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EX. SR.

JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA,


GOIÁS.

Protocolo n. 100000

LUIZ PEDRO (recorrente), tendo sido habilitado no expediente da ação


indenizatória, o procedimento acima ajuizou ação contra RICARDO NICOLAU
(apelado) que também foi habilitado no expediente, por meio de seu preposto,
por ele subscrito, não Em consonância com o veredicto proferido a partir do
incidente 15, o presente recurso é interposto nos termos do art. De 1.009 a
1.014, NCPC, deve-se informar com antecedência que este recurso é
tempestivo e foi apresentado em até 15 dias úteis, nos termos do art. CPC /
2015 Seção 1.003 Seção 5. Do mesmo modo, de acordo com os documentos
anexos, o recurso foi posteriormente preparado para que o tribunal analise a
sua regularidade. Havendo oportunidade, solicitar ao réu (se desejar) a súmula
da causa, e em seguida encaminhar o expediente com os motivos anexos ao
Juizado Especial de Goiás para sua utilização.

Pede o deferimento.

Goiânia, 08 de novembro de 2021


Advogado Paulo Henrique do Carmo Silva OAB/GO 101.101

RAZÕES RECURSAIS

Apelante: LUIZ
Apelado: RICARDO
Origem: processo nº 575321, 3ª Vara Cível (Comarca de Goiânia)

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÃMARA.

Eméritos Desembargadores,

I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS

1.1 Da tempestividade

O presente recurso é tempestivo, tendo sido


interposto no prazo de 15 dias úteis, na forma do art.
1.003, §5º, do CPC/2015. Contudo, o presente
recurso de apelação foi interposto no prazo legal,
portanto, cumprindo o requisito da tempestividade.
1.2 Do preparo

No tocante ao preparo recursal, seguem as guias das


custas recursais em anexo efetivamente recolhidas.
Em anexo, o preparo devidamente comprovado pela
guia das custas recursais efetivamente recolhidas.

1.3 Do cabimento
Inicialmente, cumpre destacar que é cabível no
presente caso o recurso de apelação, conforme o
artigo 1.009 do CPC.

II - BREVE SÍNTESE DO PROCESSO

Em razão do descumprimento do contrato de transporte, Ricardo ingressou


com ação de indenização contra o atual recorrente. Em resposta, o réu que
agora interpôs recurso alegou que, como cantor amador, contratou o recorrente
(motorista de uma grande empresa) para transportá-lo do interior da cidade de
Canto Distante em 2 de março de 2017. Capital do estado do Rio de Janeiro.
Nesse dia, será realizada no Rio de Janeiro a primeira pré-seleção para
participar do concurso de talentos musicais da TV, com cerca de 20 mil
assinantes. Em 2 de março de 2017, o recorrente Luiz lembrou que havia
esquecido de fazer as manutenções regulares no veículo, motivo pelo qual
considerava inseguro andar na estrada. Portanto, ele notificou o apelado de
que não poderia ser transportado naquele dia e devolveu o valor pago a ele. No
mais, o apelante tendo juntado provas documentais e requerido prova
testemunhal.
Sem êxito a tentativa de acordo, passou-se a instrução, onde
foram ouvidas as testemunhas do autor e do réu, ao evento 15, e, findos os
debates orais, o nobre magistrado prolatou a sentença, julgando totalmente
improcedentes os pedidos formulados pelo requerente.
No entanto, como será demonstrado a seguir, a sentença
não merece prosperar, devendo ser reformada (ou cassada).

III – RAZÕES DA REFORMA (OU DA CASSAÇÃO)

A sentença proferida pelo juiz a quo na Ação de Cobrança


proposta pela apelante em face do apelado, julgando o seu pedido improcedente,
deve ser modificada in totum, uma vez que a importância reivindicada na inicial
traduz-se em uma obrigação de única e inteira responsabilidade do comprador,
conforme previsão contratual.

A afirmação acima evidenciada, nos termos dos documentos


acostados aos autos, encontra respaldo no fato de que vigoram no direito
brasileiro, como vigas mestras de sustentação das relações jurídicas, os
princípios da liberdade de contratar e do efeito vinculante dos contratos,
entendimento este corroborado pela jurisprudência pátria, in verbis:

“Em havendo estipulação contratual obrigando o comprador,


não cabe declaração de indébito, uma vez que deve
prevalecer o brocardo latino pacta sunt servanda”.

Ainda, no mesmo sentido, são lícitas, em geral, todas as


condições que a lei não vedar expressamente, daí não havendo outro
entendimento para o caso em questão, deve a sentença atacada ser
REFORMADA nos termos do pedido contido na inicial.

1. DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS DA


RESPONSABILIDADE CIVIL
2. O demandante alegou que a intenção de indenização se baseava na
tese de oportunidade perdida, sendo que o recurso considerou que ele
não participou das atividades de seleção do concurso de talentos para
a música amadora na TV em razão do não cumprimento do contrato.
No entanto, a teoria da incidência de perda por acaso tornará viável a
compensação esperada, exigindo que a perda alegada seja prevista
como uma certa probabilidade real de sucesso do evento. Nesse caso,
é improvável que o apelado seja realmente selecionado para participar
da competição. Observe que este é um evento com mais de 20.000
inscritos. Os 1.000 melhores candidatos selecionados preliminarmente
na primeira fase precisam passar por duas outras etapas de eliminação
até que 20 pessoas sejam selecionadas para participar do programa de
TV. Impossível, pois, impor-se responsabilidade civil do apelante no
presente caso, uma vez que o direito brasileiro rechaça indenização por
dano hipotético – que é o que se vislumbra no presente caso.

3. DA INEXISTÊNCIA DE DANO EFETIVO

Sendo inocorrente a aplicação da teoria da perda de uma chance,


impõe-se observar a pretensão sob o aspecto da responsabilidade
contratual. Em se tratando da alegada inexecução de contrato, deve
eventual indenização ficar adstrita às possíveis perdas e danos
verificados em face do inadimplemento. Do ônus de demonstrar
prejuízo não se desincumbiu o apelado. Cabia a ele demonstrar as
perdas e danos decorrentes da inexecução (CC, art. 475), mas assim
não fez. Ao contrário, restou incontroverso nos autos que o apelante,
após verificar que o carro não teria passado pelas revisões necessárias
a uma viagem segura, devolveu todo o preço ao contratante (apelado),
o qual não se insurgiu contra isso. Pelo que se percebe, houve na
realidade um distrato consensual, em que, desfeito o negócio, as partes
foram levadas ao seu status quo, sem que qualquer delas alegasse, na
ocasião, perda ou prejuízo. Em termos de responsabilidade contratual,
não há, pois, razão para a indenização pretendida.

4. DA BOA-FÉ OBJETIVA E DOS DEVERES DECORRENTES – A


CULPA CONCORRENTE DO APELADO
Por fim, note-se ainda que a não-realização da viagem decorreu
também pelo desinteresse do apelado em encontrar outro meio de
transporte, o que caracteriza culpa concorrente do apelado (CC, art.
945). Sabendo-se que o apelado foi avisado da impossibilidade de ser
atendido no transporte e tendo recebido, na mesma hora, em
devolução, o valor que havia pago pelo preço, poderia ele – fosse seu
real interesse – dirigir-se à rodoviária e tomar outro transporte para seu
destino. No caso de culpa concorrente, a indenização deveria ser
partilhada entre eles.

IV – REQUERIMENTO
a. Reformar a decisão de primeiro grau, julgando-se
improcedente a ação, uma vez que não se trata de
hipótese possível de ser alcançada pela teoria da perda
de uma chance, nem houve prejuízo demonstrado pelo
apelado para além da devolução do preço.
b. Alternativamente, reconhecer a culpa concorrente pela
inexecução do contrato, partindo-se a indenização
proporcionalmente entre as partes, na medida da
responsabilidade de cada um.
c. Com o provimento do apelo, espera ver redimensionado
o ônus da sucumbência segundo o art. 82, §2º, bem
como a majoração dos honorários advocatícios, nos
termos do art. 85, §11, do CPC/2015.

Em virtude do exposto, o Apelante requer que o presente


recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja
totalmente PROVIDO para reformar a sentença recorrida, no sentido de acolher
o pedido inicial do Autor Apelante e, por ser de inteira Justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Goiânia, 08 de novembro de 2021

Advogado Paulo Henrique do Carmo Silva


OAB/GO 101.101

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