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Não obstante a riqueza que é a oportunidade de ouvir a si próprio, e do
conjunto de análises passíveis de serem vivenciadas no ambiente psicanalítico,
análises estas sob regência, diga-se, do psicanalista, o vazio interior, algo que
se crê quase óbvia e conclusivamente existir em múltiplos momentos de todo ser
humano, é perene, no sentido de ocupar infindavelmente a existência de cada
um. O vazio como parte a ser revelada, conquanto dele já se saiba; mas
revelado, sentido, suportado, reconhecido...
Não significando, à evidência, que este vazio se mostre algo patológico
(pelo contrário, desejando-o como algo saudável e a todos inerente, uma vez
identificado e, como se disse, suportado), ele passa a ser visto como elemento
impossível de ser extirpado. O vazio (já se ousando fazer referência também, em
peculiar, ao objeto perdido) é aqui, no findar desta brevíssima discussão,
pontuado como um dos exemplos do que a prática psicanalítica é capaz: fazer
com que se reconheça ser o que somos, experimentando-se e aceitando-se
como somos: não só para curar feridas, mas para transformar-se e aprender a
viver, melhor, é claro.