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Política comparada – estudo dirigido

Material de disciplina
Videoaulas 1 a 6
Rotas de Aprendizagem 1 a 6
Referências de leitura complementar para Política Comparada

Neste breve resumo, destacamos a importancia para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao
contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteudo programatico da sua disciplina
nesta fase e lhe proporcionarao maior fixaçao de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o
sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse e apenas um material complementar, que juntamente com a
Rota de Aprendizagem completa (livro-base, videoaulas e material vinculado) das aulas compoem o referencial
teorico que ira embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível.

Bons estudos!

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Sumário

Tema: Pesquisa social e Metodos de Pesquisa em Política Comparada ......................................................................... 4


Tema: Max Weber, Theda Skocpol e Barrington Moore Jr ............................................................................................... 7
Tema: O institucionalismo e a teoria da escolha racional ............................................................................................. 10
Tema: Tradiçoes da Política Comparada ......................................................................................................................... 12
Tema: Perspectivas de Analise ......................................................................................................................................... 14

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Tema: Pesquisa social e Métodos de Pesquisa em Política Comparada

“As ciencias sociais nasceram no seculo XIX como uma tentativa de compreender e controlar
uma realidade social cada vez mais complexa, que tinha mudado de forma dramatica nos
ultimos seculos, como consequencia de transformaçoes na tecnologia, nas formas de produçao
economica e nas relaçoes sociais. Apos seculos de relativa estabilidade durante a Idade Media,
a Europa havia experimentado revoluçoes tecnologicas, economicas e políticas que geravam
grandes esperanças, mas tambem enorme mal-estar. Emergiram novos problemas sociais e
tambem propostas conflitantes sobre como organizar a sociedade” (CANO, Ignacio. “Nas
trincheiras do metodo: o ensino da metodologia das ciencias sociais no Brasil” Sociologias, vol.
14, nº 31, pp. 94-119, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/soc/v14n31/05.pdf,
citaçao retirada da pagina 95-96). No trecho citado acima pode-se perceber que as ciencias
sociais se surgem com um modo de analisar e compreender os fenomenos sociais. Para
discorrer sobre os principais objetivos da pesquisa social e importante ter em mente que, de
acordo com a rota de aprendizagem da aula 01 podem ser mencionados objetivos da pesquisa
social os seguintes aspectos: identificar padroes; testar teorias; fazer previsoes; interpretar
fenomenos culturais e historicos relevantes; explorar a diversidade; dar voz; e, avançar em
novas teorias. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 01. Polí tica Comparada. Conversa Inicial.

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“Ha diferentes estrategias de pesquisa social para atender aos diferentes objetivos. Cada
estrategia (metodo) constitui uma maneira de vincular ideias e evidencias para produzir a
representaçao da sociedade ou do fenomeno político. Nao ha uma abordagem correta ou errada,
mas sim, abordagens diferentes para atender a diferentes questoes”. Para discorrer sobre pelo
menos um dos principais tipos de metodos adotados pelos pesquisadores sociais, podemos
mencionar o uso de metodos qualitativos para estudar coisas comuns, o uso de metodos
quantitativos para estudar relaçoes entre variaveis e uso de metodos comparativos para estudar
a diversidade. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 01. Política Comparada. Tema 03:
Estrategias de Abordagem do Metodo Científico.

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“Compreendemos o metodo comparativo como uma “operaçao mental”, cujo objetivo mais
ambicioso (mas nao o unico) e controlar “variaveis” a fim de testar proposiçoes causais”. As
tecnicas específicas de controle de variaveis (experimental, estatística, historica), porem,
diferem enormemente em tipo, efetividade e utilidade científica, mas todas podem ser
percebidas como esforços para explicar fenomenos sociais a medida que se controle suas
condiçoes de variaçao. Nesse sentido, tanto a tecnica experimental como a estatística e a
historica lançam mao das mesmas operaçoes mentais quando sao utilizadas a serviço da
comparaçao. Diferem entre si, porem, quanto a questao de pesquisa, a natureza do objeto
estudado, ao numero de casos analisados, ao tipo de explicaçao fornecida e as tecnicas

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empregadas. (PERISSINOTO, Renato. Comparaçao, historia e interpretaçao por uma ciencia
política historico-interpretativa. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 28 n° 83 outubro DE
2013.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v28n83/10.pdf, citaçao retirada da
pagina 152) A contextualizaçao anterior aborda o papel da tecnica na política comparada. A
Política Comparada tem a finalidade de explicar similaridades e diferenças entre os casos
analisados. Alem disso, a Política Comparada tambem pode estabelecer classificaçoes e
tipologias sobre o tema estudado. Ainda, por meio da Política Comparada e possível verificar a
validade de hipoteses, analisar se ha causalidades, generalizaçoes e desenvolver as teorias.
Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 02. Política Comparada. Tema 02: O que faz a Política
Comparada?, adaptado.

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“Os diferentes metodos/estrategias variam, segundo Ragin, de forma intensiva (estudo


qualitativo de pontos comuns); abrangente (estudo comparativo da diversidade); ao extenso
(estudo quantitativo das relaçoes entre variaveis) na abordagem dos casos” A abordagem
intensiva e mais adequada para metas que envolvem muita atençao em casos específicos; a
abrangente e mais adequada no exame de padroes de semelhanças e diferenças em um numero
moderado de casos; e a abordagem extensiva e mais adequada para objetivos que envolvem
conhecimento de padroes em muitos casos. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 01. Política
Comparada. Tema 04: Os métodos qualitativo, quantitativo, comparativo e a realização dos
objetivos da pesquisa.

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“Por que comparar? Todo comparatista possui uma resposta-padrao para esta interrogaçao:
diante da impossibilidade de recorrer a metodos experimentais que permitam o isolamento de
variaveis e a repetiçao de testes, compara-se como recurso para identificar regularidades,
baseando-se no canone milliano, no metodo das semelhanças e das diferenças ou na observaçao
de variaçoes concomitantes” (MARENCO DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para
explicar: desenhos de pesquisa e sequencias temporais na investigaçao de instituiçoes
políticas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada da pagina 203). A
Política Comparada e uma importante area das Relaçoes Internacionais e da Ciencia Política, e
tem sido cada vez mais utilizada para analisar fenomenos políticos complexos. Para explicar
com poucas palavras o que e a Política Comparada podemos mencionar que a Política
Comparada e uma area da Ciencia Política e tem seu foco na política interna, nas estruturas, nos
atores e nos processos. As analises de Política Comparada buscam descrever, expor e de alguma
forma predizer os fenomenos políticos a partir da analise das similaridades e diferenças entre
sistemas políticos. A política comparada e essencialmente empírica, nao sendo nem normativa,
nem teorica. Essa e uma area que nao trata de teoria, embora possa melhora-la. De uma forma
geral, a Política Comparada nao trata de teoria nem de questoes normativas acerca da política;
ela analisa o que a política e, nao o que deveria ser (CARAMANI, 2008). Fonte: Rota de
Aprendizagem da Aula 02. Política Comparada. Tema 01: O que é a Política Comparada.

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“Em uma afirmaçao bastante conhecida, o antropologo Guy E. Swanson diz que “pensar sem
comparar e impensavel”, pois, “uma vez ausente a comparaçao, estarao ausentes tambem a
pesquisa e o pensamento científicos” (Swanson, 1973, p. 145). Nao iria tao longe. Ha certamente
formas de fazer ciencia que nao invocam diretamente o procedimento comparativo, como os
trabalhos de pesquisa essencialmente descritivos e limitados a um unico caso que, embora mais
modestos do ponto de vista de seu alcance teorico, contribuem para o avanço do conhecimento
por meio da observaçao e da interpretaçao rigorosas dos fatos. Nao ha duvida, porem, de que o
procedimento comparativo e o que produz explicaçoes mais robustas do ponto de vista
científico, pois fornece ao pesquisador varios casos estrategicos a partir dos quais ele pode
controlar a relaçao entre as variaveis analisadas” (Fonte: PERISSINOTO, Renato. Comparaçao,
historia e interpretaçao: Por uma ciencia política historico-interpretativa. Revista Brasileira de
Ciências Sociais. Vol. 28 n° 83, outubro de 2013. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v28n83/10.pdf, citaçao retirada da pagina 151. Pode-se
perceber a partir da leitura do trecho acima que a comparaçao e uma importante ferramenta de
pesquisa. O metodo comparativo e utilizado para estudar configuraçoes, combinaçoes
específicas de atributos que sao comuns aos casos escolhidos. A partir do metodo comparativo
o pesquisador consegue responder os objetivos de explorar a diversidade e propor novas
teorias. De forma secundaria, esse metodo e util para identificar padroes gerais, testar teorias,
realizar previsoes e interpretar fenomenos culturais e historicos relevantes. Fonte Rota de
Aprendizagem da Aula 01. Política Comparada. Tema 04: O método comparativo.

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“Giovanni Sartori (1991, p. 243) observou que sao assumidas duas definiçoes distintas do
procedimento comparativo. Ha aqueles que, a exemplo de Arend Lijphart (1971, pp. 682-684),
entendem a comparaçao como uma tecnica de pesquisa específica utilizada especialmente no
estudo comparativo de poucos casos, diferente, portanto, da tecnica estatística. Ao mesmo
tempo, ha quem considera a comparaçao uma “operaçao mental” que pode ser realizada
lançando-se mao de tecnicas de pesquisa diversas (experimental, estatística, historica)
(PERISSINOTO, Renato. Comparaçao, historia e interpretaçao por uma ciencia política historico-
interpretativa (Fonte: Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 28 n° 83 outubro de
2013.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v28n83/10.pdf, citaçao retirada da
pagina 152). A Política Comparada e uma area fundamental para o estudo dos processos e
fenomenos relacionados com a política. Sendo chamados a discorrer resumidamente sobre os
fenomenos que sao comparados pelos pesquisadores com essa abordagem podemos começar
informando que a Política Comparada costuma comparar os sistemas políticos em nível
nacional. As analises costumam ser sobre os sistemas políticos, sistemas subnacionais (nível
estadual, cidades, cidades-Estados), supranacionais (regioes, sistemas políticos de imperios –
otomano, chines, romano), organizaçoes internacionais (Brics, Nafta, Uniao Europeia), tipos de
sistemas políticos (comparaçao entre regimes democraticos e autoritarios, por exemplo).
Podem ser analisados tambem os elementos ou componentes do sistema político, tal como a

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estrutura do parlamento de diferentes países, políticas publicas, finanças de partidos,
sindicatos, instituiçoes presentes na democracia direta, leis eleitorais etc. Fonte: Rota de
Aprendizagem da Aula 02. Política Comparada. Tema 02: O que é comparado?

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De modo paralelo ao estabelecimento das principais escolas analíticas da ciencia política em


nível internacional foram confeccionadas as regras do jogo, ou seja, os termos legítimos para o
debate científico e o que deve conferir plausibilidade as hipoteses construídas a partir de
diferentes proposiçoes analíticas, buscando a construçao de modelos teoricos formais e
explicaçoes causais empiricamente fundadas. Nao dispondo de recurso a experimentaçao,
disponível as ciencias naturais, resta a investigaçao política o uso de comparaçao como
procedimento para isolar regularidades e associaçoes de causa e efeito. Desde Mill, tem sido
usual o emprego de comparaçoes pelo metodo das semelhanças e das diferenças, isolando
fatores comuns capazes de explicar efeitos similares ou, em contraste, separando discrepancias
de características comuns, como estrategia para explicar a produçao de consequencias ou
estruturas distintas (Pennings, Keman e Kleinnijenhuis, 2006; Boix e Stokes, 2007) (MARENCO
DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e sequencias
temporais na investigaçao de instituiçoes políticas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.
27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf. Acesso em 17.jul.2018. Citaçao
retirada da pagina 204, com adaptaçoes).

Tema: Max Weber, Theda Skocpol e Barrington Moore Jr

“Provavelmente, o artigo ‘Comparative politics and comparative method’, publicado por Lijphart
em 1971, influenciou toda uma geraçao de estudos comparados, consagrando a premissa de
uma distinçao entre metodo estatístico e comparado e a premissa que este ultimo se caracteriza
por um numero pequeno de casos: “dada a inevitavel escassez de tempo, energia e recursos
financeiros, uma analise comparativa intensiva de poucos casos pode ser mais promissora do
que uma analise estatística mais superficial de muitos casos” (Idem, p. 685). Nao parece difícil
reconhecer esta recomendaçao na seminal geraçao de estudos historico-comparativos, como os
trabalhos de Moore, Bendix, Skocpol, Tilly e Almond e Verb.” (Fonte: PERISSINOTO, Renato.
Comparaçao, historia e interpretaçao por uma ciencia política historico-interpretativa. Revista
Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 28 n° 83, outubro de 2013. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v28n83/10.pdf, citaçao retirada da pagina 209). Para
comentar em poucas palavras sobre as contribuiçoes contidas no trabalho dessa autora e
importante ter em mente que Theda Skocpol analisa de maneira comparada França, Russia e
China. A autora identifica por que alguns países passaram por experiencias revolucionarias do
seculo 18 para o 20 e outros, nao. Como uma alternativa as perspectivas marxistas, da psicologia

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de massas, do conflito político e da homogeneidade dos sistemas, a autora sugere que as causas
suficientes para as revoluçoes naqueles países foram o colapso militar e administrativo do
Estado autocratico, por conta das pressoes externas e revoltas camponesas contra os senhores.
Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 06. Política Comparada. Tema 04: Huntington (1968) e
Skocpol (1976).

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“Quando queremos isolar elementos singulares de fenomenos ou casos políticos específicos,


estrategias comparativas do tipo case-based podem constituir recurso util e promissor para a
identificaçao de fatores que, de outro modo (em estudos de caso, por exemplo), nao
perceberíamos como peculiares, ou, inversamente, na ausencia de controle seríamos tentados
a atribuir selo de originalidade a eventos comuns a processos similares” (MARENCO DOS
SANTOS, Andre. “Quando comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e sequencias
temporais na investigaçao de instituiçoes políticas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.
27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf. citaçao retirada da pagina 213). A
partir da leitura do trecho anterior pode-se perceber que a Política Comparada permite que os
pesquisadores explorem as especificidades e contradiçoes presentes em diferentes cenarios
políticos. Para resumir em poucas palavras como a analise de Barrington Moore Jr. contribuiu
para a compreensao das origens sociais da Ditadura e da Democracia em diferentes países
precisamos ter em mente que esse autor distingue os criterios normativos e empíricos da
democracia. Essa distinçao foi feita na obra “As origens sociais da Ditadura e da Democracia:
senhores e camponeses na construçao do mundo moderno”, e nela o autor compara a trajetoria
de modernizaçao observada em países como Gra-Bretanha, França, Estados Unidos, China,
Japao e India, colocando me primeiro plano a forma com que as estruturas de relaçoes entre
senhores e camponeses levaram a formaçao de regimes totalitarios ou democraticos. Fonte:
Rota de Aprendizagem da Aula 06. Política Comparada. Tema 03 – Lipset (1958) e Moore Jr.
(1966).

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“Max Weber, como se sabe, lança mao do metodo historico comparativo para identificar a “causa
fundamental” do capitalismo ocidental. Dessa forma, sabemos que o “Estado racional” e “o unico
terreno sobre o qual pode prosperar o capitalismo moderno” (Weber, 1964, p. 285) porque, ao
comparar países em que o capitalismo moderno esta presente com países em que ele nao
ocorre, constatamos que, grosso modo, o Estado racional e a unica variavel que os diferencia”
(PERISSINOTO, Renato. Comparaçao, historia e interpretaçao por uma ciencia política historico-
interpretativa. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 28 n° 83 outubro de 2013. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v28n83/10.pdf, Citaçao retirada da pagina 159).
Ressalta-se que muito da discussao da Política Comparada e baseado na analise de países
individuais ou entre países, o que coloca a abordagem internacional em primeiro plano. Para
descrever ao menos uma razao sobre por que a analise comparada e frequentemente utilizada
para estudar o ambiente internacional, e importante ter em mente que os países funcionam de

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maneira globalizada e e quase impossível entender um país de forma isolada. Ate certo ponto,
as mudanças nos padroes nacionais sao resultado da política global. Podemos encontrar
padroes de semelhanças e diferenças entre países e, o segundo, muitas vezes por conta de
mudanças vindas de acordos internacionais e estabelecimento de criterios políticos e
economicos de uniao de países (Mercosul, por exemplo) ou países que sao influenciados por
outros mais ricos e que possuem uma força supranacional (EUA, China). A analise que busca
comparar interaçoes fundamenta-se em compreender a política tal como ela e: complexa. Fonte:
Rota de Aprendizagem da Aula 05. Política Comparada. Tema 04: Perspectivas de Análise:
ambiente internacional e interações.

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Recuperar uma vocaçao nomologica voltada para a construçao de inferencias causais com
evidencias e bases mais solidas exige um acerto de contas com duas noçoes fortemente
consolidadas na tradiçao dos estudos comparados: em primeiro lugar, a crença de que o metodo
comparado caracteriza-se por muitas variáveis, poucos casos; em segundo, o uso quase
automatico de desenhos comparativos sincronicos, a despeito dos limites e dos problemas que
possam estar a eles associados. (...) Em seu classico As origens sociais da ditadura e da
democracia, Barrington Moore ([1967] 1983) nao precisou mais do que tres casos para
reconstruir as rotas entao conhecidas para a modernidade democratica: Inglaterra, França e
Estados Unidos. Theda Skocpol (1979) fixou-se na Russia, na China e na França para dissecar as
revoluçoes modernas. Com apenas cinco casos, Almond e Verba (1963) registraram as
diferenças entre contextos impregnados por cultura cívica aqueles dominados por culturas
paroquiais ou de sujeiçao. Naquele momento, metodo comparado fora compreendido
fortemente como modelo de estudos case-based, em oposiçao a investigaçoes variable-based,
nos termos estabelecidos por Ragin e Zaret (1983). Trata-se de valorizar a dimensao historico-
comparativa de casos coletados e densamente reconstituídos em multiplas variaveis
(MARENCO DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e
sequencias temporais na investigaçao de instituiçoes políticas” (Revista Brasileira de Ciências
Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada da pagina 209).

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Como ponto de partida, e util reconhecer que grande parte do nosso pensamento sobre a
natureza da pesquisa comparada provem do pensamento e debate do seculo XIX. As ideias de
Max Weber e Karl Marx sao particularmente significantes. Por exemplo, Marx interpretou a
estrutura do Estado como monolítica e aliada aos interesses da classe dominante no poder,
enquanto Weber viu essa mesma estrutura como sancionando uma pluralidade de interesses.
Marx viu todas as formas de dominaçao no Estado capitalista como ilegítimas, e Weber
examinou as formas legítimas de dominaçao. Marx defendia a aboliçao do Estado e suas classes,
enquanto Weber encarava o crescimento do Estado via legitimaçao das suas atividades. Marx
analisou mudanças no Estado e na classe dominante como reflexoes do materialismo historico
e a interaçao conflitiva entre as relaçoes sociais e as forças de produçao que tem caracterizado

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varias epocas. Por contraste, Weber preocupou-se com a resoluçao do conflito via
racionalizaçao da ordem burocratica, pois ele via o capitalismo europeu como promotor de uma
forma de sociedade estavel e muito racional. Enquanto os dois examinaram o uso de força bruta
ou violencia, Marx viu o Estado apenas como um sutil instrumento de coerçao para dominar a
camada inferior, e Weber ofereceu uma explicaçao mais restrita que unia força estatal e
violencia com legitimidade. (CHILCOTE, Ronald. H. “Perspectivas alternativas de política
comparada”(Revista de Ciência Política, vol. 31, nº 2, pp. 53, 1988. Disponível em
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/view/60020/58342).

Tema: O institucionalismo e a teoria da escolha racional

“A segunda abordagem para analisar a política de forma comparada e a que considera os


interesses que os atores estao buscando a partir da açao política, que tem aumentado com o
predomínio do paradigma da escolha racional”. Como se pode ver no trecho citado, os interesses
sao utilizados como forma de abordagem da analise comparada. Podemos discorrer
resumidamente sobre como a teoria da escolha racional entende o comportamento dos
indivíduos tendo mente que essa teoria parte do pressuposto que os indivíduos estao
interessados na maximizaçao da utilidade e se envolvem na açao política para receber
benefícios (normalmente materiais) ou evitar custos. O comportamento e motivado pelo
interesse individual e o comportamento coletivo e a agregaçao desses comportamentos
individuais, a partir de negociaçoes, conflitos e instituiçoes formais. Fonte: Rota de
Aprendizagem da Aula 05. Política Comparada. Tema 02: Perspectivas de Análise: interesses.

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“Ha varias abordagens para o institucionalismo e todas focam no papel central das estruturas
institucionais no comportamento dos indivíduos e na formaçao de políticas. As instituiçoes
tambem podem ser definidas, alem dos padroes institucionais formais, por suas regras e
rotinas” Alem da abordagem institucionalista em política comparada, pode-se destacar a
perspectiva da governança nessa disciplina. A abordagem da governança e mais proxima ao
estrutural-funcionalismo, tanto em generalizaçao quanto em escopo. Essa abordagem define
que determinadas tarefas devem ser realizadas para governar uma sociedade (possibilitar o
governo) e postula que estas podem ser realizadas de diversas maneiras. Os estudiosos da
governança estao preocupados nos papeis que os atores sociais podem desempenhar no
processo de elaboraçao e implementaçao de decisoes políticas. Fonte: Rota de Aprendizagem
da Aula 04. Política Comparada. Tema 05: Outras abordagens: institucionalismo e governança.

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Como explicar a coexistencia entre estrategias políticas maximizadoras por agentes políticos
com a presença de equilíbrios sociais e estabilidade institucional? Paradoxos da escolha social
conduzindo a elevados custos de transaçao e ausencia de estabilidade institucional haviam sido
descritos por Arrow (1951) em seu teorema da impossibilidade. Da mesma forma, para Riker
(1962) o axioma do indivíduo racional deveria produzir equilíbrio social e institucional
precarios, traduzidos em inconsistencia decisoria e ciclos de maioria. Em contraste com este
diagnostico, a literatura institucionalista a partir dos anos de 1980 destacou o papel das
instituiçoes políticas como promotoras de um structure-induced equilibrium. O argumento
institucionalista de que instituiçoes importam, na medida em que induzem preferencias e
escolhas, resolvem problemas de coordenaçao e selecionam resultados de políticas publicas,
torna-se especialmente persuasivo quando amparado por casos exemplares de
constrangimentos produzidos por procedimentos institucionais. A agenda de pesquisa
construída em torno de consequencias políticas das regras eleitorais provavelmente e a area em
que a demonstraçao dos efeitos provocados por instituiçoes políticas tenha apresentado
evidencias mais robustas (MARENCO DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para explicar:
desenhos de pesquisa e sequencias temporais na investigaçao de instituiçoes políticas”. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada da pagina 205).

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Parece possível identificar pelo menos dois conjuntos de questoes que desafiam o potencial da
teoria institucionalista para oferecer um modelo adequado a explicar o efeito causal de
instituiçoes sobre processos e comportamentos políticos: [1] em primeiro lugar, a ausencia de
uma interpretaçao generalizante capaz de identificar quais e sob que condiçoes instituiçoes sao
eficazes e, de fato, importam, explicando por que sob certos contextos instituiçoes em curso nao
se mostram eficazes em resolver problemas de coordenaçao social, nem tampouco produzem
os efeitos preditos pelo modelo ou suas versoes; [2] paralelamente, o desafio consiste em
endogeneizar a causalidade atribuída as instituiçoes, explicando as condiçoes de origem e
formaçao de estruturas políticas que irao, uma vez constituídas, condicionar as escolhas dos
agentes e os resultados de conflitos políticos. Poder-se-ia argumentar que um modelo de
explicaçao institucional generalizante capaz de satisfazer a condiçao [1] e reconhecido na
hipotese de Lijphart, sobre a associaçao entre arranjos power-sharing e estabilidade
poliarquica. Decisoes compartilhadas e limites ao exercício de poder de maiorias seriam
responsaveis pela constituiçao de um equilíbrio subotimo, no qual os agentes políticos nao
teriam interesse ou recursos para perseguir estrategias de mudança institucional (MARENCO
DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e sequencias
temporais na investigaçao de instituiçoes políticas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.
27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada da pagina 205).

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Diversas características do sistema eleitoral contribuíram para a formaçao de um sistema
multipartidario fragmentado em que o partido do presidente quase nunca tem maioria no
Congresso. A situaçao do presidencialismo em minoria permanente leva facilmente a impasses
entre o executivo e o legislativo, que resultam em imobilismo político. Devido ao calendario
eleitoral rígido do sistema presidencialista, nao existem meios institucionais para lidar com
essa situaçao de presidentes que nao dispoem de sustentaçao estavel no Congresso. O carater
extremamente frouxo dos partidos brasileiros exacerbou esse problema. Quando os presidentes
sao populares, políticos de todas as colocaçoes e matizes os apoiam, mas quando perdem
popularidade frequentemente encontram dificuldade em encontrar apoio ate mesmo em seus
proprios partidos. Defecçoes em períodos de adversidade tornam difícil aos presidentes
implementar medidas coerentes que poderiam redirecionar substancialmente as políticas do
governo — precisamente o que e necessario em tempos de crise (MAINWARING, Scott.
“Democracia Presidencialista multipartidaria: o caso do Brasil”. Lua Nova: Revista de Cultura e
Política, nº 28-29, sem paginaçao, 1993. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
64451993000100003).

Tema: Tradições da Política Comparada

“Desde Mill, tem sido usual o emprego de comparaçoes pelo metodo das semelhanças e das
diferenças, isolando fatores comuns capazes de explicar efeitos similares ou, em contraste,
separando discrepancias de características comuns, como estrategia para explicar a produçao
de consequencias ou estruturas distintas” (MARENCO DOS SANTOS, Andre. “Quando
comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e sequencias temporais na investigaçao de
instituiçoes políticas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada das
paginas 204-205). O termo política comparada origina-se do modo como a investigaçao
empírica da questao “como funciona a política” e realizada. Essa area de analise dos fenomenos
políticos possui tradiçoes diferentes, que incluem formas distintas de estudar e compreender a
política. Para Daniele Caramari essas diferenças podem ser organizadas em tres abordagens: a
primeira prioriza estudos de países de forma individual que depois sao comparados com outros
países; a segunda analisa as regras e normas do metodo comparativo, e esta preocupada em
aumentar o potencial de acumulaçao descritiva dos casos; e a terceira foca na explicaçao causal.
Aqui o centro e a empiria e o metodo, na identificaçao das diferenças e semelhanças entre os
casos analisados, em busca de relaçoes causais entre variaveis. Fonte: Rota de Aprendizagem da
Aula 02. Política Comparada. Tema 04: Tradições da Política Comparada, adaptado.

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“Ocorre a partir de 1989 ate os dias atuais, a segunda revoluçao científica na Política
Comparada, impulsionada pela seçao de Política Comparada da Associaçao Americana de

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Ciencia Política, com o intuito de sanar a fragmentaçao induzida por essa area de pesquisa na
Ciencia Política” Para comentar brevemente sobre a importancia da Teoria da Escolha Racional
para o estudo da Política Comparada ha que se ter em mente que, na atualidade, essa disciplina
sofre a influencia da teoria da escolha racional, que imprime um vies mais economicista nas
analises, alem do aumento da utilizaçao de recursos estatísticos em novas questoes, como o
voto, eleiçoes, formaçao de governo, política economica etc. Com a expansao de conjuntos de
dados disponíveis sobre os países, no que diz respeito a infraestrutura de pesquisa quantitativa
na comparada, um novo contexto de ampla democratizaçao, novos problemas de pesquisa
puderam ser analisados com maior grau de sofisticaçao. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula
04. Política Comparada. Tema 02 – A Política comparada na Atualidade.

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“As diferenças entre Teoria Política, Relaçoes Internacionais e Política Comparada podem ser
identificadas em seus objetivos, pratica e objetos” A Política Comparada e constantemente
utilizada para analisar e compreender determinados fenomenos políticos em países diferentes.
No entanto, esse fato nao torna essa analise igual aos estudos de Relaçoes Internacionais. Dessa
maneira, sendo chamados a discorrer sobre as principais distinçoes entre o foco de analise da
Política Comparada e das Relaçoes Internacionais, para resumir esse assunto em poucas
palavras ha que se ter em mente que as Relaçoes Internacionais estudam, entre outras coisas,
as relaçoes entre sistemas políticos distintos – sobre o comercio, poder, conflito, guerra –, ao
passo que a Política Comparada trata das interaçoes entre os sistemas políticos. Ela (política
comparada) nao ira analisar o conflito em si, mas quais atores envolvidos e por que o partido
no governo decidiu pela intervençao militar, quem e a base do partido na sociedade, qual
influencia dos grupos de pressao sobre esse tema etc. A Política Comparada nao ignora
necessariamente as influencias externas ao objeto estudado, mas seu foco e a configuraçao
dentro do sistema político. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula 02. Política Comparada. Tema
05 - Diferenças entre Teoria, Política Comparada e Relações Internacionais

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Metodologicamente, política economica deve ser compreendida nas suas tradiçoes marxistas e
nao-marxistas. As direçoes de pensamento em política e ciencia social sao hoje entendidas em
termos do pensamento passado. Por exemplo, John Locke relacionou trabalho com propriedade
privada e riqueza e valorizou o esforço individual para satisfazer as necessidades humanas.
Adam Smith formulou uma teoria de valor do trabalho baseada nos temas de mercadoria,
capital e valor e trabalho simples e complexo. Ele identificou leis do mercado que explicam a
motivaçao do interesse pessoal em situaçoes competitivas. David Ricardo proporcionou
refinamentos de política economica, defendendo a acumulaçao de capital como base de
expansao economica. Acreditava ele que o Estado nao deve interferir na economia e que, ao
nível internacional, a divisao do trabalho e a política de livre comercio beneficiam todas as
naçoes. Havia tambem utopistas como Saint-Simon que expressavam tendencias socialistas.
Marx transcendeu as ideias dos utopistas e liberais classicos para propor a teoria da mais-valia
(surplus value) e uma explicaçao da luta de classes. Desses pensadores podemos sugerir

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algumas diretrizes para o estudo de política economica. Pedagogicamente, ideias convencionais
(mainstream) podem ser distinguidas das ideias radicais. Assim, noçoes conservadoras ou
liberais podem diferenciar do pensamento marxista. Teoricamente, o pensamento marxista
pode ser holístico, compensador, unificado e interdisciplinario em contraste com "a-historico",
compartimentalizado, e muitas vezes estreito parametro do pensamento convencional. Este uso
do marxismo deve ser aberto e flexível, pois Marx mesmo considerava o marxismo nao-acabado
e sujeito a mudanças, de acordo com a experiencia real e pratica. Metodologicamente, a dialetica
pode servir como metodo em busca de entendimento. Marx uniu a dialetica com uma
perspectiva materialista da historia, enquanto que Hegel delineou uma dialetica mística e
idealística como um sistema rígido. O uso do marxismo serve nao como uma formula precisa,
mas como um meio para observar a inter-relaçao dos problemas da sociedade em todo, como
uma inter-relaçao dinamica, nao estatica. de examinar problemas, e como maneira de identificar
forças opostas, suas relaçoes e conflitos. Conceitualmente, política economica deve focalizar a
relaçao entre a base economica e a superestrutura política (CHILCOTE, Ronald. H. “Perspectivas
alternativas de política comparada” Revista de Ciência Política, vol. 31, nº 2, pp. 54, 1988.
Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/view/60020/58342).

Tema: Perspectivas de Análise

“A maioria das pesquisas em Ciencia Política e comparada e positivista. O principal suposto do


positivismo e que os fenomenos sao observaveis e verificaveis da mesma forma por indivíduos
diferentes e mensurados do mesmo modo que nas ciencias naturais, com mediçoes
quantitativas, testes de hipoteses e formaçao teorica”. As analises de Política Comparada
frequentemente fazem uso de abordagens metodologicas positivistas para estudar os
fenomenos políticos. Todavia, o construtivismo tem se mostrado uma perspectiva importante e
vem sendo cada vez mais empregado ao estudo da Política Comparada. Para caracterizar em
poucas palavras as contribuiçoes da perspectiva construtivista para Política Comparada vale
mencionar que o construtivismo, diferentemente do positivismo, nao distancia os valores dos
fenomenos observados. Essa perspectiva coloca que os fatos sao socialmente incorporados e
socialmente construídos. Assim, nao tem como o pesquisador social ficar de fora dos fenomenos
políticos analisados, como um observador objetivo, mas seus proprios entendimentos sociais e
culturais sao parte dos fenomenos observados e todos esses elementos sao incorporados a
analise política comparada. Dessa maneira, o estudo dos fenomenos políticos de forma
comparada deve considerar as especificidades de variaveis como ideias, interesses, identidades
e interaçoes sociais em cada contexto analisado e como elas interferem na conformaçao de
normas, ventos e fenomenos políticos distintos ou similares. Fonte: Rota de Aprendizagem da
Aula 04. Política Comparada. Tema 03: Outras abordagens: positivismo e construtivismo.

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“A maioria das pesquisas em Ciencia Política e comparada e positivista. O principal suposto do
positivismo e que os fenomenos sao observaveis e verificaveis da mesma forma por indivíduos
diferentes e mensurados do mesmo modo que nas ciencias naturais, com mediçoes
quantitativas, testes de hipoteses e formaçao teorica”. As analises de Política Comparada
frequentemente fazem uso de abordagens metodologicas positivistas para estudar os
fenomenos políticos. Todavia, o construtivismo tem se mostrado uma perspectiva importante e
vem sendo cada vez mais empregado ao estudo da Política Comparada. Para caracterizar em
poucas palavras as contribuiçoes da perspectiva construtivista para Política Comparada vale
mencionar que o construtivismo, diferentemente do positivismo, nao distancia os valores dos
fenomenos observados. Essa perspectiva coloca que os fatos sao socialmente incorporados e
socialmente construídos. Assim, nao tem como o pesquisador social ficar de fora dos fenomenos
políticos analisados, como um observador objetivo, mas seus proprios entendimentos sociais e
culturais sao parte dos fenomenos observados e todos esses elementos sao incorporados a
analise política comparada. Dessa maneira, o estudo dos fenomenos políticos de forma
comparada deve considerar as especificidades de variaveis como ideias, interesses, identidades
e interaçoes sociais em cada contexto analisado e como elas interferem na conformaçao de
normas, ventos e fenomenos políticos distintos ou similares. Fonte: Rota de Aprendizagem da
Aula 04. Política Comparada. Tema 03: Outras abordagens: positivismo e construtivismo.

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“Assim, longe de propor um “retorno (exegetico) a Marx”, da mesma maneira que seu inspirador
mais imediato, Louis Althusser, Poulantzas reconhecia e afirmava de maneira explícita as
deficiencias e os limites do esquema analítico e do metodo de exposiçao elaborados pelos
classicos do marxismo (embora, naturalmente, estas referencias se constituam em ponto de
partida de qualquer reflexao que se propusesse a permanecer dentro do campo teorico
marxista), assim como a necessidade de um dialogo teorico-metodologico franco e aberto com
as diferentes correntes da analise política produzidas no ambiente academico de entao”
(BRAGA, Sergio. “Poder, formas de dominaçao e Estado no dialogo entre Nicos Poulantzas e a
sociologia política norte-americana” Revista Brasileira de Ciência Política, nº 5, pp. 109-137,
2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcpol/n5/a05n5.pdf. Acesso em 17.jul.2018.)
Nicos Poulantzas e um importante autor que adota uma perspectiva marxista em seus
trabalhos, incluindo ‘A Crise das Ditaduras: Portugal, Grecia e Espanha’, no qual o autor faz um
estudo comparado entre esses países. Se quisermos discorrer resumidamente sobre como as
abordagens marxistas realizam estudos de política comparada, precisamos ter em mente que,
via de regra, as pesquisas que se utilizam da abordagem marxista costumam analisar o conflito
de classes, para verificar as diferenças entre os sistemas políticos. As analises marxistas
costumam oferecer prediçoes empíricas sobre as diferenças entre sistemas e postulam um
padrao de desenvolvimento por meio da revoluçao e ditadura do proletariado. Fonte: Rota de
Aprendizagem da Aula 04. Política Comparada. Tema 04: Outras abordagens: marxismo e
corporativismo.

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A ausencia de uma diretriz coerente ou um entendimento comum sobre o conteudo apropriado
e a teoria de política comparada esta provavelmente relacionada com uma insatisfaçao geral
que penetra a disciplina mesma de ciencia política. Nao e surpreendente, pois, que academicos
e alunos procurem perspectivas alternativas quando tentam definir o que e estudo de política.
Outras disciplinas, notavelmente antropologia, economia, historia e sociologia voltaram-se para
o pensamento radical na tentativa de definir e modificar seus esforços. (...) Na busca de uma
política comparada alternativa, varias hipoteses podem ser sugeridas. Primeiro, deve-se
enfatizar que teoria e clara conceitualizaçao sao a essencia da pesquisa quando analisamos
situaçoes diferentes; em contraste, a disciplina continua lutando com o legado de uma
perspectiva comparada, essencialmente descritiva e configurativa, isto e, voltada para estudos
de naçoes individuais ou instituiçoes. Política comparada inclui mais do que estudo sobre
governo, especialmente o governo americano, que tem influenciado os valores e suposiçoes
sobre o que e e como nos devemos estudar política. (CHILCOTE, Ronald. H. “Perspectivas
alternativas de política comparada” Revista de Ciência Política, vol. 31, nº 2, p. 52, 1988.
Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/view/60020/58342).
Para explicar por que a Ciencia Política a questiona a ideia de que a democracia representativa
seria um regime político inevitavel e importante ter em mente que essa noçao (inevitabilidade
da democracia representativa) se tornou insustentavel com os desdobramentos da segunda
grande guerra. Alguns aspectos foram fundamentais para a mudança de posiçao da Ciencia
Política, de um otimismo exacerbado para um clima de duvida e a adoçao entao de uma nova
abordagem. Sao eles: maior numero de sistemas políticos, a manifestaçao nacional de outras
naçoes no Oriente Medio, Africa e Asia, a perda de influencia e domínio de países da Europa
ocidental e EUA, difusao de ex-colonias e semicolonias, o surgimento do comunismo como uma
concorrente na estruturaçao dos sistemas nacionais e do sistema político internacional e o
surgimento de agencias paraestatais, como partidos políticos, movimentos sociais e grupos de
interesse. Esse ceticismo e hesitaçao na política no mundo ocidental pos-guerra estimulou o
surgimento de novos esforços e abordagens para a criaçao de uma nova ordem intelectual sob
novo paradigma na Ciencia Política, a fim de possibilitar a analise dessa nova realidade. As
categorias antigas, institucionais (centradas no Estado), nao se encaixavam mais nos novos
casos a serem estudados. Tambem se tornou evidente que os conceitos ocidentais nao tinham o
mesmo significado nos países do mundo nao ocidental. Fonte: Rota de Aprendizagem da Aula
03. Política Comparada. Tema 01: A comparação antes da revolução comportamentalista,
adaptado.

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O enigma recorrente que demarca a agenda das ciencias sociais esta em revelar os mecanismos
que constituem as relaçoes de influencia recíproca entre estruturas (instituiçoes, organizaçoes,
grupos) e açoes individuais. Trata-se de desvendar as condiçoes que permitem a produçao de
equilíbrios sociais, caracterizados por circunstancias nas quais nenhum agente possui
incentivos para alterar estrategias ou curso de açao, desde que os demais tambem nao o façam.
Disso decorre o desafio em explicar a origem, a estabilidade e a mudança, bem como as
variaçoes observadas na configuraçao das instituiçoes políticas: por que algumas naçoes
possuem instituiçoes democraticas e outras nao? Por que certas democracias sao estaveis,

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enquanto outras apresentam ciclos endemicos de crise institucional? Quais fatores podem
explicar as diferenças registradas em regimes poliarquicos, como relaçoes Executivo-
Legislativo, formula eleitoral, sistemas partidarios, estrutura federativa, escolha por políticas
keynesianas ou monetaristas? De alguma forma, as principais escolas analíticas constituídas na
ciencia política internacional durante o ultimo seculo – pluralismo, nos anos de 1930,
behaviorismo, nos anos de 1950, sociologia política e individualismo metodologico, nas decadas
de 1960 e 1970, neoinstitucionalismo(s), dos anos de 1990 em diante – procuraram construir
inferencias causais aptas a explicar como estruturas condicionam valores, comportamentos ou
preferencias dos agentes ou, inversamente, como estes e suas crenças modelam aquelas
estruturas (Goodin, 2009) (MARENCO DOS SANTOS, Andre. “Quando comparamos para
explicar: desenhos de pesquisa e sequencias temporais na investigaçao de instituiçoes políticas”
(Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v27n80/v27n80a12.pdf, citaçao retirada da pagina 204).

---

A política comparada contemporanea e influenciada por estes e outros pensadores. No entanto,


desde 1953, a disciplina tem redefinido seu paradigma, atraves em grande parte da metodologia
weberiana e positivista da ciencia social. Sob a direçao do Comite de Política Comparada do
Conselho de Pesquisa de Ciencia Social, a disciplina foi organizada em quatro "areas"
tradicionais. No começo dos anos 50 David Easton introduziu o conceito de "sistema" para
política, junto com um vocabulario de inputs e outputs, demandas e suportes, e feedback.
Parcialmente influenciado por Easton, mas tambem pela teoria de grupo e o trabalho de
antropologistas e sociologos estruturalistas, Gabriel AImond primeiro apresentou uma
tipologia de sistemas políticos e depois salientou categorias de funçoes e estruturas que
relacionavam com todos os sistemas políticos. Dentro deste sistema, Almond tambem
introduziu uma dimensao cultural para política comparada. Junto com Sydney Verba, ele aplicou
o conceito de cultura cívica a um estudo de cinco naçoes e formulou uma tipologia de culturas
políticas. Com o surgimento de novos estados no Terceiro Mundo, Almond e outros dirigiram a
atençao para as areas em desenvolvimento e para questoes de desenvolvimento no mundo. Por
ultimo, durante os anos 60, a pesquisa voltou- se para o estudo de elites (CHILCOTE, Ronald. H.
“Perspectivas alternativas de política comparada” Revista de Ciência Política, vol. 31, nº 2, pp.
53, 1988. Disponível em
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/view/60020/58342)

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Recentemente, Easton reviu alguns trabalhos marxistas sobre a teoria do Estado, contrastando
estes com sua propria contribuiçao para a teoria de sistemas. Observou que o conceito de
Estado na ciencia social contemporanea foi ressuscitado nao so pelos trabalhos marxistas, em
particular a teoria de Nicos Poulantzas, mas por “academicos” interessados em estudar o poder
autoritario, liberalismo economico e analise política (policy analysis). Porem Easton continua a
expressar preocupaçao sobre a imprecisao conceitual de um termo como Estado. Reconhecendo
que o interesse renovado sobre este vem representando “um desafio necessario a

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pressuposiçao ideologica da pesquisa social convencional”, ele, porem, pediu aos marxistas para
abandonarem o conceito de Estado: “A perspectiva central do marxismo nas suas varias formas
depende menos da noçao de Estado do que da noçao de modos de produçao, conflito de classes
e ‘contradiçoes’.” Ele acreditava que Nicos Poulantzas fizera um esforço notavel para ressuscitar
o conceito, mas em ultima analise sua teoria era obscura e teoricamente complexa; temos que
questionar sua adequaçao teorica e sua potencialidade operacional para uma pesquisa empírica
e teorica. Enquanto “O Estado punha o sistema político em estado-de-sítio”, Easton tinha
expectativas para uma “analise mais rigorosa”. Ele nao reconhecia que sua propria formulaçao
nao resolvesse este problema para a ciencia política. Ainda mais enquanto estava certo em
enfatizar o modo de produçao e o conflito de classes como principais conceitos de orientaçao
da analise marxista, a atençao ao Estado e seus dispositivos nao podem ser ignorados, como
Marx sugeriu no relacionamento dialetico entre o Estado e a base economica da sociedade.
Atualmente, os cientistas políticos que usam a metodologia marxista tem mostrado
consideravel interesse no estudo de Estado e classe (CHILCOTE, Ronald. H. “Perspectivas
alternativas de política comparada” Revista de Ciencia Política, vol. 31, nº 2, pp. 56, 1988.
Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article/view/60020/58342 ).

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Referencias de leitura complementar para Política Comparada

CHILCOTE, Ronald. H. “Perspectivas alternativas de


BOHN, Simone “Política Comparada: Um política comparada” Revista de Ciência Política,
Mapeamento do Debate entre Propostas Teóricas e vol. 31, nº 2, pp. 52-65, 1988. Disponível em
Metodologias de Pesquisa Alternativas” Revista <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rcp/article
Brasileira de Informação Bibliográfica em /view/60020/58342> Acesso em 17.jul.2018.
Ciências Sociais – BIB, nº59, pp. 61-80, 2015.
Disponível em MAINWARING, Scott. “Democracia Presidencialista
<http://www.anpocs.com/index.php/edicoes- multipartidária: o caso do Brasil” Lua Nova:
anteriores/bib-59/571-politica-comparada-um- Revista de Cultura e Política, nº 28-29, pp. 21-74,
mapeamento-do-debate-entre-propostas-teoricas- 1993. Disponível em
e-metodologias-de-pesquisa-alternativos/file> <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
Acesso em 17.jul.2018. 64451993000100003> Acesso em 17.jul.2018.

BRAGA, Sérgio. “Poder, formas de dominação e MARENCO DOS SANTOS, André. “Quando
Estado no diálogo entre Nicos Poulantzas e a comparamos para explicar: desenhos de pesquisa e
sociologia política norte-americana” Revista sequências temporais na investigação de
Brasileira de Ciência Política, nº 5, pp. 109-137, instituições políticas” Revista Brasileira de
2011 Disponível em Ciências Sociais, vol. 27, nº 80, pp. 203-217, 2012.
<http://dx.doi.org/10.1590/S0103- Disponível em <https://dx.doi.org/10.1590/S0102-
33522011000100005> Acesso em 17.jul.2018. 69092012000300012> Acesso em 17.jul.2018.

CANO, Ignacio. “Nas trincheiras do método: o ensino PERISSINOTTO, Renato. “Comparação, história e
da metodologia das ciências sociais no Brasil” interpretação: por uma ciência política histórico-
Sociologias, vol. 14, nº 31, pp. 94-119, 2012. interpretativa”. Revista Brasileira de Ciências
Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S1517- Sociais, São Paulo, v. 28, n. 83, p. 151-165, outubro,
45222012000300005> Acesso em 17.jul.2018. 2013. Disponível em
<http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
69092013000300010> Acesso em 17.jul.2018.

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