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Nuvens de mutantes
Nuvens de mutantes referem-se ao fato de que cada cópia individual do material
genético (ou seja, o ácido ribonucléico presente dentro de cada partícula viral e que é
composta por alguns milhares de unidades que chamamos de nucleotídeos) não é
idêntica às outras. Como as populações de vírus costumam ser muito grandes, com
bilhões de partículas, cada uma com seu genoma ligeiramente diferente dos outros, a
maneira de visualizá-lo é chamá-lo de 'nuvem de mutantes'. O GISAID (Global
InitiativeonSharingAll Influenza Data), banco de dados que reúne os genomas já
registrados do Sars-CoV-2 e do vírus Influenza, conta com cerca de 492 mil sequências
do agente causador da covid-19. As mutações mais relevantes encontradas até agora são
a N501Y e E484K, que receberam os apelidos de Nelly e Erick, respectivamente. Essas
mutações alteram a proteína spike que, por ser a região mais externa do vírus, é o
principal alvo dos anticorpos neutralizantes. Essas mutações dificultam o
reconhecimento do Sars-CoV-2 pelo sistema imunológico.
Após a introdução do material genético viral na célula hospedeira uma vesícula celular é
formada (uma espécie de bolsa chamada endossomo); em seu interior o vírus é retido é
multiplicado. Posteriormente as moléculas de RNA+ produzidas dentro dosendossomos
são liberadas é a síntese das proteínas viral acontece.
A produção de novas moléculas de RNA+ do vírus ocorre nos endossomoscelulares
graças às enzimas replicases já existentes no vírus ingressante.A molécula de RNA-
produzidos a partir da molécula de RNA+ atua como modelo para produção de
inúmeras cópias de RNA+ que serão componentes do material genético dos
descendentes do vírus que invadiu a célula.Com as proteínas virais já produzidas ocorre
a montagem dos vírions pela inclusãodas moléculas de RNA+ em capsídeos proteicos.
A medida que se aproximam da membrana plasmática celular já totalmente desgastada,
os vírions – com seus capsídeos e espiculas proteicas – são envolvidos por uma
bicamada lipídica provavelmente originada da membrana plasmática da célula
hospedeira que se abre ao final do processo, liberando grande quantidade de vírus para o
exterior. Para ganhar interior das células hospedeiras o SARS-COV-2 depende de uma
serina protease chamada TMPRSS2 que possui a capacidade de clivar é ativar a proteína
S é permitindo que o vírus se ligue ao receptor ACE2. Essa ação da serina protease
favorece a adesão do vírus a membrana plasmática celular é permite a sua entrada no
interior da célula.
Já a recombinação genética do SARS-COV-2 pode ocorrer de erros na polimerização da
RNA polimerase e também da recombinação entre as moléculas de RNA geradas
durante a replicação, no entanto essas variantes ainda ficam submetidas a seleção
natural (Trovar, et al 2020). O rearranjo de informações genéticas entre as moléculas de
DNA pode ocorrer de três formas: recombinação genética homóloga entre duas
moléculas de DNA quaisquer, recombinação sítio-específica com as trocas ocorrendo
em uma região específica do DNA e transposição de DNA onde uma pequena parte do
cromossomo se desloca de uma região para outra (Lehninger, 2014).
No caso dos vírus de RNA, pequenos fragmentos do material genético podem ser
repassados para outros vírus da mesma família criando um híbrido quando diferentes
variantes infectam a mesma célula conforme figura 1, porém acredita-se que falhas na
recombinação genética pode ser a causa do surgimento de novas cepas (Melo,2016). Já
a recombinação genética do SARS-COV-2 pode ocorrer de erros na polimerização da
RNA polimerase e também da recombinação entre as moléculas de RNA geradas
durante a replicação, no entanto essas variantes ainda ficam submetidas a seleção
natural (Trovar, et al 2020). Pesquisas futuras devem responder qual o real impacto
dessa e de outras variantes genéticas se disseminarem pelo planeta. Várias
características estruturais de um vírus influenciam em sua capacidade de sobrevivência
e multiplicação. A habilidade de coexistir com o hospedeiro é uma, porém não a única.
A nova cepa, com múltiplas mutações em seu genoma, estaria ligada, conforme análises
preliminares, a um aumento potencial de 70% na transmissibilidade do Sars-CoV-2,
informou um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças
(ECDC).