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Utilização Energética da Biomassa em Portugal

Caso de estudo da Tratolixo

Ana Luís de Matos Marques

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia e Gestão Industrial

Orientadores: Profª. Maria Cristina de Carvalho Silva Fernandes


Prof. Clemente Manuel Pedro Vicente Nunes

Júri

Presidente: Profª. Ana Sofia Mascarenhas Proença Parente da Costa Sousa Branca
Orientadora: Profª. Maria Cristina de Carvalho Silva Fernandes
Vogal: Prof. Fernando Henrique de Carvalho Cruz

Dezembro de 2015
Agradecimentos
Em primeiro lugar quero agradecer à Professora Cristina Fernandes e ao Professor Clemente
Nunes por me terem orientado nesta dissertação, motivando-me sempre a fazer mais e melhor, pela
confiança depositada e pela disponibilidade e apoio sempre demonstrado.

Ao Professor João Oliveira, sempre disponível para me ajudar, tendo sido fundamental na
análise do investimento segundo o Regulamento Tarifário dos Resíduos Urbanos.

Agradeço também à Engenheira Cristiana Santos, da Tratolixo, pela sua disponibilidade em


ajudar-me em tudo o que precisei.

I
Resumo
Os combustíveis fósseis são desde a revolução industrial as fontes energéticas mais utlizadas
a nível mundial. Contudo com o desenvolvimento tecnológico vieram as preocupações com questões
ambientais, nomeadamente com as emissões de gases de efeitos de estufa resultantes dos processos
onde se utilizam este tipo de combustíveis.
De modo a ultrapassar esta questão os países têm vindo a aposta na utilização de energias
renováveis como substitutos dos combustíveis fósseis. Das fontes energéticas disponíveis, a biomassa
tem revelado um enorme potencial devido às reservas existentes a nível mundial e por ser um recurso
bastante flexível podendo ser convertida diretamente em energia sob a forma de calor ou eletricidade
ou em biocombustíveis.
Assim, o trabalho a desenvolver tem como principais objetivos analisar o potencial de biomassa
a nível nacional, caracterizar a cadeia de valorização energética dos recursos/resíduos analisando as
diferentes metodologias de recolha e gestão dos resíduos bem como as alternativas de conversão em
energia, nomeadamente nos concelhos de Oeiras, Cascais, Mafra e Sintra.

Palavras-Chave: Biomassa, resíduos sólidos urbanos, resíduos florestais, combustão, valorização


energética

Abstract
The Industrial Revolution played a major role in expanding the use of fossil fuels. However,
environmental concerns have increased in line with the development of technology, in particular global
greenhouse gases emissions resulting from processes that rely on this type of fuel.
To overcome this issue, countries have been focusing on renewable energy as substitutes for
fossil fuels. Of the available renewable energy sources, biomass has shown enormous potential due to
existing stocks worldwide and for being nature's most flexible energy resource. Biomass can be
converted directly into energy in the form of heat or electricity or biofuels.
Thus, the main objective of this work is to analyze the potential of biomass at national level,
characterizing the energy value chain of resources / waste, analyzing the different methods of collection
and management of waste and the alternatives of energy conversion.

Keywords: Biomass, municipal solid waste, forest biomass, combustion, energetic valorization

II
Índice
1. Introdução .......................................................................................................................................... 1
1.1. Contextualização do problema ..................................................................................................... 1
1.2. Objetivos do trabalho.................................................................................................................... 4
1.3. Metodologia .................................................................................................................................. 4
1.4. Estrutura do trabalho .................................................................................................................... 4
2. Estado da Arte ................................................................................................................................... 6
2.1. A Biomassa .................................................................................................................................. 6
2.1.1. Principais propriedades da biomassa ................................................................................... 8
2.1.2. Tecnologias de conversão energética da biomassa ............................................................. 9
2.2. Resíduos Sólidos Urbanos ......................................................................................................... 15
2.2.1. Entidades gestoras dos RSU em Portugal .......................................................................... 15
2.2.2. Soluções de tratamento de RSU ......................................................................................... 15
2.2.3. Custos de tratamento de RSU ............................................................................................ 18
2.3. Biomassa Florestal ..................................................................................................................... 20
2.3.1. Gestão florestal em Portugal ............................................................................................... 20
2.3.2. Sistemas de exploração de Biomassa Florestal ................................................................. 21
2.3.3. Custos de exploração de Biomassa Florestal ..................................................................... 22
3. Estudo de Benchmarking de Referência: Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e de
Biomassa Florestal .............................................................................................................................. 23
3.1. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos ....................................................................................... 23
3.1.1. Quantificação e caracterização dos RSU ............................................................................ 23
3.1.2. Tratamento de RSU ............................................................................................................. 25
3.1.3. Taxa de gestão de resíduos ................................................................................................ 26
3.1.4. A valorização energética de RSU por incineração .............................................................. 28
3.1.4.1. Caso de estudo 1: Iru Power Plant, Estónia ................................................................ 29
3.1.4.2. Caso de estudo 2: Reno Nord, Dinamarca .................................................................. 30
3.1.4.3. Caso de estudo 3: Energos, Sarpsborg, Noruega ....................................................... 31
3.2. Gestão de Biomassa Florestal ................................................................................................... 31
3.2.1. Quantificação e caracterização da biomassa florestal ........................................................ 31
3.2.2. Taxa de IVA na utilização da biomassa florestal como combustível .................................. 33
3.2.3. Valorização energética de Biomassa Florestal por incineração ......................................... 34
3.2.4. Estratégia para a Bioenergia do Reino Unido ..................................................................... 37
3.3. Remuneração das Energias Renováveis ................................................................................... 38
4. Caracterização da empresa Tratolixo............................................................................................ 40
4.1. Apresentação ............................................................................................................................. 40
4.2. Caracterização do mercado de resíduos no sistema AMTRES ................................................. 40
4.3. Descrição dos atuais processos de tratamento e valorização de RSU indiferenciados ............ 43
4.4. Limitações dos atuais processos de tratamento e valorização de RSU indiferenciados ........... 47
5. Propostas de melhoria da gestão de resíduos da Tratolixo ....................................................... 50

III
5.1. Descrição dos projetos em estudo ............................................................................................. 50
5.1.1. Projeto 1 – Investimento na requalificação do tratamento mecânico na CITRS................. 50
5.1.2. Projeto 2 – Investimento numa nova central de incineração de resíduos .......................... 53
5.2. Metodologias Utilizadas ............................................................................................................. 55
5.2.1. Estimativa de produção de RSU indiferenciados ................................................................ 55
5.2.1.1. População ..................................................................................................................... 55
5.2.1.2. Produção de resíduos sólidos urbanos ........................................................................ 56
5.2.2. Análise de projetos de investimento .................................................................................... 57
5.2.3. Análise das emissões de carbono ....................................................................................... 62
5.3. Aplicação e Resultados .............................................................................................................. 64
5.3.1. Estimativa da produção de RSU indiferenciados ................................................................ 64
5.3.1.1. População ..................................................................................................................... 64
5.3.1.2. Produção de resíduos sólidos urbanos ........................................................................ 64
5.3.2. Estimativa do Investimento e Custos Operacionais ............................................................ 66
5.3.3. Estimativa de custos adicionais .......................................................................................... 67
5.3.4. Estimativa das receitas........................................................................................................ 68
5.3.5. Análise dos Projetos de Investimento ................................................................................. 70
5.3.6. Análise de Sensibilidade ..................................................................................................... 75
5.3.7. Análise de Emissões de Carbono ....................................................................................... 76
5.3.8. Discussão e propostas de atuação ..................................................................................... 77
6. Conclusão e Trabalho Futuro ........................................................................................................ 80
Referências .......................................................................................................................................... 81
Anexos .................................................................................................................................................. 88
Anexo 1 – Características típicas de várias matérias-primas em comparação com o carvão ......... 88
Anexo 2 – Caracterização dos sistemas de gestão de RU em Portugal Continental ....................... 88
Anexo 3 – Destino final dos RSU produzidos em países europeus ................................................. 89
Anexo 4 – Eletricidade produzida a partir de biomassa florestal na União Europeia em 2011 ........ 89
Anexo 5 – Sistemas de Promoção das FER ..................................................................................... 90
Anexo 6 – Localização das centrais a biomassa florestal no Reino Unido e respetivo consumo .... 91
Anexo 7 – Evolução da recolha indiferenciada em Portugal............................................................. 92
Anexo 8 – Resposta da Tapada de Mafra......................................................................................... 92
Anexo 9 – Respostas da Tratolixo .................................................................................................... 93
Anexo 10 – Projeção de população para o sistema AMTRES.......................................................... 95
Anexo 11 – Valores utilizados e obtidos Previsão RSU .................................................................... 95
Anexo 12 – Projeção da remuneração pelo fornecimento de eletricidade ....................................... 96
Anexo 13 – Valores de gasóleo obtidos ............................................................................................ 96
Anexo 14 – Resposta da Ribtejo ....................................................................................................... 97
Anexo 15 – Respostas da ERSAR .................................................................................................... 97
Anexo 16 – Fluxos de materiais utilizados na análise de investimento ........................................... 98
Anexo 17 - Valores utilizados na análise de investimento .............................................................. 100

IV
Anexo 18 – Analise de investimento segundo o RTR (2014a) ...................................................... 100
Anexo 19 - Encargos Financeiros ................................................................................................... 108

Lista de Tabelas
Tabela 1 - Procura mundial de energia primária por combustível em Mtep (Adaptado de IEA, 2010) .. 1
Tabela 2 – Distribuição do consumo de energia renovável por fonte na UE 27 em % de Mtep total no
ano de 2010, (Adaptado de EC, 2012) .................................................................................................... 2
Tabela 3 -Taxa de dependência externa de energia de Portugal ao longo dos anos (DGEG, 2014b) .. 2
Tabela 4 – Valores médios da composição química da madeira (EUBIA, 2014) ................................... 6
Tabela 5 - Propriedades mais importantes dos biocombustíveis sólidos (Adaptado de Kofman, 2010;
Obernberger, 1998; Forestech, 2014) ..................................................................................................... 7
Tabela 6 - Vantagens e desvantagens de cada topo de sistema de queima (The World Bank, 1999) 14
Tabela 7 - Aplicações dos produtos resultantes do TMB (ERSAR, 2010) ............................................ 17
Tabela 8 - Custos de geração de BF no Norte e Centro de Portugal (Enersilva, 2007) ....................... 22
Tabela 9 - Produção de RU em Portugal em milhares de toneladas (Adaptado de APA, 2015) ......... 23
Tabela 10 - Composição típica média de RSU na Europa (Adaptado de Hoornweg e Bhada-Tata, 2012)
............................................................................................................................................................... 24
Tabela 11 - Percentagem de TGR a pagar por destino final em Portugal (Lei n.º 82-D/2014) ............ 27
Tabela 12 - Taxas de aterro praticadas em países da União Europeia em 2015 (CEWEP, 2015) ...... 27
Tabela 13 - Rácio entre nº de centrais de incineração de RSU por cada 10 000 km, dados de 2012
(Eurostat, 2015 e CEWEP, 2015) ......................................................................................................... 29
Tabela 14 - Tecnologias mais utilizadas nas centrais de incineração de RSU nos países em estudo
(ISWA, 2012) ......................................................................................................................................... 29
Tabela 15 - Dados relativos às centrais de incineração em estudo (WPS, 2013) ................................ 31
Tabela 16 – Evolução da área total das espécies florestais dominantes em Portugal Continental entre
1995 e 2010 (ICNF, 2013) ..................................................................................................................... 33
Tabela 17 - Centrais a biomassa em Portugal dados de 2014, (Adaptado de INEGI, 2014) ............... 34
Tabela 18 - Quantidades indicativas de biomassa florestal de acordo com a proveniência, produção de
biomassa florestal e disponibilidade deste recurso energético (ADENE/INETI, 2001) ........................ 36
Tabela 19 - Tarifas médias indicativas para produção de eletricidade de fontes renováveis segundo o
Decreto-Lei 225/2007 (DGEG, 2015) .................................................................................................... 38
Tabela 20 - Quantidade de relva e potencial para produção de biogás estimados (GR3, 2015) ......... 43
Tabela 21 – Tratamentos Finais considerados em cada cenário e respetivas proporções .................. 51
Tabela 22 - Fatores de conversão (Tratolixo, 2014 e Valorsul, 2015) .................................................. 52
Tabela 23 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no projeto 1 .................................................................................................... 53
Tabela 24 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no cenário 1 do projeto 2 ............................................................................... 54
Tabela 25 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no cenário 2 do projeto 2 ............................................................................... 54

V
Tabela 26 – Custos de investimento e de operação atualizados ......................................................... 66
Tabela 27 - Custos operacionais e de investimento utilizados na análise de investimento ................. 66
Tabela 28 - Valores de TGR utilizados nos projetos em estudo ........................................................... 67
Tabela 29 - Tarifas praticadas por sistema de gestão em 2015 ........................................................... 68
Tabela 30 – Valores médios Ponto Verde válidos para os anos entre 2012 e 2015 (Ponto Verde, 2015)
............................................................................................................................................................... 69
Tabela 31 - Valores relativos aos custos e receitas em 2020 ............................................................... 71
Tabela 32 - Parâmetros utilizados na análise do investimento para o projeto P1 e cenários C1, C2, C3)
e para o projeto P2 ................................................................................................................................ 72
Tabela 33 – Valores utilizados para determinar os custos evitados, adicionais e receitas adicionais, ano
base de 2020, valores em milhares de Euros ....................................................................................... 72
Tabela 34 - Resultados obtidos da análise de investimento simplificada para o ano base de 2020 em
milhares de € ......................................................................................................................................... 73
Tabela 35 - Variáveis da análise de sensibilidade ................................................................................ 75
Tabela 36 – Variação do valor do CF e do B em relação ao caso base, para o ano de 2020 função da
participação do financiamento por terceiros no total do financiamento e da taxa de remuneração dos
capitais alheios (milhares de €, %) ........................................................................................................ 76
Tabela 37 – Significado e valores das variáveis utilizadas no cálculo (Wang e Geng, 2015 e IPCC, 2006)
............................................................................................................................................................... 76
Tabela 38 – Emissões de cada GEE .................................................................................................... 77
Tabela 39 - Valores das emissões de carbono obtidas para cada projeto ........................................... 77
Tabela 40 - Características típicas de várias matérias-primas em comparação com o carvão (Adaptado
de OEDC/IEA, 2012) ............................................................................................................................. 88
Tabela 41 - Caracterização dos sistemas de gestão de RU em Portugal Continental, dados de 2013
(Adaptado de APA, 2014)...................................................................................................................... 88
Tabela 42 – Destino final dos RSU produzidos nos países europeus, dados de 2013 (Eurostat, 2015)
............................................................................................................................................................... 89
Tabela 43 - Eletricidade produzida a partir de biomassa florestal, área florestal e rácio (produção
energia/área florestal) na União Europeia em 2011 (em GWh), (Adaptado de REN21, 2014; UNECE,
2014)...................................................................................................................................................... 89
Tabela 44 - Sistemas de Promoção das FER (Res-legal, 2015) .......................................................... 90
Tabela 45 – Projeção de população para o sistema AMTRES calculadas pela taxa de crescimento entre
2012 e 2013 ........................................................................................................................................... 95
Tabela 46 - Resultados obtidos para a população futura ..................................................................... 95
Tabela 47 – Valores utilizados e resultados obtidos da remuneração pelo fornecimento de eletricidade
a partir da queima de RSU e da queima de biogás .............................................................................. 96
Tabela 48 - Valores de gasóleo obtidos por intermédio da taxa média de crescimento entre 2009 e 2015
............................................................................................................................................................... 96
Tabela 49 – Variáveis fixas para o cálculo do custo de transporte ....................................................... 97
Tabela 50 - Fluxos de materiais utilizados nos cenários do projeto 1 .................................................. 98

VI
Tabela 51 - Fluxos de materiais utilizados no cenário 1 do projeto 2 (parte 1) .................................... 99
Tabela 52 -Fluxos de materiais utilizados no cenário 2 do projeto 2 (parte 1) ..................................... 99
Tabela 53 - Valores utilizados na análise de investimento (parte 1) .................................................. 100
Tabela 54 – Valores utilizados para determinação do custo da divida em € ...................................... 101
Tabela 55 - Valores utilizados no cálculo de % capitais próprios, % passivo da Tratolixo em € ........ 102
Tabela 56 - Valores utilizados para a determinação do WACC .......................................................... 102
Tabela 57 - Resultados obtidos ........................................................................................................... 102
Tabela 58 - Cash Flows do cenário 1 do projeto 1 ............................................................................. 102
Tabela 59 - Cash Flows do cenário 2 do projeto 1 ............................................................................. 104
Tabela 60 - Cash Flows do cenário 3 do projeto 1 ............................................................................. 105
Tabela 61 - Cash Flows do cenário 1 do projeto 2 ............................................................................. 106
Tabela 62 - Cash Flows do cenário 2 do projeto 2 ............................................................................. 107
Tabela 63 - Encargos financeiros determinados ................................................................................. 108

VII
Lista de Figuras
Figura 1 - Peso relativo das diferentes fontes na produção de eletricidade em Portugal Continental,
valores acumulados até Novembro de 2014 (APREN, 2014) ................................................................. 3
Figura 2 - Esquema ilustrativo das caracteristicas de cada sistema de conversão de biomassa em
energia (Adaptado de IRENA, 2012) ..................................................................................................... 14
Figura 3 - Mapa de sistemas de gestão de RU em Portugal Continental em 2015 (adaptado de APA,
2015)...................................................................................................................................................... 15
Figura 4 - Diagrama de blocos do TMB convencional (ERSAR, 2010) ................................................ 17
Figura 5 - Custos de investimento e operacionais de instalações de digestão anaeróbia, preços de 2003
(ERSAR, 2010) ...................................................................................................................................... 19
Figura 6 - Custos de investimento e operacionais de instalações de aterro sanitário, preços de 2003
(ERSAR, 2010) ...................................................................................................................................... 19
Figura 7 - Custos de investimento e operacionais de instalações de incineração, preços de 2003
(ERSAR, 2010) ...................................................................................................................................... 20
Figura 8 - Dimensão média de prédios rústicos por concelho (ICNF, 2014) ........................................ 21
Figura 9 - Evolução da produção de RSU em Portugal, a média da UE-27 e o PIB em Portugal (Eurostat,
2015 e INE, 2015) ................................................................................................................................. 24
Figura 10 - Composição típica de RSU em Portugal Continental, no ano de 2013 (APA, 2014) ......... 24
Figura 11 - Distribuição dos destinos finais dos RSU na Europa (Eurostat, 2015) .............................. 25
Figura 12 - Distribuição dos destinos finais dos RSU na Estónia, Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça
(Eurostat, 2015) ..................................................................................................................................... 26
Figura 13 - Distribuição dos destinos finais dos RSU em Portugal no período de 1995 a 2013 (Eurostat,
2015)...................................................................................................................................................... 26
Figura 14 - Relação entre as taxas de aterro e a percentagem de resíduos depositados em aterro,
dados de 2009 (Adaptado de CE, 2012) ............................................................................................... 28
Figura 15 - Área florestal (em milhões de ha e em %) de cada país europeu, dados de 2010 (Adaptado
de FOREST EUROPE, UNECE e FAO, 2011) ..................................................................................... 32
Figura 16 - Evolução da área ocupada por cada sector em Portugal continental (Adaptado de ICNF,
2013)...................................................................................................................................................... 33
Figura 17 - Taxas de IVA aplicadas aos combustíveis utilizados no sector de aquecimento em 2015
(Adaptado de CE, 2015) ........................................................................................................................ 33
Figura 18 - Valores previstos para as importações de pellets para países da UE (AEBIOM, 2014) .... 35
Figura 19 - Localização e tipologia dos 15 lotes (adaptado de DGEG (2006) e INEGI (2014)) ........... 36
Figura 20 - Custos nivelados da energia elétrica no Reino Unido para projetos com inicio em 2009, com
uma taxa de desconto de 10% (Adaptado de DECC, 2013) ................................................................. 38
Figura 21 - Evolução da quantidade de RSU provenientes da recolha indiferenciada (Tratolixo, 2015)
............................................................................................................................................................... 41
Figura 22 - Evolução da quantidade de RSU provenientes da recolha seletiva (Tratolixo, 2015) ....... 42
Figura 23 - Evolução da quantidade de Resíduos Verdes recebidos na Tratolixo (Tratolixo, 2015).... 42

VIII
Figura 24 - Evolução da quantidade de Resíduos de Limpeza recebidos na Tratolixo (Tratolixo, 2015)
............................................................................................................................................................... 42
Figura 25 - Processo realizado na CITRS. Adaptado de Tratolixo (2015) ............................................ 44
Figura 26 - Representação esquemática do funcionamento do Ecocentro de Trajouce (Tratolixo, 2015)
............................................................................................................................................................... 45
Figura 27 - Processo realizado na CDA (Tratolixo, 2015) .................................................................... 46
Figura 28 - Principais fluxos entre operações de tratamento................................................................ 48
Figura 29 - Balanço de massa Tratolixo, dados de 2013 (facultados pela Engª. Cristiana Santos da
Tratolixo) ................................................................................................................................................ 49
Figura 30 - Fluxos de materiais do projeto 1 ......................................................................................... 51
Figura 31 - Esquema do Ecoparque de Trajouce (Tratolixo, 2014) ...................................................... 53
Figura 32 - Fluxos de materiais do cenário 1 do projeto 2 .................................................................... 55
Figura 33 - Fluxos de materiais do cenário 2 do projeto 2 .................................................................... 55
Figura 34 - Esquema de apoio à decisão do método de previsão de RSU (Adaptado de Beigl et al.,
2008)...................................................................................................................................................... 57
Figura 35 - Valores reais e obtidos através das equações desenvolvidas para os concelhos de Oeiras,
Cascais, Sintra e Mafra ......................................................................................................................... 65
Figura 36 - Evolução da produção de RSU indiferenciados no sistema AMTRES ............................... 65
Figura 37 - Evolução do custo médio anual da eletricidade proveniente de RSU e de biogás em Portugal
(ERSAR, 2014) ...................................................................................................................................... 69
Figura 38 - Custos de cada projeto/cenário em estudo ........................................................................ 73
Figura 39 - Receitas de cada projeto/cenário em estudo ..................................................................... 74
Figura 40 - Benefícios e Cash Flow obtidos para cada alternativa ....................................................... 74
Figura 41 - Receitas do cenário 2 do projeto 1 ..................................................................................... 74
Figura 42 - Custos do cenário 2 do projeto 1 ........................................................................................ 75
Figura 43 - Localização das centrais a biomassa florestal no Reino Unido e respetivo consumo (RSPB,
2011)...................................................................................................................................................... 91
Figura 44- Evolução da recolha indiferenciada em Portugal (INE, 2015) ............................................. 92
Figura 45 -Resposta ao email enviado dia 28 de Abril de 2015 ........................................................... 92
Figura 46 - Resposta ao email enviado a 28 de Abril de 2015 ............................................................. 93
Figura 47 - Resposta ao email enviado dia 5 de Junho de 2015 (Parte 1) ........................................... 93
Figura 48 - Resposta ao email enviado dia 5 de Junho de 2015 (Parte 2) ........................................... 94
Figura 49 - Resposta ao email enviado dia 26 de Agosto de 2015 ...................................................... 94
Figura 50 - Resposta ao email enviado dia 1 de Julho de 2015 por parte da Eng.ª Filipa Sobral ....... 97
Figura 51 - Resposta ao email enviado dia 29 de Julho de 2015 ......................................................... 97
Figura 52 - Resposta ao email enviado dia 24 de Agosto de 2015 ...................................................... 97

IX
Lista de Abreviaturas
b.s – Base Seca

BF – Biomassa Florestal

BFP – Biomassa Florestal Primária

CCT – Células de Confinamento Técnico

CDA – Central de Digestão Anaeróbia

CDR – Combustíveis Derivados de Resíduos

CITRS – Central Industrial de Tratamento de Resíduos Sólidos

CSR – Combustível Solido Recuperado

CVEBAT - Central de Valorização Energética do Biogás do Aterro Sanitário de Trajouce

ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos

ETAL - Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes

ETARI - Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais

FER – Fontes de Energia Renováveis

REU – Resíduos Equiparados a Urbanos

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

RU – Resíduos Urbanos

RUB – Resíduos Urbanos Biodegradáveis

SM – Sistemas Intermunicipais

SMM – Sistemas Multimunicipais

TGR – Taxa de Gestão de Resíduos

TM – Tratamento Mecânico

TM (A) – Tratamento Mecânico da Abrunheira

TM (T) - Tratamento Mecânico de Trajouce

TMB – Tratamento Mecânico e Biológico

ZIF – Zona de Intervenção Florestal

Nomenclatura
Símbolos latinos

X
A – atividade principal

Ak – ajustamentos no período k

B - beneficio

Bk – rendimentos de atividades complementares no período k

C(t) – Capitação no ano t em t/hab.ano

C5 - Emissões de CO2 por incineração em kg

CCk – custo de capital no período k

CD – participação do financiamento por terceiros no total do financiamento

CDk – gastos de depreciação no período k

CE – participação do capital próprio no total do financiamento

CEAk – gastos operacionais adicionais no período k

CEk – gasto operacionais no período k

CFk – Cash flow das fases de investimento ou exploração no período k

CFk – gastos fixos

CVk – gastos variáveis

DOC – Teor de carbono orgânico degradável

DOCf – Decomposição atual do carbono orgânico degradável no processo de aterro

EBITk - Resultados Antes de Juros e Impostos no período k

𝐸𝐶𝐻4,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 – Emissões de CH4 em aterro sanitário em kg

𝐸𝐶𝐻4,𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 – Total de emissões de CH4 em kg

𝐸𝐶𝑂2 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 – Total de emissões de CO2 em aterro sanitário em kg

𝐸𝐶𝑂2,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 – Emissões de CO2 em aterro sanitário em kg

Ef – entrada anual de energia no sistema a partir de combustíveis que contribuem para a produção de
vapor (GJ/ano)

EFda,CH4 – Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg CH4/t resíduos tratados

EFda,N2O – Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg N2O/t resíduos tratados

𝐸𝑁2𝑂 𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 – Total de emissões de N2O em kg

Ei – energia anual importada com exclusão de Ew e Ef (GJ/ano)

Ep – energia anual produzida sob a forma de calor ou eletricidade (GJ/ano)

XI
Ew – entrada anual de energia contida nos resíduos tratados, calculada utilizando o valor calorifico
líquido dos resíduos (GJ/ano)

F – caudal mássico (t/ano)

Gk – ganhos financeiros de juros bonificados no período k

ICFk – cash flow de investimento no período k

IHPC - índice harmonizado de preços no consumidor

IInv – investimento inicial

Ik – incentivos no período k

IRC - taxa de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)

Jk – Juros

k – número do período

MSW aterro – Quantidade de RSU que vão para aterro sanitário em kg

MSW da – Quantidade de RSU tratado por digestão anaeróbia em t

MSW inc – Quantidade de RSU que vão para incineração em kg

N – nº de anos de vida do ativo após depreciações

OCFk – cash flow operacional no período k

P(t) – População no ano t em habitantes

𝑃𝐴𝐺𝐶𝐻4 - Potencial de aquecimento global para o CH4 (kg de CO2 equivalente/kg de CH4)

𝑃𝐴𝐺𝐶𝐻4 - Potencial de aquecimento global para o CH4 (kg de CO2 equivalente/kg de CH4)

𝑃𝐴𝐺𝑁2𝑂 - Potencial de aquecimento global para o N2O (kg de CO2 equivalente/kg de N2O)

PM – preço de mercado do ativo afeto à atividade A

PPk – rendimentos permitidos no período k

QTRU,k – Quantidade total de resíduos indiferenciados a receber das entidades gestoras, estimada para
o período k (t)

R – total de CH4 recuperado em t CH4

RAk – rendimentos adicionais no período k

rD – taxa de remuneração dos capitais alheios

rE – taxa de remuneração do capital próprio

rf – taxa de juro livre de risco

rm – rentabilidade esperada da carteira de mercado

XII
RSUx (t) – Total de resíduos indiferenciados produzidos no ano t nos concelhos de Oeiras, Cascais,
Sintra e Mafra

TRUk – valor da tarifa de gestão de resíduos para o período k, em euros por tonelada

VARA, k – Valor de aquisição do ativo regulado em fim de vida afeto à atividade A

AC
VCA, k – Valor contabilístico do ativo regulado afeto à atividade complementar A no período k

AR
VCA, k – Valor contabilístico do ativo regulado afeto à atividade principal A no período k

VCk – valor contabilístico

Vk – rendimentos

VMk – valor de mercado no período k

VRk – valor residual no período k

WACC – custo médio ponderado do capital (Weighted Average Cost of Capital)

X - fator de eficiência, que corresponde à meta definida pela ERSAR para cada entidade gestora no
início de cada período regulatório relativamente à eficiência de custos pretendida

Símbolos gregos

α - Parâmetro de ajustamento do valor do ativo, à respetiva capacidade utilizada, com 0< α ≤1 refletindo
as orientações estratégicas para o sector e para a entidade gestora no período regulatório em causa

β – beta da empresa

ϒ – Teor de CH4 no volume de gás de aterro

ρ1 – Fator de correção do metano para aterro sanitário

φ – Teor de carbono combustível

ω – Fator de oxidação

XIII
1. Introdução
1.1. Contextualização do problema
Os combustíveis fósseis representam, desde a revolução industrial, um papel fundamental no
desenvolvimento tecnológico, social e económico. Atualmente estes recursos mantêm a sua posição
dominante, sendo as fontes mais utilizadas para satisfazer a procura energética a nível mundial.
Contudo têm vários fatores negativos associados como o facto de se encontrarem na Natureza em
quantidades limitadas, de estarem distribuídos pelo mundo de forma não uniforme, originando
dependências a nível energético em vários países, e de contribuírem para o aumento do efeito de
estufa. Como consequência, estes fatores desencadearam uma busca por fontes energéticas
alternativas, sobretudo as fontes de energia renovável, que têm como principais vantagens a emissão
reduzida de gases responsáveis pelo efeito de estufa e o facto de serem fontes inesgotáveis de energia
obtidas da Natureza.
Segundo estudos realizados pela IEA (2010) prevê-se que o consumo de energia primária
mundial irá aumentar cerca de 36% entre 2008 e 2035. Das fontes de energia primária existentes, os
combustíveis fósseis vão continuar a ser a principal alternativa para satisfazer a procura prevista,
apesar das projeções indicarem que a sua contribuição para assegurar a procura vai diminuir de 81%
em 2008 para 74% em 2035. Esta diminuição deve-se ao aumento da utilização de fontes energéticas
renováveis para a produção de energia mundial de 13% em 2008 para 19% em 2035, segundo as
previsões de 2010 (IEA, 2010). A Tabela 1 mostra que a procura de energia primária por gás natural
cresce mais rapidamente, a uma taxa 1,4% p. a., seguido do carvão e do petróleo com taxas de
crescimento anuais de 0,6% e 0,5% respetivamente.

Tabela 1 - Procura mundial de energia primária por combustível em Mtep (Adaptado de IEA, 2010)
Taxa de
crescimento
Energia primária (Mtep)
anual média
prevista (%)
1980 2008 2015 2020 2030 2035 2008-2035
Carvão 1 792 3 315 3 892 3 966 3 984 3 934 0,6 %
Petróleo 3 107 4 059 4 252 4346 4 550 4 662 0,5 %
Gás natural 1 234 2 596 2 919 3 132 3 550 3 748 1,4 %
Nuclear 186 712 818 968 1 178 1 273 2,2 %
Hidráulica 148 276 331 376 450 476 2,0 %
Biomassa e
749 1 225 1 385 1 501 1 780 1 957 1,7 %
resíduos*
Outras
12 89 178 268 521 699 7,9 %
renováveis
Total 7 229 12 271 13 776 14 556 16 014 16 748 1,2 %
* Inclui utilização moderna e tradicional

No continente europeu também se verifica que os combustíveis fósseis são das fontes
energéticas mais utilizadas para satisfazer a procura de energia primária. Em 2010 o petróleo e seus
derivados foram a principal fonte energética utilizada para satisfazer a procura, assegurando 35,1% da
energia total consumida no referido ano, o gás natural 25,1%, e o carvão representa 15,9%. Apesar de
os combustíveis fósseis assegurarem grande parte da energia total consumida, verificou-se uma

1
diminuição na sua contribuição de 0,7% em relação ao ano de 2009, enquanto o consumo de energia
primária proveniente de fontes de energias renováveis aumentou em 12,6%. As previsões indicam que
este comportamento irá manter-se no futuro (EC, 2012).
Relativamente às fontes de energia renovável, a biomassa foi o recurso renovável mais
consumido na UE 27 no ano de 2010, representando 69% do consumo total de renováveis, seguindo-
se a hídrica e a eólica, com 18,3% e 7,4% respetivamente, como é possível constatar na Tabela 2 (EC,
2012).

Tabela 2 – Distribuição do consumo de energia renovável por fonte na UE 27 em % de Mtep total no ano
de 2010, (Adaptado de EC, 2012)
Fonte de energia (%)
Biomassa 68,7
Hídrica 18,3
Eólica 7,4
Geotérmica 3,4
Solar 2,1
Total: 172 Mtep

Em Portugal, a exemplo do que acontece na Europa, o petróleo tem sido a fonte energética
mais utilizada ao longo dos anos, apesar do seu peso relativo ter decrescido, passando de 61,6% do
consumo de energia primária em 2000 para 43,6% em 2012. Neste ano, a segunda fonte energética
mais utilizada foram as renováveis com 20,9% seguindo-se o gás natural com 18,6% e o carvão com
13,7% (DGEG, 2014a).
Portugal tem uma elevada dependência energética do exterior em termos de energia primária
uma vez que é um país pobre em recursos energéticos de origem fóssil, apresentando no entanto em
2013 um decréscimo, atingindo o valor de 71.5% (ver Tabela 3) (DGEG, 2014b). Este facto deve-se à
diminuição do consumo de energia, mas também ao aumento da contribuição das energias renováveis.

Tabela 3 -Taxa de dependência externa de energia de Portugal ao longo dos anos (DGEG, 2014b)
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
88.8% 83.9% 82.5% 83.3% 81.2% 76.1% 79.4% 79.4% 71.5%

Relativamente à produção de eletricidade em Portugal continental, em 2014, verifica-se que as


energias renováveis contribuem com 62,8%, a térmica fóssil com 24,7% e a cogeração fóssil com
10,6%, como consta na Figura 1 (APREN, 2014).
Apesar de a biomassa ser menos utilizada que a hídrica e a eólica para a produção de energia
elétrica em Portugal, tem a vantagem de poder ser armazenada e utilizada apenas quando a procura o
justificar, permitindo de certa forma um abastecimento constante, ao contrário das outras fontes de
energia renováveis que estão dependentes dos ventos, no caso da eólica, e do nível da água nas
barragens, no caso da hídrica, tornando a produção de energia através destas fontes dependente e
incerta.

2
Figura 1 - Peso relativo das diferentes fontes na produção de eletricidade em Portugal Continental,
valores acumulados até Novembro de 2014 (APREN, 2014)

Assim, uma das soluções para diminuir a dependência energética do exterior é a substituição
dos combustíveis fósseis, sendo uma das alternativas mais promissoras a biomassa, que inclui os
resíduos florestais, agrícolas, e todos os resíduos orgânicos biodegradáveis originados pelo homem e
animais. Esta fonte de energia é bastante flexível podendo ser utilizada na sua forma pura ou
processada originando biocombustíveis.
No entanto, a nível nacional tem sido difícil nos últimos anos encontrar um modelo de gestão
eficiente de resíduos sólidos urbanos (RSU) e dos resíduos florestais (RF), nomeadamente a última
etapa do processo de gestão, o destino final. Existem vários destinos para os resíduos sendo os mais
utilizados a deposição em aterro, ou na terra, a reciclagem e a valorização energética.
Atualmente em Portugal existem vinte centrais que utilizam a biomassa como matéria-prima e
duas centrais que utilizam RSU (INEGI, 2014). Na zona de Lisboa apenas existe uma central para a
produção de energia elétrica por intermédio do processo de combustão em massa, a Valorsul, que trata
e valoriza os RSU produzidos em 19 Municípios da Grande Lisboa e da Região Oeste, excluindo os
municípios de Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra. Estes concelhos incluem algumas zonas florestais como
a Tapada Nacional de Mafra, o Parque Natural Sintra-Cascais, entre outros, e seria interessante avaliar
o potencial da biomassa aí existente para valorização, nomeadamente através da produção de energia
elétrica e calor.
O presente trabalho irá abranger a caracterização da biomassa florestal em Portugal e o estudo
da gestão de resíduos com particular detalhe na análise do caso da Tratolixo, com vista a identificar
problemas e soluções alternativas.
É neste contexto que o presente trabalho tem como principais objetivos:
a) Analisar de modo sintético o potencial da biomassa para a valorização energética em Portugal
Continental, incluindo os vários cenários possíveis para a gestão dos resíduos florestais e
agrícolas e as tecnologias disponíveis;
b) Analisar de modo mais detalhado o potencial energético da fração biodegradável dos resíduos
sólidos urbanos, verdes e florestais atualmente existentes no distrito de Lisboa, nomeadamente
nos concelhos de Mafra, Sintra, Cascais e Oeiras, de modo a avaliar a implementação de
soluções integradas para a gestão destes resíduos com vista à sua valorização energética.

3
1.2. Objetivos do trabalho
A dissertação tem como principais objetivos analisar o potencial de biomassa a nível nacional,
caracterizar a cadeia de valorização energética dos recursos/resíduos analisando as diferentes
metodologias de recolha e gestão dos resíduos bem como as alternativas de conversão em energia.
Será avaliado, em particular, o potencial da biomassa existente nos municípios de Oeiras, Mafra, Sintra
e Cascais, o sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos e resíduos verdes/florestais e o destino
final dos diferentes tipos de biomassa atualmente utilizados no sistema de gestão de resíduos que
abrange os concelhos mencionados, a Tratolixo. A partir destes dados serão criados cenários
alternativos para as etapas finais do processo de gestão, de tratamento e eliminação dos resíduos
tendo em vista a sua valorização energética.

1.3. Metodologia
Para alcançar os objetivos definidos é proposta uma metodologia que compreende as seguintes
etapas:

 Etapa 1 – Revisão da literatura


Esta etapa consiste na caracterização da biomassa e das tecnologias existentes para a
produção de energia. É também caracterizado o sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos e da
biomassa florestal em Portugal.

 Etapa 2 - Recolha e tratamento de dados


Nesta etapa procede-se à recolha de toda a informação necessária para realizar os estudos
pretendidos, sendo eles o estudo de benchmarking, a análise de projetos de investimento e análise de
emissões de carbono.

 Etapa 3 – Descrição dos projetos de melhoria


Na etapa 3 são descritos os projetos e cenários a estudar, onde são considerados diferentes
tipos de destinos finais e tendo como objetivo a otimização desta última etapa tendo em vista a
valorização energética dos resíduos gerados na região em estudo.

 Etapa 4 – Análise e conclusões


Nesta última etapa realiza-se a análise económica e ambiental dos vários projetos e cenários,
seguida da discussão dos resultados obtidos. A etapa termina com as conclusões finais onde se
identifica a melhor solução.

1.4. Estrutura do trabalho


A dissertação está organizada em seis capítulos principais da seguinte forma:

4
 Capítulo 1: É descrito o contexto no qual se insere o problema em estudo, seus principais
objetivos e é apresentada a estrutura da dissertação.
 Capítulo 2: É apresentada a revisão da literatura. Nesta são definidos os conceitos mais
importantes relacionados com a biomassa, como os tipos de biocombustíveis provenientes da
biomassa, a sua cadeia de abastecimento, incluindo os processos de conversão de biomassa
em biocombustível e em bioenergia.
 Capítulo 3: Realiza-se o estudo de benchmarking, comparando a situação de Portugal com
outros países da Europa, onde o tópico principal é o modelo de gestão de resíduos sólidos
urbanos e biomassa florestal.
 Capítulo 4: Procede-se à apresentação do sistema de gestão em estudo, a Tratolixo, assim
como à caraterização do seu mercado de resíduos e descrição dos processos de tratamento
de resíduos utilizados.
 Capítulo 5: Realiza-se uma avaliação de projetos de investimento e de emissões de carbono.
Neste capítulo são ainda descritas as metodologias utilizadas para as análises mencionadas
anteriormente e para a previsão de parâmetros necessários para realizar os cálculos.
 Capítulo 6: São apresentadas as principais conclusões resultantes deste trabalho, discutindo-
se ainda possíveis tópicos de trabalho futuro a realizar.

5
2. Estado da Arte
2.1. A Biomassa
Na União Europeia a biomassa é definida como “a fração biodegradável de produtos, resíduos
e detritos de origem biológica provenientes da agricultura (incluindo substâncias de origem vegetal e
animal), da exploração florestal e de indústrias afins, incluindo da pesca e da aquicultura, bem como a
fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos” (Diretiva 2009/28/CE) e pode ser classificada
consoante a sua origem, em três categorias distintas, sendo elas (Singh et al., 2014):

 Biomassa Primária: recursos retirados diretamente da natureza, como por exemplo resíduos
florestais ou agrícolas.
 Biomassa Secundária: resíduos obtidos pelo processamento físico, químico ou biológico de
recursos primários;
 Biomassa Terciária: resíduos biodegradáveis originados pelo homem e animais.

A biomassa, como fonte de energia renovável, tem como vantagem a capacidade de ser
convertida diretamente em energia sob a forma de calor ou eletricidade ou em biocombustíveis (sob a
forma líquida ou gasosa) através de processos físicos, químicos ou biológicos (McKendry, 2002),
reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Estes podem ser utilizados em transportes
substituindo o petróleo e o gás natural ou utilizados para a produção de energia térmica e elétrica, por
intermédio de centrais termoelétricas ou de cogeração.
Os biocombustíveis sólidos são os mais utilizados atualmente (REN21, 2014). Estes consistem
em biomassa obtida através de processos físicos simples (biomassa florestal e/ou resíduos) ou por
processos de fabrico mais complexos (pellets, briquetes ou resíduos sólidos urbanos).

 Biomassa florestal

Entende-se por biomassa florestal os produtos orgânicos gerados na floresta assim como os
provenientes da indústria de transformação de madeira (costaneiros, serrins, estilha, licores negros,
recortes, aparas, etc.) que pode ser utilizada diretamente como matéria-prima em processos de
conversão de biomassa em energia ou processada de modo a originar outro tipo de biocombustíveis
sólidos. A biomassa florestal é constituída maioritariamente por carbohidratos (celulose e hemicelulose)
e por lenhina que lhe confere propriedades que a tornam um ótimo combustível para processos de
conversão de biomassa em bioenergia. Devido à grande quantidade de espécies florestais existentes
a composição química e propriedades básicas da biomassa florestal são bastante variáveis. Na Tabela
4 apresentam-se as composições médias para madeiras macias e duras, contudo é importante ter em
consideração que estes valores variam entre espécies e inclusive entre partes da árvore (Forest
Products Laboratory, 2010).

Tabela 4 – Valores médios da composição química da madeira (EUBIA, 2014)


Tipo de madeira Celulose (%) Hemicelulose (%) Lenhina (%)
Macia (gimnospermas) 45 25 30
Dura (angiospermas) 42 38 20

6
Apesar das fontes serem diversas, as propriedades da biomassa, apresentam valores bastante
uniformes quando comparadas com os combustíveis fósseis (como o carvão ou o petróleo). Ou seja, o
poder calorifico inferior da biomassa florestal situa-se entre os 18 e 21 GJ/t enquanto o dos
combustíveis fósseis varia entre 20 e 30 GJ/t. Quanto ao teor de humidade da biomassa fresca situa-
se entre os 40 e 60% em massa que após secagem pode atingir os 15% (EUBIA, 2014).
Tradicionalmente a lenha é a forma pura mais utilizada para gerar energia térmica nas
habitações, mas com o avanço da tecnologia foram desenvolvidos equipamentos industriais e
domésticos que utilizam como matéria-prima biomassa florestal na forma processada, como é o caso
das caldeiras e salamandras. As matérias-primas mais utilizadas para estes novos equipamentos são
a estilha de madeira, pellets e briquetes, sendo as duas últimas, formas processadas da biomassa
florestal (Enersilva, 2007).

Briquetes e Pellets

Os briquetes e pellets são constituídos principalmente por serrim, resultante da moagem de


estilha de madeira e outros desperdícios provenientes de processos utilizados na indústria de
transformação de madeira. O que os distingue é a sua forma e tamanho, sendo os pellets
caracterizadas pela sua forma cilíndrica e dimensão reduzida e os briquetes, com maior dimensão,
caracterizados pela sua forma cilíndrica com um furo centrado de topo a topo (Enersilva, 2007).
Para a sua produção são necessárias três etapas fundamentais sendo elas a trituração, a
secagem e prensagem que irão originar um produto final com elevada densidade e baixo teor de
humidade (EREC, 2010). A Tabela 5 contém as características principais de cada um destes materiais.
A utilização de pellets e briquetes de madeira tem inúmeras vantagens sendo as mais
significativas o baixo custo de utilização e o tamanho normalizado que por sua vez contribui para a
facilidade de armazenamento, processamento e transporte (Bioenergia, 2004).

Tabela 5 - Propriedades mais importantes dos biocombustíveis sólidos (Adaptado de Kofman, 2010;
Obernberger, 1998; Forestech, 2014)
Estilhas de Pellets de Briquetes de
Propriedades Unidade
madeira madeira madeira
Diâmetro mm - 6a8 >8
Comprimento mm - 3,15 a 40 > 40
Massa volumétrica kg/m3 250 a 300 ≥ 600 ≥ 1000
Poder calorífico inferior MJ/kg 17 16.5 a 19 ≥ 15.3
% em
Teor de humidade 50 ≤ 10 ≤ 15
massa
Teor de cinza após combustão (base % em
<1 < 0.7 ≤ 1.5
seca) massa
Emissão líquida de CO2 Massa 0 0 0

 Resíduos sólidos

É possível classificar os resíduos sólidos em várias categorias, contudo esta classificação difere
de município para município. Tendo em consideração que esta dissertação se vai posteriormente focar
nos municípios de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra, vamos classificar os resíduos de acordo com o
Regulamento de Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos para Utilizadores Municipais do Sistema
AMTRES (Regulamento n.º 92/2013).

7
De um modo geral podemos classificar resíduo como qualquer material rejeitado após utilização
ou por necessidade por parte do detentor. Segundo a sua origem é possível classificá-los em várias
categorias, sendo elas (Regulamento n.º 92/2013):

 Resíduos biodegradáveis de jardins e parques


 Resíduos de construção e demolição
 Resíduos de embalagem
 Resíduos de equipamento elétrico e eletrónico
 Resíduos hospitalares
 Resíduos industriais
 Resíduos de limpeza de ruas
 Resíduos urbanos

Este trabalho irá incidir sobre os resíduos sólidos urbanos, resíduos biodegradáveis de jardins
e parques e resíduos de limpeza de rua devido às suas propriedades, que lhes permitem ser matéria-
prima em processos de conversão de energia, e ao facto de serem as categorias de resíduos aceites
no sistema de gestão de resíduos dos municípios de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra (Regulamento n.º
92/2013).
Segundo a Valorsul o poder calorifico inferior dos RSU é de 5860 kJ/kg e por cada tonelada
incinerada são produzidos 587 kWh de eletricidade, 30 kg de cinzas e 200 kg de escórias (Valorsul,
2015). No anexo 1 apresentam-se as características típicas de diferentes matérias-primas comparadas
com o carvão.
Apesar de a fração orgânica dos RU ser um combustível para a produção de energia, devido
às suas características, são necessários equipamentos sofisticados para a limpeza dos gases de
combustão de modo a cumprir as normas de emissões. A utilização de tais equipamentos envolve
elevados custos de capital e operacionais, pelo que para os minimizar é necessário operar em larga
escala.

Combustíveis derivados de resíduos (CDR) e Combustíveis sólidos recuperados (CSR)

Os termos “combustível derivado de resíduos” (CDR) ou “combustível sólido recuperado” (CSR)


designam a(s) fração(ões) combustíveis recuperadas a partir de resíduos sólidos não perigosos. A
principal diferença reside no facto dos CDR não terem de obedecer a características técnicas
específicas enquanto que os CSR têm que possuir características compatíveis com os requisitos de
classificação e especificações indicadas na especificação técnica CEN/TS 15359:2006 (Dias et
al.,2006).

2.1.1. Principais propriedades da biomassa


As propriedades da matéria-prima são um dos fatores mais importantes na seleção de um
processo de conversão. Quando o objetivo é a conversão da biomassa em energia térmica as principais
propriedades a considerar são (McKendry, 2002; Obernberger, 1998; Khan et al., 2009):

8
 Densidade a granel: Esta propriedade está diretamente relacionada com os custos de
transporte e armazenamento. Quanto maior a densidade a granel maior é a possibilidade de
tirar partido das economias de escala no transporte e no armazenamento, reduzindo os custos
associados (McKendry, 2002).
 Teor de humidade: O teor de humidade é uma propriedade com bastante influência no
comportamento dos processos de conversão (nomeadamente no processo de combustão e
gaseificação), na temperatura adiabática do processo e no volume de gases produzidos (Ruiz
et al., 2013; Ferreira et al., 2009; Obernberger, 1998). O seu valor depende do tipo de
biocombustível podendo variar entre os 10 e os 70% (Khan et al., 2009).
 Poder calorífico: Consiste na quantidade de energia calorifica libertada pelo material durante
a combustão. Existem dois tipos de poder calorífico, o poder calorifico superior que consiste na
soma da energia libertada na forma de calor com a energia gasta na vaporização da água
resultante da queima de um combustível e o poder calorifico inferior que consiste apenas na
energia libertada na forma de calor (McKendry, 2002). O poder calorifico inferior está
relacionado com o teor de humidade, sendo inversamente proporcional, ou seja, quanto menor
o teor em humidade maior o poder calorífico inferior da biomassa (EUBIA, 2014).
 Teor de cinzas: As cinzas são um resíduo sólido resultante da combustão da biomassa. O
conteúdo de cinzas e contaminantes, que podem atingir 20%, afeta a escolha do processo de
conversão a usar, uma vez que, nomeadamente no processo de combustão, pode originar
problemas operacionais, como a formação de escórias e incrustações reduzindo o rendimento
do processo e aumentando os custos de operação associados (McKendry, 2002). Segundo
Khan et al. (2009) com o aumento do teor de cinzas verifica-se a redução do poder calorífico
disponível.
 Teor de metais alcalinos: Os metais alcalinos ao reagirem com as cinzas resultantes da
combustão de biomassa dão origem a um líquido de viscosidade elevada, que pode ter
consequências negativas como por exemplo o entupimento de tubagens do equipamento
utilizado (McKendry, 2002).

2.1.2. Tecnologias de conversão energética da biomassa


Como referido anteriormente a biomassa pode ser convertida diretamente em energia
comercializável sob a forma de calor ou eletricidade ou em biocombustíveis sólidos, líquidos ou
gasosos, que por sua vez serão utilizados para a produção de energia final. Os processos de conversão
de biomassa podem ser classificados como termoquímicos ou biológicos e são selecionados tendo em
conta vários fatores como a origem, o tipo e disponibilidade da matéria-prima, a forma de energia
pretendida, a sua procura, entre outros (Fiorese et al., 2014 e Ferreira et al., 2009).

 Processos de conversão bioquímica

Este tipo de processos é caracterizado pela utilização de agentes biológicos, como micro-
organismos ou enzimas, para converter biomassa em açúcares e posteriormente em biocombustíveis
líquidos ou gasosos.

9
Fermentação alcoólica

A fermentação é um processo anaeróbio que consiste na produção de bioetanol através da


extração do açúcar da matéria-prima. Este processo tem lugar num tanque de fermentação e para a
obtenção do produto final é necessário moer a matéria-prima, misturar com água e levedura e deixar
fermentar num ambiente quente. Durante a fermentação as enzimas utilizadas vão converter o amido
contido na biomassa em açúcares e posteriormente em etanol. Após este processo o bioetanol é
purificado por destilação e pode ser utilizado como biocombustível no estado puro ou misturado com
outros compostos (Ferreira et al., 2009).

Compostagem

Ahn et al. (2009) definem a compostagem como sendo o processo de decomposição aeróbia e
biológica da matéria orgânica. Neste processo a fração biodegradável é estabilizada e os
microrganismos patogénicos são destruídos.
O processo de compostagem inclui três etapas principais, sendo elas o pré-tratamento dos
resíduos, decomposição biológica e afinação do composto maturado.
O pré-tratamento tem como objetivo a remoção de materiais incompatíveis com o processo de
modo a melhorar e o homogeneizar o substrato e a proteger a linha de tratamento.
A etapa de decomposição biológica desenvolve-se em fases sucessivas em que intervêm
diferentes tipos de microrganismos aeróbicos de modo a degradar a matéria orgânica e são designadas
por:
 Fase mesófila: elevação da temperatura até 40°C e o meio é colonizado por microrganismos
mesófilos;
 Fase termófila: elevação da temperatura entre 60 a 70°C e os microrganismos mesófilos são
progressivamente substituídos por microrganismos termófilos;
 Fase de arrefecimento e maturação: diminuição da temperatura e degradação dos compostos
mais resistentes, como a celulose e lenhina.

A última etapa, a afinação, destina-se a remover substâncias indesejáveis e a calibrar o produto


obtido (ERSAR, 2010).

Digestão Anaeróbia

A digestão anaeróbia consiste na conversão da biomassa em biogás por intermédio de


bactérias num ambiente pobre em oxigénio. Neste processo podem ser utilizados vários tipos de
biomassa como matéria-prima, sendo os mais comuns os provenientes de culturas energéticas,
resíduos industriais e resíduos sólidos urbanos (Molino et al., 2013). Dependendo do tipo de biomassa
utilizado é possível obter dois tipos de produtos por este processo, o biogás produzido através da
digestão anaeróbia de lamas de ETAR ou resíduos animais e o gás de aterro produzido através da
digestão anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos nos aterros (Ferreira et al., 2009).
O processo de digestão anaeróbia é constituído por quatro etapas principais, sendo elas, o pré-
tratamento, a digestão anaeróbia, a estabilização e afinação e a valorização do biogás (ERSAR, 2010).

10
O pré-tratamento, tal como na compostagem, destina-se a remover materiais indesejáveis ao
processo, melhorar e homogeneizar o substrato e proteger a linha de tratamento (ERSAR, 2010).
A etapa de digestão anaeróbia ocorre em três fases principais que segundo Molino et al. (2013)
são designadas por:

 Fase hidrolítica: nesta etapa enzimas hidrolíticas convertem os compostos orgânicos


complexos insolúveis em açúcares, aminoácidos e ácidos gordos;
 Fase acidogénica: os produtos resultantes da primeira etapa são convertidos em compostos
orgânicos simples (ácido acético, ácido propiónico, etanol, entre outros), dióxido de carbono e
hidrogénio por intermédio de bactérias acetogénicas.
 Fase metanogénica: nesta fase bactérias metanogénicas permitem a formação de metano por
duas vias distintas, pela decomposição do ácido acético em metano, dióxido de carbono e
outros gases ou pela reação do dióxido de carbono com o hidrogénio.

Na etapa de estabilização e afinação os contaminantes são removidos e é produzido um


material refinado com especificidades adequadas ao uso final proposto (ERSAR, 2010).
A última etapa consiste na recuperação do biogás que pode ser utilizado para produzir energia
térmica ou elétrica.
O processo de digestão anaeróbia é bastante utilizado a nível mundial devido a ser muito
eficiente no tratamento de resíduos orgânicos e de o produto resultante poder ser integrado em
processos de conversão de energia.

 Processos de conversão termoquímica

Os processos de conversão química são caracterizados pelas transformações químicas que


são desencadeadas pelas condições utilizadas no processo, nomeadamente a temperatura.

Pirólise

A pirólise consiste na decomposição térmica de componentes presentes na matéria-prima num


ambiente com ausência de oxigénio. Este processo pode ser classificado em pirólise lenta, pirólise
rápida ou pirólise flash (Ruiz et al., 2013) e origina produtos na forma líquida, sólida e gasosa, onde é
possível definir as frações desejadas de cada produto variando as condições reacionais (Bridgwater,
2012 e IRENA, 2012).
Este processo é utilizado geralmente para a produção de combustível líquido designado de bio-
óleo, sendo a pirólise rápida o processo mais adequado para este fim.
Na pirólise rápida a biomassa é aquecida a uma temperatura da ordem dos 500ºC durante
aproximadamente 1 segundo e de seguida submetida a um arrefecimento rápido de modo a condensar
o vapor formado durante a queima, originando o bio-óleo (Bridgwater, 2012 e Ferreira et al., 2009). O
produto obtido tem propriedades semelhantes ao petróleo e pode ser utilizado em motores, turbinas ou
como matéria-prima em refinarias, sendo para tal necessário um tratamento para remover as impurezas
de modo a evitar danos nos equipamentos. Outro produto deste processo é o carvão vegetal, obtido

11
diretamente da queima da matéria-prima que tem como finalidade a produção de energia elétrica ou
calorifica (IRENA, 2012).

Gaseificação

A gaseificação, ou combustão indireta, consiste na produção de biogás a partir de materiais


orgânicos, como o carvão, biomassa ou plásticos. O biogás, também designado gás de síntese ou
syngas, é produzido através da combustão parcial da matéria-prima na presença de um agente de
gaseificação (ar, vapor, oxigénio, CO2 ou uma mistura dos mesmos) e é constituído maioritariamente
por monóxido de carbono, hidrogénio, dióxido de carbono, nitrogénio (Ruiz et al., 2013 e Arena, 2012).
De acordo com Prabir Basu citado por Ruiz et al. (2013) o processo de gaseificação é
constituído por quatro etapas: aquecimento, pirólise, oxidação e gaseificação.
Nas duas últimas décadas foram desenvolvidas várias tecnologias de gaseificação para
instalações Waste-to-Energy (WtE). As tecnologias mais usuais são os gaseificadores de leito fixo, leito
fluidizado circulantes ou de bolhas e leito de arraste.
Em todas as tecnologias é possível fazer a distinção entre o material a fluidizar no leito
(resíduos) e o meio fluidizante (agente de gaseificação) e ter em consideração que o comportamento
do leito depende das propriedades de cada fase.
Nos gaseificadores de leito fixo, o leito é composto por resíduos e ocupa grande parte do
volume do reator. Nestes reatores o fluxo de resíduos dá entrada pelo topo e o agente de gaseificação
pode entrar pelo topo, base ou lateralmente (Arena, 2012).
Nos gaseificadores de leito fluidizado circulante ou de bolhas o agente de gaseificação entra
no reator pela base em escoamento ascendente e com velocidade suficiente para suspender as
partículas que se encontram no leito, sendo possível observar a formação de “bolhas” no mesmo com
a passagem do agente de gaseificação. Esta tecnologia permite aumentar a área de contacto entre a
fase sólida e gasosa contribuindo para uma elevada transferência de calor (Arena, 2012).
Nos gaseificadores de leito de arraste os resíduos entram no gaseificador pelo topo, juntamente
com vapor de água e o agente de gaseificação sob pressão, e são direcionados para uma chama no
topo do reator (Arena, 2012).
O biogás pode ser queimado permitindo a produção direta de energia térmica ou elétrica ou
pode ser purificado de modo a remover impurezas como cinzas, metais alcalinos e enxofre de modo a
ser utilizado como matéria-prima para outros processos (síntese de metanol, processo Fischer-
Tropsch, entre outros) (Singh et al., 2014).

Combustão/Incineração

A combustão é o processo de conversão mais utilizado representando aproximadamente 97%


da energia produzida a partir de biomassa a nível mundial (Zhang et al., 2010). Neste processo é
possível utilizar qualquer tipo de biomassa como matéria-prima desde que o seu teor em humidade não
exceda os 50% (Ferreira et al., 2009).
O processo de combustão pode ser dividido em quatro etapas principais, sendo elas:

12
 Secagem: A uma temperatura entre os 100 e 150 °C inicia-se a libertação de vapor de água;
 Pirólise: A uma temperatura entre 150 e 200 °C e na ausência de agente oxidante inicia-se a
degradação térmica dos componentes do combustível originando a formação de gases e
compostos líquidos de alcatrão;
 Gaseificação: A uma temperatura entre 500 e 700 °C e na presença de agende oxidante inicia-
se a degradação térmica dos componentes do combustível produzindo monóxido de carbono
(resultante da reação do dióxido de carbono com oxigénio e água);
 Combustão: Dá-se a oxidação completa do combustível.

A alimentação do processo pode efetuar-se em modo contínuo ou descontinuo e a adição de


ar pode ser realizada por convecção natural ou forçada (Koppejan e Sjaak, 2012).
Relativamente ao sistema de combustão, este é o ponto mais importante numa instalação de
incineração e pode ser classificado em duas grandes categorias, mass burning e Refuse-derived Fuel
consoante o tipo de matéria-prima utilizada no processo (The World Bank, 1999 e Lombardi et al, 2015).
No mass burning, ou combustão direta, a matéria-prima não é submetida a operações de pré-
tratamento e geralmente são utilizadas grelhas moveis. Este tipo de sistema é bastante usado pois é
das tecnologias mais desenvolvidas sendo bastante eficiente e com grande capacidade.
No Refuse-derived Fuel a matéria-prima é submetida a operações de pré-tratamento (triagem,
trituração, entre outros) originando um material homogéneo e com dimensões reduzidas.
A combustão tem um papel importante em ciclos termodinâmicos utilizados em centrais
termoelétricas ou de cogeração. Estes ciclos são compostos por vários equipamentos sendo os
principais a caldeira e a turbina a vapor, onde a energia térmica é obtida diretamente da queima do
combustível e a energia elétrica é obtida através da injeção na turbina de vapor do vapor de água
produzido na caldeira, gerando assim a energia mecânica que posteriormente será convertida em
energia elétrica no gerador.
De acordo com o ciclo utilizado é possível produzir apenas vapor ou calor com eficiências
relativamente elevadas (na ordem dos 80%) ou apenas eletricidade com eficiências na ordem dos 30%.
Atualmente, segundo Raj et al. (2011), as centrais de cogeração são as mais populares porque o
processo utilizado quando comparado com uma produção separada de energia térmica ou elétrica
apresenta perdas menores e a quantidade de combustível utilizado para gerar a mesma quantidade de
energia é menor o que consequentemente se traduz numa maior eficiência energética. Na Figura 2
estão sintetizadas as características de cada tipo de sistema.
Nas caldeiras é gerado o vapor que posteriormente será utilizado na produção de calor e
eletricidade. Estas unidades são constituídas por uma fornalha, sendo os dois sistemas de queima mais
utilizados na combustão de biomassa a queima em grelha e a queima em leito fluidizado. Ambos os
sistemas podem operar utilizando biomassa como combustível ou em co-combustão com o carvão (Yin
et al., 2008).
O sistema de queima em grelha é constituído por quatro elementos fundamentais, o sistema
de alimentação de combustível, a grelha, o sistema de ar primário e secundário e o sistema de remoção
de cinzas. A capacidade destas unidades de queima varia entre os 4 e os 300 MW quando utilizado em
ciclos de cogeração (Yin et al., 2008; Zhang et al., 2010). A nível tecnológico existem grelhas móveis,

13
que se movimentam ao longo da fornalha, e rotativas (semelhantes aos fornos rotativos da indústria
cimenteira), sendo as primeiras mais utilizadas e desenvolvidas (The World Bank, 1999 e Boateng,
2008).
No sistema de queima em leito fluidizado o combustível fica suspenso por intermédio de jatos
ascendentes de ar durante o processo de combustão. Estes sistemas podem ser classificados em leito
fluidizado borbulhante e leito fluidizado circulante consoante a velocidade do ar injetado. Relativamente
à matéria-prima necessária, existem várias especificações que têm de ser atingidas, nomeadamente o
tamanho, poder calorifico e composição. Devido à heterogeneidade dos RSU é difícil atingir as
especificações adequadas para os utilizar como matéria-prima neste processo. Na Tabela 6 estão
resumidas as vantagens de cada tipo de sistema de queima.

Figura 2 - Esquema ilustrativo das caracteristicas de cada sistema de conversão de biomassa em energia
(Adaptado de IRENA, 2012)

Tabela 6 - Vantagens e desvantagens de cada topo de sistema de queima (The World Bank, 1999)
Tipo de sistema de
Vantagens Desvantagens
queima
 Não é necessário pré-tratamento
 Bastante desenvolvida e utilizada
 Suporta grandes variações a nível de composição e poder  Custos de investimento e
Incineração em
Grelha Móvel calorifico da matéria-prima manutenção elevados

 Permite eficiência térmica até 85%


 Capacidade da fornalha até 1 200 t/dia
 Não é necessário pré-tratamento  Tecnologia pouco desenvolvida
 Suporta grandes variações a nível de composição e poder a nível de incineração de RSU
Incineração em
grelha rotativa calorifico da matéria-prima  Custos de investimento e
 Permite eficiência térmica até 80% manutenção elevados

 Tecnologia pouco desenvolvida


 Custos de investimento e manutenção baixos a nível de incineração de RSU
 Permite eficiência térmica até 90%  Necessário pré-tratamento (tem
Incineração em
Leito Fluidizado  Adequada para uma gama alargada de combustíveis (em bastantes limitações a nível de
estado liquido ou sólido) tamanho e composição de
resíduos)

14
Nos ciclos de cogeração existe também a possibilidade de utilizar uma parte do calor produzido
no ciclo para a produção de frio por intermédio de um sistema de absorção. Este tipo de cogeração
designa-se por trigeração devido aos três produtos que gera, eletricidade, calor e frio.

2.2. Resíduos Sólidos Urbanos

2.2.1. Entidades gestoras dos RSU em Portugal


De acordo com o Decreto-Lei 73/2011 a gestão de resíduos é definida como “a recolha, o
transporte, a valorização e a eliminação de resíduos, incluindo a supervisão destas operações, a
manutenção dos locais de eliminação no pós-encerramento, bem como as medidas adotadas na
qualidade de comerciante ou corretor”. Existem também princípios de gestão de resíduos que atribuem
a prioridade à prevenção e redução dos resíduos, seguido da reutilização, reciclagem, outro tipo de
valorização e como última prioridade a eliminação (Decreto-Lei 73/2011).
Atualmente existem em Portugal continental 23 sistemas de gestão, sendo 12 multimunicipais
(SMM) e 11 intermunicipais (SM) (ver Figura 3) onde cada entidade gestora tem como dever garantir a
gestão de resíduos urbanos produzidos pelos utilizadores municipais da sua área geográfica. Cada
sistema de gestão tem características próprias, a nível estratégico e de infraestruturas, que são
dependentes do número de concelhos abrangidos, da dispersão geográfica, da demografia, entre
outros fatores (Portaria n.º 187 – A/2014). No anexo 2 é possível verificar quantos concelhos são
abrangidos por cada sistema de gestão assim como o destino final dos RU por eles geridos no ano de
2013.

Figura 3 - Mapa de sistemas de gestão de RU em Portugal Continental em 2015 (adaptado de APA, 2015)

2.2.2. Soluções de tratamento de RSU


Atualmente as soluções de tratamento de resíduos mais comuns são a deposição em aterro
sanitário, a valorização material, a valorização orgânica e a valorização energética.

15
 Deposição em aterro sanitário

De acordo com a Portaria nº 187-A/2014 o encaminhamento de resíduos para o aterro sanitário


tem de ser minimizado, ou seja, apenas encaminhar para o aterro os resíduos que não satisfaçam as
condições necessárias para serem valorizados a nível material, orgânico e energético. Contudo este
destino final tem sido ao longo dos anos o mais utilizado em Portugal (Eurostat, 2015).
A deposição em aterro tem como base a colocação dos resíduos no terreno respeitando as
normas estabelecidas no Decreto-Lei nº 152/2002 relativamente à instalação, exploração,
encerramento e manutenção pós-encerramento de aterros.
De forma genérica os resíduos são depositados em camadas de 2 metros num local preparado
(impermeabilizado e com sistemas de recolha, tratamento e monitorização de efluentes líquidos e
gasosos), tendo previamente sido compactados, e cobertos diariamente com material inerte,
prevenindo assim a ocorrência de cheiros e a proliferação de roedores e insetos (ERSAR, 2010).
A compactação dos resíduos é realizada por intermédio de máquinas de compactação ou
prensagem de resíduos em fardos, que permite aumentar a densidade dos mesmos para valores na
ordem de 0,6 a 1,2 t/m3 (ERSAR, 2010).
Apesar de ser o tratamento de RSU com maior impacto ambiental também é possível extrair
biogás das camadas de resíduos, que posteriormente pode ser utilizado para a produção de energia.

 Valorização material

A reciclagem é um processo de valorização material. Este, segundo o Decreto-Lei n.º 73/2011


de 17 de Junho, consiste em “qualquer operação de valorização, incluindo o reprocessamento de
materiais orgânicos, através da qual os materiais constituintes dos resíduos são novamente
transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins mas
que não inclui a valorização energética nem o reprocessamento em materiais que devam ser utilizados
como combustível ou em operações de enchimento”.
Para facilitar o processo de reciclagem existem vários pontos de recolha seletiva distribuídos
pelas localidades de forma a manter o fluxo de resíduos separados por tipo e natureza que são
designados por ecopontos ou ecocentros. Contudo é sempre necessária uma triagem adicional dos
resíduos recolhidos de forma a melhorar a qualidade dos materiais a encaminhar para a reciclagem e
a cumprir as especificações impostas pelos retomadores. Este processo tem lugar nos centros de
triagem (instalações centralizadas onde os fluxos das recolhas seletivas são recebidos, separados,
acondicionados e expedidos). Existem três sistemas de triagem distintos, sendo eles a triagem manual,
triagem semiautomática e a triagem automática (ERSAR, 2010).

 Valorização orgânica

De modo a reduzir o envio de resíduos para aterro, nomeadamente a fração biodegradável dos
mesmos devido às emissões provocadas pelo biogás libertado, foram desenvolvidos
processos/tratamentos de estabilização dos resíduos. Estes permitem produzir produtos valorizáveis
diminuindo o efeito nos Gases com Efeito de Estufa (GEE) e minimizando o custo da gestão de

16
resíduos. Atualmente os tratamentos mais utilizados para a estabilização de resíduos são a
compostagem e a digestão anaeróbia. Estes tratamentos quando integrados com operações de
natureza mecânica (triagem e redução do tamanho dos resíduos) têm a designação de Tratamento
Mecânico e Biológico (TMB) (ERSAR, 2010).
O TMB permite a obtenção de materiais recicláveis, composto, combustível (CDR ou CSR),
fração biodegradável estabilizada e biogás (caso o TMB inclua a digestão anaeróbia). Na Figura 4 está
representado o diagrama de blocos do TMB convencional (ERSAR, 2010).
Os produtos resultantes do TMB têm as mais variadas aplicações como é possível constatar
pela Tabela 7.

Tabela 7 - Aplicações dos produtos resultantes do TMB (ERSAR, 2010)


Produto Aplicações
Materiais recicláveis Reciclagem
Agricultura (como corretivo orgânico em culturas alimentares).
Silvicultura (como corretivo de solo).
Terrenos de culturas de crescimento rápido.
Composto (corretivo
Como condicionador de solo em zonas áridas – solos pobres
de solo)
(melhora a estrutura e retenção de humidade do solo).
Jardins.
Cobertura de aterro.
Co-combustível para combustão direta em instalações de
energia.
Co-combustível em cimenteiras (fornos de cimento).
Combustível (CDR e
Co-combustível em caldeiras industriais.
CSR)
Combustível para unidades de incineração dedicadas.
Co-combustível em unidades de incineração.
Combustível para instalações de gaseificação dedicada.
Cobertura diária dos resíduos depositados em aterro.
Resíduo bioestabilizado
Deposição em aterro.
Produção de energia elétrica e térmica.
Biogás
Produção de combustíveis.

Figura 4 - Diagrama de blocos do TMB convencional (ERSAR, 2010)

 Valorização energética

A valorização energética geralmente incide sobre os refugos de outros processos a montante


na cadeia de operações de gestão de resíduos (a valorização multimaterial e orgânica) sendo a
incineração o caso mais comum (ERSAR, 2010).
Segundo Lombardi et al. (2015) é possível a obtenção de energia a partir de tratamento térmico
de resíduos. Este consiste em qualquer processo de conversão que ocorra a temperaturas elevadas
causando modificações a nível de estrutura química do material. Os principais processos disponíveis

17
para conversão termoquímica de resíduos são a pirólise, gaseificação e combustão (Lombardi et al.,
2015).
As principais vantagens dos processos de tratamento térmico são (Arena, 2012):

 Redução da massa (em 70-80%) e volume dos resíduos (em 80-90%);


 Redução do terreno necessário devido à diminuição de massa e volume;
 Destruição dos contaminantes orgânicos;
 Concentração e estabilização de contaminantes inorgânicos;
 Redução das emissões de gás devido à digestão anaeróbia dos resíduos orgânicos.

Relativamente à incineração em Portugal, de acordo com a Diretiva 2008/98/CE, a incineração


apenas é considerada como operação de valorização energética quando a sua eficiência energética é
igual ou superior a 0,60 para instalações em funcionamento e licenciadas nos termos da legislação
comunitária aplicável antes de 1 de Janeiro de 2009 e 0,65 para instalações licenciadas após 31 de
Dezembro de 2008, utilizando a fórmula (1):

(𝐸𝑝 − (𝐸𝑓 + 𝐸𝑖 ))
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 = (1)
(0,97 × (𝐸𝑤 + 𝐸𝑓 ))

Onde:
Ep – energia anual produzida sob a forma de calor ou eletricidade (GJ/ano)
Ef – entrada anual de energia no sistema a partir de combustíveis que contribuem para a produção de
vapor (GJ/ano)
Ew – entrada anual de energia contida nos resíduos tratados, calculada utilizando o valor calorifico
líquido dos resíduos (GJ/ano)
Ei – energia anual importada com exclusão de Ew e Ef (GJ/ano)

2.2.3. Custos de tratamento de RSU


Os custos operacionais e de investimento dependem de diversos fatores como a qualidade dos
resíduos, capacidade, tecnologia utilizada, entre outros. Neste ponto vão ser considerados os custos
relativos às operações de deposição em aterro, valorização orgânica (digestão anaeróbia) e valorização
energética, assim como os custos de investimento.
Tsilemou & Panagiotakkopoulos citados em ERSAR (2010) estabeleceram funções de custo
de investimento e operação aproximadas para instalações de tratamento de resíduos. Relativamente
ao custo de investimento inclui o custo inicial da instalação, os custos de trabalhos preparatórios
(caracterização do local, impacte ambiental, estudos hidrogeológicos, aquisição do terreno, projeto) e
os custos de construção (preparação do terreno, escavações, edifícios e outras construções,
equipamentos, infraestruturas, acessos, redes de água, efluentes, energia, etc.). Quanto ao custo de
operação inclui materiais e reagentes, energia e outras utilidades, rejeição de efluentes, pessoal,
supervisão, manutenção de instalações e equipamentos, seguros, formação, taxas, entre outros, não
incluindo custos de transporte e eliminação de rejeitados nem considera receitas de materiais e/ou

18
energia recuperados. Nas Figuras 5, 6 e 7 estão representados os custos de investimento e operações
de tratamento de RSU da única fonte bibliográfica encontrada (ERSAR, 2010).
Da análise das Figuras 5, 6 e 7 é possível concluir que o aterro é a opção de tratamento de
RSU com menores custos tanto a nível de investimento como operacionais, o que justifica o facto de
ser o destino final mais utilizado. Relativamente às outras opções de tratamento conclui-se que o custo
de investimento é menor para a digestão anaeróbia mas os custos operacionais são superiores quando
comparado com a incineração. Contudo é também importante referir que as instalações de incineração
permitem tratar uma quantidade de RU bastante superior às processadas na digestão anaeróbia.

Figura 5 - Custos de investimento e operacionais de instalações de digestão anaeróbia, preços de 2003


(ERSAR, 2010)

Figura 6 - Custos de investimento e operacionais de instalações de aterro sanitário, preços de 2003


(ERSAR, 2010)

19
Figura 7 - Custos de investimento e operacionais de instalações de incineração, preços de 2003 (ERSAR,
2010)

2.3. Biomassa Florestal

2.3.1. Gestão florestal em Portugal


Em Portugal continental a propriedade florestal é maioritariamente privada, correspondendo a
84,2% do total da área de floresta, dos quais 6,5% são pertencentes a empresas industriais. Os
restantes 15,8% correspondem a áreas públicas, onde apenas 2% são do domínio privado do Estado,
sendo a menor percentagem da Europa (PEFC, 2015). Portugal é ainda caracterizado pelo predomínio
de pequenas propriedades agroflorestais, em especial no Norte e Centro do país, como é possível
constatar pela Figura 8 (ICNF, 2014). Estas propriedades não estão reguladas por Planos de Gestão
Florestal (PGF) ao contrário dos terrenos de propriedades públicas, nos baldios, nos terrenos privados
pertencentes a grandes empresas de celulose e nas propriedades privadas de grande dimensão
(Coelho, 2003). Estes fatores permitem concluir que esta distribuição de propriedade florestal contribui
para problemas de gestão, particularmente na prevenção de incêndios florestais.
Nos últimos anos a magnitude dos incêndios florestais tem sido elevada, nomeadamente em
2003 e 2005 onde arderam 425 726 e 338 262 hectares, respetivamente (Eurostat, 2015). Apesar de
existirem diversos documentos relacionados com o planeamento e politica florestal, entre eles a Lei de
Bases da Politica Florestal (LBPF), os Planos Específicos de Intervenção Florestal (PEIF), a Estratégia
Nacional para as Florestas (ENF), entre outros (ICNF, 2015), Varela (2006) defende que a frequência
de incêndios florestais em Portugal deve-se a profundos problemas de ordenamento do território,
política e gestão florestal para além de outros fatores, como o clima, acidentes e negligência.
Para além dos documentos mencionados anteriormente existem outros mais recentes,
nomeadamente o Decreto-Lei n.º 27/2014 de 18 de fevereiro que estabelece o regime de criação
das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) de 18 de fevereiro. As ZIF são definidas como “áreas
territoriais contínuas e delimitadas constituídas maioritariamente por espaços florestais, submetidas a
um plano de gestão florestal e a um plano de defesa da floresta e geridas por uma única entidade”
(Decreto-Lei n.º 127/2005, de 5 de Agosto).
Segundo o ICNF (2015) a 11 de fevereiro de 2015 existiam 165 ZIF correspondendo a uma
área total de 857 851 hectares, encontrando-se em curso 9 ZIF em processo de constituição
(totalizando 41 873 hectares) e 2 ZIF em processo de alargamento.

20
Figura 8 - Dimensão média de prédios rústicos por concelho (ICNF, 2014)

Apesar das medidas existentes, Portugal continua com uma gestão florestal deficiente
resultando no mau aproveitamento dos recursos florestais e como consequência num risco de incêndio
elevado.

2.3.2. Sistemas de exploração de Biomassa Florestal


Um sistema de exploração florestal consiste num conjunto de operações, desde a produção à
obtenção dos produtos desejados. Atualmente existem várias tecnologias e técnicas utilizadas para a
extração da biomassa florestal (BF). A sua escolha depende de vários fatores como por exemplo o tipo
e quantidade de biomassa, as características do local de recolha, a distância que esta tem de percorrer
do local de recolha ao armazenamento intermédio ou à central de conversão e os custos associados a
cada operação (Iakovou et al., 2010). Em seguida são abordadas as tecnologias mais comuns para
extração e transporte da biomassa florestal, assim como as suas vantagens e desvantagens, sendo
elas (Enersilva, 2007):

 Recolha e transporte de biomassa em natureza: a biomassa é transportada na sua forma


natural, sem passar por processos de compactação ou estilhaçamento. É o método menos
utilizado pois não permite aproveitar a capacidade do transporte;
 Processamento em estilha no local: a biomassa é convertida em estilha por intermédio de
um estilhaçador móvel de pequenas dimensões, promovendo assim a secagem do material de
forma natural e a otimização do seu transporte;
 Parques de pré-tratamento: a biomassa é processada e armazenada no local o que torna
mais fácil o ajuste entre a oferta e a procura em termos de tempo;
 Enfardamento da biomassa: o material recolhido é compactado com recurso a enfardadeiras;
 Sistema Feller-buncher: neste processo é realizado o mínimo de operações possíveis o que
permite rentabilizar o processo de recolha e transporte da biomassa. O equipamento utilizado

21
designa-se de cortador empilhador whelled feller-buncher. Este equipamento é utilizado em
grandes áreas florestais que necessitem de corte tendo como vantagem o seu alto rendimento
e como principal desvantagem a necessidade de ter vários equipamentos a operar em
simultâneo.

2.3.3. Custos de exploração de Biomassa Florestal


O ciclo de vida da biomassa florestal compreende uma série de operações que vão desde a
produção de biomassa até à receção na central de transformação energética. Cada uma destas
operações tem custos associados que posteriormente vão ter influência no preço de venda da biomassa
florestal.
Segundo um estudo realizado por especialistas da Enersilva (2007) foi possível analisar o
comportamento económico da biomassa florestal.
Relativamente ao custo de geração de matéria-prima BF, este inclui gastos associados à
produção de BF até ao momento da extração, ou seja, implantação inicial do arvoredo, regenerações
periódicas do povoamento florestal, cuidados de manutenção, entre outros. Na Tabela 8 estão contidos
os intervalos de custos de geração de BF obtidos para florestas de produção mista de madeira-
biomassa (Enersilva, 2007).
Os custos de aproveitamento e transporte de BF incluem os custos associados das operações
de recolha, tratamento e transporte de BF até à central de aproveitamento energético. O valor do custo
expressa-se em €/t a 35% hum. b.s., ou seja, custos por tonelada de BFP referidos a uma humidade
de 35% sobre base seca (% do peso da água em relação ao peso da BFP seca em estufa até um peso
constante). O resultado do estudo indicou que os custos de aproveitamento e transporte oscilam entre
29 e 95 €/t 35% humidade. Estes custos têm tendência a diminuir à medida que se melhore a tecnologia
dos aproveitamentos de biomassa florestal primária (BFP) e se introduza maquinaria de alto rendimento
(Enersilva, 2007).

Tabela 8 - Custos de geração de BF no Norte e Centro de Portugal (Enersilva, 2007)


Norte e Centro de Portugal
Superfície de aproveitamento de BF (ha) 1
Ciclo produtivo das florestas (anos) 15-45
Possibilidade de produção de madeira (m 3/ha/ano) 9-23
Custo de geração de BF (€/t 35% hum. b.s.) 12-22

22
3. Estudo de Benchmarking de Referência: Gestão de
Resíduos Sólidos Urbanos e de Biomassa Florestal
Segundo DG III – Indústria da Comissão Europeia o Benchmarking é "Processo contínuo e
sistemático que permite a comparação das performances das organizações e respetivas funções ou
processos face ao que é considerado 'o melhor nível', visando não apenas a equiparação dos níveis
de performance, mas também a sua ultrapassagem" (IAPMEI, 2015).
Este estudo tem como objetivo comparar a gestão de resíduos sólidos urbanos e de biomassa
florestal em Portugal com outros países europeus e propor alternativas com vista a melhorar o
desempenho de Portugal nestas áreas.

3.1. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

3.1.1. Quantificação e caracterização dos RSU


De acordo com o Eurostat a quantidade de RSU produzida na UE 27 tem vindo a decrescer
nos últimos anos tendo atingido as 241 590 milhares de toneladas no ano de 2013 (menos 2 939
milhares de toneladas que em 2012), que se traduz numa produção anual de 481 kg per capita. Neste
ano, os quatro países da EU 27 com maior quantidade produzida de RSU foram a Suíça, Luxemburgo,
Chipre e Alemanha, com valores per capita de 702, 653, 624 e 617 kg, respetivamente (Eurostat, 2015).
A Figura 9 ilustra a evolução da produção de RSU em Portugal entre o ano 2000 o ano 2013 e
sua comparação com a média da UE-27, de acordo com os dados publicados no Eurostat (Eurostat,
2015). Verifica-se que entre 2000 e 2009 houve um aumento na produção de RSU em Portugal.
Relativamente à diferença evidenciada entre os anos de 2007 e 2009 esta deveu-se em grande parte
às alterações das regras de preenchimento no âmbito das plataformas informáticas de registo que
evoluíram no sentido de proporcionar uma melhor qualidade dos dados obtidos (APA, 2010). Observa-
se também, com exceção dos anos de 2002, 2004, 2010 e 2013, que a tendência comportamental
existente é registar-se um aumento da produção de RSU indiferenciados com o acréscimo do PIB.
Analisando com maior detalhe os últimos anos verificou-se um decréscimo acentuado na
produção de RSU em Portugal, assim como na EU 27. Apesar de em 2013 a quantidade de RSU
produzida ter sido aproximadamente de 4 607 mil toneladas, houve no entanto um decréscimo de 16%
em relação à produção de RSU entre 2010 e 2013, como é possível constatar na Tabela 9 (APA, 2015).

Tabela 9 - Produção de RU em Portugal em milhares de toneladas (Adaptado de APA, 2015)


Região 2010 2011 2012 2013
Portugal Continental 5 184 4 888 4 525 4 362
Região Autónoma da Madeira 133 124 114 106
Região Autónoma dos Açores 147 147 143 139
Total 5 464 5 159 4 782 4 607
Variação face ao ano anterior - - 6% - 7% - 4%

23
540 50000
523 521 527 522 524 521

PIB a preços correntes (milhões de €)


514 513 516 512 45000

Produção de RSU (kg/hab)


520 504 40000
498
500 489 35000
481 30000
480 25000
518 520 516 20000
460 15000
490
440 457 454 465 471 10000
452 453
441 449 445 440 5000
420 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano

Portugal EU 27 PIB Portugal

Figura 9 - Evolução da produção de RSU em Portugal, a média da UE-27 e o PIB em Portugal (Eurostat,
2015 e INE, 2015)

Este decréscimo é justificado através da recessão económica que o país atravessa e a


consequente diminuição do consumo bem como eventualmente uma maior otimização da reutilização
de produtos. Estudos apontam para que a produção de RSU continue a decrescer (APA, 2015).
A composição dos RSU nos vários países da EU-27 é dependente dos hábitos de consumos
praticados. Na Tabela 10 estão contidos as composições típicas de RSU em diferentes zonas da
Europa.

Tabela 10 - Composição típica média de RSU na Europa (Adaptado de Hoornweg e Bhada-Tata, 2012)
Zona Orgânico Papel e cartão Madeira Têxteis Plástico Metal Vidro Outros
Leste Europeu 30,1 21,8 7,5 4,7 6,2 3,6 10 16,1
Europa Setentrional 23,8 30,6 10 2 13 7 8 5,6
Europa Meridional 36,9 17 10,6 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Europa Ocidental 24,2 27,5 11 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Em Portugal a caracterização dos RSU é realizada com base nas especificações técnicas da
Portaria n.º 851/2009, de 7 de agosto. Na Figura 10 estão apresentados os resultados da
caracterização física média dos RU produzidos no continente.

Figura 10 - Composição típica de RSU em Portugal Continental, no ano de 2013 (APA, 2014)

24
Após análise da Figura 10 é possível concluir que os componentes presentes em maior
quantidade são os putrescíveis correspondendo a 37% dos resíduos produzidos em Portugal
continental, seguido dos recicláveis e finos, onde cada um representa mais de 10% dos componentes
presentes nos resíduos.

3.1.2. Tratamento de RSU


A nível europeu a deposição em aterro sanitário foi o método de eliminação mais implementado
seguido da reciclagem e da incineração. Através da Figura 11 é possível concluir que a quantidade de
RSU depositada em aterros foi diminuindo ao longo dos anos sendo a reciclagem a principal alternativa
(Eurostat, 2015).

100
9 11 13 13 14
80 15 20 23 25 25
9
60 6 12
7 17 19 21
%

5 3
40 3
60
20 50 43 39 38
0
2000 2005 2010 2012 2013
Aterro (D1-D7, D12) Ano Incineração - eliminação (D10)
Incineração - valorização energética (R1) Reciclagem
Compostagem e digestão

Figura 11 - Distribuição dos destinos finais dos RSU na Europa (Eurostat, 2015)

Apesar de a incineração ser a terceira alternativa na eliminação de RU é utilizada em todos os


países europeus com o intuito de gerar energia. No anexo 3 é possível constatar que os países que
mais contribuem em termos de aproveitamento energético dos RSU por incineração no ano de 2013
foram a Estónia, Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça em que a quantidade de RSU utilizada para a
geração de energia corresponde a valores entre os 64 e 49% do total de RSU produzidos no ano de
2013. Estes países também são os que possuem a menor percentagem de resíduos encaminhados
para aterro com valores entre 0 a 5%, como consta na Figura 12 (Eurostat, 2015).
Relativamente aos destinos finais para os RSU utilizados em Portugal verifica-se que entre
1995 e 1999 mais de 89% dos RSU produzidos eram encaminhados para aterro e lixeiras. Contudo
com a aprovação do PERSU em 2006 procedeu-se ao encerramento das lixeiras e à valorização de
RSU através da reciclagem, contribuindo para a diminuição progressiva da utilização de aterros
(Portaria n.º 187 – A/2014). Entre o ano de 1999 e 2013 a percentagem de RSU produzidos em Portugal
que era encaminhado para este destino diminuiu em 39%. A partir de 2000 entraram em funcionamento
as primeiras centrais de incineração de RSU contribuindo para um aumento significativo na fração de
RSU valorizados. Na Figura 13 é possível observar a evolução dos destinos finais de RSU utilizados
em Portugal.

25
Figura 12 - Distribuição dos destinos finais dos RSU na Estónia, Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça
(Eurostat, 2015)

100 3 6 6 6
9 8 8 8 8 7 8 5 7 7 7 8 7 9 13
90 1 1 2 2 2 3 4 5 7 9 15
10 11 10 12 11 11
80 21 21 12 13
21 21 21 22 20 19 18 20 19
70 21
20 24
60
50
%

90 90 90 90 89
40
69 67 72 68 65 65
30 63 64 64 61 62 59 54 50
20
10
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano

Aterro (D1-D7, D12) Incineração - valorização energética (R1) Reciclagem Compostagem e digestão

Figura 13 - Distribuição dos destinos finais dos RSU em Portugal no período de 1995 a 2013 (Eurostat,
2015)

3.1.3. Taxa de gestão de resíduos


A Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) é um instrumento económico-financeiro que tem por
objetivo “compensar os custos administrativos de acompanhamento das respetivas atividades,
incentivar a redução da produção de resíduos, estimular o cumprimento dos objetivos nacionais em
matéria de gestão de resíduos e melhorar o desempenho do sector” (Lei n.º 82-D/2014). A TGR também
pretende interiorizar nos produtores e consumidores os custos ambientais associados à gestão de

26
resíduos, variando o seu valor em função do tipo de gestão e destino final dado aos resíduos (ERSAR,
2015). A Tabela 11 apresenta o valor de TGR a pagar consoante o destino final dos resíduos.

Tabela 11 - Percentagem de TGR a pagar por destino final em Portugal (Lei n.º 82-D/2014)
Operação Percentagem da TGR a pagar
D1 – Deposição em aterro (eliminação) 100%
D10 - Incineração (eliminação) 70%
R1 - Valorização energética (valorização) 25%

É importante referir que existem operações de eliminação e de valorização de resíduos. A


incineração de resíduos pode ser classificada como uma operação de eliminação ou de valorização
consoante os produtos resultantes da queima de resíduos, ou seja, para ser considerada uma operação
de valorização energética a queima dos resíduos tem que produzir energia térmica ou elétrica (Portaria
nº 209/2004). Assim, doravante, quando for mencionada a incineração de RSU estamos a referir-nos a
uma operação de valorização energética.
De acordo com a Lei n.º 82-D/2014 nos próximos anos o valor da TGR vai ser objeto de um
aumento gradual (1,1 €/t.ano) e em 2020 irá assumir o valor de 11 €/t. Este aumento tem como objetivo
incentivar os sistemas de gestão de RSU a diminuir a quantidade de resíduos encaminhados para
aterro. Apesar do aumento proposto, a TGR para deposição em aterro continua muito baixa quando
comparada com a média UE 27 (80 €/t em 2015) (CEWEP, 2015). Na Tabela 12 apresenta-se as taxas
de aterro praticadas noutros países europeus em 2015.

Tabela 12 - Taxas de aterro praticadas em países da União Europeia em 2015 (CEWEP, 2015)
País TGR (€/t)
Áustria 87
Bélgica 25 – 65 (depende do tipo de resíduos)
Dinamarca 63
França 20 – 150 (depende do tipo de aterro)
Finlândia 60
Alemanha Aterro banido desde 2005
Grécia 40
Irlanda 75
Holanda 17
Espanha 12 – 21
Suécia 45
Reino Unido 2,5 – 97,3

É possível estabelecer uma relação entre as taxas de gestão de aterro e os destinos finais mais
utilizados. O Relatório da Comissão Europeia, Use of Economic Instruments and Waste Management
Performances estabelece uma relação entre as taxas de aterro mais elevadas e percentagens mais
baixas de RSU depositado em aterro, como podemos constatar na Figura 14. Pela sua análise é
possível distinguir três grupos, sendo eles:

 Grupo 1 – Estados-membros com custos mais elevados e menores quantidades de resíduos


depositados em aterro: Áustria, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo, Holanda e
Suécia;
 Grupo 2 – Estados-membros com custos totais médios a altos e com percentagem média de
resíduos depositados em aterro: Finlândia, França, Irlanda, Itália, Reino Unido;

27
 Grupo 3 - Estados-membros com os custos totais mais baixos e com elevada percentagem de
resíduos depositados em aterro: Bulgária, República Checa, Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia,
Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Chipre, Estónia, Espanha.

Figura 14 - Relação entre as taxas de aterro e a percentagem de resíduos depositados em aterro,


dados de 2009 (Adaptado de CE, 2012)

Contudo atualmente verifica-se que a Holanda apesar de encaminhar apenas 1,5% dos RSU
produzidos para aterro pratica um dos mais baixos valores de taxa de aterro da Europa. Entre 1995 e
2012 o valor da taxa de aterro foi alvo de aumentos sucessivos, tendo em 2010 atingido o valor de
107,5 €/t (valor mais elevado da Europa), com a consequente diminuição da quantidade de RSU
encaminhados para aterro. Como nos últimos anos, as receitas do imposto sobre os aterros foram
reduzindo drasticamente, em linha com a redução dos resíduos depositados em aterro a sua existência
tornou-se unicamente um encargo administrativo e não induzindo outros benefícios, daí o seu valor ser
17 €/t (ver Tabela 12) e limitado a algumas categorias de resíduos (ETC/SCP, 2013).

3.1.4. A valorização energética de RSU por incineração


Neste ponto, o estudo vai ser limitado aos países que mais utilizam a incineração para a
valorização energética de RSU, sendo eles, Estónia, Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça.
Ao analisar a Tabela 13 é possível constatar que Portugal apenas possui 3 centrais de
incineração de resíduos com vista à valorização energética, o que é baixo em relação aos países em
estudo que possuem entre 17 a 32 centrais. Relativamente aos rácios determinados verifica-se que na
Suíça e Dinamarca existem entre 5 a 7 centrais de incineração de RSU por cada 10 000 km2 e em
Portugal este rácio tem um valor de apenas 0,337. Quanto ao número de centrais por cada 10 000
habitantes conclui-se a existência de um padrão uma vez que os rácios determinados para a Noruega,
Dinamarca, Suécia e Suíça são semelhantes estando compreendidos entre 0,034 e 0,047 que são
bastante superiores ao de Portugal (0,003).
Relativamente à Estónia verifica-se que em 2012 não tinha nenhuma central de incineração de
RSU em funcionamento e no entanto, em 2013, foi o país que mais valorizou energeticamente os
resíduos por esta via. Esta situação é justificada pelo facto de a Estónia ter investido na incineração de

28
RSU, entrando em funcionamento em 2013 a única central do país que valorizou 64% do total de RSU
produzidos no ano de 2013 (Eurostat, 2015).

Tabela 13 - Rácio entre nº de centrais de incineração de RSU por cada 10 000 km, dados de 2012
(Eurostat, 2015 e CEWEP, 2015)
População Nº centrais 𝒏º 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒊𝒔 𝑾𝒕𝑬 𝒏º 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒊𝒔 𝑾𝒕𝑬
Pais Área (km2)
(hab) WtE em 2012 𝟏𝟎 𝟎𝟎𝟎 𝒌𝒎𝟐 𝟏𝟎 𝟎𝟎𝟎 𝒉𝒂𝒃
Estónia 45 226 1 294 445 0 0 0
Noruega 385 178 4 979 954 17 0,441 0,034
Dinamarca 42 895 5 560 628 26 6,061 0,047
Suécia 438 575 9 482 855 32 0,730 0,034
Suíça 41 285 7 954 662 30 7,267 0,038
Portugal 89 089 10 562 178 3 0,337 0,003

Ao analisarmos com maior detalhe os destinos finais da amostra considerada para o estudo é
possível verificar que todos os países, com exceção de Portugal e Estónia, apostaram desde cedo na
valorização energética por incineração. Das centrais que se encontram atualmente em funcionamento
as linhas de incineração mais antigas remontam aos anos de 1970, 1971, 1974, 1984 na Dinamarca,
Suécia, Suíça e Noruega, respetivamente, enquanto em Portugal as primeiras linhas entraram em
funcionamento no ano de 2000 (ISWA, 2012).
Relativamente às tecnologias utilizadas nas centrais de incineração de RSU nos países em
estudo, é possível concluir que a tecnologia de queima mais utilizada é a incineração em grelha móvel
(sendo a única tecnologia implementada nas centrais em Portugal e na Suíça) e que o tipo de caldeira
mais utilizado é a caldeira a vapor, como é possível constatar pela Tabela 14.

Tabela 14 - Tecnologias mais utilizadas nas centrais de incineração de RSU nos países em estudo (ISWA,
2012)
Equipamento Tipo de linha/caldeira Portugal Noruega Dinamarca Suécia Suíça
Grelha móvel 100% 42% 80% 56% 100%
Grelha fixa - 5% 2% - -
Grelha rotativa - - 2% 8% -
Leito fluidizado - - - 6% -
Fornalha
Gaseificação - 11% - 2% -
Pirólise - - - -
Outros - 11% 9% 6% -
Sem dados - 32% 7% 22% -
Vapor 100% 47% 53% 46% 100%
Água quente (temperatura < 120 °C) - 5% 31% 4% -
Caldeira
Água quente (temperatura > 120 °C) - 11% 9% 22% -
Sem dados - 37% 7% 28% -

Em seguida vão ser analisados alguns casos de estudo de centrais de incineração que utilizam
RSU para a produção de eletricidade. A seleção das centrais está relacionada com a informação
disponível dando preferência ao ano de entrada em operação das linhas de incineração, tendo sido
escolhidas as centrais com linhas mais recentes, de modo a analisar qual a tecnologia utilizada a nível
de grelhas, caldeiras e o respetivo investimento.

3.1.4.1. Caso de estudo 1: Iru Power Plant, Estónia

A Iru Power Plant, localizada na cidade de Maardu perto da capital Tallin, é uma central de
cogeração que, até 2013, possuía duas unidades de produção de energia e vapor, com três caldeiras

29
e uma turbina a vapor, sendo o gás natural o principal combustível e utilizando combustíveis líquidos
como reserva (Eesti Energia, 2015).
Em 2013 foi inaugurada uma terceira unidade de produção de energia térmica e elétrica que
utiliza como matéria-prima unicamente RSU tendo capacidade para processar 220 000 t/ano. A
capacidade de produção de eletricidade é 17 MW e de produção de calor de 50 MW, transformando
assim 85% da energia contida nos resíduos em eletricidade e calor (Eesti Energia, 2015).
O sistema de incineração da central de Iru está apto para queimar diferentes tipos de resíduos
e o tipo de sistema de queima utilizado é a incineração em grelha móvel com capacidade de incinerar
27,5 toneladas de RSU por hora. O calor libertado durante a combustão é utilizado para a produção de
vapor sobreaquecido, que é encaminhado para uma turbina a vapor para produzir energia elétrica por
intermédio de um turbo gerador, e a energia remanescente é transferida para a rede de district heating
através de permutadores de calor.
A central de Iru é a única na Estónia que utiliza RSU como matéria-prima processando
atualmente cerca de 64% dos RSU produzidos no país (Eurostat, 2015). A central está localizada perto
da capital Talin, que é a zona do país com maior densidade populacional (com 400 000 habitantes
produzindo aproximadamente 117 200 toneladas de RSU por ano, cerca de 30% do total produzido no
país) (Estónia, 2015 e Eurostat 2015).
O investimento nesta central foi de 105 milhões de euros (Eesti Energia, 2015).

3.1.4.2. Caso de estudo 2: Reno Nord, Dinamarca

Localizada na cidade de Aalborg, as primeiras linhas de incineração da central de Reno Nord


entraram em funcionamento entre 1978 e 1980. Cada linha tinha uma capacidade de 8 toneladas de
RSU por hora, o tipo de sistema de queima utilizado era a incineração em grelha rotativa e apenas era
produzida energia térmica que posteriormente era integrada na rede de district heating (WSP, 2013 e
Volund, 2015a).
No ano de 1991 a central começou também a produzir eletricidade com a entrada em
funcionamento de uma terceira linha com uma capacidade de 12,5 toneladas de RSU por hora (WSP,
2013 e Volund, 2015a).
Em 2006, as linhas de incineração 1 e 2 foram substituídas por uma quarta linha de incineração
com capacidade para processar 160 000 toneladas de RSU por ano (20 t/h). O tipo de sistema de
queima é a incineração em grelha móvel e a caldeira é a vapor, ambos os equipamentos são fornecidos
pela Volund. Com o início de operação da quarta linha as linhas 1 e 2 foram desativadas e a terceira
linha passou a ser mantida como reserva (Volund, 2015a).
A caldeira e turbina utilizadas na quarta linha permitem a produção de 80 t/h de vapor (a uma
temperatura de 425ºC e pressão de 50 bar) e de aproximadamente 18 MW de energia elétrica que
posteriormente será integrada na rede. Contudo a central também produz 43 MW de energia térmica
para abastecer a rede de district heating em Aalborg. Esta central produz energia térmica e elétrica
suficiente para abastecer aproximadamente 30 000 casas com district heating e cerca de 16 000 casas
com eletricidade (Volund, 2015a). Na Tabela 15 estão contidos os valores relativos à eficiência
energética da linha 4.
A população abrangida por esta central é aproximadamente 230 000 habitantes (WSP, 2013).

30
3.1.4.3. Caso de estudo 3: Energos, Sarpsborg, Noruega

A central de incineração de RSU Sarpsborg II entrou em funcionamento no ano de 2010. Esta


possui duas linhas de gaseificação com uma capacidade de processamento total de 78 000 toneladas
de RSU por ano e produz apenas calor. Tem uma potência térmica de 32 MW e a sua eficiência é
aproximadamente 80%, muito superior ao que seria possível obter caso produzisse também energia
elétrica (WSP, 2013).
O processo consiste em duas linhas de gaseificação idênticas cada uma capaz de processar
39 000 toneladas de RSU por ano. Cada linha inclui um reator térmico de duas fases constituído por
uma câmara primária onde ocorre a gaseificação e uma câmara secundária onde ocorre a oxidação
térmica (de combustão). Este processo é designado por “combustão por etapas " uma vez que o gás
de síntese produzido é imediatamente queimado gerando calor (WSP, 2013).
A instalação de Sarpsborg II tem a particularidade de ter um design bastante flexível e
adequado para o tratamento de resíduos com poder calorifico entre os 8 e 18 kJ/kg. O facto de ser
constituída por módulos permite alterar a capacidade da instalação de modo a corresponder à procura.
Está localizada junto a um complexo industrial e o calor produzido é utilizado para abastecer
as instalações industriais adjacentes contribuindo para a redução da utilização de combustíveis fósseis
nessas unidades (poupanças na ordem dos 24 000 toneladas por ano) (WSP, 2013).
Para a construção da central de Sarpsborg II foi necessário um investimento de 45 milhões de
euros (WSP, 2013).

Tabela 15 - Dados relativos às centrais de incineração em estudo (WPS, 2013)


Iru Power Plant 4ª linha Reno Nord Sarpsborg II
Capacidade (t RSU/ano) 220 000 160 000 78 000
Potência elétrica (bruto) (MW) 17 (0,077 kW/t RSU) 17,918 (0,112 kW/t RSU) -
Potência térmica (MW) 50 (0,227 kW/t RSU) 43,412 (0,268 kW/t RSU) 32 (0,410 kW/t RSU)
Eficiência elétrica resultante (bruto) - 27% -
Eficiência térmica total resultante - 98% 80 %
Eficiência da caldeira . 92% -
Investimento 105 Milhões € - 45 Milhões €

3.2. Gestão de Biomassa Florestal

3.2.1. Quantificação e caracterização da biomassa florestal


As florestas da União Europeia ocupam uma área de 159 milhões de hectares. Contudo a área
florestal não está distribuída de modo uniforme pelo continente sendo os países com maior área
florestal a Finlândia e Suécia como podemos constatar pela Figura 15.
Apesar de o continente europeu apresentar uma área florestal extensa nem toda está
disponível para abastecer a indústria transformadora da madeira e as instalações de geração de
energia. Segundo as estatísticas estão disponíveis para satisfazer este mercado cerca de 0,85 biliões
de hectares (FOREST EUROPE, UNECE e FAO, 2011).
Relativamente à composição das florestas na Europa as espécies dominantes são as coníferas
ocupando 50% do total de área florestal. Verifica-se também que esta espécie de plantas está
localizada maioritariamente no Norte da Europa, sendo que 7,5% da espécie está presente em florestas

31
na Finlândia e na Suécia (FOREST EUROPE, UNECE e FAO, 2011). A composição das florestas da
União Europeia refletem a sua diversidade geoclimática onde a sua distribuição depende,
essencialmente, do clima, do sol, da altitude e da topografia. Das florestas europeias apenas 4% ainda
não sofreram a intervenção do Homem, 8% são plantações e a percentagem restante corresponde a
florestas alteradas pelo Homem. Relativamente aos proprietários das florestas europeias estes são
maioritariamente privados (cerca de 60 % são áreas florestais privadas, sendo 40 % públicas) (PE,
2015).
Em Portugal a biomassa florestal e agrícola é sem dúvida a mais abundante. Segundo dados
de 2010 a área total de Portugal continental é 8 905 893 ha sendo 35% ocupada por florestas (incluindo
superfícies temporariamente desarborizadas e áreas florestais ardidas recentes), 32% ocupada por
matos e pastagens e 24% utilizada para fins agrícolas (ICNF, 2013). Na Figura 16 podemos observar
a evolução da área de solo ocupada por cada sector nos anos de 1995 e 2010.

Figura 15 - Área florestal (em milhões de ha e em %) de cada país europeu, dados de 2010 (Adaptado de
FOREST EUROPE, UNECE e FAO, 2011)

Entre 1995 e 2010 foi registada uma diminuição líquida de área de floresta de 150 611 ha. Esta
diminuição deveu-se principalmente à conversão de zonas florestais para zonas de matos e pastagens
ou para zonas urbanas.
Da Tabela 16, pode verificar‐se que, em 2010, a área de floresta de Portugal Continental era
ocupada maioritariamente por eucalipto, correspondendo a 26% da área florestal, seguido do sobreiro
e do pinheiro bravo (cada espécie com uma ocupação de 23%).

32
Figura 16 - Evolução da área ocupada por cada sector em Portugal continental (Adaptado de ICNF, 2013)

Tabela 16 – Evolução da área total das espécies florestais dominantes em Portugal Continental entre
1995 e 2010 (ICNF, 2013)
Espécie 1995 2005 2010
Pinheiro-bravo 977 883 795 489 714 445
Eucalipto 717 246 785 762 811 943
Sobreiro 746 828 731 099 736 775
Azinheira 366 687 334 980 331 179
Carvalho 91 897 66 016 67 116
Pinheiro-manso 120 129 172 791 175 742
Castanheiro 32 633 38 334 41 410
Alfarrobeira 2 701 4 726 5 351
Acácias 12 278 12 203 11 803
Outras folhosas 155 187 169 390 177 767
Outras resinosas 61 340 73 442 73 217

3.2.2. Taxa de IVA na utilização da biomassa florestal como combustível


De modo a atingir as metas “20-20-20” da Comissão Europeia foram criados vários incentivos.
Contudo existe uma lacuna ao nível da promoção do uso de biomassa no mercado do aquecimento
doméstico e serviços, já que a taxa de IVA aplicada aos biocombustíveis sólidos em Portugal é mais
elevada relativamente a outros países. Através da Figura 17 é possível verificar que nos países da UE,
exceção da Irlanda e Reino Unido, existe uma tendência para a penalização do uso de combustíveis
fósseis no sector do aquecimento doméstico e serviços, a favor do uso de biomassa ao contrário do
verificado em Portugal (CE, 2015).

25

20
Taxa de IVA (%)

15

10

0
Reino Unido Portugal Itália Irlanda França Bélgica Áustria Alemanha
Taxa base Electricidade Gás natural Gásoleo aquecimento Biomassa
Figura 17 - Taxas de IVA aplicadas aos combustíveis utilizados no sector de aquecimento em 2015
(Adaptado de CE, 2015)

33
3.2.3. Valorização energética de Biomassa Florestal por incineração
Apesar de os recursos florestais não estarem uniformemente distribuídos, todos os países da
União Europeia utilizam biomassa florestal (incluindo pellets) para fins energéticos. Segundo o
EurObserv’ER (2014), em 2012, os maiores produtores de energia elétrica a partir de biomassa florestal
foram a Alemanha, Finlândia e Reino Unido. Na maioria dos Estados-Membros a energia elétrica
produzida a partir da biomassa florestal tem origem em centrais de cogeração e em centrais dedicadas
que apenas produzem eletricidade, sendo que 17 dos 26 países presentes no estudo, produzem mais
eletricidade através da cogeração, como consta no anexo 4 (EurObserv’ER, 2014). Para cada país é
possível calcular o quociente entre a eletricidade produzida por ha de floresta e verificar que a Holanda,
a Bélgica, a Dinamarca e o Reino Unido apresentam valores muito acima dos outros países (ver anexo
4), o que é justificado pelo facto de serem atualmente grandes importadores de pellets, tal como se
evidência na Figura 18.
Em Portugal a energia elétrica a partir de biomassa florestal é produzida em centrais
termoelétricas ou de cogeração. Em 2006 foi lançado um concurso para a implementação de 15 novas
centrais termoelétricas a biomassa florestal, representando na sua totalidade 100 MW de potência
instalada. Este concurso tinha como objetivo atingir, em 2014, uma meta de pelo menos 250 MW de
potência instalada para as centrais a biomassa florestal, no entanto destas centrais somente duas foram
concluídas até 2013, tendo sido apontadas várias razões para o insucesso como dificuldades
financeiras e a deficiente localização de algumas centrais (AR, 2013). Atualmente existem vinte centrais
que utilizam a biomassa florestal como matéria-prima cuja potência total instalada é aproximadamente
453,2 MW. Destas centrais, dez são termoelétricas e as restantes de cogeração, com potências
instaladas muito variáveis como podemos constatar pela Tabela 17.

Tabela 17 - Centrais a biomassa em Portugal dados de 2014, (Adaptado de INEGI, 2014)


Potência Instalada Consumo de Ano de entrada em
Nome Distrito
(MW) Biomassa (t/ano) funcionamento
Centrais de cogeração
Amorim Aveiro 1,1 n.d. 2004
Caima Santarém 9 54 600 2001
CELBI Coimbra 70 n.d. 1987
CELTEJO Castelo Branco 30 n.d. 1992
Figueira da Foz (Lavos) Coimbra 95 219 960 2004
Cacia Aveiro 35,1 110 370 2005
Setúbal Setúbal 53,9 168 480 2004
EUROPA&C Energia Viana Viana do Castelo 38,8 n.d. 2002
SIAF Viseu 4 n.d. 1996
COSTA IBÉRICA Viseu 0.3 n.d. 2011
Centrais Termoelétricas
Centroliva Castelo Branco 6 60 748 1998
Figueira da Foz Coimbra 34,3 400 000 2009
PALSER Castelo Branco 3 36 500 2010
Belmonte Castelo Branco 2 24 300 2010
Constância Santarém 13,7 140 000 2009
Mortágua Viseu 9 115 000 1999
Ródão Castelo Branco 13 140 000 2007
Cacia Aveiro 12,5 146 000 2009
Setúbal Setúbal 12,5 146 000 2009
Terras de Sta. Maria Aveiro 10 121 500 2008

34
Todas as centrais de cogeração estão instaladas junto de indústrias transformadoras de
madeira, nomeadamente indústrias de pasta e papel. As unidades da Soporcel/Portucel em Lavos,
Cacia e Setúbal de grandes dimensões são constituídas por duas turbinas a vapor, e respetivos
geradores associados, bem como duas caldeiras: uma de recuperação a licor negro e outra caldeira de
leito fluidizado a biomassa florestal.
As centrais termoelétricas dedicadas apenas à produção de eletricidade a partir de biomassa
apresentam um potencial total de 116 MW e um consumo anual de biomassa de aproximadamente
1,33 milhões de toneladas.
Se a este valor adicionarmos a potência elétrica das centrais de cogeração que utilizam a
biomassa, chegamos a uma potência total elétrica de 453,2 MW já atualmente existente em Portugal.

Figura 18 - Valores previstos para as importações de pellets para países da UE (AEBIOM, 2014)

A Figura 19 mostra as localizações das centrais atuais e dos lotes a concurso, onde é possível
verificar que a importância das localizações escolhidas para as centrais dedicadas é devida à elevada
densidade de biomassa florestal existente, o que facilita o abastecimento das centrais na respetiva
matéria-prima, permitindo a consequente redução do risco de incêndio.
De acordo com a ADENE/INETI (2001) existe uma grande discrepância entre a disponibilidade
potencial, com 6,5 milhões de toneladas, e a disponibilidade efetiva de BF, com 2,2 milhões de
toneladas, o que permite concluir que apenas uma porção dos resíduos florestais tem potencial para
ser aproveitado para a produção de energia. Na Tabela 18 estão sintetizados os valores de produção,
disponibilidade e potencial energético de BF de acordo com ADENE/INETI (2001).
É importante salientar que para além das centrais termoelétricas e de cogeração a biomassa,
existem outras unidades industriais que competem diretamente pela mesma matéria-prima,
nomeadamente as unidades de pellets. Se as treze centrais aprovadas no concurso forem
implementadas até 2015 e tendo em consideração a procura de BF das centrais termoelétricas
existentes, centrais de cogeração, unidades de pellets, entre outras indústrias, prevê-se que as
necessidades de matéria-prima sejam aproximadamente 4 milhões de toneladas/ano a partir de 2015
(DNFF, 2010).

35
Figura 19 - Localização e tipologia dos 15 lotes (adaptado de DGEG (2006) e INEGI (2014))

Tabela 18 - Quantidades indicativas de biomassa florestal de acordo com a proveniência, produção de


biomassa florestal e disponibilidade deste recurso energético ( ADENE/INETI, 2001)
Produção de biomassa florestal
Tipo de resíduo Quantidade (milhões de toneladas/ano)
Matos (incultos) 4,1
Matos (sob-coberto) 1,0
Produção de lenhas 0,5
Ramos e bicadas 1,0
Total 6,5
Disponibilidade potencial de biomassa florestal
Tipo de resíduo Quantidade (milhões de toneladas/ano)
Matos 0,6
Biomassa proveniente de áreas ardidas 0,4
Ramos e bicadas 1,0
Total 2,0
Potencial disponível de resíduos da floresta e de ITM para produção de energia
Proveniência dos resíduos Quantidade (milhões de toneladas/ano)
Floresta 2,0
Indústria transformadora da madeira (ITM) 0,2
Total 2,2

Comparando a necessidade com a disponibilidade estimada concluir-se-ia que Portugal não


teria capacidade para satisfazer a procura prevista. Contudo existem soluções que permitem aumentar
a produção de BF como a aposta em culturas energética e uma melhor gestão e limpeza de resíduos
verdes, matos e florestas. Neste sentido merece destaque o corte das bicadas dos eucaliptos e a
limpeza dos pinheiros bravos mais pequenos existentes em pinhais bastante densos. Note-se que desta
forma consegue-se uma dupla vantagem dado que o aproveitamento energético da biomassa permite
o crescimento mais rápido e saudável dos pinheiros e eucaliptos maiores, com aproveitamento na
indústria do mobiliário e na indústria da celulose, respetivamente.

36
Atualmente existe legislação que promove por um lado a utilização e valorização da Biomassa
Florestal como contributo para a gestão sustentável das florestas e como prevenção da ocorrência de
incêndios florestais, Resolução da Assembleia da República n.º 69/2012, e por outro que recomenda a
valorização energética da biomassa no objetivo de proteção da floresta, Resolução da Assembleia da
República n.º 70/2012. Pode-se mesmo afirmar que o maior objetivo das políticas públicas nesta área
deverá ser viabilizar economicamente a limpeza e utilização da biomassa florestal a fim de reduzir o
risco de incêndios e promover o desenvolvimento económico-social de vastas regiões rurais do país,
nomeadamente no Centro e Norte.

3.2.4. Estratégia para a Bioenergia do Reino Unido


Em 2012 foi aprovada a “UK Bioenergy Strategy” desenvolvida pelo Commitee on Climate
Change com recomendações para o Reino Unido atingir as metas de redução de emissões para 2020
e 2050.
Sendo que a bioenergia contribui para a redução do nível de emissões de CO 2, nomeadamente
a bioenergia proveniente da biomassa, a estratégia passa por aumentar a potência instalada de centrais
a biomassa para 6 GW até 2020. Em 2011, no Reino Unido, existiam em funcionamento 31 centrais a
biomassa e 69 em projeto. Das centrais em operação 13 são de co-combustão, 12 dedicadas e 6 de
cogeração. Nas centrais em fase de projeto, 13 são de co-combustão, 44 dedicadas e 12 de cogeração.
Se todas as centrais em projeto entrarem em funcionamento seriam necessárias 48,3 milhões de
toneladas de biomassa florestal para as abastecer, ou seja, 9,3 vezes a quantidade de biomassa
utilizada atualmente. Este facto implica que o Reino Unido teria que importar biomassa florestal para
satisfazer as necessidades das centrais cuja quantidade corresponde a 29 vezes mais do que a
importada no ano de 2010 (RSPB, 2011). No anexo 6 é possível verificar o número de centrais que vão
utilizar biomassa importada, assim como o respetivo consumo.
É também importante referir que a maior central a biomassa no Reino Unido, a Port Talbots
UK, tem 3,5 vezes a potência das 15 centrais a concurso de 2006 em Portugal (350 MW contra 100
MW) (AR, 2013).
Relativamente à área florestal ao comparar os dois países é possível concluir que o Reino
Unido aposta mais na produção de energia a partir de biomassa florestal do que Portugal, apesar de
ter uma área florestal menor (correspondente a 12% do território nacional (2881 milhares de ha)
enquanto que em Portugal corresponde a 35% (3456 milhares de ha), (UNECE, 2014).
Outro parâmetro a analisar será o custo nivelado da energia. Este consiste no custo médio de
produção durante o tempo de vida do projeto por MWh de eletricidade produzida a partir das diferentes
tecnologias existentes e reflete os custos envolvidos ao longo do projeto (custos relacionados com a
construção, operação, entre outros), permitindo assim a comparação direta entre tecnologias
alternativas (DECC, 2013). Através da Figura 20 é possível constatar que os custos nivelados para
produzir energia através de biomassa são os mais elevados de todas as tecnologias consideradas,
sendo que aproximadamente 80% do valor é relativo a custos de investimento e de combustível. No
entanto, será necessário considerar a possibilidade de venda do vapor produzido. Nesta análise dos
custos nivelados, haverá todavia que ter em conta, no caso da energia eólica os custos indiretos

37
derivados da respetiva intermitência, bem como a eventual aplicação de taxas de carbono aos
combustíveis fosseis.

200 172,9 159,9


Custo nivelado da energia (£/KWh)

150
116 104,4 93,8
93,2 80,4 96,9
100

50

0
Central Central Central a Central a Central Central Eólica Nuclear
-50 biomassa biomassa biomassa biomassa convencional convencional
-100 dedicada - dedicada - CHP - 32 CHP - 110 a carvão a gás natural
50 MW 300 MW MWe MWe
-150
-135
-148,5
-200

Custos de Investimento Custos variáveis Custos fixos


Custo de Combustivél Custo de emissão de CO2 Custo de vapor

Figura 20 - Custos nivelados da energia elétrica no Reino Unido para projetos com inicio em 2009, com
uma taxa de desconto de 10% (Adaptado de DECC, 2013)

3.3. Remuneração das Energias Renováveis


A energia produzida a partir de fontes de energia renováveis (FER) ainda não está num patamar
competitivo quando comparada com os outros combustíveis. De modo a ultrapassar esta questão os
membros da EU tendem a recorrer a sistemas de suporte, tal como acontece em Portugal, de forma a
promover as FER.
Existem vários esquemas utilizados pelos Estados-Membros para promover as FER, sendo
eles, a tarifa fixa, o prémio fixo e os certificados verdes.
A tarifa fixa é o sistema adotado em vários países da EU incluindo Portugal. Neste sistema os
operadores são pagos a um preço fixo, estipulado por fórmula pública, por cada kWh produzido e
entregue à rede. Em Portugal, os produtores de energia elétrica a partir de fontes de energias
renováveis são remunerados com base numa fórmula estabelecida no Decreto-Lei n.º 225/2007, a
fórmula contém um coeficiente Z que varia de acordo com a tecnologia associada à fonte de energia
renovável, permitindo uma remuneração diferenciada por tecnologia (Decreto-Lei 339-C/2001). A
Tabela 19 contém as tarifas médias indicativas por FER utilizada.

Tabela 19 - Tarifas médias indicativas para produção de eletricidade de fontes renováveis segundo o
Decreto-Lei 225/2007 (DGEG, 2015)
Tarifas Médias Tarifas Médias
Tecnologia Tecnologia
Indicativas (€/MWh) Indicativas (€/MWh)
Eólica 74 – 75 Biomassa animal 102 - 104
Hídrica até 10 MW 75 – 77 Biogás digestão anaeróbia RSU 115 - 117
Fotovoltaico (> 5 kW) 310 – 317 Gás de aterro 102 - 104
Fotovoltaico (≤ 5 kW) 450 RSU (vertente queima) 53 – 54
Solar termoelétrico (≤ 10 MW) 267 – 273 CDR (vertente queima) 74 – 76
Biomassa florestal 107 - 109

38
O sistema de prémio fixo representa uma variante da tarifa fixa. Neste caso é pago um prémio
fixo, calculado consoante a tecnologia e fonte energética utilizada, para além do preço de mercado do
kWh, ou seja, o produtor receberá o preço de transação no mercado do kWh mais um prémio por kWh.
Este sistema é utilizado em países como a Estónia e Dinamarca.
O sistema de certificados verdes baseia-se no princípio de que a energia elétrica produzida a
partir de FER proporciona dois produtos diferentes ao consumidor de energia elétrica, a própria energia
elétrica, que poderá ser vendida no mercado de energia elétrica, e um conjunto de benefícios
ambientais e sociais que tomam a forma de certificados verdes, os quais poderão ser transacionados
em mercado próprio, gerando assim receitas adicionais à da venda de energia elétrica para os
produtores de FER. Assim, o produtor de energia a partir de FER é remunerado no mercado de energia
elétrica e no mercado dos certificados verdes (Matos et al., 2005).
Através do anexo 5 é possível constatar que a maioria dos países analisados utiliza um sistema
de tarifa fixa com exceção da Noruega e Suécia que utilizam um sistema de certificados (Res-legal,
2015). Já em países como a Estónia e Dinamarca a remuneração corresponde ao valor de mercado da
eletricidade ao qual acresce um prémio que é calculado consoante a tecnologia e fonte energética
utilizada.

39
4. Caracterização da empresa Tratolixo
4.1. Apresentação
A Tratolixo é uma empresa intermunicipal de capitais públicos, detida pela AMTRES –
Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra que se destina à prestação de serviços
(tratamento de RSU e equiparados) e à comercialização de produtos resultantes da sua atividade,
sendo eles materiais (papel, cartão, plástico, metais, vidro e madeira), resíduos (pneus, pilhas,
acumuladores, baterias, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos), produtos (composto,
combustível derivado de resíduos e estilha) e energia elétrica (Tratolixo, 2015).
Atualmente a Tratolixo presta serviço a uma população de aproximadamente 840 000
habitantes e abrange uma área geográfica de 753 km 2.
Os serviços prestados no âmbito do tratamento abrangem várias tipologias de RSU e REU
(resíduos equiparados a urbanos) sendo eles resíduos provenientes da recolha seletiva (papel/cartão,
embalagens de plástico, metal e ECAL, vidro e bioresíduos), RSU indiferenciados, resíduos verdes,
resíduos de limpeza e monstros (pneus, mobiliário, equipamentos elétricos e eletrónicos, etc.)
(Tratolixo, 2015).
Com o objetivo de gerir e explorar o Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, que
envolve o tratamento, deposição final, recuperação e reciclagem dos resíduos sólidos, a Tratolixo
possui várias infraestruturas especializadas, sendo elas:

 Ecoparque da Abrunheira - Situado no Concelho de Mafra, tem uma área de 19 ha e é


constituído por uma Central de Digestão Anaeróbia (CDA), um Ecocentro, uma Estação de
Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI), Células de Confinamento Técnico (CCT)
e um Ecocentro (Tratolixo, 2015).
 Ecoparque de Trajouce - Situado no Concelho de Cascais, tem uma área de 42,6 ha e é
constituída pela Central Industrial de Tratamento de Resíduos Sólidos (CITRS), por uma
Estação de Transferência de RSU e Resíduos de Embalagem, pelo Ecocentro, pela Central de
Valorização Energética do Biogás do Aterro Sanitário de Trajouce (CVEBAT) e pela Estação
de Tratamento de Águas Lixiviantes (ETAL) (Tratolixo, 2015).
 Ecocentro da Ericeira - Situado na Freguesia da Ericeira, no Concelho de Mafra. Nesta
infraestrutura os munícipes podem realizar a deposição seletiva de diversos tipos de resíduos
que pela sua tipologia e tamanho não podem ser depositados nos ecopontos. Alguns exemplos
deste tipo de resíduos são as madeiras e paletes, mobílias e outros monstros; óleos
alimentares e minerais, roupas usadas, papel e cartão, pilhas e acumuladores, pneus, resíduos
de jardins e parques, entre outros (Tratolixo, 2015).

4.2. Caracterização do mercado de resíduos no sistema AMTRES


De acordo com a Tratolixo (2015) a quantidade de RSU resultantes da recolha indiferenciada
tem vindo a diminuir ao longo dos anos (ver Figura 21).

40
Este decréscimo foi mais acentuado no período de 2008 a 2013, aproximadamente 12,5 %,
provavelmente devido à conjuntura de fragilidade socioeconómica nacional iniciada em finais de 2008,
cujos reflexos diretos se começaram a sentir em 2009 na taxa de desemprego e indicadores de clima
económico e de confiança dos consumidores com relevante impacto no consumo, o que se traduziu na
quebra na produção de resíduos (Tratolixo, 2015). Contudo no ano de 2014 houve um aumento da
produção de RSU indiferenciados em 5 588 toneladas. O comportamento verificado na produção de
resíduos, entre 2008-2013, foi generalizado como é possível observar no anexo 7, onde os decréscimos
observados em Portugal, Portugal continental, Norte e Lisboa e Vale do Tejo foram 17 %, 16,4 %, 12,3
% e 20,2 % respetivamente.

400
RSU recolha indiferenciada (103 ton)

343 343 335 339 336 336 333 331


350 318
9% 9% 10% 10% 10% 298 288 294
300 9% 10% 10% 10%
10% 10% 10%
250
42% 42% 42% 43% 43% 42% 42% 42% 42% 42%
200 41% 41%
150
100 28% 28% 28% 28% 28% 28% 28% 28% 28% 29% 29% 29%
50
19% 19% 19% 19% 19% 19% 19% 19% 19% 19% 19% 19%
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Ano

Oeiras Cascais Sintra Mafra Particulares

Figura 21 - Evolução da quantidade de RSU provenientes da recolha indiferenciada (Tratolixo, 2015)

Apesar de o decréscimo verificado na produção total de indiferenciados no sistema AMTRES


entre 2003 e 2008 ter sido justificado pela adoção de boas práticas ambientais que se traduziu num
aumento das recolhas seletivas de resíduos recicláveis no mesmo período, como mostra a Figura 22,
nos anos posteriores o decréscimo verificou-se tanto na recolha indiferenciada, como na recolha
seletiva, o que pressupõe que seja resultado da conjuntura económica de 2008.
Analisando a quantidade produzida por cada concelho conclui-se que o município de Sintra
constitui o mercado geográfico relevante da recolha de RSU (indiferenciados e seletivos) seguido dos
municípios de Cascais, Oeiras e Mafra com capitações, no ano de 2014, de 1,137, 1,577, 1,13, e 1,283
kg/hab.dia respetivamente (Tratolixo, 2014).
Os resíduos de limpeza e resíduos verdes recebidos na Tratolixo são resultantes unicamente
da manutenção dos espaços públicos existentes em cada município (espaços verdes, ribeiras, praias
e ruas) e nos últimos anos tem-se verificado uma maior eficiência na separação dos resíduos de
limpeza, como é possível constatar pelas Figuras 23 e 24, onde se verifica um crescimento nas recolhas
de resíduos verdes desde o ano de 2009 de aproximadamente 44% enquanto na recolha dos resíduos
de limpeza se verifica um decréscimo de 56 % no mesmo período (Tratolixo, 2015). O aumento
significativo dos resíduos verdes, em particular no município de Cascais, deve-se a uma política de
gestão de recolha gratuita desses resíduos nesse concelho.

41
50000
45000 42 220 43 157 41 196 41 005
39 250
RSU recolha seletiva (ton)
40000 36 829 9% 10% 36 914 35 641
10% 9% 10%
35000 9% 9% 32 372
30 053 9%
30000 34% 33% 34% 36% 10%
23 514 9% 35% 36%
25000 35% 35%
19 576 6% 35%
20000 38%
5% 38% 28% 30%
15000 37% 26% 29% 29% 31%
20% 32% 32% 29%
10000 17% 19%
5000 41% 38% 32% 29% 28% 25% 26% 25% 24% 23% 24% 26%
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Ano

Oeiras Cascais Sintra Mafra Particulares

Figura 22 - Evolução da quantidade de RSU provenientes da recolha seletiva (Tratolixo, 2015)

40000 37 283
35000
Residuos Verdes (ton)

30000 27%
23 409 24 838
25000 22 780
20 785
18 754 5%
20000 12%
15 364 14 434 23%
15000 25% 12 009 13 785
11 563 36% 60%
27% 27% 79%
10000 27% 27% 32% 76%
55% 57% 66%
5000 57% 57% 61% 52%
53%
0 16% 13% 11% 11% 7% 4% 2% 2% 2% 8% 8%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano

Oeiras Cascais Sintra Mafra Particulares

Figura 23 - Evolução da quantidade de Resíduos Verdes recebidos na Tratolixo (Tratolixo, 2015)

90000 80 926
76 172
Residuos de Limpeza (ton)

80000 73 602 71 444


70000 65 356
60000 52 788 36% 49% 50 455
46 958 44 832 51%
50000 40 304 52% 50%
40000 44% 33 186
51% 49% 38% 59%
30000 52%
20000 37% 32% 55%
35% 36% 36%
31% 45%
10000 40% 23% 32%
17% 17% 11% 15% 12% 39%
0 7% 4% 9% 7% 3%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano

Oeiras Cascais Sintra Mafra Particulares

Figura 24 - Evolução da quantidade de Resíduos de Limpeza recebidos na Tratolixo (Tratolixo, 2015)

42
Atualmente está em curso um projeto denominado de “GR3 - GRass as a GReen Gas
Resource: Energy from landscapes by promoting the use of grass residues as a renewable energy
resource” que procura promover a valorização das aparas das relvas de qualquer origem (áreas verdes
urbanas, das estradas e de áreas protegidas), sendo o principal objetivo a produção de energia
renovável, sob a forma de biogás, e fertilizante, contribuindo assim para a redução de emissões de
gases com efeito de estufa (GEE) e para a melhoria da gestão ecológica dos espaços verdes. Uma das
etapas do estudo consiste em determinar as quantidades de resíduos verdes e a produção potencial
de biogás (GR3, 2015). Na Tabela 20 apresentam-se os valores estimados relativos à quantidade de
relva e ao potencial para a produção de biometano.

Tabela 20 - Quantidade de relva e potencial para produção de biogás estimados (GR3, 2015)
Massa de relva estimada Massa de relva estimada Potencial estimado para a produção de
Município
(t (base seca) /ano) (t (base húmida) /ano) biometano (m3 CH4 / ano)
Oeiras 1 361,5 5 024,9 631 000
Cascais 1 237,5 4 578,1 589 000
Sintra 796,1 2 933 362 000
Total 3 395,1 12 596 1 582 000

É importante referir que na região em estudo existem parques cuja gestão de resíduos é
realizada pelos mesmos, não sendo integrado na Tratolixo, como é o caso da Tapada Nacional de
Mafra (TNM) e do Parque Natural de Sintra-Cascais. Para compreender como é elaborada a gestão
dos resíduos por estas entidades, as mesmas foram contactadas.
Segundo Pedro Carrilho (Gestão Florestal da TNM) a biomassa florestal não está quantificada,
mas é possível indicar que nos 833 ha de floresta natural, 38 ha são de eucalipto, e na restante área,
existe uma grande variedade de espécies florestais. Relativamente à limpeza a entidade responsável
é a Cooperativa de Interesse Público que gere a TNM, que para tal tem no seu quadro de pessoal uma
equipa de sapadores florestais, que enquadrados no Plano de Gestão Florestal, executam tarefas de
silvicultura preventiva e gestão florestal. Quanto ao destino dos recursos de biomassa é na maior parte
dos casos a incorporação dos resíduos florestais no terreno, depois de estilhaçados ou queimados.
Segundo informação da Gestão Florestal da TNM, já ocorreu a retirada de ramas de eucalipto após o
corte, numa área de cerca de 15 ha, no entanto este serviço não teve custos para a TNM, tendo o
empreiteiro retirado as ramas a custo zero (ver anexo 8).

4.3. Descrição dos atuais processos de tratamento e valorização de RSU


indiferenciados
O presente trabalho foca os processos realizados na CITRS (Ecoparque de Trajouce), na CDA
(Ecoparque da Abrunheira) e no Ecocentro de Trajouce por ser o local onde são recebidos e tratados
os Resíduos Verdes.

 Central Industrial de Tratamento de Resíduos Sólidos (CITRS) – Ecoparque de Trajouce

Em funcionamento desde 1991 a CITRS apresenta uma capacidade anual de tratamento


mecânico de 150 mil toneladas de RSU onde as principais operações são receção, descarga e pré-
tratamento.

43
Nas operações de receção e descarga os RSU indiferenciados são descarregados na zona de
receção e posteriormente são encaminhados para o armazém com recurso a uma pá carregadora.
No pré-tratamento os RSU indiferenciados são submetidos a uma separação mecânica em crivos
rotativos com malha de 120 mm. Os resíduos que possuem dimensão superior à malha são
encaminhados para a triagem manual (onde é recuperado cartão, filme plástico, PET e alumínio) e os
com dimensão inferior são submetidos à separação. Os restantes resíduos são encaminhados para um
segundo conjunto de crivos com malha de 80 mm, onde os com granulometria inferior a 80 mm são
transferidos para a unidade de digestão anaeróbia da Abrunheira. Os resíduos que chegam ao final do
processo constituem o refugo e são encaminhados para aterros e incineração noutras empresas,
nomeadamente Valorsul, Ribtejo, Resitejo e Citri. Na Figura 25 está sintetizado o processo realizado
na CITRS (Tratolixo, 2015).

Figura 25 - Processo realizado na CITRS. Adaptado de Tratolixo (2015)

Com base na análise do processo conclui-se que as suas maiores limitações são a inexistência
de um equipamento para abrir sacos, o facto de possuir uma linha de tratamento mecânico, a
quantidade de refugo produzida ser bastante elevada assim como os custos associados à sua
eliminação.
 Ecocentro de Trajouce – Ecoparque de Trajouce

O ecocentro de Trajouce é o local onde são recebidos e armazenados temporariamente os


resíduos provenientes de esquemas de recolha especiais, como os monstros, resíduos de jardins e
parques (resíduos verdes) e resíduos de limpeza urbana.
Relativamente aos resíduos de jardins e parques, estes contêm resíduos lenhosos que são
triturados através de uma máquina destroçadora sendo o produto final, a estilha, encaminhada para
valorização energética em empresas especializadas.
Quanto aos resíduos de limpeza urbana estes são triados, onde as terras e pedras são
separadas sendo posteriormente enviadas para um aterro de inertes e a fração restante (ramagens
com potencial de valorização) é encaminhada para valorização num operador licenciado.

44
Para além dos resíduos mencionados, este ecocentro é um ponto acreditado de recolha de
pneus usados e um centro de receção de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE),
recebendo também diversos fluxos e fileiras de resíduos, como madeiras de embalagem e não
embalagem, metais ferrosos, plásticos rígidos, baterias de automóveis, lâmpadas fluorescentes e pilhas
e acumuladores (Tratolixo, 2015). A Figura 26 mostra uma representação esquemática do
funcionamento do Ecocentro de Trajouce.

Figura 26 - Representação esquemática do funcionamento do Ecocentro de Trajouce (Tratolixo, 2015)

Após a análise do funcionamento do ecocentro verifica-se que este tem capacidade para
receber todos os resíduos produzidos no sistema AMTRES e todos eles têm um destino final definido.

 Central de Digestão Anaeróbia – Ecoparque da Abrunheira

Neste processo as principais operações são receção, descarga, pré-tratamento, triagem


secundária, metanização, digestão anaeróbia, desidratação, mistura, compostagem, afinação e
armazenamento. A CDA tem capacidade para receber anualmente 200 mil toneladas de resíduos,
sendo a capacidade de processamento de RSU indiferenciados de 160 mil toneladas por ano e 40 mil
toneladas de resíduos orgânicos (recolhidos seletivamente) por ano, e uma capacidade de tratamento
biológico por digestão anaeróbia de 75.000 t/ano sendo, atualmente, a maior do género no país Assim,
segundo o projeto, o tratamento das 200 mil toneladas de RSU originaria as 75 mil toneladas anuais
de composto orgânico (ver anexo 9). Na Figura 27 está esquematizado o processo realizado na CDA.
A receção e descarga é efetuada numa zona fechada de modo a que a emissão de odores e
partículas para o exterior seja reduzida. Existem 2 fossas de receção sendo uma para RSU e a outra
para Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB).
O pré-tratamento inicia-se com a separação dos resíduos volumosos por intermédio de triagem
manual, seguido da triagem mecânica. Esta triagem é realizada em crivos rotativos de 60 mm. Os
resíduos com granulometria inferior são sujeitos a separação magnética e encaminhado para outro
crivo com malha de 15 mm, os com tamanho inferior são rejeitados e os com tamanho entre 15 e 60

45
mm são sujeitos a uma separação balística para remover os elementos pesados e encaminhados para
os digestores.

Figura 27 - Processo realizado na CDA (Tratolixo, 2015)

A triagem secundária destina-se aos resíduos que não passaram pela malha dos crivos com
60 mm. Estes resíduos são submetidos a uma separação magnética e a nova triagem manual onde os
não selecionados são considerados refugo e encaminhados para o destino final.
A metanização consiste na mistura da fração de resíduos entre 15 e 60 mm com material já
digerido nos digestores.
A operação de digestão anaeróbia tem lugar nos digestores. Estes são alimentados
continuamente e funcionam a uma temperatura estável de 55°C. A CDA possui 3 digestores com 27
metros de altura e um volume total de 3700 m 3. A circulação do substrato no interior é possível devido
à injeção de biogás a uma pressão de 10 bar na laje de fundo e permite a homogeneização e a
eliminação de bolsas de biogás.
À saída do digestor o substrato é submetido à operação de desidratação. Esta é realizada por
prensas, tamisadores e centrifugas que permitem a separação de 95% da fração sólida do substrato.

46
De seguida a fração sólida do substrato é misturada com material estruturante para ser introduzido nos
túneis reatores.
A compostagem é a fase aeróbia do tratamento da matéria orgânica e tem lugar nos túneis
reatores onde o substrato é submetido a um arejamento forçado. A operação de compostagem termina
com a maturação do substrato que consiste na formação de pilhas e revolvimento do substrato com
equipamento mecânico.
Posteriormente o composto é submetido a uma afinação mecânica com o objetivo de remover
contaminantes e ser armazenado em nave própria (Tratolixo, 2015).

4.4. Limitações dos atuais processos de tratamento e valorização de RSU


indiferenciados
Como referido anteriormente existem várias infraestruturas para o tratamento de resíduos na
Tratolixo. Contudo, atualmente, estas não tem capacidade para o tratamento da totalidade dos resíduos
indiferenciados recolhidos pelos Municípios obrigando ao seu transporte, a partir da estação de
transferência do Ecoparque de Trajouce ou do Ecoparque da Abrunheira, para destinos externos. O
transporte é feito maioritariamente pela Tratolixo mas também com recurso a transportadores externos.
No ano de 2013 foram enviados para destinos externos 241 380 toneladas de resíduos indiferenciados,
sendo que 124 982 toneladas, mais de metade, foram encaminhadas diretamente para os mesmos
(através da estação de transferência, sem terem sido previamente submetidos a qualquer tipo de
tratamento na Tratolixo).
Analisando os processos de tratamento utilizados na Tratolixo verifica-se que existem algumas
limitações que ao serem ultrapassadas iriam contribuir para a diminuição da quantidade de resíduos
enviados para destinos externos e consequentemente os respetivos custos associados.
Relativamente à CITRS, o processo de TMB não tem capacidade suficiente para receber todos
os RSU indiferenciados e também não tem a eficiência desejada, pois no ano de 2013 cerca de 68 %
dos RSU indiferenciados que deram entrada foram considerados refugo e encaminhados para destino
externo havendo ainda na sua composição uma grande quantidade de materiais recicláveis. Outras
limitações são ao nível de equipamento, a falta de um abre sacos limita os processos de triagem manual
e mecânica, permitindo que muito material apto para a valorização multimaterial e orgânica seja
encaminhado para incineração ou aterro noutra entidade.
Na CDA as maiores limitações são a nível de pré-tratamento e capacidade. Segundo a Engª
Maria João Alves da Tratolixo, atualmente, os custos operacionais na CDA são muito elevados,
resultando num saldo operacional negativo de 13,95 €/t (ver anexo 9), e devem-se maioritariamente
aos custos de pessoal, de manutenção e reparação. Estes últimos são justificados pelo facto de existir
muito material inerte no material que entra no processo. Os inertes danificam as bombas de
alimentação dos digestores o que por sua vez leva a uma manutenção mais intensiva e várias
reparações, a isto acrescenta o facto de os fornecedores serem estrangeiros o que dificulta todo o
processo e aumenta os custos. Até ao momento já foram feitas várias melhorias no pré tratamento da
Abrunheira para aumentar a eficiência da recuperação de inertes e diminuir os custos de manutenção.

47
Outra limitação nesta unidade é a capacidade, como referido anteriormente esta central tem capacidade
para tratar 200 mil toneladas de RSU anualmente produzindo assim 75 mil t RSU orgânico/ano para
alimentar os digestores. Contudo devido às falhas no pré tratamento na CDA a Tratolixo optou por
utilizar como matéria-prima neste processo apenas os resíduos resultantes do pré-tratamento no
Ecoparque de Trajouce (denominados por RSU pré crivado), sendo que os resíduos provenientes do
concelho de Mafra são encaminhados para destino externo sem qualquer tipo de pré-tratamento. Esta
opção permite obter as mesmas 75 mil toneladas anuais de material orgânico com apenas 93 750 t
RSU pré crivado/ano resultantes da CITRS em Trajouce. Também é importante referir que em conjunto
com a CDA foram projetadas células de confinamento técnico, com uma capacidade de 2 400 mil m3
de RSU, que por razões económicas não foi possível concluir (Tratolixo, 2015 e Engª. Maria João
Alves). Atualmente a obra está parada mas prevê-se o início de funcionamento desta infraestrutura em
meados de 2016. Este aterro seria o destino do refugo obtido em todas as instalações da Tratolixo.
Outro ponto importante e que afeta negativamente a Tratolixo no geral é o facto da central de
incineração da Valorsul por vezes não ter capacidade para receber o refugo dos processos, sendo que
esta situação leva a que o refugo tenha de ser encaminhado para aterros sanitários noutros sistemas
de gestão, como a Ribtejo, Resitejo e CITRI com custos mais elevados.
A Figura 28 apresenta um diagrama simplificado que contém os principais fluxos de materiais
entre os diversos processos e destinos externos e na Figura 29 é possível visualizar os fluxos de
entrada e saída de cada uma das instalações da Tratolixo mencionadas anteriormente no ano de 2013.

Figura 28 - Principais fluxos entre operações de tratamento

48
Figura 29 - Balanço de massa Tratolixo, dados de 2013 (facultados pela Engª. Cristiana Santos da
Tratolixo)

Em 2013 aproximadamente 255 mil toneladas de RSU indiferenciados (incluindo refugos) foram
encaminhados para destinos externos, este valor corresponde a 88 % do total de RSU indiferenciados
recebidos em todas as instalações da Tratolixo. Mais de 45% deste refugo nem sequer sofreu
tratamento, passando unicamente pela estação de transferência. Neste mesmo ano o custo de
depositar os resíduos na central de incineração da Valorsul foi cerca de 3,8 milhões de euros e custo
de depósito em aterro sanitário foi de 2,6 milhões de euros.

49
5. Propostas de melhoria da gestão de resíduos da
Tratolixo
Ao analisar os processos atuais foi possível concluir que existem várias limitações a nível dos
processos de tratamento de resíduos na Tratolixo, nomeadamente a capacidade insuficiente e reduzida
eficiência de separação no TM do Ecoparque de Trajouce, e a reduzida eficiência no TM da CDA do
Ecoparque da Abrunheira.
Os melhoramentos do modelo de gestão de resíduos da Tratolixo é um processo bastante
importante, não só para a respetiva entidade proprietária mas também para a sociedade em geral uma
vez que irá contribuir para a redução de custos operacionais e consequentemente a diminuição das
tarifas praticadas pelo serviço prestado aos municípios e aos munícipes. Como tal, irão ser estudados
em seguida projetos/cenários alternativos ao atual com vista a minimizar os custos através do
investimento em novos equipamentos. Para analisar as diferentes alternativas é essencial determinar
alguns parâmetros como a população, a produção de RSU para os próximos anos, o investimento
necessário, assim como estimar as receitas e os custos de cada alternativa. Para tal foi necessário
realizar uma recolha de dados bastante exaustiva.
No processo de recolha de dados necessário para o estudo dos projetos, foram
consultadas/contactadas diferentes fontes para reunir a maior quantidade de informação possível para
o problema em estudo. Foram assim enviados pedidos de informação para a Tratolixo, Valorsul, Ribtejo,
CITRI e Resitejo. Destas entidades apenas duas as primeiras responderam afirmativamente, sendo de
destacar a Tratolixo. No âmbito deste trabalho, foi ainda possível visitar as unidades da Tratolixo da
Abrunheira e de Trajouce, e a unidade da Valorsul, para conhecer o processo com mais detalhe. Foi
ainda recolhida informação dos endereços eletrónicos de outras entidades de gestão de resíduos bem
como de outras empresas ligadas ao sector.
Os projetos de estudo e os métodos utilizados para os avaliar serão descritos em seguida,
assim como os parâmetros utilizados para o seu cálculo, estimativas e pressupostos assumidos.

5.1. Descrição dos projetos em estudo

5.1.1. Projeto 1 – Investimento na requalificação do tratamento mecânico na


CITRS
De acordo com o PERECMOS (2007) é no Tratamento Mecânico do Ecoparque de Trajouce
que se verificam as situações que carecem de intervenções mais urgentes. Estas são justificadas pela
idade do equipamento instalado (atualmente 23 anos) e também por nos últimos anos estar a receber
aproximadamente o dobro da quantidade de resíduos da sua capacidade nominal. Segundo a Engª.
Cristiana Santos da Tratolixo a requalificação deste processo para além de aumentar a capacidade
instalada para 300 mil t por ano (mais 150 mil t/ano que o processo atual) vai também permitir aumentar
a percentagem de material reciclável resultante do processo de 3 para 10% (ver anexo 9).

50
Como referido anteriormente, atualmente a Tratolixo encaminha o excedente e refugo
resultante das operações de tratamento do Ecoparque da Abrunheira e do Ecoparque de Trajouce para
vários destinos externos. Neste projeto de investimento na melhoria e no aumento da capacidade do
TM de Trajouce, e com vista a encontrar alternativas que permitam reduzir os custos operacionais,
vamos analisar três cenários, sendo eles:
 Cenário 1: Refugo resultante das operações de tratamento é encaminhado para os destinos
externos utilizados atualmente e na mesma proporção;
 Cenário 2: Refugo resultante das operações de tratamento é encaminhado para o aterro
sanitário no Ecoparque da Abrunheira. Aqui consideramos que o aterro entra em
funcionamento em 2016;
 Cenário 3: Refugo resultante das operações de tratamento é encaminhado para a 4ª linha de
incineração na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Valorsul. Aqui
consideramos que a mesma entra em funcionamento em 2016.

A Figura 30 apresenta um diagrama onde é possível visualizar todos os fluxos de materiais


entre operações e tratamento de resíduos, internas ou externas, considerados no projeto 1.

Figura 30 - Fluxos de materiais do projeto 1

Neste projeto vão ser analisados três cenários onde o ponto de diferenciação se centra no
Tratamento Final. Na Tabela 21 estão apresentados os destinos finais considerados em cada cenário
assim como a proporção de resíduos encaminhados para cada um. No caso do cenário 1 as proporções
foram determinadas com base no balanço de massas do ano de 2013 facultado pela Eng.ª Cristiana
Santos da Tratolixo e optou-se por considerar os valores constantes ao longo do projeto.

Tabela 21 – Tratamentos Finais considerados em cada cenário e respetivas proporções


Cenário Destino Final % de Total de Refugo
1 Valorsul (Central de incineração) 74,2
CITRI (aterro sanitário) 11,35
Ribtejo (aterro sanitário) 9,28
Resitejo (aterro sanitário) 5,16
2 Ecoparque da Abrunheira (aterro sanitário) 100
3 Valorsul (4ª linha de incineração) 100

51
Utilizando como referência os valores do balanço de massas de 2013 foi possível determinar
as quantidades enviadas para cada processo e/ou destino. Relativamente aos fatores de conversão, a
quantidade de composto, refugo e energia elétrica produzidas nos digestores da CDA, foram
determinados por intermédio dos valores apresentados no Relatório e Contas da Tratolixo (2014) e os
valores relativos à incineração foram determinados por intermédio dos valores apresentados no site
Valorsul (2015). No que respeita à energia elétrica produzida pela queima de RSU foram abordadas
duas situações, uma onde existe pré-tratamento de RSU e outra onde os RSU são queimados sem
qualquer tipo de tratamento. A energia elétrica produzida por unidade de resíduo sem tratamento foi
obtida a partir dos dados reais da Valorsul. Pelo facto de se interpor uma unidade de tratamento e
portanto diminuir a quantidade de plásticos e de papel e cartão em 3%, foi feita a correção ao poder
calorifico da mistura, com base no estudo realizado por Ryu e Shin (2013). Os fatores de conversão
estão apresentados na Tabela 22, verificando-se uma redução de 14% deste fator após pré-tratamento.

Tabela 22 - Fatores de conversão (Tratolixo, 2014 e Valorsul, 2015)


Digestão Anaeróbia
Composto produzido por t RSU 0,0913 t
Energia elétrica produzida por t RSU orgânico 0,327 MWh
Refugo produzido no digestor por t de RSU 0,183 t
Incineração
Escórias produzidas por t RSU 0,2 t
Cinzas produzidas por t RSU 0,03 t
Energia elétrica produzida por t RSU (sem pré-tratamento) 0,498 MWh
Energia elétrica produzida por t RSU (com pré-tratamento) 0,428 MWh

De modo a auxiliar na compreensão dos fluxos de materiais considerados entre processos de


tratamento e instalações nos cenários analisados no Projeto 1, estão apresentados na Tabela 23 as
fórmulas utilizadas para a determinação de cada um dos fluxos referidos na Figura 30.
Na definição destes fluxos foi necessário fazer algumas considerações sendo elas:

 Neste projeto os resíduos provenientes do concelho de Mafra são entregues no Ecoparque de


Trajouce, uma vez que a capacidade do TM (T) aumentou (de 150 mil t de RSU para 300 mil t
de RSU) e assim aumenta-se a produção de recicláveis;
 Segundo informação do Eng. Ricardo Castro da Tratolixo, a capacidade nominal dos digestores
é de 75 mil toneladas de RSU orgânico, sendo possível obter esta quantidade com apenas
93 750 toneladas de RSU pré-crivado provenientes do TM (T) (ver anexo 9);
 No Tratamento Mecânico da Abrunheira (TM (A)) embora recente, a quantidade de materiais
recicláveis recuperados é muito inferior relativamente à quantidade recuperada no TM (T). Ou
seja, dos RSU tratados em cada operação, 1 % corresponde a materiais reciclados
recuperados no caso do TM (A) e 10% no caso do TM (T).

52
Tabela 23 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no projeto 1
Fluxo
Material Fórmula Eq.
(t/ano)
RSU RSU indiferenciados Total de resíduos produzidos no sistema AMTRES .
RSU indiferenciados F1; RSU ≤ 300 000
F1
recebidos no TM (T) 300 000; RSU > 300 000
Material reciclável
F2 𝐹1 × 0,1 (2)
recuperado no TM (T)
F3 Excedente 𝑅𝑆𝑈 − 300000 (3)
F4 RSU pré crivado 93 750
F5 Refugo do TM (T) 𝐹1 − 𝐹1 × 0,1 − 93750 (4)
Material reciclável
F6 93750 × 0,01 (5)
recuperado no TM (A)
F7 RSU orgânico 75 000
F8 Refugo do TM (A) 93750 − 0,01 × 93750 − 75000 (6)
F9 Refugo do Digestor 2 × 6848 (7)
F10 Composto 0,0913 × 75000 (8)
F11 Energia elétrica – CDA 0,327 × 75000 (9)

5.1.2. Projeto 2 – Investimento numa nova central de incineração de resíduos


Neste projeto vai ser analisado o investimento numa central de incineração de RSU para
proceder ao tratamento dos resíduos provenientes dos concelhos de Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra.
A central terá como localização o Ecoparque de Trajouce, dado que esta é a única instalação da
Tratolixo que tem terreno disponível para construção duma central de incineração de RSU, como é
possível visualizar na Figura 31.

Figura 31 - Esquema do Ecoparque de Trajouce (Tratolixo, 2014)

No âmbito deste projeto de investimento vão ser estudados dois cenários alternativos, sendo
eles:
 Cenário 1: O TM do Ecoparque de Trajouce continua em funcionamento por mais 20 anos e
com a capacidade atual (150 mil t/ano);
 Cenário 2: O TM do Ecoparque de Trajouce é desativado em 2016, devido à idade do
equipamento e ao desgaste. Nesta alternativa tomámos como exemplo o processo na Central
de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Valorsul, onde os resíduos são incinerados
sem qualquer tipo de tratamento prévio.

53
As Figuras 32 e 33 apresentam os diagramas onde é possível visualizar todos os fluxos de
materiais entre operações e tratamento de resíduos, internas ou externas, para o cenário 1 e 2,
respetivamente.
Nas Tabelas 24 e 25 estão contidas as fórmulas utilizadas para calcular cada um dos fluxos
apresentados nas Figuras 32 e 33 ao longo do tempo de vida do projeto. Na definição destes fluxos foi
necessário fazer algumas considerações sendo elas:

 No cenário 1 a central é a última opção de todas as operações de tratamento, destinando-se


aos refugos de outros processos de tratamento e ao excedente de RSU recebidos no TM (T);
 No cenário 2, uma vez que não se considera o TM (T), os resíduos são encaminhados para a
CDA que ao operar à capacidade de projeto (200 000 t RSU/ano) permite obter 75 000 t RSU
orgânico para alimentar os digestores;
 No cenário 2, a central de incineração destina-se novamente ao refugo produzido na CDA e ao
excedente de RSU.

Tabela 24 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no cenário 1 do projeto 2
Fluxo Material Fórmula Eq
RSU RSU indiferenciados Total de resíduos produzidos no sistema AMTRES .
RSU indiferenciados F12; RSU ≤ 150 000
F12
recebidos no TM (T) 150 000; RSU > 150 000
Material reciclável
F13 𝐹1 × 0,03 (10)
recuperado
F14 Excedente do TM (T) 𝑅𝑆𝑈 − 150000 (11)
F15 RSU pré crivado 93 750
F16 Refugo do TM (T) 150000 − 150000 × 0,03 − 93750 (12)
Material reciclável
F17 93750 × 0,01 (13)
recuperado no TM (A)
F18 RSU orgânico 75 000
F19 Refugo do TM (A) 93750 − 0,01 × 93750 − 75000 (14)
F20 Composto 0,0913 × 75000 (15)
F21 Energia elétrica – CDA 0,327 × 75000 (16)
F22 Refugo do Digestor 2 × 6848 (17)
F23 Energia elétrica – CI 𝐹14 × 0.498 + (𝐹16 + 𝐹19 + 𝐹22 ) × 0,423 (18)

Tabela 25 - Fórmulas utilizadas para determinar a quantidade de material que entra e sai de cada
operação de tratamento no cenário 2 do projeto 2
Fluxo Material Fórmula
RSU RSU indiferenciados Total de resíduos produzidos no sistema AMTRES
RSU indiferenciados F24; RSU ≤ 200 000
F24
recebidos na CDA 200 000; RSU > 200 000
Material reciclável
F25 200000 × 0,01 (19)
recuperado – TM (A)
F26 RSU orgânico 75 000
F27 Refugo do TM (A) 200000 − 200000 × 0,01 − 75000 (20)
F28 Composto 0,0913 × 75000 (21)
F29 Energia elétrica – CDA 0,327 × 75000 (22)
F30 Refugo do Digestor 2 × 6848 (23)
F31 Excedente da CDA 𝑅𝑆𝑈 − 200000 (24)
F32 Energia elétrica – CI (𝐹27 + 𝐹30 + 𝐹31 ) × 0,498 (25)

54
Figura 32 - Fluxos de materiais do cenário 1 do projeto 2

Figura 33 - Fluxos de materiais do cenário 2 do projeto 2

5.2. Metodologias Utilizadas


No presente trabalho vão ser realizadas análises de investimento e de emissões de gases de
efeito de estufa. Para além destas análises é necessário estimar alguns parâmetros sendo eles a
produção de RSU, relacionada com a evolução da população, o preço legalmente estipulado de venda
da eletricidade à rede, e a taxa de gestão de resíduos entre outros. Nesta secção vão ser apresentados
os métodos utilizados para estimar os valores futuros dos parâmetros necessários para realização das
análises de investimento.

5.2.1. Estimativa de produção de RSU indiferenciados

5.2.1.1. População

As projeções de populações diferem no que concerne à sua cobertura geográfica, horizonte


temporal, tipos de resultados e utilização. Relativamente às dimensões espaciais estas podem ir desde

55
pequenas áreas locais, tal como freguesias, até países. Contudo é importante referir que em todos os
métodos de projeção de população a incerteza cresce com o horizonte temporal.
Existem várias metodologias de projeções populacionais, sendo elas, componentes por
coortes, series temporais, microsimulação, modelos estruturais e projeção das componentes por
coortes multiestado (O’Neill et al., 2001).
Atualmente, em Portugal, as projeções de população realizadas pelo INE assentam sobre o
conceito de população residente e adotam o método das componentes por coortes (cohort-component
method).Neste método as populações iniciais são agrupadas por coortes, definidas pela idade e pelo
sexo, e continuamente atualizadas, de acordo com as três componentes de evolução definidas para
cada uma das componentes da modificação da população (fecundidade, mortalidade e migração).
Cada coorte sobrevive para o grupo de idades seguinte de acordo com as taxas de mortalidade por
idade assumidas (O’Neill et al., 2001).
Contudo, como mencionado anteriormente, existem vários métodos disponíveis para
determinar a população futura. Ao analisar o PERECMOS (2007) verifica-se que a projeção da
população foi realizada considerando as projeções do INE para os últimos anos, onde se adotou para
cada concelho a mesma variação na taxa de crescimento populacional que foi verificada de 2003 para
2004. Como tal no presente trabalho optou-se por utilizar o mesmo método.

5.2.1.2. Produção de resíduos sólidos urbanos

A evolução da produção de RSU é um dado bastante importante para o planeamento, operação


e otimização dos sistemas de gestão de resíduos. Esta informação torna possível o desenvolvimento
de opções estratégicas a nível de tratamento e eliminação de resíduos por parte das entidades
responsáveis pela gestão destes sistemas.
No presente trabalho é necessário fazer a previsão da produção de RSU para o tempo de vida
do projeto considerado em cada cenário. Deste modo é necessário definir a metodologia a utilizar para
a obtenção destes dados.
Tendo em consideração que o presente trabalho se vai focar nos RSU tratados pela Tratolixo,
esta entidade foi contactada com o objetivo de compreender como é feita a previsão de RSU por este
sistema de gestão. De acordo com a Engª. Cristiana Santos “anualmente procede-se à revisão da
estimativa de produção de resíduos para o ano corrente tendo por base as entradas reais de Janeiro
a Maio” onde “a metodologia utilizada assenta no pressuposto de que a variação mensal entre a
quantidade de resíduos produzidos segue um padrão muito semelhante de ano para ano. Desta forma,
utilizando, para cada mês, a média dos valores referentes ao seu peso (%) no global de cada um dos
dois últimos anos conhecidos, é possível extrapolar quantidades para os meses em falta” (ver anexo
9). Assim, verifica-se que a metodologia utilizada pela Tratolixo não será a mais adequada para a
projeção de RSU no presente trabalho uma vez que as previsões são elaboradas para o ano corrente
e não para os anos seguintes, como se pretende.
Segundo Beigl et al. (2008) foram analisados 45 modelos distintos para a previsão de RSU.
Este número tende a ser mais elevado devido às inúmeras possibilidades de construir um modelo que
permita a obtenção destes valores pois a produção de RSU é afetada por vários fatores como

56
necessidades, hábitos, preferências e cultura de cada habitante e região (Daskalopoulos et al., 1998).
Contudo foi possível a classificação dos vários modelos estudados consoante quatro critérios, escala
regional, tipo de fluxo de resíduos, tipo de variáveis independentes e método de modelação.
Relativamente à criação de modelos foram identificados sete métodos diferentes, sendo eles,
comparação de grupos, análise de correlação, análise de regressão múltipla, análise de regressão
linear simples, análise de input-output, análise de séries temporais e análise de sistemas dinâmicos
sendo o principal critério de seleção o tipo de fluxo de resíduos (Beigl et al., 2008). A Figura 34 mostra
um esquema desenvolvido por Beigl et al., (2008) que permite auxiliar na escolha da metodologia. Foi
com base neste esquema que foi escolhida a metodologia a utilizar para a previsão de RSU no presente
trabalho, sendo a regressão e correlação o método mais apropriado.

Figura 34 - Esquema de apoio à decisão do método de previsão de RSU (Adaptado de Beigl et al., 2008)

A metodologia a utilizar no presente trabalho para a previsão dos RSU para o sistema AMTRES
será a regressão múltipla, onde se considerou que a produção de RSU é dependente da capitação
média de RSU e da população.

5.2.2. Análise de projetos de investimento


O estudo de viabilidade de um projeto implica a análise financeira dos projetos em estudo,
considerando o cálculo do investimento a si associado, bem como a projeção dos cash flows que se
verificarão no decorrer do horizonte temporal considerado. Sendo assim, a determinação do cash flow
consiste na diferença entre fluxos de entrada (rendimentos) e os fluxos de saída (gastos) ocorridos, em
cada período (geralmente de um ano) da vida do investimento. Do ponto de vista da empresa, os cash
flows expressam-se pela soma do cash flows de investimento com os cash flows operacionais, gerados
em cada um dos períodos considerados (Soares, 1999 e Menezes, 2003):

𝐶𝐹𝑘 = 𝐼𝐶𝐹𝑘 + 𝑂𝐶𝐹𝑘 (26)

𝐼𝐶𝐹𝑘 = 𝐼𝐼𝑛𝑣 + 𝑉𝑅𝑘 𝑐𝑜𝑚 𝑉𝑅𝑘 = 𝑉𝑀𝑘 − (𝑉𝑀𝑘 − 𝑉𝐶𝑘 ) × 𝐼𝑅𝐶 (27)

𝑂𝐶𝐹𝑘 = 𝐸𝐵𝐼𝑇𝑘 × (1 − 𝐼𝑅𝐶) + 𝐶𝐷𝑘 = (𝑉𝑘 − 𝐶𝑉𝑘 − 𝐶𝐹𝑘 − 𝐶𝐷𝑘 − 𝐽𝑘 ) × (1 − 𝐼𝑅𝐶) + 𝐶𝐷𝑘 (28)

Onde ICFk é o cash flow de investimento no período k, OCFk o cash flow operacional no período
k, EBITk os Resultados Antes de Juros e Impostos no período k, IInv o investimento inicial, VRk o valor

57
residual no período k, VMk o valor de mercado no período k, VCk o valor contabilístico, IRC a taxa de
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), Jk os Juros, Vk o rendimentos, CVk o gastos
variáveis, CFk o gastos fixos, CDk o gastos de depreciação no período k e k o número do período.
O cálculo dos cash flows pode ser efetuado por intermédio de duas metodologias, a dos preços
constantes que assume que a inflação esperada é zero ou a dos preços correntes que considera o
efeito da inflação nos cash flows.
Para ser possível comparar e somar fluxos financeiros gerados em diferentes períodos tem de
se ter em consideração o valor temporal do dinheiro e para tal é necessário proceder à atualização dos
valores por intermédio de uma taxa de atualização (Soares, 1999) pelo que no presente trabalho a
metodologia utilizada é a dos preços correntes.
Existem vários critérios para avaliar um investimento que podem ser utilizados individualmente
ou em simultâneo, sendo os mais importantes:

 Valor Atual Líquido (VAL) – corresponde ao somatório atualizado dos cash flows gerados
durante o período de tempo correspondente à vida do projeto. É importante salientar que a taxa
de atualização é ajustada ao risco do projeto sendo a metodologia mais utilizada para o seu
cálculo o custo médio ponderado do capital ou Weighted Average Cost of Capital (WACC). Um
projeto isolado é rentável quando VAL > 0 (Soares, 1999). O VAL é expresso como:
𝑛
𝐶𝐹𝑘
𝑉𝐴𝐿 = ∑ (29)
(1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑘
𝑘=0

Com,
CFk – Cash flow das fases de investimento ou exploração no período k;
WACC – custo médio ponderado do capital (Weighted Average Cost of Capital);
k – número do período;

 Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) – corresponde à taxa de atualização para a qual o VAL
é nulo, ou seja, é a taxa máxima de desconto exigida pelo investidor para remunerar os capitais
investidos (ver equação (30)). Para determinação da TIR é necessário calcular iterativamente
valores sucessivos do VAL até este passar a positivo, uma vez que o projeto de investimento
apenas é aceite se a TIR foi superior ao custo de oportunidade do projeto (Menezes, 2003).
𝑛
𝐶𝐹𝑘
𝑉𝐴𝐿 = ∑ = 0, 𝑐𝑜𝑚 𝑇𝐼𝑅 = 𝑖 (30)
(1 + 𝑖)𝑘
𝑘=0

 Índice de Rentabilidade (IR) – indica qual o número de unidades de receitas líquidas (ou de
lucro) geradas por um projeto por cada unidade de capital investido (ver equação (31)). O
projeto é aceite se o valor de IR for igual ou superior a zero (Sousa, 2005).
𝑉𝐴𝐿
𝐼𝑅 = (31)
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

É importante referir que o sector dos serviços de gestão de resíduos urbanos é regulado e
supervisionado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, adiante designada por

58
ERSAR. Existe atualmente um documento, o Regulamento Tarifário dos Serviços de Gestão de
Resíduos Urbanos (RTR (2014a)), que abrange várias atividades relacionadas com a gestão de
resíduos, sendo uma delas o tratamento de resíduos resultantes de recolha indiferenciada.
Embora a aplicação efetiva do RTR (2014a), em toda a sua plenitude, esteja prevista para o
primeiro período regulatório, que terá início em 2016, optou-se por apresentar neste trabalho uma
descrição simplificada deste documento com cerca de 83 páginas.
Este regulamento, RTR (2014a), assenta na definição dos proveitos permitidos (sendo a receita
a restrição), onde a entidade gestora tem incentivos à redução dos gastos para maximizar o seu
rendimento dentro de cada período regulatório. Os proveitos definidos pela ERSAR, para cada período
regulatório, vão corresponder ao parâmetro vendas contido na Equação 28 e é calculado a partir da
seguinte expressão:

𝑃𝑃𝑘 = 𝐶𝐶𝑘 + 𝐶𝐸𝐴𝑘 + 𝑰𝒌 − 𝑨𝒌 − 𝑩𝒌 − 𝑅𝐴𝑘 − 𝑮𝒌 (32)

Onde PPk são os rendimentos permitidos no período k, CCk o custo de capital no período k,
CEAk os gastos operacionais adicionais no período k, Ik os incentivos no período k, Ak os ajustamentos
no período k, Bk os rendimentos de atividades complementares no período k, RAk os rendimentos
adicionais no período k e Gk os ganhos financeiros de juros bonificados no período k.
Uma vez, que este regulamento só irá entrar em vigor no próximo ano, confirmou-se junto da
ERSAR, que atualmente existe uma indefinição dos valores a atribuir a grande parte dos parâmetros,
que na Equação 32 foram diferenciados através da formatação em negrito.
A determinação dos proveitos permitidos será uma etapa bastante importante dado que o valor
da tarifa do serviço de gestão de resíduos urbanos é fixado pela ERSAR de acordo com a seguinte
expressão:

𝑃𝑃𝑘
𝑇𝑅𝑈𝑘 = (33)
𝑄𝑇𝑅𝑈,𝑘

Onde:
TRUk – valor da tarifa de gestão de resíduos para o período k, em euros por tonelada;
QTRU,k – Quantidade total de resíduos indiferenciados a receber das entidades gestoras,
estimada para o período k, em toneladas.

Os gastos e receitas adicionais correntes em cada período podem ser calculados utilizando as
seguintes expressões:

𝐶𝐸𝐴𝑘 = 𝐶𝐸𝑘 × (1 + 𝐼𝐻𝑃𝐶 − 𝑿)𝑘 (34)

𝑅𝐴𝑘 = 𝑅𝑘 × (1 + 𝐼𝐻𝑃𝐶 − 𝑿)𝑘 (35)

Onde,
CEk – gasto operacionais no período k;
IHPC - índice harmonizado de preços no consumidor;
X - fator de eficiência, que corresponde à meta definida pela ERSAR para cada entidade
gestora no início de cada período regulatório relativamente à eficiência de custos pretendida.

Relativamente ao custo de capital, este é definido da seguinte forma:

59
𝐶𝐶𝑘 = 𝐵𝐴𝑅𝑘 × 𝑇𝑅𝐴 + 𝐷𝐶𝑘 (36)

Relativamente à Base de Ativos Regulados (BAR) e à Taxa de Remuneração de Ativos (TRA),


estas são definidas pelas equações (37) e (38) respetivamente.
𝐴𝑅 𝐴𝐶
𝐵𝐴𝑅𝐴,𝑘 = 𝑉𝐶𝐴,𝑘 × 𝜶 + 𝑉𝐴𝑅𝐴,𝑘 × 𝜶 + 𝑉𝐶𝐴,𝑘 ×𝜶 (37)

𝑊𝐴𝐶𝐶
𝑇𝑅𝐴 = (38)
(1 − 𝐼𝑅𝐶)
AR
Onde A é a atividade principal, VCA, k o valor contabilístico do ativo regulado afeto à atividade
AC
principal A no período k, VCA, k o valor contabilístico do ativo regulado afeto à atividade complementar
A no período k, α o parâmetro de ajustamento do valor do ativo, à respetiva capacidade utilizada, com
0< α ≤1 refletindo as orientações estratégicas para o sector e para a entidade gestora no período
regulatório em causa, VARA, k o valor de aquisição do ativo regulado em fim de vida afeto à atividade A,
WACC o custo médio ponderado do capital (Weighted Average Cost of Capital) e IRC a taxa de Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).
Um dos objetivos do RTR (2014a) é o incentivo à realização de investimento, para o qual é
necessário garantir a racionalidade do mesmo (tipologia e montante). Para tal na fórmula do BAR
(equação 37) está incorporado o parâmetro alfa que é de aplicação específica a cada investimento. Ou
seja, a existência do parâmetro é justificado pela incidência de remuneração acionista sobre a base de
ativos regulados (BAR), a qual por sua vez é refletida nos proveitos permitidos e tarifas aplicadas aos
utilizadores. Assim, caso se verifique que determinado investimento não se encontre, por razões de
dimensionamento excessivo face às opções estratégicas nacionais ou por utilização para outras
atividades, completamente afeto às atividade concessionadas, a ERSAR poderá definir um alfa inferior
a 1, de forma a refletir na tarifa apenas o custo do equipamento realmente afeto ao serviço de gestão
de resíduos urbanos (ERSAR, 2015).
O valor contabilístico e o valor de aquisição do ativo são calculados por intermédio das
seguintes fórmulas:
𝑃𝑀𝐴
A, k =
VCAR (39)
𝑛
𝑉𝐴𝑅𝐴,𝑘 = 𝐼𝑛𝑣 − 𝑘 × 𝐶𝐷𝑘 (40)

Onde:
PM – preço de mercado do ativo afeto à atividade A;
N – nº de anos de vida do ativo após depreciações.

Como mencionado anteriormente para avaliar um projeto de investimento é necessário ajustar


a taxa de atualização ao risco associado ao mesmo, sendo o WACC a metodologia mais utilizada para
a sua determinação e é expressa da seguinte forma:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑟𝐸 × 𝐶𝐸 + 𝑟𝐷 × 𝐶𝐷 × (1 − 𝐼𝑅𝐶) (41)

Com,
rE – taxa de remuneração do capital próprio;

60
rD – taxa de remuneração dos capitais alheios;
CD – participação do financiamento por terceiros no total do financiamento;
CE – participação do capital próprio no total do financiamento;
IRC – taxa de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).

De acordo com Brealey et al (2011) a grande parte das empresas utiliza o CAPM (Capital Asset
Pricing Model) para calcular o custo de capital próprio, sendo:

𝑟𝐸 = 𝑟𝑓 + 𝛽(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓 ) (42)

Onde,
rf – taxa de juro livre de risco;
β – beta da empresa;
rm – rentabilidade esperada da carteira de mercado.

Contudo existem várias formas de calcular o custo de capital próprio. No presente trabalho a
metodologia utilizada é baseada na metodologia descrita no Regulamento Tarifário dos Serviços de
Gestão de Resíduos Urbanos (RTR (2014a)). No RTR (2014a) a taxa de remuneração do capital próprio
é definida da seguinte forma:
𝑟𝐸 = 𝑻𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝑱𝒖𝒓𝒐 𝒔𝒆𝒎 𝑹𝒊𝒔𝒄𝒐 + 𝑩𝒆𝒕𝒂 𝒅𝒐 𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝒍 𝑷𝒓ó𝒑𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒐 𝑺𝒆𝒄𝒕𝒐𝒓
(43)
× 𝑃𝑟é𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜

A taxa de juro sem risco corresponde à média dos valores anuais dos últimos 15 anos das
taxas de rentabilidade das Obrigações do Tesouro da República Portuguesa a 10 anos e o produto do
beta do capital próprio do sector pelo prémio de risco de mercado tem um limite máximo de 3% (RTR,
2014a).
Quanto à taxa de remuneração dos capitais alheios, esta é definida por:

𝑟𝐷 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐽𝑢𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 + 𝑆𝑝𝑟𝑒𝑎𝑑 (44)

A taxa de juro de referência para cada período regulatório corresponde à média dos valores
diários da Euribor a seis meses, verificada no penúltimo ano ao início do período regulatório, e o spread
para cada período regulatório é determinado tendo em conta as práticas de mercado e a análise da
informação sobre o custo de capital alheio de entidades portuguesas comparáveis. Contudo ao utilizar
os dados do Relatório e Contas de cada entidade é possível obter diretamente o custo da dívida por
intermédio da seguinte fórmula:

𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑟𝐷 = (45)
𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑂𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠

No que se refere aos gastos de depreciação do período, estes são calculados pelo método de
quotas constantes, apuradas nos termos dos anexos do Decreto-Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de
setembro.
O cálculo do cash flow operacional é realizado substituindo os proveitos permitidos no
parâmetro de vendas da equação original (equação 28):

61
𝑂𝐶𝐹𝑘 = 𝐸𝐵𝐼𝑇𝑘 × (1 − 𝐼𝑅𝐶) + 𝐶𝐷𝑘 = [(𝐶𝐶𝑘 + 𝐶𝐸𝐴𝑘 − 𝑅𝐴𝑘 ) − 𝐶𝐸𝑘 − 𝐶𝐷𝑘 ] × (1 − 𝐼𝑅𝐶) + 𝐶𝐷𝑘 (46)

Segundo n.º 1 do artigo 43.º do RTR (2014a), “o processo de definição dos proveitos permitidos
dos sistemas multimunicipais, nos termos previstos no RTR (2014a), inicia-se com a publicação pela
ERSAR de uma proposta de parâmetros regulatórios no dia 1 de janeiro do ano anterior àquele a que
respeita a definição de proveitos e tarifas, e termina, segundo o n.º 10 do artigo 43.º do RTR, com a
publicação por esta entidade, no dia 30 de setembro seguinte, dos proveitos permitidos e tarifas a
aplicar no ano seguinte tendo, portanto, uma duração de 9 meses”. No entanto, a Entidade Reguladora
dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) publicou em Diário da República, parte E, Deliberação n.º
1152/2015, em 19 de junho de 2015, o aditamento do artigo 95.º-A ao Regulamento Tarifário do serviço
de gestão de resíduos (RTR). Esta deliberação visa reajustar excecionalmente o calendário de todo o
ciclo regulatório de definição de tarifas para este primeiro ano previsto no RTR (2014a), através de uma
norma transitória, ainda que tal signifique que a tomada de decisão final sobre a proposta de parâmetros
regulatórios pela ERSAR venha a ocorrer já no decurso de 2016. No entanto, as tarifas a aplicar aos
utilizadores produzem efeitos a partir do primeiro dia do exercício económico a que respeitam,
independentemente da data da respetiva aprovação, a definição de tarifas que venha a ocorrer durante
2016 produzirá efeitos desde o início desse ano.
Em alternativa ao RTR (2014a) e na ausência de valores tabelados para o cálculo do VAL e IR
de forma mais realista optou-se por fazer uma comparação dos diferentes projetos e cenários com base
na análise dos cash flows para o ano 2020.

5.2.3. Análise das emissões de carbono


A metodologia usada é baseada nas linhas diretrizes do Guia para Inventariação Nacional de
Gases com Efeito de Estufa (GEE) do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC,
2006) e no estudo realizado por Wang e Geng (2015). Nestes documentos estão identificados os gases
emitidos por tipo de tratamento assim como as equações a utilizar para a sua quantificação. As
metodologias descritas nestes documentos são compostas por duas etapas, a primeira consiste na
recolha de dados sobre os fluxos de material que têm como destino o tratamento em causa e a segunda
etapa consiste em estimar as emissões de gases por intermédio de equações.
De seguida vamos descrever quais os gases emitidos por cada processo em análise neste
trabalho assim como as equações utilizadas para a sua quantificação.

Aterro sanitário

De acordo com Wang e Geng (2015) é possível quantificar as emissões de carbono dos aterros
sanitários por intermédio das seguintes equações:

16
𝐸𝐶𝐻4,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑀𝑆𝑊𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 × 𝐷𝑂𝐶 × 𝐷𝑂𝐶𝑓 × 𝜌1 × 𝛾 × (47)
12
44
𝐸𝐶𝑂2,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑀𝑆𝑊𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 × 𝐷𝑂𝐶 × 𝐷𝑂𝐶𝑓 × (1 − 𝜌1 × 𝛾) × (48)
12

62
𝐸𝐶𝑂2 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 25 × 𝐶1 + 𝐶2 (49)

Onde 𝐸𝐶𝐻4,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 são as emissões de CH4 em aterro sanitário em kg, 𝐸𝐶𝑂2,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 as emissões de
CO2 em aterro sanitário em kg, 𝐸𝐶𝑂2 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 o total de emissões de CO2 equivalente em aterro
sanitário em kg, MSW aterro a quantidade de RSU que vão para aterro sanitário em kg, DOC o teor de
carbono orgânico degradável, DOCf a decomposição atual do carbono orgânico degradável no
processo de aterro, ρ1 o fator de correção do metano para aterro sanitário, ϒ o teor de CH4 no volume
16 44
de gás de aterro, o rácio de massa molecular de CH4/C, o rácio massa molecular de CO2/C, 𝑃𝐴𝐺𝐶𝐻4
12 12

o potencial de aquecimento global para o CH4 (kg de CO2 equivalente/kg de CH4).

Digestão anaeróbia

Segundo IPCC (2006) os principais gases emitidos durante este processo são o CH 4 e o N2O
e como tal será importante a sua quantificação por intermédio das seguintes equações:

𝐸𝐶𝐻4,𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 = (𝑀𝑆𝑊𝑑𝑎 × 𝐸𝐹𝑑𝑎,𝐶𝐻4 ) − 𝑅 (50)

𝐸𝑁2𝑂 𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 = 𝑀𝑆𝑊𝑑𝑎 × 𝐸𝐹𝑑𝑎,𝑁2𝑂 (51)

𝐸𝐶𝑂2,𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 = 𝑃𝐴𝐺𝐶𝐻4 × 𝐸𝐶𝐻4,𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 + 𝑃𝐴𝐺𝑁2𝑂 × 𝐸𝑁2𝑂 𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 (52)

Onde:
𝐸𝐶𝐻4,𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 – Total de emissões de CH4 em kg;
𝐸𝑁2𝑂 𝑑𝑖𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑛𝑎𝑒𝑟ó𝑏𝑖𝑎 – Total de emissões de N2O em kg;
MSW da – Quantidade de RSU tratado por digestão anaeróbia em t;
EFda,CH4 – Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg CH4/t resíduos tratados;
EFda,N2O – Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg N2O/t resíduos tratados;
R – total de CH4 recuperado em t CH4;
𝑃𝐴𝐺𝐶𝐻4 - Potencial de aquecimento global para o CH4 (kg de CO2 equivalente/kg de CH4);
𝑃𝐴𝐺𝑁2𝑂 - Potencial de aquecimento global para o N2O (kg de CO2 equivalente/kg de N2O).

Incineração

Durante a incineração de resíduos são emitidos diversos gases, CO2, CH4, N2O sendo o CO2
o mais relevante. Como tal este será o gás sujeito a quantificar por intermédio da seguinte fórmula:

44
𝐶5 = 𝑀𝑆𝑊𝑖𝑛𝑐 × 𝜑 × 𝜔 × (53)
12

Onde,
C5 - Emissões de CO2 por incineração em kg;
MSW inc – Quantidade de RSU que vão para incineração em kg;
φ – Teor de carbono combustível;
ω – Fator de oxidação.

63
5.3. Aplicação e Resultados

5.3.1. Estimativa da produção de RSU indiferenciados


Como referido anteriormente para determinar a produção de RSU indiferenciados foi também
necessário estimar a população nos concelhos abrangidos pela Tratolixo. Como tal nesta secção estão
apresentados os resultados obtidos para a população e produção de RSU indiferenciados.

5.3.1.1. População

Para a projeção da população optou-se por utilizar a taxa média de crescimento populacional
verificada de 2012 para 2013 nos concelhos abrangidos pela Tratolixo (-0,06%, 0,142%, -0,0038% e
1,28% para Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra, respetivamente). A projeção foi elaborada para um
horizonte temporal de 20 (tempo de vida útil dos projetos a estudar). No anexo 10 estão contidos os
valores futuros da população obtidos para cada concelho e o seu total.

5.3.1.2. Produção de resíduos sólidos urbanos

Para a projeção da produção de RSU foi utilizada a regressão múltipla, onde se considerou que
a produção de RSU é dependente da capitação média de RSU e da população.
Inicialmente foram desenvolvidas equações que permitem obter produção de RSU a partir da
população e da capitação de RSU para cada município por intermédio da ferramenta de análise
regressão do software Microsoft Excel 2013. Estas foram desenvolvidas através dos registos de
população e capitação de RSU presentes nos sites do INE (2015) e Tratolixo (2015), respetivamente
(ver anexo 11). Em seguida são mencionadas as Equações 54, 55, 56 e 57 obtidas para os municípios
de Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra respetivamente.

𝑅𝑆𝑈𝑂𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 (𝑡) = −72526,2 + 0,409𝑃(𝑡) + 178374,9𝐶(𝑡), 𝜎 = 109,9 (54)

𝑅𝑆𝑈𝐶𝑎𝑠𝑐𝑎𝑖𝑠 (𝑡) = −144971,2 + 0,633𝑃(𝑡) + 240830,8𝐶(𝑡), 𝜎 = 1465,9 (55)


𝑅𝑆𝑈𝑆𝑖𝑛𝑡𝑟𝑎 (𝑡) = −155075,5 + 0,404𝑃(𝑡) + 385191,6𝐶(𝑡), 𝜎 = 367,9 (56)
𝑅𝑆𝑈𝑀𝑎𝑓𝑟𝑎 (𝑡) = −46694,9 + 0,538𝑃(𝑡) + 90867,3𝐶(𝑡), 𝜎 = 473,9 (57)

Onde,
RSUx (t) – Total de resíduos indiferenciados produzidos no ano t nos concelhos de Oeiras,
Cascais, Sintra e Mafra;
P(t) – População no ano t em habitantes;
C(t) – Capitação no ano t em t/hab.ano.

Para dar seguimento à criação do cenário da evolução dos RSU entre 2015 e 2040 foi
necessário ajustar o modelo, em todas as equações o coeficiente de correlação obtido é 0,99 que indica
que a correlação é muito forte. Através da Figura 35 é possível comparar os valores reais com os
obtidos através das equações desenvolvidas, onde se verifica que os resultados são semelhantes.
Para estimar a produção de RSU indiferenciados é também necessário determinar a capitação
de RSU indiferenciados. Tendo em consideração que este parâmetro depende de várias variáveis

64
optou-se por utilizar a capitação média entre 2011 e 2013. Contudo como no presente trabalho a
população futura foi determinada com base nas taxas de crescimento populacional de cada concelho,
assumindo um comportamento linear, e como se optou por considerar a capitação de RSU
indiferenciados constante, a produção de RSU indiferenciados irá também ter um comportamento
linear. Na Figura 36 é possível ver a evolução de RSU provenientes da recolha indiferenciada até 2035,
assim como no anexo 11.

Oeiras Sintra
66000 150000

RSU recolha indiferenciada (ton)


RSU recolha indiferenciada (ton)

64000 145000
140000
62000
135000
60000
130000
58000 125000
56000 120000
54000 115000
2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015
Ano Ano
Reais Estimados Reais Estimados

Cascais Mafra
100000 33000
RSU recolha indiferenciada (ton)

RSU recolha indiferenciada (ton)

95000 32000

90000 31000

85000 30000

80000 29000
2000 2005 2010 2015 2000 2005 2010 2015
Ano Ano
Reais Estimados Reais Estimados

Figura 35 - Valores reais e obtidos através das equações desenvolvidas para os concelhos de Oeiras,
Cascais, Sintra e Mafra

340.000 50.000
RSU recolha seletiva (t)
RSU recolha indiferenciada (t)

330.000 40.000
320.000
30.000
310.000
20.000
300.000
290.000 10.000

280.000 0
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040
Ano

RSU recolha indiferenciada RSU recolha indiferenciada estimados RSU recolha seletiva

Figura 36 - Evolução da produção de RSU indiferenciados no sistema AMTRES

65
5.3.2. Estimativa do Investimento e Custos Operacionais
Nos casos em que não foi possível obter os custos de investimento e operacionais, optou-se
por estimar os mesmos por intermédio das funções desenvolvidas por Tsilemou & Panagiotakkopoulos
citados em ERSAR (2010) que constam nas Figuras 5, 6 e 7. Contudo os custos obtidos por estas
funções são a preços de 2003 e uma vez que o investimento vai ser realizado em 2015 é necessário
fazer a atualização destes valores. Para tal utilizou-se o índice generalista Chemical Engineering Plant
Cost Index (CEPCI), onde a atualização dos custos é realizada através da fórmula 58 (Sadhukhan et
al, 2014).

𝐼𝑝𝑟
𝐶𝑝𝑟 = 𝐶𝑜 × (58)
𝐼𝑜
Onde o Cpr é o custo no presente, C0 o custo original, Ipr o valor do índice no presente e I0 o
valor do índice original.
O CEPCI é apenas referente aos custos de investimento pelo que no presente trabalho admitiu-
se que a atualização dos custos operacionais irá ser realizada da mesma forma e com os mesmos
índices.
Na Tabela 26 estão contidos os valores utilizados para a determinação dos custos e sua
atualização ao ano de 2013 (dados mais recentes obtidos).

Tabela 26 – Custos de investimento e de operação atualizados


Central de Incineração
Capacidade Custos Custo original Valor do índice Valor do índice no Custo no
(103 t/ano) (2003) original (2003) presente (2013) presente (2013)
350 Investimento 118 Milhões € 402 567,3 167 Milhões €
Operacionais 19 €/t 402 567,3 27 €/t
Aterro Sanitário
Capacidade Custos Custo original Valor do índice Valor do índice no Custo no
(103 t) (2015) original (2003) presente (2013) presente (2013)
4 000 Investimento 20 Milhões € - - -
Operacionais 3,9 €/t 402 567,3 5,5 5/t

Contudo por intermédio da literatura e de reuniões com entidades de gestão de resíduos foi
possível obter os custos operacionais e de investimento relativos à CDA (PERECMOS, 2007), os custos
operacionais do TM de Trajouce (facultados pela Eng.ª Maria João Alves. da Tratolixo) e os custos de
eliminação de escórias e cinzas (The World Bank, 1999). Assim na Tabela 27 estão todos os custos
operacionais utilizados na análise de investimento. É importante referir que estes custos vão ser
constantes ao longo do horizonte temporal dos projetos, razão pelas quais foi necessário adaptar os
valores ao ano em estudo, tendo em conta o efeito da inflação.

Tabela 27 - Custos operacionais e de investimento utilizados na análise de investimento


Custo operacional (€/t) Custo de Investimento (M €)
Tratamento Mecânico - Trajouce 10 15
Central de Digestão Anaeróbia 48,2 47
Aterro Sanitário 5,5 20
Central de incineração 27 167
Custo eliminação de cinzas e escórias 5

66
5.3.3. Estimativa de custos adicionais
Para além dos custos operacionais determinados anteriormente no subcapítulo 5.3.2 existem
outros custos operacionais que é necessário ter em consideração na análise de investimento. Estes
custos não são resultado direto do tratamento utilizado mas sim estão relacionados com operações
resultantes dos mesmos, como é o caso da TGR, do custo de transporte para outras entidades de
gestão e da tarifa a pagar pelos serviços solicitados. Em seguida vão ser definidos todos estes custos.
No que respeita à TGR e como mencionado anteriormente esta varia consoante o tratamento
aplicado aos resíduos e de acordo com a Lei n.º 82-D/2014 o valor da TGR vai ser objeto de um
aumento gradual (1,1 €/t.ano) e assumido em 2020 o valor de 11 €/t (Lei n.º 82-D/2014).
Para a projeção da taxa de gestão de resíduos optou-se por utilizar o mesmo aumento gradual
estabelecido até 2020 (1,1 €/t por ano) até ao ano de 2035, sendo a TGR obtida para este ano de 27,5
€/t, valor que continua muito inferior à média europeia para a TGR praticada no ano de 2015 (80 €/t)
(CEWEP, 2015). Na Tabela 28 estão contidos os valores obtidos para a TGR, assim como a TGR para
resíduos submetidos a valorização energética.

Tabela 28 - Valores de TGR utilizados nos projetos em estudo


2015 2016 2017 2020 2033 2034 2035
Aterro (€/t) 5,5 6,6 7,7 11 25,3 26,4 27,5
Valorização energética incineração (€/t) 1,375 1,65 1,925 2,75 6,325 6,6 6,875

Os custos de transporte entre instalações da Tratolixo ou entre a Tratolixo e os destinos


externos foram determinados como um custo por tonelada onde também foi necessário estimar o preço
do gasóleo para o tempo de investimento. Como o preço do gasóleo é bastante variável optou-se por
determinar os valores para o horizonte temporal considerado nos projetos em estudo, por intermédio
da taxa média de crescimento verificada entre os anos de 2009 e 2015, utilizando a seguinte expressão:
1
Vfinal i
Taxa média de crescimento = [( ) ]−1 (59)
Viniciall

Onde,
Vf – valor final;
Vi – valor inicial;
i – número de anos.

Para a determinação do preço do gasóleo foi utilizada a taxa média de crescimento nominal
entre o ano de 2009 e 2015 que corresponde ao valor de 2,995%. Os preços de gasóleo estimados e
utilizados para calcular o custo de transporte estão contidos no anexo 13, assim como os valores que
originaram a linha de tendência.
Os custos de transporte por tonelada estão diretamente relacionados com as distâncias
percorridas (ida e volta), sendo definidos por:

Cton RSU = Cmédio × dpercorrida (60)

67
O custo de transporte médio de cada tonelada de resíduos por km percorrido (C méd) está
relacionado com o preço do gasóleo por litro, com o consumo de gasóleo de transporte e com a
capacidade do camião, por km, ou seja:

𝑃𝑔𝑎𝑠ó𝑙𝑒𝑜 × 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝑐𝑎𝑚𝑖ã𝑜
𝐶𝑚é𝑑 = (61)
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑐𝑎𝑚𝑖ã𝑜

De acordo com Engª Cristiana Santos da Tratolixo a capacidade das galeras é de 90 m3,
levando um máximo de 24 t de resíduos/carga (limite legal para transporte de resíduos) e o consumo
médio são 50 l/100km.
Para determinar o custo de transporte por tonelada de resíduos foi necessário determinar a
distância entre a Tratolixo e os destinos externos e para tal foi utilizado o Google Maps. No anexo 13
estão contidos os dados utilizados para o cálculo do custo de transporte e no anexo 17 os valores
utilizados na análise de investimento.
Visto que o custo de gasóleo nos projetos em estudo varia anualmente, o custo de transporte
também irá variar.
As tarifas a praticar no futuro por cada sistema de gestão vão estar dependentes do RTR
(2014). Neste momento, devido à ausência de parâmetros publicados e à complexidade associada à
sua determinação, optou-se por utilizar na análise de investimento os valores praticados em 2015 (ver
Tabela 29) e considerá-los constantes ao longo do horizonte temporal dos projetos em estudo.

Tabela 29 - Tarifas praticadas por sistema de gestão em 2015


Sistema de Gestão Destino RSU Valor (€/t) Fonte
Tratolixo TM 58,58 Engª. Cristiana Santos (Tratolixo)
Valorsul Incineração 19,44 Valorsul (2015)
CITRI Aterro 41,23 Assumido
Ribtejo Aterro 41,23 Engª. Filipa Sobral (Ribtejo) (ver anexo 14)
Resitejo Aterro 41,23 Assumido

Os valores estimados de TGR, custo de transporte e de tarifas praticadas pelos sistemas de


gestão, para os anos de investimento estão contidos no anexo 17 e já têm incorporado o efeito da
inflação (com IHPC igual a 0,0155).

5.3.4. Estimativa das receitas


Nas alternativas analisadas existem produtos que podem ser comercializados, sendo eles o
composto, os materiais recicláveis recuperados e a energia elétrica. Como tal em seguida vão ser
estimados os preços de venda destes materiais.
A remuneração pelo fornecimento da eletricidade entregue à rede é determinada com base
numa fórmula específica estipulada no decreto-lei nº225/2007 que por sua vez é constituída por vários
componentes. Como tal optou-se por determinar os valores para o horizonte temporal considerado nos
cenários por intermédio da taxa de crescimento nominal verificada entre os anos de 2012 e 2013
(período em que se verificou uma tendência de estabilização).

68
É importante referir que a remuneração pelo fornecimento de eletricidade varia consoante a
matéria-prima que a origina. No presente trabalho a eletricidade fornecida à rede pela CDA é diferente
da produzida na central de incineração, pois no primeiro caso esta é produzida pela queima do biogás
e no segundo é produzida pela queima de RSU indiferenciados.
Recorrendo aos registos da ERSAR dos últimos anos (ver Figura 37) e utilizando a taxa de
crescimento nominal verificada entre os anos de 2012 e 2013, determinou-se o preço de venda da
eletricidade à rede. Em ambos os casos foi verificado uma taxa de crescimento nominal de 0,7% entre
2012 e 2013. No anexo 12 estão contidos os valores obtidos para a remuneração pelo fornecimento de
eletricidade.

120 106,2 105,7 109 107,2 110,5 111,5 112,3


110
da electricidade (€/MWh)

94,5 94,9
100
Remuneração pelo

85,8 86,4
90 80,9 80,3 80,8 84
fornecimento

74,7 76,9 78,2


80 70,9 72,7
65,7 68,5
70
55,7 52,5 69,5
60
45
50 53,2 55
40
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015
Ano
Valores reais - RSU Valores reais - Biogás
Figura 37 - Evolução do custo médio anual da eletricidade proveniente de RSU e de biogás em Portugal
(ERSAR, 2014)

No que respeita ao preço de venda de material reciclável, este é definido todos os anos pela
Sociedade Ponto Verde. Pela Tabela 30 é possível verificar que estes se mantiveram constantes ao
longo dos últimos anos. Por conseguinte, optou-se por considerar os valores contantes ao longo do
horizonte temporal.

Tabela 30 – Valores médios Ponto Verde válidos para os anos entre 2012 e 2015 (Ponto Verde, 2015)
2012 2013 2014 2015
Venda cartão (€/t) 75,90 75,90 75,90 75,90
Venda vidro (€/t) 16,10 16,10 16,10 16,10
Venda plástico (€/t) 200,80 200,80 200,80 200,80
Venda alumínio (€/t) 144,70 144,70 144,70 144,70

Relativamente ao preço do composto este foi determinado tendo como base o Relatório e
Contas de 2014 da Tratolixo. O valor obtido para o ano de 2014 foi de 2,26 €/t e optou-se por considerar
este valor constante ao longo do estudo.
Os valores de venda de eletricidade e venda de materiais recicláveis estimados para os anos
de investimento nesta secção estão contidos no anexo 17 e já têm incorporado o efeito da inflação
(com IHPC igual a 0,0155).

69
5.3.5. Análise dos Projetos de Investimento
Como mencionado anteriormente, em 2014 foi aprovado o RTR (2014), que está previsto
entrar em vigor em 2016, e que segundo informação do Dr. Luís Pereira, da ERSAR existem muitos
parâmetros cujos valores ainda estão a ser definidos (ver anexo 15). Assim, este estudo só pode ser
realizado de forma muito aproximada e conservadora, ou seja, não considerando os parâmetros que
até à data se desconhecem, como é o caso do valor dos incentivos, ajustamentos, ganhos financeiros
de juros bonificados, parâmetros de ajustamento, fatores de eficiência, entre outros. Neste sentido, não
sendo possível tirar conclusões realistas por utilização deste método, optou-se por remeter para o
anexo 18, a título explicativo, os resultados desta aplicação muito aproximada.
Por consequência, foi realizada, em alternativa, uma análise de investimento simplificada onde
o foco é nos custos adicionais, nos custos evitados e nas receitas adicionais que cada projeto irá
produzir comparativamente à situação atual. Para tal foi definido 2020 como ano de análise e foram
calculados todos os custos e todas as receitas relativas a cada projeto/cenário tendo como referência
os custos operacionais, as tarifas, entre outros parâmetros, verificados no ano de 2015 e atualizados
ao ano de 2020.
No primeiro investimento vamos analisar a requalificação do Tratamento Mecânico no
Ecoparque de Trajouce, cujo investimento será de 15 milhões de €. Relativamente aos cenários a
diferença centra-se nos destinos finais escolhidos para o refugo e excedente. No cenário 2 vamos
admitir que o Ecoparque da Abrunheira possui máquinas de compactação que, por passagens
sucessivas sobre os resíduos e por efeito de compressão, reduzem o seu volume, aumentando a
densidade para valores da ordem de 0,6 a 0,9 t/m 3. Assim vamos considerar que a densidade dos
resíduos após a compressão será de 0,6 m 3, ao utilizar este valor o aterro sanitário terá uma capacidade
para 4 milhões de toneladas de refugo. Contudo, calcula-se que esta capacidade não será suficiente
para receber todo o refugo produzido ao longo do tempo do investimento, sendo que nos últimos dois
anos o refugo irá ser encaminhado para a Valorsul.
No segundo projeto de investimento vamos analisar a construção de uma nova central de
incineração no Ecoparque de Trajouce, cujo investimento será de 167 milhões de €, onde no cenário1
vamos considerar que a nova central é um complemento às operações já existentes (TM e CDA) e no
cenário 2 a nova central vai substituir o TM no Ecoparque de Trajouce.
Em ambos os cenários procedeu-se ao cálculo da receita obtida pela venda de materiais
recicláveis. Para tal foi necessário determinar as frações de papel e cartão, plástico e alumínio
recuperadas nos Tratamentos Mecânicos de Trajouce e da Abrunheira recorrendo à informação relativa
aos recicláveis recuperados em 2013 disponível em Tratolixo (2015). Assim considerou-se que o
plástico correspondia a 43% dos materiais recuperados, o papel e cartão a 30% e os metais a 27% e
que estas frações se mantêm constantes ao longo do tempo de vida do projeto.
Nesta análise foram considerados os custos mais relevantes na análise do investimento, os
custos operacionais de cada operação de tratamento, os custos de transporte entre instalações da
Tratolixo e destinos externos, a TGR e as tarifas a pagar (ver Tabela 31). Relativamente às receitas
estas são obtidas pela tarifa praticada pela Tratolixo e pela venda de materiais recicláveis recuperados,
composto e energia produzida. Nesta análise todos os custos e receitas foram atualizados ao ano de

70
2020 utilizando um ICHP de 1,55 %, resultado da média dos valores históricos entre 2005 e 2015 (INE,
2015).
Para realizar ambas as análises foi necessário estimar e definir outros parâmetros relativos a
cada investimento como o preço de mercado do equipamento, de modo a calcular o valor contabilístico,
o valor da depreciação, taxas de IRC e derrama municipal, o índice harmonizado de preços no
consumidor (IHPC). Na Tabela 32 estão apresentados os valores dos parâmetros utilizados em cada
análise de investimento, que são complemento aos parâmetros assumidos anteriormente.
Como vamos analisar um sistema composto por TM (Ecoparque de Trajouce) ou central de
incineração (Ecoparque de Trajouce) e CDA (Ecoparque da Abrunheira) foi necessário também entrar
com os custos de depreciação e o valor contabilístico da CDA e do aterro sanitário, ambos no
Ecoparque da Abrunheira.
O tempo de depreciação e a depreciação foram admitidos tendo como base os valores
presentes nos anexos do Decreto-Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro. Considerou-se
também que o preço de mercado de cada investimento corresponde a 30% do valor do investimento.
Relacionando os parâmetros definidos nas Tabelas 31 e 32 com as quantidades de RSU
encaminhados para cada destino (interno ou externo) (ver anexo 16) foi possível determinar os custos
operacionais e as receitas para a situação atual e para os projetos em estudo.

Tabela 31 - Valores relativos aos custos e receitas em 2020


Valor Valor
Custos operacionais TGR
Tratamento Mecânico – Trajouce (€/t) 10,80 Deposição em aterro (€/t) 11
Central de Digestão Anaeróbia – Abrunheira (€/t) 52,07 Valorização energética (€/t) 2,75
Central de incineração – Trajouce (€/t) 29,16 Tarifas de serviço
Aterro Sanitário – Abrunheira (€/t) 5,94 Tarifa Valorsul (€/t) 20,99
Custo de Transporte Tarifa CITRI (€/t) 44,53
Trajouce - Valorsul (€/t) 2,32 Tarifa Ribtejo (€/t) 44,53
Trajouce - CITRI (€/t) 3,97 Tarifa Resitejo (€/t) 44,53
Trajouce - Ribtejo (€/t) 10,12 Receitas Valor
Trajouce - Resitejo (€/t) 10,06 Venda eletricidade – queima de biogás (€/MWh) 117,92
Trajouce - Ecoparque Abrunheira (€/t) 1,88 Venda de eletricidade – queima de RSU (€/MWh) 93,94
Abrunheira - Valorsul (€/t) 2,14 Venda de composto (€/t) 2,44
Abrunheira - CITRI (€/t) 4,58 Venda material reciclável – plástico (€/t) 216,85
Abrunheira - Ribtejo (€/t) 9,88 Venda material reciclável – papel (€/t) 81,97
Abrunheira - Resitejo (€/t) 9,56 Venda material reciclável – alumínio (€/t) 156,27
Tarifa Tratolixo (€/t) 63,26

Para o cálculo dos juros do empréstimo, em ambos os projetos é considerada uma taxa de juro
de 9,5%, determinada com base nos Relatórios e Contas da Tratolixo que ao ser multiplicada pelo
capital alheio permite obter os juros do empréstimo. Relativamente ao capital alheio este foi calculado
pelo produto entre o investimento necessário e a participação do financiamento por terceiros no total
do financiamento, que com base nos Relatórios e Contas da Tratolixo corresponde a 92%. No anexo
19 estão contidos os valores utilizados para determinar os encargos financeiros para o ano de 2020.
Na Tabela 33 são apresentados valores utilizados para a análise de investimento simplificada.
Os valores a vermelho são custos adicionais, os valores a azul os custos evitados, os valores a verde
são as receitas adicionais e os valores a preto são os que se mantêm iguais à situação atual.

71
Tabela 32 - Parâmetros utilizados na análise do investimento para o projeto P1 e cenários C1, C2, C3) e
para o projeto P2
P1 P2 P1 P2
C1 C2 C3 - C1 C2 C3
Tratamento Mecânico Central de Incineração
Investimento (M €) 15 Investimento (M €) 167
Anos de depreciação 8 Anos de depreciação 12
Depreciação (M €) 1,875 Depreciação (M €) 13,916667
Preço de mercado (M €) 4,5 4,5 Preço de mercado (M €) 50,1
N 12 20 N 8
Central de Digestão Anaeróbia Outros parâmetros
Investimento (M €) 47 IHPC 0,0155
Anos de depreciação 8 Taxa de IRC 0,225
Depreciação (M €) 5,875 Taxa de juro 0,095
Preço de mercado (M €) 14,1 WACC 0,054 *
N 17 Alfa 1**
Aterro Sanitário
Investimento (M €) 20
Anos de depreciação 8
Depreciação (M €) 2,5
Preço de mercado (M €) 6 * Ver anexo 18
N 10 ** Ver anexo 15

Tabela 33 – Valores utilizados para determinar os custos evitados, adicionais e receitas adicionais, ano
base de 2020, valores em milhares de Euros
Projeto 1 Projeto 2
Equipamentos
C1 C2 C3 C1 C2
atuais
Receitas:
Tarifa praticada pela Tratolixo 19 302 19 302 19 302 19 302 19 302 19 302
Venda de materiais recicláveis 870 4 951 4 951 4 951 870 320
Venda de eletricidade produzida na CDA 2 892 2 892 2 892 2 892 2 892 2 892
Venda de eletricidade produzida na central
0 0 0 0 8 248 11 313
de incineração
Venda de composto 17 17 17 17 17 17
Custos:
Custos operacionais TM 1 620 3 240 3 240 3 240 1 620 0
Custos operacionais CDA 4 882 4 882 4 882 4 882 4 882 10 415
Custos operacionais Central de Incineração 0 0 0 0 6 950 7 051
Custos operacionais Aterro sanitário 0 0 1 264 0 0 0
Custos de transporte Trajouce para
348 303 0 422 0 0
Valorsul
Custos de transporte Trajouce para CITRI 91 79 0 0 0 0
Custos de transporte Trajouce para Ribtejo 1 897 165 0 0 0 0
Custos de transporte Trajouce para
105 91 0 0 0 0
Resitejo
Custo de transporte Trajouce para
177 177 518 177 177 257
Abrunheira
Custo de transporte Abrunheira para
58 59 0 67 0 0
Valorsul
Custo de transporte Abrunheira para CITRI 19 19 0 0 0 0
Custo de transporte Abrunheira para
333 34 0 0 0 0
Resitejo
Custo de transporte Abrunheira para
18 18 0 0 0 0
Ribtejo
Compra de serviço – aterro 11 602 2 444 0 0 0 0
Compra de serviço - valorização energética
3 713 3 316 0 4 469 0 0
(incineração)
TGR – aterro 2 866 604 2 342 0 0 0
TGR - valorizaçao energética (incineração) 486 434 0 585 656 665
Depreciações 0 1 875 1 875 1 875 13 917 13 917
Juros (Encargos Financeiros) 0 879 879 879 9 791 9 791
Custos totais 15 153 17 741 14 121 15 717 28 201 32 305
Receitas totais 23 081 27 162 27 162 27 162 31 329 33 844
EBIT 7 928 9 421 13 041 11 445 3 128 1 539
EBT 7 928 8 541 12 162 10 566 -6 663 -8 252
Resultado Liquido 6 144 6 620 9 425 8 188 -5 164 -6 395
Cash Flow 6 144 8 495 11 300 10 063 8 753 7 521

72
Na Tabela 34 estão apresentados os resultados obtidos da análise simplificada dos
investimentos em estudo. Para além dos custos e receitas foi também calculado o benefício. Este
consiste na diferença entre o resultado bruto de cada alternativa em análise e a situação atual.

Tabela 34 - Resultados obtidos da análise de investimento simplificada para o ano base de 2020 em
milhares de €
Projeto 1 Projeto 2
Equipamentos
C1 C2 C3 C1 C2
atuais
Custos totais 15 153 17 741 14 121 15 717 28 201 32 305
Receitas totais 23 081 27 162 27 162 27 162 31 329 33 844
EBIT 7 928 9 421 13 041 11 445 3 128 1 539
EBT 7 928 8 541 12 162 10 566 -6 663 -8 252
Resultado Liquido 6 144 6 620 9 425 8 188 -5 164 -6 395
Cash Flow 6 144 8 495 11 300 10 063 8 753 7 521
Custos adicionais 2 588 563 13 048 17 151
Custos evitados 1 033
Receitas adicionais 0 4 081 4 081 4 081 8 248 10 763
Beneficio 0 1 493 5 113 3 517 -4 800 -6 389

Por esta análise simplificada é possível concluir que a nível de custos evitados a melhor
alternativa é o cenário 2 do projeto 1 onde os custos evitados são na ordem dos 1,03 milhões de €,
esta redução deve-se essencialmente ao facto de se deixar de encaminhar resíduos para destino
externo, não havendo assim compra de serviços (ver Figura 38). No que diz respeito às receitas
adicionais o projeto 2 é aquele em que se obteve um maior valor, sendo o cenário 2 a melhor alternativa,
com receitas adicionais na ordem dos 10,7 milhões de €, estas receitas são provenientes da venda de
eletricidade produzida na central de incineração (ver Figura 39).

Custos operacionais TM
16.000
Custos operacionais CDA

12.000 Custos operacionais Central de


Milhares de €

Incineração
Custos operacionais Aterro
8.000 sanitário
Custo transporte

4.000 Compra serviço

TGR
0
Existente P1/C1 P1/C2 P1/C3 P2/C1 P2/C2 Depreciações

Figura 38 - Custos de cada projeto/cenário em estudo

No que respeita aos benefícios que cada alternativa traz em relação à situação atual,
verificamos que é nos cenários do projeto 1 que se obtêm os maiores benefícios, estando
compreendidos entre 1,49 e 5,1 milhões de € (ver Figura 40). Relativamente ao cash flows estes são
mais elevados no projeto 1, com valores de 8,49, 11,3 e 10,06 Milhões de € nos cenários 1, 2 e 3
respetivamente.

73
20.000 Tarifa praticada pela
Tratolixo
15.000
Milhares de €
Venda de materiais
recicláveis
10.000
Venda de electricidade
produzida na CDA
5.000
Venda de eletricidade
0 produzida na central de
Existente P1/C1 P1/C2 P1/C3 P2/C1 P2/C2 incineração

Figura 39 - Receitas de cada projeto/cenário em estudo

Ao centralizar o nosso estudo no cenário 2 do projeto 1, alternativa que obteve um maior


benefício em relação à situação atual, verifica-se que 71,1 % das receitas totais são provenientes das
tarifas pagas pelos municípios, seguida da venda de materiais recicláveis e da venda de eletricidade,
com 18,2 e 10,6% respetivamente (ver Figura 41).

15.000
11.300
10.063
10.000 8.495 8.753
7.521
6.144
5.113
Milhares de €

5.000 3.517
1.493
0
0
C1 C2 C3 C1 C2
-5.000 Situação atual Projeto 1 Projeto 2
-4.800
-6.389
-10.000

Cash Flow Beneficio

Figura 40 - Benefícios e Cash Flow obtidos para cada alternativa

0,0% 0,1% Tarifa praticada pela Tratolixo

10,6%
Venda de materiais recicláveis

18,2%
Venda de electricidade
produzida na CDA
71,1%
Venda de eletricidade produzida
na central de incineração
Venda de composto

Figura 41 - Receitas do cenário 2 do projeto 1

Relativamente aos custos operacionais verifica-se que se devem maioritariamente aos custos
operacionais da CDA e do TM, representando 34,6 e 22,9% respetivamente. Outras parcelas relevantes
são a dos custos relacionados com a TGR, devido à elevada quantidade de resíduos encaminhada
para aterro sanitário, e os custos operacionais do aterro sanitário, que equivalem a 16,6% e 9% dos
custos operacionais totais, respetivamente (ver Figura 42).

74
No cenário 2 do projeto 1 a totalidade do refugo resultante dos processos de tratamento na
Tratolixo são encaminhados para aterro sanitário no Ecoparque da Abrunheira, não havendo
necessidade de os encaminhar para destino externo. Contudo foram também estudadas alternativas
em que este fluxo de resíduos é encaminhado também dentro da Tratolixo mas para a incineração,
tendo em consideração um investimento numa central de incineração no Ecoparque de Trajouce
(projeto 2). Neste sentido vamos comparar o cenário 2 do projeto 1 com o cenário 1 do projeto 2 (pois
teve um beneficio mais elevado). Analisando as receitas e os custos totais verificamos que no cenário
1 do projeto 2 apesar de as receitas totais aumentarem 99% em relação ao cenário 2 do projeto 1 os
custos operacionais aumentam em 153%, permitindo-nos verificar que o custo do investimento não
compensa o aumento da receita.

13,3%

16,6% 22,9%
0,0% 34,6%
6,7%
9,0% 0,0%

Custos operacionais TM Custos operacionais CDA


Custos operacionais Central de Incineração Custos operacionais Aterro sanitário
Custo transporte Compra serviço
TGR Depreciações

Figura 42 - Custos do cenário 2 do projeto 1

5.3.6. Análise de Sensibilidade


Para a análise de sensibilidade foram escolhidas as variáveis de taxa de remuneração dos
capitais alheios e a participação do financiamento por terceiros no total do financiamento calculadas
anteriormente. Estas variáveis foram escolhidas, precisamente por serem variáveis determinísticas
calculadas com base em valores históricos. Como variação foram escolhidos os valores apresentados
na Tabela 35 para ambas as variáveis.

Tabela 35 - Variáveis da análise de sensibilidade


Valor Variação
Taxa de remuneração dos capitais alheios 9,5% ± 3 pp
Participação do financiamento por terceiros no total do financiamento 92% - 40 pp

Na Tabela 36 apresentam-se os valores do cash flow e do benefício para o caso base e relativo
ao ano de 2020, bem como a variação de cada um deles em função da variação da taxa de
remuneração dos capitais alheios e da participação do financiamento por terceiros no total do
financiamento.
Ao analisar as variações à taxa de remuneração dos capitais alheios verifica-se que o aumento
desta taxa tem um efeito negativo no cash flow, ou seja, ao aumentar a taxa o cash flow diminui. Nos
diferentes cenários do projeto 1 ao aumentarmos em 3 pp a taxa de remuneração dos capitais alheios
o cash flow diminui entre 0,9 e 1,2%; quando o comportamento da taxa é o oposto o cash flow aumenta

75
entre 1,3 e 1,7%. Já no projeto 2 uma variação de -3 pp resulta numa diminuição do cash flow em
relação ao cenário base de 14,9 e 17,8%, nos cenários 1 e 2 respetivamente. Esta tendência verifica-
se em todos os cenários, notando-se uma maior variação no projeto 2, expectável uma vez que o capital
alheio necessário para financiar o investimento é muito maior que no projeto 1.

Tabela 36 – Variação do valor do CF e do B em relação ao caso base, para o ano de 2020 função da
participação do financiamento por terceiros no total do financiamento e da taxa de remuneração dos
capitais alheios (milhares de €, %)
P1/C1 P1/C2 P1/C3 P2/C1 P2/C2
Cenário base CF 8 495 11 300 10 063 8 753 7 521
B 1 493 5 113 3 517 -4 800 -6 389
PCA=52,00% CF +3,37% +2,56% +2,86% 27,37% 30,49%
B 0% 0% 0% 0% 0%
TRC= 12,5% CF -1,2% -0,9% -1,0% -14,9% -17,8%
B 0% 0% 0% 0% 0%
TRC=6,5% CF 1,7% 1,3% 1,5% 16,0% 18,2%
B 0% 0% 0% 0% 0%

Relativamente aos benefícios estes não se alteram com as variações estudadas uma vez que
os juros não entram para o seu cálculo.
Ao analisar a variação da participação do financiamento por terceiros no total do financiamento
verifica-se que o decréscimo desta taxa tem um efeito positivo no cash flow, ou seja, ao diminuir a
participação do financiamento por terceiros no total do financiamento o cash flow aumenta uma vez que
os juros respetivos também diminuem. Esta variação é mais uma vez notória no projeto 2 visto que o
investimento e os respetivos juros são menores.

5.3.7. Análise de Emissões de Carbono


Nesta seção foram calculadas as emissões de carbono para cada investimento. Ou seja os
resultados obtidos correspondem ao total de emissões de CO 2 obtidas no tempo de vida de cada
projeto. Na Tabela 37 estão apresentados os fatores de emissão, fatores de correção, entre outros
dados utilizados valores utilizados para o cálculo das emissões de cada operação.

Tabela 37 – Significado e valores das variáveis utilizadas no cálculo (Wang e Geng, 2015 e IPCC, 2006)
Variável Significado Valor
DOC Teor de carbono orgânico degradável; 12,5%
DOCf Decomposição atual do carbono orgânico degradável no processo de aterro 50%
ρ1 Fator de correção do metano para aterro sanitário 100%
ϒ Teor de CH4 no volume de gás de aterro 50%
φ Teor de carbono combustível 16,5%
ω Fator de oxidação 85%
EFda,CH4 Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg CH4/t resíduos tratados 2
EFda, N2O Fator de emissão para digestão anaeróbia em kg N2O/t resíduos tratados Desprezável
PAGCH4 Potencial de aquecimento global para o CH4 25
PAGN2O Potencial de aquecimento global para o N2O 298

Na Tabela 38 apresentam-se as emissões de cada GEE por tonelada de RSU tratado e na


Tabela 39 estão contidos os resultados obtidos para cada projeto.

76
Tabela 38 – Emissões de cada GEE
Emissões CH4 Emissões N2O Emissões CO2
Operação
(kg CH4/kg RSU) (kg N2O/kg RSU) (kg CO2/kg RSU)
Reciclagem Desprezável Desprezável Desprezável
Digestão Anaeróbia 0,002 Desprezável 0,05
Incineração - - 0,514
Aterro Sanitário 0,042 - 0,115

Tabela 39 - Valores das emissões de carbono obtidas para cada projeto


Projeto 1
Total de emissões de CO2 (t
Cenário Destino Quantidade RSU Total de emissões de CO2 (t CO2)
CO2)
Reciclagem 618 750 Desprezável
Digestão Anaeróbia 1 875 000 93 750
1 3 045 190
Incineração 3 221 630 1 656 723
Aterro 1 119 755 1 294 717
Reciclagem 618 750 Desprezável
Digestão Anaeróbia 1 875 000 93 750
2 4 826 125
Incineração 448 369 230 574
Aterro 3 893 450 4 501 801
Reciclagem 618 750 Desprezável
Digestão Anaeróbia 1 875 000 93 750
3 2 326 530
Incineração 4 341 819 2 232 780
Aterro 0 0
Projeto 2
Cenário Destino Quantidade RSU Total de emissões de CO2
Reciclagem 108 750 Desprezável
1 Digestão Anaeróbia 1 875 000 93 750 2 588 798
Incineração 4 851 819 2 495 048
Reciclagem 40 000 Desprezável
2 Digestão Anaeróbia 4 000 000 200 000 2 730 403
Incineração 4 920 569 2 530 403

As emissões de carbono de cada método de tratamento de resíduos sólidos urbanos foram


calculadas pelas equações de 47 a 53. Dos métodos analisados o que mais dióxido de carbono emite
por cada kg de RSU é o aterro sanitário, seguido da incineração e da digestão anaeróbia, ou seja, por
cada kg de MSW são produzidos 1,16 kg de dióxido de carbono sob aterro sanitário 0,51 kg quando
incinerado e 0,05 quando submetido a digestão anaeróbia. As emissões durante o tratamento mecânico
(reciclagem) são consideradas desprezáveis (IPCC, 2006).
Dos projetos e cenários analisados o que menos dióxido de carbono emite ao longo do tempo
de vida considerado são aqueles que encaminham mais resíduos para incineração, ou seja, o cenário
3 do projeto 1 e ambos os cenários do projeto 2. Contudo o projeto com menores emissões de C é o
cenário 3 do projeto 1, emitindo 2 326 530 toneladas de dióxido de carbono no horizonte temporal
considerado.

5.3.8. Discussão e propostas de atuação


O trabalho realizado permitiu avaliar dois investimentos distintos no sistema de gestão da
Tratolixo e também a pegada de carbono associada.
O primeiro projeto de investimento consiste na requalificação do Tratamento Mecânico no
Ecoparque de Trajouce, ao realizar este investimento a Tratolixo iria aumentar a capacidade e
recuperar mais materiais recicláveis. Contudo apesar de recuperar mais material reciclável e de não

77
haver excedente, este processo continua a gerar muito refugo sendo necessário encaminhar para
destino externo. Neste sentido foram avaliados três cenários onde se enviava o refugo para destinos
distintos: no cenário 1 são encaminhados para os destinos externos atuais e com as mesmas
proporções; no cenário 2 são dirigidos para aterro sanitário no Ecoparque da Abrunheira (considerando
que este entra em funcionamento em 2016); e no cenário 3 o refugo é encaminhado para a quarta linha
da central de incineração da Valorsul (considerando que esta entra em funcionamento em 2016).
O segundo projeto de investimento consiste na construção de uma nova central de incineração
no Ecoparque de Trajouce. Neste projeto foram analisados dois cenários, no primeiro a nova central
serve de complemento aos tratamentos já existentes (TM e CDA) e no segundo cenário substitui o TM.
A análise de investimento foi realizada com base na metodologia presente no RTR (2014a),
contudo como ainda não entrou em vigor (está previsto que seja em 2016) foi necessário simplificar
expressões e não considerar muitos parâmetros, uma vez que ainda não estão definidos. Assim esta
análise foi realizada sob uma perspetiva conservadora e consequentemente os resultados têm muita
incerteza associada e cálculo realizado do VAL e do IR não permite tirar conclusões pelas razões
listadas anteriormente. Como alternativa à análise segundo o RTR 2014, foi realizada uma análise
simplificada, tendo como ano de referência 2020, para o cálculo dos CF, dos custos evitados e das
receitas adicionais. Nesta análise todos os cenários foram comparados com a situação atual, cujos
custos totais são de 15 153 milhares de € e as receitas totais de 23 081 milhares de €. Das alternativas
analisadas foi o cenário 2 do projeto 2 que teve maiores receitas adicionais, na ordem dos 10,7 M.
Relativamente aos custos evitados foi o cenário 2 do projeto 1 que se destacou, sendo a única
alternativa com custos evitados (1,033 milhões de €). Estes resultados eram expectáveis, uma vez que
no projeto 2 existe produção de energia elétrica através da queima de resíduos e de biogás, que
correspondem a uma parcela elevada das receitas (26% no cenário 1 e 33% no cenário 2). Quanto aos
custos, apesar de no projeto 2 os custos operacionais serem mais baixos, os encargos financeiros e as
depreciações são muito elevados, o que o coloca em desvantagem em relação à situação atual.
Relativamente à análise de emissões de dióxido de carbono os resultados obtidos foram os
esperados: das quatro operações de tratamento de resíduos estudadas, a reciclagem é aquela que
menos carbono emite, podendo até se dizer que o valor é desprezável, seguida da digestão anaeróbia,
incineração e por fim o aterro, com emissões de 0,05, 0,514 e 1,16 kg CO2/ kg RSU, respetivamente.
Das alternativas analisadas foi no cenário 3 do projeto 1 que se verificaram as menores emissões de
dióxido de carbono com um total de emissões de 2 326 530 t de dióxido de carbono ao longo dos 20
anos do estudo. A pior alternativa foi o cenário 2 do projeto 1, com 4 826 125 t de dióxido de carbono
emitidas durante o período de tempo considerado. Estes resultados eram esperados uma vez que no
cenário 3 do projeto 1 não se encaminha resíduos para aterro sanitário, ao contrário do cenário 2 do
projeto 1 em que o refugo apenas tem como destino final o aterro sanitário.
Com vista a melhorar o modelo de gestão atual da Tratolixo, podemos sugerir várias propostas
de atuação. Contudo estas variam consoante os objetivos, por exemplo, se o objetivo principal for ter
capacidade para tratar todos os resíduos recebidos no sistema, sem recorrer a entidades externas, a
construção da central de incineração seria a opção mais adequada, uma vez que existe a possibilidade
de a construir por módulos permitindo adaptar a capacidade à procura. Já numa perspetiva ambiental

78
o ideal seria investir no tratamento mecânico de modo a aumentar as taxas de reciclagem ou como
alternativa atuar ao nível dos munícipes incentivando a separação dos resíduos, através por exemplo
da implementação do sistema designado PAYT (Pay as You Throw) onde o cálculo da tarifa é feito em
função do peso ou do volume dos resíduos produzidos por cada residente, aumentando a recolha
seletiva e tornando o RSU indiferenciado mais homogéneo.
A produção de RSU pode ainda ser entendida como indicador de desenvolvimento económico,
mas o aumento da quantidade produzida impede um desenvolvimento sustentável. Os resíduos
representam, como se analisou nesta dissertação um problema ambiental porque implicam perdas de
recursos materiais e energéticos. A taxa paga pelos cidadãos deveria cobrir o serviço de recolha,
transporte e tratamento dos resíduos, deduzidos os eventuais proveitos decorrentes da sua
valorização.
Do estudo realizado verificou-se que a quantidade de resíduos verdes recolhida na Tratolixo,
provenientes de limpezas de jardins, parques e estradas não justificam a existência de um sistema de
gestão de resíduos florestais de maior dimensão do que aquele atualmente existe. No entanto, no futuro
seria interessante fomentar a recolha de relvas e de resíduos alimentares que pudessem ser
adicionados diretamente à CDA fazendo aumentar o teor de orgânicos no processo. Por outro lado, na
hipótese de implementação de uma incineração, e a exemplo do que é comum nas instalações do norte
da europa, seria interessante, para aumentar a eficiência energética global, que o calor pudesse ser
aproveitado numa unidade industrial vizinha ou eventualmente numa unidade de gestão de resíduos
florestais para produção de pellets, em que a biomassa menos nobre, não utilizada nas pellets, fosse
adicionada aos RSU de queima.

79
6. Conclusão e Trabalho Futuro
Esta dissertação tem como principais objetivos analisar o modelo de gestão de RSU e BF
utilizado em Portugal e comparar com outros países da Europa, através de um estudo de benchmarking
de referência, e analisar com maior detalhe um sistema de gestão de resíduos, a Tratolixo, com vista a
detetar limitações no seu modelo de gestão e propor melhorias, através da aquisição de novos
equipamentos.
No estudo de benchmarking, a nível da gestão de resíduos, foi possível concluir que apesar da
quantidade de resíduos depositados em aterro ter vindo a diminuir ao longo dos anos na União Europeia
continua a ser o destino final mais utilizado, assim como em Portugal. Com vista a combater a
deposição em aterro os países praticam uma taxa de aterro, que pelo estudo concluiu-se que esta
tende a aumentar com a diminuição da quantidade de resíduos que vai para aterro. Em Portugal,
atualmente, esta taxa corresponde ao valor de 5,5 €/t RSU que é muito baixa relativamente à média
praticada na EU 27 (80 €/t RSU).
A nível de biomassa florestal o estudo de benchmarking permite concluir que existe uma maior
dificuldade em fazer uma gestão integrada dos recursos florestais incluindo uma solução otimizada
para os respetivos subprodutos e resíduos. Apesar de Portugal possuir uma zona florestal elevada
(cerca de 35% da área total do pais) que por sua vez se traduz num elevado potencial, o seu
aproveitamento não está otimizado devido a lacunas no processo de limpeza das mesmas, bem como
deficiências nas políticas publicas que os enquadram.
No que respeita à análise de projetos de investimento concluiu-se, com base nas simplificações
deste estudo, que a melhor solução será a requalificação do tratamento mecânico no Ecoparque de
Trajouce, onde o refugo é encaminhado para o aterro sanitário no Ecoparque da Abrunheira. Nesta
alternativa todos os resíduos são tratados nas instalações da Tratolixo, não havendo necessidade de
recorrer a entidades externas. Contudo do ponto de vista ambiental e da análise de emissões de dióxido
de carbono esta opção é a que apresentou piores resultados, que não foram no entanto considerados
na análise económica.
No que respeita ao âmbito do trabalho realizado recomenda-se para trabalhos futuros realizar
a análise de investimento quando o regulamento (RTR, 2014a) já estiver numa fase de maior
maturidade, com parâmetros já definidos, o que se apresenta essencial para se tomarem decisões
fundamentadas sobre eventuais investimentos nesta área.
Sugere-se também uma análise pormenorizada do processo realizado na Central de Digestão
Anaeróbia com o estudo de alternativas que se foquem no aumento de eficiência do processo e na
diminuição dos custos operacionais.
Realça-se a importância da realização de campanhas de sensibilização ambiental dirigidas aos
munícipes e municípios de modo a incentivar a separação na origem dos resíduos por tipologia. A título
de exemplo seria interessante realizar campanhas com vista a uma separação mais eficiente junto de
cantinas, mercados e restaurantes e possivelmente criar incentivos para tal.

80
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87
Anexos
Anexo 1 – Características típicas de várias matérias-primas em
comparação com o carvão
Tabela 40 - Características típicas de várias matérias-primas em comparação com o carvão (Adaptado de
OEDC/IEA, 2012)
Teor de
Densidade a Poder calorífico Densidade Valor energético
Matéria-prima humidade
granel (kg/m3) inferior (GJ/t) energética (GJ/m3) (kWh/t)
(%)
Carvão 10 870 35 31 9 700
Madeira 20* 550 15 8 4 200
Estilhas de Madeira 20* 200 15 3 4 200
Serrim 10 160 17 3 4 700
Licor negro 25 1 400 12 17 3 400
Pellets de madeira 10 660 17 11 4 700
Pellets torreficados 5 750 21 16 5 800
Óleo de pirolise 25 1 100 17 19 4 700
Palha 15* 140 15 2 4 200
Lixo orgânico 60 500 7 4 1 200
*seco ao ar

Anexo 2 – Caracterização dos sistemas de gestão de RU em Portugal


Continental
Tabela 41 - Caracterização dos sistemas de gestão de RU em Portugal Continental, dados de 2013
(Adaptado de APA, 2014)
Destinos (%)
Sistema de Municípios Produção de
Gestão abrangidos RU (t) TM TMB CVO
Aterro VE Triagem/Reciclagem
(RI) (RI) (RS)
Valorminho 6 34814 92 0 0 0 0 8
Resulima 6 127393 91 0 0 1 0 8
Braval 6 111331 85 0 0 0 0 15
Resinorte 35 338045 69 0 22 0 0 9
Lipor 8 461971 0 82 8 0 0 10
Ambisousa 6 124309 94 0 0 0 0 6
Suldouro 2 180567 77 0 15 0 0 8
Resíduos do
13 54337 54 0 42 0 0 4
Nordeste
Valorlis 6 114416 71 0 20 0 0 9
Ersuc 36 377054 0 92 0 0 8
Planalto Beirão 19 119640 23 0 0 0 70 7
Resiestrela 14 71377 12 0 81 0 0 7
Valnor 25 115029 5 0 78 0 0 17
Valorsul 19 727085 24 61 3 3 0 9
Ecolezíria 6 56817 95 0 0 0 0 5
Resitejo 10 84716 53 0 0 0 37 10
Tratolixo 4 353417 6 35 10 4 30 15
Amarsul 9 388316 65 0 10 2 17 6
Gesamb 12 74917 93 0 0 0 0 7
Ambilital 7 59685 78 0 15 2 0 5
Amcal 5 13095 85 0 0 0 0 15
Resialentejo 8 43982 93 0 0 0 0 7
Algar 16 330072 87 0 0 4 0 9
VE – valorização energética TM - tratamento mecânico
CVO - central de valorização orgânica TMB - tratamento mecânico e biológico

88
Anexo 3 – Destino final dos RSU produzidos em países europeus

Tabela 42 – Destino final dos RSU produzidos nos países europeus, dados de 2013 (Eurostat, 2015)
RSU RSU Aterro Incineração - Incineração - Recicl Compostage
País produzido produzido (D1-D7, eliminação valorização agem m e digestão
(103t) (kg/hab) D12) (%) (D10) (%) energética (R1) (%) (%) (%)
Alemanha 49780 617 0,22 13,01 22,26 47,06 17,45
Áustria 4905 578 4,26 0,00 36,31 24,12 34,85
Bélgica 4905 439 0,93 1,14 43,12 34,19 20,63
Bósnia 1191 311 100,00 - - - -
Bulgária 3135 432 69,68 0,00 1,58 25,31 3,44
Chipre 538 624 78,62 0,00 0,00 12,27 9,11
Croácia 1721 404 84,56 0,00 0,06 13,64 1,74
Dinamarca 4192 747 1,55 0,00 54,15 27,77 16,53
Eslováquia 1645 304 76,70 0,00 11,58 3,79 7,99
Eslovénia 853 414 37,84 0,17 0,51 54,73 6,76
Espanha 20931 449 60,23 0,00 9,74 19,70 10,34
Estónia 386 293 15,87 0,00 64,07 14,07 5,99
EU 27 241590 481 30,96 3,12 22,96 27,85 15,11
EU 28 243311 481 31,33 3,10 22,80 27,75 15,02
Finlândia 2682 493 25,06 0,00 42,39 19,02 13,50
França 34828 530 28,39 1,22 32,79 20,75 16,85
Grécia 5585 506 80,70 0,00 0,00 15,56 3,74
Holanda 8845 526 1,48 1,18 47,51 23,90 25,94
Hungria 3738 378 64,61 0,00 8,99 21,38 5,03
Irlanda 2693 586 42,15 0,00 17,51 33,99 6,40
Islândia 112 345 49,11 0,89 4,46 37,50 7,14
Itália 29595 491 38,24 0,00 20,92 25,70 15,13
Kosovo - - - - - - -
Letónia 627 312 83,09 0,00 0,00 10,53 6,38
Lituânia 1280 433 64,04 0,00 7,30 20,95 7,62
Luxemburg
355 653 17,46 0,00 34,65 27,89 20,00
o
Macedónia 793 384 100,00 - - - -
Malta 241 570 88,29 0,00 0,45 5,86 5,41
Montenegro 315 507 99,29 0,00 0,00 1,07 0,00
Noruega 2518 496 2,09 0,00 58,19 23,74 15,98
Polonia 11295 297 63,10 2,14 5,94 15,82 12,99
Portugal 4598 440 50,46 0,00 23,73 12,92 12,90
Reino
30890 482 34,67 0,32 21,03 27,86 16,13
Unido
Republica
3228 307 56,23 0,09 19,45 21,25 2,97
Checa
Roménia 5441 272 96,83 0,00 0,00 2,83 0,34
Sérvia 2410 336 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Suécia 4399 458 0,64 0,00 49,83 33,35 16,16
Suíça 5708 702 0,00 0,00 49,02 33,62 17,36

Anexo 4 – Eletricidade produzida a partir de biomassa florestal na União


Europeia em 2011
Tabela 43 - Eletricidade produzida a partir de biomassa florestal, área florestal e rácio (produção
energia/área florestal) na União Europeia em 2011 (em GWh), (Adaptado de REN21, 2014; UNECE, 2014)
Energia produzida Energia produzida
Área florestal
País em centrais elétricas em centrais de Total Rácio*
(milhares de ha)
(GWh) cogeração (GWh)
Alemanha 5288 6803 12091 11076 1,09
Áustria 1365 2400 3765 3857 0,98
Bélgica 2609 1076 3685 677,8 5,44

89
Bulgária 0 65 65 3927 0,02
Dinamarca 0 3176 3176 586,9 5,41
Eslováquia 8 716 724 1938 0,37
Eslovénia 0 114 114 1253 0,09
Espanha 1587 1809 3396 18173,3 0,19
Estónia 374 611 985 2203,1 0,45
Finlândia 1220 9485 10705 22084 0,48
França 39 1586 1625 15954 0,10
Holanda 2383 1577 3960 365 10,85
Hungria 1218 115 1333 2039 0,65
Irlanda 164 20 184 737,5 0,25
Itália 1558 1024 2582 9149 0,28
Letónia 6 59 65 n.d. -
Lituânia 0 176 176 2165 0,08
Polonia 0 9529 9529 9319 1,02
Portugal 786 1710 2496 3456 0,72
Reino Unido 7008 0 7008 2881 2,43
Republica Checa 468 1348 1816 n.d. -
Roménia 53 140 193 6573 0,03
Suécia 0 10507 10507 28605 0,37
Total 26134 54046 80180 - -
𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐥𝐞𝐜𝐭𝐫𝐢𝐜𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐳𝐢𝐝𝐚 (𝐤𝐭𝐞𝐩)
∗ 𝐑á𝐜𝐢𝐨 =
Á𝐫𝐞𝐚 𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭𝐚𝐥 (𝐦𝐢𝐥𝐡𝐚𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐡𝐚)

Anexo 5 – Sistemas de Promoção das FER


Tabela 44 - Sistemas de Promoção das FER (Res-legal, 2015)
País Tecnologia Tarifa (€/MWh) Observações/Legislação
Tarifa fixa. Varia consoante a tecnologia e é calculada com
Espanha - -
base nas fórmulas e parâmetros listados no RD 413/2014.
Biogás (biomassa) 58,5 - 237,3
Gás de aterro 58,5 - 84,2 Tarifa fixa. Varia consoante a dimensão da instalação,
Alemanha tecnologia, localização, entre outros parâmetros listados na
Gás (lamas residuais)
58,3 - 66,9 EEG 2014.
Biomassa 58,5 - 237,3
Faz uso de um sistema de certificados verdes consoante as
condições presentes no LOV 2011-06-24 nr 39: Lov om
Noruega - -
elsertifikater (Act No. 39 of 24 June 2011 (Electricity
Certificates Act)).
20,26 (preço
Faz uso de um sistema quotas e de certificados verdes
médio por
Suécia - consoante as condições presentes no Lag (2011:1200) om
certificado e por
elcertifikat (Act No. 2011:1200 on Electricity Certificates).
MWh)
Biogás (lamas residuais) 2 Tarfa fixa onde o prémio varia consoante a capacidade
Gás de Aterro 1,67 €/kWh instalada e o tipo de combustível utilizado como
Suíça
146 – 230 + mencionado no Energiegesetz vom 26. Juni 1998 (EnG)
Biomassa
prémio (Enery Act).
Todas
53,7 Tarifas prémio de acordo com Elektrituruseadus RT I 2003,
Estónia CHP
25, 153 (ELTS) (Electricity Market Act).
RSU (<10 MW) 32
Biogás 110
Dinamarca Tarifas prémio.
Biomassa 110
Biogás (capacidade ≤
97,45
150 kW) Segue um sistema de tarifa fixa onde o prémio depende da
França Biogás (capacidade ≥ 2 eficiência energética, da capacidade e da matéria-prima
81,21
MW) utilizada. De acordo com Loi n°2000-108
Biomassa 43,4 + prémio
Biogás (capacidade <
142,2
250kW)
Reino Biogás (capacidade
103,7 De acordo com a FTO (2012).
Unido 250kW – 500kW)
Biogás (capacidade >
90,2
500kW)

90
Anexo 6 – Localização das centrais a biomassa florestal no Reino Unido e
respetivo consumo

Figura 43 - Localização das centrais a biomassa florestal no Reino Unido e respetivo consumo (RSPB,
2011)

91
Anexo 7 – Evolução da recolha indiferenciada em Portugal

Portugal Continente
4009 3804
2012 4100 2012 3888
4424 4164
2010 4652 2010 4404
Ano

Ano
4794 4524
2008 4835 2008 4550
4391 4107
2006 4392 2006 4164
4320 4067
2004 4346 2004 4091
0 2000 4000 6000 3000 3500 4000 4500 5000
RSU recolha indiferenciada (103 ton) RSU recolha indiferenciada (103 ton)

Norte Lisboa e Vale do Tejo


1289 1446
2012 1315 2012 1476
1383 1607
2010 1456 2010 1729
Ano

Ano
1453 1796
2008 1470 2008 1811
1418 1476
2006 1420 2006 1528
1370 1542
2004 1378 2004 1555
1100 1200 1300 1400 1500 0 500 1000 1500 2000
RSU recolha indiferenciada (103 ton) RSU recolha indiferenciada (103 ton)

Figura 44- Evolução da recolha indiferenciada em Portugal (INE, 2015)

Anexo 8 – Resposta da Tapada de Mafra

Figura 45 -Resposta ao email enviado dia 28 de Abril de 2015

92
Anexo 9 – Respostas da Tratolixo

Figura 46 - Resposta ao email enviado a 28 de Abril de 2015

Figura 47 - Resposta ao email enviado dia 5 de Junho de 2015 (Parte 1)

93
Figura 48 - Resposta ao email enviado dia 5 de Junho de 2015 (Parte 2)

Figura 49 - Resposta ao email enviado dia 26 de Agosto de 2015

94
Anexo 10 – Projeção de população para o sistema AMTRES

Tabela 45 – Projeção de população para o sistema AMTRES calculadas pela taxa de crescimento entre
2012 e 2013
População (hab)
Ano
Oeiras Cascais Sintra Mafra Total
2012* 172 793 208 123 379 875 78 765 839 555
2013* 172 689 208 418 379 860 79 772 840 739
2014 172 585 208 714 379 846 80 792 841 936
2015 172 481 209 010 379 831 81 825 843 147
2016 172 377 209 307 379 817 82 871 844 372
2017 172 274 209 604 379 802 83 930 845 610
2018 172 170 209 902 379 788 85 003 846 863
2019 172 066 210 200 379 773 86 090 848 129
2020 171 963 210 498 379 759 87 191 849 410
2021 171 859 210 797 379 744 88 306 850 706
2022 171 756 211 096 379 730 89 435 852 016
2023 171 652 211 396 379 715 90 578 853 342
2024 171 549 211 696 379 701 91 736 854 682
2025 171 446 211 997 379 686 92 909 856 038
2026 171 343 212 298 379 672 94 097 857 409
2027 171 240 212 599 379 657 95 300 858 796
2028 171 136 212 901 379 643 96 518 860 198
2029 171 033 213 203 379 628 97 752 861 617
2030 170 931 213 506 379 614 99 002 863 052
2031 170 828 213 809 379 599 100 267 864 504
2032 170 725 214 113 379 585 101 549 865 972
2033 170 622 214 417 379 570 102 848 867 457
2034 170 519 214 721 379 556 104 163 868 959
2035 170 417 215 026 379 541 105 494 870 478
* Valores reais (INE, 2015)

Anexo 11 – Valores utilizados e obtidos Previsão RSU

Tabela 46 - Resultados obtidos para a população futura


Capitação (t/hab.ano) Produção (t/ano)
Ano
Oeiras Cascais Sintra Mafra Média Oeiras Cascais Sintra Mafra Total
2003* 0,394 0,533 0,391 0,485 0,451 65 179 97 171 144 762 29 494 336 606
2004* 0,384 0,526 0,386 0,488 0,446 63 945 97 487 143 453 30 681 335 566
2005* 0,380 0,502 0,378 0,467 0,432 63 615 94 922 140 900 30 406 329 843
2006* 0,382 0,489 0,388 0,479 0,434 64 389 93 931 144 760 32 279 335 359
2007* 0,374 0,479 0,382 0,468 0,426 63 377 93 874 142 964 32 615 332 830
2008* 0,374 0,471 0,379 0,451 0,419 63 800 93 933 142 348 32 513 332 594
2009* 0,369 0,460 0,373 0,439 0,410 63 176 93 341 140 657 32 615 329 789
2010* 0,365 0,446 0,372 0,424 0,402 62 765 92 012 140 357 32 531 327 665
2011* 0,348 0,431 0,353 0,404 0,384 60 117 89 557 133 945 31 613 315 232
2012* 0,329 0,411 0,328 0,384 0,363 56 827 85 524 124 446 30 419 297 216
2013* 0,317 0,407 0,315 0,363 0,351 54 694 84 809 119 701 29 144 288 348
2014 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 57 148 87 330 126 178 31 630 302 286
2015 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 57 105 87 517 126 172 32 186 302 981
2016 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 57 063 87 705 126 167 32 749 303 683
2017 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 57 021 87 893 126 161 33 319 304 393
2018 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 978 88 081 126 155 33 896 305 110
2019 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 936 88 270 126 149 34 481 305 835
2020 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 893 88 459 126 143 35 073 306 568
2021 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 851 88 648 126 137 35 672 307 309

95
2022 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 809 88 838 126 131 36 280 308 058
2023 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 767 89 027 126 126 36 895 308 814
2024 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 724 89 217 126 120 37 518 309 579
2025 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 682 89 408 126 114 38 149 310 352
2026 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 640 89 598 126 108 38 788 311 134
2027 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 598 89 789 126 102 39 435 311 924
2028 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 556 89 980 126 096 40 091 312 723
2029 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 513 90 171 126 090 40 755 313 530
2030 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 471 90 363 126 085 41 427 314 346
2031 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 429 90 555 126 079 42 108 315 171
2032 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 387 90 747 126 073 42 798 316 005
2033 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 345 90 939 126 067 43 496 316 848
2034 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 303 91 132 126 061 44 204 317 700
2035 0,350 0,437 0,353 0,411 0,388 56 261 91 325 126 055 44 920 318 562
* Valores reais (INE, 2015 e Tratolixo)

Anexo 12 – Projeção da remuneração pelo fornecimento de eletricidade

Tabela 47 – Valores utilizados e resultados obtidos da remuneração pelo fornecimento de eletricidade a


partir da queima de RSU e da queima de biogás
Preço (queima de Preço (queima de Preço (queima de Preço (queima de
Ano Ano
RSU) biogás) RSU) biogás)
2000* 55,7 53,2 2018 89,47 116,29
2001* 65,7 55 2019 90,09 117,10
2002* 68,5 45 2020 90,72 117,92
2003* 70,9 52,5 2021 91,36 118,75
2004* 72,7 69,5 2022 92,00 119,58
2005* 74,7 94,5 2023 92,64 120,41
2006* 76,9 94,9 2024 93,29 121,26
2007* 78,2 106,2 2025 93,94 122,10
2008* 80,9 105,7 2026 94,60 122,96
2009* 80,3 109 2027 95,26 123,82
2010* 80,8 107,2 2028 95,93 124,69
2011* 84 110,5 2029 96,60 125,56
2012* 85,8 111,5 2030 97,28 126,44
2013* 86,4 112,3 2031 97,96 127,32
2014 87,00 113,09 2032 98,64 128,22
2015 87,61 113,88 2033 99,34 129,11
2016 88,23 114,67 2034 100,03 130,02
2017 88,84 115,48 2035 100,73 130,93
* Valores reais (ERSE, 2014)

Anexo 13 – Valores de gasóleo obtidos

Tabela 48 - Valores de gasóleo obtidos por intermédio da taxa média de crescimento entre 2009 e 2015
Ano Preço gasóleo (€/litro) Ano Preço gasóleo (€/litro)
2009* 1,033 2023 1,608
2010* 1,188 2024 1,656
2011* 1,342 2025 1,706
2012* 1,371 2026 1,757
2013* 1,358 2027 1,810
2014* 1,347 2028 1,864
2015* 1,27 2029 1,920
2016 1,308 2030 1,977
2017 1,347 2031 2,036
2018 1,388 2032 2,097
2019 1,429 2033 2,160
2020 1,472 2034 2,225
2021 1,516 2035 2,291
2022 1,561 - -
* Valores reais (DGEG, 2015)

96
Tabela 49 – Variáveis fixas para o cálculo do custo de transporte
Distancia à Distancia à Consumo
Capacidade
Entidade Localização Tratolixo - Tratolixo – médio
(t/camião)
Trajouce (km) Abrunheira (km) (l/100 km)
Valorsul São João da Talha 37,9 34,2 50 24
Parque Industrial SAPEC Bay,
CITRI 64,7 73,3 50 24
Herdade das Praias – Mitrena
Ecoparque do Relvão –
Ribtejo 165 158 50 24
Chamusca
Ecoparque do Relvão –
Resitejo 164 153 50 24
Carregueira
Tratolixo Ecoparque da Abrunheira 30,7 - 50 24

Anexo 14 – Resposta da Ribtejo

Figura 50 - Resposta ao email enviado dia 1 de Julho de 2015 por parte da Eng.ª Filipa Sobral

Anexo 15 – Respostas da ERSAR

Figura 51 - Resposta ao email enviado dia 29 de Julho de 2015

Figura 52 - Resposta ao email enviado dia 24 de Agosto de 2015

97
Anexo 16 – Fluxos de materiais utilizados na análise de investimento

Tabela 50 - Fluxos de materiais utilizados nos cenários do projeto 1


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
3022 3029 3036 3043 3051 3135 3143 3151 3160 3168
RSU recolha indiferenciada (t)
86 81 83 93 10 30 46 71 05 48
Tratamento mecânico - Ecoparque de
Trajouce
300 300 300 300 300 300 300 300 300 300
RSU recebidos (t)
000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
176 176 176 176 176 176 176 176 176 176
Refugo (t)
250 250 250 250 250 250 250 250 250 250
2 2 3 4 5 13 14 15 16 16
Excedente (t)
286 981 683 393 110 530 346 171 005 848
RSU encaminhados para a CDA 93 93 93 93 93 93 93 93 93 93
(Ecoparque da Abrunheira) 750 750 750 750 750 750 750 750 750 750
30 30 30 30 30 30 30 30 30 30
Materiais recicláveis (t)
000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Plástico (t)
900 900 900 900 900 900 900 900 900 900
9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
Papel e cartão (t)
000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
Metais (t)
100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
178 179 179 180 181 189 190 191 192 193
Total refugo (t)
536 231 933 643 360 780 596 421 255 098
Digestão Anaeróbia - Ecoparque da
Abrunheira
93 93 93 93 93 93 93 93 93 93
RSU recebidos (t)
750 750 750 750 750 750 750 750 750 750
17 17 17 17 17 17 17 17 17 17
Refugo TM (t)
813 813 813 813 813 813 813 813 813 813
Materiais recicláveis (t) 938 938 938 938 938 938 938 938 938 938
Plástico (t) 403 403 403 403 403 403 403 403 403 403
Papel e cartão (t) 281 281 281 281 281 281 281 281 281 281
Metais (t) 253 253 253 253 253 253 253 253 253 253
6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
Composto (t)
848 848 848 848 848 848 848 848 848 848
24 24 24 24 24 24 24 24 24 24
Energia produzida (MWh)
525 525 525 525 525 525 525 525 525 525
13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
Refugo digestores (t)
696 696 696 696 696 696 696 696 696 696
31 31 31 31 31 31 31 31 31 31
Total refugo (t)
509 509 509 509 509 509 509 509 509 509
Cenário 1
Destino Externo
210 210 211 212 212 221 222 222 223 224
Total de refugo (t)
044 739 442 151 869 288 104 929 763 606
155 156 156 157 157 164 164 165 166 166
RSU encaminhados para Valorsul (t)
853 369 890 416 949 196 801 414 032 658
23 23 23 24 24 25 25 25 25 25
RSU encaminhados para CITRI (t)
840 919 999 079 161 116 209 302 397 493
19 19 19 19 19 20 20 20 20 20
RSU encaminhados para Ribtejo (t)
492 557 622 688 754 536 611 688 765 843
10 10 10 10 10 11 11 11 11 11
RSU encaminhados para Resitejo (t)
838 874 910 947 984 418 461 503 546 590
Cenário 2
Aterro Sanitário - Ecoparque da
Abrunheira
210 210 211 212 212 221 222 222
Total de refugo recebido (t)
044 739 442 151 869 288 104 929
Destino Externo
223 224
Total de refugo - Valorsul (t)
763 606
Cenário 3
Destino Externo
210 210 211 212 212 221 222 222 223 224
Total de refugo (t)
044 739 442 151 869 288 104 929 763 606
210 210 211 212 212 221 222 222 223 224
RSU encaminhados para Valorsul (t)
044 739 442 151 869 288 104 929 763 606

98
Tabela 51 - Fluxos de materiais utilizados no cenário 1 do projeto 2 (parte 1)
Anos
0 1 2 3 4 5 2031 2032 2033 2034 2035
20 3135 3143 3151 3160 3168
2016 2017 2018 2019 2020
15 30 46 71 05 48
3022 3029 3036 3043 3051
RSU recolha indiferenciada (t)
86 81 83 93 10
Tratamento mecânico - Ecoparque de 150 150 150 150 150
Trajouce 000 000 000 000 000
150 150 150 150 150 51 51 51 51 51
RSU recebidos (t)
000 000 000 000 000 750 750 750 750 750
51 51 51 51 51 163 164 165 166 166
Refugo (t)
750 750 750 750 750 530 346 171 005 848
152 152 153 154 155 93 93 93 93 93
Excedente (t)
286 981 683 393 110 750 750 750 750 750
RSU encaminhados para a CDA 93 93 93 93 93
4 500 4 500 4 500 4 500 4 500
(Ecoparque da Abrunheira) 750 750 750 750 750
Materiais recicláveis (t) 4 500 4 500 4 500 4 500 4 500 1 935 1 935 1 935 1 935 1 935
Plástico (t) 1 935 1 935 1 935 1 935 1 935 1 350 1 350 1 350 1 350 1 350
Papel e cartão (t) 1 350 1 350 1 350 1 350 1 350 1 215 1 215 1 215 1 215 1 215
215 216 216 217 218
Metais (t) 1 215 1 215 1 215 1 215 1 215
280 096 921 755 598
204 204 205 206 206
Total refugo (t)
036 731 433 143 860
Digestão Anaeróbia - Ecoparque da 93 93 93 93 93
Abrunheira 750 750 750 750 750
93 93 93 93 93 17 17 17 17 17
RSU recebidos (t)
750 750 750 750 750 813 813 813 813 813
17 17 17 17 17
Refugo TM (t) 938 938 938 938 938
813 813 813 813 813
Materiais recicláveis (t) 938 938 938 938 938 403 403 403 403 403
Plástico (t) 403 403 403 403 403 281 281 281 281 281
Papel e cartão (t) 281 281 281 281 281 253 253 253 253 253
Metais (t) 253 253 253 253 253 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848
24 24 24 24 24
Composto (t) 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848
525 525 525 525 525
24 24 24 24 24 13 13 13 13 13
Energia produzida (MWh)
525 525 525 525 525 696 696 696 696 696
13 13 13 13 13 31 31 31 31 31
Refugo digestores (t)
696 696 696 696 696 509 509 509 509 509
31 31 31 31 31
Total refugo (t)
509 509 509 509 509
246 247 248 249 250
Central de Incineração
788 604 429 263 106
235 236 236 237 238 49 49 49 49 50
Total de refugo recebido (t)
544 239 942 651 369 358 521 686 853 021
47 47 47 47 47
Escórias produzidas (t) 7 404 7 428 7 453 7 478 7 503
109 248 388 530 674
122 123 123 124 124
Cinzas produzidas (t) 7 066 7 087 7 108 7 130 7 151
901 307 718 133 553
117 117 117 118 118
Energia produzida (MWh) 2031 2032 2033 2034 2035
301 647 997 350 708

Tabela 52 -Fluxos de materiais utilizados no cenário 2 do projeto 2 (parte 1)


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
201
2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
5
3022 3029 3036 3043 3051 3135 3143 3151 3160 3168
RSU recolha indiferenciada (t)
86 81 83 93 10 30 46 71 05 48
Digestão Anaeróbia - Ecoparque da
Abrunheira
200 200 200 200 200 200 200 200 200 200
RSU recebidos (t)
000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
123 123 123 123 123 123 123 123 123 123
Refugo TM (t)
000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
Materiais recicláveis (t) 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000 2 000
Plástico (t) 860 860 860 860 860 860 860 860 860 860
Papel e cartão (t) 600 600 600 600 600 600 600 600 600 600
Metais (t) 540 540 540 540 540 540 540 540 540 540
Composto (t) 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848 6 848
24 24 24 24 24 24 24 24 24 24
Energia produzida (MWh)
525 525 525 525 525 525 525 525 525 525
13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
Refugo digestores (t)
696 696 696 696 696 696 696 696 696 696
136 136 136 136 136 136 136 136 136 136
Total refugo (t)
696 696 696 696 696 696 696 696 696 696
Central de Incineração
238 239 240 241 241 250 251 251 252 253
Total de refugo recebido (t)
982 677 379 089 806 226 042 867 701 544

99
47 47 48 48 48 50 50 50 50 50
Escórias produzidas (t)
796 935 076 218 361 045 208 373 540 709
Cinzas produzidas (t) 7 169 7 190 7 211 7 233 7 254 7 507 7 531 7 556 7 581 7 606
119 119 119 120 120 124 125 125 125 126
Energia produzida (MWh)
013 359 709 062 420 612 019 430 845 265

Anexo 17 - Valores utilizados na análise de investimento


Tabela 53 - Valores utilizados na análise de investimento (parte 1)
Entradas 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2030 2031 2032 2033 2034
Venda de eletricidade - biogás 114, 115, 116, 117, 117, 126, 127, 128, 129, 130,
(€/MWh) 67 48 29 10 92 44 32 22 11 02
Venda de eletricidade - RSU 91,3 92,0 92,6 93,2 93,9 100, 101, 102, 102, 103,
(€/MWh) 6 0 4 9 4 73 44 15 86 58
Venda de composto (€/t) 2,26 2,30 2,33 2,37 2,40 2,44 2,85 2,89 2,94 2,98 3,03
75,9 77,0 78,2 79,4 80,7 81,9 95,6 97,0 98,5 100, 101,
Venda cartão (€/t)
0 8 7 8 2 7 0 8 8 11 66
200, 203, 207, 210, 213, 216, 252, 256, 260, 264, 268,
Venda plástico (€/t)
80 91 07 28 54 85 91 83 81 85 96
144, 146, 149, 151, 153, 156, 182, 185, 187, 190, 193,
Venda alumínio (€/t)
70 94 22 53 88 27 25 07 94 86 81
Saídas
10,1 10,3 10,4 10,6 10,8 12,6 12,7 12,9 13,1 13,3
Custo operacional (€/t) - TM
6 1 7 3 0 0 9 9 9 9
48,2 48,9 49,7 50,5 51,2 52,0 60,7 61,6 62,6 63,6 64,5
Custo operacional (€/t) - CDA
2 7 3 0 8 7 3 7 3 0 9
27,4 27,8 28,2 28,7 29,1 34,0 34,5 35,0 35,6 36,1
Custo operacional (€/t) - CI 27
2 4 8 1 6 1 3 7 1 6
Custo eliminação de escórias e
5 5,08 5,16 5,24 5,32 5,40 6,30 6,40 6,49 6,59 6,70
cinzas (€/t) - CI
TGR - Aterro (€/t) 5,5 6,6 7,7 8,8 9,9 11 22 23,1 24,2 25,3 26,4
TGR - Valorização energética 1,37
1,65 1,93 2,20 2,48 2,75 5,50 5,78 6,05 6,33 6,60
incineração (€/t) 5
19,4 19,7 20,0 20,3 20,6 20,9 24,4 24,8 25,2 25,6 26,0
Tarifa Valorsul (€/t)
4 4 5 6 7 9 8 6 5 4 4
41,2 41,8 42,5 43,1 43,8 44,5 51,9 52,7 53,5 54,3 55,2
Tarifa CITRI (€/t)
3 7 2 8 5 3 3 3 5 8 2
41,2 41,8 42,5 43,1 43,8 44,5 51,9 52,7 53,5 54,3 55,2
Tarifa Ribtejo (€/t)
3 7 2 8 5 3 3 3 5 8 2
41,2 41,8 42,5 43,1 43,8 44,5 51,9 52,7 53,5 54,3 55,2
Tarifa Resitejo (€/t)
3 7 2 8 5 3 3 3 5 8 2
Custo transporte Valorsul (€/t) 2,07 2,13 2,19 2,26 2,32 3,12 3,22 3,31 3,41 3,51
Custo transporte CITRI (€/t) 3,53 3,63 3,74 3,85 3,97 5,33 5,49 5,65 5,82 6,00
10,1 13,5 14,0 14,4 14,8 15,3
Custo transporte Ribtejo (€/t) 8,99 9,26 9,54 9,83
2 9 0 2 5 0
10,0 13,5 13,9 14,3 14,7 15,2
Custo transporte Resitejo (€/t) 8,94 9,21 9,48 9,77
6 1 1 3 6 0
Custo transporte CDA Abrunheira
1,67 1,72 1,77 1,83 1,88 2,53 2,60 2,68 2,76 2,85
(€/t)

Anexo 18 – Analise de investimento segundo o RTR (2014a)


O novo Regulamento Tarifário dos Serviços de Gestão de Resíduos Urbanos (RTR, 2014a) já
foi homologado pelo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia e está previsto que
tenha efeitos práticos, em toda a sua plenitude, a partir de 2016 sendo aplicável a todas as entidades
gestoras prestadoras de serviços de gestão de resíduos (RTR, 2014b).
Este regulamento “visa uniformizar a formação das tarifas de cada uma das atividades que
integram a cadeia de valor dos serviços de gestão de resíduos urbanos, num cenário de eficiência
produtiva, observando o cumprimento de princípios de cariz económico, social e ambiental, e promover

100
o equilíbrio entre a sustentabilidade da entidade gestora e a acessibilidade económica aos serviços por
parte dos seus utilizadores, num quadro de estabilidade regulatória.” (RTR, 2014b).
Neste documento o modelo técnico de fixação do preço tem como base o modelo de proveitos
permitidos. Neste modelo a restrição ativa é a receita, ou seja, é estabelecido um limite para os
proveitos permitidos à entidade gestora em função dos custos e dos benefícios a deduzir. Os proveitos
permitidos são definidos por períodos regulatórios e o seu cálculo depende dos custos reportados pelas
entidades gestoras e aceites pela ERSAR e de parâmetros definidos pela ERSAR relativos ao setor e
a cada entidade gestora. É importante salientar que uma vez que o RTR (2014a) ainda não entrou em
vigor, os parâmetros ainda não estão definidos.
No que respeita ao cálculo da tarifa para cada período regulatório esta é obtida pelo quociente
dos proveitos permitidos pela quantidade de RSU esperada para esse mesmo período.
Para determinar o VAL segundo a metodologia dos proveitos permitidos descrita no RTR
(2014a) é necessário calcular o valor de WACC. Como mencionado anteriormente o WACC vai ser
determinado com base na metodologia descrita no RTR (2014a) Para tal foi necessário determinar
alguns parâmetros com base em valores históricos.
A taxa de juro sem risco foi determinada através da média dos valores anuais dos últimos 15
anos das taxas de rentabilidade das Obrigações do Tesouro da República Portuguesa a 10 anos (Banco
de Portugal, 2015).
Outros parâmetros como o produto do beta do capital próprio com o premio de risco de mercado
foi considerado 3% com base no RTR (2014a).
De acordo com a equação (45) e é possível obter diretamente o custo da dívida e como tal
vamos analisar o custo de capital alheio da Tratolixo, Valorsul e Lipor e considerar a média obtida (ver
Tabela 63), para tal foram utilizados dados históricos retirados dos Relatórios e Contas das empresas
(de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014).
Para determinar parâmetros mais característicos da empresa como a participação do
financiamento por terceiros no total do financiamento e a participação do capital próprio no total do
financiamento recorreu-se aos Relatórios de Contas da Tratolixo (de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e
2014) de onde se extraíram e utilizaram os valores contidos na Tabela 64.
Relativamente ao IRC e a derrama municipal estes foram retirados de documentos presentes
na referência PwC (2015).
Na Tabela 65 encontram-se os valores determinados e admitidos para calcular o WACC.

Tabela 54 – Valores utilizados para determinação do custo da divida em €


Tratolixo
Médi
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014
a
Gastos financeiros 2 937 668 2 328 805 2 213 494 2 352 502 1 998 412 1 305 255 -
Financiamentos
64 714 976 54 413 316 48 973 806 44 968 376 33 283 755 32 518 918 -
obtidos
0,09
rd 0,091 0,081 0,099 0,103 0,084 0,113
5
Lipor
Médi
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014
a
Gastos financeiros 6 259 915 6 291 682 5 768 555 5 533 124 4 501 751 4 002 073 -
Financiamentos
113 994 308 112 885 847 103 499 859 94 538 915 85 311 601 77 652 690 -
obtidos
0,05
rd 0,055 0,056 0,056 0,059 0,053 0,052
5
Valorsul

101
Médi
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014
a
Gastos financeiros 2 937 668 2 328 805 2 213 494 2 352 502 1 998 412 1 305 255 -
Financiamentos
64 714 976 54 413 316 48 973 806 44 968 376 33 283 755 32 518 918 -
obtidos
0,04
rd 0,045 0,043 0,045 0,052 0,060 0,040
8

Tabela 55 - Valores utilizados no cálculo de % capitais próprios, % passivo da Tratolixo em €


2009 2010 2011 2012 2013 2014 Média
Total capital
20 683 803 19 216 339 10 089 135 8 162 311 9 997 111 15 529 621 -
próprio
171 842
Total passivo 122 809 124 166 181 963 173 847 509 194 351 674 191 214 276 -
484
Parâmetros
% Capitais Próprios 0,144 0,104 0,055 0,040 0,050 0,083 0,079
% Passivo 0,856 0,896 0,945 0,960 0,950 0,917 0,921

Tabela 56 - Valores utilizados para a determinação do WACC


Valores pelo método do RTR
Parâmetro Fonte
(2014a)
Taxa de juro sem risco 5,29 % Banco Portugal (2015)
Beta do capital próprio x Prémio de risco do
3% RTR (2014a)
mercado
Custo da dívida (média de entidades portuguesas
6,6 %
comparáveis)
Custo de capital próprio 8,3 %
% Capital Próprio Tratolixo: 7,9 %
% Dívida Tratolixo: 92,1 %
IRC + derrama municipal 22,5 % PwC (2015)
WACC Tratolixo: 5,4 %

Na Tabela 66 apresentam-se os resultados obtidos para o VAL e PI obtidos para cada projeto
e respetivos cenários e as Tabelas 51 a 60 correspondem aos fluxos mássicos determinados em cada
alternativa e as Tabelas 67 a 76 contêm os fluxos monetários utilizados para calcular os projetos de
investimento. Nas Tabelas 32, 61 e 62 estão todos os parâmetros admitidos para o cálculo dos cash
flows.

Tabela 57 - Resultados obtidos


Projeto 1 2
Cenário C1 C2 C3 C1 C2
NPV -59 449 661 -52 240 296 -59 449 661 -204 999 249 -219 591 414
IR -3,963 -3,482 -3,963 -1,228 -1,314

Ambos os projetos obtiveram um VAL e IR negativos em todos os cenários. No projeto 1 os


cenários 1 e 3 obtiveram os mesmos valores de VAL e IR, sendo eles, -59 449 661 € e -3,963
respetivamente e no cenário 2 o VAL foi de – 52 240 296 e IR de -3,482. No projeto 2 foram obtidos
VAL de -204 999 249 € e 219 591 414 € e IR de -1,228 e -1,314 para os cenários 1 e 2 respetivamente.

Tabela 58 - Cash Flows do cenário 1 do projeto 1


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
Tratamento mecânico
Vendas de recicláveis - 4 445 4 514 4 584 4 655 4 727 5 599 5 685 5 774 5 863 5 954
Receitas adicionais (€) 490 395 368 426 585 104 890 022 519 404
11 11 12 12 12 14 14 15 15 16
Custo de exploração
716 996 280 569 863 552 909 273 643 019
atualizado (€)
008 168 714 745 360 231 726 376 327 725
13 11
9 375 7 500 5 625
Valor contabilístico (€) 125 250 0 0 0 0 0
000 000 000
000 000
13 11
Base de ativos regulados 9 750 7 875 6 000 375 375 375 375 375
500 625
(BAR) (€) 000 000 000 000 000 000 000 000
000 000
2 815 2 685 2 554 2 423 2 293 26 26 26 26 26
Custo de capital (€)
645 000 355 710 065 129 129 129 129 129

102
10 10 10 10 10 10
8 979 9 249 9 525 9 805
Proveitos permitidos (€) 086 166 250 338 428 091
256 965 484 937
163 773 701 028 840 450
Digestão Anaeróbia
Vendas de recicláveis - 138 141 143 145 147 174 177 180 183 186
Receitas adicionais (€) 922 075 262 482 737 972 684 438 235 075
Venda de eletricidade - 2 812 2 832 2 851 2 871 2 891 3 122 3 144 3 166 3 188 3 210
Receitas adicionais (€) 401 087 912 875 979 621 479 490 656 976
15 15 16 16 16 19 20 20 20 21
Venda de composto (€)
716 960 207 459 714 795 102 413 730 051
10 10 10
Custo de exploração 4 993 5 088 6 215 6 325 6 436 6 550 6 664
589 681 774
atualizado (€) 113 254 115 361 996 041 519
445 225 109
11
5 875
Valor contabilístico (€) 750 0 0 0 0 0 0 0 0
000
000
12
Base de ativos regulados 6 704 829 829 829 829 829 829 829 829
579
(BAR) (€) 412 412 412 412 412 412 412 412 412
412
6 751 6 342 5 932 57 57 57 57 57 57 57
Custo de capital (€)
501 146 791 791 791 791 791 791 791 791
14 14 13
2 017 2 089 2 955 3 040 3 127 3 215 3 304
Proveitos permitidos (€) 373 034 695
088 616 519 887 445 212 208
907 249 520
24 24 23 12 12 11 12 12 13 13
Total de proveitos
460 201 946 355 518 934 290 652 021 395
permitidos (€)
070 022 220 116 455 774 852 929 149 658
Tratamento mecânico
-3 046 -3 093 -3 141 -3 190 -3 239 -3 837 -3 896 -3 956 -4 018 -4 080
Custos operacionais (€)
500 721 673 369 820 073 548 944 277 560
Custo de gestão de -357 -418 -479 -541 -603 -1 318 -1 386 -1 454 -1 523 -1 592
resíduos - aterro (€) 525 492 871 667 888 323 193 584 505 963
Custo gestão de resíduos - -257 -301 -345 -389 -434 -948 -997 -1 046 -1 095 -1 145
incineração (€) 157 009 157 605 359 231 049 240 813 772
Compra serviço - Valorsul -3 076 -3 134 -3 193 -3 254 -3 315 -4 082 -4 161 -4 241 -4 323 -4 406
(€) 741 768 967 362 980 606 175 368 221 771
-998 -1 016 -1 036 -1 055 -1 075 -1 324 -1 349 -1 375 -1 402 -1 429
Compra serviço - CITRI (€)
160 985 190 783 774 483 973 989 544 649
-816 -831 -847 -863 -879 -1 082 -1 103 -1 125 -1 146 -1 168
Compra serviço - Ribtejo (€)
116 508 211 231 575 926 766 038 749 911
Compra serviço - Resitejo -453 -462 -471 -479 -489 -602 -613 -625 -637 -649
(€) 789 347 078 986 074 144 732 560 632 955
Custo transporte - Valorsul -321 -332 -343 -355 -367 -527 -545 -564 -583 -603
(€) 930 668 772 256 132 998 815 249 320 052
-84 -86 -89 -92 -95 -137 -142 -147 -152 -157
Custo transporte - CITRI (€)
066 870 769 768 869 876 529 342 322 475
Custo transporte - Ribtejo -175 -181 -187 -193 -199 -287 -297 -307 -317 -328
(€) 287 134 180 433 899 489 190 227 611 355
Custo transporte - Resitejo -96 -100 -103 -106 -110 -158 -164 -169 -175 -181
(€) 875 106 448 903 477 885 246 793 532 470
Custo transporte - CDA -156 -161 -166 -171 -176 -244 -251 -259 -266 -274
Abrunheira (€) 862 559 397 381 513 197 510 042 799 789
-1 875 -1 875 -1 875 -1 875 -1 875
Depreciações (€)
000 000 000 000 000
-11 -11 -12 -12 -12 -14 -14 -15 -15 -16
Custos operacionais totais
716 996 280 569 863 552 909 273 643 019
(€)
008 168 714 745 360 231 726 376 327 725
Digestão Anaeróbia
-4 590 -4 661 -4 734 -4 807 -4 882 -5 781 -5 871 -5 962 -6 055 -6 148
Custos operacionais (€)
695 850 109 488 004 990 611 621 041 894
Custo gestão de resíduos - -123 -144 -165 -185 -206 -433 -453 -474 -495 -515
digestão anaeróbia (€) 750 375 000 625 250 125 750 375 000 625
-5 875 -5 875 -5 875
Depreciações (€) 0 0 0 0 0 0 0
000 000 000
-10 -10 -10
Custos operacionais totais -4 993 -5 088 -6 215 -6 325 -6 436 -6 550 -6 664
589 681 774
(€) 113 254 115 361 996 041 519
445 225 109
-22 -22 -23 -17 -17 -20 -21 -21 -22 -22
Custos operacionais
305 677 054 562 951 767 235 710 193 684
totais (€)
453 393 823 857 614 346 087 372 368 244
-5 595 -6 226 -6 858 -7 082 -7 308 -8 832 -8 944 -9 057 -9 172 -9 288
EBIT
382 371 603 741 158 572 235 443 219 586
-4 336 -4 825 -5 315 -5 489 -5 663 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
EBIT (1-IRC)
421 438 417 124 823 243 782 518 470 654
3 413 2 924 2 434 -3 614 -3 788 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
CF Operacional
579 562 583 124 823 243 782 518 470 654
-15
3 413 2 924 2 434 -3 614 -3 788 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
CF Total 000
579 562 583 124 823 243 782 518 470 654
000
-15
3 238 2 632 2 079 -2 928 -2 912 -2 950 -2 835 -2 723 -2 617 -2 514
CF Total descontado 000
689 568 231 469 737 795 009 807 005 427
000

103
Tabela 59 - Cash Flows do cenário 2 do projeto 1
Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
Tratamento mecânico
Vendas de recicláveis - 4 445 4 514 4 584 4 655 4 727 5 599 5 685 5 774 5 863 5 954
Receitas adicionais (€) 490 395 368 426 585 104 890 022 519 404
4 575 4 659 4 744 -3 -3
Custo de exploração 5 377 5 439 5 502 5 566 5 632
602 383 903 257 374
atualizado (€) 086 148 435 976 799
219 616
13 125 11 250 9 375 7 500 5 625 0 0 0 0 0
Valor contabilístico (€)
000 000 000 000 000
Base de ativos regulados 13 500 11 625 9 750 7 875 6 000 375 375 375 375 375
(BAR) (€) 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
2 815 2 685 2 554 2 423 2 293 26 129 26 129 26 129 26 26
Custo de capital (€)
645 000 355 710 065 129 129
-997 -1 000 -1 002 -9 -9
3 747 3 609 3 472 3 335 3 198
Proveitos permitidos (€) 373 378 989 094 302
242 753 422 260 279
609 890
Digestão Anaeróbia
Vendas de recicláveis - 138 141 143 145 147 174 177 180 183 186
Receitas adicionais (€) 922 075 262 482 737 972 684 438 235 075
Venda de eletricidade - 2 812 2 832 2 851 2 871 2 891 3 122 3 144 3 166 3 188 3 210
Receitas adicionais (€) 401 087 912 875 979 621 479 490 656 976
19 795 20 102 20 413 20 21
Venda de composto (€) 15 716 15 960 16 207 16 459 16 714
730 051
Custo de exploração 10 589 10 681 10 774 4 993 5 088 6 215 6 325 6 436 6 550 6 664
atualizado (€) 445 225 109 113 254 115 361 996 041 519
11 750 5 875 0 0 0 0 0
Valor contabilístico (€) 0 0 0
000 000
Base de ativos regulados 12 579 6 704 829 829 829 829 829 829 829 829
(BAR) (€) 412 412 412 412 412 412 412 412 412 412
6 751 6 342 5 932 57 791 57 791 57 791 57 57
Custo de capital (€) 57 791 57 791
501 146 791 791 791
14 373 14 034 13 695 2 017 2 089 2 955 3 040 3 127 3 215 3 304
Proveitos permitidos (€)
907 249 520 088 616 519 887 445 212 208
Aterro Sanitário -
Ecoparque da Abrunheira
Custo de exploração 5 059 5 317 5 578 5 841 6 105 6 668 6 961 7 257 0 0
atualizado (€) 442 968 533 175 928 442 565 328
17 500 15 000 12 500 10 000 7 500
Valor contabilístico (€)
000 000 000 000 000
Base de ativos regulados 18 100 15 600 13 100 10 600 8 100 600 600 600 600 600
(BAR) (€) 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
1 261 1 086 912 738 564 41 806 41 806 41 806 41 41
Custo de capital (€)
161 968 774 581 387 806 806
6 320 6 404 6 491 6 579 6 670 6 710 7 003 7 299 41 41
Proveitos permitidos (€)
604 935 308 756 315 249 372 134 806 806
8 668 9 043 9 423 -5 -5
Total de proveitos 24 441 24 048 23 659 11 932 11 958
394 880 590 837 956
permitidos (€) 752 938 249 103 209
591 875
Tratamento mecânico
-3 837 -3 896 -3 956 -4 -4
-3 046 -3 093 -3 141 -3 190 -3 239
Custos operacionais (€) 073 548 944 018 080
500 721 673 369 820
277 560
Compra serviço - Valorsul 5 826 5 939
(€) 443 044
Custo gestão de resíduos - 1 476 1 544
incineração (€) 837 168
Custo transporte - Valorsul 786 812
(€) 146 739
Custo transporte - CDA -455 -470 -485 -501 -517 -738 -762 -787 -813 -840
Abrunheira (€) 586 427 762 607 979 529 835 959 929 775
-1 875 -1 875 -1 875 -1 875 -1 875
Depreciações (€)
000 000 000 000 000
Custos operacionais totais -5 377 -5 439 -5 502 -5 566 -5 632 -4 575 -4 659 -4 744 3 257 3 374
(€) 086 148 435 976 799 602 383 903 219 616
Digestão Anaeróbia
-5 781 -5 871 -5 962 -6 -6
-4 590 -4 661 -4 734 -4 807 -4 882
Custos operacionais (€) 990 611 621 055 148
695 850 109 488 004
041 894
Custo gestão de resíduos - -123 -144 -165 -185 -206 -433 -453 -474 -495 -515
digestão anaeróbia (€) 750 375 000 625 250 125 750 375 000 625
-5 875 -5 875 -5 875 0 0 0 0 0
Depreciações (€) 0 0
000 000 000
-10 -10 -10 -6 215 -6 325 -6 436 -6 -6
Custos operacionais totais -4 993 -5 088
589 681 774 115 361 996 550 664
(€) 113 254
445 225 109 041 519
Aterro Sanitário -
Ecoparque da Abrunheira
-1 173 -1 195 -1 217 -1 240 -1 264 -1 556 -1 586 -1 617 0 0
Custos operacionais (€)
150 275 847 876 371 682 640 218

104
Custo gestão de resíduos - -1 386 -1 622 -1 860 -2 100 -2 341 -5 111 -5 374 -5 640 0 0
aterro (€) 292 692 686 299 557 760 925 110
-2 500 -2 500 -2 500 -2 500 -2 500 0 0 0 0 0
Depreciações (€)
000 000 000 000 000
Custos operacionais totais -5 059 -5 317 -5 578 -5 841 -6 105 -6 668 -6 961 -7 257 0 0
(€) 442 968 533 175 928 442 565 328
-21 -21 -21 -16 -16 -17 -17 -18 -3 -3
Custos operacionais totais
025 438 855 401 826 459 946 439 292 289
(€)
973 341 078 264 981 160 309 227 822 904
-8 790 -8 902 -9 015 -9 -9
-6 834 -7 639 -8 445 -8 844 -9 243
EBIT 765 428 637 130 246
221 403 829 160 771
413 779
-6 812 -6 899 -6 987 -7 -7
-5 296 -5 920 -6 545 -6 854 -7 163
EBIT (1-IRC) 843 382 118 076 166
521 538 517 224 923
070 254
-6 812 -6 899 -6 987 -7 -7
4 953 4 329 3 704 -2 479 -2 788
CF Operacional 843 382 118 076 166
479 462 483 224 923
070 254
-15 -6 812 -6 899 -6 987 -7 -7
4 953 4 329 3 704 -2 479 -2 788
CF Total 000 843 382 118 076 166
479 462 483 224 923
000 070 254
-15 -2 936 -2 821 -2 711 -2 -2
4 699 3 897 3 163 -2 008 -2 144
CF Total descontado 000 829 758 235 605 503
695 200 776 877 043
000 077 110

Tabela 60 - Cash Flows do cenário 3 do projeto 1


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
Tratamento mecânico
Vendas de recicláveis - 4 445 4 514 4 584 4 655 4 727 5 599 5 685 5 774 5 863 5 954
Receitas adicionais (€) 490 395 368 426 585 104 890 022 519 404
10 10 10 10 10 11 11 12 12 12
Custo de exploração
005 209 416 626 840 572 835 102 374 651
atualizado (€)
354 048 084 538 485 962 441 585 502 301
13 11
9 375 7 500 5 625
Valor contabilístico (€) 125 250 0 0 0 0 0
000 000 000
000 000
13 11
Base de ativos regulados 9 750 7 875 6 000 375 375 375 375 375
500 625
(BAR) (€) 000 000 000 000 000 000 000 000
000 000
2 815 2 685 2 554 2 423 2 293 26 26 26 26 26
Custo de capital (€)
645 000 355 710 065 129 129 129 129 129
8 375 8 379 8 386 8 394 8 405 5 999 6 175 6 354 6 537 6 723
Proveitos permitidos (€)
510 652 071 822 964 987 680 693 112 026
Digestão Anaeróbia
Vendas de recicláveis - 138 141 143 145 147 174 177 180 183 186
Receitas adicionais (€) 922 075 262 482 737 972 684 438 235 075
Venda de eletricidade - 2 812 2 832 2 851 2 871 2 891 3 122 3 144 3 166 3 188 3 210
Receitas adicionais (€) 401 087 912 875 979 621 479 490 656 976
15 15 16 16 16 19 20 20 20 21
Venda de composto (€)
716 960 207 459 714 795 102 413 730 051
10 10 10
Custo de exploração 4 993 5 088 6 215 6 325 6 436 6 550 6 664
589 681 774
atualizado (€) 113 254 115 361 996 041 519
445 225 109
11
5 875
Valor contabilístico (€) 750 0 0 0 0 0 0 0 0
000
000
12
Base de ativos regulados 6 704 829 829 829 829 829 829 829 829
579
(BAR) (€) 412 412 412 412 412 412 412 412 412
412
6 751 6 342 5 932 57 57 57 57 57 57 57
Custo de capital (€)
501 146 791 791 791 791 791 791 791 791
14 14 13
2 017 2 089 2 955 3 040 3 127 3 215 3 304
Proveitos permitidos (€) 373 034 695
088 616 519 887 445 212 208
907 249 520
22 22 22 10 10 10
Total de proveitos 8 955 9 216 9 482 9 752
749 413 081 411 495 027
permitidos (€) 505 567 138 324
417 902 590 910 580 234
Tratamento mecânico
-3 046 -3 093 -3 141 -3 190 -3 239 -3 837 -3 896 -3 956 -4 018 -4 080
Custos operacionais (€)
500 721 673 369 820 073 548 944 277 560
Custo gestão de resíduos - -346 -405 -465 -525 -585 -1 277 -1 343 -1 410 -1 476 -1 544
incineração (€) 573 673 172 075 389 940 731 028 837 168
Compra serviço - Valorsul -4 146 -4 224 -4 304 -4 385 -4 468 -5 502 -5 608 -5 716 -5 826 -5 939
(€) 552 755 537 932 976 164 052 129 443 044
Custo transporte - Valorsul -433 -448 -463 -478 -494 -711 -735 -760 -786 -812
(€) 868 339 305 781 787 587 600 443 146 739
Custo transporte - CDA -156 -161 -166 -171 -176 -244 -251 -259 -266 -274
Abrunheira (€) 862 559 397 381 513 197 510 042 799 789
-1 875 -1 875 -1 875 -1 875 -1 875
Depreciações (€)
000 000 000 000 000

105
-10 -10 -10 -10 -10 -11 -11 -12 -12 -12
Custos operacionais totais
005 209 416 626 840 572 835 102 374 651
(€)
354 048 084 538 485 962 441 585 502 301
Digestão Anaeróbia
-4 590 -4 661 -4 734 -4 807 -4 882 -5 781 -5 871 -5 962 -6 055 -6 148
Custos operacionais (€)
695 850 109 488 004 990 611 621 041 894
Custo gestão de resíduos - -123 -144 -165 -185 -206 -433 -453 -474 -495 -515
digestão anaeróbia (€) 750 375 000 625 250 125 750 375 000 625
-5 875 -5 875 -5 875
Depreciações (€) 0 0 0 0 0 0 0
000 000 000
-10 -10 -10
Custos operacionais totais -4 993 -5 088 -6 215 -6 325 -6 436 -6 550 -6 664
589 681 774
(€) 113 254 115 361 996 041 519
445 225 109
-20 -20 -21 -15 -15 -17 -18 -18 -18 -19
Custos operacionais
594 890 190 619 928 788 160 539 924 315
totais (€)
799 273 193 651 739 077 802 581 543 820
-5 595 -6 226 -6 858 -7 082 -7 308 -8 832 -8 944 -9 057 -9 172 -9 288
EBIT
382 371 603 741 158 572 235 443 219 586
-4 336 -4 825 -5 315 -5 489 -5 663 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
EBIT (1-IRC)
421 438 417 124 823 243 782 518 470 654
3 413 2 924 2 434 -3 614 -3 788 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
CF Operacional
579 562 583 124 823 243 782 518 470 654
-15
3 413 2 924 2 434 -3 614 -3 788 -6 845 -6 931 -7 019 -7 108 -7 198
CF Total 000
579 562 583 124 823 243 782 518 470 654
000
-15
3 238 2 632 2 079 -2 928 -2 912 -2 950 -2 835 -2 723 -2 617 -2 514
CF Total descontado 000
689 568 231 469 737 795 009 807 005 427
000

Tabela 61 - Cash Flows do cenário 1 do projeto 2


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
Tratamento mecânico
Vendas de recicláveis - 666 677 687 698 709 839 852 866 879 893
Receitas adicionais (€) 824 159 655 314 138 866 884 103 528 161
Custo de exploração 1 680 1 708 1 737 1 766 1 796 2 162 2 199 2 237 2 275 2 315
atualizado (€) 112 420 234 565 423 734 784 514 938 069
Valor contabilístico (€) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Base de ativos regulados 225 225 225 225 225 225 225 225 225 225
(BAR) (€) 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000
15 15 15 15 15 15 15 15 15 15
Custo de capital (€)
677 677 677 677 677 677 677 677 677 677
1 028 1 046 1 065 1 083 1 102 1 338 1 362 1 387 1 412 1 437
Proveitos permitidos (€)
966 938 256 929 963 545 578 088 087 586
Digestão Anaeróbia
Vendas de recicláveis - 138 141 143 145 147 174 177 180 183 186
Receitas adicionais (€) 922 075 262 482 737 972 684 438 235 075
Venda de eletricidade - 2 812 2 832 2 851 2 871 2 891 3 122 3 144 3 166 3 188 3 210
Receitas adicionais (€) 401 087 912 875 979 621 479 490 656 976
15 15 16 16 16 19 20 20 20 21
Venda de composto (€)
716 960 207 459 714 795 102 413 730 051
10 10 10 6 215 6 325 6 436 6 550 6 664
Custo de exploração
589 681 774 4 993 5 088 115 361 996 041 519
atualizado (€)
445 225 109 113 254
11 0 0 0 0 0
Valor contabilístico (€) 750 5 875
000 000 0 0 0
12 829 829 829 829 829
Base de ativos regulados
579 6 704 829 829 829 412 412 412 412 412
(BAR) (€)
412 412 412 412 412
6 751 6 342 5 932 57 57 57 57 57 57 57
Custo de capital (€)
501 146 791 791 791 791 791 791 791 791
14 14 13 2 955 3 040 3 127 3 215 3 304
Proveitos permitidos (€) 373 034 695 2 017 2 089 519 887 445 212 208
907 249 520 088 616
Central de Incineração
10 10 10 11 11
Venda de eletricidade -
9 210 9 301 9 394 9 489 9 584 714 824 936 050 165
Receitas adicionais (€)
132 967 929 036 305 204 879 970 498 488
21 21 21 21 21 10 10 10 11 11
Custo de exploração
038 229 422 619 818 310 551 795 043 295
atualizado (€)
661 314 827 258 668 701 066 326 563 861
153 139 125 111 97
Valor contabilístico (€) 083 166 250 333 416
333 667 000 333 667
159 145 131 117 103 6 262 6 262 6 262 6 262 6 262
Base de ativos regulados
345 429 512 595 679 500 500 500 500 500
(BAR) (€)
833 167 500 833 167
11 10 436 436 436 436 436
Custo de capital (€) 102 133 9 163 8 193 7 224 355 355 355 355 355
806 129 452 774 097

106
22 22 21 20 19 32 162 294 429 566
Proveitos permitidos (€) 931 060 191 323 458 852 542 712 420 729
335 476 349 996 459
38 37 35 23 22 4 326 4 566 4 809 5 056 5 308
Total de proveitos
334 141 952 425 651 916 007 245 719 523
permitidos (€)
207 663 125 013 038
Tratamento mecânico
-1 523 -1 546 -1 570 -1 595 -1 619 -1 918 -1 948 -1 978 -2 009 -2 040
Custos operacionais (€)
250 860 837 185 910 537 274 472 139 280
Custo transporte - CDA -156 -161 -166 -171 -176 -244 -251 -259 -266 -274
Abrunheira (€) 862 559 397 381 513 197 510 042 799 789
Depreciações (€) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Custos operacionais totais -1 680 -1 708 -1 737 -1 766 -1 796 -2 162 -2 199 -2 237 -2 275 -2 315
(€) 112 420 234 565 423 734 784 514 938 069
Digestão Anaeróbia
-4 590 -4 661 -4 734 -4 807 -4 882 -5 781 -5 871 -5 962 -6 055 -6 148
Custos operacionais (€)
695 850 109 488 004 990 611 621 041 894
Custo gestão de resíduos - -123 -144 -165 -185 -206 -433 -453 -474 -495 -515
digestão anaeróbia (€) 750 375 000 625 250 125 750 375 000 625
-5 875 -5 875 -5 875 0 0 0 0 0
Depreciações (€)
000 000 000 0 0
-10 -10 -10 -6 215 -6 325 -6 436 -6 550 -6 664
Custos operacionais totais
589 681 774 -4 993 -5 088 115 361 996 041 519
(€)
445 225 109 113 254
Central de Incineração
-6 458 -6 577 -6 699 -6 823 -6 950 -8 522 -8 683 -8 847 -9 014 -9 185
Custos operacionais (€)
271 724 538 762 449 503 219 187 476 161
Custo eliminação escórias e -275 -280 -285 -290 -296 -362 -369 -376 -383 -391
cinzas (€) 075 162 351 642 038 996 841 825 950 220
Custo gestão de resíduos - -388 -454 -521 -588 -655 -1 425 -1 498 -1 571 -1 645 -1 719
valorização energética (€) 648 761 272 187 514 202 006 315 137 480
-13 -13 -13 -13 -13
Depreciações (€) 916 916 916 916 916
667 667 667 667 667
-21 -21 -21 -21 -21 -10 -10 -10 -11 -11
Custos operacionais totais
038 229 422 619 818 310 551 795 043 295
(€)
661 314 827 258 668 701 066 326 563 861
-33 -33 -33 -28 -28 -18 -19 -19 -19 -20
Custos operacionais totais
308 618 934 378 703 688 076 469 869 275
(€)
217 959 170 936 345 550 211 836 543 450
-14 -16 -17 -18 -19 -14 -14 -14 -14 -14
EBIT 765 268 773 870 968 361 510 660 812 966
676 963 712 590 973 634 204 591 823 927
-11 -12 -13 -14 -15 -11 -11 -11 -11 -11
EBIT (1-IRC) 443 608 774 624 475 130 245 361 479 599
399 446 627 707 954 266 408 958 938 368
-11 -11 -11 -11 -11
CF Operacional 8 348 7 183 6 017 -708 -1 559 130 245 361 479 599
268 221 040 041 288 266 408 958 938 368
-167 -11 -11 -11 -11 -11
CF Total 000 8 348 7 183 6 017 -708 -1 559 130 245 361 479 599
000 268 221 040 041 288 266 408 958 938 368
-167 -4 797 -4 599 -4 408 -4 226 -4 051
CF Total descontado 000 7 920 6 466 5 138 -573 -1 198 951 227 818 374 559
000 557 034 792 714 735

Tabela 62 - Cash Flows do cenário 2 do projeto 2


Anos
0 1 2 3 4 5 16 17 18 19 20
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2031 2032 2033 2034 2035
Digestão Anaeróbia
Vendas de recicláveis - 296 300 305 310 315 373 379 384 390 396
Receitas adicionais (€) 366 960 625 362 172 274 059 935 901 960
Venda de eletricidade - 2 812 2 832 2 851 2 871 2 891 3 122 3 144 3 166 3 188 3 210
Receitas adicionais (€) 401 087 912 875 979 621 479 490 656 976
15 15 16 16 16 19 20 20 20 21
Venda de composto (€)
716 960 207 459 714 795 102 413 730 051
16 16 16 10 10 13 13 13 13 14
Custo de exploração
020 200 382 691 878 124 346 572 801 033
atualizado (€)
951 224 055 487 563 098 577 339 439 934
11
5 875
Valor contabilístico (€) 750 0 0 0 0 0 0 0 0
000
000
12
Base de ativos regulados 6 704 829 829 829 829 829 829 829 829
579
(BAR) (€) 412 412 412 412 412 412 412 412 412
412
6 751 6 342 5 932 57 57 57 57 57 57 57
Custo de capital (€)
501 146 791 791 791 791 791 791 791 791
19 19 19 10 10 10
7 550 7 712 9 666 9 860
Proveitos permitidos (€) 647 393 141 058 258 462
583 490 200 728
969 363 103 292 944 738
Central de Incineração

107
10 10 11 11 11 12 12 12 13 13
Venda de eletricidade -
872 980 090 200 312 640 770 901 035 170
Receitas adicionais (€)
857 806 075 683 652 173 164 811 141 178
21 21 21 21 21 10 10 10 11 11
Custo de exploração
142 335 531 730 932 454 697 944 195 451
atualizado (€)
598 720 725 672 622 319 547 701 861 114
153 139 125 111 97
Valor contabilístico (€) 083 166 250 333 416
333 667 000 333 667
159 145 131 117 103
Base de ativos regulados 6 262 6 262 6 262 6 262 6 262
345 429 512 595 679
(BAR) (€) 500 500 500 500 500
833 167 500 833 167
11 10
9 163 8 193 7 224 436 436 436 436 436
Custo de capital (€) 102 133
452 774 097 355 355 355 355 355
806 129
21 20 19 18 17
-1 749 -1 636 -1 520 -1 402 -1 282
Proveitos permitidos (€) 372 488 605 723 844
499 262 756 924 709
547 043 101 763 067
41 39 38 26 25
Total de proveitos 7 916 8 224 8 537 8 856 9 180
020 881 746 274 556
permitidos (€) 701 466 536 019 029
516 406 204 346 558
Digestão Anaeróbia
-10 -10 -10
-9 793 -9 945
Custos operacionais (€) 099 255 414
482 281
433 974 942
-12 -12 -12 -12 -13
Custo gestão de resíduos - -123 -144 -165 -185 -206
334 526 720 917 117
digestão anaeróbia (€) 750 375 000 625 250
912 103 257 421 641
Custo de Transporte para -228 -235 -242 -249 -257 -433 -453 -474 -495 -515
Trajouce (€) 719 568 623 888 372 125 750 375 000 625
-5 875 -5 875 -5 875 -356 -366 -377 -389 -400
Depreciações (€) 0 0
000 000 000 061 724 706 018 668
-16 -16 -16 -10 -10
Custos operacionais totais
020 200 382 691 878 0 0 0 0 0
(€)
951 224 055 487 563
-13 -13 -13 -13 -14
Central de Incineração 124 346 572 801 033
098 577 339 439 934
-6 552 -6 673 -6 796 -6 922 -7 050
Custos operacionais (€)
522 436 733 464 681
Custo eliminação escórias e -279 -284 -289 -294 -300 -8 641 -8 803 -8 969 -9 138 -9 311
cinzas (€) 089 239 490 846 307 213 769 605 792 404
Custo gestão de resíduos - -394 -461 -528 -596 -664 -368 -374 -382 -389 -396
valorização energética (€) 320 378 834 695 967 052 975 039 245 597
-13 -13 -13 -13 -13
-1 445 -1 518 -1 593 -1 667 -1 743
Depreciações (€) 916 916 916 916 916
054 803 057 824 113
667 667 667 667 667
-21 -21 -21 -21 -21
Custos operacionais totais
142 335 531 730 932
(€)
598 720 725 672 622
-37 -37 -37 -32 -32 -10 -10 -10 -11 -11
Custos operacionais totais
163 535 913 422 811 454 697 944 195 451
(€)
549 944 780 159 186 319 547 701 861 114
-15 -17 -18 -20 -21 -23 -24 -24 -24 -25
EBIT 934 446 959 064 171 578 044 517 997 485
699 205 243 480 295 417 124 039 300 048
-12 -13 -14 -15 -16 -15 -15 -15 -16 -16
EBIT (1-IRC) 349 520 693 549 407 661 819 979 141 305
392 809 413 972 753 716 658 504 281 019
-12 -12 -12 -12 -12
7 442 6 270 5 098 -1 633 -2 491
CF Operacional 137 260 384 509 636
275 858 254 306 087
830 235 115 493 390
-167 -12 -12 -12 -12 -12
7 442 6 270 5 098 -1 633 -2 491
CF Total 000 137 260 384 509 636
275 858 254 306 087
000 830 235 115 493 390
-167 -12 -12 -12 -12 -12
7 060 5 644 4 354 -1 323 -1 915
CF Total descontado 000 137 260 384 509 636
982 763 112 442 075
000 830 235 115 493 390

Anexo 19 - Encargos Financeiros


Tabela 63 - Encargos financeiros determinados
Projeto 1 Projeto 2
investimento capital alheio juros investimento capital alheio juros
2015 15 000 13 800 0 167 000 86 840 0
2016 12 489 1 311 0 78 590 8 250
2017 11 303 1 186 0 71 124 7 466
2018 10 229 1 074 0 64 367 6 757
2019 9 257 972 0 58 252 6 115
2020 8 378 879 0 52 718 5 534
21 7 582 796 0 47 710 5 008

108

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