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Introdução à Sociologia – Maria Ribeiro do Valle

Aluno: João Guilherme Damiani - RA UNESP: 201120941


1. O iluminismo foi um movimento cultural que aconteceu entre os séculos XVII e
XVIII, mas que teve suas raízes de pensando instituídos na renascença e no humanismo, com
novas visões de mundo que alteravam o posicionamento do homem em relação a sua própria
posição e seu papel nos acontecimentos da história. Portanto, a condução da história não
passava mais pelo crivo e determinismo das leis naturais e dogmas religiosos; a fonte do
progresso e da mudança estava no próprio homem e no trabalho secular exercido pelo mesmo.
Essa nova forma de pensar dotou toda espécie humana como sendo portadora de razão.
Sendo essa característica, a responsável pela crença no progresso da humanidade rumo a um
caminho melhor. Ou seja, o iluminismo alterou a fé cristã para uma fé baseada na
perfectibilidade do homem secular e da racionalidade. O movimento iluminista pode ser
sintetizado pelo artigo de Kant, “Resposta à pergunta: O que é o iluminismo?”, na qual ele
respondeu essa pergunta com a seguinte frase: “Iluminismo é a saída do homem da sua
imaturidade, da qual ele próprio é o culpado". Imaturidade entendida como sendo a
incapacidade de usar seu próprio entendimento sem a orientação de outro. O próprio lema do
Iluminismo é, portanto, "sapere aude!” (tenha coragem de ser sábio). Tenha coragem de usar
seu próprio entendimento (KANT, 1784, p. 1).
Por isso, o movimento gerou um reordenamento no campo do conhecimento,
principalmente após a revolução francesa, que acrescentou a racionalidade humana, os
direitos a igualdade e liberdade; e posteriormente a constituição americana e a declaração do
direito do homem e do cidadão estatui a razão no homem. Todos esses acontecimentos,
fizeram com que se repensasse as formas de se trabalhar essa razão universal, para melhor
desenvolve-la e leva-la ao conhecimento em prol da humanidade. Por isso vários filósofos
fizeram seus planos educacionais, alguns abrangendo toda a população e outros de possuíam
caráter mais liberal, já que hierarquizavam a educação na sociedade.
Locke, seguindo seu pensamento político liberal, coloca a distinção entre homens
proprietários, chamado de gentleman; que são dotados de uma razão superior, por isso
receberiam uma educação voltada a administração pública e privada. Neste ponto é possível
perceber a separação dos valores clássicos do pensamento de Locke, uma vez que ele não
coloca o estudo filosófico como objeto de estudo para os gentleman, contrariando o que era
feito na idade média, os gentleman deveriam estudar apenas conteúdos que fossem capazes de
gerar lucros para os negócios. Abaixo na hierarquia lockeana, os trabalhos seculares recairiam
sobre os filhos dos pobres, que seriam obrigados a aprender habilidades manuais,
confeccionando suas próprias roupas e recebendo apenas alimentação básica, para não causar
custos ao Estado. Para completar a instrução dos renegados aos trabalhos manuais, para
Locke, esses deveriam receber instrução religiosa para assim irem se acostumando aos
enquadramentos no sistema de trabalho e obediência ao mestre. Assim, com esse sistema de
estudo, Locke esboça a separação de duas classes totalmente separadas na sociedade, de um
lado os donos do meio de produção e de outro as forças de trabalho.
Diderot apesar de não ter um plano radicalmente segregador como foi o proposto por
Locke, ainda possui em seu planejamento educacional uma visão hierárquica na educação.
Todavia, Diderot pensa em uma educação básica universal propiciada pelo Estado para
aqueles que não podem pagar. Esse pensamento se sustenta pelo aspecto quantitativo e
utilitarista da população mais pobre em relação a elite que pode pagar seus estudos de forma
autônoma, pois, para Diderot, assim como para Platão, os talentos são distribuídos de forma
indeterminada pela natureza e, apenas uma educação universal pode propiciar que esses
talentos sejam descobertos, para assim ajudarem no bem comum. Porém, exercitando os
talentos, os estudantes seriam separados a partir de seus méritos e apenas uma pequena parte
atingiria o ensino superior. Assim a hierarquia proposta por Diderot estaria ocultando a
desigualdade com base no discurso da meritocracia e desigualdade natural dos talentos.
Condorcet critica ambos os pensadores acima, por pensarem a escola apenas pelo
aspecto mercantil, e começa a pensar não apenas o plano educacional, mas os aspectos sociais
que o perpassam. Por exemplo, na visão meritocrática de Diderot ela leva em considerações
os fatores externos a escola, que são influenciados pelos processos socio econômicos daquela
sociedade. Por isso, Condorcet defende uma educação realmente universal e gratuita em todos
os níveis para toda a população; com o Estado financiando além dos estudos, os meios
materiais para se conseguir manter o aprendizado. Para apenas assim democratizar realmente
o ensino básico e superior.
Além disso, Condorcet defende um Estado e consequentemente uma educação laica,
vinculado apenas a soberania popular, para com isso a população conseguir discernir e julgar
por ela mesma, nos princípios kantianos esboçados no inicio do texto, as diretrizes e caminhos
que a política pública deve seguir.
Referencias:
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: "O que é o Iluminismo?". [S. l.: s. n.], 1784.
Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/kant/1784/mes/resposta.htm. Acesso em:
13 out. 2020.
2. No curso das da dupla revolução - francesa e industrial – houve uma ruptura entre o
passado e presente, com a realocação do homem na história, alterando os paradigmas de
pensamento e valores morais do próprio homem frente as novos desafios a serem enfrentados.
O rompimento das normas e valores que promoviam a estabilidade social, causaram
mudanças bruscas no modo de organização social.
No curso da revolução Francesa, Tocqueville foi um critico da mesma, por ter seu
pensamento baseado em uma lógica liberal hierarquizante da razão e do espaço em que cada
classe social deve ocupar no meio político. Em contraposição com a democracia política que
era promovida na América, ele rechaça a democracia social presente na revolução francesa.
Para ele as massas não teriam a capacidade de governar um Estado, muito pela
“paixão” desenfreada que a mesma possui pelo ideal de igualdade, o que deprecia a liberdade
de um povo e ameaça o legado da aristocracia. Por isso, ele encontra na democracia
americana a melhor resposta a ideias de mudança que atenda as necessidades liberais do seu
pensamento, uma vez que no curso da política americana as ideias e mudanças são tomadas de
uma maneira mais moderada e com base no consenso, tendo como ponto de mudança apenas
a estrutura política, ou seja, uma mudança horizontal com ordens emanadas de cima para
baixo, não tocando diretamente na questão da desigualdade econômica.
Para Tocqueville o democracia política da américa foi feita por uma camada de
aristocratas da população americana, que antes de emigrar para as terras coloniais inglesas
não podiam exercer os direitos civis na ilha britânica devido ao antigo regime. Por isso, na
opinião do autor, essa camada social teria a capacidade de exercer uma democracia e criar
instituições duradouras que conseguissem promover a liberdade política.
Portanto, Tocqueville vislumbra que no decorrer da ampliação das liberdades políticas
ocorreria uma supressão relativa entre as diferenças de ricos e pobres. Por isso, o movimento
democrático era uma tendência a ser seguida pela nova classe burguesa que crescia e ganhava
seu espaço na modernidade.
Com uma visão oposta à de Tocqueville da revolução francesa, Karl Marx viu na
burguesia o seu aspecto altamente revolucionário ao destruir todos as formas de dominação
das relações feudais. Nas primeiras páginas do manifesto comunista, Marx faz elogios a classe
burguesa. Eles eram os que destruíram as antigas instituições que impediam o progresso, eram
aventureiros, trouxeram a modernidade, criando a possibilidade de uma enorme riqueza.
Essa alteração das relações sociais, promoveram ao proletariado a possibilidade de se
organizar em sindicatos e partidos, fortalecendo a classe trabalhadora para reivindicar seus
diretos. Porém, apesar de abrir espaço para o exercício da liberdade política, a classe burguesa
sob as condições do capitalismo, faz seu lucro pela exploração dos membros da classe
trabalhadora. Desde modo a revolução francesa, assim como a revolução industrial,
provocaram o fim do antigo regime e alteram todas as relações sociais vigentes na sociedade.
No decorrer das mudanças sociais provocadas pelas revoluções burguesas, a revolução
industrial acrescentou a divisão social do trabalho. Que para Marx marcava o “assassinato” do
homem, no sentido de retirar parte da potencialidade que ele possui em realizar e desenvolver
as tarefas do trabalho.
O implemento da máquina e da esteira na produção, fizeram com que o homem apenas
realizasse uma única tarefa durante toda a sua jornada de trabalho. A realização de apenas
parte da mercadoria no processo de produção, aliena o homem do produto final, fazendo o
trabalhador não mais se reconhecer naquele produto. Não instigando o homem a desenvolver
todas as suas capacidades, mas transformando o trabalhador em uma anexo a máquina.
A maquina começa a ditar todo o ritmo de vida do trabalhador, alterando o tempo do
relógio pelo tempo produtivo, alterando o local de trabalho com o local de residência. Assim
se rompe com as noções de espaço e de tempo, com tudo voltado a maximizar a produção e
renegando o homem a uma mera peça da engrenagem.
Portanto, ambas as revoluções influenciaram as relações sociais e, cada pensador
visualizou tais mudanças por uma perspectiva diferente. Porém, ambas convergem e elucidam
as grandes mudanças provocadas na sociedade.

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