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Mônica Coropos
por
Mônica Coropos
RESUMO
propõe a obrigatoriedade da Música como disciplina nos cursos de formação, tendo como
suporte teórico algumas ideias advindas de Villa-Lobos, Schafer, Paynter, Fucks e Swanwick,
nas quais a musicalização, com seus benefícios atingidos através de práticas como o Canto, a
aprendizagem global da criança nas várias fases de seu desenvolvimento, e são pouco
perspectiva à revisão e/ou ampliação dos currículos vigentes, a fim de que a Música seja
theoretical basis consists of some ideas from Villa-Lobos, Schaefes, Paynter, Fucks and
Swanwick, in which music education, with its benefits obtained though practices such as
singing, rhythm-sonorous expression and creativity constitute valuable resources for global
learning of the child in the several phases of its development and are not properly explored by
the lack of knowledge of the Educator. The proposal is valid as a stimulus and prospect for
the review and/or enlargement of the current education program, so that Music will be used
Ao Deus do meu louvor - todas as letras e todas as canções que de mim fluirem não
conseguirão expressar a minha eterna gratidão a Ti.
À família da minha vida – meus pais e minhas irmãs Aline e Patrícia – solo firme e fértil de
ricas experiências e amor incondicional.
À minha familinha mais linda e amada – meu esposo Renato e meus filhos Maitê e Renan –
dons preciosos, inspiração, muita alegria e realização.
Às instituições e diversos espaços pelos quais tenho exercitado e aprofundado meus estudos e
minha arte na área da musicalização.
Página
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................10
2. A MÚSICA NA INFÂNCIA................................................................................................15
4.2.4. Folclore................................................................................................................44
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................69
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................71
8. ANEXOS..............................................................................................................................74
INTRODUÇÃO
Em nenhum outro tempo a Educação Infantil precisou estar tão presente, atuante e
preparada. As influências que nos bombardeiam a todo instante, apesar da pobreza moral e de
princípios, aparecem, na maioria das vezes, maquiadas por produções de alto nível, que nos
Todas as Linguagens da Arte podem, e devem, ser usadas como recursos preciosos na
Educação Infantil. A Música, por estar presente no nosso dia- a- dia em todas as fases do
desenvolvimento (Swanwick, 2003), e sendo quase que unanimidade por sua gama de estilos
e ritmos, se constitui em excelente aliada para atingirmos os corações férteis que precisam de
Mesmo sem ser um músico, o educador infantil precisa dedicar atenção especial e
cuidadosa na seleção do seu repertório musical. Uma vez aprendida uma música, jamais sairá
do inconsciente da criança. Para isso, deve aliar todo seu conhecimento a grandes doses de
momentos de contato com seus alunos se tornem eficazes no combate a esta realidade.
global da criança a partir da formação musical do educador infantil, este é o nosso grande
desafio.
profissionais que trabalham em creches ou escolas com crianças na faixa de 3 a 6 anos, bem
como aos que atuarão nestas áreas. A abordagem do tema, além da pesquisa bibliográfica e
análise de currículos vigentes, conta com a pesquisa de campo realizada com duas educadoras
da Creche Harmonia (Pavuna, RJ) e duas Educadoras da Escola Municipal Charles Anderson
pouco material para equipar os educadores que se ocuparão de equipar o educador infantil
para o exercício das atividades musicais. Por este motivo, esta pesquisa tem grande valia e
relevância.
aprender Música, suas tendências, ingerências e relevância, para poder entender o contexto
atual e refletir sobre sua atuação pedagógica com o objetivo de otimizá-la. Dominar os
Demo, Lourenço Filho, Pereira, Pretto, Foerste, Fusari e Ferraz. Também são consultados
Forquin e Morin, que debatem a escola e a cultura. Na parte musical, dialogaremos com Villa-
Lobos e Swanwick, além de Bellochio, Fernandes, Fonterrada, Fuks, Paz, Santos, Schaefer,
Diz-nos Weffort (1995) que "não fomos educados para olhar o mundo, a realidade, a
nós mesmos. Nosso olhar cristalizados nos estereótipos produziu em nós paralisia, fatalismo,
Orff, Kodály, Villa-Lobos, Suzuky, Paynter, Schafer, dentre outros. Embora tenhamos acesso
Educação Artística (PCN, 1997). É preciso considerar também a manutenção da Música nos
currículos "de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos" (LDBEN, Art. 26,
(Foerste, 1996).
brasileiro, acreditando que se todos estudassem música nas escolas estar-se-ia contribuindo
manifestações artísticas. Apesar do sucesso inicial do canto orfeônico nas escolas, seu
Hoje, como nos respalda Lourenço Filho (2001), vivemos a realidade do despreparo de
alunos com idade média de 18 anos saindo de um curso de 4 anos para ensinar na Educação
Infantil. Apesar do diploma em mãos, que condições estes jovens têm efetivamente para
educador infantil, para que este entenda-se como sujeito deste processo de transição histórico
de um diário reflexivo, traduziram a relevância da pesquisa e validaram seu objetivo, uma vez
que, com base nas reações obtidas, foi elaborado um documento final, que respondeu e
Alguns aspectos certamente não foram analisados, abrindo precedentes para futuras pesquisas
que possam ampliar ou se somar ao tema. Acreditamos que apontar possibilidades de uma
aquele que atende a criança na creche ou escola regular, e apresentamos novas possibilidades
para uma melhor utilização da música no processo ensino- aprendizagem global da criança.
Para tanto, abordamos, no primeiro capítulo sobre a música na infância, discorrendo sobre as
pesquisa trata da educação infantil e a prática musical desde Villa- Lobos até os nossos dias,
enfocando o quadro que temos e o que esperamos para este novo momento. O quarto e último
cidades da região sul e sudeste do Brasil, e apresenta os dados colhidos da Pesquisa de campo
realizada com quatro educadoras de duas instituições do município do Rio de Janeiro, que
educador infantil.
2. A MÚSICA NA INFÂNCIA
A infância nos remete à brincadeira. A criança, como todo ser humano, é um sujeito
social e histórico, e está inserida numa sociedade, com determinada cultura, em determinado
momento histórico. A Educação Infantil, de acordo com os PCN, tem como objetivos e
Estimular a criatividade;
A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
arte, e poderá significar o despertar de um interesse musical que perdurará a vida inteira.
música é a atividade humana mais global, a mais harmoniosa, aquela onde o ser humano, que
é ao mesmo tempo matéria e espírito, pode tornar-se mais dinâmico, mais sensível, mais
inteligente, mais criativo e mais feliz. A pedagogia Willens, visa desenvolver a criança no seu
triplo aspecto: sensorial, afetivo e mental, através dos elementos ritmo, melodia e harmonia.
Embora muitos ainda considerem a música mero entretenimento, sabe-se que ela
consiste numa das maneiras do ser humano expressar emoções e sentimentos, alegrias e
amor, que são as mais importantes atividades psíquicas de todos os seres humanos.
Schaefer (1991), em seus estudos sobre o som ambiental, nos leva a compreender a
vida por critérios sonoros. Para Schaefer, a paisagem sonora, “soundscape”, o simbolismo dos
sons para as culturas e pessoas individualmente, contam toda a trajetória de vida. Dos sons
que queremos eliminar (poluição sonora), aos que desejamos conservar ou ainda produzir, dos
sons mais inusitados ou cotidianos, àqueles aos quais não ouvimos por já estarem tão
convite a olharmos o mundo de uma pessoa na perspectiva das sonoridades que perpassam
sua história.
(Santos, 1994). Seus registros apontam para o aumento da capacidade auditiva do aluno, o
experimentados com total liberdade. O rico contato da criança com fontes sonora as mais
Verifica-se que, independente da opção pela arte enquanto profissão, são grandes os
psicologia da música. É sabido que a música desenvolve ainda a percepção de modo geral,
desperta a sensibilidade, revela valores éticos e estéticos, tornando o ser humano mais
sensível e criativo e, neste sentido, como meio de expressão e como força geradora de energia
humana.
crianças a não só se transformarem em indivíduos que usam os sons musicais, fazem e criam
música, apreciam música, e finalmente se expandem por meio da música, mas ainda auxiliam
Socialização
Alfabetização
Inteligência
Capacidade inventiva
Expressividade
Percepção sonora
Percepção espacial
Estética
particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam que a influência da música no
feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas simplesmente ouvindo com
estímulos cerebrais também são bastante intensos. Hoje, os estudos apenas comprovam o que
Ao mesmo tempo que a música possibilita essa diversidade de estímulos, ela, por seu
Enfim, o que se pode concluir a esse respeito é que efetivamente a prática de música,
vezes menosprezado por nossa sociedade tecnicista, é nele que os efeitos da prática musical se
mostram mais claros, independendo de pesquisas e experimentos. Todos nós que lidamos com
crianças percebemos isso. O que tem mudado é que agora estes efeitos têm sido estudados
cientificamente também.
Por todas essas razões, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de
os efeitos da música no campo afetivo, estudos recentes ampliam ainda mais nosso
Proceedings of the National Academy of Sciences no ano de 2001 que buscou analisar os
efeitos no cérebro de pessoas que ouviam músicas, as quais segundo as mesmas lhes
causavam profunda emoção. Verificou-se que ao ouvir estas músicas, as pessoas acionaram
exatamente as mesmas partes do cérebro que têm relação com estados de euforia. Segundo
esses autores, isso confere à música uma grande relevância biológica, relacionando-a aos
utilizam a música como elemento fundamental para o controle da ansiedade dos pacientes. A
origem deste trabalho remonta à 2a. Guerra Mundial, quando músicos foram contratados para
afirmar que esse foi um grande impulso para a área de musicoterapia, hoje com
reconhecimento acadêmico consolidado. É cada vez mais comum a presença da música nestes
locais, seja para diminuir a sensação de dor em pacientes depois de uma cirurgia, junto a
com dano cerebral. Nesse sentido, não é exagero afirmar que os efeitos da música sobre os
sentimentos humanos estão, cada vez mais, migrando da sabedoria popular para o
reconhecimento científico.
criança. É por meio do repertório musical que nos iniciamos como membros de determinado
sociais por parte da criança. Quando uma criança brinca de roda, por exemplo, ela tem a
encontrados nos dias de hoje. Tais estudos provém de pesquisas em Neurociência, Psicologia
devem estar aliadas com todo o processo educativo, não constituindo um fim em si
mesmas.
seu frescor, visto que Swanwick é vivo e ativo em seus estudos, e pela consistência deste
material, que veio de encontro às necessidades desta pesquisa. Toda a teoria, está baseada nas
pelo indivíduo.
relacionados com a idade das crianças “compositoras de várias partes do mundo”, com idades
entre 3 e 14 anos, se constitui em sólido material a ser explorado pelo educador infantil.
Swanwick propõe o modelo (T).E.C.(L).A., que sugere o trabalho dos conteúdos de maneira
vai e vem contínuo das fases, propicia à criança o seu desenvolvimento musical, mas também
lhe oferece embasamento para desenvolver-se de forma global, visto que a maneira como a
(Técnica) aquisição de habilidades (...) instrumentais e de escrita musical; refere-se "ao controle técnico,
execução em grupo, manuseio do som com aparatos eletrônicos ou semelhantes, habilidades de leitura
à primeira vista e fluência com notação" (Swanwick, 1979)
Execução "comunicação da música como uma presença, que geralmente implica em uma audiência - não
importando o tamanho desta ou caráter da execução (formal ou informal) (Swanwick, 1979)
Composição "todas formas de invenção musical, (...) é o ato de fazer um objeto musical agrupando materiais
sonoros de uma forma expressiva (...) inclui tanto a mais curta elocução como a mais elaborada
invenção" (Swanwick, 1979). "A composição tem lugar quando há alguma liberdade para escolher a
ordenação da música, com ou sem notação ou outras formas de instruções detalhadas de execução.
Outros podem preferir usar os termos improvisação, invenção ou ‘música criativa’. Todas essas
definições caem nesta ampla definição de composição: o ato de construir música" (Swanwick, 1988).
(Literatura) estudos da "literatura de" e "literatura sobre" música; inclui "não somente o estudo contemporâneo ou
histórico da literatura da música em si por meio de partituras e execuções, mas também por meio de
criticismo musical, histórico e musicológico" (Swanwick, 1979)
Apreciação audição receptiva como (embora não necessariamente em) uma audiência; "envolve uma empatia com
os executantes, um senso de estilo musical relevante a ocasião, uma disposição a ‘ir com a música’ (...)
e uma habilidade em responder e relacionar-se com o objeto musical como uma entidade estética (...)"
(Swanwick, 1979).
Para Swanwich, as crianças com idade entre 3 e 4 anos vivem o que ele denomina
Fundamental (Brasil, 1998), as exigências sociais por uma educação de melhor qualidade
No Brasil, intensificou-se a mobilização dos profissionais da educação iniciada nos fins dos
anos 70, tomando maior visibilidade pública. Movimentos foram organizados, e já se discutia
Se por um lado o achatamento crescente dos salários era alarmante, o fracasso escolar
Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAMs). Pretendia-se criar uma escola que pudesse atuar
como agente de mudanças no que tange à formação de professores. A idéia era fortalecer a
profissional do magistério convivia com uma Constituição recém- promulgada que incorporou
questões educacionais.
Logo, ações em favor da educação de melhor qualidade, como a aprovação da Lei de
de reorientações curriculares, fazem dos anos que antecedem a virado do século, tempos de
Ao longo destes anos, o professor e sua função docente precisaram cumprir a uma lista
Curriculares nacionais para a Educação Infantil (1998), além das normatizações em níveis
educador infantil. Ainda que iniciativas em termos de políticas públicas sejam adotadas, a
música, nas grades curriculares dos cursos de Formação de Professores, Normal Superior e
Pedagogia. Por outro lado, a grande maioria dos cursos de Licenciatura em Música não
Infantil.
hoje não contribui a contento para que os educadores levem seus alunos a desenvolverem-se
de forma global, num mundo cada vez mais exigente sob todos os aspectos.
A Educação – sua concepção- vem sendo discutida por todos os setores da sociedade.
Portanto, o trabalho profissional do educador também está em evidência, pois entende-se que
Brasil, sua grande diversidade cultural, as peculiaridades e especificidades das regiões e das
construção de “pontes” entre a realidade e a meta do trabalho se faz necessária para que os
nível superior para todos os professores de Educação Infantil. Seria a tão ansiada formação
continuada.
O professor está sob os olhos da sociedade, neste momento onde a Educação tem sido
discutida por todos os setores. Está claro que a nova educação é perseguida, e, para que isto se
concretize, o novo professor deverá surgir. O educador infantil, profissional que dará a base, o
suporte a esta nova educação, precisa estar equipado. Não se pode esperar de que um
educador infantil hoje não tenha em seu arsenal de formação, subsídios para ser este suporte.
É esperado que o educador infantil do terceiro milênio esteja concatenado com o mundo, e,
uma revisão nos currículos e a tão almejada formação continuada começam a ser vista como
algo emergencial.
O novo perfil profissional do educador é tema crucial e, sem dúvida, um dos mais
exigem deste profissional um outro patamar, bem superior ao que se viu até hoje. Porém
Educação Infantil. Temos visto que a aproximação entre os cursos vem dando bons resultados
em algumas cidades do país, inclusive sendo estas responsáveis por boa parte do material
produzido atualmente.
prática musical vem sendo amplamente desenvolvido, e começa a repercutir nos meios de
comunicação de massa. É usual vermos hoje artigos que enaltecem a importância da música
presenteados com artigos e resenhas que apontam para o tema. Com abordagens desde o que
diz respeito a currículos, formação de professores generalistas, até guia de repertório escolar,
o índice possibilita a ampliação da discussão sobre uma proposta curricular que inclua a
têm acesso, ainda deixam por demais a desejar, pois praticamente silenciam-se a respeito
desta temática, restringindo a música no dia a dia, dando ênfase a repertório, que, excetuando
o das cantigas de roda e uns poucos outros exemplos musicais, não poderiam dar suporte a
uma educação musical básica. Na literatura analisada, são comuns as paródias com erros de
prosódia, as músicas com letras muito longas, e em tons quase sempre inadequados à tessitura
da faixa etária.
problemática que afeta por demais a formação do educador infantil, presencia-se, que
inequivocadamente, a música está muito presente no cotidiano das crianças. Esta ferramenta
educador infantil que, via de regra, precisa dar conta dos ensaios para as apresentações de
Snyders (1992) afirma que nunca uma geração viveu a música tão intensamente
quanto as atuais. Das primeiras experiências lúdico-musicais da vida humana aos mais
comunicação de massa e diferentes fontes sonoras, a música chega, particularmente até nos
conhecimentos que levem a propostas mais sólidas, gerem mudanças necessárias no que tange
a música como um poderoso instrumento nas mãos do educador, a fim de este propicie à
capital, escolas públicas e particulares. O material coletado nas visitas a estas instituições nos
legaram um material rico e relevante de como a música vem sendo utilizada no cotidiano das
escolas de educação infantil, e nos inflama a ansiar por mudanças e transformações entre o
chegaram ao Brasil Colônia ligados à religião por meio dos jesuítas. Em seguida, o destaque
fica por conta do Pe. José Maurício, no século XVIII, passando, no século XIX, por
sociedades particulares, criadas para estimular, cultivar e sustentar as atividades musicais até
chegar a Villa-Lobos que “... em consonância com as idéias da política cultural de Vargas,
tenta criar ‘uma ponte na relação do povo com a Música” (Souza, 1999).
São várias as práticas para o ensino musical desde os idos de 1930, quando Villa-
Lobos, após ter sido consagrado mundialmente como compositor, retorna ao Brasil para a
ensino musical. Villa-Lobos chega com a idéia de que, muito mais que conhecer e escrever
notas, a música para quem a aprende precisava ter sentido, alma e vida. O aluno necessitaria
ouvir a música com os ouvidos, mas também com o coração. Era a Educação Musical
contribuição ao ensino da música. No Brasil, o método foi utilizado e difundido por Liddy
linguagem como geradora de ritmos: o ritmo da palavra, o ritmo do corpo – entendido como
em que as pessoas aprendessem música como qualquer outro aspecto a ser desenvolvido no
ser humano, visando a sua formação integral. O Folclore nacional é o ponto de partida. Este
método foi introduzido no Brasil no final da década de 50, por George Geszti, e,
artístico-musical do povo brasileiro. Ele acreditava que se todos estudassem música nas
São Paulo era francamente favorável ao ensino de música nas escolas públicas. Na década de
30, a iniciativa alastrou-se por todo o pais, e o movimento pela implantação do canto
Janeiro, fundada pelo educador Anísio Teixeira. A SEMA, baseada na reforma que instituiu o
Preparação ao ensino do Canto Orfeônico, destinados aos professores das escolas primarias;
Especializado de Música e Canto Orfeônico tinha por objetivo estudar a música nos seus
aspectos técnicos, sociais e artísticos, e tinha um currículo extenso: canto orfeônico, regência,
orientação prática, analise harmônica, teoria aplicada, solfejo e ditado, ritmo, técnica vocal e
fisiologia da voz, disciplinas às quais foram incluídas história da música, estética musical, e,
pela primeira vez no Brasil, etnografia e folclore. Paralelamente, criou-se o famoso Orfeão
dos Professores, com aproximadamente 250 vozes, que estimulou o processo educativo e
altamente qualificadas.
Foi alguém projetado a frente do seu tempo, prova disto poder-se notar grande relação
entre os processos de musicalização dos autores contemporâneos como John Paynter, Murray
do Educador
caracterizavam no passado próximo, quando a música, mais que qualquer outra disciplina do
currículo das escolas, servia aos interesses de uma certa política educacional (e não só
educacional). A "vivência musical" de então, que se realizava através do canto orfeônico e seu
repertório, dá lugar, pouco a pouco, a uma atividade de cunho mais culturalista, que foi
chamada de "apreciação musical", na verdade uma outra forma - mais amadorística - de
abordar a história da música ("estória", quase sempre). Parece que os próprios professores, um
"única saída", certamente mais útil quando bem abordada, que as intermináveis "aulas de
aparecimento dos coros escolares encontrados hoje e que seguem linha diversa daquele, pelo
e não deu solução aos problemas sempre colocados pelos professores e pelos especialistas: os
diferentes períodos estudados eram elementos justapostos sem nenhuma ligação essencial.
Não cremos que haja falta de interesse do professor pela música de hoje, mas que, se
ele não chega até ela quando vive experiências musicais com seus alunos, isto corresponde
mais a um vício do sistema. A formação da maioria dos professores é toda voltada para o
passado, além de nada ter de criativo. Ora, o professor de educação artística é chamado, hoje,
a desempenhar uma missão que exige dele elementos que não lhe foram dados e que ele
deverá procurar por iniciativa própria. E, se podemos observar lacunas no que se refere à
total inexistência de atividades de caráter mais vivencial, com a ignorância de que a música
poderá ser apenas mais uma linguagem à disposição de todos nós e o que se espera de nós,
criando através de sons, é a transmissão do nosso "recado" e não a imitação mais ou menos
Nesta assertiva, que atribui à Educação Musical uma penetração abrangente com
resultados evidentes, Violeta Gainza (1995), um dos principais nomes da Educação Musical
latino americana diz: “....educar em música implica em focalizar de maneira simultânea uma
um modelo único”.
criativas, para poder orientar seus alunos. Neste momento, o professor não é mais alguém que
transmite conhecimentos, mas que busca, com os alunos, uma nova forma de expressão.
4.2. O que temos
objeto de estudo deste trabalho, a saber: Escola Municipal Charles Anderson Weaver, Rio de
Janeiro, Instituto Marcos Freitas, Duque de Caxias e Creche Harmonia, Rio de Janeiro, todas
hora de bem-estar;
uma prática comum e ainda arraigada na Educação Infantil. Os projetos bimestrais, e até o
Nas escolas particulares, há um estresse em torno das datas, pois, mal, se terminou
uma festa, já é preciso “ensaiar” a outra. Tudo isto em paralelo com os conteúdos. Percebe-se
uma tensão em torno de algo que deveria ser, no mínimo, prazeroso. O repertório para as
festas, geralmente é escolhido pelas professoras regentes juntamente com as professoras de
música, que, por sua vez, sentem-se cerceadas de desenvolver um trabalho mais consistente
no que tange à educação musical das crianças. Nas festas são enfatizadas as coreografias em
detrimento do canto, pois não existe tempo hábil para que a criança grave a letra da música. A
Na escola pública, o rítmo é mais flexível, não há cobranças tão enérgicas em mostrar
As apresentações, quando acontecem, são simples, mas cheias de significado para todos. Ao
contrário das escolas particulares, o canto do hino nacional brasileiro é feito semanalmente,
em forma.
nas novelas ou de cantores infantis, das publicações educativas, de editoras como CEDIC,
FAPI, DCL, IEMAR, Brasileitura, Sulina, Paulinas, dentre outras. O repertório infantil ou não
evangélico é utilizado, e é escolhido quando se quer uma mensagem “mais tocante”, ou seja,
que sensibilize. Não há muito espaço para a criação, devido ao fator tempo segundo as
observações e relatos das educadoras infantis. As músicas são executadas quase sempre com o
auxílio de CDs, geralmente com a voz do cantor ou grupo, e as crianças cantam “por cima”.
educador infantil é que as crianças cantem “alto” (forte), com emoção e entusiasmo. Por
incitarem as crianças a praticamente gritarem para que sejam ouvidas - as apresentações são
feitas em auditórios ou quadras, com aparelhagem de som quase sempre deixando a desejar -
Apesar de julgarmos não ser o essencial a tônica das atividades musicais ser resumida
às datas comemorativas e eventos em geral, percebe-se que tais práticas elevam a auto-estima
Usadas em larga escala para atrair a atenção, enfatizar uma noção nova, nas horas da
“musiquinhas de comando” (Fuks, 1991) ocupam a maior fatia do tempo reservado às praticas
musicais na Educação Infantil. Segundo Fuks, esse repertório escolar tem sido utilizado muito
mais para disciplinar, adaptar, moldar, conformar os indivíduos às regras sociais do que para
educar. Esta concepção corresponde a uma noção de adestramento, meio para se fixar outros
conteúdos. De uso fartamente explorado, distorce os valores artísticos e está muito longe de
1. Elefante na teia
Um elefante dependurado
Numa teia de aranha
Quando ele viu que a teia resistiu
Foi chamar outro elefante
(Segue-se a música, acrescentando mais elefantes na teia)
2. Pipoca na panela
Uma pipoca puxa assunto na panela
Outra pipoca vem correndo responder
Aí começa um tremendo falatório
Que não dá pra ninguém se entender
E é um tal de po-poc-poc-poc
Poc-po-poc-poc-poc
Poc-po-poc-poc-po
Poc-po-poc-poc-poc!
Músicas de Saudação
Músicas de entrada
1. Piuí, tique-taque
Piuí, tique-taque
Não precisa empurrar
Porque sou pequenininho
E só ando devagar!
2. Um atrás do outro
Um atrás do outro
Igual um gafanhoto! (repete-se várias vezes)
2. Zip-zap
Zip, zip, zip, zip, zap
Minha boca vou fechar
Pois a tia vai falar:
Zip!
4.2.3. O fenômeno da massificação midiática
“Folclore é o conjunto de coisas que o povo sabe, sem saber quem ensinou.”
(Xavier, 1997)
outras ficam restritas ao mês de agosto, que é denominado mês do folclore. Ao longo do ano,
momentos ímpares no cotidiano das crianças. Percebe-se quão grande valor educacional
existe por detrás de uma parlenda, que riqueza há por trás de um cantiga. Aí verificamos o
(Verderi, 1999). Estas manifestações colocadas em prática nas aulas da educação infantil
O uso das cantigas e brinquedos cantados do folclore nas escolas analisadas é bem
existir vasto material disponível em CDs, de outro não se inclui este repertório e brincadeiras
roda no planejamento bimestral, enquanto a outra deixava a exploração do folclore por conta
da professora de Educação Musical, que vem uma vez por semana e sua aula dura cinquenta
e a gesticular logo que ouviam as cantigas cantadas pelas educadoras ou mesmo por CDs. Era
comum em outros momentos do dia percebermos uma das crianças balbuciando as cantigas.
Na segunda escola, todavia, a aula de música era ansiada por todos, alunos e educadoras,
como o momento de “lavar a alma”, cantar, “colocar as emoções pra fora”. As crianças
abraçavam com euforia a professora de música, e gritavam seu nome efusivamente: sua
Educação Física. A arquitetura da escola não oferecia “um espaço próprio para estas
atividades”, e o espaço externo, bem como o auditório eram divididos com as outras turmas
musicais, sabemos que não se pode parar neste ponto. Existem outras particularidades que o
educador infantil precisa conhecer e buscar dominar para fazer uso de todo potencial que a
música promove na construção do ser. Nos tópicos a seguir, trataremos de algumas destas
particularidades, sem a pretensão de definir categoricamente um caminho, mas sim, de propor
educador infantil.
A arte e o ato da criação tem um papel fundamental na vida da criança. A criança que
apenas imita, pode tornar-se dependente no raciocínio e desqualificar suas próprias idéias e
expressões. Criando, ela pode vivenciar novos sentimentos, novas idéias, e compreender
A autora define a criatividade para além de um "dom excepcional", pois é uma aptidão
que pode ser adquirida e desenvolvida, se inserida numa "educação integral, equilibrada com
"A aprendizagem ocorre pela conduta ativa daquele que aprende, que assimila seu
vivências aprendidas em seu próprio benefício (Pereira, 2002). Baseados nesta expectativa,
precisamos nos esforçar para cultivar nas crianças, a começar da Educação Infantil, uma
audição crítico - consciente, preparada para receber e filtrar, quando necessário, a infinidade
Logo, trazer para o universo da sala de aula os mais variados estilos e práticas
musicais, poderá, se mediado de forma consciente pelo educador, se constituir num material
educador, que estará avaliando todo o processo, as crianças poderão expressar-se, dizendo se
estão gostando ou não, que tipo de sentimentos a música trouxe a elas, etc. Os ouvidos
Cantar é um exercício musical disponível a todos, "por mais que tentem restringir os
esta consideração inicial merecem grande destaque o canto e as canções - com ênfase nas
brasileiras -, como material para o trabalho musical na Educação Infantil. "A canção só se faz
presente pela interpretação, com todos os demais elementos" (PCN-Arte I, p. 76-77) . Sem
dúvida, o canto permite uma prática musical significativa, sem necessidade de maiores
O canto tem importante função na educação musical, ao mesmo tempo em que é tido
cívico" - é praticado na escola brasileira desde, pelo menos, o final da I Guerra Mundial.
Bellochio (2000) chega a afirmar da "primazia que cantar tem representado no ensino de
Música na escola". Apesar de entendermos que as fronteiras da Educação Musical vão além
do cantar, não devemos desconhecer sua presença, comumente trazida pelo professor regente
da turma, "sem maiores preocupações com os objetivos musicais" (PCN - Arte). Sugerimos,
trazendo-os para cantar nos orfeões, a fim de abrilhantar as missas, mas também difundir o
catolicismo, dos que usaram a música para resistir ou difundir a ditadura nos anos 60 e 70, nos
limites que se impões pela própria harmonia musical e da percepção de cada compasso"
(Boleiz Júnior, 2001), a imersão no universo cultural do Brasil e do mundo, a música precisa
ser incentivada nas relações de ensino, pois dificilmente se esquece uma música ensinada na
idade pré-escolar.
A música, ( ...) não tem nenhum significado se não há uma reação emotiva perante ela. As
crianças não a entendem como objeto estético, a não ser que se dirija de modo direto e
específico aos seus sentidos; (...) quando se perguntou a Chernyshevsky: 'Qual é a
necessidade que leva o homem a cantar?' Respondeu (... ): 'Parece que esta necessidade é
bastante diferente da aspiração à beleza '. O canto 'é produto dos sentimentos' e é
essencialmente expressão de felicidade ou de dor'. (T eplov,1977)
Os olhos da sociedade estão voltados para o alcance que a música tem na vida de
crianças, adolescentes e jovens. Diversos projetos sócio-educativos têm na música seu carro-
Cidadania, 16/03/2006).
A globalização tende a fragmentar as identidades, valores. A música surge com demais
artes para incorporar na criança a diversidade cultural brasileira, para que, fortemente
gravados, não se percam, como afirma Cláudia da Silva Paranhos, que trabalha no Projeto
Admitimos que seria por demais interessante que as atividades musicais da educação
música. Ainda que este momento se aproxime, não teremos, nos próximos anos, professores
de música em número suficiente para atender a todas as escolas de educação infantil deste
país, nos diversos ciclos. Portanto, é preciso buscar meios para capacitar o professor das
Entendemos que o educador infantil só poderá orientar seus alunos nas atividades
mister uma nova forma de expressão no ensino de música e com música na educação infantil,
Municípios brasileiros
9394/96) deu inicio a uma movimentacão nacional referente aos currículos das várias áreas do
partir destes grandes documentos (LDB e PCNs), o Brasil tem experimentado a elaboração de
novas propostas curriculares, e, pouco a pouco, trazendo esta transformacão para os currículos
Objetivos
Conteúdos
(...)
- percepção sonora
- habilidades motoras
- apreciação significativa
disciplinas vinculadas às artes têm nomes por demais abrangentes, que podem ser
interpretados pelos professores que as lecionarão das mais diferentes formas, para os mais
diversos enfoques.
Através da busca dos currículos pela internet, foram selecionados apenas os cursos de
formação de professores em nível superior de Pedagogia que possuem pelo menos uma
Ementa:
Ementa:
O papel e a importância da Arte na Educação. A sala de aula
como local de desenvolvimento das capacidades criticas da criança. A
arte como forma de expressão e interação entre os aspectos afetivos,
intuitivo, estético e cognitivo.
Ementa:
Ementa:
Ementa:
RITMO E MOVIMENTO
Ementa:
EDUCAÇÃO MUSICAL
Ementa:
A pequena amostragem acima, revela que, apesar dos avanços nos estudos e nas leis
vigentes, os currículos da maioria dos cursos ignora ou não trata com profundidade a questão
Alemanha por exemplo, onde a educação da criança pequena tem recebido destaque nos
na educação básica.
de Janeiro, selecionamos como objeto desta pesquisa duas escolas que têm o ensino de
Educação Infantil, porém sob órbitas completamente distintas: A primeira, particular, tem seu
foco totalmente voltado à Educação Infantil, a Creche Harmonia. A segunda, pública, tem a
Educação Infantil como parte de um todo que vai até a oitava série do ensino fundamental, a
outubro de 2005 a outubro de 2006, uma vez por semana, através de entrevistas não
estruturadas a princípio, depois de detectar alguns pontos e/ou práticas que contribuiriam para
Nome:
Data de nascimento:
Formação:
Local de formação:
Função/turma:
4. Você já estudou ou estuda música por gosto pessoal? Canta ou toca algum
instrumento?
( )Não
( ) Compra
( ) Pede emprestado
( ) A escola compra
7. Você se considera apta para trabalhar com música com seus alunos?
O resultado da pesquisa feita através do questionário pode ser visualizado nos gráficos
a seguir:
2. No seu planejamento (anual, bimestral, semanal e/ou diário) você inclui músicas?
Se a resposta for afirmativa: Em que momento (s) e para quê (com que finalidade)?
A música é incluída ao menos uma vez por dia no planejamento de todas as
outras.
disciplina/curso:
Das quatro educadoras entrevistadas, apenas uma delas teve música no currículo da
formação de professores no Ensino Médio. As demais aprenderam algumas músicas nas aulas
de Educação Física.
4. Você já estudou ou estuda música por gosto pessoal? Canta ou toca algum
instrumento?
( ) Não
respondeu ter feito aulas na infância, e duas já fizeram aulas particulares de instrumento
(teclado), sendo que uma destas já fez um curso básico de Musicalização Infantil.
5. Você pesquisa um repertório musical para usar com as crianças? _______. Todas
vezes são elas que compram Já as da Creche disseram não se preocupar demasiadamente com
isto.
( ) Pede emprestado Esta opcao foi votada em primeiro lugar pelas educadoras
da escola municipal, possuindo apenas uns poucos CDs de cantigas de roda. O acervo da
municipal requisitou a direção da escola que comprasse alguns CDs infantis sugeridos. Os
CDs foram comprados e ja estam sendo usados. As educadoras da Creche particular relataram
Na Creche Harmonia: Pela professora de música uma vez por semana e por cada
7. Você se considera apta para trabalhar com música com seus alunos?
demais disseram se esforçar para trabalhar adequadamente com música junto aos seus alunos.
A Creche Harmonia foi escolhida por estar inserida no Espaco Harmonia, um centro
de Artes e Terapias integradas. Nesta creche, a música e o carro-chefe das demais atividades,
música, que permeia toda a rotina da educação infantil, as crianças têm, uma vez na semana, a
aula de música, onde sao musicalizadas de acordo com a faixa etária por uma professora
equipe periodicamente (geralmente uma vez por semestre), e também abastece a instituição
com sugestão de atividades e repertório, tanto o diário, quanto os específicos para os eventos.
ainda que tenha sido constatado que algumas educadoras, apesar de realizarem as atividades
perceber o quanto e difícil reunir numa só pessoa as habilidades musicais e o “saber lidar com
as crianças”, por exemplo. Por este motivo, no processo de seleção, a equipe prioriza o “lidar
A Escola Municipal Charles Anderson Weaver é uma escola que atende da Educação
adequados para a Educacao Infantil, estando, por este motivo, encerrando as turmas de EI no
encontrando também, pois uma está na escola pela manhã e, a outra, no turno da tarde,
A sala é a mesma para as duas, de sorte que uma tem acesso ao que a outra está
fazendo mesmo que através dos trabalhos fixados nos murais e bilhetes.
Por estas razões, cada uma utiliza seus recursos musicais próprios, ensaia suas
A educadora do turno da manhã canta muito pouco, apesar de ter respondido que se
considera apta para trabalhar com música. As aulas observadas foram bem mais voltadas para
a aquisição do conteúdo planejado, sem que a música tivesse inserida nele. Muitas vezes, as
a execução de alguma tarefa. A educadora permitia que as crianças cantassem, contanto que
Para as apresentações de Páscoa e Dia das Mães, foram ensaiadas músicas com
crianças criem durante suas aulas. Geralmente tem um CD tocando uma música “bem
baixinho” durante suas aulas. As crianças também conhecem muitas músicas de comando.
São também usados pela educadora os CDs educativos, como os da Bia Bedran ou os do
Nas apresentações de Páscoa e Dia das Mães, as crianças fizeram paródias com
determinante para que o trabalho com música frutifique no desenvolvimento das crianças.
nesta pesquisa, ousamos pensar nas possibilidades que se abrem a partir deste estudo, e de
musicais. Muitas vezes neste caminho, sabemos que ele deverá procurar elementos que
enriquecerão a aprendizagem musical dos seus alunos por iniciativa própria, visto que, com
base nos currículos analisados, sua formação é predominantemente intelectual, com poucas
tendências do nosso tempo, o ponto de partida para uma proposta relevante para a formação
Propomos que, nos cursos de formação do educador infantil seja implantada a matéria
desenvolvimento.
Educação Infantil.
Que reconheça nas diferentes fontes sonoras, riquíssimos materiais para seu
trabalho, tornando-se ele, bem como seus alunos "compositores", no sentido de ser aquele que
usa o som como seu meio de expressão e criação, como nos respauda os PCNs.
Que o folclore seja utilizado nas suas mais variadas abordagens, permitindo que
a curiosidade.
sociocultural até que fazem parte do conhecimento musical construído pela humanidade no
com músicas do cotiano das crianças, ampliando até outros universos sonoros.
expressiva da criança.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
[...] quem deve dar aulas de Música? O professor de classe? O professor de Artes?
O Músico que é também professor de Educação Musical? Sem dúvida, há muitas
atividades que o professor não músico pode desenvolver com sua classe para
estimular o gosto pela música; sem dúvida, é possível cantar ou tocar, mesmo que
o professor não saiba ler música; sem dúvida, ele poderá conduzir o interesse da
classe na apreciação do ambiente sonoro escolar ou das imediações. Para isso, ele
não necessita de formação específica, mas apenas de musicalidade e interesse pela
música e pelos sons. Mas, mesmo para isso, é necessário que tenha uma sólida
orientação. [...] Outras questões, porém, são da alçada do professor especialista e é
ele quem deverá tomar as rédeas do processo educativo [...] (FONTERRADA,
1998).
O fazer musical sempre esteve presente nas sociedades, desde as mais primitivas até as atuais.
Quer seja uma manifestação estritamente social, ou também artística, expressa de forma
coletiva ou individual, a música existe na sociedade, estando aberta a todas as influências que
Por isso, o fenômeno musical não pode ser apenas compreendido através de seus elementos
musicais, mas também através das características e das condições de quem o produz e de
quem o ouve. Em sociedades urbanas como a que vivemos, estas questões tendem a se tornar
Esta questão vem se refletindo na área da Educação Musical. Hoje, quando entramos numa
sala de aula com 40 crianças, por exemplo, não podemos mais deixar de reconhecer que
professor).
A Educação passou por fases em que o ensino priorizava certos tipos de manifestações
musicais, estando calcado num determinado repertório sem haver qualquer diálogo neste
sentido entre professores, alunos e a instituição escolar. Assim, o repertório era imposto aos
alunos (e muitas vezes imposto aos professores também). A proibição ou censura a
contextualizar o assunto a partir de estudos, mas, sobretudo, na sua praxis diária, avaliando,
vivência musical do aluno fora da escola, e conectando esta vivência ao processo de ensino-
Apesar de certo desconforto e preocupação em saber lidar com tamanha diversidade musical
na sala de aula, não se pode negar que este desafio fascina. É hora de experimentar outros
Educação Infantil. As diferenças não serão mais ameaças, mas oportunidades de crescimento,
troca.
A nós, que somos parte da história nestes dias, resta extrair o que há de melhor no legado que
ensino musical. Entendemos, portanto, que a Educação Musical carrega valores mais amplos,
e que devemos discutir sobre como, ao longo dos anos tantas vezes isto foi esquecido. É
tempo de levarmos a música a sério para o bem dos que são ensinados por nós, e para os que
vierem depois de nós. Equipar o educador infantil musicalmente – aquele que já está atuando
e o que está ou estará em formação acadêmica - não é um capricho, mas uma necessidade.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLEIZ JÚNIOR, Flávio. Música: dos Jesuítas até os nossos dias. Disponível na Internet
via WWW. URL: http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_colunas/coluna_livre/id061201.htm.
Arquivo capturado em 16/03/2006).
FUSARI, Maria F. R.; FERRAZ, Maria H. C. T. Arte na educação escolar. São Paulo.
Cortez, 1992.
KODÁLY, Zoltan. Children's Choirs, 1929. In: BONIS, F. (Ed.). The Selected Writings of
Zoltan Kodály. London, UK: Boosey and Hawkes, 1974.
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Neurose. Vol 1.
Río de Janeiro. Forense Universitaria, 1977.
PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas-SP. Papirus, 2002.
Observando a criação de Deus, podemos compará-la a uma perfeita Sinfonia. Sim, toda a
natureza, inclusive nós, fazemos ecoar um conjunto de sons e rítmos maravilhosamente
compostos pelo Senhor!
Somos parte do desejo de Deus para louvá-lo, e, mais especificamente no nosso caso, de
levarmos outros a fazerem o mesmo, com entendimento, beleza e compromisso.
Precisamos, para isso, de nos despojarmos de qualquer “arma” que bloqueie o fluir desse
tempo de aprendizado. Musicalizar é, antes de tudo, reconhecer que, neste processo, quanto
mais eu dou eu mais recebo. Quantas vezes nos surpreendemos aprendendo com nossos
alunos?
Musicalizar é mexer com a auto-estima, lapdar vidas.
Musicalizar é nunca estagnar. É ficar com a mente e o coração abertos para todo fato novo, e,
deste fato, promover outros, outros e outros...
Musicalizar é perceber o belo e o útil em cada estilo, performance, atividade, vivência. É
ouvir desde o canto dos pássaros até o último CD lançado.
Musicalizar é entrar de um jeito na sala e sair de outro. É vencer as resistências, ganhar a
confiança. Uma verdadeira luta diária.
Musicalizar é investir no presente e se surpreender com a colheita. É educar através da
Música.
Musicalizar é apaixonante. Você vai perceber.
Musicaliza-te todos os dias. Dê este presente a você.
Repertório melódico simples, usando seus nomes, expressões de amor, elogios, etc;
Música de Concerto (chamada por alguns de Música Clássica);
Caixinha de Música/Sons da Natureza;
Instrumentos e/ou objetos percussivos/sonoros (Ex.: amassar folha de papel);
Bateria Eletrônica: Reações aos rítmos diversos apresentados;
Meia com guizos;
Móbile sonoro;
Percepção Sonora: mãe/pai, e pessoas próximas, músicas entoadas para ninar ou entreter,
animais, objetos, etc.
Explorando os sons do corpo, facilitando o reconhecimento e o aprendizado dos nomes;
Lateralidade: para cima/para baixo; para um lado/para o outro; para frente/para trás;
Coordenação: marchar, pular, brincar de roda, dançar;
Coreografias relacionadas às palavras-chave da música;
Repetição de frases cantadas (ênfase nos nomes das crianças e adultos amigos, elogios,
regras de convivência e segurança (Ex.: “Eu gosto de ajudar”, “Não vou bater/morder meu
amigo”, “Bom dia!”, etc);
Apresentação e manuseio dos Instrumentos de Percussão, e livre “chacoalhar” deles nas
várias músicas apresentadas;
Imitação dos sons de casa, da rua, dos animais, etc.
a) 4 a 5 ANOS:
b) 6 ANOS: