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1- Primeira intervenção no cotidiano escolar

Neste capítulo apresento um relato das atividades desenvolvidas no primeiro


semestre de 2018, na disciplina estágio supervisionado para formação de
professores II do curso de História.
As atividades do estágio foram realizadas na escola municipal Maria de Lourdes
de Lima, localizada na rua ... e foram iniciadas no dia 19 de Abril e finalizadas
no dia 14 de junho deste ano. Foram cinco visitas para o trabalho de observação
e monitoria n turma “b” do 9º ano do ensino fundamental da referida escola e
uma visita para a aplicação da intervenção, na mesma turma.
Relato da primeira visita para observação/monitoria

No dia 19 de Abril fui à escola para o primeiro dia de monitoria. É


importante destacar que está não é a mesma escola que realizei o estágio I, a
mudança de escola foi necessária devido às greve dos docentes do estado do Rio
Grande do Norte.
Nesta primeira visita para a monitoria eu já tinha em mãos todas as vias
do termos de compromisso assinadas e a escola (coordenador e professor de
história) já tinham conhecimento de como seriam as minhas atividades no
ambiente escolar, coisas que foram acertadas em uma visita prévia ao local do
estágio.
Uma dificuldade na execução das atividades foi os docentes do
município de São Gonçalo também estarem em greve e, portanto, a escola estava
trabalhando com um horário provisório e com o número de aulas reduzido. Isto
tornou difícil acompanhar as mesmas disciplinas durante o período da monitoria,
e diante disto dei preferência por estar na escola no dia que sabia que haveria
aula de história.
Neste primeiro dia cheguei às 7:00 horas da manhã, as das primeiras
aulas no 9º ano B seriam de História seguida por uma de geografia. Acompanhei
o professor de história até a sala, ele me apresentou a turma é me explicou que a
escola estava em programa de revisão pois na semana seguinte seria semana de
provas. O assunto revisado foi historia do Brasil República e Revolução
Industrial; o professor fez um estudo dirigido, ele escreveu as questões no
quadro, os alunos deveriam copiar no caderno e responder com base nas aulas
passadas e com a ajuda do livro didático. Uma coisa que chamou atenção é na
escola os alunos não podem levar o livro didático que é fornecido de forma
gratuita para casa, os livros permanecem na escola, todas as salas possuem
armários onde são guardados os livros de todas as disciplinas e os alunos de
todos os turnos utilizam o mesmo livro. Julgo que está prática compromete os
estudos dos alunos, que não possuem recursos para estudar em casa e prejudica o
processo de desenvolvimento dos mesmos, além de deixar o professor refém de
copiar assunto ensinado sempre no quadro.
O professor pediu que o ajudasse a distribuir os livros entre os alunos e também
que os ajudasse a responder o estudo dirigido, notei que para os alunos a leitura
ainda é uma grande barreira, sendo inúmeras as dificuldades de entender o que
está sendo pedido que eles façam, dificuldades com a interpretação do texto e
execução da atividade. Ajudei os alunos com a atividade, esclarecendo dúvidas e
ajudando na interpretação do textos, durante o processo fui observando a
interação dos alunos entre si, percebi que são bastante colaborativos e trabalham
em grupo mesmo quando a atividade é individual. No final da aula, o professor
recolheu os livros, fez a chamada e reforçou que os alunos estudassem para a
prova a partir do estudo dirigido e das anotações feitas nas aulas. Quando o
professor se despediu da turma eu continuei na sala aguardando a professora de
geografia.
Na aula de geografia a professora não me deu abertura para a monitoria, então
fiquei a sala apenas observando. Ela fez a chamada no início, explicou como
seria a prova mas não fez revisão do conteúdo estudado. O horário inteiro os
alunos ficaram sem atividades, apenas conversando na sala esperando passar o
tempo. Após a aula de geografia os alunos foram liberados para casa devido ao
horário de funcionamento reduzido fruto da greve. Saí da escola às 9:30.

Relato da segunda visita para observação/monitoria

A minha segunda visita para monitoria foi no dia 26 de Abril, novamente


cheguei às 7:00 horas e me dirigi a sala dos professores para encontrar o
professor de história, ele me explicou que por ser semana de provas, cada
professor era responsável por uma turma onde deveria aplicar as provas de
todas as disciplinas no decorrer da semana, a professora de português era a
tutora do 9º ano B, a turma que acompanhei, portanto segui com ela para a sala.
Neste dia foi aplicado na turma as provas de história e de química.
A professora foi muito receptiva a minha presença na sala e solicitou ajuda para
organizar os alunos nas filas e a distribuir as provas. Primeiro foi aplicado a
prova de história, senti falta de ser feito a leitura prévia da prova junto aos
alunos para sanar possíveis dúvidas, principalmente por saber que os mesmos
possuem dificuldades com a interpretação na leitura. A prova foi muito parecida
com a atividade de revisão feita na aula anterior e os alunos se sentiram à
vontade de solicitar minha ajuda diversas vezes, o que para mim foi bastante
satisfatório pois não fiquei apenas observando, mas pude participar ativamente
na aplicação da avaliação. Logo após a prova de história foi aplicada a prova de
química, mais umas às dificuldades de leitura comprometeu o desempenho dos
alunos na prova, além de dificuldades com operações básicas de matemática. A
professora mais uma vez não leu a prova com os alunos e nós duas fomos muito
solicitadas para tirar dúvidas.
Um ponto curioso e que considero importante relatar foi o momento em que um
aluno pediu que a professora ensinasse a operar um cálculo de divisão ela
respondeu que não faria mas me deu a liberdade de fazer, caso eu quisesse, então
interrompi a prova por alguns minutos e ensinei a turma como fazer um cálculo
de divisão e expliquei como responder a questão que a turma estava tendo mais
dificuldades. Os alunos que terminavam a prova eram liberados para ir embora,
o último aluno saiu da sala às 10:00, foi o horário que eu também deixei a
escola.

Relato da terceira visita para observação/monitoria

Voltei a escola para dá continuidade ao estágio no dia 10 de Maio, novamente


cheguei às 7:00 horas, neste dia houve uma mudança no horário devido ao
horário provisório de período de greve e fui informada pelo professor de história
que ele estaria na sala apenas em um único horário e desempenhando a função
de professor de ensino religioso, portanto nesta terceira visita não acompanhei
aula de história. As duas primeiras aulas foi de geografia, a professora começou
um novo assunto, a aula se resumiu a copiar os tópicos da nova matéria no
quadro, os alunos reclamaram bastante alegando que era muita coisa para copiar.
Após copiar tudo ela fez a chamada e deixou os alunos bastante a vontade, não
houve exposição do assunto mais uma vez ela não me deu abertura para
participar da aula, então fiquei apenas observando.
O terceiro tempo foi aula de ensino religioso, a aula foi uma conversa em tom
informal entre o professor e os alunos sobre intolerância religiosa, os alunos
participaram bastante, dando depoimentos de já ter sido vítimas de intolerância,
tirando dúvidas e se mostraram muito abertos ao debate democrático.
Particularmente achei surpreendente a posição dos alunos frente ao tema o
quanto eles gostaram da aula. Nesta aula participei fazendo a chamada dos
alunos. Mas uma vez os meninos foram liberados com o fim do terceiro tempo.
Saí da escola às 10:00 horas.

Relato da quarta visita para observação/monitoria

Por motivos de saúde só pude voltar a escola no dia 6 de Junho, cheguei às 7:15
e me dirigi direto para a sala de aula, neste dia deveria haver aula de química e
história. As duas primeiras aulas foram de química, a professora ainda não me
conhecia, então me apresentei a ela e expliquei sobre o estágio de monitoria
dizendo que estava acompanhando a turma. Ela se mostrou indiferente a minha
presença e participei da aula apenas como observadora.
O assunto era substâncias simples e compostas e ligações químicas, ela fez um
estudo dirigido, copiando as questões no quadro, os alunos deveriam usar o livro
didático para responder. O estudo dirigido Valéria 1,0 para ajudar a recuperar as
notas baixas da prova. A aula seguiu normal, os alunos bastante calmos se
juntaram em duplas para responder a atividade.
Me chamou atenção um momento em que um aluno pediu que a professora
explicasse sobre a crise dos combustíveis que o país estava passando e a greve
dos caminhoneiros, os alunos ficaram curiosos mas resposta da professora foi
insatisfatória, chegando a mesma a se negar falar sobre o assunto alegando que
era aula de química. Os alunos voltaram para o estudo dirigido que deveria ser
entregue ao fim da aula, a professora não fez chamada e liberou os alunos a
medida que iam entregando a atividade.
Ao fim da aula de química fui informada que não haveria mais aula pois os
professores estavam sendo convocados para uma reunião. Me dirigi a
coordenação para saber se poderia participar da reunião mas fui informada que
seria restrita apenas para os professores, diante disto deixei a escola às 9:00
horas.

Relato da quinta visita para observação/monitoria

A quinta e última visita para monitoria foi dia ____ , cheguei a escola às 9:00
horas, neste dia em especial fui apenas apara acompanhar as aulas de história
visto que nas duas visitas anteriores houve ocorreu a alteração do horário e o
cancelamento da aula para reunião de professores. Eu fui avisada previamente
pelo professor de história que ele estava trabalhando com os alunos 1ª Guerra
Mundial, Período entre guerras, Crise de 29 e 2ª Guerra Mundial, e falou que os
alunos apresentariam seminários neste dia. Eu já estava preparando a minha
intervenção pensando neste tema e considerei importante ver o quanto os alunos
conseguiram apreender sobre a temática com as aulas do professor e a
apresentação do seminário.
Esta aula foi na sala de audiovisual e os alunos levaram slides para apresentação
dos trabalhos. A turma foi dividida em seis grupos de cinco componentes, dois
grupos apresentaram a 1ª Guerra Mundial, dois grupos apresentaram o período
entre guerras e os dois últimos apresentaram a 2ª Guerra Mundial.
Assisti a apresentação de todos os grupos, achei os alunos desorganizados,
confusos com os temas e muitos deles desinteressados. No fim da a apresentação
professor falou rapidamente o que havia achado dos grupos e me deu a
oportunidade de falar com a turma. Eu agradeço a eles pela colaboração com a
minha monitoria expliquei que no dia seguinte faria a intervenção e eles teriam
portanto uma aula especial comigo e o professor de história, expliquei como
seriam as atividades e todos parecerem bastante envolvidos embora
decepcionados quando expliquei que não valeria nota, que as atividades faziam
parte do meu estágio e que eu estaria sendo avaliada, falei da importância deles
participarem das atividades pois usaríamos o tema da guerra para trabalhar a
importância da mulher sociedade. Após minha fala o professor liberou os alunos
e fomos todos pra casa. Saí a escola às 11:30.

A intervenção na escola Maria de Lourdes de Lima

Meu processo de planejamento da intervenção começou a partir de inquietações


que foram surgindo na sala de aula provocadas pela omissão dos professores em
desenvolver debates que provoquem um pensamento crítico nos alunos e
promovam a cidadania, ficando desta forma todos presos ao ensino tradicional
referente às suas respectivas áreas de conhecimento. Nas aulas de história
especificamente, notei o professor muito apegado à historiografia tradicional,
sem questionar a posição posta pelo livro didático, mas apenas repetindo
informações para os alunos. Decidi trabalhar questões de gêneros e identidade
feminina a partir da temática estudada nas aulas de história oral por entender que
a história quanto disciplina escolar tem como função a promoção da cidadania,
como afirma Idonir Ecco (2007)
A provocação desafiadora consiste em possibilitar, exercitar efetivamente relações, conexões
entre o presente o passado, enriquecendo assim o conhecimento docente e discente. Segundo
Hobsbawm (1998) é inevitável e indispensável efetivar relações, comparações entre diferentes
tempos e espaços históricos, no procedimento da abordagem do estudo da história. (Ecco, 2007,
p.126)
Cheguei a escola no dia 14 de junho as 7:00 horas para iniciar a intervenção, às 7:1já estávamos
todos na sala. Para iniciar as atividades, pedi que os alunos se dividissem em grupos de cinco
componentes, sala é composta por trinta alunos e estavam todos presentes, trabalhei com os seis
grupos formados durante toda a intervenção. No primeiro momento a intenção era provocar e
estimular o pensamento dos alunos e para isso distribui folhas de papel entre os grupos e pedi
que cada grupo escrevesse duas palavras que eles associavam às mulheres, expliquei que
deveriam escrever palavras que para eles eram diretamente associadas ao feminino, depois eles
deveriam escolher um voluntário do grupo para explicar posição do grupo na escolha das
palavras. Notei que nos grupos que possuíam mais meninas na formação surgiram palavras
como “força” e “determinação” e nos grupos com maioria meninos as palavras comuns eram
“maquiagem” “sapatos” e “beleza”. A ideia era provocar a criticidade sobre os rótulos que a
sociedade impõe a mulher e esse primeiro momento gerou um bom debate entre todos, fiquei
muito satisfeita com a participação dos meninos.
Após esse primeiro momento distribui entre os grupos a letra da música Mulheres de Atenas do
compositor Chico Buarque, fiz a leitura com os alunos, esclareci o significado das palavras que
para eles eram desconhecidas e propus que respondessem algumas questões postas no quadro
que os ajudariam a interpretar a música. Este momento houve alguma resistência de alguns
alunos que não queriam fazer o exercício de interpretação, como eu já sabia que esta era uma
dificuldade da turma, expliquei que não havia certo ou errado, e que estávamos lá para
construirmos juntos o conhecimento, por fim eles cederam e todos participaram deste segundo
momento.
Conduzi ao trabalho de interpretação da letra da música até chegar na questão “qual papel a
mulher desempenha na sociedade ao longo da história?” fazendo os alunos refletirem por qual
motivo as mulheres não aparecem nos livros didáticos como protagonistas, ou porque aparecem
pouco, debati com eles como essas construções de discursos históricos se refletem no cotidiano
da mulher comum. Para fechar esse pensamento, propus a leitura de fontes orais relatando a
participação de mulheres russas na 2ª Guerra Mundial. Antes de distribuir as fontes impressas,
fiz uma pequena revisão do conteúdo, lembrando todo o contexto dadas guerras e o desfecho da
segunda, fiz essa revisão na forma tradicional, desenhei um mapa de parte da Europa no quadro,
falei dos governos totalitários e o combate ao nazi-fascismo. Questionei os alunos o que está
pensavam que as mulheres estavam fazendo durante tudo isso, as respostas em geral era de que
as mulheres estavam sempre refugiadas esperando os filhos e maridos, partindo dessas respostas
distribui as fontes orais, o grupo trabalhou a leitura das fontes e novamente responderam
questões que estavam escritas no quadro.
Essas três etapas tiveram a duração das três primeiras aulas, às 9:30 os alunos foram para o
intervalo e eu permaneci na sala. O intervalo tem duração de 20 minutos, mas só consegui
retomar as atividades às 10:00, após os alunos se acalmarem e retomarem seus lugares na sala.
Nesta etapa da intervenção, a proposta foi a produção de cartazes com propagandas
promovendo a igualdade de gênero dentro da escola. Levei todo o material utilizado para
desenvolver essa atividade, cartolinas, canetas, tintas etc. Para facilitar a produção saímos da
sala e seguimos para o refeitório da escola, lugar que os alunos teriam um melhor apoio com
mesas grandes. Os alunos seguiram com calma para o refeitório e fiquei muito satisfeita com a
participação de todos, e principalmente satisfeita com o trabalho em grupo que desenvolveram.
Às 11:30 retornamos para a sala de aula, cada grupo apresentou o seu cartaz e falou um pouco
sobre a importância de se promover a igualdade na escola através das aulas. Os cartazes foram
presos nas paredes da sala cozinha fitas adesivas.
Ao final agradeci a turma pela participação e colaboração com o meu trabalho, agradeci ao
professor e todos foram dispensados. Saí da escola às 12:00 horas.

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