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Tendo em vista que, a responsabilidade civil sofreu alterações ao longo do tempo, surgiu

em 2016 uma nova redação por meio da lei 13.286. O artigo 22 da lei 8935 foi alterada e passou
ser a seguinte “Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os
prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que
designarem ou escreventes que autorizem, assegurado o direito de regresso. Parágrafo único.
Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura
registral ou notarial”.

Sendo assim, a culpa deixou de ser o único fundamento para tal responsabilidade, haja
vista que, o elemento subjetivo dolo ou culpa passou a caracterizar a responsabilidade dos
delegatários. Nesse sentido, na responsabilidade objetiva, o responsável deve indenizar
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que se configure relação causal.
Já na responsabilidade subjetiva, o agente causador de ato ilícito em razão de dolo ou culpa será
sujeito a reparar os danos causados, caso seja comprovado a responsabilidade do notário e
oficial de registro.

Nesse contexto, muito se falava a respeito da eventual responsabilidade estatal sobre os


atos decorrentes das atividades extrajudiciais. Sendo assim, em 2019 o Supremo Tribunal
Federal determinou que, o estado também será responsabilizado objetivamente por erros
cometidos por tabeliães e registradores oficiais, que, no exercício de suas funções causem danos
a terceiros (...) onde a pessoa prejudicada poderá ser indenizada por danos morais ou materiais.
De acordo com art. 236 da lei 10.169 o pagamento dos valores devidos as serventias
extrajudiciais se dão pelos emolumentos.

Os emolumentos são os valores entregues as serventias notariais e registrais pela prática


de seus serviços. Uma vez que a lei 8.935 assegura aos notários e oficiais de registro “a
percepção dos emolumentos integrais pelos atos praticados na serventia”. Os emolumentos
possuem natureza jurídica de taxa, devendo ter sua tabela de custos respeitadas à risca. Desse
modo, a arrecadação dos emolumentos não se caracteriza como imposto, mas como taxa.

O STF decidiu que, o teto constitucional se aplica à remuneração ao responsável interino


designado para a função notarial e registral em serventias extrajudiciais. Segundo o presidente
do STF, Dias Toffoli, os responsáveis interinos não se equiparam aos titulares das serventias
extrajudiciais, pois se enquadram na categoria de agentes estatais. Isso porque a atividade
notarial e registral exige concurso de prova e títulos, sendo que, nenhuma serventia poderá ficar
vaga por mais de seis meses. Visto que não atenderem aos requisitos estabelecidos, aplica-se a
eles o teto remuneratório constitucional.

Por fim, para tratar da aposentadoria compulsória, o supremo tribunal federal expressa
que, “Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no artigo 40, parágrafo 1º, inciso II,
da constituição federal aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam
ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração provenientes dos cofres
públicos”. O artigo 39 da lei dos notários profere que, a aposentadoria dos titulares das
serventias é facultativa, por serem exercidos em caráter privado por delegação do poder público.
Portanto, o supremo tribunal entende que, o titular dos serviços notariais e de registro não
devem ser contemplados com a aposentadoria compulsória como os servidores públicos.

Referências

Titular de cartório não é obrigado a se aposentar aos 70 anos, fixa STF. Consultório
Jurídico. 15 fev. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-fev-15/titular-cartorio-
idoso-nao-obrigado-aposentar-fixa-stf. Acesso em: 12 set. 2021.

Repercussão geral: STF decide que interino de cartórios se submetam ao teto dos
servidores. Correio Braziliense. 28 ago. 2020. Disponível em:
https://blogs.correiobraziliense.com.br/papodeconcurseiro/repercussao-geral-stf-decide-que-
interinos-de-cartorios-se-submetam-ao-teto-dos-servidores/. Acesso em: 12 set. 2021.

2. A responsabilidade civil de notários e registradores sob a égide da lei 13.286/2016.


Revista de Direito Imobiliário. 06 fev. 2017. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_
servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDImob_n.81.14.PDF. Acesso em: 12 set.
2021.

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