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TEMA
da
EMPATIA
em
EDITH
STEIN
Direção Editorial:
Lucas Fontella Margoni
Comitê Científico:
Prof. Dr. Silvestre Grzibowski (UFSM)
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR
ISBN - 978-85-5696-019-1
CDD-100
Capítulo I .............................................................................. 22
O TEMA DA EMPATIA EM HUSSERL
Capítulo II............................................................................. 59
O TEMA DA EMPATIA EM EDITH STEIN
6 É por este viés, que Stein lhe toma como referência, conforme
podemos ver em suas palavras quando perguntada sobre a diferença do
pensamento de Husserl e Heidegger, da qual responde: “A
fenomenologia de Husserl é uma filosofia de essências, enquanto que
Heidegger é uma filosofia da existência” (2003c, p. 96).
7 Conforme Silvestre Grzibowski, pela έποϰή “o ‘Eu’ cognoscente põe
fora de circuito o mundo, seja ele natural ou cultural (e,
consequentemente, as proposições acerca deste mundo), de tal modo
que o que resulta é a consciência em sua pureza” (2014, p. 156, grifo do
autor).
Rudimar Barea 27
9 Segundo Husserl, “Pode-se ver com clareza que nem toda evidência
imperfeita prescreve aqui uma via para seu preenchimento que termine
numa evidência originária correspondente, numa evidência do mesmo
sentido; ao contrário, certas espécies de evidência excluem por
princípio tal atestação, por assim dizer, originária. Isso vale, por
exemplo, para a recordação retrospectiva e, de certa maneira, para toda
a recordação em geral e igualmente, por essência, para a empatia, à qual
atribuiremos no próximo livro um tipo fundamental de evidência (que
também investigaremos mais detidamente ali). Como quer que seja,
estão com isso assinalados temas fenomenológicos muito
importantes”(HUSSERL, 2006, § 140, p. 312). Desta passagem ficaria
nítida a posição de Husserl com relação à empatia, do qual destacaria
dois aspectos centrais de seu entendimento, com efeito; o primeiro
aspecto é de que ela se estabelece em uma posição racional perante o
mundo da vida em que os sujeitos humanos se encontram, na busca do
seu sentido essencial. No segundo aspecto, se destaca a perspectiva da
dificuldade de evidências perfeitamente racionais e dos enganos que
somos levados a cometer, citando como exemplo a própria recordação
que pode nos trair, e “atribuindo à empatia o mesmo nível da recordação em
geral”, dando ênfase na dificuldade que a consciência encontra para
conciliar algumas verdades ou evidências teóricas.
30 O tema da empatia em Edith Stein
10“Ideias
II” é uma obra que demorou para ser publicada; o próprio
Husserl fez mais de três revisões e ainda assim não dava por pronta;
esta obra é resultado das várias aulas que dava convictamente no
decorrer de sua carreira universitária. Ideias II ganhou a primeira (1916)
e a segunda (1918) edição de Edith Stein e a terceira edição por
responsabilidade de Ludwig Landgrebe (1924-1925).
11§ 18. Os fatores subjetivamente condicionados da constituição de
coisas e a constituição da coisa material objetiva (Husserl, 2005, p. 87 –
122).
Rudimar Barea 33
28Para Stein, assim como para Levinas, o Outro não é apenas uma
passagem para compreensão própria. Ademais, a realidade psicofísica
da pessoa, para Stein, sempre deve ser levada em consideração na
apreensão da vivência alheia, conforme veremos no terceiro capítulo.
29Quando usamos o termo “compreender”, atribui-se à vivência que
intersubjetivamente se estabelece entre eu e o outro.
48 O tema da empatia em Edith Stein
34Einfühlung:
“S. F. Compreensão, entendimento, compenetração,
empatia” (TOCHTROP, 1984, p. 128, grifo do autor).
54 O tema da empatia em Edith Stein
48 Mais tarde em suas pesquisas Stein afirma que não podemos nos
limitar ao método fenomenológico como verdadeiro e único método
para se chegar a verdades: “Nenhum sistema de pensamento humano
alcançará jamais um ponto de perfeição tal que não se possa sentir
necessidade de mais claridade” (STEIN, 2007, p. 605, tradução nossa).
Bejas reafirma esta posição: “A senda filosófica de Edith Stein não
haveria de concluir, sem embargo, nas fronteiras da fenomenologia.
Estava absolutamente convencida de que a busca da verdade, em que
consiste toda a filosofia, não pode nem deve ser considerada pelos
limites de argumentos de um sistema filosófico particular. A filosofia
autêntica é ‘a busca sempre inquieta do espírito humano do ser
verdadeiro’” (2003, p. 13, tradução nossa).
49 Todas as citações que fizerem respeito à tese de Edith Stein,
utilizaremos da tradução italiana, que está sobre os cuidados de Elio
Costantini e de Erika Sculze Costantini. Contudo, para efeitos de
correções, usamos a edição espanhola, que está sobre os cuidados de
Constantino Ruiz Garrido e José Luiz Caballero Bono; além de
conferências pontuais, a tese original “Zum Poblem der Einfühlung”
(1917).
72 O tema da empatia em Edith Stein
67Podemos dizer que esta é uma herança direta de Husserl que queria
entender as coisas mesmas sem confundir-se com outras ciências ou
proposições precipitadas a respeito.
Rudimar Barea 105
79 Segundo Pedro Jesus Teruel Ruiz, Stein desenvolve sua própria teoria
sobre a ‘constituição’, momento que aparece mais claramente em sua
obra tardia “Ato e Potência”. De acordo com Teruel, o núcleo das
divergências entre Husserl e Stein reside no conceito de constituição
transcendental da realidade (2004).
80O termo “Pessoa” é utilizado tanto por Husserl, quanto por Stein,
para diferenciar esta de qualquer possibilidade de existência de vida,
pois somente os seres humanos podem ser chamados “Pessoa”:
Segundo Stein: “Quando nos discursos cotidianos falamos de ‘sujeitos’
ou melhor, de “pessoas”, indicamos usualmente com esta expressão os
seres humanos no mundo (nós mesmos ou os outros, que são ‘nossos
semelhantes’)” (2001, p. 146, tradução nossa).
136 O tema da empatia em Edith Stein
O movimento de compreensão e de
reconhecimento não tem uma direção unívoca, ou
seja, partindo de mim em direção ao outro, mas é
recíproco. De fato, a constituição do indivíduo fora
de mim é a condição da constituição do indivíduo
em si mesmo, pois quando capto o corpo de um
outro como meu semelhante, capto também a mim
mesmo como igual a ele, desse modo, em nível
psíquico, me situo no seu ponto de vista para olhar
a minha vida psíquica, adquirindo a imagem que o
outro tem de mim (2000, p. 162).
Referências complementares
LaEstructuraDeLaFenomenologia-230460%20(1).
pdf, [s.d.], acesso em 10 de maio de 2015.