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XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétri

SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro


Curitiba - PR - Brasil

Dion Lenon Prediger Tiago Bandeira Leonardo Hautrive


Feil Marchesan Medeiros
Universidade
Universidade Federal Universidade Federal
Federal de Santa
de Santa Maria de Santa Maria
Maria
dionlenonpf@gmail.com tiago@ufsm.br leohm.29@gmail.com

Márcio Aparecido Daniel Pinheiro Paulo Roberto da


Tardivo Bernardon Silva
ROMAGNOLE Universidade
Universidade Federal
PRODUTOS ELÉTRICOS Federal de Santa
de Santa Maria
LTDA Maria
tardivo@romagnole.com.br dpbernardon@ufsm.br paulords@ufsm.br

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISES DE UM NOVO TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO DE ALTA EFICIÊNCIA

Palavras-chave

Alta eficiência
Núcleo amorfo
Sistema de refrigeração
Transformador de distribuição
Óleo vegetal isolante

Resumo

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Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um transformador de distribuição mais eficiente e
ambientalmente correto, com núcleo de metal amorfo e óleo vegetal isolante. Foi obtida significativa redução
das perdas à vazio e operação a maiores temperaturas, além do fluído ser não tóxico e de rápida biodegradação
quando em contato com o meio ambiente. Ferramentas de simulação de fluidodinâmica computacional foram
utilizadas a fim de propor inovações no sistema de refrigeração empregado, levando-se em conta as
características de maior viscosidade do óleo vegetal. Além disso, é desenvolvido um sistema de aquisição e
transmissão de dados via GPRS (General Packet Radio Services), para o monitoramento da temperatura de
operação do equipamento em tempo real.

1. Introdução

A qualidade nos serviços prestados pelas empresas do setor elétrico está sendo cada vez mais exigida pelos órgãos
reguladores. Para garantir a qualidade e quantidade de energia que chega ao consumidor, os equipamentos utilizados
em todo o sistema elétrico devem ter um elevado grau de confiabilidade, desde a geração até a distribuição da energia
elétrica (BECHARA, 2010). A eficiência também é muito importante, uma vez que o aumento do consumo exige a
expansão do parque gerador, o que provoca grandes impactos ambientais em termos de área ocupada e emissões de
CO2 (BECHARA, 2010; STEINMETZ, 2010). Levando em consideração esse contexto, os transformadores são os
dispositivos em maior número e com um papel fundamental em todo o sistema elétrico, uma vez que são utilizados para
adequar os níveis de tensão entre os níveis de distribuição, transmissão e geração.

Nos sistemas de distribuição, os transformadores de média tensão são responsáveis por, aproximadamente, um terço do
total das perdas técnicas (PICANÇO, 2006). A magnitude dessas perdas mostra a existência de um grande potencial a
ser explorado através da aplicação de novas tecnologias, como o uso de novos materiais, e por meio de medidas
normativas que induzam a eficiência em transformadores de distribuição.

Nessa perspectiva, um ponto a ser explorado para atingir esse objetivo é a pesquisa e produção de equipamentos mais
eficientes, tendo em vista que constituem importante estratégia na redução dos impactos causados ao meio ambiente. A
eficiência energética, além de contribuir para conservação das fontes de energia e a conservação de recursos naturais,
oferece também vantagens econômicas, como a diminuição dos custos de produção oferecendo ao mercado bens de
menor custo, competitivos e reduzindo a necessidade de investimento em infraestrutura e energia.

Dessa forma, tendo em vista o contexto de eficiência energética, conservação de energia e preocupações com impactos
ambientais, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um transformador de distribuição altamente eficiente,
de reduzida relação peso/potência e ambientalmente correto.

Para tanto, é empregada a tecnologia de núcleo de metal amorfo, o que proporciona uma grande e significativa redução
das perdas a vazio, a utilização de óleo vegetal isolante, por possuir características biodegradáveis e reduzir os riscos
de acidentes ambientais, além da melhoria do sistema de resfriamento propiciada pela análise de dinâmica
computacional de fluídos (CFD). O projeto elétrico do transformador de distribuição foi otimizado por meio da variação de
parâmetros de projeto, tais como: indução, densidade de corrente, número de espiras (volt/espira) e relação entre a
altura e largura do condutor retangular utilizado nos enrolamentos. Adicionalmente, é desenvolvido um sistema de
aquisição e transmissão de dados via GPRS (General Packet Radio Services), para o monitoramento da temperatura de
operação do equipamento em tempo real.

Em resumo, as principais contribuições deste trabalho são destacadas a seguir:

a) Emprego conjunto de novas tecnologias em transformadores de distribuição, tais como: núcleo de metal amorfo e

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óleo vegetal isolante;

b) Metodologia de otimização de projeto para transformadores que empregam simultaneamente núcleo amorfo e óleo
vegetal isolante considerando a curva típica de carga da concessionária no ponto de instalação do equipamento;

c) Utilização do método de volumes finitos em simulações térmicas de sistemas de refrigeração de transformadores de


distribuição;

d) Desenvolvimento de um sistema de comunicação via GPRS para monitoramento remoto da temperatura de operação
do equipamento.

2. Desenvolvimento

2.1. Materias Empregados

2.1.1. Núcleo Amorfo

O desempenho e a eficiência de transformadores estão diretamente relacionados ao tipo de material utilizado na


construção do núcleo magnético. Ao longo dos anos, a descoberta de novos materiais, técnicas de fabricação e
isolamento das chapas foram progressivamente qualificadas, conduzindo a significativas melhorias no desempenho dos
transformadores (LUCAS, 2000).

As ligas metálicas mais comuns usadas em núcleos de transformadores, como por exemplo, o aço-silício, possuem,
normalmente, estruturas atômicas cristalinas, onde os átomos estão arranjados em uma rede ordenada e repetida.
Diferentemente dessas ligas, os metais amorfos têm seus átomos distribuídos de um modo praticamente aleatório e
desprovidos de ordem à longa distância, como nos vidros, permitindo uma fácil magnetização do material
(STEINMENTZ, 2010; ISLAM, 2012; SOLTANZADEH, 2012).

Uma das vantagens dos transformadores com núcleo de metal amorfo, em comparação com os transformadores
convencionais de aço-silício, é a baixa corrente de magnetização. Além disso, os metais amorfos apresentam
características favoráveis ao estabelecimento da indução magnética, além de apresentar um estreito ciclo de histerese e
alta permeabilidade magnética. Diante dessas características, os metais amorfos apresentam pequenas perdas por
histerese, se comparados com o tradicional aço-silício. Dessa forma, projetos de circuitos magnéticos de
transformadores com núcleo amorfo tem como garantia uma baixa corrente de magnetização e alta eficiência
(STEINMENTZ, 2010; ISLAM, 2012; SOLTANZADEH, 2012; HASEGAWA, 2001).

A alta resistividade elétrica, característica desejada no núcleo de transformadores, e a espessura das lâminas de metal
amorfo (cerca de dez vezes menores que a espessura das lâminas de aço-silício), proporcionam menores perdas por
corrente de Foucault, se comparadas com transformadores com núcleo de aço-silício (STEINMENTZ, 2010;
HASEGAWA, 2001).

Dessa forma, transformadores com núcleo amorfo apresentam uma redução de perdas no núcleo que podem atingir
valores entre 60% e 90% (HASEGAWA, 2001).

2.1.2. Óleo Vegetal Isolante

Os óleos minerais isolantes (OMIs) têm sido utilizados como meio dielétrico e refrigerante desde os primeiros
transformadores com fluido isolante (AMANULLAH, 2008). No entanto, a crescente crise de óleos derivados do
petróleo, ou seja, a dificuldade de fornecimento, o aumento do seu preço e a necessidade de fluidos biodegradáveis,
impulsionam a busca por alternativas em substituição aos OMIs como fluido dielétrico e refrigerante.

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Dessa forma, surgem os óleos vegetais isolantes (OVIs) que são obtidos a partir de grãos ou sementes de plantas
oleaginosas, ou seja, são produtos naturais e de grande abundância de oferta (AMANULLAH, 2008; MCSHANE,
2002; AMANULLAH, 2005; WILHELM, 2009).

Devido sos OVIs apresentarem ponto de combustão superior a 300 ºC, estes são considerados fluidos de segurança,
ao contrário dos OMIs que possuem um ponto de combustão em torno de 150 ºC.

Um fator sempre presente nos líquidos isolantes é a umidade, a qual varia com a estrutura química dos mesmos. A
umidade atua como agente catalisador na decomposição da celulose, diminuindo, por consequência, a vida útil do
equipamento elétrico. Estudos de envelhecimento do isolante sólido mostram que este tem sua vida prolongada na
presença de óleos vegetais, em comparação aos óleos minerais (WILHELM, 2009).

Os OVIs são facilmente decompostos no ambiente, uma vez que estes apresentam uma biodegrabilidade de
aproximadamente 95%, enquanto os OMIs apresentam uma biodegradabilidade de aproximadamente 37% (
AMANULLAH, 2005; WILHELM, 2009).

2.2. Otimização de Projeto de Transformadores de Distribuição com Núcleo Amorfo e Óleo Vegetal Isolante

O projeto de um transformador de distribuição é realizado através de um conjunto de fórmulas bem definidas e


difundidas. Através da aplicação dessas fórmulas é possível obter um vasto número de projetos, todos eles com
diferentes características construtivas, capazes de atender a uma determinada especificação e as normas vigentes.
Entre a gama de projetos possíveis, tem-se o conflito de escolha entre eficiência e custo de produção, que deve ser
solucionado pela busca do projeto com a melhor relação custo-benefício.

Portanto, com o objetivo de se determinar o melhor projeto considerando o custo total do equipamento, desenvolveu-se
uma rotina de otimização através da variação de parâmetros construtivos. São eles: indução, número de espiras
(volt/espira), densidade de corrente e relação entre altura e largura do condutor retangular utilizado nos enrolamentos de
baixa tensão e seção padronizada (AWG) para os enrolamentos de alta tensão. Para cada um desses parâmetros são
determinados os limites máximos e mínimos.

A otimização do projeto do transformador de distribuição é realizada através de uma sequência de cálculos apresentada
na Figura 1, pelo processo de busca exaustiva. Esse método percorre todo o espaço de possíveis soluções e encontra a
melhor resolução do problema.

O material amorfo utilizado no núcleo do transformador é o Metglas 2605SA, e a largura das chapas utilizada é de
170mm, uma vez que a fita é fabricada em três larguras: 142mm, 170mm e 213mm.

Os valores de indução variam dentro do escopo sugerido pelo fabricante para transformadores trifásicos. Estes valores
estão na faixa de 1.25 até 1.35 tesla.

Os limites mínimo e máximo do número de espiras das bobinas de baixa tensão foram definidos entre 42 e 51,
respectivamente, o que representa uma variação de 21,5%.

Os limites para a densidade de corrente utilizados na rotina de otimização foram definidos considerando uma variação
de 20% a partir do valor de referência para cada material. Dessa maneira, é realizada a variação do valor da densidade
2
de corrente entre 1,2 e 1,8 A/mm .

Os valores mínimo e máximo para a altura e largura do condutor dos enrolamentos de baixa tensão são definidos a partir
da relação entre estes dois parâmetros, visto que esta relação deve ser maior ou igual a 2 e menor ou igual a 6.

2.2.1. Projeto Otimizado

A otimização de projeto de transformadores de distribuição foi realizada para um transformador de distribuição de 75

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kVA, classe de tensão de 15 kV, com tensões primárias 13.800/13.200/12.600 V e tensões secundárias de 380/220 V.
Para este projeto é utilizado núcleo de metal amorfo, condutores de alumínio nas bobinas e óleo vegetal isolante.

Através da rotina de otimização por busca exaustiva, conforme mostrado na sequência de cálculos da Figura 1, o
transformador com o menor custo total possui as características apresentadas na Tabela 1.

Figura 1 - Sequência da metodologia de otimização de projeto de transformadores de distribuição.

Tabela 1 - Parâmetros do Projeto Otimizado

O custo total de um transformador consiste na soma de diversos custos, incluindo os custos iniciais, que é o preço de
compra e custo de instalação e os custos operacionais, referentes ao custo das perdas de energia e os custos de
manutenção durante a vida útil do equipamento (PICANÇO, 2006). Logo, o custo total do transformador otimizado é de
R$ 16.750,56, considerando um fator de carga de 0,4, taxa de atratividade de 7% ao ano e período de análise de 20
anos.

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Nessa estimativa, o preço do transformador corresponde a 51% do custo total. A capitalização das perdas a vazio
representam 13%, o que corresponde a R$ 2.177,56, enquanto a capitalização das perdas sob carga, no valor de R$
6.030,20, representam 36% do custo total.

A ABNT NBR 5440 (NBR 5440, 2014) traz uma classificação de níveis de eficiência para cada nível de potência e classe
de isolação. A classificação em níveis de eficiência compreendem três fatores: as perdas a vazio, perdas totais e
rendimento mínimo. Logo, as reduzidas perdas a vazio do transformador com núcleo amorfo garantem nível A na
classificação quanto às perdas a vazio. Para as perdas totais, o nível de classificação é nível C. De acordo com os
limites de rendimento mínimo da classificação de eficiência, o transformador atingiu o nível A de eficiência.

2.3. Estudo do Sistema de Dissipação Térmica

Com o propósito de desenvolver um modelo de sistema de refrigeração para transformadores de distribuição com
elevada eficiência térmica, foram propostas diferentes geometrias de radiadores para determinar a melhor configuração
para que a temperatura de operação seja mantida em níveis dentro dos limites estipulados por norma. Para tanto, foram
®
realizadas simulações em CFD no software Ansys CFX .

O modelo utilizado como base para comparação dos resultados das análises para as demais geometrias que foram
propostas consiste em um transformador trifásico projetado e fabricado pela Romagnole Produtos Elétricos S.A. Este
tem potência de 45 kVA, classe de tensão 15 kV, núcleo de aço-silício do tipo envolvente, óleo mineral isolante e
enrolamentos de alumínio, sistema de refrigeração formado por aletas no formato elíptico.

Foram estudadas variações da topologia de aleta elíptica do modelo base, como por exemplo, substituição do formato
elíptico pelo tubular, variação da distância entre a aleta e o tanque, bem como a distância entre a entrada e saída da
aleta, e a adição de ramos centrais à aleta. A Figura 2, Figura 3, e a Figura 4 apresentam os resultados das simulações
térmicas para algumas variações de topologia efetuadas.

(a) (b)

Figura 2 - Comparativo entre configurações de aletas (a) simples (b) com ramo central

(a) (b)

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Figura 3 - Comparativo entre distâncias das aletas e o tanque.

(a) (b)

Figura 4 - Comparativo das distâncias entre entrada e saída das aletas.

A Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4 mostram os resultados das simulações térmicas para as configurações de sistemas de
refrigeração propostas, variações de distância entre as aletas e o tanque e variação da distância entre os pontos de
entrada e saída das aletas do tanque, respectivamente.

Tabela 2 - Resultados Térmicos das Configurações Propostas.

Tabela 3 - Resultados Térmicos das Variações de Distância entre as Aletas e o Tanque (Mantendo mesma área de
dissipação).

Tabela 4 - Resultados Térmicos das Variações de Distância entre Entrada/Saída das Aletas no Tanque (Mantendo
mesma área de dissipação).

2.4. Desenvolvimento da Unidade Protótipo

Após a otimização do projeto elétrico do transformador de distribuição trifásico (com potência de 75 kVA e emprego de

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núcleo amorfo, óleo vegetal isolante e enrolamentos de alumínio) e estudo de diferentes sistemas de dissipação térmica,
definiu-se como unidade protótipo modelo

®
Com o intuito de validar a unidade protótipo, através de simulações em CFD no software Ansys CFX , foi realizada uma
simulação da geometria do sistema de refrigeração empregada na unidade protótipo. A Figura 5 apresenta os resultados
para a temperatura média geral do óleo e a temperatura média do topo de óleo.

(a) (b)

Figura 5 - Temperatura do óleo da unidade protótipo. (a) Temperatura média geral. (b) Temperatura do topo de óleo

A temperatura média geral do óleo e a temperatura média do topo de óleo atingida por este modelo foi de 68,82 ºC e
69,67 ºC, respectivamente. A temperatura média do topo de óleo atingida por esse modelo de transformador através de
testes práticos é de 64,32 ºC. Sendo assim, a simulação apresentou um erro de aproximadamente 8,30% em relação
aos ensaios práticos para a temperatura média de topo de óleo, o que se encontra dentro dos 10% admitidos para as
simulações em volumes finitos.

2.5. Desenvolvimento de Sistema de Comunicação para Monitoramento Online do Transformador na Rede de


Distribuição

Um sistema de aquisição e transmissão de dados via GPRS foi desenvolvido para o monitoramento da temperatura de
operação do equipamento em tempo real, sendo esta o principal agente na degradação da vida útil do transformador
assim como qualquer dispositivo elétrico.

Inicialmente, foi utilizado um sensor (LM35) para a medição da temperatura do óleo isolante, instalado junto ao poço do
transformador. Em seguida, para fazer a leitura dos dados enviados pelo sensor de temperatura foi utilizada uma placa
Arduino DUE. Depois de realizada a leitura, esse dado é enviado para um modem através de uma comunicação serial.
Como a saída do Arduino é em nível TTL e o modem tem comunicação RS-232 é necessária uma placa de interface que
converta os níveis de tensão de TTL para RS-232 e vice-versa baseada em um CI MAX232.

Para o envio dos dados, utilizou-se um modem GPRS. Este modem cria uma conexão TCP/IP com um servidor
previamente configurado, e fica invisível ao sistema quanto à comunicação.

O projeto final do sistema de monitoramento da temperatura do óleo isolante do transformador é apresentado na Figura
6.

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Figura 6 - Placa sistema de monitoramento da temperatura do óleo isolante: 1) Arduino; 2) Placa de conversão TTL-
RS232; 3) Modem GPRS; 4) Antena.

Os dados podem ser vistos de diferentes formas, em tempo real ou o histórico do ano, mês, semana, dia, ou
manualmente pode-se escolher o horário.

2.5.1. Ensaio de Elevação de Temperatura

A ABNT NBR 5653-2 (NBR 5356-2, 2007) determina o método para a execução do ensaio de elevação de temperatura
em regime permanente de transformadores imersos em óleo.

A configuração necessária para a realização do ensaio de elevação de temperatura do transformador otimizado, com
núcleo amorfo e óleo vegetal, pode ser visualizada na Figura 7.

Figura 7 - Configuração para realização do ensaio de elevação de temperatura.

Durante o ensaio são monitoradas a temperatura ambiente, por termômetros instalados no entorno do transformador, ea
temperatura de topo de óleo, no poço do mesmo. A partir dessas medições, é obtido o gradiente de temperatura do óleo,
ou seja, a elevação de temperatura do óleo sobre a temperatura média ambiente. A Figura 8 mostra a temperatura
média ambiente, a temperatura de topo de óleo e a elevação de temperatura do óleo.

Figura 8 - Elevação de temperatura.

Analisando os dados obtidos no ensaio e as curvas da Figura 8, observa-se que a taxa de variação da elevação da
temperatura do topo do óleo é menor que 1 ºC durante as últimas três horas, conforme determina a ABNT NBR 5356-2.
Dessa forma, para o ponto final do ensaio, a temperatura média ambiente verificada é de 29,2 ºC e a temperatura de

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topo de óleo é de 68,2 ºC. Assim, o gradiente do óleo é de 38,93 ºC.

Imagens térmicas foram efetuadas a cada hora durante o ensaio de elevação de temperatura, sendo que na Figura 9
são mostradas duas vistas ao fim do ensaio. O valor da temperatura de topo de óleo para cada imagem está indicado
na figura “visão lateral”. As imagens térmicas foram realizadas para um valor de emissividade igual a 0,95.

(a) (b)

Figura 9 - Imagem térmica após 17h de ensaio. (a) Visão frontal. (b) Visão lateral.

A Tabela 5 apresenta uma síntese e comparativo da temperatura de topo de óleo, durante o ensaio, entre os valores
medidos através de um termômetro digital e os valores obtidos nas imagens térmicas.

Tabela 5 - Comparativo da Temperatura de Topo de Óleo Medida entre Termômetro e Imagem Térmica.

Observa-se, a partir da Tabela 5, que os valores da temperatura de topo de óleo, para ambos os métodos de medição
utilizados, são similares, não ultrapassando um erro relativo máximo de 8,50%.

Como um dos objetivos deste trabalho é o desenvolvimento de um sistema de medição de temperatura e transmissão
via GPRS (General Packet Radio Services), foi obtida a curva da temperatura de topo de óleo, obtida através de um
termômetro digital Fluke 51-II, instalado junto ao poço do transformador, juntamente com o sensor do sistema GPRS, e
através de um sistema de medição e transmissão de dados via GPRS, medidas realizadas durante o ensaio de elevação
de temperatura do transformador. A temperatura de topo de óleo, para ambos os métodos de medição, é praticamente a
mesma para todos os pontos, não ultrapassando um erro de 1,8% entre os métodos de medição.

2.6. Estudo de Viabilidade Técnica-Econômica

A análise de viabilidade econômica da substituição dos transformadores convencionais pelo transformador com núcleo
amorfo e óleo vegetal é realizada com base em uma curva de carga fornecida pela concessionária MUX Energia,

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localizada na cidade de Tapejara, RS, Brasil.

O cálculo do custo total considerando a curva de demanda é realizado utilizando equações presentes em (NBR 5440,
2014; BOUWMAN, 2003). Dessa forma, os custos totais do transformador com núcleo amorfo e óleo vegetal isolante e
para um transformador com núcleo de aço-silício e óleo mineral isolante, são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Comparativo entre transformador convencional e o transformador proposto.

A Tabela 6 mostra que as perdas em vazio do transformador com núcleo amorfo são 74,5% menores do que as perdas
em vazio do transformador convencional, com isso a redução no custo das perdas em vazio também tem o mesmo
índice. Para as perdas em carga o transformador com núcleo amorfo apresenta uma redução de 11%. No entanto, o
preço do transformador com núcleo amorfo é 61% maior do que o preço do transformador convencional.

O tempo de retorno do investimento, calculado através do “Método do Valor Presente”, para utilização do transformador
com núcleo amorfo e óleo vegetal ao invés do transformador convencional, considerando a taxa de atratividade de 7%
ao ano, é de 5,7 anos.

3. Conclusões

As principais contribuições deste trabalho são o emprego concomitante de metal amorfo e de óleo vegetal, contribuindo,
dessa forma, para a fabricação de transformadores de distribuição mais eficientes, colaborando com a conservação de
energia e de recursos naturais e diminuição dos impactos ambientais. Aliado a isto, tem-se a otimização de projeto e a
utilização do método de volumes finitos em simulações térmicas de sistemas de refrigeração de transformadores de
distribuição, a fim de propor melhorias nestes sistemas. Adicionalmente, é realizado o desenvolvimento de um sistema
de comunicação via GPRS para monitoramento remoto da temperatura de operação do equipamento.

Além disso, foi realizado um estudo da viabilidade econômica considerando o transformador fabricado com de núcleo
amorfo e óleo vegetal e um transformador convencional, fabricado com núcleo de aço silício e óleo mineral, com as
mesmas características. Esse estudo mostrou a viabilidade da utilização do transformador fabricado com núcleo amorfo
e óleo vegetal ao invés da utilização do transformador convencional, com um tempo de retorno de investimento de 5,7
anos.

4. Referências bibliográficas

BECHARA, R. Análise de Falhas em Transformadores de Potência. 2010. 118p. Dissertação (mestrado em


Engenharia Elétrica) - Univ. de São Paulo, São Paulo, 2010.

STEINMETZ, T.; CRANGANU-CRETU, B; SMAJIC, J. Investigations of No-Load and Load Losses in


Amorphous Core Dry-Type Transformers. XIX International Conference on Electrical Machines (ICEM), pp. 1-6,
Sept. 2010.

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PICANÇO, A. F. Avaliação Econômica de Transformadores de Distribuição com Base no Carregamento e
Eficiência Energética. 2006. Dissertação (mestrado em Engenharia Elétrica) - Univ. Federal de Itajubá, Itajubá,
2006.

LUCAS, J. R. Lucas. Historical Development of the Transformer. Institution of Electrical Engineers, 2000.

ISLAM, M. A. Prospective Analysis of Energy Efficient Amorphous Metal Distribution Transformer (AMDT).
APPEEC 2012 Asia-Pacific Power and Energy Engineering Conference, pp. 1-4, 2012.

SOLTANZADEH, K.; TAVAKOLI, A.; ARBAB, P. B. Effects of Amorphous Core Distribution Transformers in
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Improvement the functioning of the Electricity Distribution System. Proc. 2012 17 Conference on Electrical
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HASEGAWA, R.; PRUESS, D. C. Impact of Amorphous Metal Based Transformers on Efficiency and Quality of
Electric Power Distribution. Power Engineering Society Summer Meeting (PESS), pp 1820-1823, 2001.

AMANULLAH, Md. et al.Evaluation of Several Techniques and Additives to De-moisture Vegetable Oils and Benchem
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Liquids, pp. 1-4, 2008.

MCSHANE, C. P. et al. Aging of Kraft Paper in Natural Ester Dielectric Fluid. IEEE International Conference
on Dielectric Liquids, pp. 173-177, 2002.

AMANULLAH, Md. et al. Analyses of Physical Characteristics of Vegetable oils as an Alternative Source to
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WILHELM, H. M.; TULIO, L.; UHREN, W. Produção e Uso de Óleos Vegetais Isolantes no Setor Elétrico.
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Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Transformadores para Redes Aéreas de Distribuição –
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Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Transformadores de Potência – Parte2: Aquecimento,.


ABNT NBR 5356 – 2-2007, 2007.

BOUWMAN, S.; GROEMAN, J. F.; HULSHORST, W. T. J. Cost savings by low-loss distribution transformers:
the influence of fluctuating loads and energy price on the economic optimum. KEMA T&D Consulting, 2003.

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Agradecimento : Os autores gostariam de agradecer o apoio técnico e financeiro da concessionária de


Energia Mux Energia e a empresa de transformadores Romagnole

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