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DIR.

ADM p/ TJ/RO
PROFESSOR FRANCISCO NETTO
Vereadores) e os magistrados, membros do
Ministério Público e dos Tribunais de Contas.

1 - AGENTES PÚBLICOS
b) Agentes administrativos
1.1 - CONCEITO
Agentes administrativos são todos
Podemos definir como agente público aqueles que exercem um cargo, emprego ou
toda e qualquer pessoa física que exerce, em função pública perante à Administração, em
caráter permanente ou temporário, remunerada caráter permanente, mediante remuneração e
ou gratuitamente, sob qualquer forma de sujeitos à hierarquia funcional instituída no órgão
investidura ou vínculo, função pública em nome ou entidade ao qual estão vinculados.
do Estado.
Essa categoria de agentes públicos
A expressão “agentes públicos” abrange representa a imensa maioria da força de trabalho
todas as pessoas físicas que, de qualquer modo, da Administração Direta e Indireta, em todos os
estão vinculadas ao Estado, alcançando desde os níveis federativos (União, Estados, DF e
mais importantes agentes, como o Presidente da Municípios) e em todos os Poderes (Legislativo,
República, até aqueles que, somente em caráter Executivo e Judiciário), podendo ser dividida em:
eventual, exercem funções públicas, como é o
caso dos mesários eleitorais. 1. Servidores públicos titulares de cargos
efetivos ou em comissão;
Independentemente do nível federativo 2. Empregados públicos;
(União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) 3. Contratados temporariamente em virtude
ou do poder estatal no qual exerce as suas de necessidade temporária de
funções (Legislativo, Executivo ou Judiciário), excepcional interesse público.
para que seja denominado de “agente público” é
suficiente que a pessoa física esteja atuando em Servidores públicos titulares de cargos
nome do Estado. efetivos são aqueles que ingressaram no serviço
público mediante concurso público e que,
1.2- CLASSIFICAÇÃO portanto, podem adquirir a estabilidade após 03
(três) anos de efetivo exercício. Esses servidores
Para o saudoso professor, os agentes também são chamados de estatutários, pois são
públicos podem ser classificados em agentes regidos por um estatuto legal, responsável por
políticos, agentes administrativos, agentes disciplinar seus principais direitos e deveres em
honoríficos, agentes delegados e agentes face da Administração Pública.
credenciados.
Além dos servidores titulares de cargos
a)Agentes políticos efetivos, é válido destacar que os ocupantes de
cargos em comissão (de livre nomeação e
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, exoneração) também são denominados
agentes políticos são “os componentes do servidores públicos. Entretanto, em virtude de
Governo nos seus primeiros escalões, investidos ocuparem cargos em comissão (também
em cargos, funções, mandatos ou comissões, por denominados cargos de confiança), tais
nomeação, eleição, designação ou delegação, servidores não gozam de estabilidade, pois se
para o exercício de atribuições constitucionais”. sustentam no cargo apenas em virtude da
“confiança” depositada pela autoridade
Como exemplos podemos citar os chefes responsável pela nomeação.
do Poder Executivo (Presidente da República,
Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares
imediatos (Ministros, Secretário s Desse modo, é correto afirmar que são
estaduais,distritais e municipais), os membros do servidores públicos tanto os ocupantes de cargos
Poder Legislativo (Senadores, Deputados e de provimento efetivo, quanto os ocupantes de
cargos em comissão.
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É válido esclarecer que apesar de não
A segunda espécie de agente possuírem vínculo com o Estado, os agentes
administrativo citada pelo professor Hely Lopes honoríficos são considerados “funcionários
Meirelles é o empregado público, que não públicos” para fins penais e sobre eles não
ocupa cargo público, mas sim emprego público. incidem as regras sobre acumulação de cargos,
empregos e funções públicas, previstas no inciso
Os empregados públicos não são regidos XVI do artigo 37 da CF/88.
por um estatuto (e, portanto, não podem ser
chamados de estatutários), mas sim pela d) Agentes delegados
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que
lhes assegura os mesmos direitos previstos para Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles,
os trabalhadores da iniciativa privada, tais como “agentes delegados são particulares que recebem
aviso prévio, FGTS, seguro desemprego, entre a incumbência da execução de determinada
outros estabelecidos no artigo 7º da CF/88 (que atividade, obra ou serviço público e o realizam
não são garantidos aos servidores públicos na em nome próprio, por sua conta e risco, mas
totalidade). segundo as normas do Estado e sob a permanente
fiscalização do delegante.
As empresas públicas e sociedades de
economia mista (integrantes da Administração Esses agentes não são servidores públicos, nem
Pública Indireta) adotam necessariamente o honoríficos, nem representantes do Estado;
regime celetista para os seus empregados, apesar todavia, constituem uma categoria à parte de
de serem obrigadas a realizar concurso público colaboradores do Poder Público. Nesta categoria
para a contratação de pessoal. se encontram os concessionários e
permissionários de obras e serviços públicos, os
Por último, integram também a categoria serventuários de Ofícios ou Cartórios não
dos agentes administrativos aqueles que são estatizados, os leiloeiros, os tradutores e
contratados temporariamente para atender a intérpretes públicos, e demais pessoas que
uma necessidade temporária de excepcional recebam delegação para a prática de alguma
interesse público, conforme preceituado no atividade estatal ou serviço de interesse
inciso IX do artigo 37 da Constituição Federal de coletivo”.
1988.
Apesar de exercerem atividades públicas em
Neste caso, a lei de cada ente federativo nome próprio, por sua conta e risco, é válido
(União, Estados, DF e Municípios) estabelecerá esclarecer que os agentes delegados estão sujeitos
os prazos máximos de duração desses contratos e às regras de responsabilização civil previstas no §
as situações que podem ser consideradas de 6º do artigo 37 da CF/88, e também são
necessidade temporária, conforme estudaremos considerados “funcionários públicos” para fins
posteriormente. penais.

c)Agentes honoríficos e)Agentes credenciados

Agentes honoríficos são cidadãos Agentes credenciados são aqueles que


convocados, requisitados, designados ou têm a incumbência de representar a
nomeados para prestar, em caráter temporário, Administração em algum evento (um Congresso
serviços públicos de caráter relevante, a título Internacional, por exemplo) ou na prática de
de munus público (colaboração cívica), sem algum ato específico, mediante remuneração e
qualquer vínculo profissional com o Estado, e, sem vínculo profissional, sendo considerados
em regra, sem remuneração. funcionários públicos para fins penais.

Como exemplos podemos citar os É válido destacar que os agentes


mesários eleitorais, os recrutados para o serviço credenciados somente serão considerados agentes
militar obrigatório, os jurados, os comissários de públicos durante o período em que estiverem
menores, entre outros. exercendo as funções públicas para as quais
foram credenciados.
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Em alguns casos, além de o Estado ser
Desse modo, se um cientista foi obrigado a reparar financeiramente (civilmente)
convidado pela Administração para representá-la o particular pelos danos causados pelos seus
em um Congresso Internacional sobre a “Gripe agentes, estes ainda podem responder
A”, somente durante o período do evento ele será simultaneamente na esfera penal (caso a conduta
considerado agente público. ou omissão seja tipificada como crime ou
contravenção), administrativa (caso o ato
2 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO omissivo ou comissivo seja praticado no
ESTADO desempenho do cargo ou função e previsto como
infração funcional) e civil, sendo obrigados a
A obrigação de reparar os danos/prejuízos devolver aos cofres públicos os valores que foram
causados a terceiros não é exclusiva dos utilizados pelo Estado para indenizar os danos
particulares, pois incide também em relação ao causados aos particulares.
Estado.
2.1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Entretanto, tal obrigação não é
proveniente de contratos celebrados pelo Estado Conforme veremos a seguir, vigora no Brasil a
com terceiros, denominada responsabilidade responsabilidade objetiva do Estado pelos
contratual, pois, nesses casos, os possíveis danos que seus agentes causarem a terceiros, sob
prejuízos se resolvem com base nos próprios a modalidade do risco administrativo.
termos contratuais. Também não se refere à
obrigação de indenizar em virtude do legítimo Entretanto, nem sempre foi assim, já que, em
exercício de poderes em face do direito de outras épocas, não era possível responsabilizar
terceiros, como ocorre frequentemente no caso da civilmente o Estado, vejamos:
desapropriação e, algumas vezes, no caso de
servidões. 2.1.1 - Irresponsabilidade do Estado

Conforme afirma o professor Celso Antônio Historicamente, por muitos anos, vigorou
Bandeira de Mello, tal obrigação deriva da a máxima de que “O Rei nunca erra” (The King
responsabilidade EXTRACONTRATUAL do can do no wrong) ou “O Rei não pode fazer mal”
Estado face a comportamentos unilaterais, (Le roi ne peut mal faire).
comissivos ou omissivos, legais ou ilegais,
materiais ou jurídicos, que a ele são atribuídos. Durante esse período, notadamente nos regimes
absolutistas, o Estado NÃO PODIA SER
Antes de passarmos para o próximo item, RESPONSABILIZADO pelos danos que
é necessário chamar a sua atenção para o fato de causasse aos particulares no exercício das funções
que a responsabilidade civil do Estado, pelos
estatais.
danos que seus agentes causem a terceiros, não se
confunde com a responsabilidade civil, penal ou
administrativa dos agentes públicos Apesar da necessidade de você ter
responsáveis pelo dano. conhecimento dessa teoria para responder às
questões de concursos, destaca-se que ela está
Além da responsabilização do Estado, inteiramente superada, mesmo nos Estados
que irá ocorrer exclusivamente na esfera civil, Unidos e na Inglaterra, que foram os últimos
o agente público também poderá ser países a abandoná-las, em 1946 e 1947,
responsabilizado, mas em três esferas distintas: respectivamente.
civil, penal e administrativa, se for o caso.
2.1.2. Responsabilidade subjetiva do Estado ou
As responsabilidades civil, penal e Teoria da “culpa civil”
administrativa, em regra, são independentes
entre si, podendo, ainda, cumular-se, conforme Segundo essa teoria, o Estado seria
veremos mais a frente. equiparado ao particular, para fins de
indenização. Sendo assim, em regra, como os
particulares somente podem ser responsabilizados
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pelos seus atos quando atuam com dolo (desejo pois o caminhão que “passou por cima” do
de causar o dano) ou culpa (negligência, suicida pertence ao Estado.
imprudência ou imperícia), tais requisitos
também deveriam ser demonstrados a fim de que É fácil perceber que a teoria do risco
se pudesse responsabilizar o Estado. integral escapa ao bom senso, pois não prevê
qualquer hipótese de exclusão ou redução da
Tanto o Estado quanto o particular eram tratados responsabilidade do Estado em relação ao
de forma igualitária e, sendo assim, ambos evento danoso, ao contrário do que ocorre, por
respondiam nos termos do direito privado, sendo exemplo, na teoria do risco administrativo, como
imprescindível a demonstração do dolo ou culpa veremos adiante.
para que ocorresse a responsabilização.
2.1.5 Teoria do risco administrativo
Essa teoria passou a vigorar no Brasil
com o advento do Código Civil, de 1916 e, Essa é a teoria adotada pela Constituição
somente em 1946, com a promulgação da Federal de 1988 e, portanto, iremos estudá-la
Constituição, deixou de existir. com mais detalhes nos próximos itens.

2.1.3. Teoria da Culpa Administrativa ou da De qualquer forma, você já deve ter em mente
faute du service que nesta modalidade de responsabilização não
se exige a culpa ou dolo do agente público, nem
Essa teoria relaciona-se à possibilidade de a demonstração da “falta do serviço”.
responsabilização do Estado em virtude do
serviço público prestado de forma insatisfatória, Para que o indivíduo seja indenizado, basta que
defeituosa ou ineficiente. comprove a existência do fato danoso e injusto
ocasionado por ação do Estado.
Não é necessário que ocorra uma falta
individual do agente público, mas uma 2.2. A RESPONSABILIDADE OBJETIVA
deficiência no funcionamento normal do serviço, PREVISTA NO ARTIGO37, § 6º DA CF/88
atribuível a um ou vários agentes da
Administração, que não lhes seja imputável a O nosso ordenamento jurídico pátrio,
título pessoal. durante muito tempo, oscilou entre as doutrinas
Nesse caso, a vítima tem o dever de comprovar a subjetiva e objetiva da responsabilidade civil do
falta do serviço (ou a sua prestação insuficiente Estado. Entretanto, a Constituição Federal de
ou insatisfatória) para obter a indenização, além 1988 decidiu pela responsabilidade civil
de ser obrigada a provar ainda uma “culpa objetiva do Estado, sob a modalidade do risco
especial” do Estado, ou seja, provar que o Estado administrativo.
é responsável por aquela “falta” do serviço
público. Sendo assim, para que o Estado seja
obrigado a indenizar o dano causado por seus
2.1.4. Teoria do risco integral agentes, é suficiente que o particular prejudicado
comprove o dano existente e o nexo causal entre
Com base em tal teoria, o Estado é a ação do agente e o evento danoso. Não é
responsável por qualquer dano causado ao necessário que o particular comprove que o
indivíduo na gestão de seus serviços, agente público agiu com dolo ou culpa, pois isso
independentemente da culpa da própria vítima, é irrelevante para efeitos de indenização estatal.
caso fortuito ou força maior.
O professor Alexandre de Moraes afirma
Para que o Estado seja obrigado a ser necessária a presença dos seguintes requisitos
indenizar, basta que esteja envolvido no dano para que o Estado seja obrigado a indenizar:
causado. Exemplo: se um indivíduo se jogar na ocorrência do dano; ação administrativa;
frente de um caminhão de lixo que está existência de nexo causal entre o dano e a ação
realizando o serviço de limpeza urbana, administrativa e ausência de causa excludente
objetivando um suicídio, ainda sim o Estado da responsabilidade estatal.
estaria obrigado a indenizar a família da vítima,
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A possibilidade de responsabilizar o concessionárias, permissionárias e
Estado pelos danos que seus agentes causarem a autorizatárias de serviços públicos.
terceiros possui amparo no próprio texto
constitucional, mais precisamente no artigo 37, § Atualmente, vigora no Supremo Tribunal Federal
6º, da CF/1988, o entendimento de que as pessoas jurídicas
que assim declara: prestadoras de serviços públicos respondem
objetivamente pelos danos que seus agentes
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as causarem a terceiros, inclusive aqueles que não
de direito privado prestadoras de serviços estejam usufruindo dos serviços prestados, a
públicos responderão pelos danos que seus exemplo do particular que tem o seu carro
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, atingido por um ônibus pertencente a
assegurado o direito de regresso contra o concessionária prestadora de serviços públicos.
responsável nos casos de dolo ou culpa.
Além disso, não se esqueça de que as
Para que possamos responder mais empresas públicas e sociedades de economia
facilmente às questões elaboradas pelas bancas mista, exploradoras de atividades
examinadoras, principalmente às questões econômicas, não são alcançadas pelo § 6º, do
formuladas pelo CESPE, é necessário que artigo 37, da CF/1988.
façamos um detalhamento das informações que
podem ser extraídas do § 6º, do artigo 37, da As empresas públicas e sociedades de
CF/88. economia mista, exploradoras de atividades
econômicas (podemos citar como exemplo a
2.2.1 Ao afirmar que a expressão "causarem" Petrobrás, a Caixa Econômica Federal, o Banco
do artigo 37, parágrafo 6.º, da CF/88, somente do Brasil etc.), respondem pelos danos que seus
abrange os atos comissivos (ações), e não os agentes causarem a terceiros de acordo com as
omissivos, afirmando que estes últimos regras do Direito Privado, assim como acontece
somente "condicionam" o evento danoso. com os seus concorrentes no mercado.

Assim, a responsabilidade objetiva do Em virtude de responderem pelos danos


Estado abrange apenas ações e não omissões. causados pelos seus agentes em conformidade
com as regras de direito privado, desde já, é
O Estado pode ser responsabilizado por necessário que você saiba que a responsabilidade
danos ocasionados por omissões. a resposta é de tais pessoas jurídicas será SUBJETIVA, ao
SIM, entretanto tal responsabilidade é Subjetiva contrário daquela preconizada no do § 6º, do
que veremos mais à frente. artigo 37, da CF/1988, que é OBJETIVA, em
regra.
2.2.2. A abrangência da expressão “as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito 2.2.3. A abrangência da expressão “pelos danos
privado prestadoras de serviços públicos” que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros”
Na expressão destacada acima, devemos
incluir como pessoas jurídicas de direito público Para que o ato praticado pelo agente
a União, os Estados, os Municípios, o Distrito público possa ser imputado ao Estado, é
Federal, as autarquias e as fundações públicas necessário que exista uma relação entre o ato e o
regidas pelo Direito Público. serviço, ou seja, é essencial que o ato ou ação
lesiva tenham sido praticados para o serviço ou
Como pessoas jurídicas de Direito durante a prestação do serviço público. Se a
Privado prestadoras de serviços públicos, condição de agente público tiver contribuído de
incluímos as empresas públicas e sociedades de algum modo para a prática do ato danoso, ainda
economia mista, desde que prestadoras de que simplesmente lhe proporcionando a
serviços públicos, e também as empresas oportunidade para o comportamento ilícito,
privadas, mesmo não integrantes da responde o Estado pela obrigação de indenizar.
Administração Pública, desde que prestem
serviços públicos, a exemplo das
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Ao referir-se a “agentes”, o constituinte praticado por alguém que se encontrava na
não restringiu o alcance do texto constitucional condição de agente público já é suficiente para a
somente aos servidores estatutários, incluindo caracterização da responsabilidade objetiva.
também os celetistas (empregados das empresas
públicas, sociedades de economia mista e das
concessionárias, permissionárias e autorizatárias Nos danos oriundos de uma ação
de serviços públicos), os contratados praticada por agente público, incluindo os agentes
temporariamente em razão de necessidade delegados, a responsabilidade será OBJETIVA,
temporária de excepcional interesse público, bem
como todos aqueles que exercem funções 2.2.4. A responsabilidade do Estado depende
públicas, ainda que transitoriamente e sem de uma AÇÃO mas poderá ser afastada
remuneração, incluindo-se os agentes delegados (excluída) ou abrandadada nas seguintes
(oficiais de cartório, por exemplo). situações:

Fato importante, e que deve ser lembrando no a) Culpa exclusiva da vítima


momento da Ocorre a culpa exclusiva da vítima quando o dano
prova, é que os agentes públicos devem ter existente é
atuado na “condição de agente” ao causar o consequência de omissão ou ação do próprio
dano, pois, caso contrário, não será possível particular que sofreu o dano, ou seja, sem a ação
responsabilizar o Estado. ou omissão da vítima do dano, não existiria o
dano. Ora, se o particular deu causa ao dano que
Exemplo: suponhamos que um servidor do sofreu, deverá suportar sozinho o prejuízo.
Ministério da Fazenda tenha acabado de sair do
trabalho, chegado a casa estressado e, ao Exemplo: Imaginemos um indivíduo que, após
encontrar a empregada doméstica, tenha lhe terminar um longo relacionamento amoroso,
desferido vários “tabefes” na cara alegando que desgostoso da vida, decide se jogar na frente de
precisava descarregar em alguém o desgastante um trator de propriedade do município, que
dia de trabalho. estava recapeando algumas ruas na cidade. Como
consequência de tal ato, quebra as duas pernas e
Pergunta para não zerar a prova: nesse caso, a tem 10 dentes arrancados da boca.
União poderá ser responsabilizada pelos danos
que o seu agente causou ao particular? O ônus de provar que a culpa é
exclusiva do particular ou que este contribuiu
É lógico que não, pois o servidor do Ministério da com o evento danoso recai sobre o Estado (aqui a
Fazenda, naquele momento, não estava no expressão inclui todas as entidades políticas).
exercício da função de agente público. Era apenas Caso este não consiga provar, deverá indenizar o
uma pessoa como outra qualquer. dano sofrido pelo particular, mesmo não tendo
sido o responsável direto pelo prejuízo.
Pergunta: e se o servidor, no dia seguinte, mas
ainda estressado, tivesse se deslocado em um Em outras circunstâncias, em vez de ser
veículo da União para fazer um trabalho externo afastada a responsabilidade civil do Estado,
e, a 180 km por hora, colidisse com um veículo poderá ocorrer apenas um “abrandamento” em
particular. Neste caso, como o servidor dirigia a virtude da culpa concorrente do particular.
180km/h, a União poderá ser responsabilizada?
b) Caso fortuito e força maior
É claro, pois o servidor estava no exercício de
suas funções, independentemente da velocidade A maioria da doutrina entende que tanto o Caso
de condução do veículo. fortuito e força maior excluem a
responsabilidade do Estado.
Os professores Vicente Paulo e Marcelo
Alexandrino chamam a atenção para o fato de que 2.3. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO
é irrelevante se o agente atuou dentro, fora ou ESTADO EM VIRTUDE DA OMISSÃO DE
além de sua competência legal, pois se o ato foi SEUS AGENTES (SUBJETIVA)
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Tenha muita atenção ao responder às questões de manifestações dos moradores exigindo
concursos públicos, pois as bancas tendem a providências, o Município nada fez.
elaborar questões afirmando que a Sendo assim, para que o turista seja ressarcido
responsabilidade do Estado sempre será objetiva, dos prejuízos causados ao seu veículo, deverá
o que está incorreto. provar a omissão do Estado, ou seja, deverá
comprovar o dolo e/ou a culpa (negligência,
imprudência ou imperícia) do Município no
Na prática, os particulares podem sofrer evento danoso.
danos em virtude de condutas comissivas (ações)
praticadas pelos agentes públicos, bem como em Pergunta: Mas como deverá proceder o turista
virtude de omissões (deixar de fazer) estatais. para provar tal fato? Ora, nesse caso ele terá que
Ocorrendo quaisquer dessas hipóteses, o Estado bater de porta em porta, em toda a vizinhança,
estará obrigado a indenizar. para saber se alguém possui cópia das petições
administrativas que foram protocoladas perante o
Nos danos oriundos de uma ação praticada por Município, cópia dos jornais noticiando o risco de
agente público, incluindo os agentes delegados, a queda, etc, além de poder ainda colher o nome de
responsabilidade será OBJETIVA, mas, nos alguns moradores para servirem de testemunhas
danos provenientes de uma omissão estatal, a (prova) no desenvolvimento do processo.
responsabilidade passa a ser SUBJETIVA, ou
seja, será necessário que o particular comprove o Outro exemplo bastante comum em prova é o
dolo e/ou a culpa do Estado na omissão a fim de caso de danos provenientes de enchentes,
que seja indenizado. conseqüência de chuvas acima da média.

Esse é o posicionamento defendido pelo professor Pergunta: Nesse caso, o Estado poderá ser
Celso Antônio Bandeira de Mello, ao afirmar responsabilizado civilmente pelos danos que a
que a expressão "causarem" do artigo 37, enchente causar aos particulares?
parágrafo 6.º, da CF/88, somente abrange os atos
comissivos, e não os omissivos, afirmando que Resposta: Depende. Se ficar comprovado que o
estes últimos somente "condicionam" o evento Estado foi omisso, ou seja, que não efetuou a
danoso. limpeza dos bueiros de escoamento da água,
permitindo o acúmulo de lixo e,
Exemplo: Imaginemos o caso de uma árvore consequentemente, o seu entupimento, poderá,
centenária, com vinte metros de altura e dez sim, ser responsabilizado, desde que o
metros de diâmetro, localizada em uma praça no particular lesado comprove o dolo e/ou a culpa do
centro da cidade. Suponhamos agora que, há Estado. Nessa hipótese, a responsabilidade do
vários meses, os moradores próximos à praça Estado será SUBJETIVA.
estão reivindicando o corte da árvore em virtude
de estar infestada de cupins e ameaçando cair. 2.4. SITUAÇÕES ESPECIAS ABRANGIDAS
Para tanto, foram protocoladas diversas petições PELA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
administrativas individuais e coletivas, mas o
Município nunca tomou qualquer providência. 2.4.1. Responsabilidade por dano nuclear
Ressalta-se ainda que o risco de queda da árvore
também tenha sido noticiado em jornais escritos e O artigo 21, XXI, da Constituição de 1988,
televisivos de toda a região, mas, apesar disso, o declara expressamente que compete à União
Município continuou inerte. explorar os serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e exercer monopólio estatal
Imaginemos agora que, num certo dia, um turista sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
resolve parar o seu veículo debaixo dessa árvore reprocessamento, a industrialização e o comércio
e, para a sua surpresa, a árvore “desaba” em cima de minérios nucleares e seus derivados.
de seu carro.
Todavia, na alínea “d” do mesmo dispositivo,
Ora, nesse exemplo, está claro que a árvore consta que a responsabilidade civil por danos
somente caiu em cima do carro do turista porque nucleares independe da existência de culpa, ou
o Município foi omisso. Apesar de todas as seja, trata-se de responsabilidade objetiva.
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imperícia, imprudência ou negligência do
Informação importante e que deve ser assimilada construtor na execução do processo, a
para responder às questões de prova, refere-se ao responsabilidade originária é da Administração,
fato de que, apesar de a Constituição Federal de como dona da obra, mas pode ela haver do
1988 não estabelecer expressamente, a executor culpado tudo quanto pagou à vítima.
responsabilidade civil daqueles que causarem
danos nucleares a outrem será regida pela teoria Esse é um ponto importante e que merece uma
do risco integral. maior atenção: se o dano puder ser atribuído ao
EXECUTOR da obra, em virtude da má-
Isso significa que permanecerá a obrigação de execução do contrato administrativo, a
indenizar até mesmo nos casos de inexistência de responsabilidade será SUBJETIVA, ou seja,
nexo causal entre a ação/omissão do Estado ou deverá ser comprovada a negligência,
particular e o dano causado. imprudência ou imperícia do EXECUTOR para
que ocorra a sua responsabilização civil.
Trata-se de uma hipótese excepcional e
extremada de responsabilização civil, pois não 2.4.3. Atos Legislativos
prevê excludentes de responsabilidade, nem
mesmo nos casos de culpa exclusiva de terceiros, Segundo o entendimento da doutrina dominante
da vítima, caso fortuito ou de força maior. para “fins de concursos públicos”, atualmente o
Estado somente pode ser responsabilizado pela
Outra informação importante é o fato de que até edição de leis inconstitucionais ou leis de efeitos
mesmo o PARTICULAR, mesmo não sendo concretos.
prestador de serviços públicos, responderá
objetivamente pelos danos nucleares que causar a Da mesma forma, as leis de efeitos concretos
terceiros. (aquelas que não possuem caráter normativo,
generalidade, impessoalidade ou abstração –
2.4.2. Danos de obra pública citam-se como exemplos aquelas famosas leis
municipais que modificam nomes de ruas), se
A responsabilidade do Estado por danos causarem danos aos particulares, geram para o
decorrentes de obras públicas pode ser do tipo Estado o dever de indenizar.
OBJETIVA ou SUBJETIVA.
2.4.4. Atos judiciais
Quando o dano ao particular ocorrer em função
do só fato da obra, a responsabilidade do Estado
será do tipo OBJETIVA, na modalidade do risco Assim como ocorre em relação aos atos
administrativo, independentemente se a obra está legislativos, a regra é a de que não será possível
ou estava sendo realizada pelo próprio Estado ou responsabilizar o Estado pelos atos
por particulares contratados. jurisdicionais praticados pelos juízes, desde que
no exercício de suas funções típicas (a de julgar).
Ocorre dano pelo só fato da obra quando o
prejuízo é proveniente da própria natureza da Entretanto, o próprio inciso LXXV, do artigo 5º,
obra, seja pela sua duração, execução ou da CF/88, apresenta duas exceções, ao
extensão. Como o Estado foi o responsável pela estabelecer que o “Estado indenizará o
decisão governamental que originou a realização condenado por erro judiciário, assim como o que
da obra, ele deve ser o responsável por eventuais ficar preso além do tempo fixado na sentença”.
danos advindos de sua execução.
É válido ressaltar que a exceção prevista no texto
Conforme esclarece o professor Hely Lopes constitucional alcança somente a esfera penal,
Meirelles, se na abertura de um túnel ou de uma excluindo a esfera cível. Contudo, a fim de ser
galeria de águas pluviais, o só fato da obra causa indenizado pelos danos sofridos na esfera penal, o
danos aos particulares (erro de cálculo, por particular deverá pleitear o seu direito na esfera
exemplo), por estes danos, responde cível, através de ação judicial própria.
objetivamente a Administração que ordenou os
serviços; se, porém, o dano é produzido pela
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2.4.5. Coisas ou pessoas sob a responsabilidade “As dívidas passivas da União, dos Estados e dos
do Estado Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou
ação contra a Fazenda federal,
Sabemos que, em diversos momentos, o Estado estadual ou municipal, seja qual for a sua
assume a responsabilidade pela “guarda” de natureza, prescrevem em (cinco) anos, contados
pessoas, animais ou coisas, como se verifica, por da data do ato ou fato do qual se originarem”.
exemplo, em relação aos indivíduos que
cumprem pena em presídios, àqueles que estão Apesar de o particular possuir apenas o prazo de
internados em manicômios, aos alunos de uma 05 (cinco) anos para pleitear indenização em
escola pública, às mercadorias que foram retidas virtude de danos causados pelo Estado, este não
por algum órgão ou entidade pública e que se possui prazo para cobrar o ressarcimento de
encontram em depósitos públicos, etc. prejuízos ou danos causados ao seu patrimônio
em virtude de comportamento culposo ou doloso
Sendo assim, o Estado possui responsabilidade de seus agentes, servidores ou não, conforme
OBJETIVA pelos danos que as pessoas, coisas estabelece o § 5º do artigo 37 da CF/88:
ou animais sofrerem enquanto estiverem sob a
sua “guarda”, exceto se tal dano ocorrer em § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
virtude de caso fortuito ou força maior, já que para ilícitos praticados por qualquer agente,
esses são eventos imprevisíveis e irresistíveis, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
que fogem ao controle do Estado. ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello
exemplifica tal responsabilidade afirmando que, 2.5 - AÇÃO REGRESSIVA EM FACE DO
se um detento fere outro, o Estado responde AGENTE PÚBLICO RESPONSÁVEL PELO
objetivamente, pois cada um dos presidiários DANO
está exposto a uma situação de risco inerente ao
ambiente em que convivem e, portanto, o Estado Conforme já foi exposto, o Estado pode ser
deve zelar pela integridade física e moral de cada responsabilizado civilmente pelos danos que seus
um deles. agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Sendo assim, caso o particular tenha sofrido
Mas, se um raio vier a matar um detento, a algum prejuízo em razão de uma ação ou omissão
responsabilidade desloca-se para o campo da de agente público estatal, deverá exigir o
culpa administrativa, deixando de ser objetiva, respectivo ressarcimento diretamente do Estado, e
por inexistir conexão lógica entre o evento raio e não do agente público.
a situação de risco vivida pelo desafortunado. A
responsabilidade advirá se eventualmente ficar
comprovado que as instalações capazes de Como o Estado responderá objetivamente pelos
impedir o evento (pára-raios) não existiam, foram danos causados pelos seus agentes, a própria
mal projetadas ou estavam mal conservadas. CF/1988 assegura, na parte final do § 6º, do
artigo 37, o direito de o Estado tentar reaver o
2.4.6 RESPONSABILIDADE CIVIL E valor indenizatório que foi pago ao particular,
PRAZO QUINQUENAL podendo propor contra o agente público a
denominada ação regressiva.
Apesar de o Estado poder ser responsabilizado
pelos danos que seus agentes causarem a Apesar de tal possibilidade estar prevista
terceiros, a ação judicial que pode ser proposta diretamente no texto constitucional, é necessário
com tal finalidade prescreve em cinco anos, que o Estado comprove em juízo que o agente
contados da ocorrência do ato ou fato. público agiu com DOLO ou CULPA ao causar o
dano ao particular, pois, caso contrário, o agente
Tal previsão está expressa no artigo 1º do Decreto não será obrigado a devolver aos cofres públicos
20.910/32: o valor pago ao particular pelo Estado, já que
responde SUBJETIVAMENTE.
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Para que o Estado possa propor a referida ação assim, como o laudo pericial não afirmou que a
regressiva, primeiramente, é necessário que culpa era exclusiva do particular, ou melhor,
comprove já ter indenizado o particular, pois sequer definiu de quem seria a culpa, presume-se
essa é uma condição obrigatória. Trata-se de um que seja do Estado.
requisito lógico, pois, se o Estado ainda não Pergunta 2: Suponhamos que o Estado tenha
pagou ao particular qualquer tipo de indenização, sido condenado a pagar ao particular R$
como poderá exigir do agente público o 10.000,00 (dez mil reais) em virtude do dano
ressarcimento de um prejuízo que nem causado pelo motorista da ambulância. Nesse
experimentou ou sequer sabe o valor? caso, o Estado conseguirá êxito em uma possível
ação de ressarcimento proposta em face do agente
Muito cuidado ao responder às questões de público?
concursos, pois a simples existência do trânsito
em julgado de sentença condenando o Estado a Não, pois, conforme expresso no laudo pericial,
pagar ao particular a indenização, por si só, não é não é possível determinar qual dos motoristas foi
suficiente para fundamentar a propositura da ação o responsável pelo acidente, muito menos se o
regressiva. Além do trânsito em julgado, é agente agiu com dolo ou culpa, e, sendo assim, o
necessário ainda que já tenha ocorrido o efetivo Estado é que assumirá integralmente o prejuízo.
pagamento ao particular.
Pergunta 3: Suponhamos que, ao ser citado para
Vamos citar um exemplo simples, capaz de responder à ação de indenização proposta pelo
explicar melhor o que acaba de ser exposto: particular, o Estado tenha decidido denunciar à
lide (incluir no processo) o motorista da
Exemplo: Suponhamos que uma ambulância do ambulância, alegando que ele foi o responsável
Estado, conduzida por um agente público, que pelo acidente e, portanto, deveria participar do
trafegava normalmente por uma avenida, tenha se processo e ser responsabilizado pelo pagamento
envolvido em um acidente com um veículo do prejuízo causado ao particular. Nesse caso, o
particular, no qual ambos tiveram danos Estado estaria agindo de forma correta, em
materiais. Como a discussão entre os motoristas conformidade com o entendimento majoritário da
começou a ficar acalouradada, ambos decidiram doutrina e da jurisprudência?
contactar a Perícia de Trânsito a fim de que fosse
emitido um laudo pericial, declarando as razões Não. Segundo entendimento da doutrina e
que motivaram tal acidente e pudesse ser definida jurisprudência majoritárias (adotada pelas bancas
a culpa pelo mesmo. examinadoras), não pode haver denunciação à
lide do agente público, já que o pedido do
Na data combinada para a entrega do laudo particular em face do Estado está amparado na
pericial oficial, foi divulgado o resultado, todavia, RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Já a
ao analisá-lo, verificou-se a impossibilidade de responsabilidade do agente em face do Estado,
definição da culpa pelo acidente “em razão das está amparada na RESPONSABILIDADE
circunstâncias do evento”. SUBJETIVA.

De posse do referido laudo pericial, o particular Outro ponto que merece destaque é o fato de que
ingressou com uma ação judicial pleiteando do a ação regressiva, nos termos do artigo 5º, XLV
Estado o ressarcimento dos danos causados ao da CF/88, transmite-se aos herdeiros, até o limite
seu automóvel. da herança recebida, ou seja, mesmo após a
morte do agente público, o seu patrimônio
Pergunta 1: Neste caso, com base no laudo responde pela dano.
pericial apresentado pelo Perito, o particular teria
direito a receber indenização pelos danos 2.6. RESPONSABILIDADES
sofridos? ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL DOS
AGENTES PÚBLICOS
Sim, pois a responsabilidade do Estado pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, em Quando o agente público, no exercício de suas
regra, é OBJETIVA, ou seja, dispensa a funções, praticar alguma irregularidade, algum
comprovação de DOLO ou CULPA. Sendo
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ato violador do ordenamento jurídico vigente, julgado da decisão penal, deverá ser reintegrado
poderá ser obrigado a responder a um processo ao cargo anteriormente ocupado, após a anulação
administrativo, um processo cível e outro na da demissão.
esfera penal, simultaneamente, já que essas
esferas são independentes entre si. 2.2 - Se a decisão na esfera penal absolver o
servidor por INSUFICIÊNCIA DE PROVAS
Em regra, não há vinculação entre as sanções quanto à autoria, por exemplo, não ocorrerá a
administrativas, civis e penais e, portanto, elas vinculação da esfera administrativa e, se as
poderão cumular-se. Da mesma forma, os provas existentes forem capazes de configurar um
processos em cada esfera poderão tramitar ilícito administrativo, poderá então ser
isoladamente, não sendo necessário, por exemplo, condenado na esfera administrativa. É o que a
aguardar o julgamento da esfera judicial cível a doutrina denomina de conduta residual.
fim de que seja proferida a decisão
administrativa.
BIBLIOGRAFIA:
É válido ressaltar que, em regra, a esfera penal
não vincula a esfera administrativa.
ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO. Direito
Entretanto CUIDADO: Administrativo.16ª Edição. Editora Método.

1) CASO SEJA CONDENADO NA ESFERA DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito


PENAL: Em se tratando de decisão penal Administrativo. 20ª Edição. São Paulo: Atlas 2007.
condenatória por crime funcional (aquele que
tem relação com os deveres administrativos), MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
sempre haverá reflexo na esfera administrativa, Brasileiro. 32ª Edição. São Paulo: Editora Malheiros,
já que tal conduta deverá ser considerada também 2006.
um ilícito administrativo. Exemplo: Se o servidor
é condenado pelo crime de corrupção passiva (art. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de
317 do CP), terá implicitamente cometido um Direito Administrativo. 22ª Edição. São Paulo:
ilícito administrativo, como aquele previsto no Editora Malheiros, 2007.
artigo 117,XII, da Lei 8.112/90 (receber propina,
comissão, presente ou vantagem de qualquer EXERCÍCIOS
espécie, em razão de suas atribuições) e,
portanto, deverá ser condenado nas duas esferas. 01 (Analista Administrativo/ANATEL
2009/CESPE) Acerca da responsabilidade civil
Nesse caso, a esfera penal irá vincular do Estado, julgue o item que se segue.
obrigatoriamente a esfera administrativa.
. A responsabilidade civil do Estado poderá ser
2) caso seja ABSOLVIDO NA ESFERA afastada se comprovada a culpa exclusiva da
PENAL: vítima, ou mitigada a reparação na hipótese de
concorrência de culpa.
2.1 - Se a decisão na esfera penal afirmar a
INEXISTÊNCIA DO FATO atribuído ao 02 - (Auditor Interno/AUGE MG 2009/CESPE)
servidor ou a NEGATIVA DE AUTORIA Acerca da responsabilidade civil da
(declarar que o servidor não foi o autor do crime), administração pública no direito brasileiro,
deverá ser reproduzida necessariamente na esfera assinale a opção correta.
administrativa, ou seja, caso o servidor seja a) Considere a seguinte situação hipotética.
absolvido na esfera penal nas duas situações Um ex-detento ingressou com ação de
citadas, deverá também ser absolvido na esfera indenização contra o Estado por ter sido
administrativa, OBRIGATORIAMENTE. condenado em virtude de sentença que continha
erro judiciário. Nessa situação, o Estado não pode
- Caso o servidor já tenha sido demitido
administrativamente no momento do trânsito em
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ser civilmente responsabilizado, pois quem
responderá pelo erro judiciário é o juiz que I. As pessoas jurídicas de direito público
proferiu a sentença. respondem objetivamente pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
b) Considere a seguinte situação hipotética. Isso não significa que o
O empregado de uma empresa pública que se Estado deve indenizar a vítima do dano
dedica à exploração de atividade econômica independentemente da demonstração de que o
praticou ato que causou prejuízo a terceiro, dano por ela sofrido decorreu do ato estatal.
ficando comprovado que não houve culpa ou dolo
na conduta do empregado. Nessa situação, a 04 - (Técnico Judiciário/TRE GO 2009/CESPE)
empresa pública citada deve responder pelo Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora
prejuízo causado, à luz do conceito da de serviço público, transportava documentos
responsabilidade comum do Direito Civil, pois, oficiais que necessitavam ser entregues com
por se dedicar à exploração de atividade urgência. No trajeto, Joaquim, por imperícia e
econômica, ela é regida pelas normas aplicáveis imprudência, envolveu-se em acidente de
às empresas privadas, não estando sujeita à trânsito, no qual colidiu com veículo de
responsabilidade civil objetiva. particular. Considerando a situação hipotética
acima, assinale opção correta.
c) Considere a seguinte situação hipotética.
Determinado servidor público, ao praticar ato de a) A responsabilidade civil será exclusiva de
natureza funcional, causou dano direto a terceiro. Joaquim, visto que agiu com imperícia e
Restou provado, porém, que o servidor não agiu imprudência.
com culpa ou dolo. Nessa situação, o Estado deve
responder pelo dano, mas exercer seu direito de b) A Constituição Federal de 1988 (CF) adotou a
regresso contra o servidor, cuja culpa é responsabilidade objetiva do Estado, sob a
presumida, tendo em vista ser objetiva a modalidade do risco integral, razão pela qual a
responsabilidade dos agentes estatais frente ao pessoa jurídica deverá responder pelos danos.
poder público.
c) Trata-se de hipótese que exclui o dever de
d) Considere a seguinte situação hipotética. indenizar, visto que Joaquim estava executando
O empregado de uma empresa privada prestadora serviço público de natureza urgente.
de serviço público, no exercício de suas d) A responsabilidade civil será da pessoa
atribuições, causou dano a terceiro. Nessa jurídica, na modalidade objetiva, com a
situação, o empregado dever responder possibilidade de direito de regresso contra o
individualmente pelos prejuízos, uma vez que as motorista.
empresas privadas, mesmo que prestem serviço
público, não estão sujeitas à teoria da 05 - (Analista Judiciário/TRE GO 2009/CESPE)
responsabilidade civil objetiva aplicável às Um caminhão trafegava por uma rodovia mantida
pessoas de direito público. pela União quando sofreu um acidente com
capotagem. A velocidade empreendida pelo
e) Quando o dano causado a particular resultar de motorista era a permitida, e a capotagem foi
ato legislativo, o Estado estará isento da causada pelos bruscos movimentos realizados
obrigação de repará-lo, mesmo que a lei tenha para desviar de uma série de buracos presentes na
sido declarada inconstitucional pelo Supremo pista. O acidente danificou o caminhão e gerou a
Tribunal Federal (STF), pois o Poder Legislativo, perda de toda a carga. Com base nessa situação,
no exercício de suas atribuições, atua com assinale a opção correta.
independência e soberania, editando normas
gerais e abstratas que alcançam todas as pessoas a) Houve culpa exclusiva da vítima.
indistintamente, sem que haja quebra do princípio
da igualdade de todos perante a lei. b) Está presente o caso fortuito.

03- (Analista Administrativo/SEGER c) A responsabilização do Estado ocorrerá na


2009/CESPE) A respeito da Responsabilidade forma subjetiva.
civil do Estado, julgue o item abaixo.
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d) No caso presente, a identificação do agente qualidade, causem a terceiros, sendo assegurado o
público causador do dano é de fácil identificação, direito de regresso contra o responsável nos casos
o que possibilita ao Estado valer-se de ação de dolo ou culpa.
regressiva, caso seja obrigado a indenizar a b) A condenação criminal do servidor, após o
vítima. trânsito em julgado, não interfere nas esferas
civil e administrativa, acarretando o
06 - 07. (Analista de Gestão/HEMOBRÁS reconhecimento automático da responsabilidade
2008/CESPE) A respeito da responsabilidade do servidor nestas duas esferas.
civil da administração pública, julgue os c) As responsabilidades civil, administrativa e
próximos itens. penal não são cumulativas e independentes entre
si.
O Estado será responsabilizado civilmente pelos
atos do agente público, mesmo fora do exercício d) A responsabilidade do Estado evoluiu de uma
do seu ofício ou função, pela chamada culpa na responsabilidade subjetiva, baseada na culpa,
escolha ou culpa em vigiar a atuação do seu para uma responsabilidade objetiva, ancorada na
agente. simples relação de causa e efeito entre o
comportamento administrativo e o evento danoso.
07 - (Analista – Direito / SERPRO 2008 /
CESPE) Julgue os itens a seguir, acerca da e) A absolvição criminal do agente causador do
responsabilidade civil do Estado. dano pela negativa de autoria não interfere nas
esferas administrativa e civil.
Uma concessionária do serviço público federal
causou danos morais a determinado usuário do 11 - (Técnico Judiciário/TSE 2007/CESPE) Um
serviço. Nesse caso, a responsabilidade da jornal noticiou que "a Constituição da República
concessionária será objetiva, e o prazo determina que é objetiva a responsabilidade civil
prescricional da ação, de 5 anos. tanto do Estado quanto dos seus agentes, no
exercício de funções públicas". Essa afirmação é

08 - (Analista – Direito / SERPRO 2008 / a) verdadeira.


CESPE) Julgue os itens a seguir, acerca da b) falsa, pois a responsabilidade dos agentes
responsabilidade civil do Estado. públicos é subjetiva.
c) falsa, porque, entre os agentes do Estado,
Pela teoria do risco integral, a ambulância de um somente respondem objetivamente os servidores
hospital público que venha a atropelar um ciclista públicos.
não será civilmente responsável pelo fato se d) falsa, porque a caracterização da
houver culpa exclusiva do ciclista. responsabilidade civil do Estado depende da
existência de culpa administrativa.
09 - (Analista – Direito / SERPRO 2008 /
CESPE) Julgue os itens a seguir, acerca da 12 - (Procurador do Estado/PGE PB
responsabilidade civil do Estado. 2008/CESPE) A obrigação do Estado de
indenizar o particular independe de culpa da
Se uma empresa contratada pela União para administração, visto que a responsabilidade é
executar uma obra causar danos a terceiro, em objetiva. O agente público causador do dano
razão da execução do serviço, será civilmente deverá ressarcir a administração, desde que
responsável pela reparação dos danos, a qual comprovada a existência de culpa ou dolo do
deverá ser apurada de forma subjetiva. agente. Com relação aos efeitos da ação
regressiva do Estado contra o agente público,
10 - (Técnico Judiciário/TRE MA julgue os seguintes itens.
2005/CESPE) Em relação à responsabilidade
civil do Estado, assinale a opção correta. I. Os efeitos da ação regressiva transmitem-se aos
a) Conforme a Constituição Federal, tanto as herdeiros e sucessores do agente público culpado,
pessoas jurídicas de direito público como as de respeitado o limite do valor do patrimônio
direito privado, prestadoras de serviços públicos, transferido.
não respondem por danos que seus agentes, nessa
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II. A ação regressiva pode ser movida mesmo I. O direito brasileiro adota a responsabilidade
após terminado o vínculo entre o agente e a objetiva do Estado, tanto na ocorrência de atos
administração pública. comissivos como de atos omissivos de seus
agentes que, nessa qualidade, causarem danos a
III. A ação por meio da qual o Estado requer terceiros. Pela referida teoria da reparação
ressarcimento aos cofres públicos de prejuízo integral, basta a ocorrência do evento danoso,
causado por agente público considerado culpado ainda que este resulte de caso fortuito ou força
prescreve em 5 anos. maior, para gerar a obrigação do Estado de
reparar a lesão sofridapelo terceiro
IV. A orientação dominante na jurisprudência e
na doutrina é de ser cabível, em casos de 15 - (Técnico em Assuntos Educacionais/DPU
reparação do dano, a denunciação da lide pela 2010/CESPE) No Brasil, a responsabilidade civil
administração a seus agentes. do Estado, em relação aos danos causados a
terceiros, é
Estão certos apenas os itens
a) I e II. A) dependente de culpa do agente do estado.
b) I e IV. B) subjetiva, passível de regresso.
c) II e III. C) objetiva, insuscetível de regresso.
d) I, III e IV. D) objetiva, passível de regresso.
e) II, III e IV. E) subjetiva, insuscetível de regresso.

13 - (Procurador do Estado/ PGE PB 16 - (Técnico Judiciário/TRE MT 2010/CESPE)


2008/CESPE) Um policial militar do estado da Assinale a opção correta relativamente à
Paraíba, durante o período de folga, em sua responsabilidade civil do Estado.
residência, teve um desentendimento com sua
companheira e lhe desferiu um tiro com uma A) Os agentes que, por ação ou omissão, podem
arma pertencente à corporação. Considerando o gerar a responsabilidade civil do Estado são os
ato hipotético praticado pelo referido policial, é servidores estatutários, uma vez que apenas eles
correto afirmar que têm relação de trabalho que os vincula
diretamente à administração.
a) está configurada a responsabilidade civil do
Estado, pois a arma pertencia à corporação. B) Se a pessoa que sofrer dano contribuir, de
alguma forma, para o resultado danoso, a
b) está configurada a responsabilidade civil do responsabilidade do Estado estará, então,
Estado, pois o disparo foi efetuado por um afastada, pois este só responde pelos danos cuja
policial militar, e o fato de ele estar de folga não responsabilidade lhe seja integralmente atribuída.
afasta a responsabilidade do Estado.
C) A reparação de danos causados a terceiros
c) não há responsabilidade civil do Estado, visto somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a
que o dano foi causado por policial fora de suas administração não está legitimada a, por si só,
funções públicas. reconhecer a sua responsabilidade e definir o
valor de uma possível indenização.
d) não há responsabilidade civil do Estado, pois o
dano não foi causado nas dependências de uma D) A força maior, como acontecimento
repartição pública. imprevisível e inevitável, estranho à vontade das
partes, não gera a responsabilidade civil do
e) não há responsabilidade civil do Estado, uma Estado.
vez que a conduta praticada pelo policial não
configurou dano. E) O Estado pode exercer o direito de regresso
contra o agente responsável pelo dano praticado,
14 - (Técnico em Procuradoria PGE/PA independentemente de este ter agido com culpa
2007/CESPE) Acerca da responsabilidade civil ou dolo.
do Estado, julgue o item abaixo.
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17 - Prova: CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico 22 - Prova: CESPE - 2012 - PC-CE - Inspetor de
Judiciário Polícia - Civil

No que tange à responsabilidade civil do As empresas públicas e as sociedades de


Estado, julgue os itens que se seguem. economia mista que exploram atividade
econômica respondem pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros conforme as
A responsabilidade civil da pessoa jurídica de mesmas regras aplicadas à demais pessoas
direito público em face de particular que jurídicas de direito privado.
tenha sofrido algum dano pode ser reduzida,
ou mesmo excluída, havendo culpa 23 - Prova: CESPE - 2012 - PC-CE - Inspetor de
concorrente da vítima ou tendo sido ela a Polícia - Civil
única culpada pelo dano.
A responsabilidade civil do Estado exige três
18 - Prova: CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico requisitos para a sua configuração: ação
Judiciário atribuível ao Estado, dano causado a terceiros
e nexo de causalidade.
As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços
públicos respondem objetivamente pelos
eventuais danos que seus agentes causarem a
GABARITO
terceiros ao prestarem tais serviços.
1 C 26 C
19 - Prova: CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - 2 B 27 E
Analista - Técnico em Material e Patrimônio - 3 C 28 E
BÁSICOS 4 D 29 C
5 C 30 B
O fato de um detento morrer em
6 E 31 C
estabelecimento prisional devido a
negligência de agentes penitenciários 7 C 32 C
configurará hipótese de responsabilização 8 E 33 C
objetiva do Estado. 9 C 34 C
10 D 35 C
20 - Prova: CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - 11 B 36 E
Analista - Técnico em Material e Patrimônio -
12 A 37 C
BÁSICOS
13 C 38 E
As entidades de direito privado prestadoras 14 E 39 C
de serviço público respondem objetivamente 15 D 41 E
pelos prejuízos que seus agentes, nessa 16 D 42 E
qualidade, causarem a terceiros. 17 C 43 C
18 C 44 B
21 - Prova: CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista 19 C 45 C
Ministerial - Área Administrativa - Cargo 1
20 C 46 E
A regra da responsabilidade civil objetiva do 21 E 47 C
Estado se aplica tanto às entidades de direito 22 C 48 C
privado que prestam serviço público como às 23 C 49 C
entidades da administração indireta que 24 50 E
executem atividade econômica de natureza 25
privada.
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