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Estudo Clínico de Estomatite Protética:


Avaliação preliminar
Clinical Sfudy of Denture Sfom atitis.
João Jorye Dlnlz Barbachann
Pantêlls Varvakl Rados*
Manoel Ssnfana Fllho*'
Manoela Galllcchlo Domlngues*

RESUMO
A Estomatite Pmtética é uma peiologia presente em pacientes portadoíes de póteses removlveis. Esses alteraçÕes se cerecterizam por
hiperemia, edema, inflamação moderada ou intensa. Sua etiologie é multifatoÍial, porém, tem rêlâção direta com o uso deste lipo ds púies6.
PropusêmG.nos a estudar as formas de contÍole clÍnico desta palologie em pãcientes portadorês dê pótese. Foram tratados I pacientes, dos
queis em 4 subsiituiu-se a prótêse e êm 5 o tratamento mnstituiu da remoçâo da mesma a noitê para desinfecção com solução de hipoclorito
de sódio a 10lo. Os resulledos obtidos mostraram melhora nas dues foÍnas dê trâiamenlo. A substituição da pÉtesê mostrou resultado
positivo mais Épido.

SUMMARY
Denlure stomatitis is an ordinery disۉse among pecients that use removable deniures. These disease is cerecterized by hiperemia, edeme
ând modeEte to intênse inlìamation. The etiology of dênture stomatitis has many câuses, but it has â dirêct rêlationship with the use total
dênture. Of a toial of nine paciênls, four ofthem had their dentures exchanged and tive had thêir dentur€ removed el night Íor desinfection
using 10lo hipoclorite solution. Both treatments showed to be usefull, but th€ êxchenge of denture alow a healing in minor period of time.

UNITERMOS
Estomatite Pmtêtica, Estomelile, Candidlâsê, Estudo clÍnico.

KEYWORDS
Denture stomatitis, stomatitis, cândidiâsis, clinical study.

cionadas com o desenvolvimento da EP são:


lntrodução RevÍsã o da literatura trauma, infecção e alergia 7'10'21.
Candidiase Atrófica Crônica ou mais cor-
Prevalência Diversos estudos evidenciaram que a EP
De acordo com Jeganathan2í, a prevalên- está presente com muita freqüência em paci-
retamente Estomatite Protética (EP), são ter-
cia exata da Estomatite Protetica (EP) não é entes com proteses mal adaptadas ou com
mos usados para descrever cedas mudanças
sabida. Porém, vários autores tem citado ci- uma oclusão não balanceada. 7'10,21. Diaz e
patológicas que ocorrem com muita frequência
fras que variam de 11 a67o/0. colía afirmam que a ação patogênica se ex-
na mucosa que suporta proteses removíveis Diaze colÍ3 em um estudo epidemiológico pressa fundamentalmente em pequenos
totais ou parciais 13'1s'20'2t'42. Essas alterações de 6.302 pacientes portadores de próteses desajustes não perceptíveis que atuam a nível
se caracterizam por hiperemia, edema, infla- removíveis constataram que destes, 2.952 subclínico não identificado pelo paciente.
mação moderada ou intensa. Clinicamente encontravam-se afetados por EP, o que repre- N ão parece haver dados de que o uso
foram graduadas por Newton 13 em três tipos: senta uma freqüência de 46,840/o. Dentre os noturno das próteses é um fator etiologico
Tipo l- mostra uma inflamação localizada ou quais, 50,47o/o correspondiam ao sexo femini- relevante; todavia, têm-se demonstrado que o
pequena hiperemia; Tipo ll - eritema maiò no e 39,96% ao masculino. A distribuição das uso contínuo das proteses provoca degenera-
difuso e o Tipo lll - hiperplasia papilar não lesões por faixa etária demonstrou que as
ção das glândulas salivares palatinas e dimi-
neoplásica com inflamação em graus varia- porcentagens se distribuíram em valores pro- nuição da secreção salivar favorecendo o
dos. ximos a 48o/o entre os 20 e 39 anos e que a acúmulo de placa microbiana que por sua vez
A etiologia da Estomatite Protética é extre- partir daí se observa uma ligeira tendência a provoca a queda do pH, o que favorece a
mamente varíavel, devido ao fato de que uma diminuição com o avanço da idade. ração da Candidaalhiçans. Todos estes
p ro I ife
grande quantidade de condições locais ou Todos os autores concordam que a EP fatores mecânicos, químicos, antígenos e to-
sistêmicas podem estar envolvidas na sua apresenta-se com maior freqüência nas mu- '
patogênese. Porém, a maioria das lesões são lheresdoque nos homense na mucosa palatina
que na arcada alveolar da mandíbula. * Esfe trabalho foi apresentado no Vl Salão de
causadas por infecções crônicas (Candida
lniciação Científica da UFRGS.
albicans), traumas ou alergias. 2'7,13'20'21'
Professor de Patologia da UFRGS, coordena-
O objetivo deste trabalho consiste em revi- Etiologiq dor do Curso de Mestrado em Patologia Bucal
são de literatura, bem como na avaliação, A etiologia da Estomatite Protética é da UFRGS.
diagnóstico e tratamento das estomatites Professor de Patologia da UFRG$ PUC e
multifatorial, ou seja, uma grande quantidade
protéticas de 9 pacientes examinados no Ser- ULBRA, professor do curso de Mestrado em
de condições predisponentes locais ou Patologia Bucal da UFRGS.
viço de Patologia da Faculdade de Odontolo- sistêmicas podem ser envolvidas na sua Aluna do ff semestre da UFRGS, bolsista de
gia da UFGRS. patogênese. As causas diretas que estão rela- iniciação científica CNPq.

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xinas biológicas se conjugam durante os lon- Feltrin e colls salientam ainda que a super-
gos períodos de uso ininterrupto e dão gradu- fície de encaixe das próteses é o principal
Diagnosfrco
almente origem as lesões. 14,21. reservatorio de leveduras em pacientes com O diagnostico da Estomatite Protética é
A Candida é'um microorganismo comu- EP, devido as irregularidades do acrilico. baseado principalmente no exame clínico, po-
mente encontrado na cavidade bucal e no trato dendo ser importante exames complementa-
gastrointestinal de pessoas não afetadas clini- res como os de sangue ou bacteriológi-
camentel'2'8,34,37'3e. A compatibilidade de coe- Áspectos clínÍcos cos7,20,21,42.

xistência desses microorganismos com a saú- Do ponto de vista clínico a estomatite O diagnostico clínico é fundamental e se
de do hospedeiro decorre do desenvolvimen- protética forma-se nos pontos de contato entre realiza através de uma correta e completa
to, desde o nascimento, através de mecanis- a prótese e a mucosa da cavidade bucal, anamnese e historia clínica da lesão. É de
mos imunológicos, de um processo de adapta- caracterizando-se pela presença de uma área suma importância a análise da prótese, ano-
eritematosa de contornos bem delimitados. tando cuidadosamente o seu tipo, estado,
ção e readaptação contínuas, graças aos quais
se estabelece um vínculo biologico entre o Clinicamente podem ser classificados em três função, estabi lidade, adaptação marginal, des-
'tipos segundo Newton(1 962)att'zt'zz'ts.
hospedeiro e os microorganismos que e.le gaste, etc. Devemos conhecer o nível de higi-
abriga normalmente. Porém, certas condições Tipo l: Sinais inflamatórios mínimos, ge- ene buco-dentária e protética, assim como, a
poderão modificar esse equilíbrio e favorecer ralmente assintomáticos. Mostra inflamação situação do resto dos elementos da cavidade
o desenvolvimento da ação patogênica e o localizada ou hiperemia minúscula. bucal. Desta forma, no exame clínico deve-
aparecimento da candidÍasel,23'41. mos procurar as causas diretas da EP (infec-
Tipo ll: Mostra uma superficie com áreas
Budtz-JorgensenT e Feltrin e colls afirmam
eritematosas difusas que podem cobrir-se to-
ção, trauma ou alergia) e os fatores
que a infecção é primeiramente relacionada predisponentes; para após, instituir terapia
tal ou parcialmente por exsudato branco. Ge- corretiva e alcançar uma cura permanenteT'21'42.
com a contaminação da superfÍcie interna da ralmente o paciente expressa alguma sensa-
prótese por fungos e que a Candida albicans,
ção subjetiva.
por si só não é capaz de induzir EP, sem que Tratamento
haja outros fatores locais ou gerais Tipo lll: lnflamação granularou
Na maior parte dos casos de Estomatite
correlacionados, predispondo a desenvolver hiperplásica papilar(não neoplásica). A muco-
Protética o paciente não apresenta sintomas e
alteração patologica local. sa tem uma aparência nodular com hiperemia
na superfície, sendo mais restrita a área cen-
algumas duvidas podem aparecer quanto a
As proteses acrílicas podem causardanos necessidade de tratamento2í. Porém, o trata-
tral da mucosa palatina e embaixo das áreas
ao tecido devido a irritação química/toxica, ou mento é importante, sendo realizado após um
por uma reação alérgica. A resposta inflama-
de relevo.
correto diagnóstico, seguido da eliminação
toria deve-se a liberação de monômero do Esta classificação é aceita por várias ou- dos fatores sistêmicos que podem inÍluir sobre
acrílico das próteses novas, e se caracteriza tras pesquisas como as realizadas por Budtz- o pacientelo'z0'zi'42.
por uma resposta imediata, passageira cujo JorgensenE, Eliassonl4 Jegathan2l, Jenning22, A limpeza mecânica da prótese, tanto pela
diagnostico e difícil de se estabelecer.T'21. e Webbas.
superfície externa como interna é um dos
metodos mais eficazes para combater a EP
Condições Áspecfos hÍs to patol o gi co s associada com a remoção da prótese durante
a noite e utilização rotineira de antifúngicos e
predisponentes As mudanças histologicas associadas com
agentes desinfetantes como clorexidine e hi-
EP não são específicas e variam com a seve-
O limiar biologico da mucosa contra os poclorito de sodio20,21,42. Porém, estes desinfe-
possíveis agressores químicos, físicos e ridade das lesões. O quadro histopatologico
tantes devem ser usados com cuidado porque
microbianos dos portadores de proteses pode
básico apresenta alterações na mucosa de
podem afetar as propriedades do materialda
caráter reativo e na submucosa de caráter
ser influenciado pela presença de proteses na
inflamatorio. As mudanças epiteliais incluem:
prótesezt'42. O hiplocorito de sodio possui
cavidade bucal, fatores sistêmicos, condições papel anti-séptico, desinfeta nte e esterelizande
paraqueratoses, atrofia epitelial e acantose e
de higiene bucal e da protese. 11,14'21. de grande utilidadeí8.
lacopino e Wathen2o relatam que a na lâmina propria há uma inflamação crôni-
ca.7,Í0,16,42. Konkewicz23 afirma que ainda são úteis
Estomatite Protética raramente ocorre sem aplicações sob forma de bochechos de subs-
que o mínimo um fator predisponente baixe a As mudanças histopatológicas observa-
das na EP possuem uma estreita relação com tâncias alcalinas como borato de sodio, o
resistência do hospedeiro.
as alterações produzidas pelas próteses so- clorato de potássio e o bicarbonato de sodio.
Um grande número de doenças sistêmicas
bre a mucosa na ausência de doença. Têm-se Sendo que dentre as soluções para bochecho
e tratamento com drogas variadas pode au-
mentar a suscetibilidade para a candidíase demonstrado que as próteses provocam alte- o PerÍdex (0,12o/o clorexidina) e o Listerine
rações epiteliais com uma diminuição da (mistura de óleos essenciais: trianol, eucaliptol,
bucale o efeito prejudicial da irritação mecâni-
ca. Esses fatores sistêmicos incluem: distúrbi- queratinização, junto com uma modificação metilsalicilato e mentol) são os que demons-
os endócrinos (diabetes, hipotirioidismo), de- na submucosa com diminuição das fibras tram maior utilidade. Os pacientes devem
ficiências nutricionais (deficiência de ferro, coldgenas. Estes dois dados alteram a estabi- bochechar estas soluções por 1 minuto 3 ve-
alto índice de carboidratos), doenças malig- lidade fisiologica do suporte protético, zes ao dia.
nas (leucemia)e drogas como sedativos, an- prococando um aumento na quantidade de Os defeitos de adaptação e ajuste das
tibióticos e esteróides.7'Í0'1s'a3. fibras elásticas no tecido conjuntivo proteses às superfícies de suporte podem ser
Por outro lado, a profilaxia da prótese submucoso.42. suprimidos temporariamente através da res-
fornece condições ambientais para a propa- Segundo Urizaraz,todos estes dados expli- tauração com cuidado da base da prótese e do
gação dos microorganismos sendo que o cam como as alterações histopatológicas da uso de condicionadores de tecidos40'42. Para
acúmulo de placa sob a mesma e o consumo EP são em grande parte encontradas em Quinn33 deve-se observar o uso concomitante
de carboidratos tende a diminuir o pH da todos os portadores de próteses, porém, nes- de condicionadores de tecidos e agentes
mucossa do palato levando ao aparecimento tes pacientes estão agravadas devido à antifúngico
da EP7. Quando esta íntima relação entre inadequação de suas proteses e a existência Com o objetivo de facilitar a higiene, as
placa bacteriana-mucosa for interrompida, a de fatores infecciosos-inflamatorios exacer- próteses devem ter uma superfície vestibular
saúde dos tecidos é reestabelecida.2Í. bados. corretamente polida e um adequado processo

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de polimerização que evite a formação de e da prótese, bem como, a sua remoção à No presente trabalho verificamos também
poros na resina e um acabamento correto nas noite eram ressaltadas a cada sessão. que o fator etiologico mais comum foi o trauma
papilas interdentais modelando-as de forma e a infecção juntos ou isolados, fato concor-
convexaa2'
Resulúados dante com Díaz e colí3 e Jeganathan2í. A
A estomatite protetica ocorre frequente- alerg ia não foi con statada como fator etiolog ico
mente como resultado da infecção pela Can- Dos 9 pacientes portadores de próteses em nenhum dos 9 casos vindo ao encontro do
dida albicans. O tratamento da candidíase superiores que apresentavam Estomatite proposto por Budtz-JorgensenT e Jeganathan2r
bucal pelos medicamentos disponíveis hoje Protética, em 4 substituiu-se a prótese e em 5 de que este fator etiologico é responsável por
geralmente é efetivo. O maior problema do o tratamento constituiu-se da desinfecção da poucos casos de estomatite protética, além
controle é que as infecções Íúngicas são ge- mesma com hipoclorito de sódio a 1o/o. A desta manifestação ser de difícil diagnostico.
ralmente crônicas e
requerem tratamentos etiologia da EP estava relacionada com: Feltrin e colls afirmam que a perda de
repetidos ou contínuos. A terapêutica exige o ' infecção da base da prótese=3 pacientes integridade do epitelio é fator fundamental
uso de antifúngicos tópicos ou sistêmicos, e a . infecção da base da prótese associada ao para a difusão dos produtos bacterianos da
incorporação de bochechos trauma=3 pacientes placa e de Díaz e coll3 consideram que a ação
antissépticos2l'23'25,42. Sendo que os mais utili- patogênica se expressa fundamentalmente
zados são n istal ina, cetoconazol e anfotericina . trauma de forma isolada=3 pacientes em pequenos desajustes não perceptíveis que
B, sendo estes utilizados 3 vezes ao dia tanto atuam a nÍvel subclínico, fazendo com que a
Observou-se que I dos pacientes respon-
na forma de bochechos como de poma- deram positivamente ao tratamento instituido. infecção esteja presente sem que se percebe
8,21,23,37,3e,41,41.
das1,1
Em um paciente não houve resultado o trauma. Nossos resultados confirmam em
parte os achados de DÍaz e colí3 já que em 6
a EP
satisfatorio com o tratamento porque
MateriaÍs e métodos estava relacionada à prótese mal adaptada e casos observamos a presença de infecção
infecção da mesma e o paciente não possuía estando essa associada ou não ao trauma.
Foram considerados 9 pacientes portado- Eliasson e colía relatam que o ambiente
res de proteses superior, que apresentavam condição para substituir o aparelho protético.
Portanto, o tratamento com hipoclorito de sodio sub protese é considerado fator predisponente
sinais clínicos de Estomatite Protética. Esses para o crescimento fúngico. Enquanto que,
pacientes eram inicialmente examinados no a 1o/o e o controle de higiene promoveram uma
melhora, porém, não foi completa. Budtz-JorgensenT afirma que a infecção está
Laboratorio de Patologia Bucalda FO-UFRGS relacionada com a contaminação da superfí-
onde era realizada uma avaliação clínica con- No grupo onde substituiu-se a protese a
melhora deu-se em 1 mês, enquanto que a cie de encaixe da protese por fungos. Em
siderando os seguintes pontos. nossa observação, o ambiente sub protese
. ldade, sexo, história médica prévia. resposta ao tratamento com hipoclorito ocor-
constitui-se de uma área mais susceptível ao
. Tempo de uso da protese e condições da reu em media apos 3 meses. Um dos pacien-
tes necessitou o uso de medicação antiÍúngica aparecimento da EP devido ao acúmulo de
mesma. detritos visíveis com placa bacteriana entre a
. Hábitos de higiene bucal e da protese. (Micostatin-Nisatina, 3 vezes ao dia) apos a
protese e a mucosa, além desta ser uma área
Após a avaliação clínica propunha-se aos substituição da protese, levando a regressão
da lesão. de mucosa não exposta à auto limpeza. Con-
pacientes duas alternativas de tratamento,
cordamos com Feltrin e colís no fato de que a
estas consistiam da substituição da protese ou
Candida albicans por si só não é capaz de
desinfecção da mesma com hipoclorito de DÍscussão induzir EP mostrando a necessidade de outros
sodio alo/o. A partirdisso, foram formados dois
Em nosso estudo constatamos a seme- fatores locais ou gerais correlacionados, devi-
grupos.
I nça dos vá rios a utores consu ltado s2'7.13'1s'21
ha do ao fato de em nosso estudo 6 pacientes
que a estomatite protética é uma patologia apresentarem trauma associado ao apareci-
GRUPO I presente em pacientes portadores de próteses mento das lesões.
Composto pelos pacientes cujas próteses Concordamos com diversos auto-
removíveis e que se caracteriza por edema,
estavam mal adaptados e com muito tempo de
hiperemia, inflamação. Sua etiologia é que a detecção do fator etiologico
resl,{'10'13,20
uso. O tratamento foi a substituição da prótese
multifatorial e dentre as causas que estão da EP seguidos de um tratamento adequado
e instrução de higiene bucal e da protese diretamente relacionadas com o seu desen- levam a regressão da lesão e ao sucesso
associada a remoção da mesma à noite. Com
volvimento estão o trauma, a infecção e a desejado.
controle do paciente a cada 30 dias.
alergia.

GRUPO II
Pacientes portadores de próteses adapta-
das, porém, com péssimas condições de
higiene. O tratamento baseou-se na instrução QUADRO 1

de higiene bucal e da prótese apos cada PAGIENTE FATOR ETIOLÓGICO TRATAMENTO TEMPO
refeição alem da remoção à noite e imersão
das mesmas em solução de hipoclorito de 1 Trauma/lnfecção Substituição prótese 4 meses
sodio a 1o/0. Com controle do paciente à cada 2 Trauma/lnfecção Hipoclorito de sódio a 1% sem melhora
30 dias. 3 Trauma/lnfecção Hipoclorito de sódio a 1% 1 mês
Em ambos os grupos durantetodo o acom- 4 Trauma Substituição da prótese 1 mês
panhamento buscava-se ainda constatar a 5 Trauma Substituição da prótese 1 mês
presença de traumas provocados pela má 6 Trauma Substituição da prótese 1 mês
adaptação ou qualquer outro ponto irritante 7 lnfecção Hipoclorito de sodio a 1% 3 meses
tais como,, consertos sem acabamento ade- I lnfecção Hipoclorito de sódio a 1olo 3 meses
quado, flancos sobre estendidos, fraturas ou I lnfecção Hipoclorito de sodio a 1% 2 meses
trincas na base, estado de equílíbrio oclusal.
A importância de uma adequada higiene bucal Quadro 1 - Avaliação dos pacientes com Estomatite protetica através dos fatores etiológicos, forma e tempo de
tratamento

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Conclusões
. Os resultados obtidos mostraram melhora
da estomatite protética utilizando-se como
tratamento tanto a substituição da protese
com a desinfecção com hipoclorito de sodio
a 1%.
. A substituição da protese mostrou resultado
positivo mais rápido que o tratamento com Fig. 1: Estomatite
hipoclorito de sodio a 1%. protética em rebordo
alveolar e palato duro
. Após a avaliação de todos os casos obser- relacionada com
vamos que o trauma estava presente na infecção
maioria dos casos(6), de forma isolada ou
associado à infecção pela Candida albicans.

Fig. 2: Desaparecimento
da estomatite protética
apos 3 meses de
tratamento com
hipoclorito de sodio a 1o/o

Fig. 3: Estomatite
protética relacionada ao
trauma e infecção

Fig. 4: Melhora apos a


substituição da protese e
uso de antifungico
(Nisoral 3xaodia
'durante 7 semanas)

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- Estomatite Protética: estudo da super- adults. Comm Dent Oral Epidemiol,


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