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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família que
sempre torceu para a realização desse
sonho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu esposo Fernando, que está ao meu lado desde o início dessa
caminhada, sempre me apoiando e incentivando. Agradeço aos meus filhos Leonardo e Luísa
que são a razão do meu viver.
Agradeço ainda ao meu Professor Orientador, Ariosto Sparemberger, que sempre com
muito prestatividade e disposição me auxiliou desde a fase do Projeto até a conclusão do
Trabalho de Conclusão de Curso.
Por fim, deixo minha imensa gratidão à todos que de alguma forma fizeram parte desta
longa e linda jornada.
MUITO OBRIGADA!
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RESUMO EXPANDIDO
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o varejo se tornou cada vez mais competitivo e dinâmico e as
organizações tiveram que acompanhar estas mudanças. Algumas destas mudanças se referem
ao comportamento do cliente. Até a pouco tempo atrás acreditava-se que o cliente sempre
tinha a razão, mas esta ideia foi transcendendo para uma nova perspectiva, pois essa premissa,
levava os clientes a uma falsa ideia de permissividade aproveitando-se deste artifício para
ultrapassar os limites socialmente aceitáveis e por consequência estes acabavam praticando
inúmeras condutas abusivas, da má conduta e do vandalismo, além de ainda influenciar, em
muitos casos, outros clientes a se comportarem da mesma forma.
Assim, compreender o comportamento do cliente em relação às suas preferências de
compra é crucial para atingir as metas e resultados esperados. Além disso é importante
também entender os fatores e motivadores individuais que influenciam os clientes a agirem de
forma incoerente e inadequada, uma vez que tais comportamentos podem influenciar outros
clientes e causar muitos prejuízos as organizações varejistas.
Neste sentido, o comportamento disfuncional do cliente é um tema novo na área da
administração, com poucas pesquisas realizadas, mas que já atrai o interesse de muitos
pesquisadores. Os resultados obtidos podem trazer à tona quais são as consequências dos
comportamentos disfuncionais em clientes, funcionários e organizações.
Frente a isso, o objetivo geral deste trabalho acadêmico é identificar comportamentos
disfuncionais dos clientes, segundo a percepção dos gestores no comércio varejista no
município de Condor, RS. Também visa compreender quais são os principais aspectos
causadores dos comportamentos disfuncionais dos clientes, identificar as principais ações de
comportamento dos clientes que violam as normas de condutas no ambiente da organização e
ainda propor estratégias de prevenção ao comportamento disfuncional do cliente.
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Administração da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Administração.
2
Acadêmica do Curso de Graduação em Administração da Unijuí. E-mail: maguinhacaetano@yahoo.com.br
3
Orientador, Professor Doutor do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da
Comunicação. E-mail: ariosto@unijui.edu.br.
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Igualmente o estudo visa conhecer as principais prevenções dos gestores com vistas a
inibir o comportamento disfuncional do cliente e ainda propor estratégias de prevenção de
combate ao comportamento disfuncional do cliente no setor varejista.
METODOLOGIA
Para responder as questões centrais desta pesquisa, foi utilizado o método do estudo de
caso, que é mais apropriado para estudos centrados em questões do tipo “como” e “por quê”,
que são semelhantes às questões propostas para o problema a ser estudado. O método visou
concentrar o foco no estudo do comportamento disfuncional do cliente, bem como as
consequências deste tipo de comportamento para a empresa, funcionários e outros cliente.
A pesquisa qualitativa é uma metodologia importante usada em estudos exploratórios. A
utilização da pesquisa qualitativa justifica-se por diversas razões. Segundo Malhotra (2001),
nem sempre é possível utilizar métodos estruturados ou formais para a busca de informações
dos respondentes. Também porque as pessoas podem não querer responder a certas perguntas,
ou ainda não desejarem dar respostas verdadeiras a perguntas que julgarem ser invasão da sua
privacidade. Os pesquisadores qualitativos têm à disposição diversas técnicas de coleta de
dados, de informações, a principal está associada à realização de entrevistas em profundidade.
Exploratória, pois o objetivo da pesquisa exploratória é investigar uma situação para
propiciar aproximação e familiaridade com o assunto, fato ou fenômeno e com isto gerar
maior compreensão a respeito dele. (ZAMBERLAN, 2014, p. 95).
Sendo descritiva, pois visou identificar, expor e descrever os fatos ou fenômenos de
determinada realidade em estudo, características de um grupo, comunidade, população ou
contexto social. (ZAMBERLAN, 2014).
Bibliográfica, porque se trata de um estudo sistematizado, desenvolvido com base em
material publicado por autores consagrados que escreveram sobre o tema. Para Vergara
(2004, p. 48) a pesquisa bibliográfica “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em
material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao
público em geral. De levantamento, pois a aplicação dos questionários permitiu o
levantamento de muitas informações úteis para responder à questão de estudo da pesquisa.
Sobre este tipo de pesquisa Otani e Fialho (2011), p.39) consideram que “recorre-se à
solicitação de informações a um determinado grupo de pessoas sobre um determinado
problema levantado, na sequência, através de um processo de análise detalhado, a questão é
quantificada e, dessa forma, obtém-se as conclusões relativas ao fato ou fenômeno estudado”.
Trata-se de uma pesquisa de campo, pois como aborda Vergara (2004, p. 47) a pesquisa
de campo “é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno
ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de
questionários, testes e observação participante ou não”. Para a coleta dos dados foi realizada
entrevista de um questionário junto aos gestores de varejo no município de Condor. As
entrevistas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2020, onde a pesquisadora
entrevistou os gestores por aproximadamente uma hora, anotando e registrando o diálogo.
RESULTADOS
Com base nos dados obtidos dos questionários tabulados, no que se refere ao perfil
biográfico e profissional dos participantes da pesquisa, considera-se que 40% são do gênero
feminino e 60 % do gênero masculino, com idade entre 20 a 30 anos encontra-se 10% e de 30
a 40 são 20%, 40 a 50 são 10% e 50 a 60 são 10%. Com relação a escolaridade 50%
apresentam o 2º grau completo e 50 % ensino superior.
7
Os dados qualitativos foram coletados por meio de entrevista estruturada realizada pela
autora para 10 gestores do varejo do município de Condor, os quais relataram e responderam
sobre as perguntas para aprofundar o assunto. O intuito da pesquisa não era coletar
informações sobre os entrevistados, e sim coletar informações e relatos reais sobre
comportamentos disfuncionais dos consumidores.
A primeira questão apresentada aos entrevistados pretendeu coletar seus relatos sobre
quais situações de comportamentos inadequados de clientes já presenciaram, destacando-se o
problema com a troca dos produtos e as dificuldades financeiras como os principais aspectos
citados, evidenciando assim um comportamento inadequado antiético.
Problemas como abuso psicológico, agressão física e verbal nas relações
cliente/empresa/funcionários são frequentes e regulares em ambientes de consumo, como de
varejo, por exemplo, assim como a má conduta das pessoas causam prejuízos financeiros
(REYNOLDS e HARRIS, 2003 apud ESPARTEL E TOMAZELLI, 2016).
Outro aspecto relatado é a respeito do uso de ofensas e palavras para intimidar os
funcionários e conseguirem aquilo que desejam, usando muitas vezes de gritos, xingamentos e
ameaças. Diante disso as organizações, como relatado, criaram mecanismos para contornar
estes problemas, como por exemplo, a política de trocas.
Quando questionados a respeito de quais motivos que eles acreditam que levam um
cliente a se comportar de maneira incorreta, os relatos se diferem entre si, tendo cada
entrevistado sua percepção diferente sobre o tema: Tirar vantagem financeira sobre a empresa
e o cliente estar acreditando que ele sempre tem a razão.
“A crença de que o cliente tem sempre razão é tão poderosa que acabou ganhando um
status de senso comum (HARRIS; REYNOLDS, 2003). Porém isso não é sempre verdade, e
acaba sendo usado para racionalizar o comportamento socialmente inadequado do cliente”
(OLIVEIRA E VELOSO, 2015, p. 2).
Conforme os relatos, percebe-se que os clientes podem se comportar de maneira
inadequada pelo fato de que se sentem na razão de cometerem seus atos pois a sociedade
impõe ele como a peça mais importante, sempre. Além disso ele pode sofrer várias
influências, tanto familiares ou culturais. Tirar vantagem financeira foi muito citado nos
relatos, o que destaca este fator como um dos determinantes motivos para cometerem atos
disfuncionais.
No que diz respeito a questão relacionada com a tomada de decisão, os participantes
responderam que não lembram de nenhum prejuízo financeiro que os obrigou a tomar
medidas mais drásticas. Porém muitos clientes podem se aproveitar do momento para tirar
vantagem financeira sobre algo. Este comportamento disfuncional ocasiona muitos prejuízos,
uma vez que o produto pode ter sido quebrado por mau uso ou manuseio incorreto.
Quando questionados sobre medidas que deverão ser tomadas no caso do
comportamento disfuncional do consumidor, foram obtidas as seguintes percepções os
entrevistados responderam de forma parecida que buscam resolver na conversa problemas
com clientes com comportamentos ou atos inadequados. Isto demonstra que a empresa não
possui um plano de ação e não possui métodos prontos para conseguir lidar com problemas
destes aspectos.
Em relação a quais instruções da empresa dadas aos colaboradores para que se tenha
uma boa abordagem ou reação no momento de um ato ou problema de comportamento de um
cliente percebeu-se que nem todos as empresas ou gestores possuem instruções ou planos de
ação claros para com seus funcionários.
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é apresentado aos clientes como um comportamento ilegal ou errado, pode haver maiores
chances deste comportamento ser entendido como menos aceitável. Entende-se assim que
gastos com segurança tendem a valer a pena a longo prazo, bem como os valores investidos
com o treinamento de funcionários.
Salientamos que o presente estudo se limitou ao estudo do comportamento disfuncional
do cliente em alguns setores do varejo. Portanto, entendemos que os resultados não possam
ser generalizados para as demais atividades das diferentes organizações. Desta forma, torna-se
importante a realização de estudos do comportamento disfuncional do cliente para outras
atividades da economia, tais como serviço em hotéis, agências bancárias, compras on line,
turismo, entre outros.
Neste sentido, os objetivos deste estudo foram plenamente alcançados, também o estudo
orienta para a necessidade do desenvolvimento de estratégias por parte das organizações
varejistas, para que estas possam combater e prevenir o comportamento disfuncional do
cliente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 15
1.1 TEMA....................................................................................................................... 16
1.1.1 Definição do Comportamento disfuncional do cliente..................................... 17
1.1.2 Violação de normas sociais................................................................................. 17
1.2 PROBLEMA............................................................................................................ 17
1.3 OBJETIVOS............................................................................................................. 19
1.3.1 Objetivo geral....................................................................................................... 19
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 19
1.4 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 22
2.1 COMPORTAMENTO DO CLIENTE..................................................................... 22
2.2 COMPORTAMENTO DISFUNCIONAL DO CLIENTE....................................... 23
2.3 FATORES CULTURAIS......................................................................................... 26
2.4 CONCEITOS DE MARKETING............................................................................ 27
2.5 VAREJO................................................................................................................... 29
2.6 MARKETING DE VAREJO.................................................................................... 30
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 31
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA........................................................................ 31
3.2 UNIVERSO AMOSTRAL....................................................................................... 33
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA......................................................................... 33
3.4 COLETA DOS DADOS........................................................................................... 34
3.4.1 Amostra................................................................................................................ 35
3.4.2 Dados primários................................................................................................... 35
3.4.3 Dados secundários............................................................................................... 36
3.4.4 Roteiro das perguntas do questionário.............................................................. 36
3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS................................................... 37
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................... 39
4.1 Perfil dos Entrevistados............................................................................................ 39
4.2 Análise da pesquisa qualitativa................................................................................. 41
4.2.1 Situações do Comportamento Disfuncional...................................................... 41
4.2.2 Fatores motivadores do Comportamento Disfuncional................................... 43
4.2.3 Situações inadequadas do Cliente e necessidade de tomada de medidas e 44
14
decisão............................................................................................................................
4.2.4 Orientações aos funcionários em ocorrência de comportamento
disfuncional e principais prevenções........................................................................... 46
4.2.5 Sugestões para evitar o comportamento disfuncional e suas principais
consequências para a empresa..................................................................................... 48
4.2.6 Problemas gerados do comportamento disfuncional e influência de outros
clientes............................................................................................................................ 49
5 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO COMPORTAMENTO
DISFUNCIONAL DO CLIENTE NO SETOR VAREJISTA.................................. 51
5.1 EVITAR RECLAMAÇÕES..................................................................................... 51
5.2. SABER OUVIR E ENTENDER OS CLIENTES................................................... 51
5.3 EXPLICAR COM CALMA AS SITUAÇÕES PARA OS CLIENTES.................. 52
5.4 ENCONTRAR SOLUÇÕES PARA MELHORAR O ATENDIMENTO DE
CLIENTES INSATISFEITOS........................................................................................ 52
5.5 ACOMPANHAR A SATISFAÇÃO DO CLIENTE APÓS A SOLUÇÃO DO
PROBLEMA................................................................................................................... 53
5.6 AGRADECER AS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES INSATISFEITOS.......... 53
5.7 TRANSFORMAR OS CLIENTES QUE ESTAVAM DESGOSTOSOS EM
CLIENTES FIDELIZADOS.............. 53
5.8 A EMPRESA FICAR ATENTA AOS MEIOS DIGITAIS..................................... 54
CONCLUSÃO............................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 57
APÊNDICES................................................................................................................. 63
Apêndice A: Pesquisa sobre o comportamento disfuncional do cliente................... 63
15
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o varejo se tornou cada vez mais competitivo e dinâmico e as
organizações tiveram que acompanhar estas mudanças. Algumas destas mudanças se referem
ao comportamento do cliente. Até a pouco tempo atrás acreditava-se que o cliente sempre
tinha a razão, mas esta ideia foi transcendendo para uma nova perspectiva, pois essa premissa,
levava os clientes a uma falsa ideia de permissividade aproveitando-se deste artifício para
ultrapassar os limites socialmente aceitáveis e por consequência estes acabavam praticando
inúmeras condutas abusivas, da má conduta e do vandalismo, além de ainda influenciar, em
muitos casos, outros clientes a se comportarem da mesma forma.
Assim sendo, para atender aos objetivos deste trabalho, foi realizado entrevista com os
gestores do setor varejista dos segmentos sendo: no varejo de eletrodomésticos e móveis;
varejo de confecção e calçados, no varejo de farmácia, no varejo de livraria/ bazar, e no varejo
de supermercado, varejo de óptica e relojoaria e por último no varejo de venda de estruturas
metálicas no município de Condor, RS totalizando 10 questionários.
1.1 TEMA
Os diversos danos não são restritos apenas ao curto prazo, pois em longo prazo, podem
afetar a lucratividade e o crescimento em vendas, causar a redução da satisfação e da lealdade
dos clientes.
Danos causados, Strutton et al. (1994); Phillips, Alexander & Shaw (2005), certificam
que:
O cliente que atua de forma imprudente ou abusiva causando problemas para
a empresa, seus funcionários e clientes”. Esta definição implica que o
“jaycustomer” provoca danos aos outros. O foco principal não está no desvio de
uma norma social aceita, mas no dano causado aos outros atores que se encontram
no ambiente de troca. A este termo estão relacionados os clientes agressivos,
vândalos, ladrões e caloteiros.
Nesse sentido, podemos entender que essas situações, são a soma de todas as
percepções, atitudes e influências que levam as pessoas a tomarem uma decisão de
comportamento incorreto, caracterizando-se assim: o comportamento disfuncional do
cliente.
1.2 PROBLEMA
obter vantagem, e ativo quando o consumidor deliberadamente incorre numa ação para obter
benefício próprio ou prejudicar a empresa (MUNCY; VITELL, 1992).
de como, quando e por que elas compram”. Sob ótica semelhante Engel, Blackwell e Miniard
(2000, p.4), “definimos comportamento do cliente como as atividades diretamente envolvidas
em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que
antecedem e sucedem estas ações”.
De tal forma, é perceptível a importância para uma empresa conhecer seus clientes e
saber quais são suas reais necessidades, pois o desvio de comportamento do cliente podem
causar danos relacionados com os gastos referentes a perdas com roubos e fraudes,
investimentos em segurança, redução da produtividade e impactos negativos para a marca,
podem afetar a lucratividade e o crescimento em vendas.
1.3 OBJETIVOS
Quando o cliente comete alguma infração quanto às normas de conduta ele passa a ter
descréditos pela maioria dos clientes e gestores do negócio. Frente a isso, o objetivo geral
deste trabalho acadêmico é identificar comportamentos disfuncionais dos clientes, segundo a
percepção dos gestores no comércio varejista no município de Condor- RS.
1.4 JUSTIFICATIVA
Para o Marketing, a presente pesquisa se justifica pelo fato de tratar de uma temática
pertinente e inovadora, vislumbrando enriquecer o conhecimento em uma área ainda pouco
estudada.
Para a sociedade, espera-se que os resultados deste trabalho possam ser úteis a
comunidade condorense, servindo de elemento para análise de suas atividades relacionadas ao
comportamento disfuncional do cliente como também para detectar possíveis causas e custos
resultantes das ações inadequadas de alguns clientes.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Clientes são pessoas que compram bens e serviços para si mesmos ou para outros, e não
para revendê-los ou usá-los como insumos (CHURCHILL, 2005, p. 146).). Para Schiffman e
Kanuk (2000), o comportamento do cliente é o estudo de como o indivíduo toma decisões de
gastar seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro e esforço).
Poucos sabem, que termos populares são trazidos por pesquisadores desde 1989, quando
Moschis e Cox denominaram clientes com este comportamento como “desviantes”. Em 1990,
Zemke e Anderson chamaram estes indivíduos de “clientes do inferno”, subdividindo-os em
“egocêntricos”, “chorões”, “histéricos”, “ditadores” e “aproveitadores”. Em 1993, Fullerton e
Punj simplificaram o termo denominando este cliente como “aberrante”. Em 1994, Bitner et
al. referindo-se a este mesmo cliente como “cliente problemático”.
NOMENCLATURAS
FONTE UTILIZADAS DEFINIÇÃO
Aberrant consumer
"Comportamento em ambientes de troca que
Fullerton e Punj (1993) behavior
viola as normas geralmente aceitas de conduta
Babin e Babin (1996) (Comportamento
em tais situações e que é, portanto, realizadas
Budden e Griffin (1996) anormal do cliente)
em descrédito pelos profissionais de marketing e
pela maioria dos clientes". Fullerton e Punj
(1993)
Consumer ethics
Muncy e Vittel (1992) (Unethical consumer
Hiller (2010) behavior)
"Princípios e normas morais que guiam o
Callen-Marchione e Ownbey
comportamento de indivíduos ou grupos em
(2008)
Ética do consumidor como eles obtêm, usam e dispõe de bens e
Bock e Kenhove (2010)
(comportamento serviços." Muncy and Vittel (1992)
Egan e Taylor (2010)
antiético do cliente)
Liu et al. (2015)
Deviant consumer
Mills e Bonoma (1979)
behavior "Comportamento, em uma loja de varejo, que a
Moschis e Cox (1989) (Comportamento sociedade considera inadequado ou em conflito
Reynolds e Harris (2006) anormal do cliente) com uma norma social previamente aceita."
Leo e Russell-Bennett (2013) Mills e Bonoma (1979)
24
Fraudulent consumer
Wilkes (1978) behavior
Gardner et al. (2009) (Comportamento "Engano deliberado (dolo), sob o pretexto do
fraudulento do cliente) comportamento legítimo do cliente." Gardner et
al. (2009)
Ademais será utilizado neste trabalho conceitos que abrangem diversos tipos de
comportamentos disfuncionais, ou seja, clientes que agem fora das regras estabelecidas pela
25
Com base nos resultados dos estudos até o momento, pode-se esperar que a reação à
esta exposição tenha a interferência de outras variáveis. Segundo Daunt e Harris (2012a),
além dos fatores sociais, há grande impacto dos fatores externos para a ocorrência de
comportamentos disfuncionais dos clientes.
Samara e Morsch (2005) apresentam os diferentes tipos de subcultura, sendo elas, idade,
religião, raça, níveis de renda, nacionalidade, sexo, tipos de família, ocupação, religião, região
geográfica e comunidade. Sobre o terceiro fator sociocultural, a classe social, para Solomon
(2008), apesar dos diversos tipos de classes sociais existentes em uma sociedade, em relação
ao consumo, a classificação de classe social pode ser realizada apenas por meio do nível de
renda e/ou ocupação dos indivíduos.
Outro determinante cultural é a classe social que, de acordo com Kotler (1998),
consistem em divisões homogêneas e duradouras de uma sociedade, que são ordenadas
hierarquicamente e cujos membros compartilham valores, interesses e comportamentos
similares.
27
Para Rocha (1999) marketing é uma função gerencial, que busca ajustar a oferta da
organização a demandas específicas do mercado, utilizando como ferramenta um conjunto de
princípios e técnicas. De acordo com Zamberlan (2008) o marketing lida com a identificação
28
e o atendimento das necessidades humanas e sociais. Sendo que uma das definições mais
sucintas do mesmo é atender as necessidades de maneira lucrativa.
Cobra (2005) acrescenta que o marketing funciona como uma ação de planejamento que
eleva a execução. Todas essas respostas são obtidas após saber que mercado trabalhar, o tipo
de produto que deve ser vendido, como divulgar e distribuir este produto para finalmente a
execução da venda. O marketing é uma atividade humana dirigida para satisfazer
necessidades e desejos por meio de troca. Ao identificar desejos ou necessidades, busca-se
satisfazê-los, comparando produtos ou serviços de quem tem a vender, estabelecendo assim
uma troca no qual as organizações e clientes participam (KOTLER, 2010).
De acordo com Kotler (2010) inicialmente, o marketing era visto apenas como uma
entre as várias funções importantes de apoio à produção, ao lado dos recursos humanos e das
finanças. Mas agora, o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades
humanas e sociais, sendo definido de uma maneira simplista pelos autores como uma forma
de suprir necessidades lucrativamente (KOTLER e KELLER 2006).
Dias (2003) conceitua que o marketing é uma palavra em inglês derivada de Market,
que significa mercado. É utilizada para expressar a ação voltada para o mercado, ou seja,
entende-se que a empresa que pratica o marketing tem o mercado como a razão e o foco de
suas ações. O marketing é essencial e não pode ser considerado como uma função separada,
ele deve ser visto como um todo ao considerar os objetivos da empresa e a opinião do cliente.
Isto irá determinar o sucesso do produto ou serviço oferecido, conforme destaca Drucker
(2001).
Para Dias (p. 2. 2004) a definição de marketing é “utilizada para expressar a ação
voltada para o mercado. Assim, entende-se que a empresa que pratica o marketing tem o
mercado como a razão e o foco de suas ações”. Armstrong (2007, p.4) menciona que de um
modo geral, “o marketing é um processo administrativo e social pelo qual os indivíduos e
organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor com os
outros”.
Pode-se compreender que o marketing são ações voltadas a prospecção de clientes, pois
no momento que a empresa faz ou elabora um produto ela precisa vender para algum cliente,
portanto a empresa faz um planejamento com o objetivo de vender determinados produtos
para determinados clientes. Então é preciso saber vender tais produtos e sem o marketing é
impossível conseguir clientes desconhecidos.
2.5 VAREJO
Para Kotler (2000), varejo é qualquer organização que venda para clientes finais – seja
ela um fabricante, atacadista ou um varejista – está fazendo varejo. A maneira como os
produtos são vendidos (pessoalmente, por correio, telefone, por máquinas de venda ou pela
internet) ou onde eles são vendidos (em uma loja, na rua, na casa do cliente) não é importante.
Casas e Garcia (2007, p.23) entendem com a definição de varejo: pode-se concluir que o
varejo tem como condição básica de sua prática a comercialização de produtos ou serviços a
clientes finais, não importando a natureza da organização que o exerce e tampouco o local em
que está sendo praticado.
Richter (1954 apud LAS CASAS, 1994) também refere o varejo como “venda em
quantidades menores ao consumidor final” e menciona que o varejo seja “o processo de
30
Logo, o marketing de varejo tem como característica a comunicação com o cliente sem
focar especificamente em marca ou produto, mas em estratégias de promoções de venda e
criação de um relacionamento cordial entre empresas e cliente. Ou seja, o foco está em atuar
na construção de uma parceria sólida com os clientes, através das estratégias de comunicação
para conquistar, se relacionar e fidelizar.
3 MEDOTOLOGIA
De acordo com Silva (2003, p. 65), o pesquisador pode planejar uma pesquisa
exploratória para encontrar elementos necessários que lhe permitam, em contato com
determinada população, obter os resultados que deseja ou servir para levantar possíveis
problemas de pesquisa.
Quanto à pesquisa descritiva, segundo Andrade (2003, p. 124) destaca que a pesquisa
descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e
interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles.
Trata-se de uma pesquisa de campo, pois como aborda Vergara (2004, p. 47) a pesquisa
de campo “é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno
ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de
questionários, testes e observação participante ou não”.
Segundo Vergara (2004), na coleta de dados o leitor deve ser informado como você
pretende obter os dados de que precisa para responder ao problema, sendo assim, na etapa
descritiva da pesquisa ser aplicados questionários por meio de entrevistas pessoais com os
gestores.
realização das entrevistas teve como foco coletar dados qualitativos, exemplos e depoimentos
reais de casos presenciados no dia a dia do varejo.
3.4.1 Amostra
Para a construção deste estudo e coleta de dados primários, foram realizadas várias
entrevistas com o apoio de questionário semiestruturado, (JIAN, 2020) com perguntas abertas,
aplicado pelo método de contato direto, com o objetivo de procurar respostas para os
objetivos propostos que são: identificar as consequências do comportamento disfuncional do
consumidor para outros clientes, funcionários e organizações, a partir da percepção dos
gestores, identificar as principais ações de comportamento de consumidores que violam as
normas de condutas no ambiente da organização, conhecer as principais prevenções dos
gestores com vistas a inibir o comportamento disfuncional do cliente, e propor estratégias
gerenciais de prevenção e de combate ao comportamento disfuncional do cliente no setor
varejista.
De acordo com Boyd e Westtfall (1989), entrevistas em profundidade não requerem a
utilização de questionários formais, porém a discussão é a respeito do problema específico em
mãos. Para Bowditch e Buono (1992), as entrevistas podem abranger desde perguntas abertas
36
até perguntas formais, altamente estruturadas, similares às encontradas nos questionários com
opções de respostas já definidas.
Os dados secundários são aqueles que já foram coletados para objetivos que não os do
problema em pauta. Os dados secundários também podem dar ideias importantes a respeito da
natureza ou extensão do problema, áreas para pesquisa futura e possíveis soluções. Segundo
Mattar (1997), uma das formas mais rápidas e econômicas de aprofundar um problema de
pesquisa é pelo conhecimento de trabalhos já realizados, via levantamentos bibliográficos.
A pesquisa bibliográfica, na concepção de Lakatos (2003), consiste no passo inicial de
qualquer estudo, ou seja, após a escolha de um assunto, torna-se necessário realizar uma
revisão bibliográfica sobre ele. Essa pesquisa auxilia na escolha de um método mais
apropriado, assim como no conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa. Para a
realização deste trabalho, foram utilizados dados secundários existentes na literatura. Ou seja,
pesquisa bibliográfica com base em material publicado em livros, teses, artigos, revistas,
jornais e redes eletrônicas.
O roteiro da entrevista foi baseado no estudo do aluno Coletto (2020) com ajuda e
participação do orientador com ênfase nos conhecimentos pessoais adquiridos sobre o tema.
Os dados coletados para a análise do perfil dos entrevistados foram: sexo, idade e grau
de instrução, que são apresentados a seguir. A partir do presente questionário obteve-se com
a coleta de dados a análise do perfil dos entrevistados, 6 são do sexo masculino e 4 são do
sexo feminino.
Gráfico 1 – Sexo
Sexo
40% Homens
60%
Mulheres
No que se refere à idade dos respondentes do setor varejista de Condor/ RS, a mesma
está representada no Gráfico 2 a seguir:
Faixa etária
10% 10%
20 a 30 anos
20%
30 a 40 anos
40 a 50 anos
60% 50 a 60 anos
Gráfico 3 - Escolaridade
Escolaridade
Os dados qualitativos foram coletados por meio de entrevista estruturada realizada pela
autora para 10 gestores do varejo de Condor, os quais relataram e responderam sobre as
perguntas para aprofundar o assunto. O intuito da pesquisa não era coletar informações sobre
os entrevistados, e sim coletar informações e relatos reais sobre comportamentos
disfuncionais de consumidores.
A primeira questão apresentada aos entrevistados pretendeu coletar seus relatos sobre
quais situações de comportamentos inadequados de clientes já presenciaram, destaca-se o
problema com a troca dos produtos e as dificuldades financeiras como os principais aspectos
citados. Porém outros foram citados e relatados.
novo sem que percebêssemos, foi notado somente depois que ele já tinha saído da loja, o
cliente não pagou o calçado”. (Entrevistado 1)
“Aconteceu diversas vezes de pessoas tentarem esconder alguma peça de roupa por
baixo da que estavam vestindo. Situações menos graves, mas que criam um ambiente
desagradável também acontecem: Como algum cliente que chega apressado e quer ser
atendido antes dos demais, e reclama; Cliente inadimplente que quer fazer a compra no
crediário, ou que não quer pagar juros ou taxas. ” (Entrevistado 2)
“Teve alguns clientes que se recusaram de pagar conta atrasada com juros, clientes
não devolver as peças em perfeitas condições nos condicionais, cliente querer devolver peças
que já foram usadas. Acredito que uma das piores situações que já vivi foi o caso de uma
cliente ter comprado uma peça na loja, pagou, saiu usando a peça da loja (nem levou a
etiqueta, descartou na loja mesmo) e no outro dia quis devolver exigindo seu dinheiro de
volta”. (Entrevistado 3)
“Teve um cliente que exigiu a troca de um produto, sabendo que ele quebrou e fez de
conta que não sabia quando constatamos que foi ele que quebrou”. (Entrevistado 4)
“Jà tive muitos, mas os piores foram de clientes que não aceitaram mandar seus
produtos para assistência, simplesmente se agarram num produto novo da prateleira
achando que a garantia se baseia em troca de produto que apresente defeito. ” (Entrevistado
5)
Já presenciei muitos comportamentos anormais de clientes. Cliente não poder esperar
para ser atendido, não esperar na fila para fazer um pagamento. Os piores comportamentos
se referem as assistências técnicas, pois a garantia é referente as peças defeituosas, e em
alguns casos cliente quer a garantia de aparelhos que foram molhados, quebrados, ou raio, e
isso a garantia não cobre, e uma vez um cliente não queria sair da loja, só sairia se ganhava
um produto novo e tivemos que chamar a brigada militar para conduzir o assunto, pois o
mesmo começou a nos ameaçar. (Entrevistado 6)
“O comportamento disfuncional sempre ocorreu, com o passar dos anos e a
experiência acaba identificando de imediato uma pessoa que chega com má intenção”.
(Entrevistado 7).
“ Falta de respeito, irritabilidade, violência, clientes embriagados. A pior situação
considero que seja a embriagues, devido a alteração comportamental que ela produz. ”
(Entrevistado 10)
43
Quando questionados a respeito de quais motivos que eles acreditam que levam um
cliente a se comportar de maneira incorreta, os relatos e exemplos foram muito diferentes.
“É difícil justificar certas atitudes, está relacionado com a falta de ética mesmo, é a
“necessidade’’ de certas pessoas de tirarem vantagens sobre as outras, pois, na maioria das
vezes não são pessoas que não tem condições de pagar pelo produto, por exemplo”.
(Entrevistado 1)
“Conhecer o cliente e seu comportamento não é fácil. Muitas vezes acabam de falar
uma coisa e na hora agem diferente. Todos têm necessidades diferente, os fatores de idade,
classe social, estilo de vida, ocupação interferem no comportamento do cliente e na tomada
de decisões”. (Entrevistado 3)
“Nossa empresa tem 5 anos, e estes itens listados sempre acontecem entre clientes e
funcionários, mas tratamos os problemas com total ética, para uma rápida resolução”.
(Entrevistado 5)
“Não conhecer as leis do consumidor, achar que o consumidor sempre tem o direito”
(Entrevistado 4)
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Todos os relatos se diferem entre si, tendo cada entrevistado sua percepção diferente
sobre o tema, porém dois aspectos se destacam dentre todos os relatos: Tirar vantagem
financeira sobre a empresa e o cliente estar acreditando que ele sempre tem a razão. “A crença
de que o cliente tem sempre razão é tão poderosa que acabou ganhando um status de senso
comum (HARRIS; REYNOLDS, 2003). Porém isso não é sempre verdade, e acaba sendo
usado para racionalizar o comportamento socialmente inadequado do cliente” (OLIVEIRA E
VELOSO, 2015, p. 2).
Na questão que trata sobre o fato de já ter ocorrido alguma ação suspeita (falta de ética,
postura, agressão verbal, descontrole, furto, ou outros casos) por parte de clientes que
envolvesse funcionários ou outros clientes os entrevistados relataram graves insultos contra
seus funcionários e ameaças de denegrir a imagem da empresa para outras pessoas. Percebe-
se que os clientes usam de artifícios como a raiva, desrespeito, insultos e realizam escândalos
para abalar e ameaçar os funcionários e conseguir aquilo que desejam, não importando que
esteja em público.
“ Um fato foi que uma cliente pegou o celular de uma funcionária, a justificativa foi de
que ela tinha vista o celular caído e resolveu juntar, mas não entregou a ninguém antes de
ser questionada. (Entrevistado1)
Já tive um cliente que veio na loja com um produto e a garantia tinha expirado, ai fui
explicar para o consumidor que era 1 ano a garantia, e ele partiu para a agressão verbal
com muito palavrões a mim e a toda a loja. (Entrevistado 2)
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“Certa vez um cliente alcoolizado chegou na loja querendo comprar cuecas e quis
mostrar a vendedora o modelo de cueca que estava vestindo. A vendedora se afastou da
pessoa por um momento e contornou a situação. (Entrevistado 3)
“Já tive cliente que ao “não aceitar” que o produto apresentasse defeito, ameaçasse de
agressão até com arma branca. Também clientes que ameaçaram trazer e jogar os produtos
na porta da loja, produtos que apresentassem defeito. No caso, referente a celulares, quando
tem laudo da fábrica provando mau uso, eles culpam a loja ou o funcionário”. (Entrevistado
2)
“Em casos suspeitos, questionar o cliente, conferir as peças, ou a nota fiscal, resolver
no diálogo, tudo com descrição, caso não resolva desta forma, chamar a gerência, e em
casos mais graves, a polícia se necessário”. (Entrevistado 1)
Sabemos que cada vez mais precisamos usar a tecnologia, com o crescimento da
empresa, precisamos investir em câmaras de segurança para nos adequar a realidade
vivenciada. ” Entrevistado 3)
No caso do relato podemos perceber que são duas formas diferentes para tratar de
problemas com clientes. Isto se deve ao fato de que são realidades e tipos de negócios bem
distintos. Perante isto percebe-se que cada organização deve criar mecanismos distintos e que
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vão de encontro a sua realidade e circunstância para contornar as diferentes situações do dia a
dia do varejo.
Em relação a quais instruções da empresa dadas aos colaboradores para que se tenha
uma boa abordagem ou reação no momento de um ato ou problema de comportamento de um
cliente percebeu-se que nem todos as empresas ou gestores possuem instruções ou planos de
ação claros para com seus funcionários.
“Todos os funcionários sabem o que precisam fazer. Devem seguir as regras e as
informações passadas para eles. Claro que cada caso é um caso, mas eles estão preparados
para enfrentar os problemas. Em último caso ou em casos específicos devem acionar o
gerente. Aí ele irá tomar as medidas cabíveis”. (Entrevistado 1)
“Nós tentamos sempre manter a calma e tentar resolver na conversa. Normalmente o
cliente entende, mas em casos onde o cliente é difícil de lidar temos que ser mais rudes. Em
casos graves como roubo, por exemplo, se precisar chamar a polícia chamamos. Mas
evitamos isso, porque outros clientes poderão entender de outra forma”. (Entrevistado 2)
“Observar, mas não acusar sem provas reais”. (Entrevistado 4)
“Temos que manter a calma e deixar tudo muito claro a ele sobre todos os aspectos da
compra. Tentamos sempre resolver na conversa”. (Entrevistado 5)
“O que tentamos sempre fazer é prestar bons serviços, sempre falar a verdade, acima
de tudo, e alertar, deixar os clientes cientes de como os produtos funcionam”. (Entrevistado
7)
“ Recebemos clientes de todas as classes e culturas, porém não temos gerência nesses
comportamentos, apenas precisamos contornar estas situações quando elas acontecem”
(Entrevistado 6).
As empresas de varejo não possuem formalizado as normas e padrões a serem seguidos
pelos colaboradores perante a comportamentos disfuncionais de clientes. O cliente de má fé
não avisa a ninguém. Os maiores problemas citados pelos entrevistados até aqui são
comportamentos inadequados relacionados a vantagem financeira e a tentativas de trocas de
produtos onde o cliente foi o responsável pelo problema.
Vale ressaltar ainda que os entrevistados citaram que buscariam tentar conversar com
estas pessoas antes de tomar uma decisão. Porém nem sempre os clientes estão dispostos a
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conversar. Muitas vezes seu ego e ganância falam mais alto e querem uma solução rápida da
empresa, se eximindo de qualquer culpa.
Também, os entrevistados foram questionados a respeito da forma como previnem-se de
comportamentos anormais de clientes e se possuem algum tipo de estratégia para prevenir
antecipadamente este aspecto. Esta questão obteve apenas respostas curtas e pouco
detalhadas, sendo que os gestores não quiseram entrar em detalhes específicos.
“As instruções para evitar estas situações são de ficar sempre atentas, desde a
abordagem, para que o cliente perceba que está sendo observado, mas com educação e
cuidado para que não se sintam desconfortáveis caso não tenham nenhuma má intenção.
Sempre contar as peças que os clientes levam ao provador e conferir na saída, deixar claro
os preços, valores, somas, juros para que não haja mal entendidos”. (Entrevistado 1)
Explicamos na hora da venda a questão da política de troca, onde normalmente são os
maiores problemas apresentados pelos clientes”. (Entrevistado 2)
“A princípio nenhuma ação específica, pois, este tipo de coisa é normal acontecer,
sempre vai existi”. (Entrevistado 4)
“O funcionário sempre é instruído a manter a calma e comunicar a gerência sobre os
fatos. Sempre digo que o cliente é uma caixinha de surpresas, tudo depende do seu estado
emocional naquele dia, pode estar tranquilo num dia e no outro estar insatisfeito”.
Entrevistado 3)
“Treinamento para o equilíbrio emocional e orientação de ligações para chamar a
segurança. ” (Entrevistado 8).
Os clientes de má fé ou que se sentiram lesados buscam meios jurídicos para obter
alguma vantagem financeira sobre a empresa. Demonstrar e explicar as regras, além do uso de
contratos e normas são as opções escolhidas pelas empresas perante os problemas dos
comportamentos disfuncionais.
Com o aumento expressivo dos casos de comportamentos disfuncionais de clientes seria
importante e necessário que os gestores entrevistados e suas respectivas empresas definissem
estratégias para inibir tais comportamentos, uma vez que causam prejuízos financeiros e
problemas diversos para os colaboradores, empresa e outros clientes, a literatura atual do tema
do comportamento disfuncional nos mostra que as organizações atualmente não se preocupam
demasiadamente com este fator no momento de criar estratégias, nem ao menos para inibir ou
reduzir os números de abusos e problemas com estes consumidores (ANTONIO E PERIN,
2016).
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“A sugestão é de tratar bem todos que chegam em seu estabelecimento, mas sempre
com muita atenção, demonstrar que existem regras e normas de comportamento. Estar
sempre preparado para reagir a situações com calma e seriedade, para que não saia do
controle e interfira nas demais negociações que estejam ocorrendo no momento”.
(Entrevistado 4)
“Muitas pessoas agem ou são influenciadas por outros clientes sim, acontece muito no
impulso, por exemplo, estão acompanhando um cliente nas compras e acabam comprando
sem realmente estar precisando da mercadoria” (Entrevistado3).
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“Acredito que um ato disfuncional quase sempre gera um problema. É muito dinheiro
envolvido, por que ocorrem muitos prejuízos por roubo, trocas de produtos por defeitos onde
o próprio cliente foi o culpado. É muito tempo designado para resolver e as vezes o
desperdício de investimentos para solucionar problemas deste tipo. E isto ocorre com
frequência”. (Entrevistado 5)
Percebe-se que todos concordam que um ato disfuncional é um grande problema e que
cada vez mais está se tornando constante no dia a dia das organizações e seus colaboradores.
A maior preocupação não é com a questão financeira, mas com a imagem da empresa, uma
vez que um cliente pode influenciar outros, e estes influenciar mais outros clientes. A maior
preocupação percebida nos relatos é como lidar com clientes exaltados, que usam de
momentos de raiva e má fé com atos disfuncionais para conseguir aquilo que querem.
De acordo com Espartel e Tomazelli (2016) as pessoas, quando percebem que são
incapazes de atingir um objetivo e satisfazer seus desejos de maneira legal usam de atributos e
recorrem a aspectos como fraude e furto para conseguir o que querem.
“Em algumas situações pode até ser, mas na maioria das vezes percebe- se que não”.
(Entrevistado 1)
“Pouca chance. Isto vem do caráter ou de berço uma pessoa cometer um ato
disfuncional como de roubar, por exemplo. Eu acho que qualquer cliente que ver alguma
pessoa nos roubando relataria tal ato. Outra coisa que vejo é outros clientes entrando no
meio de discussões de algum cliente que esteja furioso ou falando grosserias a algum dos
nossos funcionários. A pessoa que está fazendo isso logo para porque percebe que está em
desvantagem”.
“Sim. Com boatos e informações que fogem da ética e da boa conduta”. (Entrevistado
1)
“Muitas pessoas agem ou são influenciadas por outros clientes sim, acontece muito no
impulso, por exemplo, estão acompanhando um cliente nas compras e acabam comprando
sem realmente estar precisando da mercadoria” (Entrevistado 2)
Vale ressaltar que todos os clientes, estando presentes no ambiente, estão expostos e
poderão presenciar condições, estímulos e cenas que o podem motivar a cometer
comportamentos disfuncionais. Mesmo assim seu comportamento de má fé não será ativo em
função de fatores morais, éticos ou culturais. Os furtos e fraudes são exemplos disso, o que
significa que uma pessoa não roubará apenas pelo fato de que viu outra roubando. Assim
também acontece com o vandalismo e as agressões físicas e verbais (ESPARTEL E
TOMAZELLI, 2016).
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Visando atender aos objetivos específicos deste estudo, esta parte do trabalho apresenta
um conjunto de sugestões de ações e ou estratégias que podem ser utilizadas pelas
organizações varejistas, visando prevenir o comportamento disfuncional do cliente.
As estratégias são propostas por base nos resultados da pesquisa e também sugestões da
autora do trabalho.
Se a sua empresa tem uma equipe de atendimento ou vendas que não está sendo bem
avaliada, um bom treinamento pode ajudar. Vendedores precisam saber abordar os clientes,
dialogar e entender seus problemas de forma empática, solícita e gentil. Quando isso não
acontece, a insatisfação pode aparecer.
Planejamento também é palavra de ordem dentro das empresas. Quem planeja suas
estratégias, estabelece metas claras e trabalha de forma organizada e inteligente consegue
diminuir e chance de problemas ao longo do caminho.
Além disso, planejar ações que podem aproximá-lo novamente da marca passando
confiança de que não acontecerão novos problemas. Vale entrar em contato com o cliente
depois de um tempo, oferecer vantagens, brindes, promoções e convidá-lo a conhecer
novidades da marca. Seja criativo e honesto para atrair sem desconfiança o ex-insatisfeito.
Os clientes gostam de ser ouvidos e valorizam as empresas que se preocupam com suas
opiniões a respeito do serviço prestado ou do produto comercializado. Então, é de grande
importância que as empresas ouçam as reclamações, dúvidas e sugestões.
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Aliás, um dos principais erros de algumas empresas é justamente não saber ouvir
críticas. E esse descuido pode gerar situações desagradáveis com a imagem da marca,
portanto, não deixe de considerar todas as recomendações do seu público.
Se for o caso, de fato, de um erro da empresa, a mesma não deve tentar esconder ou
negar essa falha. Os clientes sabem que equívocos podem acontecer, e valorizam as empresas
que são sinceras quando essas situações acontecem.
Uma empresa que lida diariamente com o público precisa encontrar meios de solucionar
os problemas dos compradores insatisfeitos, o ideal é estudar as necessidades do público para
que, em casos de reclamações, os seus funcionários estejam preparados para ajudá-los,
esclarecer as situações e ainda sugerir ações ou produtos que possam lhes ser úteis.
O pós-venda é uma das etapas mais importantes para deixar um cliente satisfeito com o
serviço de uma empresa.
Assim, é preciso elaborar estratégias que façam com que o cliente sinta a sua
importância para a marca, como se ele fosse único e essencial para o sucesso da empresa.
Manter o contato com os clientes que já apresentaram alguma insatisfação e garantir que todas
as questões foram solucionadas.
Além disso, é possível utilizar essa aproximação para oferecer novos serviços e
produtos que possam melhorar ainda mais a qualidade de vida do cliente.
Lidar com a insatisfação pode não ser algo fácil para as empresas, mas não deixe de
agradecer os clientes que, de alguma maneira, contribuem para a melhoria do seu
negócio. Afinal, toda reclamação é um feedback.
Além de demonstrar que a empresa está aberta para receber as críticas e trabalhar em
soluções para os clientes, assim você constata que o objetivo da marca é crescer atendendo as
necessidades do público da melhor maneira possível.
É a partir das reclamações que a sua empresa pode avaliar o desempenho e elaborar
planos de melhoria. Sendo assim, é possível trabalhar para oferecer serviços e produtos cada
vez melhores, aprimorando a experiência do cliente e a qualidade da sua marca.
Em vez de gastar mais para conquistar novos compradores, a empresa pode oferecer aos
funcionários um treinamento correto, para que saibam lidar com os clientes insatisfeitos. A
partir dessas ações, o número de clientes fidelizados vai crescer, melhorando os resultados!
CONCLUSÃO
Pode-se concluir com o presente estudo, que os resultados desta pesquisa podem
auxiliar profissionais do varejo no que diz respeito a práticas e políticas relacionadas a
solucionar e/ou atender comportamentos disfuncionais, como no caso de reclamações
oportunistas realizadas por um cliente na frente de outros clientes em que há ausência de
comprovação do comportamento disfuncional do cliente e consequentemente a ausência de
uma punição. É possível que o outro cliente exposto à essa situação perceba o comportamento
como uma oportunidade e o repita no futuro.
É indicado que gestores fiquem atentos a possíveis situações deste tipo e preparem suas
equipes com treinamentos adequados. O comportamento disfuncional do cliente se mescla
com a ética, pois diversos comportamentos de clientes disfuncionais podem ser considerados
antiéticos. As empresas são restritivas ao tratar do assunto, tanto internamente com seus
colaboradores quanto diretamente com seus clientes.
Com base nas análises deste estudo, é notado que os comportamentos menos aceitáveis
têm menor probabilidade de serem imitados, desta forma, se um comportamento disfuncional
é apresentado aos clientes como um comportamento ilegal ou errado, pode haver maiores
chances deste comportamento ser entendido como menos aceitável. Entende-se assim que
gastos com segurança tendem a valer a pena a longo prazo, bem como os valores investidos
com o treinamento de funcionários.
Percebe-se que todos concordam que um ato disfuncional é um grande problema e que
cada vez mais está se tornando constante no dia a dia das organizações e seus colaboradores.
A maior preocupação não é com a questão financeira, mas com a imagem da empresa, uma
vez que um cliente pode influenciar outros, e estes influenciar mais outros clientes. A maior
preocupação percebida nos relatos é como lidar com clientes exaltados, que usam de
momentos de raiva e má fé com atos disfuncionais para conseguir aquilo que querem.
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REFERÊNCIAS
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ZAMBERLAN, Luciano; et al. Pesquisa em ciências sociais aplicadas. Ijuí: Unijuí, 2014.
APENDICES
1. Constata-se que o cliente age de diferente maneira, variando muito o seu comportamento
dependendo da situação e também devido ao fato da incorporação da sua cultura, crença e
outros fatores que interferem e que podem exercer influência no seu modo de agir.
Quais situações de comportamentos anormais dos clientes você já presenciou? Quais foram
consideras como piores?
2. Na sua visão ou da empresa, quais são os motivos para levarem um cliente a ter
comportamento disfuncional? Destaque alguns exemplos:
3. Na empresa já ocorreu alguma ação suspeita (alta de ética, postura, agressão verbal,
descontrole, furto, ou outros casos) por parte de clientes que envolvesse funcionários, outros
clientes e o gestor?
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5. Ao se deparar com um ato suspeito do cliente, quais as medidas tomadas pela empresa?
6. Quais as instruções da empresa para o colaborador para que se tenha uma boa abordagem
ou reação no momento do ato?
8. Você possui alguma sugestão para prevenção de comportamentos anormais dos clientes?
10. Na sua visão, o comportamento disfuncional pode ser problema psicológico no qual a
pessoa não tem controle dos seus atos?
11. Na sua visão, outros clientes podem influenciar um cliente a ter comportamentos
anormais?
Observações:
Cargo:_________________________________________________________