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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPOS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS


CURSO: LETRAS - LÍNGUA E LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS
DOCENTE: Dra. ADA RAQUEL TEIXEIRA MOURÃO
DISCENTE: FERNANDA OLIVEIRA LIMA

REFERÊNCIA:
KRENAK, Ailton. Do sonho e da terra. In: _____. Ideias pra adiar o fim do mundo. São
Paulo: Companhia das letras, 2019. p.18-25. e-book.

ESQUEMA:
1. Tensões políticas entre o Estado brasileiro e as sociedades indígenas.
1.1. Agravamento das tensões
1.2. Permanência de ideais colonialistas na cultura brasileira
2. Perda da noção humana de pertencimento
3. Dilema entre natureza e economia
3.1. Eminência da exaustão terrestre
3.2. Visão Krenak da natureza
3.3. Objetificação da Terra como ferramenta econômica
4. Sonho

RESUMO:
A frágil e conflituosa relação entre sociedades indígenas brasileiras e o Estado, em
função principalmente da maneira como este último enxerga a natureza, é evidenciada pelo
autor nas primeiras páginas do capítulo. O autor destaca ainda que, embora o atual cenário
político contribua para o agravamento dessas tensões, elas não são recentes e têm sua origem
nos tempos coloniais.
Com o desenvolvimento de tecnologias que otimizaram a locomoção dos seres
humanos, a maneira como estes enxergam o planeta sofreu profundas alterações, implicando
também, de acordo com Ailton Krenak, em uma perda de sentido do ato de deslocar-se. Não
obstante, a incorporação de práticas consumistas comuns às sociedades contemporâneas no
cotidiano das pessoas apresenta-se como o principal motivo responsável pelo distanciamento
dos seres humanos com a natureza, agora vista apenas como ferramenta para a satisfação de
seus desejos e necessidades.
As consequências dessa visão materialista e da negligência humana para com a Terra
têm se mostrado cada vez mais eminentes, fazendo com que a parcela da humanidade que
ainda reconhece o planeta como um organismo vivo se preocupe com as condições de vida
das gerações futuras e com a possibilidade de a raça humana ser extinta. Para tanto, o autor
propõe a compreensão do sonho através da perspectiva de outras culturas, em que este é usado
como um guia para as escolhas que fazemos no dia a dia.

CITAÇÕES:
“O que está na base da história do nosso país, que continua a ser incapaz de acolher os seus
habitantes originais é a ideia de que os índios deveriam estar contribuindo para o sucesso de
um projeto de exaustão da natureza.” (p.21);
“Se é certo que o desenvolvimento de tecnologias eficazes nos permite viajar de um lugar
para outro, que as comodidades tornaram fácil a nossa movimentação pelo planeta, também é
certo que essas facilidades são acompanhadas por uma perda de sentido dos nossos
deslocamentos.” (p.22);
“O nome krenak é constituído por dois termos: um é a primeira partícula, kre, que significa
cabeça, a outra, nak, significa terra. Krenak é a herança que recebemos dos nossos
antepassados, das nossas memórias de origem, que nos identifica como “cabeça da terra”,
como uma humanidade que não consegue se conceber sem essa conexão, sem essa profunda
comunhão com a terra.” (p.24);
“Quando despersonalizamos o rio, a montanha, quando tiramos deles os seus sentidos,
considerando que isso é atributo exclusivo dos humanos, nós liberamos esses lugares para que
se tornem resíduos da atividade industrial e extrativista.” (p.24);
“Quando eu sugeri que falaria do sonho e da terra, eu queria comunicar a vocês um lugar, uma
prática que é percebida em diferentes culturas, em diferentes povos, de reconhecer essa
instituição do sonho não como experiência cotidiana de dormir e sonhar, mas como exercício
disciplinado de buscar no sonho as orientações para as nossas escolhas do dia a dia.” (p. 25);

COMENTÁRIOS:
A partir da leitura do capítulo, é possível ter uma melhor compreensão da atual situação das
sociedades indígenas que ainda sobrevivem no país, sobre as dificuldades que elas enfrentam
para estabelecer uma boa comunicação com o Estado brasileiro, além dos impactos da
degradação da natureza em sua cultura e em sua subsistência.
O texto possui uma escrita livre de rebuscamentos e apresenta suas ideias de forma clara,
facilitando a compreensão de qualquer um que deseje lê-lo.

IDEAÇÃO:
Ao finalizar a leitura deste capítulo, não é difícil perceber que a precariedade da comunicação
entre sociedades indígenas e Estado se deve principalmente ao preconceito. A depreciação de
suas crenças e a visão etnocêntrica da sociedade sobre seu estilo de vida são práticas herdadas
do Período Colonial que até hoje, em pleno século XXI, permanecem enraizadas na cultura
brasileira. Nesse contexto, acredito ser a produção de conteúdo informativo sobre as diversas
culturas e línguas indígenas existentes no país um bom primeiro passo para a reversão dessa
mentalidade estereotipada que se tem a respeito dessas comunidades.

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