Você está na página 1de 51

Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis

e Produtos Derivados

Brasília-DF.
Elaboração

Patrícia Duarte

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5

Introdução...................................................................................................................................... 7

Unidade i
Petróleo............................................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
História do Petróleo........................................................................................................... 9

Capítulo 2
Constituintes, composição e classificação do petróleo .......................................... 22

Capítulo 3
Pré-Sal................................................................................................................................. 28

Unidade ii
Gás Natural..................................................................................................................................... 30

Capítulo 1
História do Gás Natural.................................................................................................... 30

Capítulo 2
Composição do Gás Natural........................................................................................... 34

Unidade iii
Biocombustíveis e Produtos Derivados......................................................................................... 38

Capítulo 1
Biocombustíveis.................................................................................................................. 38

Capítulo 2
Produtos Derivados.......................................................................................................... 43

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 50
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
Neste Caderno de Estudos falaremos sobre o petróleo. Inicialmente será apresentado um pouco da
sua história no mundo e no Brasil, começando com o registro da participação do petróleo na vida
do ser humano e chegando a situação atual do petróleo na sociedade moderna. Apresentaremos,
também, os constituintes, a classificação e a composição do petróleo. Finalmente falaremos sobre
o Pré-Sal.

Objetivos
»» Conhecer a história do petróleo no mundo e no Brasil.

»» Identificar os constituintes, a classificação e a composição do petróleo.

»» Estudar o Pré-Sal como reserva petrolífera.

»» Conhecer a história e a composição do gás natural.

»» Identificar biocombustíveis e produtos derivados.

7
8
Petróleo Unidade i

CAPÍTULO 1
História do Petróleo

O Petróleo no Mundo
Segundo Thomas (2004),

O registro da participação do petróleo na vida do homem remonta a tempos


bíblicos. Na antiga Babilônia, os tijolos eram assentados com asfaltos e o betume
era largamente utilizado pelos fenícios na calafetação de embarcações. Os
egípcios o usaram na pavimentação de estradas, para embalsamar os mortos
e na construções de pirâmides, enquanto gregos e romanos dele lançaram
mão para fins bélicos. No Novo Mundo, o petróleo era conhecido pelos índios
pré-colombianos, que o utilizavam para decorar e impermeabilizar seus potes
de cerâmica. Os incas, os maias e outras civilizações antigas também estavam
familiarizados com o petróleo, dele se aproveitando para diversos fins. O petróleo
era retirado de exsudações naturais encontradas em todos os continentes.

Na sociedade moderna, a indústria petrolífera data de meados do século XIX. Em 1850, na Escócia,
James Young descobriu que o petróleo podia ser extraído do carvão e do xisto betuminoso, e criou
processos de refinação. Em agosto de 1859, o norte-americano Edwin Laurentine Drake perfurou o
primeiro poço à procura de petróleo (a uma profundidade de 21m), na Pensilvânia, dava-se início à
exploração comercial nos Estados Unidos. A perfuração foi realizada com um sistema de percussão
movido a vapor. O poço revelou-se produtor, com uma produção de 2m3/dia de óleo e a data passou
a ser considerada a do nascimento da moderna indústria petrolífera, ou seja, o início da era do
petróleo. Descobriu-se que a destilação do petróleo resultava em produtos que substituíram, com
grande margem de lucro, o querosene, obtido a partir do carvão, e o óleo de baleia, largamente
utilizados para iluminação.

Posteriormente, com a invenção dos motores a gasolina e a diesel, esses derivados, até então
desprezados, adicionaram lucros expressivos à atividade.

A produção de óleo cru, nos Estados Unidos, teve um salto enorme desde a perfuração do primeiro
poço, em 1859, que era de 2 mil barris, aumentando para aproximadamente 3 milhões em 1863, e

9
UNIDADE I │ PETRÓLEO

para 10 milhões de barris em 1874, ou seja, em 15 anos a produção de óleo cru teve um aumento de
500.000 por cento.

Figura 1: Produção de óleo cru nos Estados Unidos no século XIX

Até o final do século passado, os poços multiplicaram-se e a perfuração com o método de percussão
viveu o seu período áureo. Nesse período, entretanto, começa a ser desenvolvido o processo rotativo
de perfuração. Em 1890, no Texas, o americano Anthony Lucas, utilizando o processo rotativo,
encontrou óleo a uma profundidade de 354 metros. Esse evento foi considerado um marco
importante na perfuração rotativa e na história do petróleo.

Nos anos seguintes, a perfuração rotativa desenvolveu-se e progressivamente substituiu a perfuração


pelo método de percussão. A melhoria dos projetos e da qualidade do aço, os novos projetos de
brocas e as novas técnicas de perfuração possibilitam a perfuração de poços com mais de 10.0000
metros de profundidade.

A busca de petróleo levou a importantes descobertas em países como Estados Unidos, Venezuela,
Trinidad e Tobago, Argentina, Borneu e Oriente Médio. Até 1945, o petróleo produzido provinha
dos Estados Unidos, maior produtor do mundo, seguido da Venezuela, México, Rússia, Irã e Iraque.
Com o fim da Segunda Guerra, um novo quadro geopolítico e econômico delineia-se e a indústria de
petróleo não fica à margem do processo. Ainda no ano de 1950, os Estados Unidos detinham metade
da produção mundial, mas já começavam a afirmação de um novo polo produtor potencialmente mais
pujante no hemisfério oriental.

Esse fato ocorreu com o movimento pela descolonização seguido pelo direito de as nações disporem
livremente dos próprios recursos naturais. Nesse contexto, os países do Golfo Pérsico passaram a
manifestar o desejo de libertar-se das companhias petrolíferas ocidentais. Assim, em 1948, com o
apoio dos Estados Unidos, enquanto superpotência, obtiveram o fim do “acordo da Linha Vermelha”.
Empresas recém-chegadas, como a estadunidense Getty Oil Company, ofereceram melhores
condições à Arábia Saudita, obrigando as companhias petrolíferas, determinadas a manter as suas
posições, a conceder a este país, em 1950, uma fatia dos lucros da exploração petrolífera na base de
50/50. Essa concessão foi estendida ao Bahrein e, posteriormente, ao Kuwait e ao Iraque.

As multinacionais anglo-americanas, conhecidas como “sete irmãs”, conservaram o controle dos


preços e dos volumes de produção. O ano de 1950 foi também o ano da primeira tentativa de

10
Petróleo │ UNIDADE I

contestação. No Irã, o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh nacionalizou as jazidas do país.


Os britânicos, prejudicados, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante
quatro anos, os iranianos resistiram até que, em 1954, os estadunidenses eliminaram Mossadegh,
assumiram o controle do petróleo iraniano e, de passagem, afastaram os ingleses.

Essa década marca, também, uma intensa atividade exploratória, começando-se a intensificação
das incursões no mar, com o surgimento de novas técnicas exploratórias.

Com o passar dos anos, foi desenvolvida grande variedade de estruturas marítimas, incluindo navios
para portar os equipamentos de perfuração.

A década de 1960 registra a abundância do petróleo disponível no mundo. O excesso de produção,


aliado aos baixos preços praticados pelo mercado, estimula o consumo desenfreado. O deslocamento
de polaridade que já se fazia prever na década anterior começa a se afirmar. Os anos 1960 revelaram
grande sucesso na exploração de petróleo no Oriente Médio e na União Soviética, o primeiro com
expressivas reservas de óleo e o segundo com expressivas reservas de gás.

Nessa década também surgiu a OPEP. O que significa essa sigla e qual era o seu
objetivo?

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP foi criada pela Arábia Saudita, Kuwait,
Irã, Iraque e Venezuela, permitindo que, pela primeira vez na História, os países produtores de
petróleo se unissem contra as “sete irmãs”.

Ainda demoraria uma década (ano 1970), entretanto, para que a correlação de forças entre
países consumidores e países produtores fosse alterada. Isso aconteceu quando, devido a um
acidente que danificou o oleoduto entre a Arábia Saudita e o mar Mediterrâneo, levou a uma
diminuição da oferta de 5 mil barris/dia no mercado. Como consequência, os preços do petróleo
subiram e a OPEP deu-se conta de seu poder.

As nacionalizações voltaram à ordem do dia nos países árabes: em 1972, o Iraque recuperou o
controle da sua indústria petrolífera, nacionalizando-a em 1975. Sem desejar serem reduzidas a
meros compradores de petróleo, as companhias ocidentais introduziram uma nova figura jurídica
para manter o seu status: os “contratos de partilha da produção”. Por eles, passaram a se associar a
produção local do petróleo e a comercializar, por sua própria conta, uma parte da produção da jazida.

A Guerra do Yom Kipur (1973) provocou o primeiro choque petrolífero mundial. A OPEP elevou o preço
do barril em 70% e limitou a sua produção. No ano seguinte (1974), o Kuwait e o Qatar assumiram o
controle (em até 60%) das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o mesmo
antes de nacionalizar completamente a Arabian-American Oil Company (ARAMCO), em 1976.

Esses fatos levaram os países produtores a controlar o mercado, tendo as companhias perdido a
capacidade de ditar os preços. Elas conservam, e mantêm, até hoje, a primazia sobre o refinamento,
o transporte e a comercialização do óleo e dos derivados. Se, em 1940, o Oriente Médio produzia 5%
do petróleo mundial, em 1973, à época do choque petrolífero, atingia 36,9%.

11
UNIDADE I │ PETRÓLEO

Esse elevado preço do petróleo tornou econômicas grandes descobertas no Mar do Norte e no México.
Outras grandes descobertas ocorreram em territórios do Terceiro Mundo e de países comunistas,
enquanto os Estados Unidos percebem que suas grandes reservas de petróleo já se encontram
esgotadas, restando--lhes aprimorar métodos de pesquisa para localizar as de menor porte e de
revelação mais discreta. Acontecem, então, os grandes avanços tecnológicos no aprimoramento
de dispositivos de aquisição, processamento e interpretação de dados sísmicos, como também nos
processos de recuperação de petróleo das jazidas já conhecidas. Os anos 1970 marcam, também,
significativos avanços na geoquímica orgânica, com consequente aumento no entendimento das
áreas de geração e mitigação de petróleo.

Nos anos 1980 e 1990, os avanços tecnológicos reduzem os custos de exploração e de produção,
criando um novo ciclo econômico para a indústria petrolífera. Em 1996, as reservas mundiais
provadas eram 60% maiores que em 1980, e os custos médios de prospecção e produção caíram
cerca de 60% nesse mesmo período.

Assim, ao longo do tempo, o petróleo foi se impondo como fonte de energia. Hoje, com o advento
da petroquímica, além da grande utilização dos seus derivados, centenas de novos compostos
são produzidos, muitos deles diariamente utilizados, como plásticos, borrachas sintéticas, tintas,
corantes, adesivos, solventes, detergentes, explosivos, produtos farmacêuticos, cosméticos etc.
Com isso, o petróleo, além de produzir combustível, passou a ser imprescindível às facilidades e às
comodidades da vida moderna.

Até o momento falam-se sobre a evolução do petróleo. Apresentam-se, a seguir, informações sobre
a situação atual dos principais países produtores, exportadores, consumidores e importadores,
tendo como base o ano de 2006. Assim será possível dar uma visão geral do cenário atual do
petróleo no mundo.

O quadro 1 apresenta os principais países produtores de petróleo. Os valores apresentados referem-


se à produção em 2006, em milhões de barris por dia.

Quadro 1: Principais países produtores de petróleo

Países Produtores de Petróleo Valores de produção de barris por dia (em milhões)
Arábia Saudita (OPEP) 10,7
Rússia 9,6
Estados Unidos 8,3
Irã (OPEP) 4,1
República Popular da China 3,8
México 3,7
Canadá 3,2
Emirados Árabes Unidos (OPEP) 2,9
Venezuela (OPEP) 2,8
Noruega 2,7
Kuwait (OPEP) 2,6
Nigéria (OPEP) 2,4
Brasil 2,2
Argélia (OPEP) 2,1
Iraque (OPEP) 2,0
Fonte: Departamento de Estatística dos EUA.

12
Petróleo │ UNIDADE I

O quadro 2 apresenta os principais países exportadores de petróleo. Os valores apresentados estão


ordenados por milhões de barris exportados por dia, em 2006.

Quadro 2: Principais países exportadores de petróleo

Países Exportadores de Petróleo Barris por dia (em milhões)


Arábia Saudita (OPEP) 8,6
Rússia 6,5
Noruega 2,5
Irã (OPEP) 2,5
Emirados Árabes Unidos (OPEP) 2,5
Venezuela (OPEP) 2,2
Kuwait (OPEP) 2,1
Nigéria (OPEP) 2,1
Argélia (OPEP) 1,8
México 1,6
Líbia (OPEP) 1,5
Iraque (OPEP) 1,4
Argélia (OPEP) 1,3
Cazaquistão 1,1
Canadá 1,0
Fonte: Departamento de Estatística dos EUA.

O quadro 3 apresenta os principais países consumidores de petróleo. Os valores apresentados são


da produção 2006, em milhões de barris por dia.

Quadro 3: Principais países consumidores de petróleo

Valores de consumo
Países Consumidores de Petróleo
barris por dia (em milhões)
Estados Unidos 20,5
República Popular da China 7,2
Japão 5,2
Rússia 3,1
Alemanha 2,6
Índia 2,5
Canadá 2,2
Brasil 2,1
Coreia do Sul 2,1
Arábia Saudita (OPEP) 2,0
México 2,0
França 1,9
Reino Unido 1,8
Itália 1,7
Irã (OPEP) 1,6
Fonte: Departamento de Estatística dos EUA.

13
UNIDADE I │ PETRÓLEO

O quadro 4 apresenta os principais países importadores de petróleo. Os valores apresentados


referem-se a 2006, em milhões de barris por dia.

Quadro 4: Principais países importadores de petróleo

Valores de importação de barris por dia


Países Importadores de Petróleo
(em milhões)
Estados Unidos 12,2
Japão 5,0
República Popular da China 2,4
Alemanha 3,1
Coreia do Sul 2,1
França 1,8
Índia 1,6
Itália 1,5
Espanha 1,5
Taiwan 0,942
Países Baixos 0,936
Singapura 0,787
Tailândia 0,606
Turquia 0,576
Bélgica 0,546

Fonte: Departamento de Estatística dos EUA.

A Figura 2 apresenta os valores de Reservas em 2007, em bilhões de barris de óleo equivalente.

Figura 2: As 20 maiores reservas de petróleo do mundo

Fonte: Portal de notícias na internet (14 de abril de 2008).

14
Petróleo │ UNIDADE I

O Brasil aparece como décimo sétimo em número de reservas. Como se iniciou a


história do petróleo no Brasil?

Porque a colocação dos países na Quadro 1 (Principais países Produtores) não


reflete os mesmos dados da Figura 2 (maiores reservas de petróleo)

O Petróleo no Brasil
A história do petróleo, no Brasil, começa em 1858, quando o Marquês de Olinda assina o Decreto no
2.266 concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação
de querosene, em terrenos situados às margens do Rio Marau, na então província da Bahia. No
ano seguinte, o inglês Samuel Allport, durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro,
observa o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.

Considerando as primeiras notícias sobre pesquisas diretamente relacionadas ao petróleo, podemos


dividir a História do Brasil em quatro fases.

»» Primeira: até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa. Nessa
fase, a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no Município
de Bofete, Estado de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo. O poço perfurado
foi o DNPM-163 que atingiu a profundidade final de 488 metros e, segundo relatos
da época, produziu 0,5 m3 de óleo; outros relatos dizem que teve como resultado
apenas água sulfurosa.

»» Segunda: nacionalização das riquezas do nosso subsolo, pelo governo, e a criação


do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938.

»» Terceira: estabelecimento do monopólio estatal, durante o governo do Presidente


Getúlio Vargas que, a 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei no 2.004, criando
a Petrobras. Foi uma fase marcante na história do nosso petróleo, pelo fato de
a Petrobras ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo
brasileiro, e defendida por diversos partidos políticos. Desde a sua criação, a
Petrobras descobriu petróleo nos estados do Amazonas, do Pará, do Maranhão,
do Ceará, do Rio Grande do Norte, de Alagoas, de Sergipe, da Bahia, do Espírito
Santo, do Rio de Janeiro, do Paraná, de São Paulo e de Santa Catarina.

»» Quarta: flexibilização do monopólio, conforme a Lei no 9.478, de 6 de agosto de


1987, que criou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis –
ANP.

15
UNIDADE I │ PETRÓLEO

Observe a figura a seguir.

Figura 3: Divisão da história do petróleo no Brasil.

Exploração sob Nacionalização das


o regime da livre riquezas do nosso Monopólio Estatal
iniciativa subsolo

Criação da ANP

Realização da Criação do Criação da


primeira sondagem Conselho Nacional Petrobras – Lei
profunda do Petróleo no 2.004

Primeira Fase Segunda Fase Terceira Fase Quarta Fase

Complementando um pouco essa história, segundo Thomas (2004),

o grande fato dos anos 1970, quando os campos de petróleo do Recôncavo


Baiano entravam na maturidade, foi a descoberta da província petrolífera da
Bacia de Campos, RJ, através do campo de Garoupa. Nessa mesma década,
outro fator importante foi a descoberta de petróleo na plataforma continental
do Rio Grande do Norte através do campo de Ubarana.

A década de 1980 foi marcada por três fatos de relevância: a constatação de ocorrências de petróleo
em Mossoró, no Rio Grande do Norte, apontando para o que viria a se constituir, em pouco tempo,
na segunda maior área produtora de petróleo do País; as grandes descobertas dos campos gigantes
de Marlim e Albacora, em águas profundas da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro; e as descobertas
do Rio Urucu, no Amazonas.

Na década de 1990, outras grandes descobertas foram contabilizadas, como os campos gigantes de
Roncador e de Barracuda na Bacia de Campos, Estado do Rio de Janeiro.

A produção de petróleo no Brasil cresceu de 750 m3/dia, na época da criação da Petrobras, para mais
de 182.000 m3/dia, no final dos anos 1990, graças aos contínuos avanços tecnológicos de perfuração
e produção na plataforma continental.

E a Petrobras não parou, a busca e o desenvolvimento de novas tecnologias avançaram rumo ao alto-
mar, o que fez, em poucos anos, a estatal brasileira se tornar referência na exploração e produção de
petróleo em águas profundas. Atualmente, a atividade acontece em 11 bacias sedimentares ao longo
da costa marítima, e, ainda, na Bacia do São Francisco, no Centro-Oeste brasileiro.

Ao final de 2006, a petrolífera mantinha atividade exploratória em 210 campos em terra e 68 no


mar, o que representava 7.507 poços terrestres e 714 marítimos. Destes últimos, alguns ultrapassam
a antes inimaginável profundidade de 6 mil metros além do fundo do mar.

16
Petróleo │ UNIDADE I

Um ponto de grande destaque na história da Petrobras foi a P-50, A PLATAFORMA DA


AUTOSSUFICIÊNCIA, que entrou em operação em 21 de abril, no Campo de Albacora-Leste, na
Bacia de Campos. Com a entrada em operação dessa Plataforma, o país deu um passo decisivo
para atingir uma produção de 1,8 milhão de barris diários – o equivalente ao consumo de petróleo
das refinarias brasileiras, sendo assim, um marco histórico para a empresa, para o país e para o
continente sul-americano.

No ano de 2006, a Petrobras anunciou seguidos recordes de produção e, asseguram os analistas,


o principal desafio da empresa, a partir de 2007, foi dar sustentabilidade à autossuficiência em
petróleo – estruturalmente atingida, mas ainda não alcançada em termos reais, já que o país ainda
precisa importar óleo fino do exterior. Por conta dessa incômoda dependência, a estatal brasileira
passou a dar maior atenção ao setor de refino, que após muitos anos em segundo plano, passou a ser
tratado com a mesma atenção dispensada à área de Exploração e Produção, chamada de E&P pelas
pessoas que atuam no segmento.

A Figura 4 apresenta a distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, segundo unidades
da federação, em 31/12/2006. Observa-se que apesar de inúmeras novas descobertas de petróleo,
80% das reservas concentram-se no Estado do Rio de Janeiro.

Figura 4: Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, segundo unidades da federação

Fonte: ANP/SDP (quadro 2.2.)

Essa busca pela autossuficiência é de importância estratégica para o país, não só no mercado
nacional, mas também no internacional, porque o petróleo e seus derivados se transformaram, ao
longo do século XX, não só na principal fonte primária da matriz energética mundial, mas, também,
em insumo para praticamente todos os setores industriais.

Figura 5: Participação do petróleo na matriz energética mundial em 2006 (fontes primárias)

17
UNIDADE I │ PETRÓLEO

Por que é de importância estratégica para um país ser um grande produtor de


petróleo, ter autossuficiência, como busca o Brasil?

O crescimento exponencial do petróleo e a utilização de seus derivados, como gasolina e óleo


diesel como combustível para os meios de transporte, fizeram com que a substância rapidamente
se transformasse na principal fonte da matriz energética mundial. Outros derivados, como a
nafta, passaram a ser aplicados como insumo industrial na fabricação de produtos diversificados
como materiais de construção, embalagens, tintas, fertilizantes, farmacêuticos, plásticos, tecidos
sintéticos, gomas de mascar e batons.

Portanto, entre as vantagens estratégicas do país que detém e controla as reservas de petróleo
se encontram: importância geopolítica; segurança interna em setores vitais como transporte e
produção de eletricidade; aumento da participação no comércio internacional, seja por meio da
exportação direta do óleo e seus derivados, seja pelo custo e, portanto, pela competitividade dos
produtos industrializados.

O Petróleo é Nosso
(Carlos Vogt)

O petróleo sempre mobilizou politicamente a sociedade brasileira ao longo do


século XX e assim continua a fazê-lo nesse começo de século.

Por muitas razões, entre elas a de seu alto valor estratégico para a economia dos
países e para o desenvolvimento das nações.

O interessante é que passam-se os anos mas não se alteram muito as posturas dos
grupos que entre si se opõem relativamente às formas de exploração e de produção
do petróleo no país.

Desde 1947, a opinião pública brasileira foi confrontada com essa duplicidade de
atitudes, intensificada pela campanha “o petróleo é nosso” que alguns chegam a
considerar tão intensa e apaixonante, no século XX, quanto fora a da abolição da
escravatura, no século XIX.

No cenário que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial, em que o liberalismo


anglo-saxão vencedor repercutiu também no Brasil com a queda do Estado Novo e da
ditadura Vargas, os assim chamados “entreguistas”, com forte representação na grande
imprensa e nas grandes organizações patronais propugnavam pela abertura total do
país ao capital estrangeiro para a exploração do petróleo em terras brasileiras.

O argumento era o de que o país não tinha nem capital, nem técnica, tampouco
tecnologia para as modernas prospecções que os países desenvolvidos dominavam
inteiramente. Em resumo, o argumento era de que “o petróleo ia ficar debaixo da terra”.

18
Petróleo │ UNIDADE I

Contra eles, os “nacionalistas” que pregavam o monopólio estatal do petróleo, que


acreditavam na capacidade de planejamento e de atuação eficaz do estado e que
não admitiam outra alternativa que não fosse a da criação de uma empresa nacional
para a exploração do então chamado “ouro negro”.

II

Em 1953, quando Getúlio Vargas, em seu segundo governo, agora presidente


eleito pelo voto, promulga, no dia 3 de outubro, a lei da criação da Petrobras,
vários acontecimentos importantes marcaram a cena histórica desses princípios da
segunda metade do século XX.

No dia 5 de março, morria, em Moscou, aos 73 anos de idade, o ditador Joseph Stálin
que durante 29 anos dirigira, com mão de ferro, os destinos da União Soviética,
transformando-a, ao preço de muitas vidas, na grande potência rival dos EUA e no
segundo grande ato do drama da Guerra Fria, cujo desenrolar se daria até 1989 com
a queda do muro de Berlim.

No dia 19 de junho, como parte desse drama, são executados, na cadeira elétrica nos
EUA, Julius e Ethel Rosemberg, acusados de terem passado para a URSS segredos da
fabricação da bomba atômica.

No mês seguinte, no dia 27, depois de três anos de combates e mais de 5 milhões de
mortos, é assinado o armistício entre as Nações Unidas, China e Coreia do Norte para
pôr fim à Guerra da Coreia. Tudo continuou como antes, do ponto de vista da divisão
das duas Coreias pelo paralelo 38, mas o Japão começou aí a conhecer a retomada
de seu desenvolvimento econômico já que foi um dos grandes fornecedores de
material bélico para a guerra.

Estava em cena o plano de recuperação econômica do Japão, tão eficiente e


estratégico, na Ásia, quanto o plano Marshall, adotado pelos EUA, por meio de uma
lei de 1948, para a reconstrução da Europa devastada pela Guerra e como parte da
diplomacia para conter o avanço da expansão soviética: raízes do novo liberalismo.

Também em 1953, no dia 15 de março, a primeira montadora de automóveis no


Brasil, a Volkswagen, instala-se em um pequeno barracão no Ipiranga, na cidade de
São Paulo, para montar, com peças de fabricação alemã e com mão de obra brasileira,
carros da linha Volks e da linha Kombi.

Em 29 de abril, o filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, ganha a Palma de Ouro do


Festival de Cannes e no dia 26 de junho fracassa a tentativa de golpe, depois bem-
sucedida, em 1958, do grupo de revolucionários cubanos liderados por Fidel Castro
contra o governo do ditador Fulgêncio Batista.

Com a criação da Petrobras, em 3 de outubro de 1953, vencem os “nacionalistas” e


triunfa a campanha de mobilização da opinião pública “O petróleo é nosso”, que teve
vários próceres na história republicana do século XX, no Brasil.

19
UNIDADE I │ PETRÓLEO

III

Monteiro Lobato morre em 1948, no mesmo ano em que a União Nacional dos
Estudantes – UNE cria a Comissão Estudantil de Defesa do Petróleo, surgindo, na
sequência, em decorrência do movimento de mobilização nacional em torno do
tema, o lema consagrado de “O petróleo é nosso”.

Ele próprio, Monteiro Lobato, como é sabido, teve um papel fundamental nessa
consagração. Autor festejado, editor de sucesso, Lobato teve uma militância política
e institucional tão intensa em sua vida quanto é grande e variada a sua obra literária.
Dos livros infantis, cujo cenário de imaginação e de fantasia está no Sítio do Pica--
Pau Amarelo, com seus personagens inesquecíveis e suas histórias memoráveis, aos
contos regionais de gosto gótico e impressionista, passando pelas cartas e pelos
textos de militância nacionalista, Monteiro Lobato mostra uma vocação política
forte, apenas matizada pelo didatismo de suas intenções e, no mais das vezes,
transfigurada em peça literária de alta qualidade.

Bate-se contra a ditadura de Artur Bernardes, contra a ditadura de Getúlio Vargas,


sendo um ativista ferrenho na defesa do voto secreto.

Quando, em 1936, lança O escândalo do petróleo já vinha de anos a sua luta pelo
petróleo e por sua exploração e produção nacionais.

Ele próprio, em 1931, criara a Companhia Petróleos do Brasil, que no seu lançamento
teve metade das ações subscritas em quatro dias, conseguindo, enfim, que, em
1936, a sonda de Alagoas, de sua empresa, depois de ser interditada por intervenção
federal, fizesse jorrar, a 250 metros de profundidade no poço São João, de Riacho
Doce, o primeiro jato de gás de petróleo.

Lobato escreve cartas a Getúlio, milita na imprensa, faz palestras e conferências,


viaja aos EUA, conhece e aprende as novas técnicas e metodologias de exploração e
de produção do petróleo, batalha pela exploração do ferro por empresas brasileiras,
exige políticas de proteção, de investimento e de desenvolvimento para exploração
das riquezas escondidas no solo, até que é preso em 1941, em São Paulo, sob a
acusação de querer, com seus escritos e o seu persistente ativismo, desmoralizar, o
Conselho Nacional do Petróleo.

A sua atuação, a força de suas análises e opiniões, o respeito nacional e internacional


de que gozam o homem e o autor acabam por inspirar tanto os partidos de esquerda
como os movimentos sociais que viriam pôr na rua, no começo dos anos 1950, a
grande campanha nacionalista de defesa do petróleo.

Monteiro Lobato continuava ativo e militante da causa do petróleo, mesmo depois


de sua morte.

Hoje, o petróleo é nosso e a Petrobras também. Pela mesma militância histórica


que levou à sua criação, não foi privatizada e, embora o monopólio da Petrobras,
consagrado numa emenda, quando de sua criação, tenha sido um pouco flexibilizado,

20
Petróleo │ UNIDADE I

a empresa continua estatal, adquiriu a condição de transnacionalidade pelo alcance de


suas operações e é detentora de tecnologias de exploração em águas profundas e em
águas muito profundas que lhe são muito peculiares e de domínio muito específico.

Nesse sentido, a empresa não só produz petróleo mas também conhecimento


tecnológico para exportação.

No caso do petróleo, o sentimento da população brasileira parece expressar-se num


eterno e eloquente arremedo dos versos do poeta Castro Alves: o petróleo é nosso –
a Petrobras também –, como a praça é do povo e o céu é do condor.

No decorrer deste capítulo, ao mostrarmos a história do petróleo, apresentamos a grande evolução da


sua utilização, só que essa utilização, segundo ambientalistas, tem um impacto negativo em função
de trazer grandes riscos para o meio ambiente, desde o processo de extração, transporte, refino até
o consumo, com a produção de gases que poluem a atmosfera. Os piores danos acontecem durante
o transporte de combustível, com vazamentos em grande escala de oleodutos e navios petroleiros.

No Brasil, já ocorreram vários acidentes com graves consequências para o meio ambiente. A
Petrobras, visando minimizar os riscos de acidentes ambientais, criou o programa Pégaso, além de
várias universidades do país desenvolverem pesquisas para criar formas eficientes para a limpeza
de áreas degradadas.

E para os casos em que os acidentes já ocorreram, visando minimizar os efeitos dos acidentes e
os vazamentos, existem várias iniciativas governamentais no Brasil. A principal delas é a Rede
Cooperativa em Recuperação de Áreas Contaminadas por Atividades Petrolíferas – Recupetro.

Mas, a questão dos riscos ambientais originados do petróleo não são uma preocupação só do
Brasil. O Gráfico 6 mostra a geração de energia elétrica no mundo por tipo de combustível nos
anos de 1973 e 2006, e podemos observar que a geração por petróleo teve uma queda de 20%
durante o período estudado.

Figura 6: Geração de energia elétrica no mundo por tipo de combustível nos anos de 1973 e 2006

Fonte: IEA, 2008.

Essa redução ocorreu porque, nos últimos anos, a busca de fontes alternativas tornou-se mais premente,
mas além da minimização dos riscos ambientais outro motivo é a perspectiva de esgotamento, em
médio prazo, das reservas de petróleo hoje existentes.

21
Capítulo 2
Constituintes, composição e
classificação do petróleo

Falamos um pouco sobre a história do petróleo e neste capítulo apresentaremos de que é formado
este “produto” tão importante para a sociedade moderna.

Segundo a Lei no 9.478/2007, “Petróleo é todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado
natural, a exemplo do óleo cru e condensado”.

Do latim petra (pedra) e oleum (óleo), o petróleo no estado líquido é uma substância oleosa,
inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e
o castanho-claro. É um óleo natural fóssil, não renovável, resultado da decomposição de produto
orgânico soterrado durante milhões de anos e submetido a pressões e temperaturas elevadas.

Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje se acredita que o petróleo tem origem orgânica,
sendo uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio, ou seja, hidrocarbonetos. Quando
a mistura contém uma maior porcentagem de moléculas pequenas, seu estado físico é gasoso e,
quando a mistura contém moléculas maiores, seu estado físico é líquido, nas condições normais de
temperatura e pressão. A Figura 7 ilustra os estados físicos do petróleo.

Figura 7: Estados físicos do petróleo

Moléculas Estado Físico

> % pequenas GASOSO

> % maiores LÍQUIDO

Segundo Thomas (2001), “o petróleo contém centenas de compostos químicos e separá-los em compostos
puros ou misturas de composição conhecida é praticamente impossível”. O petróleo é normalmente
separado em frações, de acordo com a faixa de ebulição dos compostos. O quadro 5 mostra as frações
típicas que são obtidas do petróleo.

22
Petróleo │ UNIDADE I

Quadro 5: Frações típicas do petróleo

Temperatura de Composição
Fração Usos
ebulição (ºC) aproximada
Gás residual --- C1 – C2 Gás combustível
Gás liquefeito de petróleo – GLP Até 40 C3 – C4 Gás combustível engarrafado, uso doméstico e industrial
Gasolina 40 – 175 C5 – C10 Combustível de automóveis, solventes

Querosene 175 – 235 C11 – C12 Iluminação, combustível de aviões a jato

Gasóleo leve 235 – 305 C13 – C17 diesel, fornos

Gasóleo pesado 305 – 400 C18 – C25 combustível, matéria-prima p/ lubrificantes

Lubrificantes 400 – 510 C26 – C38 Óleos lubrificantes

Resíduo Acima de 510 C38+ asfalto, piche, impermeabilizantes

Fonte: Thomas, 2001.

O petróleo pode ocorrer nos seguintes estados.

»» Sólido – Asfalto

»» Líquido – Óleo cru

»» Gasoso – Gás natural

Os óleos obtidos de diferentes reservatórios de petróleo possuem características diferentes. Alguns


são pretos, densos, viscosos, liberando pouco ou nenhum gás, enquanto outros são castanhos ou
bastante claros, com baixa viscosidade e densidade, liberando quantidade apreciável de gás. Outros
reservatórios, ainda, podem produzir somente gás. Entretanto, todos eles produzem análises
elementares semelhantes às dadas no quadro 6.

Quadro 6: Análise Elementar do Óleo Cru Típico (% em peso)

Hidrogênio 11-14%

Carbono 83-87%

Enxofre 0,06-8%

Nitrogênio 0,11-1,7%

Oxigênio 0,1-2%

Metais até 0,3%


Fonte; Thomas, 2001.

A alta porcentagem de carbono e hidrogênio existente no petróleo mostra que os seus principais
constituintes são os hidrocarbonetos. Os outros constituintes aparecem sob a forma de compostos
orgânicos que contêm outros elementos, sendo os mais comuns o nitrogênio, o enxofre e o oxigênio,
conhecidos como não hidrocarbonetos.

Foi mencionado que o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos e não hidrocarbonetos,


mas o que seriam esses dois compostos, você saberia defini-los e classificá-los?

23
UNIDADE I │ PETRÓLEO

1. Hidrocarbonetos. Compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio. De


acordo com a sua estrutura, podem ser classificados assim:

›› Saturados ou alcanos ou parafinas: apresentam os átomos de carbonos


unidos somente por ligações simples e o maior número possível de átomos de
hidrogênio, constituindo cadeias lineares, ramificadas ou cíclicas, interligadas
ou não. Podem ser classificados em hidrocarbonetos parafínicos normais,
parafínicos ramificados e parafínicos cíclicos (naftênicos).

›› Insaturados ou olefinas: apresentam pelo menos uma dupla ou tripla ligação


carbono-carbono.

›› Aromáticos ou arenos: apresentam pelo menos um anel de benzeno na sua


estrutura.

O quadro 7 apresenta as principais características dos hidrocarbonetos encontrados


no petróleo.

Quadro 7: Características dos hidrocarbonetos encontrados no petróleo

Saturados
Parafina Parafina Insaturados Aromáticos
Cíclicos
Normal Ramificada
Densidade Baixa Baixa Média Baixa Alta
Gasolina Ruim Boa Média Boa Muito boa
Diesel Bom Médio Médio Médio Ruim
Lubrificante Ótimo Bom Médio Médio Ruim
Resistência à
Boa Boa Má Má Má
oxidação
Fonte: Thomas, 2001.

Segundo estudo realizado pela API (American Petroleum Institute), com vários
petróleos de diferentes origens, chegou-se às seguintes conclusões:

›› Todos os petróleos contêm substancialmente os mesmos hidrocarbonetos, em


diferentes quantidades.

›› A quantidade relativa de cada grupo de hidrocarbonetos presente varia muito


de petróleo para petróleo. Como consequência, segundo essas quantidades,
diferentes serão as características dos tipos de petróleo.

›› A quantidade relativa dos compostos individuais dentro de cada grupo de


hidrocarbonetos, no entanto, é, aproximadamente, da mesma ordem de grandeza
para diferentes petróleos.

2. Não hidrocarbonetos. Constituintes que possuem compostos como enxofre,


nitrogênio e metais e são considerados como impurezas. Podem aparecer em toda a
faixa de ebulição do petróleo, mas tendem a se concentrar em frações mais pesadas.

24
Petróleo │ UNIDADE I

›› Compostos Sulfurados

›› Compostos Nitrogenados

›› Compostos Oxigenados

›› Resinas e Asfaltenos

›› Compostos Metálicos

O quadro 8 apresenta, de forma resumida, as principais características desses compostos.

Quadro 8: Principais características dos não hidrocarbonetos

Não Hidrocarbonetos Composição Características


Maior densidade do petróleo – maior teor de enxofre.
Aumentam a polaridade dos óleos (aumenta a estabilidade das
emulsões).
Sulfonados Enxofre Responsáveis pela corrosividade dos produtos do petróleo.
Contaminam os catalisadores utilizados no processo de
transformação.
Determinam a cor e o cheiro do produto final.
Apresentam-se quase na totalidade na forma orgânica e são
termicamente estáveis.
Aumentam a capacidade do óleo em reter a água em emulsão.
Nitrogenados Nitrogênio Tornam instáveis os produtos finais – durante o refino –
proporcionando a formação de gomas e alterando a coloração.
Contaminam os catalisadores utilizados no processo de
transformação.
Tendem a se concentrar nas frações mais pesadas.
Oxigenados Oxigênio Responsáveis pela acidez, coloração, odor, formação de gomas e
corrosividade das frações de petróleo.
Asfaltenos não estão dissolvidos no petróleo e sim dispersos de
forma coloidal.
Alta relação cabono /
hidrogênio e presença Asfaltenos puros são sólidos escuros e não voláteis.
Resinas e Asfaltenos
de enxofre, nitrogênio e Resinas são facilmente solúveis.
oxigênio
Resinas puras são líquidos pesados ou sólidos pastosos e tão
voláteis como um hidrocarboneto do mesmo tamanho.
São também responsáveis pela contaminação dos catalisadores.
Ferro, zinco, cobre,
chumbo, molibdênio, Presença de sódio em combustíveis para fornos reduz o ponto
Metálicos cobalto, arsênico, de fusão dos tijolos refratários.
manganês, cromo,
Vanádio nos gases de combustão pode atacar os tubos de
sódio, níquel e vanádio
exaustão.

Os principais grupos de componentes dos óleos são os hidrocarbonetos saturados, os hidrocarbonetos


aromáticos, as resinas e os asfaltenos. O maior grupo é formado pelos hidrocarbonetos saturados,
sendo encontrada no petróleo parafinas normais e ramificadas, que vão do metano até 45 átomos
de carbono.

25
UNIDADE I │ PETRÓLEO

O quadro 9 apresenta a composição química de um petróleo típico, apresentando as porcentagens


de cada composto.

Quadro 9: Composição química de um petróleo típico

Componentes Porcentagem

Parafinas normais 14%

Parafinas ramificadas 16%

Parafinas cíclicas 30%

Aromáticos 30%

Resinas e asfaltenos 10%


Fonte: Thomas, 2001.

Segundo Thomas (2001), com relação à classificação do petróleo em função de seus constituintes,
esta interessa desde os geoquímicos até os refinadores. Os primeiros visam caracterizar o óleo para
relacioná-lo à rocha-mãe e medir seu grau de degradação. Os refinadores querem saber a quantidade
das diversas frações que podem ser obtidas, assim como sua composição e suas propriedades físicas.
Essa classificação é dividida da seguinte forma:

»» Classe parafínica: excelente para a produção de querosene de aviação (QAV), diesel,


lubrificantes e parafinas.

»» Classe parafínico-naftênica e classe naftênica: excelentes para a produção de


gasolina, nafta petroquímica, QAV e lubrificantes.

»» Classe aromática intermediária, aromática naftênica e aromática asfáltica: indicadas


para a produção de gasolina, solventes e asfaltos.

O que se sabe a respeito da origem do petróleo?

Admite-se que essa origem esteja ligada à decomposição dos seres que compõem o plâncton –
organismos em suspensão nas águas doces ou salgadas, tais como protozoários, celenterados e
outros – causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias.

Esses seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos, se acumulando no fundo dos mares
e dos lagos. Pressionados pelos movimentos da crosta terrestre, transformaram-se na substância
oleosa que é o petróleo. Ao contrário do que se pensa, o petróleo não permanece na rocha que foi
gerado – a rocha matriz –, mas desloca-se até encontrar um terreno apropriado para se concentrar.

Esses terrenos são denominados bacias sedimentares, formadas por camadas ou lençóis porosos
de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos em forma de
“lagos”. Ele então se acumula, formando jazidas. Ali são encontrados gás natural, na parte mais
alta, e petróleo e água nas partes mais baixas.

26
Petróleo │ UNIDADE I

Detalhando um pouco mais sobre o surgimento do petróleo, este é o produto da compressão e do


aquecimento da matéria orgânica depositada junto com os sedimentos. O soterramento progressivo e
consequente, subsidência dessa matéria orgânica depositada juntamente com os sedimentos marinhos
ou lacustres, produz a compactação e a formação de uma rocha chamada rocha geradora. A matéria
orgânica, no estado sólido, presente na rocha geradora, é chamada de querogênio. Com o incremento
de temperatura, as moléculas do querogênio começam a ser quebradas, gerando compostos orgânicos
líquidos e gasosos, em um processo denominado catagênese. Para se ter uma acumulação de petróleo,
é necessário que, após o processo de geração, ocorra a migração do óleo e/ou gás através das camadas
de rochas adjacentes, até encontrar uma rocha selante e uma estrutura geológica que detenha seu
caminho, sob a qual ocorrerá a acumulação do óleo e/ou gás em uma rocha porosa e permeável
chamada rocha reservatório.

Aqui surge uma pergunta, o petróleo é utilizado no seu estado bruto?

Se sua resposta foi negativa, você está correto. Em relação a sua utilização, o petróleo não é utilizado
em seu estado bruto; são separados os seus distintos componentes, podendo ter cada um desses
produtos usos adequados às suas características. O petróleo é matéria-prima de mais de 350 produtos.

27
Capítulo 3
Pré-Sal

A expressão pré-sal está diretamente ligada à Petrobras e, naturalmente, ao petróleo. Passou a tomar
conta dos noticiários depois que a estatal confirmou a existência de gigantescos campos petrolíferos
armazenados na camada “pré-sal”, no fundo do mar.

Especialistas estimam que as reservas encontradas apenas no campo de Tupy, na costa de São Paulo,
podem ultrapassar 100 bilhões de barris de petróleo e gás natural, considerando que a Petrobras
já detectou indícios de petróleo na camada “pré-sal” desde Santa Catarina até o Espírito Santo.
Atualmente as reservas brasileiras não passam de 14 bilhões.

Pré-sal é a denominação das reservas petrolíferas encontradas abaixo de uma profunda camada de
sal no subsolo marítimo, também chamada de subsal. As rochas, reservatório desse tipo de região,
normalmente são encontradas em regiões muito profundas, de difícil localização e de acesso mais
complexo. A maior parte das reservas petrolíferas “pré-sal” ou “subsal” atualmente conhecidas no
mundo está em áreas marítimas profundas e ultraprofundas.

A primeira descoberta de reservas petrolíferas ocorreu no litoral brasileiro. Essas reservas passaram
a ser conhecidas simplesmente como “petróleo do pré-sal” ou “pré-sal”. São as maiores reservas
conhecidas em zonas da faixa pré-sal até o momento identificadas.

Depois do anúncio da descoberta de reservas na escala de dezenas de bilhões de barris, em todo o


mundo começaram processos de exploração em busca de petróleo, abaixo das rochas de sal, nas
camadas profundas do subsolo marinho. Atualmente as principais áreas de exploração petrolífera
com reservas potenciais ou prováveis já identificadas na faixa pré-sal estão no litoral do Atlântico Sul.
Na porção sul- -americana está a grande reserva do pré-sal no litoral do Brasil, enquanto, no lado
africano, existem áreas pré-sal em processo de exploração (em busca de petróleo) e mapeamento de
reservas possíveis no Congo (Brazzaville) e no Gabão. Além do Atlântico Sul, especificamente nas
áreas atlânticas da América do Sul e da África, também existem camadas de rochas pré-sal sendo
mapeadas à procura de petróleo no Golfo do México e no Mar Cáspio, na zona marítima pertencente
ao Cazaquistão. Nesses casos, foram a ousadia e o trabalho envolvendo geração de novas tecnologias
de exploração, desenvolvidas pela Petrobras, que acabaram sendo copiadas ou adaptadas e vêm sendo
utilizadas por multinacionais, para procurar petróleo em camadas do tipo pré-sal em formações
geológicas parecidas em outros locais do mundo.

A temperatura onde se localiza a pré-sal é elevada, podendo atingir entre 80ºC e 100ºC. Aliada
à alta pressão, as rochas alteram-se e adquirem propriedades elásticas, ficando muito moles, o
que dificulta a perfuração do poço. “A tendência é que ele se feche. Se não se conseguir revesti-lo
rapidamente, ele se fecha e perde-se o poço”, explica o professor Ricardo Cabral de Azevedo, da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Para se chegar até a pré-sal será necessário vencer diversas etapas com características bem
diferentes. O tubo que vai da plataforma até o fundo do oceano, chamado riser, tem que aguentar
ondas sísmicas, correntes marítimas e flutuações da base.

28
Petróleo │ UNIDADE I

A Figura 8 apresenta a camada de pré-sal.

Figura 8: Camada de pré-sal

Além de resistentes, os tubos precisam ser leves, já que são deslocados por navio ou plataforma.
Outro problema a ser vencido é a corrosão provocada pelo dióxido de enxofre, hoje um dos maiores
obstáculos técnicos para a exploração dos novos campos.

Segundo Celso Morooka, especialista em engenharia de materiais da Universidade Estadual de


Campinas, a extração de petróleo dessa camada é um dos maiores desafios tecnológicos já enfrentados
pelo Brasil; e compara a operação com a exploração espacial. “Para chegar à Lua foi preciso vencer
apenas uma atmosfera, mas para atingir a pré-sal será preciso vencer 100”, referindo-se à extrema
pressão que os equipamentos serão submetidos.

29
Gás Natural Unidade ii

Capítulo 1
História do Gás Natural

O Gás Natural no mundo


O gás natural é conhecido pela humanidade desde os tempos da Antiguidade. Em lugares onde o gás
mineral era expelido naturalmente para a superfície, os povos como Persas, Babilônicos e Gregos
construíram templos em que mantinham aceso o “fogo eterno”.

Um dos primeiros registros históricos de uso econômico ou socialmente aproveitável do gás natural
aparece na China nos séculos XVIII e XIX. Os chineses utilizaram locais de escape de gás natural
mineral para construir autofornos destinados à cerâmica e metalurgia de forma ainda rudimentar.

O gás natural passou a ser utilizado em maior escala na Europa, no final do século XIX, com a
invenção do queimador Bunsen, em 1885, que misturava ar com gás natural e com a construção de
um gasoduto à prova de vazamentos, em 1890.

Porém, as técnicas de construção de gasodutos eram incipientes, não havendo transporte de


grandes volumes em longas distâncias, consequentemente, era pequena a participação do gás em
relação ao óleo e ao carvão. Entre 1927 e 1931, já existiam mais de 10 linhas de transmissão de porte
nos Estados Unidos, mas sem alcance interestadual. No final de 1930, os avanços da tecnologia já
viabilizavam o transporte do gás para longos percursos. A primeira edição da norma americana para
sistemas de transporte e distribuição de gás (ANSI/ASME B31.8) data de 1935.

O grande crescimento das construções pós-guerra durou até 1960, foi responsável pela instalação
de milhares de quilômetros de gasodutos, dado os avanços em metalurgia, técnicas de soldagem e
construção de tubos. Desde então, o gás natural passou a ser utilizado em grande escala por vários
países, dentre os quais podemos destacar os Estados Unidos, o Canadá, o Japão, além da grande
maioria dos países europeus, devido principalmente às inúmeras vantagens econômicas e ambientais
que o gás natural apresenta.

Segundo De Freitas, estima-se que, por volta do ano de 2020, o consumo de gás natural aumente
aproximadamente 86%, disponibilizando duas maneiras de aproveitamento, em forma líquida
ou gasosa. O melhor é que existem significativas jazidas espalhadas no mundo. Outro atrativo

30
Gás Natural │ UNIDADE II

dessa fonte de energia é que sua queima emite um percentual menor de poluentes em relação aos
combustíveis fósseis.

Atualmente, as maiores empresas produtoras de gás natural estão divididas em 7 países, conforme
o quadro a seguir.

Quadro 10: Maioresempresas produtoras de gás natural

Empresa País Comercialização (bilhões de euros)


Gazprom Rússia 179,7
EDF França 135,2
EON Alemanha 85
Suez GDF França aproximadamente 71, contando o polo ambiental, calculado pelos analistas em 20
Iberdrola Espanha 51,3 (após a compra da Scottish Power)
Enel Itália 47,1 (prestes a comprar Endesa com Acciona)
RWE Alemanha 46,0
Endesa Espanha 42,2
BG Group Inglaterra 39,5
Exelon EUA 34,6

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_natural>.

A Figura 9 apresenta, no mapa, a produção de gás natural por países.

Figura 9: Produção mundial de gás natural

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_natural>.

O Gás Natural no Brasil


A utilização do gás natural no Brasil começou bem tardia e de forma modesta por volta de 1940,
com as descobertas de óleo e gás na Bahia, atendendo a indústrias localizadas no Recôncavo Baiano.

31
UNIDADE II │ GÁS NATURAL

Após alguns anos, as bacias do Recôncavo, de Sergipe e de Alagoas destinavam-se quase em sua
totalidade para a fabricação de insumos industriais e combustíveis para a Refinaria Landulpho
Alves – RELAM e o Polo Petroquímico de Camaçari.

Com a descoberta da Bacia de Campos, as reservas praticamente quadruplicaram no período 1980-


1995. O desenvolvimento da bacia proporcionou um aumento no uso da matéria-prima, elevando
em 2,7% sua participação na matriz energética nacional.

Com a entrada em operação do Gasoduto Brasil-Bolívia em 1999, com capacidade para transportar 30
milhões de metros cúbicos de gás por dia (equivalente à metade do atual consumo brasileiro), houve um
aumento expressivo na oferta nacional de gás natural. Esse aumento foi ainda mais acelerado depois do
apagão elétrico vivido pelo Brasil em 2000-2001, quando o governo optou por reduzir a participação
das hidrelétricas na matriz energética brasileira e aumentar a participação das termoelétricas movidas
a gás natural.

Nos primeiros anos de operação do gasoduto, a elevada oferta do produto e os baixos preços praticados
favoreceram uma explosão no consumo, tendo o gás superado a faixa de 10% de participação na
matriz energética nacional.

Nos últimos anos, com as descobertas nas bacias de Santos e do Espírito Santo, as reservas brasileiras
de gás natural tiveram um aumento significativo. Existe a persepctiva de que as novas reservas
sejam ainda maiores e, somadas à região “pré-sal”, tenham reservas ainda maiores.

Apesar disso, o baixo preço do produto e a dependência do gás importado são apontados como
inibidores de novos investimentos. A insegurança provocada pelo rápido crescimento da demanda
e pelas interrupções intermitentes no fornecimento boliviano, após o processo do gás na Bolívia,
levaram a Petrobras a investir mais na produção nacional e na construção de infraestrutura de
portos para a importação de Gás Natural Liquefeito – GNL. Principalmente depois dos cortes
ocorridos durante uma das crises resultantes da longa disputa entre o governo Evo Morales e os
dirigentes da província de Santa Cruz obrigarem a Petrobras a reduzir o fornecimento do produto
para as distribuidoras de gás do Rio de Janeiro e de São Paulo no mês de outubro de 2007.

Assim, apesar do preço relativamente menor do metro cúbico de gás importado da Bolívia, a
necessidade de diminuir a insegurança energética do Brasil levou a Petrobras a decidir por uma
alternativa mais cara, porém mais segura: a construção de terminais de importação de GNL no
Rio de Janeiro e em Pecém, no Ceará. Ambos os terminais já começaram a funcionar e permitem,
ao Brasil, importar de qualquer país praticamente o mesmo volume de gás que hoje o país importa
da Bolívia.

Para ampliar ainda mais a segurança energética do Brasil, a Petrobras pretende, simultaneamente,
ampliar a capacidade de importação de gás construindo novos terminais de GNL no sul e sudeste do
país até 2012, e ampliar a produção nacional de gás natural nas reservas de Santos.

Como se decide que se deve investir em gás natural? Essa decisão é tomada da
mesma forma que para a maioria dos combustíveis fósseis?

32
Gás Natural │ UNIDADE II

Ao contrário do que ocorre com a maioria dos combustíveis fósseis, facilmente armazenáveis, a
decisão de investimento em gás natural depende da negociação prévia de contratos de fornecimento
em longo prazo, do produtor ao consumidor. Essas características técnico-econômicas configuram
num modo de organização no qual o suprimento do serviço depende, previamente, da implantação
de redes de transporte e de distribuição, bem como da implantação de um sistema de coordenação de
fluxos, visando ao ajuste da oferta e da demanda, sem colocar em risco a confiabilidade do sistema.

Devido às fortes barreiras à entrada de novos concorrentes, o modelo tradicional que predominou
do pós-guerra até o início dos anos 1980, mesmo com variantes de um país a outro, em função de
contextos jurídicos e institucionais, é estruturado por três atributos principais: integração vertical,
monopólios públicos de fornecimento e forma de comercialização baseada em contratos bilaterais
em longo prazo. Para a indústria de gás natural, esse modelo permitiu, na Europa e nos Estados
Unidos, uma forte expansão da produção de gás e o incremento significativo da participação do gás
no balanço energético desses países.

No Brasil, até 1997, predominou o modelo de monopólio estatal da Petrobras na produção e no


transporte de gás natural, ficando as distribuidoras estaduais a cargo da distribuição e venda de gás
aos consumidores residenciais e industriais. Também existiam casos em que a Petrobras fornecia
gás diretamente a alguns grandes consumidores.

Após 1997, com a nova Lei do Petróleo, a Petrobras perdeu o monopólio sobre o setor. Para se
adequar à “lei do livre acesso”, a Petrobras viu-se obrigada a criar uma empresa para operar seus
gasodutos – A Transpetro. Até 3 de março de 2009, o setor carecia de uma legislação específica.

Com a publicação da Lei no 11.909, de 4 de março de 2009, foram criadas normas para “exploração
das atividades econômicas de transporte de gás natural por meio de condutos e da importação e
exportação de gás natural” (art. 1o).

O que é um gasoduto?
O gasoduto é uma rede de tubulações que leva o gás natural das fontes produtoras
até os centros consumidores. O gasoduto Bolívia-Brasil transporta o gás proveniente
da Bolívia para atender os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Transporta grandes volumes de gás, possui tubulações
de diâmetro elevado, opera em alta pressão e somente se aproxima das cidades para
entregar o gás às companhias distribuidoras, constituindo um sistema integrado de
transporte de gás.

O gás é comercializado por meio de contatos de fornecimento com as Companhias


Distribuidoras de cada Estado, detentoras da concessão de distribuição. A
Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S/A – TBG, proprietária do
gasoduto, é responsável pelo transporte do gás até os pontos de entrega
(Companhias Distribuidoras).

33
Capítulo 2
Composição do Gás Natural

Segundo a Lei no 8.478/1997, “gás natural ou gás é todo hidrocarboneto que permaneça em
estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios
petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros”.

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves encontrada no subsolo, na qual o metano tem
uma participação superior a 70% em volume e contém outros gases como nitrogênio, etano, CO2 ou
restos de butano ou propano, densidade menor que 1 (mais leve que o ar) e poder calorífico superior
entre 8.000 e 10.000 kcal/m3, depedendo dos teores de pesados (etano e propano principalmente)
e inertes (nitrogênio e gás carbônico).

No Brasil, a composição do gás para comercialização é determinada pela Portaria no 104,


de 8 de julho de 2002, da Agência Nacional do Petróleo – ANP. Essa Portaria estabeleceu a
especificação do gás natural de origem nacional e importado, a ser comercializado em todo o
território nacional, e agrupou o gás natural em três famílias, segundo a faixa de poder calorífico.
O gás comercializado no Brasil enquadra-se predominantemente no grupo M (médio), cujas
especificações são estas.

»» Poder calorífico superior (PCS) a 20°C e 1 atm: 8.800 a 10.200 kcal/m3

»» Densidade relativa ao ar a 20°C: 0,55 a 0,69

»» Enxofre total: 80 mg/m3 máximo

»» H2S: 20 mg/m3 máximo

»» CO2: 2% em volume máximo

»» Inertes: 4% em volume máximo

»» O2: 0,5% em volume máximo

»» Ponto de orvalho da água a 1 atm: -45°C máximo

»» Isento de poeira, água condensada, odores objetáveis, gomas, elementos formadores


de goma hidrocarbonetos condensáveis, compostos aromáticos, metanol ou outros
elementos sólidos ou líquidos.

A composição do gás natural pode variar bastante, dependendo de fatores relativos ao campo em
que o gás é produzido, condicionado, processado e transportado.

Apesar de conter vários gases na sua composição, conforme já mencionado, alguns desses gases
são eliminados porque não possuem capacidade energética (nitrogênio ou CO2), ou porque podem

34
Gás Natural │ UNIDADE II

deixar resíduos nos condutores devido ao seu alto ponto de ebulição em comparação ao do gás
natural (butano e propano).

O gás natural é encontrado no subsolo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por
rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação da
matéria orgânica de forma anaeróbica oriunda de quantidades extraordinárias de micro-organismos
que, em eras pré-históricas, se acumulavam nas águas litorâneas dos mares da época. Essa matéria
orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isso, sua degradação se deu fora do contato
com o ar a grandes temperaturas e sob fortes pressões.

Pode ser encontrado de duas formas, diluído em óleo ou mesmo em composição gasosa, além de
se apresentar isoladamente próximo à superfície terrestre. Esse tipo de fonte energética tem sido
bastante usada no mundo como combustível, por isso responde por 20% de todas as energias
produzidas.

É empregado como combustível em indústrias, casas e automóveis, após ser tratado e processado.
É considerado uma fonte de energia mais limpa que os derivados do petróleo e o carvão. Nos
países de clima frio, seu uso residencial e comercial é predominantemente para aquecimento
ambiental. Já no Brasil, esse uso é quase exclusivo no cozimento de alimentos e no aquecimento
de água.

Na indústria, é utilizado como combustível para fornecimento de calor, geração de eletricidade e


de força motriz, como matéria-prima nos setores químico, petroquímico e de fertilizantes, e como
redutor siderúrgico na fabricação de aço.

Na área de transportes, é utilizado em ônibus e automóveis, substituindo o óleo diesel, a gasolina e


o álcool.

O gás natural é uma fonte de energia mais limpa. O que ele tem de diferente das
outras fontes de energia?

Por estar no estado gasoso, o gás natural não precisa ser atomizado para queimar. Isso resulta
numa combustão limpa, com reduzida emissão de poluentes e melhor rendimento térmico,
o que possibilita redução de despesas com a manutenção e melhor qualidade de vida para
a população.

A sua combustão é completa, liberando como produtos o dióxido de carbono e o vapor de


água, sendo os dois componentes não tóxicos, o que faz do gás natural uma energia ecológica e
não poluente.

A Figura 10 apresenta um comparativo do aumento da porcentagem de emissão de CO2 em relação


ao gás natural para a mesma geração de energia.

35
UNIDADE II │ GÁS NATURAL

Figura 10: Quadro comparativo do aumento da porcentagem de emissão de CO2 em relação


ao gás natural para a mesma geração de energia

Gás Natural 0,0


Gás de refinaria 6,5
GLP 19,7
Gasolina A 27,0
Álcool 28,7
Querosene Aviação 29,4
Querosene Iluminate 30,2
cOMBUSTÍVEL

Gasolina com álcool 30,3


Diesel d 32,0
Diesel b 33,0
óleo oca 2 41,3
óleo oca 1 42,7
carvão Mineral 64,0
Lenha 78,5
Carvão vegetal 85,0
Coque de carvão 89,4
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
PERCENTUAL DE AUMENTO DE EMISSÃO DE co2 EM RELAÇÃO AO GN (%)

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe548AL/apostila-glp-maio07>.

Apesar dessas vantagens apresentadas, o gás natural apresenta desvantagens em relação ao


butano: é mais difícil de ser transportado, devido ao fato de ocupar maior volume, mesmo
pressurizado, e mais difícil de ser liquificado, requerendo temperaturas da ordem de -160°C, mais
explosivo e mais tóxico.

Além dessas desvantagens apresentadas, algumas jazidas de gás natural podem conter mercúrio
associado. Trata-se de um metal altamente tóxico e deve ser removido no tratamento do gás natural.
O mercúrio é proveniente de grandes profundidades no interior da terra e ascende junto com os
hidrocarbonetos, formando complexos organo-metálicos.

Atualmente estão sendo investigadas as jazidas de hidratos de metano. Estima-se haver reservas
energéticas muito superiores às atuais de gás natural.

Mercado de Gás Natural apresenta queda


de 6% em Julho

Utilização para geração de energia cai 57% em


três meses
O mercado de gás natural apresentou queda de 6%, em julho, comparado com o mês
anterior. O motivo, segundo a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis
Renováveis do Ministério de Minas e Energia – MME, foi a redução do consumo na
geração de energia elétrica.

A oscilação no despacho termelétrico tem tido impacto forte no mercado de gás


natural nos últimos meses. Entre março e abril, houve redução de 38% no consumo
do setor.

36
Gás Natural │ UNIDADE II

De maio para julho a redução foi ainda maior: 57%. Essa queda no uso de gás natural
para geração de energia se deve a excelente condição dos reservatórios da usinas
hidrelétricas brasileiras. Com 83,26%, a região Sul do país apresenta o maior índice,
seguida do Nordeste (76,44%), Sudeste/Centro-Oeste (71,84%) e Norte (65%). Essa
condição permite que a geração de energia no Brasil seja realizada, basicamente,
por meio de hidrelétricas, mais baratas e menos poluentes.

A importação de gás natural boliviano apresentou queda de 11% em julho, fechando


o mês em 24,7 milhões de m³/dia. A previsão é de que em agosto esse volume caia
para 22 milhões de m³/dia, em razão do aproveitamento adicional de gás natural
associado e do baixo nível de despacho das usinas termelétricas. A média do ano
está em 22,84 m³/dia.

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/economia,Petrobras-fara-novo-leilao-de-


gas-natural-no-dia-22,426262,0.htm>.

37
Biocombustíveis
e Produtos Unidade iii
Derivados

Capítulo 1
Biocombustíveis

Segundo a Lei no 8.478/1997, “biocombustível é o combustível derivado de biomassa renovável


para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de
energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. (Incluído pela Lei
no 11.097, de 2005)

Os biocombustíveis são combustíveis de origem biológica. São fabricados a partir de vegetais, tais
como milho, soja, cana-de-açúcar, mamona, canola, babaçu, cânhamo, entre outros. O lixo orgânico
também pode ser usado para a fabricação de biocombustível, ou seja, é um combustível diesel de
queima limpa derivado de fontes naturais e renováveis. É uma alternativa renovável, que resolve
dois problemas ambientais ao mesmo tempo: aproveita resíduo, aliviando os aterros sanitários, e
reduz a poluição atmosférica. É uma alternativa para os combustíveis tradicionais, como o gasóleo,
que não são renováveis.

O biocombustível reduz 78% das emissões poluentes, como o dióxido de carbono, o gás responsável
pelo efeito estufa que está alterando o clima à escala mundial, e 98% de enxofre na atmosfera.

Trata-se de uma fonte renovável que, além de trazer benefícios ambientais, também possibilita a
geração de empregos, tanto na fase de coleta quanto de processamento. Promove o desenvolvimento
da agricultura nas zonas rurais mais desfavorecidas, criando emprego e evitando a desertificação,
porque reduz a dependência energética do nosso país e a saída de divisas pela poupança feita na
importação do petróleo bruto.

Mas por outro lado, a produção de biocombustíveis tem diminuído a produção de alimentos no
mundo. Buscando lucros maiores, muitos agricultores preferem produzir milho, soja, canola e cana-
de-açúcar para transformar em biocombustível.

Os óleos vegetais podem reagir quimicamente com um álcool para produzir ésteres. Esses ésteres,
quando usados como combustíveis, levam o nome de biodiesel. Atualmente, o biodiesel é produzido
por um processo chamado transesterificação. O óleo vegetal é filtrado e processado com materiais
alcalinos para remover gorduras ácidas. É então misturado com álcool e um catalisador. As reações
formam ésteres e glicerol, separadamente.

38
Biocombustíveis e Produtos Derivados │ UNIDADE III

O biodiesel pode ser utilizado em motores a diesel, em mistura com o gasóleo (geralmente, na proporção
de 5% a 30%) ou puro. Também pode ser utilizado como geração de energia elétrica. Exige, por vezes,
pequenas transformações do motor, de acordo com a percentagem de mistura e o fabricante/modelo
do motor.

Apesar de ser um combustível renovável, a sua capacidade de produção é limitada, pois depende
das áreas agrícolas disponíveis (que terão, também, de ser usadas para fins alimentares) e, portanto,
só poderá substituir, parcialmente, o gasóleo. O preço do biodiesel é ainda elevado, mas as novas
tecnologias permitirão reduzir os custos da sua produção.

O biodiesel ainda esbarra em vários obstáculos, como a falta de regulamentação e os preços atuais
do diesel derivado do petróleo. Estima-se que, no começo do próximo século, teremos condições de
gerar biodiesel correspondente a 8% de todo o diesel consumido.

Os motores a óleo vegetal possibilitam uma redução de 11% a 53% na emissão de monóxido de
carbono, e os gases da combustão do óleo vegetal não emitem dióxido de enxofre, um dos causadores
da chamada chuva ácida. O Brasil também tem a preocupação em reduzir poluentes. Desde 1997
fazemos óleo diesel com menos partículas de enxofre.

Atualmente já existem veículos que utilizam o biodiesel – quatro viaturas ligeiras e duas pesadas da
Câmara Municipal de Lisboa, Portugal (mistura de 30%) e 18 autocarros da Carris (17 com mistura
de 5% e 1 com 30%), ao longo de 6 meses e durante a Expo 98.

A seguir são apresentados os principais biocombustíveis existentes.

»» Biomassa é uma fonte de energia limpa e renovável disponível em grande


abundância e derivada de materiais orgânicos. Todos os organismos capazes de
realizar fotossíntese (ou derivados deles) podem ser utilizados como biomassa.
Exemplo: restos de madeira, estrume de gado, óleo vegetal ou até mesmo o lixo
urbano. Outro fator importante é que a humanidade está produzindo cada vez mais
lixo e esse lixo também é capaz de produzir energia. Isso ajuda a resolver vários
problemas: diminuição do nível de poluição ambiental, contenção do volume de
lixo das cidades e aumento da produção de energia.

»» Biodiesel é derivado de lipídios orgânicos renováveis, como óleos vegetais e gorduras


animais, para utilização em motores de ignição por compressão (diesel). É produzido
por transesterificação e é também um combustível biodegradável alternativo ao diesel
de petróleo, criado a partir de fontes renováveis de energia, livre de enxofre em sua
composição. É obtido a partir de óleos vegetais, como o de girassol, nabo forrageiro,
algodão, mamona, soja.

»» Bioetanol é a obtenção do etanol por meio da biomassa, para ser usado diretamente
como combustível ou se juntar com os ésteres do óleo vegetal e formar um combustível.
A esse processo se dá o nome de transesterificação. O etanol é um álcool incolor,
volátil, inflamável e totalmente solúvel em água, derivado da cana-de-açúcar, do
milho, da uva, da beterraba ou de outros cereais, produzido por meio da fermentação
da sacarose. Comercialmente, é conhecido como álcool etílico e sua fórmula molecular
é C2H5OH ou C2H6O.

39
UNIDADE III │ BIOCOMBUSTÍVEIS E PRODUTOS DERIVADOS

O etanol, atualmente, é um produto de diversas aplicações no mercado, largamente utilizado


como combustível automotivo na forma hidratada ou misturado à gasolina. Também tem
aplicações em produtos, como perfumes, desodorantes, medicamentos, produtos de limpeza
doméstica e bebidas alcoólicas. Merece destaque como uma das principais fontes energéticas
do Brasil, além de ser renovável e pouco poluente. O Brasil é o maior produtor mundial de
etanol, que, quando utilizado como combustível em automóveis, representa uma alternativa
à gasolina de petróleo. Destacam-se na produção do etanol os estados de São Paulo e Paraná,
respondendo juntos por quase 90% da safra total produzida. Além disso, o Brasil lidera a produção
mundial de cana-de-açúcar (principal matéria-prima do etanol), sendo essa uma indústria que
movimenta vários bilhões de dólares por ano. Isso representa uma menor dependência do Brasil
ao petróleo.

Na apresentação dos principais biocombustíveis foi falado sobre transesterificação,


você saberia o que significa esse termo?

Transesterificação é uma reação química entre um éster (RCOOR’) e um álcool (R’’OH) da qual
resulta um novo éster (RCOOR’’) e um álcool (R’OH).

A transesterificação é o processo mais utilizado para a produção de biodiesel. O processo inicia-se


juntando o óleo vegetal com um álcool (metanol, etanol, propanol, butanol) e catalisadores (que
podem ser ácidos, básicos ou enzimáticos). Para o exemplo mais comumente empregado, utilizando-
se do metanol, tem-se:

Nesse processo, obtém-se um éster metílico de ácido graxo e glicerina como subproduto, que é
removida por decantação. O éster metílico de ácido graxo formado possui uma viscosidade menor
que o triacilglicerol utilizado como matéria-prima.

A glicerina formada possui alto valor agregado, sendo usada por indústrias farmacêuticas, de
cosméticos e de explosivos.

A partir do que foi apresentado, destacaremos o que consideramos como as principais vantagens
do biodiesel.

40
Biocombustíveis e Produtos Derivados │ UNIDADE III

»» É mais seguro do que o diesel de petróleo.

»» O ponto de combustão do biodiesel na sua forma pura é de mais de 300 F contra 125
F do diesel comum.

»» Apresentam equipamentos mais seguros.

»» A exaustão do biodiesel é menos ofensiva.

»» Resulta numa notável redução dos odores, o que é um benefício real em espaços
confinados.

»» Tem odor semelhante ao cheiro de batatas fritas.

»» Não foram noticiados casos de irritação nos olhos.

»» Apresenta uma combustão mais completa, por ser oxigenado.

»» Não requer armazenamento especial.

»» Pode ser armazenado, em sua forma, natural, em qualquer lugar onde o petroleo é
armazenado, e pelo fato de ter maior ponto de fusão é ainda mais seguro o seu transporte.

»» Funciona em motores convencionais.

»» Requer mínimas modificações para operar em motores já existentes.

»» É renovável, contribuindo para a redução do dióxido de carbono.

»» Pode ser usado sozinho ou misturado em qualquer quantidade com diesel de petróleo.

»» Aumenta a vida útil dos motores por ser mais lubrificante.

»» É biodegradável e não tóxico.

Mamona e Biodiesel
A mamona (Ricinus communis – Euphorbiaceae) é uma planta existente nas regiões
secas do Brasil. Está sendo utilizada como combustível renovável, ecologicamente
correto, ajudando o sertanejo a ter uma fonte de renda e ter sobrevivência em
épocas de estiagem.

O biodiesel extraído da mamona pode ser usado em qualquer motor, como os de


tratores ou os de caminhões, sem nenhuma adaptação.

O biodiesel pode ser produzido a partir de todo óleo vegetal e até animal, como
óleo de peixe. No caso do combustível feito a partir de óleo de mamona, que tem
uma viscosidade maior, ele precisa ser misturado na proporção de 20% de biodiesel
para 80% de diesel comum para ser usado. Na sua combustão, não há emissão das
substâncias mais poluentes (que contém enxofre), encontradas nos combustíveis
fósseis. O biodiesel pode, inclusive, ser usado em geradores de energia, no momento
de escassez, ajudando a reduzir a importação de petróleo.

41
UNIDADE III │ BIOCOMBUSTÍVEIS E PRODUTOS DERIVADOS

Depois de extraído o óleo, a sobra (chamada de torta ou farelo) ainda pode ser
usada como ração animal. No caso da mamona, é preciso desintoxicar o farelo antes
de transformá-lo em ração. É possível também transformar a madeira do caule em
adubo. A mamona produz de 15 a 20 toneladas de madeira por hectare.

A intenção é produzir de 2.000 a 3.000 litros por dia de combustível dentro de 90 dias,
mas ainda são necessários R$ 500 mil para concluir a instalação. O coordenador do
projeto é o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará, Expedito Parente.

42
Capítulo 2
Produtos derivados

Segundo a Lei no 8.478/1997, “derivados de petróleo são produtos decorrentes da transformação do


petróleo”.

O petróleo bruto contém centenas de diferentes tipos de hidrocarbonetos misturados, conforme já


mencionado, e, para separá-los, é necessário refinar o petróleo.

As cadeias de hidrocarbonetos de diferentes tamanhos têm pontos de ebulição que vão


aumentando progressivamente, o que possibilita separá-las por meio do processo de destilação.
É isso o que acontece em uma refinaria de petróleo. Na etapa inicial do refino, o petróleo bruto é
aquecido e as diferentes cadeias são separadas de acordo com suas temperaturas de evaporação.
Cada comprimento de cadeia diferente tem uma propriedade diferente que a torna útil de uma
maneira específica.

O tipo de derivado obtido depende da qualidade do petróleo: leve, médio ou pesado, de acordo com
o tipo de solo do qual foi extraído e a composição química. O petróleo leve, como o produzido no
Oriente Médio, dá origem ao maior volume de gasolina, GLP e naftas. Por isso é, também, o mais
valorizado no mercado. As densidades médias produzem principalmente óleo diesel e querosene.
As mais pesadas, características da Venezuela e do Brasil, produzem mais óleos combustíveis
e asfaltos.

A Figura 11 apresenta a porcentagem de derivados do petróleo após refino e a Figura 12 mostra o


esquema básico dos processos industriais para obtenção dos derivados do petróleo.

Figura 11: Derivados do petróleo após refino

Fonte: ANP, 2008.

43
UNIDADE III │ BIOCOMBUSTÍVEIS E PRODUTOS DERIVADOS

Figura 12: Esquema básico dos processos industriais para obtenção dos derivados do petróleo

A seguir serão apresentados os principais produtos obtidos a partir do petróleo bruto.

»» Gás Liquefeito de Petróleo (GLP): usado para aquecer, cozinhar, fabricar


plásticos. Possui as seguintes características:

›› alcanos com cadeias curtas (de 1 a 4 átomos de carbono);

›› normalmente conhecidos pelos nomes de metano, etano, propano, butano;

›› faixa de ebulição: menos de 40°C;

›› são liquefeitos sob pressão para criar o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo);

»» Nafta: intermediário que irá passar por mais processamento para produzir gasolina.
Possui as seguintes características:

›› mistura de alcanos de 5 a 9 átomos de carbono;

›› faixa de ebulição: de 60 a 100°C.

»» Gasolina: é um dos produtos de maior importância do petróleo. É obtida por


destilação e outros processos na refinaria. Possui as seguintes características:

›› líquido inflamável e volatile;

›› mistura de alcanos e cicloalcanos (de 5 a 12 átomos de carbono);

›› faixa de ebulição: de 40 a 205°C.

Com o propósito de baratear ou aumentar a octanagem da gasolina, são adicionados


produtos não devivados do petróleo como o metanol e o etanol. No Brasil, o teor de
álcool na gasolina é especificado pela Agência Nacional de Petróleo – ANP.

44
Biocombustíveis e Produtos Derivados │ UNIDADE III

»» Querosene: é uma fração intermediária entre a gasolina e o óleo diesel. Esse


derivado é obtido pela destilação fracionada do petróleo cru. O querosene é
largamente utilizado como combustível de turbinas de avião a jato e também de
tratores. É ainda usado como solvente, além de ser material inicial para a fabricação
de outros produtos. Possui as seguintes características:

›› produção de queima isenta de odor e fumaça. Combustível para motores de jatos


e tratores, além de líquido;

›› mistura de alcanos (de 10 a 18 carbonos) e aromáticos;

›› faixa de ebulição: de 175 a 325°C.

»» Gasóleo ou diesel destilado: usado como diesel e óleo combustível, além de ser um
intermediário para fabricação de outros produtos. Possui as seguintes características:

›› líquido;

›› alcanos contendo 12 ou mais átomos de carbono;

›› faixa de ebulição: de 250 a 350°C.

»» Óleo lubrificante: usado para óleo de motor, graxa e outros lubrificantes. Possui
as seguintes características:

›› líquido;

›› alcanos, cicloalcalinos e aromáticos de cadeias longas (de 20 a 50 átomos


de carbono);

›› faixa de ebulição: de 300 a 370°C.

»» Petróleo pesado ou óleo combustível: usado como combustível industrial,


também serve como intermediário na fabricação de outros produtos. Possui as
seguintes características:

›› líquido;

›› alcanos, cicloalcanos e aromáticos de cadeia longa (de 20 a 70 átomos de


carbono);

›› faixa de ebulição: de 370 a 600°C.

»» Resíduos: coque, asfalto, alcatrão, breu, ceras, além de ser material inicial para
fabricação de outros produtos. Possui as seguintes características:

›› sólido;

›› compostos com vários anéis com 70 átomos de carbono ou mais;

›› faixa de ebulição: mais de 600°C.

45
UNIDADE III │ BIOCOMBUSTÍVEIS E PRODUTOS DERIVADOS

Você deve ter notado que todos esses produtos têm tamanhos e faixas de ebulição diferentes. Os
químicos tiram vantagem dessas propriedades ao refinar o petróleo. O processo de refino separa tudo
isso em várias substâncias úteis, e após a finalização desse processo, os produtos são armazenados
no local até que sejam entregues aos diferentes compradores, como postos de gasolina, aeroportos e
fábricas de produtos químicos. Além de fazer produtos baseados no petróleo, as refinarias também
devem tratar os dejetos envolvidos nos processos para minimizar a poluição do ar e da água.

Biogás em substituição a derivados


de petróleo
Com o aumento do preço internacional do petróleo, que mesmo assim nem sempre
esteve disponível, tornou-se necessária a intensificação das pesquisas relativas a
fontes alternativas de energia, de forma que tenham condições de desempenhar
expressivo papel na substituição do petróleo e seus derivados.

Como no presente estágio da economia mundial, os combustíveis fósseis ocupam


substancial parcela no setor energético, a alternativa que se basear em fontes
renováveis terá, em médio e longo prazos, perspectivas decididamente positivas.

O processo de encarecimento progressivo dos combustíveis fósseis irá de forma


progressiva, tornando viáveis outras fontes energéticas hoje consideradas ainda
não econômicas.

A crise energética mundial evidenciou a nossa vulnerabilidade; cerca de 50%


dos nossos derivados de petróleo, nos quais se apoiam praticamente todo nosso
transporte terrestre, marítimo, fluvial e todo aquecimento para fins industriais
dependem exclusivamente do petróleo que existe no Oriente Médio, a mais explosiva
área do mundo. A produção nacional de petróleo não é suficiente para atender a
demanda interna, apontando-nos uma necessidade imediata de se diversificar as
fontes e a natureza dos combustíveis, de modo a garantir a nossa sobrevivência, o
nosso desenvolvimento e a nossa tranquilidade.

Gás metano, nosso combustível doméstico mais limpo e mais barato, praticamente
inesgotável, pois existe em qualquer lixão e esgoto (além de jazidas naturais),
apresenta-se, aqui, como importante alternativa energética, com condições de
desempenhar expressivo papel na substituição do petróleo e seus derivados.

A Segurança do Biogás como


combustível automotivo
O gás metano, principal constituinte do biogás purificado, apresenta consideráveis
vantagens sobre os outros combustíveis em termos de segurança.

Ele é o único gás (com exceção do hidrogênio e do hélio) que apresenta densidade
inferior ao ar (0,555). Isto significa que, em caso de vazamento, ele tende a se dispersar
para a atmosfera, por ser mais leve que o ar, necessitando apenas de ventilação e

46
Biocombustíveis e Produtos Derivados │ UNIDADE III

evacuação. Logo é evitada a perigosa característica de combustíveis líquidos


(gasolina, álcool, diesel) de acúmulo, formando poças.

Outra propriedade relevante são os altos limites de inflamabilidade do metano, 5%


a 15%, o que significa que é necessário um volume maior (em comparação com
outros gases) em mistura com o ar para que haja a combustão.

O gás metano em mistura com o ar deflagra a uma velocidade de 40cm/s sem


detonar, não ocasionando explosões por ondas de choque de altas velocidades.

Ele também apresenta uma temperatura mínima de acendimento (537° C) mais alta
que outros combustíveis (gasolina 280º e GLP 365º). Logo, uma mistura desse gás com
o ar, dentro da faixa de inflamabilidade, só terá ignição espontânea (sem auxílio de calor
externo) se a temperatura ambiente estiver no nível mínimo acima mencionado.

Isso tudo torna a possibilidade de incêndio ou explosão pouco provável, em caso


de vazamento deste gás combustível. Devido às propriedades acima mencionadas,
uma mistura de metano com ar não explode em espaços não confinados, o que não
é o caso dos combustíveis líquidos.

Além disso, os fatos de ser não tóxico e de conter odorizante para facilitar sua
detecção, em caso de vazamentos, contribuem para diminuir os riscos para os
usuários.

Do ponto de vista da conversão dos veículos para uso do gás metano, a tecnologia
desenvolvida no país para os motores ciclo Otto é satisfatória, sendo que para os
motores ciclo Diesel (transporte de passageiros e de carga) o CENPES/Petrobras
desenvolveu um sistema de combustão com uma mistura de 70% de CH4 e 30%
de óleo diesel (composição volumétrica). Esses dois ciclos já foram amplamente
testados e estão em fase operacional normal nas regiões próximas aos postos de
abastecimento.

O Kit de carburação usado na frota da Cemig possui sistema de segurança automático,


que garante a proteção do usuário na operação normal, ou em caso de acidente em
que exista um eventual rompimento na linha de pressão do gás. Nesse caso, todo
o sistema é desarmado automaticamente, fechando totalmente a saída do gás dos
cilindros.

Veículos convertidos para gás natural têm rodado os Estados Unidos desde 1900. A
taxa de incidência de prejuízos por milha rodada pelo veículo para a frota nos EUA
a gás natural é 84% menor que a média nacional para todos os veículos registrados.
Nenhum acidente com vítimas foi registrado nos 434,1 milhões de milhas rodadas
pela frota norte-americana a gás natural.

Os cilindros para armazenar gás metano são mais resistentes do que os tanques de
gasolina, e têm passado por uma larga variedade de testes de uso, incluindo fogo de
artilharia, aquecimento excessivo, fogo, colisões e até dinamite.

47
UNIDADE III │ BIOCOMBUSTÍVEIS E PRODUTOS DERIVADOS

O quadro 10 demonstra o alto grau de segurança na utilização de gás natural em


cilindros para alta pressão dos veículos italianos.

Quadro 10: Grau de segurança na utilização de gás natural

Incidentes por
Ano Circulação Veículos Explosões
1.000 veículos em circulação
1974 407655 104889 6 0,0147
1975 586663 170029 5 0,0085
1976 729174 210753 2 0,0027
1977 761298 229188 1 0,0013
1978 804236 253470 2 0,0024
1979 859807 275756 2 0,0023
1980 922223 304469 2 0,0021
1981 969065 324336 – 0
1982 995626 328187 – 0
1983 1001912 342273 – 0

O Fator Poluição
A poluição do ar nos centros urbanos é em grande parte decorrente das emissões
para a atmosfera de produtos da combustão de derivados de petróleo (óxido de
enxofre, vanádio, fuligem, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio).

A combustão do metano com excesso de ar é completa, liberando como produtos


apenas o dióxido de carbono e o vapor de água, componentes não poluentes
e não tóxicos. O uso deste energético no setor de transporte de passageiros e de
carga, além de contribuir sensivelmente na redução dos poluentes emitidos para a
atmosfera, irá substituir o óleo diesel nos veículos, o que implica uma economia de
divisas, pois este combustível é em grande parte importado.

Disponível em: <http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema003/gasosos/biogas/substitu.htm>.

48
Para (não) finalizar

A descoberta de um campo de petróleo tem poder para mudar as características socioeconômicas


da região. No Brasil, um dos casos mais evidentes é a cidade de Macaé, no litoral norte do Rio de
Janeiro, que se transformou em base da produção do petróleo em alto-mar. Nos últimos 10 anos, a
economia do município aumentou 600%; a população, de 60 mil habitantes, em 1980, saltou para
170 mil habitantes, em 2008, e a cidade transformou-se em polo regional. Foi o resultado tanto
do pagamento de royalties pelas petrolíferas quanto do aquecimento de atividades decorrentes da
prospecção do petróleo – valorização imobiliária, aumento de vendas do comércio, investimentos
públicos municipais, entre outras.

No entanto, tão acentuado quanto os efeitos socioeconômicos é o impacto ambiental. Em terra, a


exploração, a prospecção e a produção podem provocar alterações e degradação do solo. No mar, além
da interferência no ambiente, há a possibilidade da ocorrência de vazamentos do óleo, o que coloca em
risco a fauna e a flora aquática. Por isso, a cadeia produtiva do petróleo tende a ser submetida a uma
forte legislação ambiental.

Na etapa de combustão dos derivados – seja para a geração de energia elétrica, seja para utilização nos
motores – o maior fator de agressão é a emissão de gases poluentes, responsáveis pelo efeito estufa.
Assim, desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, nos anos 1990, os grandes consumidores vêm sendo
pressionados a reduzir a dependência do petróleo e, em consequência, o volume de emissões. No entanto,
países como Estados Unidos, que assinaram o protocolo, mas não o ratificaram, evitam-se comprometer
com metas mensuráveis.

Atualmente, essas questões ambientais estão entre os principais limitadores da expansão de usinas
termelétricas movidas a derivados de petróleo. De outro lado, constituem-se no impulso para o
desenvolvimento de mecanismos e tecnologias que atenuem ou compensem o volume de emissões.

Um dos mecanismos em fase de consolidação mundial é o mercado de crédito de carbono (ou


Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL), pelo qual o volume de emissões é compensado
pela aquisição de títulos de projetos ambientais realizados por terceiros. Outro é o desenvolvimento
de tecnologias específicas para redução das emissões.

Nesse caso, um dos mais modernos e principais sistemas é o de dessulfurização (eliminação do


enxofre) de gases. No entanto, dado o elevado custo de sua implantação, ainda não é utilizado nos
países que concentram 90% da capacidade mundial de produção de energia elétrica a partir de
derivados, conforme registra o Plano Nacional de Energia 2030.

Esses países são Japão, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, França, Espanha, Canadá e Alemanha.

O tema, pelo interesse que desperta, merece maiores estudos. Continue focado no
assunto.

Sucesso!

49
Referências
CARVALHO, R. S.; ROSA, A. J. Previsão de Comportamento de Reservatórios de Petróleo.
Rio de Janeiro: Interciência, 2002.

CHAGAS, A. P. A História e a Química do Fogo. São Paulo: Átomo, 2006.

DE CAMPOS, M. C. M. M.; TEIXEIRA, H. C. G. Controles Típicos de Equipamentos e


Processos Industriais. São Paulo: Edgard Blucher, 2006.

DE MORAES, M. A.; FRANCO, P. S. S. Geopolítica: Apocalipse do Século XX. São Paulo: Átomo,
2000.

DE ALBUQUERQUE, E. S. Geopolítica do Brasil: a Construção da Soberania Nacional. São


Paulo: Atual, 2006.

DIAS, Danilo de Souza; RODRIGUES, Adriano Pires. Petróleo, livre mercado e demandas
sociais. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1994.

DOS SANTOS, E. M. Gás Natural: Estratégias para uma Energia Nova no Brasil. São Paulo:
Annablume, 2002.

HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M. Energia e Meio Ambiente. São Paulo: Thomson Learning,
2003.

KNOTHE, G.; KRAHL, J.; GERPEN, J. V. et al. Manual de Biodiesel. São Paulo: Edgard Blucher,
2006.

Lei no 2.004/1953 – Lei no 2.004, de 3 de outubro de 1953.

Lei no 8.478/1997 – Lei do Petróleo, de 6 de agosto de 1997.

MACHADO, J. C. V. Reologia e Escoamento de Fluidos: Ênfase na Indústria do Petróleo. Rio


de Janeiro: Interciência, 2002.

MINADEO, Roberto. Petróleo, a maior indústria do mundo. Rio de Janeiro: Thex Editora,
2002.

PINTO, J. M. Planejamento e Programação de Operações de Produção e Distribuição


em Refinarias de Petróleo. Tese 160 p. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2000.

ROSA, A. J.; CARVALHO, R. S.; XAVIER, J. A. D. Engenharia de Reservatórios de Petróleos.


Rio de Janeiro: Interciência, 2006.

SARACENI, P. P. Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados. Rio de Janeiro: Interciência,


2006.

50
Referências

SEBBEN, F. D. O. Secessão Boliviana: Um Estudo de Caso sobre Conflito Regional. In: Democracia
em Debate: I Seminário Nacional de Ciência Política da UFRGS, 2008, Porto Alegre.

SHAH, Sonia. A História do Petróleo. Porto Alegre: L&PM Editores.

SUAREZ, M. A. Petroquímica e Tecnoburocracia. São Paulo: Hucitec, 1986.

SYMNETCS, D. K.; COUTINHO, A. R. Gestão da Estratégia. São Paulo: Campus, 2005.

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

UNGER, Craig. As famílias do petróleo. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Sites
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Disponível em: <www.aneel.gov.br>.

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Disponível em <www.anp.


gov.br>.

BP Global. Disponível em <www.bp.com>.

Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Disponível em: <www.epe.gov.br>.

International Energy Agency (IEA). Disponível em: www.iea.org

Petrobras. Disponível em: <www.Petrobras.com.br>.

51

Você também pode gostar