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RESUMO DOS CAPITULOS 1 e 2

Livro - Libras, que língua é


essa?

Docente: Debora Uchoa


Carneiro Cardoso

Cursista: Ruan Galdino Alves

Curso: Letras 4º período

Matricula: 202130068

Os dois capítulos trazem muitos aspectos relacionados aos surdos, os seus mitos que a
sociedade ainda acredita, sobre preconceito e seus direitos conquistados na história. O
contrário do que muitos acreditam, a Libras não é uma linguagem, e sim uma língua, pois é
falada por um povo, possui regras, estruturas, sintaxe, semântica e pragmática próprias e bem
definidas. Outro ponto importante é que, na Libras, cada palavra possui um sinal próprio e,
quando ainda não há um sinal, podemos identificá-la com ajuda da datilologia, ou seja, com a
soletração por meio do alfabeto em Libras. Foi somente no final da década de 1970 que
passou a ser utilizado um método chamado Conhecimento Total, caracterizado pela utilização
da língua de sinais, linguagem oral e outros meios utilizados na educação de surdos e
entendidos como métodos que facilitavam a comunicação. A linguagem é o mecanismo usado
para transmitir nossas ideias e pode ser tanto de forma verbal quanto não verbal. Uma das
crenças mais recorrentes quando se fala em língua de sinais é que ela é universal. Uma vez
que essa universalidade está ancorada na ideia de que toda língua de sinais é um "código"
simplificado apreendido e transmitido aos surdos de forma geral, é muito comum pensar que
todos os surdos falam a mesma língua em qualquer parte do mundo. Ora, sabemos que nas
comunidades de línguas orais, cada país, por exemplo, tem sua(s) própria(s) língua(s).
Embora se possa traçar um histórico das origens e apontar possíveis parentescos e
semelhanças no nível estrutural das línguas humanas (sejam elas orais ou de sinais), alguns
fatores favorecem a diversificação e a mudança da língua dentro de uma comunidade
linguística, como, por exemplo, a extensão e a descontinuidade territorial, além dos contatos
com outras línguas.

A língua dos surdos não pode ser considerada universal, dado que não funciona como
um "decalque" ou "rótulo" que possa ser colado e utilizado por todos os surdos de todas as
sociedades de maneira uniforme e sem influências de uso.

A partir da década de 1970, os linguistas Robbin Battison (1974), Edward S. Klima &
Ursulla Bellugi (1979) conduziram estudos mais aprofundar dados sobre a gramática da Asl,
especificamente sobre os aspectos fonológicos, descrevendo um quarto parâmetro: a
orientação da palma da mão (0). Ficou demonstrado que dois sinais com os mesmos outros
três parâmetros iguais (CM, L, M) poderiam mudar de significado de acordo com a orientação

Para demonstrar a diferença entre a mímica e os sinais, Klima & Bellugi (1979)
conduziram um estudo a partir da observação de narrativas que necessitariam de pantomimas
durante a contação da história. Nesse estudo, a narrativa estudada foi "O unicórnio no jardim"
de James Thurber. Nela foram constatadas "invenções" de sinais para a palavra "camisa de
força" ---- em inglês straitjacket. Embora, em alguns momentos, A maioria dos surdos foi
educada em mosteiros, asilos ou escolas em regime de internato. Eles migravam para essas
instituições, vistas como única possibilidade de receber instrução. Lane (1984), por exemplo,
de dica um livro para contar um pouco da história dos surdos nos Estados Unidos, mostrando
que na batalha entre "manualistas" e "oralistas", a língua - ainda que banida muito mais do
que valorizada -- e seus falantes — muito mais oprimidos e discriminados do que os
indivíduos ouvintes – resistiram.

Insistimos em que a língua de sinais não é a datilologia ou mímica (como muitos


podem pensar), também não é universal (igual em todos os países), muito menos artificial
(uma língua inventada). A língua de sinais tem estrutura própria, e é autônoma, ou seja,
independentemente de qualquer língua oral em sua concepção linguística. Educacionalmente,
o uso do português sinalizado tem sido alvo de muitas críticas, porque se insere na filosofia do
bimodalismo.

A primeira escola para surdos foi inaugurada em 1817 e tinha o nome de: The
Connecticut Asylum for the Education and Instruction of the Deaf and Dumbia. Os surdos de
todos os cantos do país migraram para a escola, enquanto, com o passar dos anos, outras
escolas iam sendo abertas em diferentes regiões. O filho de Gallaudet, chamado Edward,
fundou, em 1864, a Gallaudet University.

Entretanto, é importante dizer que a coabitação da maioria das línguas de sinais com
as línguas orais faz com que empréstimos, alternâncias e trocas linguísticas aconteçam,
inevitavelmente. Outros ''sotaques", empresta e incorpora novos sinais, mescla-se com outras
línguas em contato, adquire novas roupagens. O fenômeno da variação e da diversidade está
presente em todas as línguas vivas, em movimento. É justamente nas práticas sociais de uso
da linguagem entre surdo/surdo e surdo/ouvinte que é possível enxergar o multilinguismo
(variedades desprestigiadas em sinais, em português, em combinação de modalidades), as
marcas da heterogeneidade nos sinais dos surdos-cegos, dos índios, dos ouvintes familiares
(ou não) de surdos, dos surdos catarinenses, pau listas, pernambucanos..., ou seja, as várias
línguas em LIBRAS.

Eu achava que "deficiente auditivo" era menos ofensivo ou pejorativo do que “surdo”,
mas, na convivência com os próprios surdos, fui aprendendo que eles preferem mesmo é que
os chamem de surdos e uns ficam até irritados quando são chamados de deficientes... (aluno
ouvinte, 2004). Essa história de dizer que surdo não fala, que é mudo, está errada. Eu sou
contra o termo surdo-mudo e deficiente auditivo porque tem preconceito... Vocês sabem quem
inventou o termo deficiente auditivo? Os médicos! Eu não estou aqui só para vocês
aprenderem a LIBRAS, eu estou aqui também para explicar como é a vida do surdo, da
cultura, da nossa identidade...

No Brasil ainda não há tradição na profissão ou formação específica para esses


profissionais, da mesma forma que há para intérpretes de línguas orais de prestígio como, por
exemplo, intérpretes de língua inglesa e francesa. Infelizmente, o povo surdo tem sido
encarado em uma perspectiva exclusivamente fisiológica (déficit de audição), dentro de um
discurso de normalização e de medicalização, cujas nomeações, como todas as outras valores
e convenções na forma como o outro é significado e representado. Cabe ressaltar, por outro
lado, que não é apenas a escolha acertada de um termo que elimina os preconceitos sociais.

Para a cultura surda, todavia, o barulho e o silêncio adquirem novas versões. Em uma
conversa com um colega surdo, pude compreender um pouco essa noção a partir da
perspectiva surda. Como se pode ver, não há desvantagem na surdez quando se fala em
comunicação e em linguagem, visto que não é a modalidade da língua que de fine se estamos
em silêncio ou não. A oralização deixou marcas profundas na vida da maioria dos surdos.
Pode-se dizer que a busca desenfreada pela recuperação da audição e promoção do
desenvolvimento da fala vocalizada pelo surdo são objetos que se traduzem em vários
sentimentos: desejo, dor, privação, aprovação, opressão, discriminação e frustração.

A escrita é uma habilidade cognitiva que demanda esforço de todos (surdos, ouvintes,
ricos, pobres, homens, mulheres...) e geralmente é desenvolvida quando se recebe instrução
formal. Entretanto, o fato de a escrita ter uma relação fônica com a língua oral pode e de fato
estabelece outro desafio para o surdo: reconhecer uma realidade fônica que não lhe é familiar
acusticamente. São como símbolos "abstratos” para o surdo (Ahlgren, 1994). É nesse sentido
que outra relação é estabelecida.

Muitos pesquisadores têm abolido a visão exposta, ao afirmarem justa mente o


inverso: é o não uso da língua de sinais que atrapalha o desenvolvimento e a aprendizagem de
outras línguas pelo surdo. Considerando-se que a relação do indivíduo surdo profundo com a
língua oral é de outra ordem (dado que não ouvem!) Essa posição foi defendida por uma
professora de língua portuguesa, embora muitos profissionais de outras áreas também
compactuem com essa visão. Não há nada demais nisso, se pensarmos que nosso idioma
oficial é o português e que, em tese, a população brasileira faz uso dele e de suas variantes
para poder ir e vir nas situações cotidianas (família, es cola, trabalho... O que há de errado
com a asserção, então? Em primeiro lugar, parece ficar velado um discurso em prol do
monolinguismo, onde a diferença e a heterogeneidade linguística são malvistas.

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