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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
1ª Câmara
Identificação

PROCESSO TRT/15ª REGIÃO N.º 0010201-34.2017.5.15.0092 - PJe

EMBARGOS DECLARATÓRIOS - 1ª TURMA - 1ª CÂMARA

EMBARGANTES: BANCO RENDIMENTO S.A. E COTAÇÃO


DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
S.A. (RECLAMADOS)

EMBARGANTE: BRUNA MARINELLI MARTINS (RECLAMANTE)

EMBARGADO: V. ACÓRDÃO

 
Relatório

Opõem, as partes,os presentes embargos


declaratórios, a fim de sanar omissões e contradições supostamente
havidas no v. julgado.

Na forma regimental, foi o processo colocado em


mesa.

É o relatório.

Fundamentação

VOTO

Decide-se conhecer da presente medida.

MATÉRIA COMUM A AMBOS OS EMBARGOS


 

Opõem, as partes,os presentes embargos


declaratórios, a fim de sanar vício no v. julgado, porquanto, conforme
os termos da fundamentação do decisum, a condenação ao
pagamento de horas extras, intervalo intrajornada, e intervalo do artigo
384 foi afastada ante a aplicação do inciso II do artigo 62 da CLT,
sendo que, contudo, não se discute no presente feito, o exercício, pela
autora, de cargo de confiança, mas, sim, de atividade externa (art. 62,
I, da CLT).

Pois bem.

De fato, o equívoco suscitado pelas partes se


verifica nos termos da fundamentação do v. acórdão,
consubstanciando-se, na verdade, em erro material, o que ora se
passa a sanar, na forma a seguir:

Onde se lê:

"Nesses termos, entendo que a reclamante não


estava sujeita a controle de jornada pelo reclamado, com fidúcia
especial pelo exercício do cargo de gestão ocupado réu, em razão de
sua condição de gerente, enquadrando-se na exceção do art. 62, II,
da CLT. Logo, indevido o pagamento das horas extras, dos intervalos
intrajornada e do intervalo previsto no artigo 384 da CLT."

Leia-se:

"Nesses termos, entendo que a reclamante não


estava sujeita a controle de jornada pelo reclamado, enquadrando-se
na exceção do art. 62, I, da CLT. Logo, indevido o pagamento das
horas extras, dos intervalos intrajornada e do intervalo previsto no
artigo 384 da CLT."

 
Embargos
declaratórios conhecidos e acolhidos.

EMBARGOS DECLARATÓRIOS DA
RECLAMANTE

A reclamante alega haver omissões


no decisum embargado, quanto à análise probatória referente aos
pleitos de reconhecimento de vínculo de emprego com o 1º réu,
enquadramento da autora como bancária ou financiária, e horas
extras.

Pois bem.

Os Embargos Declaratórios, nos termos dos limites


traçados pelo artigo 897-A1, da CLT, são oponíveis quando verificada
omissão, contradição, obscuridade e/ou manifesto equívoco no exame
dos pressupostos extrínsecos do recurso.

Note-se que a omissão que autoriza o manejo dos


embargos de declaração não se refere à menção a qualquer
argumento ou prova trazidos pelas partes, mas aos pedidos
formulados por estas.

Não se prestam, portanto, os embargos


declaratórios, para reapreciar a matéria versada na demanda.

In casu, em relação aos temas referidos alhures, o


v. acórdão embargado expôs de forma clara e fundamentada os
motivos que ensejaram o convencimento desta Egrégia 1ª Câmara,
não obstante tenha acolhido teses contrárias aos interesses da
embargante.

Repise-se que o Juiz é soberano na apreciação do


conjunto fático-probatório, decidindo conforme seu livre
convencimento motivado, nos termos do artigo 371, do Código de
Processo Civil de 2015 (art. 131, do CPC/1973), que confere ao
Magistrado o poder político de plasmar o seu juízo de valores de
acordo ao seu entendimento pessoal, arrimado nos elementos
constantes dos autos.

Recorde-se que, ao publicar a decisão terminativa,


o Juiz (ou, no caso, o Colegiado) cumpre e acaba o ofício jurisdicional
como esclarece com propriedade Vicente Greco Filho: "Com a
sentença se esgota a atividade do juiz, o qual não poderá mais
modificar a prestação jurisdicional dada, retratando-se, ainda que
razões posteriores possam, até, demonstrar a injustiça da decisão".
(Direito processual civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2000).

Refira-se, ainda, que despicienda a interposição


dos embargos de declaração das partes com o fito de obter
pronunciamento suplementar do Colegiado, uma vez que o
prequestionamento imprescindível à interposição de recurso para a
instância superior foi devidamente atendido quando da prolação da
decisão ora embargada, pois aquele pressupõe a adoção de tese
explícita sobre os temas postos em análise.

Observe-se, por fim, o que dispõem as Orientações


Jurisprudenciais nº 118 e nº 256 da SBDI-1 do C. TST:

ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 118 DA


SBDI-1 DO C. TST. PREQUESTIONAMENTO.
TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA
Nº 297. Havendo tese explícita sobre a matéria, na
decisão recorrida, desnecessário contenha nela
referência expressa do dispositivo legal para ter-se
como prequestionado este.

ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 256 DA


SBDI-1 DO C. TST. PREQUESTIONAMENTO.
CONFIGURAÇÃO. TESE EXPLÍCITA. SÚMULA
Nº 297. Para fins do requisito do
prequestionamento de que trata a Súmula nº 297,
há necessidade de que haja, no acórdão, de
maneira clara, elementos que levem à conclusão
de que o Regional adotou uma tese contrária à lei
ou à súmula.

 
Embargos conhecidos e não acolhidos.

1 Artigo 897-A - Consolidação das Leis do Trabalho. Caberão


embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco
dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão
subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido
efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no
julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos
do recurso.

Dispositivo

Ante o exposto, decide-se conhecer dos embargos de declaração


opostos pelas partes, e os acolher em parte, para corrigir erro
material, na forma da fundamentação.

Cabeçalho do acórdão
Acórdão

Em sessão realizada em 09 de dezembro de 2020, a 1ª Câmara do


Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente
processo.

Presidiu o julgamento o Exmo. Sr. Desembargador do Trabalho


Ricardo Antônio de Plato.

Tomaram parte no julgamento os(as) Srs. Magistrados:

Desembargadora do Trabalho Olga Aida Joaquim Gomieri (relatora)

Desembargador do Trabalho Fábio Bueno de Aguiar

Desembargador do Trabalho Ricardo Antônio de Plato

Julgamento realizado em Sessão Virtual, conforme os termos da


Portaria Conjunta GP-VPA-VPJ-CR nº 003/2020 deste E. TRT (artigo
3º, §1º) e art. 6º, da Resolução 13/2020, do CNJ.

RESULTADO:
ACORDAM os Magistrados da 1ª Câmara - Primeira Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da Décima Quinta Região em julgar o
processo nos termos do voto proposto pelo (a) Exmo (a). Sr (a).
Relator (a).

Votação unânime.

Procurador ciente.

Assinatura

OLGA AIDA JOAQUIM GOMIERI

Desembargadora Relatora

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