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Uma investigação das propriedades da linguagem humana.

O linguista Charles Hocket (1960), desenvolveu a teoria das propriedades da


linguagem humana com base na relação entre a linguagem e os fatores biológicos do ser
humano. Considerando alguns aspectos da linguagem que são puramente biológicos e outros
fundamentos cognitivos. A partir disso, é possível, dentre as 13 propriedades desenvolvidas
por Hocket, notar em algumas delas as relações com a Língua Portuguesa. Essa análise visa
relacionar as propriedades de Transitoriedade (originalmente conhecida como Rapid Fading -
Transitoriness) e (originalmente conhecida como Traditional Transmission) às práticas
linguísticas de falantes do Português.

A terceira propriedade da lista de Hocket (1960) chamada de Transitoriedade se


baseia na teoria de que as formas onduladas da linguagem humana se desfazem com o tempo.
Um ouvinte só poderá receber informações auditivas específicas no momento em que o
discurso é falado, pois essas mesmas formas não serão jamais repetidas do mesmo modo. À
partir disso, e como visado em aula, é possível observar o trabalho de outro linguista muito
conhecido por sua teoria, Ferdinand de Saussure acreditava que a única forma de
permanência possível da língua é a escrita. Um exemplo muito simples que corrobora para a
confirmação da teoria de ambos os linguistas sobre a transitoriedade da língua seria uma aula.
Durante uma aula, o professor discursa sobre um tema específico, e apesar de haver extenso
conhecimento e conteúdo do professor (locutor) o aluno (interlocutor) passa toda a aula
anotando, pois sabe que daquela situação comunicativa só permanecerá aquilo que foi
registrado a partir da escrita. A fala do professor é transitória e só ocorrerá uma vez daquela
forma, a única possibilidade de ‘’eternizar’’ suas palavras exatas é transcrevendo o que foi
dito.
Na décima segunda propriedade da lista de Hocket (1960) chamada de Transmissão
Tradicional, o linguista afirma que a linguagem humana não é de todo inata, pois sua
aquisição depende de um processo de aprendizagem. À medida que a afirmação do autor
descreve o que pode parecer óbvio é possível elencar exemplos muito simples de como isso
ocorre na língua portuguesa. No processo de alfabetização de uma criança brasileira, por
exemplo, pode se notar como a repetição da língua e sua transmissão constroem os primeiros
sinais de fala no indivíduo. Por isso, muitas vezes a primeira palavra de uma criança é algo
que os pais repetem muito em casa, seja o nome de alguém, um palavrão, o nome de algo,
não importa. A transmissão repetida daquele termo, faz com que através de um processo
biológico e cognitivo a criança apreenda tal palavra e faça o uso da mesma. Não porque de
forma inata a língua ‘’nasceu’’ com a criança, mas porque através de um processo de
aprendizagem (mesmo que passivo dos pais) ela desenvolveu a capacidade de comunicá-la.
REFERÊNCIAS

HOCKET, C. The Origin of Speech, Scientific American 203. 1960. p. 88–111.

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