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Os Coronavírus podem causar de doenças comuns até as muito graves, estas famílias

são subdivididas em 2 grupos, o primeiro Orthocoronaviridae que é a família na qual


pertence o novo coronavirus denominado de SARS-CoV-2, subdividida ainda em 4
gêneros, sendo eles α, β, γ e δ e a segunda família Torovirinae. Um RNA é basicamente
uma molécula formada por ribonucleotídeos que se ligam entre sí por fosfodiéster, os
ribonucleotídeossão formados por um grupo fosfato, uma ribose e uma base nitrogenada
que ainda pode ser uma adenina, guanina, uracila ou citosina. A ligação
dessesribonucleotídeos formam então uma fita simples que é portanto um único
filamento de de nucleotídeos.
O RNA considerado de polaridade positiva tem seu genoma por orientação do mRNA
que é uma peça fundamental para produção de proteínas virais, portanto, esse RNA de
polaridade positiva tem seu genoma infeccioso podendo iniciar a síntese de proteína.
Existem alguns vírus de genoma segmentado que portam material genético
ambisensocom genoma viral parte de sendo negativa e parte positiva, nesse caso a fita
de senso positivo servem como moldes para síntese da fita complementar do senso
negativo e após isso a fita é transcrita em mRNA para serem expressos.
Uma mutação é uma mudança permanente no material genético (DNA ou RNA) de um
vírus. Uma mutação pode acontecer se houver um erro durante a cópia do DNA ou
RNA do vírus. De forma geral, vírus de RNA tendem a ter altas taxas de mutação,
enquanto vírus de DNA tendem a ter baixas taxas de mutação.
Vírus de RNA, como os da gripe, ebola ou covid-19, entre outros, consistem
basicamente em uma mensagem escrita em RNA rodeada por proteínas. Essa mensagem
está escrita em quatro letras, "a", "g", "c", "u". Cada uma deles representa um composto
químico ou nucleotídeo, e a ordem desses compostos, como a ordem das letras em uma
palavra, determina qual mensagem é transmitida. No caso de um vírus, a ordem das
letras contém as instruções para o vírus se replicar. E, ao se replicar, os vírus geram
mutações ou erros na sequência das letras.
Os vírus de RNA com genomas menores podem tolerar frequências de mutação mais
altas (o número de mutações em relação ao número total de nucleotídeos). Esse número
é aproximadamente uma mutação por 10.000 nucleotídeos, o que no mundo da biologia
é muito. Grandes vírus de DNA têm taxas de mutação muito mais baixas (entre 100 e
10.000 vezes menores). Como seus genomas são tão grandes, eles não podem tolerar
uma mutação a cada 10.000 nucleotídeos. Muitas mutações aleatórias se acumulariam
em um único genoma, que poderia inativar alguma função vital para o vírus. Por isso, os
vírus de DNA são menos mutáveis. Os vírus de RNA também têm polimerases (as
enzimas que copiam o material genético) que sofrem mais mutações do que os vírus de
DNA. E não têm mecanismos de reparo de erros.

Nuvens de mutantes
Nuvens de mutantes referem-se ao fato de que cada cópia individual do material
genético (ou seja, o ácido ribonucléico presente dentro de cada partícula viral e que é
composta por alguns milhares de unidades que chamamos de nucleotídeos) não é
idêntica às outras. Como as populações de vírus costumam ser muito grandes, com
bilhões de partículas, cada uma com seu genoma ligeiramente diferente dos outros, a
maneira de visualizá-lo é chamá-lo de 'nuvem de mutantes'. O GISAID (Global
InitiativeonSharingAll Influenza Data), banco de dados que reúne os genomas já
registrados do Sars-CoV-2 e do vírus Influenza, conta com cerca de 492 mil sequências
do agente causador da covid-19. As mutações mais relevantes encontradas até agora são
a N501Y e E484K, que receberam os apelidos de Nelly e Erick, respectivamente. Essas
mutações alteram a proteína spike que, por ser a região mais externa do vírus, é o
principal alvo dos anticorpos neutralizantes. Essas mutações dificultam o
reconhecimento do Sars-CoV-2 pelo sistema imunológico.
Após a introdução do material genético viral na célula hospedeira uma vesícula celular é
formada (uma espécie de bolsa chamada endossomo); em seu interior o vírus é retido é
multiplicado. Posteriormente as moléculas de RNA+ produzidas dentro dosendossomos
são liberadas é a síntese das proteínas viral acontece.
A produção de novas moléculas de RNA+ do vírus ocorre nos endossomoscelulares
graças às enzimas replicases já existentes no vírus ingressante.A molécula de RNA-
produzidos a partir da molécula de RNA+ atua como modelo para produção de
inúmeras cópias de RNA+ que serão componentes do material genético dos
descendentes do vírus que invadiu a célula.Com as proteínas virais já produzidas ocorre
a montagem dos vírions pela inclusãodas moléculas de RNA+ em capsídeos proteicos.
A medida que se aproximam da membrana plasmática celular já totalmente desgastada,
os vírions – com seus capsídeos e espiculas proteicas – são envolvidos por uma
bicamada lipídica provavelmente originada da membrana plasmática da célula
hospedeira que se abre ao final do processo, liberando grande quantidade de vírus para o
exterior. Para ganhar interior das células hospedeiras o SARS-COV-2 depende de uma
serina protease chamada TMPRSS2 que possui a capacidade de clivar é ativar a proteína
S é permitindo que o vírus se ligue ao receptor ACE2. Essa ação da serina protease
favorece a adesão do vírus a membrana plasmática celular é permite a sua entrada no
interior da célula.
Já a recombinação genética do SARS-COV-2 pode ocorrer de erros na polimerização da
RNA polimerase e também da recombinação entre as moléculas de RNA geradas
durante a replicação, no entanto essas variantes ainda ficam submetidas a seleção
natural (Trovar, et al 2020). O rearranjo de informações genéticas entre as moléculas de
DNA pode ocorrer de três formas: recombinação genética homóloga entre duas
moléculas de DNA quaisquer, recombinação sítio-específica com as trocas ocorrendo
em uma região específica do DNA e transposição de DNA onde uma pequena parte do
cromossomo se desloca de uma região para outra (Lehninger, 2014).
No caso dos vírus de RNA, pequenos fragmentos do material genético podem ser
repassados para outros vírus da mesma família criando um híbrido quando diferentes
variantes infectam a mesma célula conforme figura 1, porém acredita-se que falhas na
recombinação genética pode ser a causa do surgimento de novas cepas (Melo,2016). Já
a recombinação genética do SARS-COV-2 pode ocorrer de erros na polimerização da
RNA polimerase e também da recombinação entre as moléculas de RNA geradas
durante a replicação, no entanto essas variantes ainda ficam submetidas a seleção
natural (Trovar, et al 2020). Pesquisas futuras devem responder qual o real impacto
dessa e de outras variantes genéticas se disseminarem pelo planeta. Várias
características estruturais de um vírus influenciam em sua capacidade de sobrevivência
e multiplicação. A habilidade de coexistir com o hospedeiro é uma, porém não a única.
A nova cepa, com múltiplas mutações em seu genoma, estaria ligada, conforme análises
preliminares, a um aumento potencial de 70% na transmissibilidade do Sars-CoV-2,
informou um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças
(ECDC).

Em 15 de março deste ano, a Nextstrain, uma ferramenta de visualização de genomas


virais, listava nada menos do que 359 linhagens do novo coronavírus catalogadas desde
dezembro de 2019 pelo sistema de classificação Pangolin. Entre tantas, três delas – uma
surgida no Reino Unido, outra na África do Sul e uma terceira no Brasil – vêm
causando especial preocupação por serem mais transmissíveis, poderem escapar à ação
de anticorpos e, em alguns casos, provocarem doença mais grave do que as que
circulavam anteriormente. “Com as ferramentas genéticas de que dispomos atualmente,
estamos assistindo à evolução desse patógeno ao mesmo tempo que ela ocorre”, afirma
o virologista José Luiz Proença Módena, coordenador do Laboratório de Estudos de
Vírus Emergentes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Apesar de se
disseminar facilmente na população humana, o Sars-CoV-2, na fase inicial da pandemia,
parecia ser um vírus razoavelmente bem-comportado, que sofria modificações muito
lentamente. A cada mês acumulava, em média, duas mutações na sequência de quase 30
mil bases nitrogenadas, as letras químicas que compõem seu genoma, uma espécie de
manual de instruções para a fabricação de novas cópias do vírus.
Pesquisadores e profissionais da área da saúde se preocupam porque oito das
substituições da B.1.1.7 (seis trocas e duas eliminações) ocorrem em alguns dos 1.273
aminoácidos da proteína spike (S), justamente a que permite ao vírus aderir à superfície
das células humanas e invadi-las e é o principal alvo dos anticorpos produzidos por
algumas vacinas. Uma mutação em especial chama a atenção: a N501Y. Essa mutação
leva à substituição do aminoácido asparagina (N) pelo aminoácido tirosina (Y) na
posição 501 da proteína S. Identificada pela primeira vez na linhagem B.1.1.7, essa
troca parece aumentar a adesão do vírus às células e sua transmissibilidade. Em meados
de março, segundo estimativa da Nextstrain baseada em dados do sistema Pangolin, a
linhagem B.1.1.7 causava 42% das infecções pelo novo coronavírus no mundo (ver
gráfico abaixo). De maneira independente e quase simultânea, a mutação N501Y
também apareceu nas duas outras linhagens do vírus que mais inquietam os
especialistas: a B.1.351, originária da África do Sul, e a P.1, que surgiu em Manaus, no
Brasil. 
A linhagem B.1.351 foi detectada inicialmente na região metropolitana de Nelson
Mandela Bay, no sul da África do Sul, em outubro de 2020, embora possivelmente
tenha surgido meses antes, e foi reportada pelas autoridades do país em dezembro. Os
vírus dessa linhagem também exibem 23 modificações em seu genoma, oito delas no
gene da proteína S. Além da N501Y, duas outras mutações na spike deixam em alerta os
especialistas: a E484K, que representa a troca de um glutamato (E) por uma lisina (K) e
em fevereiro deste ano começou a ser detectada também na linhagem britânica; e a
K417N, na qual uma lisina é reposta por uma asparagina (N). Essas substituições
alteram uma região da spike chamada domínio de ligação ao receptor, que entra em
contato mais intimamente com o receptor ACE2 na superfície das células humanas e
abre caminho para a entrada do vírus, e impedem que certos anticorpos produzidos após
a aplicação de algumas vacinas ou infecções prévias por outras variedades do Sars-
CoV-2 se conectem ao vírus e o neutralizem.
Essas três alterações na spike também estão presentes na linhagem P.1, originária do
Brasil, que tem ainda outras sete alterações na mesma proteína. Ela descende da
linhagem B.1.1.28, encontrada no país desde o início da pandemia, e foi nomeada com
outra letra porque o sistema só aceita três conjuntos de algarismos. Uma das
consequências é que, em meados de março, a P.1 já representava 41% das infecções
pelo novo coronavírus no Brasil. Outra análise realizada pela Rede Genômica da
Fiocruz indicava que em menos de três meses a linhagem se tornou responsável por
mais da metade das infecções em seis estados: Pernambuco (51%), Rio Grande do Sul
(63%), Rio de Janeiro (63%), Santa Catarina (64%), Paraná (70%) e Ceará (71%).
“Suspeitamos que esse seja o caso das mutações N501Y, E484K e K417N, que
apareceram de modo independente em variantes surgidas em diferentes lugares do
mundo e parecem aumentar a aptidão viral”, conta Aguiar, da UFMG. Além de estar
presente na P.1, na B.1.351 de origem sul-africana e desde o início do ano também na
britânica B.1.1.7, ela também aparece no material genético de duas outras variantes
brasileiras, identificadas com auxílio do grupo de Siqueira: a P.2, que já se distribui por
todo o país, e a N.9, detectada no início de março. Elas ainda estão sob investigação e
por enquanto não preocupam como a P.1.

As vacinas da Covid-19 também funcionam contra as variantes de


SARS-COV-2?
Cada fórmula tem respondido de um jeito diferente às variantes do coronavírus, e a
maioria dos estudos feitos até agora são limitados. O que se sabe com mais certeza é que
os imunizantes já aplicados em larga escala, como os da Pfizer, Moderna e da AstraZeneca,
protegem da variante B.1.1.7, identificada na Inglaterra em setembro de 2020.

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