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Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
O Desenvolvimento Científico de
Relevantes Conceitos da Física da
Modernidade aos Dia Atuais
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Apresentar as novas discussões sobre a verificabilidade da validade de pesquisas científicas,
como falsificacionismo de Popper e a mudança de paradigma de Kuhn, para evidenciar as
mais recentes visões sobre o conhecimento científico e validade de suas teorias;
• Apresentar as mais relevantes teorias científicas da Física Moderna aos dias atuais sob esse
ponto de vista.
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da Física da Modernidade aos Dia Atuais
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Entretanto, um grande número de cientistas atesta em seus trabalhos o desen-
volvimento favorável do pensamento científico e de grandes atividades no campo
teórico e experimental nessa época.
No século XIX, além da contribuição relevante de vários matemáticos, outros
aspectos importantes da Ciência devem ser assinalados por significarem desenvolvi-
mentos que virão a caracterizar o Mundo da Ciência na etapa histórica atual.
O primeiro aspecto, segundo Rosa (2012), seria o da quebra da subordinação da
Ciência à Religião, o que se tornou patente com a separação do Estado e da Religião
no século seguinte, bem como o predomínio de uma mentalidade laica e positiva no
meio científico.
Outro aspecto da Ciência, no século XIX, é seu caráter fundamentalmente eu-
ropeu, vez que os EUA despontariam, somente no final do século, como centro de
relativa importância de estudos e investigação em algumas áreas, como Geologia,
Astronomia, Botânica, Física e Biologia.
Na verdade, a Ciência só teria real atividade de âmbito mundial a partir do
século XX, intensificando-se um clima favorável à cooperação internacional, que se
traduziria em conferências em vários campos, como os da Matemática, da Botânica,
da Biologia, da Química, da Astronomia, da Geodésia e da Medicina.
Além disso, com a estruturação das diversas Ciências básicas, aliadas à utilização
de metodologias adequadas e à definitiva afirmação do pensamento científico, esta-
vam criadas as condições para a evolução das Ciências em novas e revolucionárias
bases, representando o início do período da Ciência Contemporânea, cujos funda-
mentos, não tanto metafísicos, são de ordem racional e positiva.
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Auguste Comte (1798-1857) foi quem deu o ponto de partida para esse novo
conceito e muitos de seus ensinamentos ainda prevalecem válidos até hoje.
A palavra ‘‘positivismo’’ teve seu sentido mudado ao longo desses anos, incorpo-
rando diferentes sentidos, sendo muitos deles opostos e contraditórios entre si.
Karl Popper e Thomas Kuhn devem ser lembrados como dois dos mais desta-
cados pensadores da Ciência do século XX. Ambos deram grande contribuição ao
pensamento científico e fomentaram um prolongado debate em torno de suas ideias
e também foram críticos das ideias positivistas, por razões distintas.
Para Popper, o Positivismo foi mais do que uma Filosofia precisa, a matriz dos
dogmatismos e das ortodoxias que, em todos os domínios, ele procurou combater.
No cerne dessa matriz, Popper descobriu uma concepção secular, a que identifica
a Ciência como uma atividade estritamente indutiva que, a partir de umas tantas
observações e experiências, avança hipóteses e formula leis sobre fenômenos, pro-
cedendo depois à sua generalização e verificação.
Para ele, foi essa concepção que a ingênua epistemologia da Modernidade con-
sagrou como paradigmática no âmbito das Ciências naturais e, depois, pretendeu
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exportar para o conjunto dos saberes e disciplinas. Popper sustenta que a Ciência
não é de ordem indutiva, mas conjectural – e que, por isso, se devem trocar as exi-
gências da verificabilidade pelas da falsificabilidade.
Como diz Popper, mesmo que se tenham observado milhares de cisnes brancos,
nada nos autoriza a afirmar que ‘‘todos os cisnes são brancos’’ e bastará uma única
observação de um único cisne negro para refutar aquela proposição.
Para ele, não há forma de se provar a verdade de uma Teoria Científica; por mais
corroborada que seja, não está livre de crítica e no futuro poderá se mostrar proble-
mática e poderá ser substituída por outra.
A História da Ciência mostra Teorias que, durante certo período de tempo, foram
corroboradas e, apesar disso, acabaram se tornando problemáticas. O exemplo mais
impressionante é o da Mecânica Newtoniana que, durante mais de duzentos anos foi
corroborada espetacularmente.
Assim, uma Teoria só pode ser considerada científica se for falseável ou refutável.
As Teorias de Gravitação Universal de Newton são científicas, pois, além de propo-
rem equações simples que descrevem os modelos cósmicos gravitacionais, também
é possível fazer previsões acertadas com base nelas.
Mas elas também são falseáveis, tanto que o foram, quando Albert Einstein com
sua Teoria da Relatividade demonstrou que a Mecânica Newtoniana não era válida
em velocidades próximas à da luz.
Para Kuhn, a Ciência segue um certo tipo de dogmatismo nesses intervalos, pois
se comporta e se desenvolve de acordo com o paradigma vigente.
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Esse paradigma engloba um conjunto de valores, teorias e métodos que irão in-
fluenciar e servir de ‘‘modelo’’ para uma ou várias comunidades científicas.
Com as Revoluções Científicas, os paradigmas se renovam e os ‘‘velhos” paradig-
mas são substituídos depois de um período de crise dentro da própria Ciência.
As crises se manifestam a partir de controvérsias ao redor de Metodologias, Teo-
rias, Valores e conceitos no campo científico.
Quando surgem novas concepções paradigmáticas, dá-se início a um período
de transição. Nesse período, há muito o que ser feito, pois a ansiedade pelo novo é
muito mais forte do que a tentativa de revigorar o velho paradigma.
Assim, as grandes revoluções científicas passaram por períodos de transição va-
riados e, dessa maneira, seguiram seus respectivos períodos de vigência enquanto
paradigmas. Pode-se citar como alguns dos representantes dessas revoluções cientí-
ficas: Copérnico, Galilei, Newton, Darwin e Einstein.
As Revoluções Científicas, quando tratadas por um espírito científico revolucioná-
rio e não-revolucionário, tornam-se extremamente complexas.
Kuhn afirma que os cientistas são dogmáticos ao avaliarem o próprio desenvolvi-
mento científico.
A criatividade tão apregoada como necessária e substancial ao recém-cientista é
reduzida a manuais ou cartilhas científicas no momento de qualquer avaliação – a
isso ele define como espírito revolucionário desativado ou em inércia.
Isso não significa que a criatividade esteja relacionada diretamente às Revoluções
Científicas, pois pode haver espíritos tanto criativos quanto potencialmente revolu-
cionários, sendo deles que parte a iniciativa para as Revoluções Científicas.
Portanto, em vez do enfoque no evento da descoberta em si, propõe-se a análise
de um contexto não como mito, segundo Popper, mas como um importante agregado
à construção científica.
Ter-se-ia um panorama científico que se desenvolve a partir de revoluções e de
espíritos revolucionários, podendo ocorrer de tempos em tempos, segundo Kuhn, ou
a todo momento, segundo Popper, ou ainda das duas maneiras concomitantemente.
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Apesar dessa postura, o anarquismo epistemológico apresentado por Feyerabend
não se converte simplesmente em uma análise negativa da Ciência e de seu racionalismo.
Os Aristotélicos supunham que o fato de uma pedra ser jogada de uma torre e cair
exatamente abaixo dela demonstraria que a terra é estacionária, pois se a terra se
movesse enquanto a pedra estivesse caindo, ela cairia em posição contrária à do mo-
vimento, os objetos cairiam inclinados em relação ao solo em vez de verticalmente.
Como isso não ocorre, os aristotélicos pensaram que essa seria uma evidência de
que a Terra não se movia.
Essa observação requereu uma nova interpretação para torná-la compatível com
a Teoria de Copérnico.
Antes que essas Teorias fossem articuladas, Galileu teve de lançar mão de alguns
métodos e proceder de maneira indutiva. Assim, hipóteses ad hoc, atualmente, têm
função positiva: elas fazem uma nova Teoria ser temporariamente compatível com
os fatos até que a Teoria a ser defendida possa ser suportada por outras teorias.
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Obviamente, serão abordagens sintéticas, mas que tentam dar uma ideia dos prin-
cipais conceitos e teorias dentro desses campos e sem a pretensão de cobri-los em
sua totalidade, o que seria impossível por vários motivos.
Ótica e luz
Nenhum trabalho original de relevância sobre ótica e luz surgiu na Europa até a
Renascença, segundo Rooney (2013).
Vimos que, nos séculos XVI e XVII, cientistas renomados como Copérnico, Ga-
lileu, Kepler e Newton desmantelaram o modelo aristotélico do Universo que havia
dominado o pensamento por quase dois mil anos, estabelecendo Leis da Mecânica
e da Ótica que permaneceram inalteradas por alguns séculos.
Dentre eles, Kepler e Newton foram os mais importantes para a Ótica, sem des-
cartar os trabalhos de Galileu com seu telescópio e os de Descartes, que mostravam
como os raios de luz chegavam aos olhos e essa informação era transmitida para a
glândula pineal.
O trabalho de Descartes descrevia o funcionamento do olho e sugeria aprimora-
mento aos telescópios. Usava analogias mecânicas para derivar muitas propriedades
da luz, como reflexão e difração, não aceitava a existência do vácuo, acreditando
num fluido intersticial fino, o éter, preenchendo todos os espaços e cuja pressão
desse fluido sobre a luz do Sol produziria a visão.
Já Newton dividiu com sucesso a luz branca em seu espectro constituinte e com-
binou os raios coloridos na luz branca, produzindo um espectro claro. Usou uma
pinhole de tela preta para deixar um fino feixe de luz penetrar e usou um prisma de
vidro lapidado com precisão para dividir o feixe, captando a imagem sobre uma tela
há vários metros de distância.
Nesse tipo de experimento, Newton sobrepôs seu rival Hooke, e para amenizar a
rivalidade, por pressão da Royal Society, Newton escreveu em carta pública a frase
célebre: “Se eu vi além, foi por me apoiar em ombros de gigantes”.
Uma câmera pinhole ou câmera estenopeica é uma máquina fotográfica sem lente.
A designação tem por base o inglês, pin-hole, “buraco de alfinete”, e é usada para referir a
fotografia estenopeica.
Esse tipo de fotografia é uma prática econômica e simples, pois utiliza uma caixa qualquer
em que a luz não penetre.
Uma coisa é reconhecer que a luz branca é um composto da luz colorida, mas isso
levantou a questão: do que é feita a luz colorida?
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Christian Huygens (1629-1695) desenvolveu a teoria de ‘‘frente de ondas”. Base-
ado em experimentos, explicava como as ondas evoluem e como se comportam ao
encontrar um obstáculo: sendo refletidas, refratadas ou difratadas.
As opiniões se dividiram quanto à descoberta desse princípio: se teria sido um lam-
pejo de genialidade ou sorte de ter chegado à resposta certa por razões equivocadas.
Durante o século XIX, vários cientistas de diferentes países europeus estabeleceram
a Teoria de que a luz é uma onda transversal, vibrando em um ângulo reto ou per-
pendicular à direção de propagação da onda.
Em 1817, o físico Augustin-Jean Fresnel (1788-1827) apresentou sua própria
Teoria e, em 1821, ele mostrou que a polarização podia ser explicada somente se a
luz abrangesse as ondas transversas, sem vibração longitudinal.
Isso respondia à objeção de Newton sobre a luz como onda. Fresnel é conhecido
como o inventor das lentes que levam seu nome, destinadas a aumentar o feixe que
brilha nos faróis.
Em 1801, o físico, médico e egiptólogo britânico Thomas Young (1773-1829) con-
duziu um experimento que parecia provar definitivamente a natureza ondulatória da luz.
Ele usou vários orifícios e notou um padrão complexo de difração, causado pela
interferência da luz nos orifícios. Young também propôs que cores diferentes de luz
são o resultado de diferentes comprimentos de onda, um passo para o que iria acon-
tecer, ao final do século XIX, de que a luz que vemos é apenas uma parte de um
Espectro de Radiação Eletromagnética (EMR).
Graças, principalmente, aos estudos de Fresnel e Young, os físicos foram se con-
vencendo de que era necessário abandonar a teoria corpuscular da luz, e o modelo
ondulatório se tornou uma unanimidade.
Para o estudo dos fenômenos ondulatórios da luz, foram desenvolvidos métodos
matemáticos bastante complicados. Foi também durante o século XIX que foram
estudadas as radiações infravermelha e ultravioleta, duas radiações semelhantes à
luz, porém invisíveis.
Assim, a óptica se ampliou, passando a abranger não apenas aquilo que vemos,
mas também certos tipos de “luz invisível” e, atualmente, sabe-se que esse espec-
tro abrange também raios gama, raios X, luz ultravioleta, luz visível, infravermelha,
micro-ondas, ondas de rádio e ondas longas.
O eletromagnetismo
A eletricidade e o magnetismo, segundo Martins que antes de 1800 eram consi-
derados apenas fenômenos curiosos sem muita importância, sofreram um importan-
te avanço durante o século XIX.
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Além disso, tivemos a invenção da pilha elétrica por Alessandro Volta (1745-
1827), químico, físico e pioneiro da eletricidade e da potência, creditado como o
inventor da bateria elétrica e o descobridor do metano.
Foi James Clerk Maxwell (1831-1879) quem mostrou pela primeira vez que a
radiação eletromagnética consiste em ondas transversais de energia que se movem
com a velocidade da luz.
Vamos registrar que o físico inglês Michel Faraday (1791-1867) já tinha demons-
trado a ligação entre eletromagnetismo e luz, em 1845, quando mostrou que um
plano de polarização de um feixe de luz sofre rotação por um campo magnético.
Ficou conhecido por ter dado forma final à Teoria Moderna do Eletromagnetismo,
que une a Eletricidade, o magnetismo e a Ótica.
Essa é a teoria que surge das equações de Maxwell, assim chamadas em sua hon-
ra e porque foi o primeiro a escrevê-las juntando a Lei de Ampère, modificada por
Maxwell, à Lei de Gauss e a Lei de indução, de Faraday.
A lei de Gauss foi elaborada em 1835, mas só foi publicada após 1867. Carl Friedrich Gauss
(1777-1855), matemático alemão que fez importantes contribuições para a Teoria dos Nú-
meros, a Geometria e a Probabilidade, tendo também contribuições em Astronomia e na
medição do tamanho e do formato da Terra.
A lei de Gauss estabelece a relação entre o fluxo do campo elétrico por meio de uma super-
fície fechada com a carga elétrica que existe dentro do volume limitado por esta superfície.
É uma das quatro equações de Maxwell.
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Ainda de acordo com Martins (2001), embora inicialmente o Eletromagnetismo
fosse apenas um assunto para pesquisa científica, logo levou a resultados práticos
importantes, como a construção de dínamos que produziam eletricidade a partir do
movimento, e nas duas últimas décadas do século XIX, foram construídas grandes
usinas termoelétricas para a geração de eletricidade.
Antes de 1900, já era possível fazer ligações interurbanas entre muitas cidades na
Europa e nos Estados Unidos.
Termodinâmica
O desenvolvimento da Termodinâmica também levou a uma outra síntese. Se-
gundo Martins (2001), embora os fenômenos térmicos possam ser estudados sob o
ponto de vista puramente macroscópico (daquilo que se observa e mede), os físicos
começaram a imaginar modelos microscópicos para explicar os fenômenos gasosos
e, assim, nasceu a Teoria Cinética dos gases, na qual a temperatura passa a ser uma
indicação da energia cinética média das moléculas do gás e é possível relacionar o
calor específico dos gases à sua composição molecular.
Novos fenômenos haviam sido descobertos, novas Leis haviam sido estabelecidas,
e havia resultados teóricos novos muito gerais.
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De acordo com Martins (2001), Lord Kelvin, matemático e físico britânico, reco-
mendou que os jovens não se dedicassem à Física, pois faltavam apenas alguns de-
talhes pouco interessantes a serem desenvolvidos, como o refinamento de medidas
e a solução de problemas secundários.
William Thomson (1824-1907), também conhecido como Lorde Kelvin, título dado em ho-
menagem às suas realizações, foi um físico-matemático e engenheiro britânico considerado
um líder das Ciências Físicas do século XIX. Fez importantes contribuições na análise mate-
mática da Eletricidade e Termodinâmica, e fez muito para unificar as disciplinas emergentes
da Física em sua forma moderna. É conhecido por desenvolver a escala Kelvin de tempera-
tura absoluta (onde o zero absoluto é definido como 0K). Numa escala progressiva, o zero
absoluto seria a temperatura de menor energia possível.
• Sendo assim, o zero absoluto Kelvin ficou localizado a -273,15°C, da escala
Celsius, que tem como referencial nulo o ponto de congelamento da água, o que
equivale a -459,67°F, na escala Fahrenheit (Veja na Figura 1)
Entretanto, o zero absoluto não existe nem no espaço externo, cuja temperatura ambiente
é de 2,7°K, vez que a radiação básica da micro-onda cósmica – o calor resultante do Big
Bang – está presente em todo espaço. A área mais fria encontrada até agora é na nebulosa
de Bumerangue, uma nuvem escura de gás a 1K. A temperatura mais baixa atingida artifi-
cialmente num laboratório do MIT foi de 0,5 bilionésimo de um Kelvin.
GELO 273 K 0 ºC 32 ºF
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As Descobertas Experimentais
do Final do Século XIX
Nas últimas décadas do século XIX, foram estudadas descargas elétricas em
gases rarefeitos.
William Crookes (1832-1919), químico britânico, descobriu os raios catódicos ana-
lisando esses fenômenos a baixas pressões e, em 1895, investigando os raios catódi-
cos, o físico e Engenheiro Mecânico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923)
descobriu os raios X.
Foi uma descoberta inesperada, pois nenhuma Teoria previa a existência de radia-
ções invisíveis penetrantes como aquelas.
Os raios X logo foram empregados na Medicina e se mostraram muito úteis, mas à
época não se sabia exatamente o que eles eram: alguns pensavam que se tratava de uma
radiação semelhante ao ultravioleta, outros imaginavam que eram ondas eletromagnéti-
cas longitudinais, outros ainda pensavam que eram partículas de alta velocidade.
Segundo Martins (2001), no final do século XIX, os estudos dos físicos franceses
Henri Becquerel (1852-1908) e do casal Pierre Curie (1859-1906) e Marie Curie
(1867-1934) levaram à descoberta da radioatividade e de estranhos elementos que
emitiam energia de origem desconhecida, como o polônio e o rádio (os três ganha-
ram o prêmio Nobel de Física em 1903).
A Unidade que levou o nome becquerel em homenagem ao cientista corresponde
a uma desintegração nuclear por segundo.
Mas, na época, ninguém sabia direito o que produzia esses fenômenos, e apenas
vários anos depois é que se começou a desvendar a natureza da radioatividade.
O que eram as radiações emitidas pelos corpos radioativos? De onde saía sua
energia, que parecia inesgotável?
Outras questões também intrigavam e ficaram sem respostas convincentes no
final do século XIX, como as referentes à energia cinética média das moléculas em
gases dependente apenas da temperatura.
Ainda segundo Martins (2001), numa mistura de gases, a energia se distribui por
todos os tipos de moléculas, e as moléculas de menor massa (como o hidrogênio) têm
maior velocidade média do que as de maior massa.
A Teoria previa, assim, uma ‘‘equipartição de energia” por todos os tipos de
partículas e de movimentos possíveis. Ela previa bem o calor específico dos gases,
supondo que as moléculas eram simples ‘‘bolinhas’’.
Mas se os gases são capazes de emitir espectros luminosos descontínuos, essas
moléculas devem ser sistemas complexos. Por que, então, a Teoria funcionava?
Havia, na verdade, um enorme número de nuvens no horizonte da Física, uma
verdadeira tempestade que ameaçava derrubar tudo.
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Os Problemas Teóricos
do Final do Século XIX
Um dos grandes problemas teóricos no final do século XIX era compreender a
interação entre matéria e radiação.
Apesar dos avanços da Teoria Cinética dos gases, não se compreendia ainda mui-
ta coisa sobre a estrutura da matéria.
O único estado da matéria para o qual havia uma boa teoria era o gasoso. Ainda
era incompreensível como os átomos podiam formar corpos sólidos, pois sabia-se
(pelo Eletromagnetismo) que era impossível produzir um sistema estável de partículas
em repouso que se mantivesse apenas por forças eletromagnéticas.
Na história da Física, segundo Rosa (2012a), dois são os anos chamados de ‘‘mi-
lagrosos’’, por seu especial significado: o de 1666, quando Newton teria concebido
suas grandes formulações (gravitação universal, Leis do Movimento, propriedades da
luz e da cor), e desenvolvido o Cálculo infinitesimal, bases de suas principais obras:
Principia (1686) e Opticks (1704), e o ano de 1905, quando Einstein publicou no
número 17 da Revista Annalen der Physik, quatro Artigos, um sobre o movimento
browniano, outro sobre geração e conversão da luz, o terceiro sobre dimensão mo-
lecular, e um quarto Artigo a respeito da Eletrodinâmica dos corpos em movimento
(Teoria Especial da Relatividade), e mais um, no número 18 da mesma Revista, no
qual apresentou sua famosa fórmula da equivalência da energia e massa (E = mc2).
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A reformulação ou a inovação de conceitos para lidar com os fenômenos físicos
daria nascimento à chamada Física Moderna, cujos dois pilares seriam a/as:
1. Teoria quântica, de Planck, que introduziria o caráter descontínuo da
energia e viria a se transformar em base teórica para o estudo dos fenô-
menos físicos em escala microscópica;
2. Teorias da relatividade especial e geral de Einstein, que estabeleceriam,
entre outras, a relatividade do Tempo e do Espaço, a equivalência da
energia e massa, a velocidade constante da luz, a inexistência do éter, e a
gravitação como resultado de uma deformação do Espaço-Tempo, devido
à presença da massa dos objetos.
Teoria quântica
A crença de que os átomos eram blocos construtores da matéria é antiga, remonta
à Antiguidade, mas, embora, o atomismo tenha ficado em descrédito durante muito
tempo, foi o modelo que prevaleceu, apoiado pela experimentação e observação.
Mas a ideia de que os átomos são a menor partícula indivisível da matéria provou
ser incorreta, pois os átomos são formados por partículas subatômicas.
Coube a Ernest Rutherford (1871-1937), um físico-químico neozelandês naturali-
zado britânico, chegar a uma nova estrutura do átomo.
Antes dele, em 1803, John Dalton (1766-1884) havia descrito sua teoria atômica,
na qual os elementos são formados por átomos idênticos que se combinam em razões
de números inteiros para formar composto químicos, como , a molécula da água.
E o físico inglês Joseph John Thompson (1856-1940) descobriu o elétron em
1897, durante um trabalho com raios catódicos.
O conceito de que o elétron fazia parte do átomo e que podia se liberar sozinho
anulou a teoria de indivisibilidade do átomo. Ele recebeu o prêmio Nobel em 1906,
mas a importância de sua pesquisa não ficou clara de imediato.
O modelo de Rutherford era composto de um núcleo minúsculo, denso, cercado
de muito espaço vazio e pontuado por elétrons em órbita.
Rutherford ficou conhecido como o pai da Física Nuclear: em um trabalho no iní-
cio de carreira, descobriu o conceito de meia-vida radioativa (tempo que um material
radioativo leva para reduzir sua massa à metade) e provou que a radioatividade causa
a transmutação de um elemento químico em outro.
Também distinguiu e nomeou as radiações alfa e beta. Premiado com o Nobel
de Química em 1908, Rutherford realizou sua obra mais famosa após ter recebido
esse prêmio.
Em 1911, ele defendeu que os átomos têm sua carga positiva concentrada em um
pequeno núcleo e, desse modo, criou o modelo atômico de Rutherford, por meio da
descoberta e da interpretação da dispersão de Rutherford em seu experimento da
folha de ouro.
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Bohr acreditava que as órbitas eram circulares e fixas, dando um modelo planetá-
rio para o átomo – sendo os elétrons os planetas e o núcleo o Sol.
O elétron não emite radiação enquanto permanece numa mesma órbita do áto-
mo e absorve ou libera um único fóton ou energia quântica somente quando dá um
‘‘salto quântico” entre órbitas.
Parecia perfeito, mas ao testar sua Teoria, descobriu que os átomos do hidrogênio
emitem energia ao comprimento de onda previsto por seus cálculos matemáticos,
desde que os elétrons possam saltar entre suas órbitas prescritas, ou seja, as órbitas
não se localizariam a quaisquer distâncias do núcleo, pelo contrário, apenas algumas
órbitas seriam possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido
de energia do elétron.
A transição de uma órbita para a outra seria feita por saltos pois, ao absor-
ver energia, o elétron saltaria para uma órbita mais externa (conceito quantum) e,
ao emiti-la, passaria para outra mais interna (conceito fóton).
Cada uma dessas emissões aparece no espectro como uma linha luminosa
bem localizada.
Assim, Bohr explicava por que o hidrogênio – e todos os elementos – produz uma
absorção e um espectro de emissão únicos.
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Quando Max Planck (1858-1947) falou de quanta, pacotes com quantidades fixas
de energia, como uma forma de mover pequenas quantidades de energia, era apenas
uma solução teórica que ele supunha que pudesse ser substituída em breve, assim
que alguém fizesse os cálculos matemáticos para explicar o que acontecia realmente,
segundo Rooney (2013).
Contudo ele chegara a algo que parecia verdadeiro, apesar de improvável. E não
só era verdadeiro como serviu de base para um novo tipo de física que opera num
mundo ‘‘bizarro’’ das partículas subatômicas.
Além disso, esse cientista forneceu uma função que permitia determinar a ra-
diação das partículas oscilantes que emitem radiação em um corpo negro – objeto
hipotético que absorve toda a radiação eletromagnética que nele incide, nenhuma luz
o atravessa e nem é refletida.
Max Planck é considerado o pai da Teoria Quântica, o que lhe valeu o Prêmio
Nobel de Física, em 1918.
Essa teoria mostra que a radiação de frequência pode ser regenerada somente
se um oscilador de tal frequência tiver adquirido a energia mínima necessária para
iniciar a oscilação.
Dessa maneira, o objeto não regenera radiação ultravioleta, acabando com a ca-
tástrofe do ultravioleta (falha da Teoria Clássica do Eletromagnetismo para explicar
a emissão eletromagnética de um corpo em equilíbrio térmico com o ambiente ou
um corpo negro).
Einstein usou essa hipótese de Max Planck para explicar os resultados obtidos em
seus trabalhos sobre o efeito fotoelétrico, em 1905.
Inicialmente considerada pelo próprio Planck uma mera hipótese, sua formulação
do quantum passaria à categoria de Teoria quando Einstein a utilizou para explicar
o efeito fotoelétrico, outro fenômeno para o qual a Física até então não oferecia uma
explicação adequada.
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Ela expressa a invariância das Leis Físicas nos movimentos retilíneos uniformes
(Lei da Inércia), o que corresponde a uma modificação em relação às definições acei-
tas desde Newton dos conceitos de espaço e de tempo, independentes e absolutos,
para uma nova concepção de espaço-tempo, como uma noção de simultaneidade,
relativas a esse novo referencial de coordenadas espaciais e de tempo, sob um con-
ceito físico-matemático de quatro dimensões.
Além disso, a massa é uma forma de energia traduzida na sua célebre equação,
cuja verificação e utilização se deu nas reações nucleares.
Para Pires (2011), há muitos mitos sobre a Teoria da Relatividade: um deles é que
ela é muito difícil e entendida por poucos, o que não é verdade.
Outro é o mito de que Einstein teria dito que tudo é relativo, outra inverdade.
A ideia da relatividade do movimento já tinha surgido com Galileu e uma afirmação
absoluta da Teoria de Einstein é que a velocidade da luz é a mesma em qualquer
Sistema de Referência.
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Albert Einstein (1879-1955) foi um brilhante físico teórico alemão, que além de ter
lançado as bases da Teoria Atômica com a explicação do movimento browniano, e
da Física Quântica, com a Teoria do Efeito Fotoelétrico, contribuiu, ainda, com várias
outras áreas da Física.
Segundo Pires, ele publicou mais de 350 Artigos e registrou 45 patentes. Foi indica-
do diversas vezes ao Prêmio Nobel, mas só o recebeu em 1922, pelo efeito fotoelétrico.
Quer saber sobre a vida e os trabalhos desse brilhante cientista? Leia a matéria “Einstein –
O homem que mudou o Mundo”, disponível em: https://bit.ly/3bZu4qb
Outro problema que considerou e foi tema de seu primeiro Artigo sobre relativi-
dade, diz respeito às equações de Maxwell-Lorentz e acabou por concluir que essas
equações eram verdadeiras, tanto para Sistemas de Coordenadas de corpos em
movimento como no vazio, mas esta invariância estava em conflito com a regra de
adição de velocidades de Galileu.
Foi assim que se deu conta de que o tempo não podia ser definido de forma
absoluta. Em seu Artigo, comenta sobre tentativas frustradas para detectar um mo-
vimento da Terra em relação ao éter, mas isto parece ter tido papel secundário na
criação de sua teoria.
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A gravidade não é, assim, uma força, mas é causada por inclinações e curvas
feitas no espaço pelos objetos, portanto, é uma manifestação do efeito da matéria no
espaço-tempo à sua volta.
Entretanto, se a força gravitacional não for muito intensa, por exemplo, a da Terra,
a Teoria da Gravidade de Einstein é irrelevante para a curvatura do espaço-tempo,
daí a Teoria Gravitacional de Newton se aplica perfeitamente aos movimentos dos
planetas, com exceção de Mercúrio que, por estar mais próximo do Sol, sofre mais
fortemente o efeito da distorção provocado pela massa deste.
Figura 2
Fonte: Getty Images
Você poderá entender melhor a Teoria da Relatividade e campos de Higgs assistindo aos
vídeos nos links a seguir:
• Teoria da relatividade: o tempo. Disponível em: https://bit.ly/35zyy5C
• Teoria da relatividade: o espaço. Disponível em: https://bit.ly/33rz0QT
• O que é o Bóson de Higgs? Disponível em: https://youtu.be/o-TzAibSy0k
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Assim, chegamos ao fim desta Unidade, mesmo sabendo que muitos conceitos e
temas ficaram de fora.
Entretanto, espero que tenha servido para deixar uma boa noção da evolução dos
conceitos e teorias aqui tratados.
Você pode também aprofundar alguns desses assuntos por meio do Material
Complementar.
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UNIDADE O Desenvolvimento Científico de Relevantes Conceitos
da Física da Modernidade aos Dia Atuais
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Eletromagnetismo Avançado
Equações de Maxwell em meios materiais.
https://youtu.be/iYyHm5p_Yvs
Marcelo Gleiser – A partícula de Deus
https://youtu.be/6WUq2cYoMks;
Marcelo Gleiser – Do Big Bang à vida inteligente: as quatro eras da astrobiologia
https://youtu.be/_0smSz1FfoE
Leitura
A filosofia da Ciência de Karl Popper
https://bit.ly/2DZu6BM
A mudança de paradigma de Kuhn
https://bit.ly/3iyzbjq
Resenha de As estruturas da Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn
https://bit.ly/33pBAa4
Equações de Maxwell
https://bit.ly/32up9KP
O Bóson de Higgs na mídia, na Física e no Ensino da Física
https://bit.ly/3bUWIsy
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Referências
BRITO, N. B. de et al. História da física no século XIX: discutindo natureza da Ciên-
cia e suas implicações para o ensino de física em sala de aula. Revista Brasileira de
História da Ciência. Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, dez. 2014, p. 214-31.
BYNUM, W. Uma breve história da Ciência. Tradução de Iuri Abreu. São Paulo:
LP&M, 2013 (e-book). Disponível em: <https://portalconservador.com/livros/
William-Bynum-Uma-breve-historia-da-ciencia.pdf>. Acesso em: 27/01/2020.
MARTINS, R. de A. A Física no final do século XIX: modelos em crise. Ar-
tigo on-line atualizado em 2001. Disponível em: <http://www.comciencia.br/dos-
sies-1-72/reportagens/fisica/fisica05.htm>. Acesso em: 27/01/2020.
PATY, M. A Física do Século XX. Aparecida: Ideias & Letras, 2009.
PIRES, A. S. T. Evolução das ideias da Física. 2.ed. São Paulo: Livraria da
Física, 2011.
ROSA, C. A. P. História da Ciência: a Ciência moderna. 2.ed. Brasília: FUNAG,
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porâneo. 2.ed. Brasília: FUNAG, 2012a. v. 3.
ROONEY, A. A História da Física: da filosofia ao enigma da matéria negra. São
Paulo: M. Books do Brasil Ltda., 2013.
Sites Visitados
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ciência. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filo-
sofia-da-ciencia-karl-popper-falseabilidade-e-limites-da-ciencia.htm>. Acesso em:
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MAÇONARIA. A 20 de Março de 1916 – Albert Einstein publica a teoria da rela-
tividade. Disponível em: <https://maconaria-memphismisraim.com/a-20-de-marco-
-de-1916-albert-einstein-publica-a-teoria-da-relatividade/>. Acesso em: 07/02/2020.
PHILOSHOPHY.PRO. A crítica ao positivismo: Popper e Kuhn. Disponível em:
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Feyerabend>. Acesso em: 07/02/2020.
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nest_Rutherford>. Acesso em: 07/02/2020.
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