, consolidados
e partilhados entre seus herdeiros. Como resultado deste procedimento é emitido um Formal de
Partilha que é o documento que autoriza a transmissão de propriedade dos bens aos herdeiros na
forma determinada no inventário.
No que diz respeito à existência de menores de idade ou de pessoas incapazes, tem-se que a
obrigatoriedade do inventário judicial, decorre da necessidade de intervenção do Ministério Pú-
blico na partilha para verificação de se os interesses do menos ou do incapaz estão sendo devida-
mente resguardados.
Inalienabilidade
Consiste na proibição de alienação, a qualquer título, do bem doado. Com isto, o recebedor da
doação (donatário) fica impedido de se desfazer do bem. É comum o uso de cláusula de inalie-
nabilidade na doação de bens a pessoas que costumem se endividar ou que possuam histórico de
dilapidação de patrimônio. Na doação de pais para filhos, a cláusula vitalícia de inalienabilidade
também garante que o bem doado chegue aos netos, pois o pai não poderá dele se desfazer.
Impenhorabilidade
Impede que credores do recebedor da doação (donatário) possam atingir o bem doado em
virtude de dívidas que o donatário possua e que estejam em execução judicial. É comum o uso de
cláusula de impenhorabilidade na doação de bens a pessoas que costumem se endividar e costu-
mem ter problemas de crédito.
Incomunicabilidade
A cláusula de incomunicabilidade impede que sobre o bem doado se gere comunhão. Ao es-
tabelecer esta cláusula o doador garante que sobre o bem não recaiam direitos matrimoniais de
cônjuges e companheiros, independentemente do regime de bens adotado pelo casal.
Usufruto
O usufruto constitui-se da manutenção do direito de usar e de fruir (colher frutos) de deter-
minado bem mesmo sem possuir a condição de proprietário. Em termos de planejamento su-
cessório, a doação com usufruto é comumente utilizada para a transferência da propriedade aos
herdeiros, ainda em vida, porém com o resguardo integral do uso do bem e da percepção de seus
frutos. Exemplo: doação de bem imóvel em favor de herdeiros.
A partir da realização da doação com cláusula de usufruto, os herdeiros passarão a ser os pro-
prietários do imóvel. Porém, por força do usufruto, será o doador o único que poderá usar o bem
(uso) ou eventualmente alugá-lo para gerar receita (fruição).
Testamento
O testamento é a forma de dispor sobre a parte disponível do patrimônio, devendo ser sempre
respeitada e resguardada a parcela legítima quando constatada a existência de herdeiros neces-
sários. A utilização do testamento pode auxiliar em muito o planejamento sucessório, inclusive
servindo com ferramenta para distribuição de bens de acordo com o perfil de cada herdeiro ou,
ainda, de estipulação de condição mais vantajosa para determinado herdeiro. A presença e asses-
soria de advogado é obrigatória para a lavratura do testamento.
Os testamentos, podem ser ordinários ou especiais.
Os testamentos ordinários são o testamento Público, o testamento Cerrado e o testamento
Particular.
Testamento Público
É aquele feito por tabelião através de lavratura de escritura em cartório. É o testamento mais utiliza-
do e o mais eficiente, pois o ato público se reveste de uma série de formalidades e possui fé pública. As
boas práticas de planejamento sucessório recomendam sempre a utilização deste tipo de testamento.
Testamento Particular
É aquele feito por documento particular e que pode ser escrito de próprio punho ou por
processo mecânico, tendo como condição de validade a assinatura do documento por três teste-
munhas. Se escrito por processo mecânico, não poderá conter rasuras nem espaços em branco.
Com a morte do testador, o testamento deverá ser publicado em juízo, com citação dos herdeiros
legítimos para se manifestarem e apresentarem eventual impugnação.
Testamento Cerrado
É elaborado pelo testador, cuja validade, porém, dependerá de aprovação por parte do tabelião
na presença de duas testemunhas. Aprovado o testamento, o tabelião passará a fechar e coser o
documento, entregando-o ao testador e fazendo registro do ato no livro do cartório. Falecendo
o testador, o testamento deverá ser apresentado ao juiz que o abrirá e o fará registrar, ordenando
seja cumprido, desde que não encontre vício externo que o torne nulo ou suspeito de falsidade.
Testamenteiro
É a pessoa responsável pela execução das disposições constantes no testamento. O testamen-
teiro (responsável pela execução do testamento) não se confunde com a figura do inventariante
(responsável pela execução do inventário).
Herdeiro Menor
Existindo herdeiro menor, os bens recebidos em decorrência da sucessão ficarão sob a gestão
do tutor legal, normalmente os ascendentes diretos (pai e mãe).
Holding Imobiliária
É, na prática, uma empresa destinada à alocação de ativos imobiliários do grupo familiar na
qual será centralizada a gestão do patrimônio e unificadas as atividades a ele relativas. Uma das
vantagens mais comuns para as holdings imobiliárias é a possibilidade de planejamento tributário
para fins de redução da carga tributária incidente sobre a locação de bens imóveis, quando com-
parada com a tributação que ocorre com as pessoas físicas.
No que diz respeito à partilha de bens, a utilização de uma holding imobiliária permite a unifica-
ção dos imóveis da família numa única unidade societária e possibilita que os herdeiros recebam
como herança o percentual de quotas sociais ou ações que lhes cabe por lei, permitindo uma
partilha mais simples e rápida do que uma partilha de bens imóveis.
Holding Patrimonial
A holding patrimonial é uma estrutura semelhante a holding imobiliária, porém destinada a cen-
tralizar a gestão de uma gama maior de ativos, imobiliários ou não. As vantagens de sua utilização
equiparam-se às da holding imobiliária.
Fundos Fechados
Uma estrutura bastante comum para planejamento sucessório é a criação de um fundo fechado
exclusivo ou restrito, com CNPJ próprio, que apresenta algumas vantagens sobre aplicar direta-
mente como pessoa física:
• Não há incidência de IR sobre ganho de capital para movimentações dentro do fundo.
• Ganhos em ativos do fundo são compensados para efeito de IR por eventuais prejuízos de ou-
tros ativos do fundo.
• O fundo, por ter um único valor de cota, facilita o acompanhamento da rentabilidade e do valor
investido.
• Os investidores podem trocar o gestor e/ou o administrador e/ou o custodiante, sem ter que
resgatar a carteira de investimentos do fundo.
Especificamente do ponto de vista sucessório, um investidor que queira definir como irá deixar
a herança no caso de sua morte, poderá doar em vida determinada quantidade de cotas para cada
herdeiro, com usufruto do investidor.
pessoa física, há de se atentar para os custos sucessórios de cada jurisdição onde se localizem tais
bens e direitos, pois em caso de falecimento do titular, seus herdeiros terão que se submeter aos
custos locais relacionados à sucessão.
Centralizando os ativos numa estrutura offshore a pessoa física passa a ser detentora de um
único tipo de ativo: as ações da empresa offshore. Assim sendo, em caso de falecimento, somente
será necessário inventariar as ações de acordo com os custos e legislação da jurisdição onde a em-
presa encontra-se sediada. Os ativos, por sua vez, não se submeterão à sucessão pois continuarão
de propriedade da empresa offshore.
Trust
Trata-se de uma instituição constituída por um instituidor (settlor) a partir da transferência de
determinado patrimônio para que o trust, através de seu administrador nomeado (trustee), se encar-
regue da guarda e administração de tais bens sempre no melhor interesse do beneficiário indicado
pelo fundador. A principal característica do trust é o fato de haver a efetiva transmissão de pro-
priedade dos bens do instituidor (settlor) ao trust.
TRUST: Sujeitos envolvidos
Instituidor (settlor) - Cria o trust, transferindo parte ou todo o seu patrimônio para um fiduciante
(trustee).
Fiduciante (trustee) - Recebe a propriedade deste patrimônio e o administra em seu nome, se-
gundo as instruções fixadas pelo instituidor (settlor) e sempre em benefício e no melhor interesse
do beneficiário.
Fiduciário (beneficiary) - É o beneficiário do trust
Pode existir, ainda, a figura do protector, indicado expressamente pelo instituidor, que terá con-
trole sobre o fiduciante (trustee), incluindo até poderes para destitui-lo e nomear outro.
Além da finalidade sucessória os trusts podem ser utilizados para fins de proteção patrimonial e
até de planejamento tributário, a depender da jurisdição onde se localizem.
Fundações
Diferentemente dos trusts, as fundações possuem uma denominação legal no Brasil. De acordo
com o Código Civil, “para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se
quiser, a maneira de administrá-la”. Em outras palavras o conceito de fundação parte da alocação
de bens associada a uma determinada finalidade previamente definida.
No Brasil as fundações somente poderão ser constituídas para as finalidades de:
I. Assistência social;
II. Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III. Educação;
IV. Saúde;
V. Segurança alimentar e nutricional;
VI. Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sus-
tentável;
VII. Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas
de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
IR - Imposto de Renda
• A competência para instituição e cobrança do IR é da União Federal;
• O fato gerador, no caso das sucessões, é o acréscimo patrimonial implementado através de ga-
nho de capital realizado pelo espólio, uma vez que para os herdeiros a herança é isenta do IR;
• A base de cálculo do IR no caso de sucessão corresponde à diferença positiva entre o valor pre-
viamente declarado pelo sucedido em sua Declaração de IR (valor de aquisição) e o valor pelo
qual for feita a transmissão por ocasião do falecimento (valor de alienação);
• A alíquota será de 15% sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5.000.000,00; 17,5%
sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 5.000.000,00 e não ultrapassar R$ 10.000.000,00; 20%
sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 10.000.000,00 e não ultrapassar R$ 30.000.000,00; e
22,5% sobre a parcela dos ganhos que ultrapassar R$ 30.000.000,00;
• O contribuinte, no caso do IR na sucessão, será o espólio;
• O vencimento do IR no caso de sucessão ocorre por ocasião da entrega da Declaração Final de
Espólio;
• É isento do IR o ganho de capital auferido na alienação de bens adquiridos até o ano de 1969.
Para os imóveis adquiridos entre 1970 e 1988 haverá uma redução parcial do ganho de capi-
tal conforme percentuais definidos em tabela específica da Receita Federal. A legislação prevê
ainda a aplicação de outros percentuais de redução para imóveis adquiridos a partir de 1988,
através da aplicação de fórmulas matemáticas que levam em consideração o número de meses
decorridos entre a data de aquisição e a data da venda do imóvel.
GLOSSÁRIO
Bens aquestos - São aqueles que forem adquiridos por esforço comum de ambos os
cônjuges.
Cláusulas restritivas - Restrições que o doador pode impor com relação aos bens objeto de
doação. São elas: a) inalienabilidade; b) impenhorabilidade; e c) incomunicabilidade.
Colação - Dever imposto aos herdeiros de declararem por ocasião do inventário o valor dos
bens recebidos em vida por doação do falecido que tenham representado antecipação de legítima.
Colaterais - Parentes que não possuem vínculo em linha reta descendente ou ascendente, mas
que possuem um parente em linha reta em comum com o falecido.
Comunhão - Conjunto de bens e direitos, bem como de dívidas e obrigações, que são de pro-
priedade conjunta de ambos os cônjuges em igualdade de proporções.
Comunhão parcial de bens - Regime pelo qual apenas os bens adquiridos onerosamente após
o casamento se comunicam.
Comunhão universal de bens - Regime pelo qual todos os bens, anteriores e posteriores ao
casamento são de propriedade conjunta.
Comunicabilidade - É a forma de se gerar bens comuns, ou seja, patrimônio de ambos os
cônjuges, independentemente de qual deles tenha adquirido o bem.
Direito de representação - É o direito que os descendentes do herdeiro premorto têm de
receber a herança de seu falecido ascendente em determinadas situações.
Doação - A doação é o ato pelo qual alguém, de forma gratuita e sem contrapartida, estipula a
transferência de seu patrimônio em favor de outra pessoa.
Doação com encargo, termo e condição - Doação com Encargo: tipo de doação feita em
favor de pessoas maiores e capazes, na qual o doador estabelece a obrigação de realização de de-
terminada tarefa (“encargo”). Doação a Termo: doação condicionada à ocorrência de um evento
futuro e certo. Doação com Condição: doação condicionada à ocorrência de um evento futuro,
porém incerto.
Doador e Donatário - Doador é aquele que realiza a doação, ou seja, quem transmite pa-
trimônio a terceiros. Donatário é o destinatário da doação, ou seja, quem recebe patrimônio de
terceiros.
Espólio - Conjunto de bens, direitos e obrigações deixados pelo falecido.
Separação total de bens - Regime pelo qual os bens permanecem sob a administração de
quem adquiriu ou recebeu e, portanto, não se comunicam.
União estável - Convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituir
família.
Usufruto - Manutenção do direito de usar e de fruir (colher frutos) de determinado bem mes-
mo sem possuir a condição de proprietário.
Testamento - Ato personalíssimo de caráter revogável que permite ao testador dispor sobre a
parte disponível do patrimônio, devendo ser respeitada e resguardada a parcela legítima no caso
de existência de herdeiros necessários.
Testamento cerrado - Elaborado pelo testador, cuja validade depende de aprovação por parte
do tabelião na presença de duas testemunhas. Aprovado o testamento, o tabelião passará a fechar
e coser (lacrar) o documento, entregando-o ao testador e fazendo registro do ato no livro do
cartório.
Testamento particular - É aquele feito por documento particular tendo como condição de
validade a assinatura do documento por três testemunhas.
Testamento público - É aquele feito por tabelião através de lavratura de escritura em cartório.
Testamenteiro - Responsável pela execução das disposições constantes no testamento.
Trust - Instituição constituída por um instituidor (settlor) a partir da transferência de determi-
nado patrimônio para que o trust, através de seu administrador nomeado (trustee), se encarregue
da guarda e administração de tais bens sempre no melhor interesse do beneficiário indicado
pelo fundador.
ANOTAÇÕES