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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –

UNIOESTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

ÉTICA II

PROFESSOR: RAFAEL DE ARAÚJO E VIANA LEITE

TURMA: 2º ANO MATUTINO

TOLEDO, PR

2021
A ÉTICA DEONTOLÓGICA DE KANT

Este trabalho tem como objetivo demonstrar como se formula a ética kantiana do
dever. Faremos uma exposição através dos elementos que ajudam a compreender a ética
kantiana, neste sentido, vamos procurar através desta exposição articular a ética de Kant
com a ética eudaimonica de Aristóteles para designarmos as diferenças de ambas.
Mostraremos também o que se denomina de imperativo categórico e imperativo
hipotético, ambos pilares fundamentais na construção de sua ética do dever. Faremos
ainda a demonstração de um caso para melhor compreendermos a sua ética.

Immanuel Kant nasceu em Köningsberg no dia 22 de abril de 1724, e faleceu em


12 de fevereiro de 1804, na mesma cidade. A cidade atualmente se chama Kaliningrado
e fica na fronteira entre a Alemanha e a Rússia. Suas obras foram de grande influência
para a filosofia. Kant trata de fazer uma síntese entre o racionalismo e o empirismo.
Suas principais obras são: Crítica da razão pura, Crítica da razão prática,
Fundamentação da metafísica dos costumes, O que é Esclarecimento e etc.

Immanuel Kant foi criado em uma família simples, seus pais lhe forneceram
uma educação de base fortemente religiosa, disto resultou seu comportamento e suas
intuições acerca da moral. Ainda segundo Pascal (2009, pag. 114), o problema da ética
nunca foi alheio a Kant, mas apenas aos sessenta anos de idade que Kant procurou
estuda-lo mais profundamente.

De acordo com Pascal (2009, pag. 114), o ponto de partida do estudo da moral
kantiana situa-se na moral de Leibniz. Mas a partir de 1760, sob a influência dos
moralistas ingleses, Shaftsbury, Hutcheson, Hume e a de Rousseau, vai se abrir um
espaço para o pensamento de Kant no sentido de fazer com que a moral de Leibniz
passe a ser insuficiente.

Assim como a publicação da Crítica da razão pura é um marco para a história da


filosofia, o é também para o pensamento de Kant, seja para a teoria do conhecimento
como para a sua moral:

A crítica da razão pura acabou por persuadi-lo de que não se pode depender a
moralidade das provas dialéticas da liberdade do homem, da imortalidade da alma e
da existência de Deus. Por essa razão, depois de levar a termo a Crítica, o filósofo
aplicará toda sua atenção ao problema da moral, procurando ver mais claro em seu
pensamento. A Crítica da razão pura, aliás, já lhe indicara o método a ser seguido
para estudar a possibilidade e a legitimidade de uma legislação a priori do espírito.
(Pascal. 2009, Pag. 115).

Na sua ética deontológica Kant não parte de exemplos da experiências, ou seja,


não faz uma antropologia para caracterizar a moral humana, mas faz uma metafísica dos
costumes. Nesse sentido, ele concebe que a moralidade do dever só tem fundamentação
se partir da racionalidade a priori humana.

Na construção de sua ética Kant parte da fundamentação dos costumes até então
vigentes, para somente depois construir sua base metafísica. Se faz importante a
fundamentação e a crítica dos costumes populares, pois lhe dá as bases para seguir uma
fundamentação a priori das ações humanas. Podemos afirmar, que essas passagens são
um estímulo para ir do conhecimento do senso comum à consciência filosófica. Nesse
sentido, não se trata de inventar uma nova moral, como feita antes por seus
antecessores, um exemplo a ser citado é o próprio Aristóteles, que concebe a moral
como meio de se chagar a felicidade através de ações que alcancem o meio termo das
condutas fundamentadas pela razão.

Para Kant a ação moral só é válida se esta mesma se tornar uma lei universal.
Ações egoísticas que levam em consideração somente a motivação do indivíduo não
podem se tornar leis universais, pois entram em contradição com a própria razão.
Portanto, deve-se agir conforme suas ações se tornem leis universais e possam servir de
modelos para outras pessoas de acordo com a razão pura.

Há ainda na ética deontológica de Kant dois conceitos fundamentais para


compreendermos: o imperativo hipotético e o imperativo categórico. O imperativo
hipotético é formulado segundo ações volitivas que levam em consideração a felicidade
enquanto indivíduos, por exemplo, se é imperativo que para que certos indivíduos serem
felizes o estudo da filosofia, isso se torna um imperativo hipotético. No caso do
imperativo categórico é necessário que se dirija a ações éticas por excelência e essas
ações devem se tornar universais, por exemplo, quando sei que é errado furtar, me
disponho enquanto indivíduo a não realizar tal ação, que se torna imperativo universal e
necessário.
Ainda segundo Kant:

Como toda a lei prática representa uma acção possível como boa e por isso como
necessária para um sujeito praticamente determinável pela razão, todos os
imperativos são fórmulas da determinação da acção que é necessária segundo o
princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso de a acção ser apenas
boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a acção é
representada como boa em si, por conseguinte como necessária numa vontade em si
conforme à razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico.
(Kant, 2007. Pag. 50).

Immanuel Kant assenta suas bases epistemológicas na boa vontade humana e no


dever. Para Pascal (2009, pag. 119) a boa vontade está ligada a ações deontológicas e
pode ser até mesmo constituída de uma vontade de agir por dever. Assim podemos
perceber ações bondosas estão ligadas na sua finalidade a ações por dever. Nesse
sentido, o indivíduo pode agir segundo certos interesses pessoais ou egoístas e não por
dever, essa ação não deve ser considerada uma ação ética, mais sim egoísta.

Podemos exemplificar isso desta maneira:

(...) o comerciante que atende lealmente aos fregueses, age em conformidade com o
dever, mas não por dever, se não tem em vista senão o seu interesse bem
compreendido, do mesmo modo, a pessoa que leva uma vida feliz e se esforça em
conservar a vida age conforme o dever, pois a conservação da vida é um dever, mas
não age por dever. (...) por outro lado, quem pratica a beneficência, mesmo sem
sentir inclinado a isso, possui um valor moral maior do que aquele que é
benevolente por temperamento (...). (Pascal, Pag. 120).

Nesse sentido, a ação moral para Kant não se deve ou se basta que seja conforme
o dever, mas que além disso seja executada por dever. Essa é uma diferença bem sútil,
mas de imensa importância na ética kantiana, ações morais não se bastam a si mesmo se
forem praticadas segundo o dever, mas se bastam se forem executadas com forme o
dever o manda.

Para concluirmos este trabalho vamos buscar aprender essas categorias


fundamentais para pensarmos a ética do dever de Kant. As ações humanas devem
buscar sempre agir de modo ético segundo o dever que se faz imperativo, e por
conseguinte deve se tornar lei universal. O imperativo hipotético e o imperativo
categórico são importantes para compreendermos as ações humanos que devem seguir a
busca da felicidade e da finalidade do agir ético, sempre levando em consideração os
outros indivíduos que vivem em coletividade com nosco. Neste sentido, a ética kantiana
ainda é de fundamental importância na contemporaneidade apesar de ter sido formulada
a algum tempo, pois leva em consideração sempre o agir volitivo segundo categorias
morais de dever.

BIBLIOGRAFIA

Kant, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução


Paulo Quintela. 1º edição. Ed. Calouste Gulbenkian. Lisboa, 2007.

Pascal, Georges. Compreender Kant. Introdução e tradução de Raimundo


Vier. 5. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ, 2009.

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