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AULA 5

CONTROLADORIA

Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos


Com o decorrer dos anos, manter um negócio vem se tornando mais difícil.
O grande número de empresas no mercado faz com que haja uma grande
dificuldade em manter-se “vivo”, e, assim, apresentar diferenciais estratégicos é
vital. A instabilidade dos mercados financeiros fez surgir, principalmente nas
últimas décadas, a necessidade tática de as empresas planejarem
antecipadamente seus negócios, como forma de melhorar o seu processo
decisório (Figueiredo; Chedid; Machado Neto, 2010).
Você certamente já teve a necessidade de realizar um planejamento, seja
em seu local de trabalho ou até mesmo em sua vida pessoal. Comprar uma casa,
um veículo ou qualquer outro bem de valor mais elevado exige, de cada um,
planejamento. É preciso saber em quanto tempo e de que forma pode-se adquirir
aquilo que planeja.
Nesse contexto, fica claro que o planejamento é essencial para atingir
algum objetivo. Nas empresas, ele é ainda mais importante, pois é necessário ter
uma prospecção de quantas operações serão realizadas durante uma semana,
um mês ou um ano. Quantas de compras será preciso fazer? Quanto de venda
será realizado? Para isso há o planejamento!
Ressaltamos que o planejamento não é uma previsão exata, pois o futuro
é incerto, e, em um mercado cheio de instabilidades, ter a certeza de situações
futuras é quase impossível, mas o planejamento auxilia a empresa a agir da
maneira correta nas mais diversas situações.
Nesta aula, você vai aprender sobre o planejamento e seus benefícios para
as empresas e as técnicas de orçamento empresarial. Com isso, você perceberá
a importância do planejamento e a necessidade do orçamento para traduzir em
números os esforços exigidos para se alcançar os objetivos.
Lunkes (2003) contribui afirmando que a necessidade de orçar é tão antiga
quanto a humanidade, uma vez que os homens das cavernas precisavam prever
a necessidade de comida para os longos invernos e para isso desenvolveram
práticas antigas de orçamento. Dessa forma, fica claro que, seja no âmbito
biológico ou empresarial, planejar e orçar são questão de sobrevivência.

Saiba mais
Quer aprender como elaborar um planejamento empresarial? Assista a:
Planejamento empresarial em 5 passos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=ltSkX42L3tA>. Acesso em: 7 jul. 2019.

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TEMA 1 – PLANEJAMENTO E TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO

1.1 Planejamento

O planejamento fornece as diretrizes e as orientações que guiam as ações


da entidade em direção a seus propósitos e suas metas. Ele é responsável pela
determinação dos objetivos a serem perseguidos durante todo o processo de
gestão (Lunkes; Schnorrenberger, 2009).
Planejar tornou-se um meio necessário de sobrevivência para as
empresas. Dado o número elevado de concorrentes e com clientes cada vez mais
criteriosos, as empresas necessitam saber como se portar no futuro. Assim surge
o planejamento, que deve ser elaborado de maneira transparente, compreensível
e cuidadosa (Figueiredo; Chedid; Machado Neto, 2010).
A complexidade para a elaboração de um planejamento não pode ser vista
como um obstáculo pelos gestores, pois o objetivo do planejamento não é prever
o que vai acontecer no futuro, dado que, devido às várias instabilidades do
mercado, isso seria impossível. O planejamento vem para indicar aos gestores o
modo como a empresa deverá se comportar frente aos vários cenários possíveis
(Figueiredo; Chedid; Machado Neto, 2010).
Um bom planejamento pode inibir inúmeras decisões erradas, tais como as
listadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Lista de decisões

Decisões Descrição
Para atingir metas corporativas e crescer, é necessário
identificar oportunidades. Geralmente, elas têm uma janela
de tempo dentro da qual podem ser alcançadas. Sem
Perda de
planejamento, corre-se o risco de perder os prazos para
oportunidades
o envio de um pedido, coordenar um esforço de
marketing ou realizar um evento que pode ser crucial
para o negócio.
Uma ótima ideia é inútil sem os recursos necessários para
Alocação
executá-la. Para qualquer projeto, de curto ou longo prazo, é
inadequada
necessário identificar quais e quantos recursos são
de recursos
necessários. Atribuí-los corretamente e na quantidade certa

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é praticamente impossível sem planejamento. Se não houver
organização, é impossível considerar todos os cenários,
incluindo situações de emergência.
Ser eficiente é um objetivo de toda empresa, mas isso não
acontece sem um planejamento adequado. A eficiência é
obtida analisando os processos e decidindo quais etapas
Pouca ou são desnecessárias ou redundantes. Quando os
nenhuma processos não são estabelecidos, cada indivíduo fará as
eficiência coisas da maneira que entender melhor. Sem um plano ou
protocolo a seguir, os funcionários ficarão desorientados e
perderão um tempo precioso que poderia ser usado para
salvar vidas ou restaurar a operação o mais rápido possível.
Na ausência de um plano de ação para atingir as metas
estabelecidas, os funcionários não saberão como atribuir
valor ou importância às suas tarefas. Eles não saberão como
contribuir, com seu trabalho, para a visão e a missão do
Violação de
negócio. Para atender consistentemente às metas
metas
corporativas, é necessário que os funcionários tenham
um endereço claro e conciso. Esse endereço não deve se
limitar a grandes projetos. É conveniente dividir as metas por
departamento e por projeto, para facilitar o cumprimento.
Um ambiente de trabalho em que os funcionários não são
claros sobre o curso de ação não produz os resultados
desejados. Deve sempre haver um protocolo, que todos os
funcionários conheçam, e uma pessoa responsável por impor
Incerteza de
o protocolo, caso contrário cria-se uma atmosfera de
custos
incerteza e caos que afeta negativamente o desempenho dos
funcionários e, consequentemente, da empresa. Sem
planejamento, é típico ver esse cenário em situações de
emergência.
Para ter uma estratégia sólida e permanecer competitivo, é
necessário planejamento e organização. Coletar os dados
Desvantagem
leva tempo; analisá-los, também. Lembre-se que
competitiva
conhecimento é poder. Quando o empresário tem dados
sobre o mercado e conhece seus clientes, obtém vantagens

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competitivas que o manterão no topo. Nada disso acontece
por acaso ou chega inesperadamente. Por isso é
necessário sempre analisar os processos e protocolos
existentes na sua empresa; avaliar a exposição da empresa
a riscos internos e externos; considerar todos os cenários
possíveis e planejar o curso de ação a ser tomado em cada
um deles; revisar os processos da empresa periodicamente e
ajustá-los conforme necessário.

Conhecidas algumas desvantagens da falta de planejamento, confirma-se a


importância da sua elaboração, a qual pode ser subdividida em três níveis
(estratégico, tático e operacional) e atender diferentes características: horizonte de
tempo, objetivos ou metas, variáveis e alternativas, e outras características
específicas.

Quadro 2 – Níveis de planejamento

Nivel estratégico Nível tático Nível operacional


Horizonte de tempo
Longo prazo. De cinco Médio prazo. De um a Curto prazo. Geralmente
ou mais anos. cinco anos. um ano ou menos.
Objetivos ou metas
• Qualitativos. • Quali e quantitativos. • Quantitativos.
• Potenciais de sucesso. • Objetivos de produto. • Objetivos de vendas e
• Parâmetros de lucro. • Capacidade de produção.
pagamento. • Lucro por produto.
Variáveis e alternativas
• Estratégias para • Programa de • Planos de vendas,
produtos e marketing. produção quanti e produção, compra de
• Atividade de negócio. qualitativo matérias-primas.
• Posicionamento • Projetos de • Planos de
estratégico. investimento e desenvolvimento das
programas de atividades.
financiamento. • Planejamento da
• Desenvolvimento de capacidade e
pessoal utilização de pessoal.

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Características específicas
• Relativo à organização • Relativo à função • Relativo à execução.
como um todo. • Orienta o • Define operações do
• Define para onde a planejamento dia a dia.
organização vai. operacional. • Avalia o desempenho
• Avalia o ambiente • Avalia o desempenho de unidade de
esperado de gerentes. responsabilidade
• Desenvolve • Define metas para específica.
estratégias para alcançar os objetivos • Desenvolve metas
alcançar os objetivos pretendidos visando alcançar os
pretendidos. objetivos pretendidos.
Fonte: Adaptado de O’Brien, 2002.

Portanto, verifica-se que o planejamento se refere à determinação do que a


empresa precisará fazer hoje para que no futuro consiga chegar às metas e aos
objetivos propostos atualmente, baseando as perspectivas futuras nos dados
passados, com base nos recursos humanos e financeiros que tem.

1.2 Técnicas de elaboração do orçamento

O orçamento empresarial é uma das principais ferramentas da organização


para alinhar seus objetivos financeiros e operacionais. Ele envolve a integração
de todas as áreas, tais como vendas, produção, dos custos de produção, das
despesas operacionais, de investimentos e de caixa (Figueiredo; Chedid;
Machado Neto, 2010).
O orçamento constitui uma ferramenta de grande relevância do
planejamento e do controle empresarial. Ele estabelece com antecedência as
ações a serem realizadas e os recursos que serão empregados, isto é, a empresa
mensura o quanto terá de produzir para atingir a receita proposta e a partir daí
tem que analisar quais recursos vai disponibilizar para que consiga produzir o
almejado. Assim, a empresa saberá antes de a produção acontecer quanto vai
gastar com mão de obra, matéria-prima, entre outros custos e despesas que
poderão ser envolvidos no processo (Maia et al., 2009).
O orçamento traduz o planejamento e o controle em algo mais estruturado
e palpável no processo de administração. Sua utilização é um dos principais
instrumentos de execução do planejamento estratégico e do controle das

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operações. Nele, as empresas encontram o caminho para programar,
acompanhar, estimular e controlar suas estratégias e operações.
Em síntese, no planejamento a empresa traça as metas almejadas de
forma qualitativa. O orçamento tem o papel de quantificar, ou seja, as metas
traçadas serão traduzidas em números, possibilitando aos gestores uma visão
mais clara dos passos a serem tomados dentro da empresa. O gestor saberá
quanto vai desembolsar para atingir os objetivos, e isso contribui para que não
haja frustrações financeiras (Maia et al., 2009).
O processo de definição do orçamento é crucial para um controle
orçamentário efetivo, e os orçamentos devem refletir com precisão os serviços
fornecidos. Existem várias técnicas de definição de orçamento que podem ser
usadas independentemente ou em combinação, dependendo do tipo de orçamento
implementado.
Lunkes (2008) apresenta um diagrama-resumo com a cronologia dos
orçamentos, iniciando a partir do orçamento empresarial em 1919 até o mais atual,
o advanced budgeting. Vale salientar que a apresentação destaca uma escala
evolutiva desses modelos à medida que a sociedade também passou a demandar
novas informações, apresentou novas oportunidades e desafios para o processo
orçamentário.

Figura 2 – Do orçamento empresarial ao advanced budgeting

Fonte: Adaptado de Lunkes, 2008, p. 39.

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A elaboração do orçamento no setor privado começou no ano de 1919, nas
grandes empresas, possuidoras de uma estrutura burocrática e com
descentralização de poder. A cada momento histórico, esse instrumento de controle
foi mudando de roupagem, e, desse modo, o orçamento contínuo foi um
aperfeiçoamento do orçamento tradicional, pois trabalha com um horizonte fixo de
tempo e, por ser flexível, pode ser revisado várias vezes se necessário (Lunkes,
2008).
Mais ou menos na década de 1970, surgiu o orçamento base zero, isto é,
para cada ano, o orçamento é feito de acordo com as demandas da organização,
sem considerar os orçamentos anteriores (Lunkes, 2008). Ele é criado devido às
necessidades atuais das unidades de uma organização, não do seu histórico
orçamentário.
Na mesma década, o orçamento flexível foi sistematizado, e nesse tipo os
ajustes no orçamento são feitos de acordo com as mudanças no volume das
atividades da empresa (Lunkes, 2008). Nesse modelo, os custos fixos e variáveis
são separados, objetivando facilitar ajustes no orçamento, para o alcance de
determinado nível de atividade (Lunkes, 2008).
Na década de 1980, foi desenvolvido o orçamento baseado em atividades,
um plano quantitativo e financeiro que direciona a empresa a focalizar atividades e
recursos visando atingir objetivos estratégicos (Lunkes, 2008). A partir da década
de 1990, destacaram-se os modelos do orçamento estratégico beyond budgeting
e, mais recentemente, advanced budgeting (Lunkes, 2008).
As técnicas de orçamento devem ser continuadamente melhoradas e
adaptadas à realidade das organizações. A limitação da técnica está na
inexistência de um modelo pronto e adaptável para cada empresa, assim a
evolução constante deve ser incentivada, tanto da técnica como da educação
orçamentária organizacional (Ferreira; Diehl, 2012).

TEMA 2 – LIMITAÇÕES DO ORÇAMENTO

O orçamento traz às empresas grandes benefícios. Ele atua como uma


prática do planejamento e, portanto, pode auxiliar as empresas no alcance de seus
objetivos. Todavia, também pode gerar algumas limitações, como as destacadas
por Hope e Fraser (2003):

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• O processo orçamentário começa pelo menos quatro meses antes do início
do ano fiscal, ou seja, é demorado e com ênfase em curto prazo,
geralmente um ano;
• Apesar da capacidade dos computadores de trabalhar os números, o
processo orçamentário continua sendo demorado e oneroso;
• O orçamento vislumbra uma “linha de chegada” fixa no fim do ano fiscal,
quando lucros, custos e outros elementos são medidos em relação às
metas do orçamento, àquela altura, ultrapassadas;
• Orçamentos e mesmo atualizações de orçamentos convencionais
envolvem recompilações detalhadas de dados e exigem vários escalões de
aprovação; e
• O uso do orçamento, em casos extremos, no intuito de alcançar melhor
desempenho, pode levar ao colapso da ética corporativa.

Na mesma linha, Lunkes (2008) destaca as seguintes razões pelas quais


os orçamentos tornaram-se barreiras para o desenvolvimento da empresa:

• Inflexibilidade do processo orçamentário, uma vez aprovado não permite


alterações no decorrer do período;
• Tempo de execução e elaboração muito longo, levando em algumas
organizações uma média de 110 dias;
• Condicionado às forças de poder da organização, pois permite que os
colaboradores briguem por recursos;
• Ações e reações indesejadas, levando inclusive os colaboradores a
atitudes antiéticas.

Porém, há também os benefícios para as empresas que adotam o


orçamento, tais como os colocados por Noreen e Garrison (2001):

• Os orçamentos fornecem um meio de transmitir os planos da administração


a toda organização;
• O processo orçamentário proporciona um meio de alocação dos recursos
às partes da organização em que eles podem ser empregados de maneira
mais eficaz;
• Os orçamentos coordenam as atividades de toda a organização, por meio
da integração dos planos das diversas partes. A elaboração do orçamento
ajuda a assegurar que todos na organização estão trabalhando na mesma
direção;
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• Os orçamentos definem as metas e os objetivos que podem servir de níveis
de referência para a subsequente avaliação de desempenho.

Nota-se que o orçamento apresenta vantagens e desvantagens como


instrumento de alocação de recursos escassos e para o acompanhamento das
atividades operacionais, administrativas e financeiras das empresas. Todavia,
isso pode variar dependendo do tipo de instituição, da natureza etc. Assim, deve-
se observar com cuidado ao julgar as vantagens e desvantagens do processo
orçamentário numa empresa respeitando as nuances inerentes a cada tipo de
organização.
Adiante, você aprenderá sobre os diversos tipos de planejamento:
econômico, financeiro e de capital.

TEMA 3 – PLANEJAMENTO ECONÔMICO

O conceito de planejamento sempre foi uma variável constante no


desenvolvimento de projetos de negócios. Existem autores que consideram o
planejamento como uma forma de selecionar as informações que permitem fazer
suposições sobre o futuro de forma a facilitar a organização das atividades
necessárias que levam à realização dos objetivos da organização. Desta forma, o
planejamento permite fazer coisas que sem planejamento, estruturação e
organização não aconteceriam.
Em outras palavras, o planejamento em qualquer área de negócio ajuda a
definir quais são os objetivos que devem ser alcançados e o que deve ser feito
para isso, o que fazer e como, quando e em que ordem deve ser feito. Não existe
uma empresa que não reconheça a importância do planejamento para sua gestão
e seu crescimento de longo prazo, pois é uma prática que favorece que trabalhem
melhor e sejam capazes de se antecipar e se adaptar facilmente às constantes
mudanças de um mercado exigente. Planejar como um conceito ajuda a orientar
energias, recursos e ações. Assim, nesse contexto, o que significa planejamento
econômico e planejamento financeiro de uma empresa e por que eles são
necessários? Vamos enfatizar aqui o econômico.
Antes de descrever sobre o planejamento econômico, vale ressaltar o
emprego do termo econômico nas empresas: tem a ver com a situação contábil
de uma entidade, ou seja, com os lucros ou prejuízos (que são ou serão) apurados
dentro de um exercício (semana/mês/ano). A empresa considerada com uma

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ótima situação econômica deve possuir um patrimônio com grande quantidade de
bens e direitos. Esses bens devem ser de fato da empresa, e não obtidos por meio
de financiamento ou aporte de terceiros.
Deste modo, as empresas que optam por fazer um planejamento
econômico devem definir, em primeiro lugar, os objetivos que pretende alcançar,
e desse ponto deve realizar uma simulação pela quantificação dos efeitos
econômicos que poderiam ocorrer durante o período previsto. Isso permite
verificar se os objetivos previamente definidos são viáveis e coerentes ou se, ao
contrário, mostrarão a existência de desequilíbrios. O fato de detectar possíveis
desequilíbrios permite que sejam quantificados e identificados, portanto oferece
uma oportunidade para os empresários encontrarem soluções dentro do alcance
da empresa antes de tais desequilíbrios ocorrerem na realidade ou, em última
instância, terem a oportunidade de repensar os planos.
Dentre os objetivos que devem nortear o desenvolvimento de um plano
econômico de atividades da empresa, pode-se citar a remuneração dos fatores
da produção de forma compatível com sua concorrência para a consecução das
atividades. Deste modo, deve-se pensar em: remuneração do trabalho dos
funcionários compatível com as condições necessárias ao desenvolvimento das
atividades; remuneração do capital de forma a manter a empresa em posição
atraente para captar recursos no mercado de capitais quando necessário;
remuneração dos sócios; reposição das parcelas de capital fixo (bens,
equipamentos, máquinas etc.) que se desgastam com o uso continuado etc. Isso
possibilitará que a empresa se estabilize no mercado, aprimore e diversifique
constantemente seus produtos e/ou serviços, consolide o corpo de gestores,
reduza custos etc.
Dentre os benefícios do planejamento econômico, destacam-se:

• Introduz uma metodologia de revisão periódica da razão e da razoabilidade


de processos e seus custos, estabelecendo na empresa uma dinâmica de
otimização;
• Dá a possibilidade de antecipar problemas e dificuldades que podem
impedir atingir os objetivos propostos e, portanto, procurar soluções ou
formas alternativas;
• Estabelece um caminho claro a seguir, que confirma e garante a viabilidade
dos planos.

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• Estabelece uma dinâmica constante de medição, e, portanto, o que é
medido pode ser melhorado
• Fornece informações históricas, o que é essencial para planejar melhor os
próximos exercícios.

No próximo tópico, será abordado o planejamento financeiro, que é o


complemento do econômico.

TEMA 4 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento financeiro, como a própria nomenclatura evidencia,


estabelece o modo como os objetivos financeiros podem ser alcançados. É
relacionado ao caixa da empresa, ou seja, diz respeito aos rendimentos e às
despesas de um período determinado, o que constitui seu orçamento, que pode
ser positivo ou negativo. A longo prazo, esse planejamento é uma forma de
reflexão sistemática sobre o futuro da empresa, que possibilita antecipar os
possíveis problemas antes que eles possam acontecer, bem como é um
procedimento lógico e organizado de investigação do desconhecido (Teló, 2001).
O planejamento financeiro é desenvolvido fundamentalmente por meio de
projeções, como estimativa mais aproximada possível da posição financeira
esperada. Compreende a programação avançada de todos os planos da
administração financeira, a integração e a coordenação desses planos com os
planos operacionais de todas as áreas da empresa (Teló, 2001).
No desenvolvimento de um plano financeiro, deve-se enunciar
explicitamente o ambiente econômico em que a empresa espera viver durante o
período por ele coberto. A curto prazo, o planejamento financeiro preocupa-se
principalmente com a análise de decisões que afetam os Ativos e Passivos
Circulantes. A ausência de planejamento financeiro eficaz a longo prazo é uma
razão frequentemente citada para a ocorrência de dificuldades financeiras e a não
continuidade das empresas (Teló, 2001).
Desenvolver um plano financeiro para uma empresa mantém as atividades
de negócios, projetos, orçamentos e operações alinhadas. Sem um plano
financeiro, é fácil sair da pista, gastar mais etc. Ele ajuda a determinar: requisitos
de capital (necessidades de capital a curto e longo prazo); estrutura de capital
(índice de endividamento); políticas financeiras (controle de caixa, empréstimos);
custos e limites de gastos; como maximizar recursos etc.

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O propósito de um plano financeiro é também manter usuários
interessados, tanto os internos (gerência executiva, os gerentes de departamento)
quanto os externos, a par dos números de desempenho que impactam a direção
da empresa. É por isso que projetar fluxos de caixa, renda e motivadores de
balanço cria uma base para um plano financeiro sólido.
Dentre alguns passos para a elaboração do planejamento financeiro, pode-
se listar:

Quadro 3 – Elaboração de um planejamento financeiro

Item Descrição
Analise sua Como iniciar o plano financeiro? Comece revisitando o que
estratégia sua organização deseja realizar. Consulte o seu plano
estratégico para priorizar seus objetivos. Divida os principais
requisitos de gastos em projetos, equipamentos e
necessidades de RH e liste todos os gastos significativos.
Incorpore suas Sua demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstração de
demonstrações Resultados e Balanço Patrimonial devem servir de base para
financeiras seu plano financeiro. Essas declarações permitem que você,
sua equipe executiva e todas as partes interessadas tenham
uma visão verdadeira da receita, da responsabilidade e do
patrimônio da sua empresa. Com essa análise, você
entenderá seu lucro e a posição de caixa e poderá justificar
decisões futuras.
Acesso a Para desenvolver seu plano financeiro, você precisa acessar
dados dados históricos ao longo do tempo. Você também deve criar
históricos e em projeções e monitorar a posição financeira atual em relação
tempo real ao seu plano atual e ao passado.
Desenvolva Para construir seu plano financeiro, use suas previsões e seus
modelos e dados históricos e em tempo real para projetar finanças.
projeções de Desenvolva previsão de vendas, orçamento de despesas e
negócios ponto de equilíbrio e modele vários cenários hipotéticos.
Determine As metas que você expõe em seu plano financeiro devem ser
metas realistas realistas. Quanto mais concretamente você puder antecipar
custos de mão de obra, despesas, custos indiretos e outras

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despesas fixas e variáveis, mais a realidade corresponderá ao
seu plano financeiro.
Determine e Se suas metas são elevadas, talvez seja necessário buscar
antecipe as financiamento externo. Use seus modelos de negócios,
necessidades previsões e projeções para entender com precisão quais
de fundos você precisará para atingir suas metas estratégicas.
financiamento
Use gráficos e Seu plano financeiro não deve ser uma série de números. Use
visualizações gráficos, painéis, mapas geográficos e outras visualizações
avançadas para animar seu plano financeiro.
Monitore o Ao colocar seu plano financeiro em ação, monitore as finanças
desempenho em tempo real em relação às finanças planejadas. Ao ficar de
em relação ao olho nos seus alvos, você pode alterar suas ações para
seu plano em manter suas finanças planejadas e dentro do orçamento.
tempo real

No próximo tópico, você conhecerá mais sobre o planejamento de capital.

TEMA 5 – PLANEJAMENTO DE CAPITAL

O planejamento de capital é parte integrante do processo de planejamento


estratégico. Ele fornece um plano de longo prazo para o portfólio de ativos de
capital para atender às metas e aos objetivos dos planos anuais de desempenho.
Independentemente do tamanho da sua organização, o planejamento de capital
deve ser visto como um direcionador que guia a tomada de decisões para todo o
gasto e a geração de capital.
O processo de planejamento de capital é usado para determinar se os
investimentos de longo prazo de uma empresa valem financiamento por meio da
“estrutura de capitalização” que ela tem. Um dos seus principais objetivos é
aumentar o valor da organização para aqueles que investem nela. Isso pode incluir
qualquer um que seja uma parte interessada principal, tenha direitos de
propriedade parcial ou ações e afins.
O planejamento de capital deve ser usado pela empresa somente quando
necessário. Caso o plano de capital seja gasto em excesso, isso é prejudicial para
a organização de várias maneiras: pode causar estresse financeiro na
organização, oferecer riscos à reputação e até mesmo prejudicar a confiança dos

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sócios e/ou acionistas. Por outro lado, a subutilização da alocação anual de capital
significa que os fundos são desviados de usos mais produtivos.
Mas quais são os motivos pelos quais as empresas frequentemente falham
no planejamento de capital? As razões estão relacionadas ao plano e a sua
execução e podem ser listadas como:

• Os planos são construídos com dados não confiáveis ou


insuficientes: isso fornece base insuficiente para tomada de decisões,
previsão e priorização e geralmente surge de uma situação em que há
desalinhamento organizacional, já que aqueles que fazem o plano não são
as mesmas pessoas que o utilizam.
• Visibilidade limitada para acompanhar o plano de capital: ferramentas
tecnológicas diferentes ou incompatíveis para o monitoramento também
são um problema. A incapacidade de monitorar o plano em tempo real torna
difícil para as equipes e partes interessadas garantir que os planos
estratégicos estejam alinhados e que os prazos sejam cumpridos.
• Falta de flexibilidade embutida no plano: as estratégias de negócios são
frequentemente modificadas no meio do caminho em um projeto à medida
que as circunstâncias mudam. A incapacidade de acomodar a realocação
de recursos pode resultar em planejamento de capital com falhas.

Também existem outros fatores que permitem alcançar um alto nível de


precisão e alocar de forma correta o capital para os projetos certos no momento
certo:

• Um processo holístico, objetivo e consistente: para manter o plano, as


empresas gerenciam o planejamento de capital e a execução de projetos
como um processo único ou contínuo. Elas constroem um plano de capital
preciso e estratégico desde o início.
• Supervisão centralizada: para que um plano de capital funcione, as
empresas definem e capacitam um único ponto de contato, um grupo ou
um escritório de gerenciamento de programas para conduzir a governança,
a comunicação e um processo transparente para os executivos.
• Tecnologia: com o avanço atual em gerenciamento de dados e
plataformas tecnológicas, novas ferramentas estão prontamente
disponíveis e podem ser aproveitadas para fundar um programa de
planejamento de capital e servir como mecanismo para monitorar o

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progresso em relação ao plano – garantindo transparência e uma única
fonte de informação.

Muitos métodos podem ser usados para o planejamento de capital, incluindo


técnicas como: taxa de retorno contábil, retorno contábil médio (com desconto),
valor presente líquido, índice de rentabilidade, taxa interna de retorno, taxa interna
de retorno modificada, custo anual equivalente, avaliação de opções reais, entre
outros.
Um plano de capital efetivo abordará primeiro a necessidade de ter
recursos de capital adequados para proteger o negócio principal e, em seguida,
abordar um plano para financiar prioridades estratégicas e/ou atender às
expectativas dos sócios ou acionistas para dividendos. O plano deve definir a
estrutura de capital ideal para os negócios (níveis de dívida e Patrimônio Líquido),
que é projetada para equilibrar custos de capital, estrutura tributária, alavancagem
e riscos relacionados.
O processo de planejamento de capital é bastante direto, e há alguns
elementos-chave do processo, como:

• Fixar o plano na realidade da empresa por meio de uma avaliação completa


do desempenho financeiro e operacional anterior de cinco anos para
entender as necessidades de liquidez e os principais impulsionadores do
desempenho futuro, bem como o impacto dos ciclos de negócios. Se a
empresa estiver iniciando suas atividades, buscar estudar a realidade de
mercado em que está inserida.
• Definir os planos e as prioridades estratégicos de cinco anos da empresa,
juntamente com os requisitos de capital esperados durante esse período.
• Preparar um modelo financeiro interativo com o qual se deve quantificar o
impacto da estrutura de capital sob múltiplos cenários, fundamentado em
seu desempenho histórico, e incorporar as necessidades de capital
esperadas no futuro, dadas as prioridades estratégicas.
• Usar o modelo para simular e quantificar estratégias e fontes alternativas
de capital e quantificar as implicações para os sócios e para a organização
como um todo.
• Determinar a estrutura de capital ideal para a organização, documentar,
implementar e monitorar o plano para ajustá-lo conforme necessário.

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Em resumo, um plano de capital efetivo oferece uma série de benefícios:
permite os planos e as prioridades estratégicos da empresa, assegura o
entendimento compartilhado e o alinhamento entre os principais tomadores de
decisão e fornece uma plataforma para comunicação aos sócios em relação às
necessidades financeiras e às prioridades do negócio.

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REFERÊNCIAS

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planejamento estratégico. Revista Pensar Contábil, v. 14, n. 54, 2012.

FIGUEIREDO, E. F.; CHEDID, S. E.; MACHADO NETO, A. J. Cenários e


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LUNKES, R. J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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NOREEN, E. W.; GARISSON, R. H. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de


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TELÓ, A. R. Desempenho organizacional: planejamento financeiro em empresas
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