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Biodiversidade no Brasil
João Renato Stehmann, Marcos Sobral
e mamíferos, têm uma riqueza global catalo- fósseis. Restaram três ou quatro linhagens,
gada de 62 mil espécies, podendo ser consi- sendo o grupo das coníferas, que inclui os
derados um dos grupos mais bem estudados. pinheiros e os ciprestes, o mais diversificado,
Os peixes abarcam metade da diversidade do abarcando cerca de 600 espécies. As angios-
grupo, com mais de 31 mil espécies descri- permas têm como caracteres únicos flores e
tas, seguidos das aves, com 10 mil espécies. frutos, inovações evolutivas que ajudaram
Ainda em relação aos cordados, projeções a garantir o sucesso do grupo. Duas linha-
indicam que se conhece apenas um terço da gens, as eudicotiledôneas e as monocotiledô-
riqueza dos anfíbios, grupo que precisa ser neas, são as mais diversificadas e dominam
mais bem investigado.15 a cobertura vegetal terrestre. Em termos de
Para plantas (excluindo algas), há um riqueza, são destaques as famílias Asterace-
catálogo global que registra mais de um mi- ae (23.000 espécies), Orchidaceae (19.500
lhão de nomes e cerca de 350 mil espécies espécies), Fabaceae (18.000 espécies) e
aceitas, sendo a maior riqueza encontrada Poaceae (9.700 espécies). O último grupo,
nas angiospermas (304.000), seguida das também conhecido como gramíneas, é extre-
briófitas (20.000), pteridófitas (13.000) e gi- mamente importante na alimentação huma-
mnospermas (1.000).16 Parte da lista não foi na, pois está presente em 70% da superfície
ainda conferida por taxonomistas, podendo cultivada do planeta e fornece metade das
haver diversos sinônimos passíveis de serem calorias consumidas.18
excluídos. Entender como a Biodiversidade se dis-
As briófitas são plantas avasculares (i.e., tribui no planeta tem sido o objeto de estudo
sem tecidos vasculares condutores de líqui- da área da ciência chamada de Biogeografia.
dos e nutrientes) que costumam crescer em Sabe-se que a riqueza não se distribui uni-
locais úmidos e originadas provavelmente há formemente como consequência de padrões
mais de 400 milhões de anos, representando e processos evolutivos dos seres vivos e de
o grupo-irmão do restante das plantas terres- cada região. Também se sabe que a Biodi-
tres, do qual é provável que as linhagens de versidade terrestre é mais bem documentada
plantas vasculares derivaram. Três linhagens do que a marinha, que espécies maiores são
de briófitas são reconhecidas: os musgos, as
mais bem conhecidas do que as menores e
hepáticas e os antóceros, sendo os primeiros
que muitas das espécies novas descritas em
os mais ricos, com cerca de 12,7 mil espé-
geral possuem distribuição restrita (endêmi-
cies.17 Os demais grupos de plantas terres-
cas), “nascendo” já em risco de extinção.14
tres, as pteridófitas, gimnospermas e angios-
permas, diferem das briófitas pela presença
de tecidos vasculares em sua estrutura, sen- Quantas espécies existem
do chamados coletivamente de plantas vas- no Brasil?
culares. As pteridófitas têm duas linhagens
distintas: as licófitas e as monilófitas, estas O Brasil é considerado um país megadiverso,
últimas correspondendo em grande parte com uma biota estimada entre 170 e 210 mil
às samambaias, o grupo mais diversificado, espécies, o que corresponde a cerca de 13%
com cerca de 12 mil espécies. As pteridófitas da riqueza mundial.19 Esses números devem
não produzem sementes, o que as distingue ser analisados com cautela, tendo em vista a
primariamente das gimnospermas e angios- dimensão do território nacional (mais de 8,5
permas. milhões de quilômetros quadrados), a com-
As gimnospermas tiveram seu apogeu no plexidade dos ecossistemas e a desigual do-
passado, mas muitos grupos foram extintos e cumentação científica existente, concentrada
são conhecidos somente a partir de registros nas Regiões Sudeste e Sul.
Quadro 1.1 Número de espécies de plantas registradas para o Brasil, com indicação do
número e percentual de endêmicas e ameaçadas de extinção24-26
Grupos Espécies Espécies endêmicas Espécies ameaçadas
Briófitas 1.554 304 (19,6%) 17 (1,1%)
Licófitas e samambaias 1.253 460 (36,7%) 94 (7,5%)
Gimnospermas 23 2 (8,7%) 4 (17,4%)
Angiospermas 32.086 18.421 (57,4%) 1.998 (6,2%)
TOTAL 34.916 19.187 (55%) 2.113 (6,0%)
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sistematas vegetais, mas tem dominado a li- Lineu tem nomes científicos dados por ele.
teratura zoológica.1 Dentre os diversos con- Muitos animais conhecidos na época tam-
ceitos de espécie (ver Judd e colaboradores1), bém receberam nomes de Lineu.
pode-se destacar o conceito morfológico de
espécie, baseado em critérios anatômicos e
morfológicos, e o conceito filogenético de es- Nomes científicos para
pécie, com base na reconstrução da história organismos vivos
evolutiva das populações.2
Os nomes científicos para algas, fungos (in-
cluindo líquens), plantas avasculares e vascu-
Histórico lares são regidos pelo Código Internacional
de Nomenclatura para algas, fungos e plan-
Ao longo da história, cada grupo humano tas.5 Para os nomes científicos de animais,
deu aos organismos vivos nomes que pu- são observadas as regras descritas no Código
dessem ser utilizados por todos dentro do Internacional de Nomenclatura Zoológica.6
grupo, facilitando a convivência. Esses no- Para os demais organismos vivos, os proca-
mes são considerados populares e variam riontes, são considerados atualmente dois
entre os grupos étnicos, que podem até ter grupos distintos, Bacteria e Archaea. O Co-
diferentes línguas ou dialetos. Cada grupo mitê Internacional de Sistemática de Proca-
tem uma vivência com os organismos encon- riotes, responsável pelo Código Internacio-
trados no seu ambiente, podendo chamar a nal de Nomenclatura de Bactérias,7 indica
mesma espécie por diferentes nomes. Nomes as regras de nomeação desses organismos,
populares, comuns, vulgares ou vernaculares bastante semelhantes às normas do Código
são regionais e não recebem importância, Internacional de Nomenclatura Zoológica.
de modo geral, nos trabalhos taxonômicos.
Os três códigos de nomenclatura bio-
Contudo, eles são úteis e importantes em
lógica mencionados têm em comum, com
trabalhos etnobiológicos como fonte de in-
exceção da citação de autores, os seguintes
formações sobre a cultura ou vocabulário de
princípios básicos:
uma população, podendo dar indícios sobre
a utilização popular das espécies. • O nome científico é sempre um binômio
Apenas em 1753, Carl von Linné – mé- escrito em latim ou em palavras ou no-
dico e naturalista sueco, cujo nome foi la- mes latinizados.
tinizado para Carolus Linnaeus, também • A primeira palavra do binômio científico
conhecido como Carl Linnaeus e, no Brasil, corresponde ao gênero e deve ser escrita
como Lineu – publicou, em dois volumes, a com letra inicial maiúscula; a segunda
obra Species Plantarum,3 a qual é o ponto palavra corresponde ao epíteto específi-
de partida para a validação dos nomes cien- co para uma espécie determinada, a qual
tíficos para espécies de plantas. Em 1758, deve concordar gramaticalmente com o
Lineu publicou a décima edição do Systema nome do gênero e ser escrita com letra
Naturae,4 ano considerado como inicial na inicial minúscula.
nomenclatura zoológica. Desde então, todos • O binômio científico de algas, fungos e
os nomes de organismos vivos publicados, plantas deve ser acompanhado do nome
obedecendo ao formato iniciado por Lineu, do seu autor, isto é, da pessoa que descre-
tornaram-se nomes conhecidos internacio- veu a espécie e nomeou o epíteto especí-
nalmente, facilitando a comunicação entre fico; quando há dois nomes de autores,
os pesquisadores. É interessante notar que eles são mencionados com um “et” ou
a grande maioria das plantas comestíveis e “&” entre eles, e, no caso de mais auto-
medicinais utilizadas na Europa na época de res, é permitido o uso de “et al.”. Nomes
estudo por parte do U.S. National Cancer tados devem ser colocados entre duas lâminas
Institute, tendo sido alguns dos resultados de material resistente e duro, como, por exem-
divulgados nos meios de comunicação. Tal plo, madeira. A essas lâminas dá-se o nome de
divulgação fez com que cascas dos troncos prensa, cuja função é manter o material cole-
das árvores dessa espécie fossem arrancadas tado apertado entre os papéis e papelões, de
indiscriminadamente, provocando a morte modo que, quando os ramos secarem, folhas
de numerosos indivíduos na Mata Atlântica, e flores permaneçam perfeitamente distendi-
nas matas adjacentes ao Rio Paraná e mesmo das. A prensa, quando colocada em uma estu-
nas cultivadas em parques ou em arboriza- fa para acelerar o processo de secagem, deve
ção urbana (Bordignon, observação pessoal). ser bem amarrada com uma corda ou cinta
A herborização do material destinado à resistente. Se o processo de secagem escolhido
identificação e conservação como material for o natural, o papel-jornal deve ser trocado
testemunho é o processo de preparação do todos os dias, e a prensa deve ficar em local
material coletado para preservá-lo em uma arejado.
coleção de plantas denominada herbário. Cada espécie vegetal tem um tempo de
O nome que se dá à planta herborizada e secagem diferente que depende da quanti-
acondicionada em uma pasta ou folha de pa- dade de água existente na planta. Plantas
pel é exsicata. Essa palavra deriva da palavra suculentas (crassas, carnosas), como cactá-
latina exsicco, que quer dizer “secar”. ceas, crassuláceas e algumas euforbiáceas e
A preparação das exsicatas inicia-se com a asteráceas, entre outras, exigem um preparo
coleta, tomando-se o cuidado de coletar plan- diferenciado devido à grande quantidade de
tas que contenham estruturas reprodutivas, água que existe em seus tecidos. Além do
como flores ou frutos, o que facilita a identifi- cuidado com o tempo de secagem, é impor-
cação. Plantas de pequeno porte, como ervas, tante etiquetar cada planta com um núme-
são coletadas inteiras, inclusive com raízes. ro de referência ou com os dados de coleta,
Plantas maiores do que cerca de 40 cm, mas anexados em uma etiqueta ou registrados em
não mais do que 80 cm, podem ser coletadas um caderno de coleta, constando, no papel-
inteiras, sendo dobradas ou divididas em duas -jornal, apenas o número correspondente.
ou três porções menores, que serão mantidas Quando o material estiver seco, procede-
na mesma exsicata. De arbustos e árvores cor- -se ao preparo da exsicata. A folha ou pasta
tam-se porções terminais dos ramos, com cer- com que se faz uma exsicata tem, em regra,
ca de 30 cm, onde se encontram as flores e/ou o tamanho de um jornal tabloide (aproxima-
frutos. Se a parte da planta utilizada não for damente 30 x 40 cm), devendo ter uma tex-
aquela da coleta para identificação, mas sim tura similar a do papel-cartolina. O material
a casca do caule, por exemplo, é importante coletado e secado é preso nesse papel espe-
anexar uma amostra dela na exsicata. cial com fita adesiva, cola ou linha e agulha,
Os ramos ou plantas inteiras são então dependendo das normas do herbário em que
colocados entre várias folhas de papel absor- será depositado. Fungos e algas macroscópi-
vente, como, por exemplo, jornal, procuran- cas podem ser preservados em exsicatas, en-
do-se estender as folhas e flores para que não velopes, pequenas caixas ou em via líquida,
fiquem dobradas ou enrugadas. Dois ou três dependendo do porte e das características de
conjuntos de papel-jornal contendo ramos de cada espécie. Já fungos e algas microscópi-
plantas devem ser separados por cartões de cas são preservados em lâminas permanentes
papelão, os quais também podem ser separa- perfeitamente identificadas e acondicionadas
dos por folhas de alumínio fino e ondulado, em coleções separadas nos herbários, assim
que facilitam a passagem de ar quente entre como grãos de pólen, esporos e outras estru-
os conjuntos. Todos os conjuntos assim mon- turas muito pequenas.
O registro é parte importante de uma duplicatas. Elas podem ser distribuídas para
coleta. Inicia-se no campo, quando se ano- outros herbários, garantindo a perpetuação
tam os dados necessários em uma caderneta do material-testemunho.
de campo, e continua no herbário, quando as A identificação deve ser confiável, per-
anotações são anexadas à exsicata. À direita mitindo a reprodução de novas investiga-
e na porção inferior da pasta é colada a eti- ções com a mesma espécie mediante novas
queta de coleta, a qual deve conter todas as coletas e comparação com o material tes-
informações referentes à planta, como nome temunho. Plantas de regiões onde a Biodi-
científico, família botânica, nome popular versidade é muito grande, como a Mata
(quando conhecido), local exato da coleta Atlântica, o Cerrado Brasileiro e a Flores-
com coordenadas geográficas (utilizando-se ta Amazônica, são mais difíceis de identi-
GPS, Global Position System), bem como ficar do que plantas onde a vegetação tem
data da coleta, nome do coletor e seu nú- um número pequeno de espécies diferentes,
mero de coleta. Esses dados são necessários situação em que a consulta à bibliografia e
para que se possa coletar a mesma espécie no a comparação com material de herbário ge-
mesmo local e em data aproximada, quando ralmente são mais fáceis. Espécies oriundas
desejado. Também é importante que seja re- de outros países ou continentes, cultivadas
gistrado o nome do botânico que identificou como medicinais ou ornamentais – bem
a espécie, além de dados não mais visíveis como aquelas que ocorrem de forma espon-
na planta seca, como cor das folhas e flores, tânea e que sofreram hibridizações, como as
aroma, entre outros. do gênero Mentha –, são, com frequência,
Dados referentes ao ambiente, tipo de difíceis de identificar.
vegetação, hábito, porte da planta, altitude Para a identificação correta de uma es-
e outros devem ser acrescentados. Quando pécie, além da comparação com material já
o objetivo da coleta é um levantamento et- determinado por especialistas em herbário, é
nobotânico ou etnofarmacológico, todos os necessária uma ampla revisão bibliográfica.
dados obtidos referentes ao uso popular da A literatura mais confiável é a monografia
espécie devem ser registrados. Se o objetivo do gênero, tribo ou família. Quando não
é o de estudos em farmacologia, farmacog- existente, pode-se recorrer a floras da região,
nosia, fitoquímica, agronomia ou biotecno- Estado ou outras unidades, como parques
logia, deve-se referir na etiqueta que aquele e reservas biológicas. Em uma monografia
material é testemunho para o trabalho ou ou em uma flora são encontradas chaves de
projeto específico. Também é obrigatório identificação das espécies, que facilitam a de-
que, nas publicações científicas, o número terminação do material coletado. Além disso,
do coletor e/ou herbário, além da sigla do tais publicações contêm descrições e quase
herbário onde o material testemunho (vou- sempre ilustrações das espécies. Nem sempre
cher) foi depositado, sejam mencionados; todas as espécies de uma família constam nas
esse herbário deve ser indexado no Index monografias, pois às vezes o autor não teve
Herbariorum,21 devendo fazer parte das acesso a todas as coletas da região estudada
instituições denominadas Fiéis Depositárias ou, frequentemente, a monografia foi elabo-
do Patrimônio Genético, que são institui- rada sem que o autor tivesse oportunidade
ções credenciadas pelo Conselho de Gestão de conhecer a flora da região, trabalhando
do Patrimônio Genético (CGEN), um órgão apenas com plantas herborizadas coletadas
do Ministério do Meio Ambiente. Quando por outras pessoas. Por isso, a identificação
é possível preparar mais de uma exsicata de feita por botânicos que tenham profundo co-
uma mesma espécie, de ramos retirados da nhecimento sobre a flora da região é de fun-
mesma planta, as exsicatas são consideradas damental importância.
quais devem constar todos os dados am- • A coleta de organismos vivos (definidos
bientais e de localização, como descrito para como organismos ou partes destes, en-
plantas. Além disso, é importante registrar globando plantas, algas, fungos, animais
características próprias de cada organismo. e microrganismos) deve respeitar a legis-
Esses dados são posteriormente repassados a lação vigente. Qualquer coleta no Brasil
etiquetas anexadas aos espécimes conserva- requer autorização do SISBio por um
dos em coleções científicas. prazo amplo ou definido, que depende
A identificação é feita por meio de con- do projeto de pesquisa ou da finalidade
sulta à bibliografia com chaves taxonômicas, didática.
descrições e ilustrações, comparação com • A preparação de materiais coletados é
material de coleções ou consulta a especia- diferente para cada grupo de organismos
listas. vivos. Para plantas e determinados fun-
Muitas coleções biológicas já estão com gos e algas, são feitas exsicatas deposita-
os dados de seus acervos digitalizados e dis- das em coleções chamadas de herbários.
poníveis para consulta na rede speciesLink,28 Nas mesmas coleções são depositados
que tem por princípio disponibilizar dados fungos e algas sob outras formas de pre-
de coleta tanto para algas, fungos e plantas paração, dependendo de sua estrutura
quanto para animais e procariontes – incluí- e tamanho. Animais macroscópicos são
dos nas diferentes coleções. Atualmente 54% mantidos em coleções científicas, prepa-
dos herbários ativos do Brasil participam da rados de diferentes maneiras. Animais
rede INCT – Herbário Virtual da Flora e dos microscópicos, algas microscópicas,
Fungos.29
fungos microscópicos e procariontes são
preservados em lâminas e mantidos em
Pontos-chave deste capítulo coleções correspondentes.
• O registro é uma fase importante da
• Todos os organismos vivos conhecidos
coleta que preserva todos os dados
até o momento têm nomes científicos re-
referentes a localização geográfica e
gidos por regras de nomenclatura, que,
ambiente, além dos dados do coletor
em seus princípios básicos, são iguais
e data de coleta. A localização geográ-
nos diferentes códigos – com algumas di-
fica permite que as espécies detectadas
ferenças relacionadas à citação do nome
como pouco coletadas sejam avalia-
do autor ou dos autores das espécies.
das sob o aspecto da sua extinção nos
• Distintas bases de dados eletrônicas fo-
biomas.
ram desenvolvidas por instituições de
pesquisa em todo o mundo. Em relação • A identificação é realizada conforme o
às plantas, encontram-se listagens atuali- grupo taxonômico a que pertencem os
zadas no The Plant List* e, para espécies organismos coletados. Para a identifi-
nativas, na Lista de Espécies da Flora do cação correta de uma espécie, além da
Brasil.** Quanto aos animais, há diver- comparação com material já determi-
sos catálogos on-line, sendo o principal nado por especialistas em herbários ou
deles o www.catalogueoflife.org, vincu- em coleções de animais, é necessária
lado ao projeto Species2000.*** uma ampla revisão bibliográfica. Entre
as fontes bibliográficas mais confiáveis
para a identificação de organismos vi-
* Disponível em: www.theplantlist.org.
** Para mais informações, acesse: www.floradobrasil. vos, estão as monografias de famílias,
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Leituras sugeridas
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caracterizado pela pecuária. Tal prática cau- nativa, em especial na Amazônia, no Cerra-
sou a destruição de vastas regiões de vege- do e na Caatinga.
tação nativa, usadas para a preparação de Em um estudo realizado em 2004 junto
pastagens. O ouro deu origem ao quarto da população da região mineradora em Minas
ciclo econômico, iniciado após a descoberta Gerais,3 conhecida como Estrada Real, por
do metal em Minas Gerais. Para alguns au- exemplo, foram avaliadas as consequências
tores, a descoberta de diamantes em 1729, do desmatamento sobre o conhecimento de
também em Minas Gerais, foi responsável plantas medicinais nativas da região. A 152
pelo quinto ciclo econômico, que durou 140 homens e 54 mulheres, com idades entre 65
anos, até que a África do Sul surgisse como e 95 anos, foi perguntado se conheciam e usa-
o maior produtor de diamantes. Considera- vam espécies medicinais que haviam sido co-
-se que, durante os séculos XVII e XVIII, o letadas na mesma região no século XIX. Essas
Brasil tenha contribuído com cerca de 50% pessoas nasceram antes da década de 1940, ou
de todo o ouro e diamantes do mundo, tra- seja, antes do início do processo de urbaniza-
zendo prosperidade e luxúria para a coroa ção e industrialização da região. A pesquisa
portuguesa. Essa situação perdurou até o es- demonstrou que, mesmo entre tal população,
gotamento do ouro no final do século XVIII. idosa e moradora do campo, o conhecimen-
O cultivo do café foi o responsável pelo to sobre as plantas medicinais nativas e suas
sexto ciclo econômico, tendo as primeiras aplicações encontra-se comprometido. Os en-
plantações sido iniciadas logo após a inde- trevistados relataram que aprenderam sobre
pendência do Brasil de Portugal, em 1822. as plantas junto de seus familiares e in loco,
Por fim, no final do século XIX, a produ- mas hoje aquelas plantas não mais existem.
ção da borracha emergiu na Amazônia, Um exemplo de espécie medicinal não mais
dando origem ao sétimo ciclo econômico. conhecida é a tinguaciba (Zanthoxylum tin-
Após esse ciclo, a economia do país passou goassuiba A.St.-Hil., Rutaceae), coletada e
a ser muito diversificada devido à industria- descrita no século XIX pelo botânico francês
lização, e não há mais como definir ciclos Auguste de Saint-Hilaire. Essa planta teve
específicos. Um intenso processo de urba- grande importância no passado, sendo, in-
nização e industrialização foi observado clusive, incluída na 1ª edição da Farmacopeia
na Região Sudeste do país a partir de 1940, Brasileira (Pharm.Bras. I), em 1926. Os infor-
tendo São Paulo como foco de forte migra- mantes relataram também que seus descen-
ção de pessoas. Em 1950, iniciou-se também dentes não se interessam em aprender sobre as
a introdução maciça de medicamentos in- plantas medicinais. Essa pesquisa revela que o
dustrializados, produzidos pelas empresas processo de erosão genética das plantas medi-
farmacêuticas internacionais recém-insta- cinais é acompanhado de uma intensa erosão
ladas. É importante destacar que, com ex- cultural. A pesquisa histórica representa um
ceção da borracha, cuja exploração é feita importante instrumento para a recuperação
por manejo florestal, todos os demais ciclos de informações sobre as plantas medicinais
econômicos levaram a uma intensa ero- nativas do Brasil.4
são genética da vegetação nativa do Brasil.
Como consequência, apenas 7% da Mata
Atlântica encontra-se preservada, e muitas Registros históricos das plantas
espécies de plantas medicinais foram perdi- medicinais
das. Atualmente, projetos como a expansão
da produção de etanol, soja, mineração, ou Informações estratégicas sobre as plantas da
a construção de grandes hidrelétricas, vêm Biodiversidade brasileira encontram-se regis-
comprometendo o que restou da vegetação tradas em bibliografia e outros documentos
preparados nos séculos passados. Essas in- Alguns outros europeus que viajaram
formações são importantes porque são pri- pelo Brasil no início da colonização tam-
márias, ou seja, foram recolhidas em uma bém descreveram o uso das plantas pelos
época na qual a vegetação nativa era conser- ameríndios, entre eles os franceses André
vada e na qual a população fazia uso, qua- Thevet e Jean de Lery e o português Gabriel
se exclusivamente, de plantas medicinais da Soares de Souza. No século XVII, o Nordes-
Biodiversidade brasileira. A situação é muito te do Brasil foi invadido pelos holandeses.
diferente hoje, e grande parte das plantas O médico Guilielmi Pisonis viveu por oito
usadas na medicina caseira, ou mesmo como anos naquela região, e em sua obra Historia
fitoterápicos, corresponde a espécies exóti- Naturalis Brasiliae, publicada na Holanda
cas ou importadas. em 1648, descreveu o uso de diversas plantas
medicinais indígenas. Nessa obra é possível
conhecer, por exemplo, os usos primários
Primeiros séculos de plantas da medicina tradicional brasilei-
A maior parte das informações disponíveis ra como o bálsamo de copaíba (de espécies
sobre o uso de plantas nativas durante o pe- de Copaifera).7 Essa foi a principal fonte de
ríodo da colonização do Brasil foi compilada informação sobre a Biodiversidade brasileira
pelos padres jesuítas, os primeiros a fazer um até o final do século XVIII, quando surgiram
novos trabalhos de autores brasileiros e por-
contato direto com os ameríndios. Os jesu-
tugueses. Entre os mais importantes está a
ítas logo incorporaram plantas americanas
Flora Fluminesis, preparada pelo naturalista
nos remédios originários da Europa, como
brasileiro Frei José Mariano da Conceição
é o caso da Triaga Brasílica. Nessa prepara-
Velloso (Frei Velloso).8 Em sua obra, foram
ção, original da Roma antiga, foram grada-
registradas dezenas de espécies da Mata
tivamente incluídas plantas nativas do Brasil
Atlântica, inclusive várias de uso medicinal.
da cultura ameríndia, entre elas espécies de
Outro autor que descreveu o uso de plantas
Chondrodendron, Cocculus e Cissampelos
medicinais nativas naquela época foi o mé-
(Menispermaceae), de Aristolochia (Aristo-
dico português Bernardino A. Gomes. Ele
lochiaceae), Piper umbellatum L. (Piperace- também descreveu o uso de plantas medici-
ae), Solanum paniculatum L. (Solanaceae) ou nais importantes como a caroba (Jacaranda
espécies de Pilocarpus (Rutaceae), além de caroba (Vell.) DC.) e o barbatimão (Stryph-
muitas outras. A Triaga Brasílica, como ficou nodendron adstringens (Mart.) Coville).9
conhecida, era indicada para vários fins, so- No entanto, até o início do século XIX,
bretudo para tratar febres e como antídoto o Brasil vivia sob um rígido controle da co-
de venenos de serpentes.5 Os jesuítas repeti- roa portuguesa. O objetivo dessa política
damente atraíram a atenção dos portugueses era manter em segredo dos outros países
para a potencialidade das plantas brasileiras. os recursos naturais e as potencialidades de
No entanto, no projeto colonial português sua exploração. A não concessão da licença
não havia espaço para avaliar os produtos à expedição do cientista alemão Alexander
nativos. Pelo contrário, já no século XVI eles von Humboldt para visitar a Amazônia bra-
comemoravam o sucesso do cultivo no Bra- sileira é um claro exemplo dessa política.
sil da canela-do-ceilão Cinnamomum verum Esse naturalista alemão, acompanhado do
J.Presl (= Cinnamomum zeylanicum Blume), botânico francês Aimé Bompland, percorreu
do gengibre-da-china (Zingiber officinale extensas regiões do Norte da América do
Roscoe), da pimenta de Malagar, do coco da Sul, a serviço de vários reinos europeus, e fez
Malásia, das mangas do Sudoeste da Ásia, da um pioneiro e importante trabalho sobre a
jaca da Índia e do cacau da América Central.6 Biodiversidade americana. Em compensação,