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Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 11
ROTEIRO DE AULA
Relembrando:
A tutela antecipada antecedente é uma novidade no CPC/2015, pois, no CPC de 1973, somente era possível requerer de
forma antecipada uma tutela cautelar.
A tutela antecipada antecedente é utilizada em casos de extrema urgência, em que não é possível esperar a elaboração
do pedido principal; ou nas hipóteses estratégicas, em que a parte buscará a estabilização da tutela antecipada
antecedente.
✓ Obs.: Nas hipóteses em que a parte faz o pedido de tutela antecipada antecedente, ela formula apenas o pedido
relativo à tutela. Posteriormente, se necessário e nos mesmos autos, ela formulará o pedido principal.
Exemplo 1: “A” requer um remédio para calvície do Estado e faz isso por meio de uma tutela antecipada
antecedente. Perceba que, nesse caso, “A” entrou com a ação pedindo apenas a tutela antecipada antecedente
(pedido do medicamento).
Exemplo 2: O MP entra com um pedido de tutela antecipada antecedente com fins a cessar imediatamente a
atividade poluente. Neste caso, o MP ainda não fez o pedido principal na ACP.
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CPC, art. 304: “ A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não
for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
estabilizada nos termos do caput.
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito
proferida na ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a
petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois)
anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por
decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2 o deste
artigo.”
CPC, art. 304: “ A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não
for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
(...)
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito
proferida na ação de que trata o § 2o.”
Se for concedida a tutela antecipada antecedente sem que haja impugnação do réu, são estabilizados os seus efeitos,
tornando-se perenes. Entretanto, é possível haver a reversão, mas, até que isso seja feito, a tutela provisória se estabiliza
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e gera efeitos. No exemplo dado, “A” ficará recebendo os remédios da calvície para sempre até que alguém
reverta/revise/impugne a decisão.
O professor destaca que, de certa maneira, a estabilização da tutela antecipada antecedente é um negócio jurídico
processual tácito, pois o autor pede a tutela antecipada antecedente e o réu não impugna a decisão. Neste caso, o juiz
aplica o art. 304, §1º, CPC e extingue o processo. A decisão proferida terá seus efeitos perenizados até que seja revisada,
invalidada ou modificada.
CPC, art. 304: “A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder
não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
estabilizada nos termos do caput .
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito
proferida na ação de que trata o § 2º.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a
petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois)
anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por
decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º deste
artigo.”
Assim, não há estabilização nos casos de tutela antecipada incidental, tutela cautelar antecedente, tutela cautelar
incidental nem tutela de evidência. Trata-se de opção legislativa.
Exemplo 1: se a pessoa pede, no curso da ação de obrigação de fazer (tutela antecipada incidental), o fornecimento de
medicamento, ainda que o Estado não impugne, não haverá estabilização.
Exemplo 2 (tutela cautelar antecedente – Não satisfaz direito e é meramente conservativa): “A” fez o pedido de separação
de corpos. Quando o juiz defere o pedido e retira o marido de casa, essa decisão não resolve o conflito e, portanto, não é
possível estabilizá-la.
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Exemplo 3 (tutela cautelar incidental – Não satisfaz direito e é meramente conservativa): “A”, no curso da ação de divórcio,
pede a separação de corpos.
Exemplo 4 (tutela da evidência)- A parte entra com um pedido de tutela de evidência com base em uma súmula que, em
tese, confirma o direito dele ao bem da vida desejado. Neste caso, não há urgência.
✓ Obs.: O professor destaca que, neste caso, deveria haver estabilização da tutela, mas não há porque o CPC só
previu tal estabilização nas hipóteses do art. 303.
✓ O professor destaca que, na doutrina, há quem defenda uma interpretação expansiva do art. 304 do CPC, de
modo que a estabilização da tutela alcance as hipóteses do art. 311.
Atenção: Há uma grande polêmica sobre o fato de haver (ou não) a estabilização da tutela antecipada antecedente parcial.
Nesse caso, há duas correntes:
1ª) Não há estabilização. Essa é a posição do professor Fernando Gajardoni.
✓ A lógica desse entendimento é que a tutela antecipada estabilizada é feita para encerrar o processo, ou seja, visa
à economia processual. Assim sendo, se o juiz concede apenas parcialmente a tutela antecipada antecedente e o
processo deverá continuar de todo modo, não faz sentido aplicar o instituto da estabilização da tutela.
Exemplo: “X” entrou com uma ação pedindo tutela antecipada antecedente para receber dois medicamentos: “A”
e “B”. O juiz deferiu antecipadamente apenas o medicamento “A”. Neste caso, a parte ré (plano de saúde) não
recorreu da decisão do juiz que concedeu o medicamento “A”. Entretanto, como o processo deverá prosseguir
com fins à decisão relativa ao processo “B”, é melhor, para o sistema, que, no final, haja uma decisão de mérito
com cognição exauriente e que abranja tanto o medicamento “A” quanto o medicamento “B”.
2ª) Há estabilização. Essa corrente defende que, como a lei não veda a estabilização da tutela antecipada antecedente
parcial, ela deve ocorrer.
Segundo esse entendimento, no exemplo dado anteriormente, o processo somente teria o aditamento da inicial para
convertê-la em pedido principal no tocante ao medicamento “B”. Em relação ao medicamento “A”, haveria estabilização
de tutela.
c) Condição para não ocorrência da estabilização: recurso? (304, caput) (Resp. 1.760.966/SP X REsp 1.797.365-RS
(conhecimento – 28 ENFAM)
Para ocorrer a estabilização, é necessário que haja o preenchimento de duas condições:
1ª) Que tenha sido formulado o pedido de tutela antecipada antecedente.
2ª) Inexistência de recurso contra a decisão que concedeu a tutela antecipada antecedente.
O professor ressalta que, nesse caso, há duas acepções para a palavra “recurso” na jurisprudência do STJ (art. 304 do
CPC):
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• É dada pela seção de Direito Privado do STJ – Para essa posição, o termo “recurso” do art. 304 do CPC não foi
utilizado em acepção técnica. Assim sendo, para eles, não haverá estabilização da tutela antecipada antecedente
se o réu, de qualquer modo, mostrar que não concorda com a estabilização.
Exemplo: “A” ingressou com a ação pedindo o medicamento “X” e o juiz deferiu o pedido de tutela antecipada
antecedente. A Fazenda do Estado (ré), ao invés de recorrer da decisão, antecipa a contestação (por exemplo) e
mostra que não concorda com a decisão. Neste caso, de acordo com o esse entendimento da seção de Direito
Privado do STJ, não haverá a estabilização (Resp. 1.760.966-SP – Disponível neste link).
• Refere-se a um precedente da 1ª seção de Direito Público do STJ – Segundo essa posição, o CPC não utiliza palavras
com sentido atécnico e recurso é uma palavra com acepção técnica, a qual remete às hipóteses do art. 994 do
CPC/20151. Assim sendo, para essa posição, apenas não haverá estabilização se a parte ré recorrer da decisão que
deferiu a tutela antecipada antecedente. (STJ, 1ª Turma, REsp 1.797.365-RS– Disponível neste link).
O professor Fernando Gajardoni concorda com a segunda posição.
Observação: se se adotar a posição de que a palavra “recurso” foi utilizada em acepção técnica, o Enunciado 28 da ENFAM
estabelece que o recurso precisa ser ao menos conhecido pelo tribunal para não haver a estabilização.
Enunciado 28, ENFAM: “Admitido o recurso interposto na forma do art. 304 do CPC/2015, converte-se o rito antecedente
em principal para apreciação definitiva do mérito da causa, independentemente do provimento ou não do referido
recurso.”
Essa sentença vai fixar honorários advocatícios em favor do autor. Veja o enunciado abaixo:
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CPC, art. 994: “São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.”
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Enunciado 18, ENFAM: “Na estabilização da tutela antecipada, o réu ficará isento do pagamento das custas e os honorários
deverão ser fixados no percentual de 5% sobre o valor da causa (art. 304, caput, c/c o art. 701, caput, do CPC/2015).”
Obs.: no prazo de dois anos da extinção do processo, qualquer das partes poderá solicitar a revisão da tutela antecipada
estabilizada por motivos diversos.
O art. 304, §§2º e 4º do CPC estabelece que qualquer das partes poderá pedir a reforma, a revisão ou invalidade da tutela
antecipada estabilizada. Isso será feito perante o próprio juízo da causa, mas em outros autos, pois já houve a extinção
do processo principal.
Assim sendo, o professor explica que aquele que pretende rever a tutela antecipada antecedente estabilizada deverá
propor uma ação perante o próprio juízo da ação originária, mas fará isso em autos apartados com cópias das peças da
ação anterior e requererá ao juiz a revisão, a reforma ou a invalidação da tutela antecipada antecedente estabilizada.
Observação: Nessa nova ação revisional, qualquer motivo pode ser alegado, inexistindo limite temático.
Exemplo 1: o Estado, após fornecer o medicamento para calvície por 6 meses, ingressa com pedido de revisão/reforma
pleiteando a anulação da decisão por ter sido proferida decisão que, na verdade, forneceu remédio eficaz para o
tratamento de câncer de próstata.
Exemplo 2: a União, após fornecer o medicamento para calvície por 8 meses, ingressa com pedido de invalidação, pois o
caso concreto tramitou na justiça estadual, quando, na verdade, deveria ter tramitado na justiça federal. O juiz estadual
determinou que a União deveria ter fornecido o medicamento em questão, entretanto, a União, ao receber a intimação,
não percebeu que ela advinha da justiça estadual e não recorreu. Após a estabilização, o advogado da União propõe uma
ação com o objetivo de invalidar a tutela antecipada antecedente estabilizada.
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Enunciado 26, ENFAM: “Caso a demanda destinada a rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada seja
ajuizada tempestivamente, poderá ser deferida em caráter liminar a antecipação dos efeitos da revisão, reforma ou
invalidação pretendida, na forma do art. 296, parágrafo único, do CPC/2015, desde que demonstrada a existência de
outros elementos que ilidam os fundamentos da decisão anterior”
O Enunciado 26 da ENFAM afirma que, se houver urgência, a própria ação que pede a revisão/reforma/ou invalidação da
tutela antecipada antecedente estabilizada pode requerer a tutela antecipada.
Exemplo: o Estado, após fornecer o medicamento para calvície por 6 meses, ingressa com pedido de revisão/reforma
pleiteando a anulação da decisão por ter constatado, posteriormente, que o remédio objeto da ação causa danos
irreversíveis ao paciente (ou até a morte) e, neste caso, o juiz, liminarmente, determina que cesse a entrega do
medicamento até o julgamento definitivo da ação de revisão/reforma ou invalidação.
CPC, art. 304, §§1º e 5º: “§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
(...)
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois)
anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.”
Atenção: Apesar da posição legal, há uma parte da doutrina (Teresa Arruda Alvim e Luiz Guilherme Marinoni) que afirma
que o prazo de 2 anos para a revisional é inconstitucional. Segundo esse entendimento, toda tutela provisória é emitida
a partir de um juízo de cognição sumária, logo, não tem capacidade de se perenizar eternamente. Assim sendo, não faria
sentido que a legislação infraconstitucional estabelecesse um prazo para a ação revisional.
Obs.: O professor não concorda com essa parte da doutrina que defende ser inconstitucional o prazo de 2 anos para a
“ação revisional”. Fundamentos:
1º) A CF/1988 não estabelece, em momento algum, que decisões dadas em cognição sumária não podem fazer coisa
julgada.
2º) Opção política – O legislador quis criar uma hipótese em que só se permite a rediscussão da tutela provisória no prazo
de dois anos contados da intimação da sentença que julgou extinto o processo.
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1ª Corrente: Posição defendida por Teresa Arruda Alvim e Luiz Guilherme Marinoni. Para eles, não cabe ação rescisória
porque a ação revisional pode ser proposta a qualquer tempo.
Como eles defendem que o prazo estabelecido para a revisional é inconstitucional, a parte interessada sempre deve
pleitear uma “ação revisional” para o juiz que proferiu a decisão no processo originário.
2ª Corrente: há os efeitos da coisa julgada e cabe rescisória após o prazo de 2 anos da revisional (casos do art. 9662).
Segundo essa posição, no prazo de 2 anos, cabe revisional, podendo ser alegado qualquer tema. Após esse prazo, há mais
2 anos para a ação rescisória (apenas nas hipóteses do artigo 966 do CPC). Essa é a posição do professor Fernando
Gajardoni.
3ª Corrente: depois de 2 anos da estabilização da tutela, não há coisa julgada e não cabe rescisória.
Para essa corrente, após os 2 anos, há uma estabilização menos forte do que a coisa julgada e mais forte do que a
estabilidade alcançada pela tutela antecipada. Esse entendimento acredita que não existe o efeito positivo da coisa
julgada, ou seja, não existe o impedimento de que qualquer juiz decida de modo contrário àquilo que foi decidido no
processo anterior.
É a posição que prevalece na doutrina. Após o prazo de 2 anos, não há coisa julgada, mas há a possibilidade de que, em
uma futura ação, o juiz decida de modo contrário ao que foi decidido na tutela antecipada estabilizada.
Enunciado 27, ENFAM: “Não é cabível ação rescisória contra decisão estabilizada na forma do art. 304 do CPC/2015.”
➢ Enunciados ENFAM
• 18. Na estabilização da tutela antecipada, o réu ficará isento do pagamento das custas e os honorários deverão
ser fixados no percentual de 5% sobre o valor da causa (art. 304, caput, c/c o art. 701, caput, do CPC/2015).
• 25. A vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser irreversíveis (art. 300, § 3º, do
CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto com base na garantia do acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB).
• 26. Caso a demanda destinada a rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada seja ajuizada
tempestivamente, poderá ser deferida em caráter liminar a antecipação dos efeitos da revisão, reforma ou
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CPC, art. 966: “A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz
impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento
da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V
- violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal
ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.(...)”
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invalidação pretendida, na forma do art. 296, parágrafo único, do CPC/2015, desde que demonstrada a existência
de outros elementos que ilidam os fundamentos da decisão anterior.
• 27. Não é cabível ação rescisória contra decisão estabilizada na forma do art. 304 do CPC/2015.
• 28. Admitido o recurso interposto na forma do art. 304 do CPC/2015, converte-se o rito antecedente em principal
para apreciação definitiva do mérito da causa, independentemente do provimento ou não do referido recurso.
Os arts. 305 a 310 do CPC disciplinam a questão do pedido de tutela cautelar antecedente.
Obs.: a tutela cautelar é conservativa (e não satisfativa). Ela conserva bens, direitos ou pessoas para que, no futuro, o
pedido tenha condições de ser efetivado.
Exemplo 2: a pessoa faz o pedido de tutela cautelar antecedente de separação de corpos, de forma a garantir que ela
permaneça viva quando for feito o pedido de divórcio.
Exemplo 2: a pessoa faz o pedido de tutela cautelar antecedente de arresto de bens do devedor para que eles sejam
conservados e, futuramente, na execução, haja bens a serem penhorados.
CPC, art. 305: “A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e
seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto
no art. 303.”
ENUNCIADO 44 – “É requisito da petição inicial da tutela cautelar requerida em caráter antecedente a indicação do valor
da causa.”
CPC, art. 306: “O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende
produzir.”
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CPC, art. 307: “Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como
ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.”
c) formulação do pedido principal em 30 dias úteis (sem novas custas) e consequências da não formulação/efetivação
da tutela concedida (308 e 309) (Exceções)
O juiz concedeu a tutela cautelar (liminarmente ou depois da instrução). Neste caso, o autor tem, a partir da efetivação
da tutela antecedente, o prazo de 30 dias (úteis) para, nos próprios autos da tutela cautelar antecedente, formular o
pedido principal - CPC, art. 308 (sem pagamento de novas custas).
Caso o autor não formule o pedido principal no prazo de 30 dias úteis, o juiz extinguirá o procedimento preparatório com
o reconhecimento da ineficácia da medida requerida.
Exemplo: A partir do momento em que o juiz defere o pedido cautelar antecedente de “A” relativo à separação de corpos,
o autor terá 30 dias úteis para formular o pedido principal (divórcio), de forma a pôr fim à situação de provisoriedade que
beneficia o autor e prejudica o réu.
✓ Observação: o prazo de 30 dias começa a ser contado a partir da efetivação da tutela (e não do dia da decisão
judicial). Exemplo: o prazo começa a correr no dia em que houver a efetiva separação de corpos.
CPC, art. 308: “Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias,
caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais.
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma
do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.
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§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.”
CPC, art. 309: “Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo
sob novo fundamento.”
Exceções:
Existem duas exceções em que, mesmo não tendo sido formulado o pedido principal em 30 dias, não haverá a extinção:
1ª) Matéria de Direito de Família.
Exemplo: a mulher foi agredida e ingressou com tutela cautelar para a separação de corpos. Após os 30 dias de efetivação
da medida, ela não transformou o pedido cautelar em ação principal de divórcio. Entretanto, parte da doutrina defende
que, nesse caso, não será determinado que o marido volte para a casa.
2ª) Caso de tutelas cautelares não constritivas – São aquelas que não causam prejuízo à parte contra quem foram
deferidas.
Exemplo: cautelar de produção antecipada de provas relativa a uma perícia a ser feita em prédio que está prestes a
desabar (art. 381, I do CPC3). Neste caso, não há motivos para exigir que o autor ajuíze a ação principal em 30 dias, pois
não há prejuízo ao réu.
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CPC, art. 381, I: “A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da
ação”
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A petição inicial da tutela de evidência deve ser completa, pois essa tutela só existe na modalidade incidental, já que não
há urgência.
2ª) Prova documental do fato alegado, seguida de tese em IRDR ou súmula vinculante.
O inciso II, art. 311, CPC, trata dos casos em que há prova documental suficiente para comprovar o direito do autor somada
à existência de tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante.
Exemplo: O policial militar tem direito a um abono concedido por meio de um precedente vinculante. Ele prova que é
policial militar e, portanto, desde já, concede-se a tutela da evidência, de modo a satisfazer o direito do autor até o
julgamento final do processo.
✓ Uma parte da doutrina, acompanhada pelos Enunciados 30 e 31 (ENFAM)4, defende que haja a ampliação do
inciso II, art. 311, CPC, para todos os casos do art. 927, CPC5 (interpretação extensiva).
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Enunciados 30 e 31, ENFAM:
“30) É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver
de acordo com orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade
ou com tese prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante.
31) A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 independe do trânsito em julgado da decisão
paradigma.”
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CPC, art. 927: “Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado
de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência
ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os
enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em
matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º , quando decidirem com fundamento
neste artigo.
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3ª) O inciso III, art. 311, CPC, cita a hipótese da antiga ação de depósito (do CPC/1973).
Obs.: O depósito é o contrato pelo qual alguém se obriga, gratuitamente ou onerosamente, a cuidar de algo para alguém
e, posteriormente, devolver o bem em segurança.
No CPC/1973, existia a chamada ação de depósito. Neste caso, se, eventualmente, o depositário não devolvesse a coisa
depositada, o depositante ingressaria com essa ação com fins a retomar a coisa. Na vigência do antigo CPC, se o
depositante não devolvesse a coisa no prazo de 5 dias fixado pelo juiz, ele era considerado depositário infiel e, naquela
época, podia ser preso.
Obs.: O STF entendeu que a prisão do depositário infiel é incompatível com a CADH (ver Súmula Vinculante 256). A partir
disso, a ação de depósito perdeu sentido e, por esse motivo, ela não existe mais.
Entretanto, no CPC/2015, o legislador previu, no art. 311, III, que, se o autor comprovar na inicial a existência de contrato
de depósito (pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito), o juiz, verificando
que há o depósito, concederá a tutela de evidência.
4ª) Prova documental do fato alegado, seguido da apresentação de uma defesa frágil pelo réu.
✓ Quando o fato legado pelo autor não for impugnado adequadamente pelo réu, o juiz poderá conceder tutela de
evidência. O inciso IV, art. 311, CPC, trata dos casos em que a petição inicial possui elementos suficientes dos
fatos constitutivos do direito do autor, seguida de contestação que não traz os elementos mínimos que provem
o direito do réu.
O professor destaca que muitos defendem que o art. 311, IV do CPC não pode ser encarado como hipótese de tutela de
evidência, mas como julgamento antecipado do mérito (art. 355, I do CPC7). Isso porque, se o réu teve a oportunidade de
§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser
precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a
rediscussão da tese.
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou
daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social
e no da segurança jurídica.
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos
repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança
jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.
§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os,
preferencialmente, na rede mundial de computadores.”
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Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.”
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CPC, art. 355, I: “O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;”
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se defender e fez isso de maneira a não demonstrar elementos mínimos que provem o direito dele, o juiz deve aplicar o
art. 355, I do CPC, dispensando a produção de provas, e deve julgar procedente o pedido.
✓ O professor destaca que essa posição não está certa nem errada, pois, quando ocorrer a hipótese do art. 311, IV
do CPC, o juiz julgará antecipadamente o mérito com base no art. 355, I do CPC, mas também concederá a tutela
de evidência na sentença.
✓ É muito importante combinar os dois procedimentos porque, de acordo com o art. 1012, § 1º, V do CPC8, a decisão
que concede tutela antecipada na sentença tira o efeito suspensivo da apelação.
CPC, art. 311: “A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco
ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu
não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.”
CPC, art. 9º: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;
III - à decisão prevista no art. 701 .”
Obs.: até esse momento, o professor trabalhou com a “Teoria Geral do Processo”.
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CPC, art. 1012, §1º, V: A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença
que: (...)
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;”
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Procedimento comum: petição inicial.
Primeiramente, será trabalhado o Livro I (livro do processo de conhecimento). Dentro do processo de conhecimento, em
que há o objetivo de declarar o direito, há dois procedimentos:
• Procedimento comum; e
• Procedimentos especiais.
1. Petição inicial
CPC, art. 312: “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só
produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.”
b) No registro ou distribuição:
Se a vara for única, a petição inicial será registrada. Se houver mais de uma vara, será distribuída.
Há dois efeitos derivados do registro/distribuição:
• Perpetuatio jurisdictionis.
• Prevenção.
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i) perpetuatio jurisdictionis (43 CPC)
O art. 43 do CPC estabelece que, a rigor, o juízo para o qual foi distribuída a ação será o competente para o processo.
Exemplo: Se o processo começou na 3ª vara cível do município XXX, em regra, ele acabará na 3ª vara cível do mesmo
município.
CPC, art. 43: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a competência absoluta.”
CPC, art. 59: “O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.”
CPC, art. 286: “Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio
com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3o, ao juízo prevento.
Parágrafo único. Havendo intervenção de terceiro, reconvenção ou outra hipótese de ampliação objetiva do processo, o
juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.”
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“Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma
da lei processual;”
Atenção: o CPC estabelece que, apesar do despacho positivo interromper a prescrição (ainda que proferido por juiz
incompetente), a data da interrupção retroagirá para a data da propositura da ação.
✓ Se o juiz indefere a petição inicial, a prescrição não é interrompida.
a) Partes e suas qualificações (§§ - diligências/dispensa) (réus incertos – art. 554 e §§ CPC)
O art. 319 do CPC cita que o autor deve indicar, na petição inicial: os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.
A rigor, todos esses requisitos são necessários por vários motivos.
Exemplo: é necessário saber o estado civil da parte porque, dependendo do tipo de ação e do regime de casamento, pode
ser necessário que o cônjuge faça parte da ação (art. 73 do CPC11).
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CPC, art. 319: “A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência
de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do
pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar
a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
necessárias a sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a
citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.”
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CPC, art. 320: “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.”
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CPC, art. 73: “O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;
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Muitas vezes, entretanto, o autor não tem todos dados do réu.
Exemplo: o autor quer ingressar com uma ação em face do “alemão” da oficina. Neste caso, o juiz utilizará os mecanismos
informadores de que dispõe para identificar o citado alemão.
✓ À luz do princípio da cooperação, o autor pode pedir que o Poder Judiciário o ajude a obter os dados restantes.
✓ Se, entretanto, não for possível identificar a parte ré por meio das diligências, isso não é causa de indeferimento
da inicial.
Nos conflitos coletivos pela posse de terra, é possível propor a ação em face de réus incertos (art. 554, CPC12), competindo,
neste caso, ao oficial de justiça identificá-los.
Exemplo: “A” propôs a ação possessória contra os invasores do prédio xxx, a serem identificados pelo oficial de justiça.
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de
composse ou de ato por ambos praticado.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.”
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CPC, art. 554: “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal
dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do
Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-
se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos
processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do
conflito e de outros meios.”
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CPC, art. 334, caput e §4º e §5º: “Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
(...)
§ 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição,
apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. (...)”
✓ Em casos de omissão do autor, isso é encarado como aceitação da audiência pela maioria da doutrina.
c) Valor da causa (291/293) (conceito) (292 § 3º) (292 V) (292 III § 2º)
O valor da causa tem previsão nos artigos 291 a 293, CPC.
Conceito: Trata-se de representação monetária do conteúdo econômico da demanda (vantagem financeira que o
indivíduo receberá se seu pedido for acolhido).
Existem alguns tipos de ação que não possuem conteúdo econômico. Nestes casos, admite-se valor da causa aleatório,
apenas para fins fiscais. Geralmente, o valor colocado é de R$ 1.000,00.
Exemplo: ação de adoção não possui vantagem econômica.
Não resta dúvida nenhuma de que o juiz pode controlar, de ofício, o valor da causa.
Obs.: O valor da causa possui dois efeitos importantes:
• As custas do processo, geralmente, são fixadas com base no valor da causa;
• O valor da causa também pode ser usado para a fixação dos honorários advocatícios.
O art. 293 do CPC afirma que, caso o juiz não controle, de ofício, o valor da causa, o réu poderá, na contestação, impugná-
lo.
Nas ações de indenização por dano moral, o valor da causa deve corresponder à pretensão econômica da demanda (art.
292, V, CPC).
Exemplo: Se o autor ingressa com ação de danos morais pedindo R$ 1 milhão, ele pagará custas proporcionais ao valor
pedido.
O disposto no art. 292, V, CPC objetiva que as ações tenham pedidos proporcionais.
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O art. 292, III e §2º do CPC versa sobre o modo como se deve fixar o valor da causa nos casos de prestações vincendas.
Neste caso, o valor da causa corresponderá a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por
tempo superior a 1 ano; e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.
Exemplo: se a prestação alimentar mensal é de R$ 100,00, o valor da causa será de R$ 1.200,00.
Obs.: A procuração também é um documento considerado indispensável para o ingresso com a ação, nos termos do art.
104 do CPC13.
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CPC, art. 104: “O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
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✓ Todos os demais documentos podem ser juntados no curso do processo.
CPC, art. 320: “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.”
Observação: nos juizados especiais (até 20 salários-mínimos), nos pedidos de habeas corpus e nas causas alimentícias (Lei
5.478/68), há disposições legais que autorizam a postulação sem capacidade postulatória.
Exemplos: ação revisional de contrato em que a parte deve apontar quais obrigações contratuais quer controverter; e
embargos à execução, em que a parte deve declarar, em caso de alegação de excesso de execução, o valor que entende
correto.
2. Pedido
O pedido é o objeto do processo (parte mais importante da petição inicial).
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo
de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o
advogado pelas despesas e por perdas e danos.”
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2.1. Espécies
a) Imediato (provimento jurídico desejado): é o provimento jurídico desejado. É a providência jurídica que se requer do
Poder Judiciário (sentença declaratória, sentença constitutiva etc.).
CPC, art. 141: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não
suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.”
CPC, art. 492: “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.”
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CPC, art. 322: “O pedido deve ser certo.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os
honorários advocatícios.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.”
Exceções:
a) pedidos implícitos (322, §2º, CPC)
CPC, art. 322, § 2o “A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.”
Muitas vezes, a parte não faz a afirmação expressa do pedido, mas, pelo conjunto da postulação, pode-se concluir que
ela também deseja a outra coisa (pedido implícito).
Exemplo 1: “A” entra com uma ação pedindo o reconhecimento do vínculo biológico com a criança X. Neste caso, ele
ingressa com a ação em face da criança e do pai que consta no registro cartorário.
No exemplo dado, a parte pede o reconhecimento do vínculo biológico com a criança e, ainda que não peça
expressamente, ela também requer o cancelamento do registro do pai biológico.
Exemplo 2: ação de indenização por dano moral por negativação indevida. Imagine que a pessoa peça indenização por
dano moral, mas não peça a declaração de inexistência de dívida. Neste caso, é óbvio que o pedido de declaração de
inexistência de dívida está implícito na ação, pois não seria possível conceder a indenização sem declarar a inexistência
de dívida.
i) Prestações periódicas (323 CPC) – Nos casos de prestações sucessivas, aquelas vencidas no curso do processo se inserem
no valor da condenação.
Exemplo: Imagine que a parte ingressou com a ação em janeiro porque o locatário devia 3 aluguéis (prestações). A
sentença foi proferida em dezembro do mesmo ano. Neste caso, além da condenação ao pagamento das 3 prestações
ensejadoras da ação, o réu será condenado ao pagamento das 12 prestações que venceram no decorrer do processo.
CPC, art. 323: “Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão
consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação,
enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.”
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ii) Consectários legais (322, § 1º, CPC) (art. 404 CC) – São a correção monetária e os juros de mora.
Ainda que a parte não peça, o juiz acrescenta a correção monetária e os juros de mora na condenação.
CC, art. 404: “As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo
da pena convencional.”
iii) Sucumbência (322, § 1º, e 85, § 18, CPC - súmula 453, STJ - prejudicada) – A sucumbência não precisa ser pedida, pois
ela decorre da própria condenação.
Atenção: Se, eventualmente, o juiz se esquece de acrescentar os honorários de sucumbência na sentença, o advogado
pode ingressar com ação de cobrança autônoma.
Observação: o art. 85, §18 do CPC prejudicou a Súmula 453 do STJ.
CPC, art. 85, §18: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é
cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.”
Súmula 453, STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser
cobrados em execução ou em ação própria.” (prejudicada)
2.4. Pedido determinado (324 CPC). Exceções (324, § 1º, e 509 CPC)
Pedido determinado é aquele que é quantificado nas obrigações de pagar quantia ou especificado nas obrigações de
entregar.
✓ Trata-se do pedido mediato, ou seja, do bem da vida pleiteado.
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III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.”
Exceções:
Existem hipóteses em que o sistema autoriza que a parte faça somente o pedido imediato e que o pedido mediato não
siga a regra do art. 324, caput, CPC. Trata-se de autorização para o pedido genérico.
O CPC, excepcionalmente, autoriza a formulação de pedido ilíquido/indeterminado. São três as exceções, dispostas no
§1º, art. 324, CPC e art. 491 do CPC:
• nas ações universais. Exemplo: ação de petição de herança – “A” requer 1/3 da herança sem especificar quais são
os bens que lhe cabem.
• quando não for possível determinar, na inicial, as consequências do fato. Exemplo: acidente de trânsito em que
o autor quebrou o fêmur. Quando se ingressa com a ação, não se sabe exatamente quais serão as despesas com
tratamento médico.
• quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender do comportamento do réu. Exemplo:
ação em que o réu é compelido a construir um muro ou será condenado por perdas e danos.
Observação: Quando o pedido for genérico, como regra, o juiz dará uma sentença genérica. Após isso, será necessário
que o autor apure o valor devido por meio de um incidente de liquidação de sentença.
CPC, art. 491: “Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá
desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a
periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa,
assim reconhecida na sentença.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação.
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a sentença.”
CPC, art. 509: “Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a
requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto
da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a
execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
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§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização
financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.”
2.5. Pedido genérico de dano moral? (s. 326 do STJ x art. 292, V, CPC14)
A prática de pedir indenização por danos morais de modo genérico era admitida no regime do CPC de 1973.
A partir da vigência do CPC/2015, o art.292, V do CPC determina que, na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano
moral, o valor pretendido deve constar da petição inicial.
✓ Prevalece, na atualidade, o entendimento de que o pedido de dano moral não pode ser genérico.
✓ Atenção: a Súmula 326 do STJ15 continua em vigor. Assim sendo, nas indenizações por dano moral, a fixação de
valor inferior ao reclamado não acarreta a sucumbência do autor, pois não existem parâmetros objetivos para a
fixação desse valor, assim, não seria possível exigir que o autor apresentasse um valor pré-fixado, pois este não
existe.
Exemplo: “A” entrou com uma ação pedindo R$ 100 mil de danos morais. O juiz condenou o réu a pagar R$ 10
mil reais. Neste caso, o autor não paga a sucumbência sobre a diferença de valores (R$ 90 mil).
Roteiro:
– Até a citação – livre (não confundir com o 485, § 4º, CPC)
Até a citação, o autor pode aditar o pedido e a causa de pedir sem o consentimento do réu.
Atenção: Não confundir a regra do art. 329 do CPC com o art. 485, § 4º, CPC (que versa sobre a desistência). No
caso do art. 485, §4º, CPC16, a desistência, sem o consentimento do réu, pode ocorrer até o oferecimento da
contestação.
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CPC, art. 292, V: “O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
(...) V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;”
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Súmula 326, STJ: “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial
não implica sucumbência recíproca”
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CPC, art. 485, § 4º: “Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.”
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– Da citação até ao saneamento – só com a concordância do réu
Depois da citação e até o saneamento do processo, só é possível alterar o pedido e a causa de pedir com o
consentimento do réu.
– Após o saneamento – vedado
O art. 329, II, CPC, afirma que não é possível fazer a alteração do pedido e da causa de pedir após o saneamento
do processo.
O saneamento é o ápice da estabilização processual e, portanto, não é possível haver alteração do pedido e da
causa de pedir depois desse ato.
Se o juiz permitisse a alteração do pedido e da causa de pedir depois do saneamento, haveria um grande prejuízo
ao procedimento, pois muitos dos atos teriam que ser refeitos.
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