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GÊNERO NA ESCOLA?
Representações sociais
de professoras/es da educação infantil
Ana Célia de Sousa Santos
FUESPI
2021
GOVERNO
GOVERNO
DO ESTADO
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DO PIAUÍ
DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE
UNIVERSIDADE
ESTADUAL
ESTADUAL
DO PIAUÍ
DO PIAUÍ
- UESPI
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José José
Wellington
Wellington
Barroso
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de Araújo
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DiasDias
Governador
Governador
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Maria
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Regina
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Sousa
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Evandro
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Alberto
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Reitor
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Rosineide
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Candeia
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Editorial
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Marcelo
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Mendes
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Antonia
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Valtéria
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MeloMelo
Alvarenga
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Universidade
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Antonio
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Martins
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José José
Vieira
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Hermógenes
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De Santana
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Junior
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Academia
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Piauiense
Piauiense
de Letras
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POR QUE
DDanilo silva DISCUTIR RELAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA?
Representações sociais de professoras/es da educação infantil
© Ana Célia de Sousa Santos
1ª edição: 2021
Diagramação
Danilo Silva
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Catalográfica
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de acordo
de acordo
comcom
Capa os padrões
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estabelecidos
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de Catalogação
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Serviço
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da Biblioteca
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Central
Central
da UESPI
da UESPI
S237p Santos, Ana Célia de Sousa.
Por que discutir relações de gênero na escola? [recurso eletrônico]:
representações sociais de professoras/es da educação infantil / Ana Célia
de Sousa Santos. – Teresina: EdUESPI, 2021.
E-book.
ISBN: 978-65-88108-32-1
CDD: 371.1
Nayla Kedma de Carvalho Santos (Bibliotecária) CRB-3ª/1188
Fundação Universidade Estadual do Piauí - FUESPI
UESPI (Campus Poeta Torquato Neto)
Rua João Cabral, 2231 • Bairro Matinha • Teresina-PI • Brasil
Ficha Catalográfica elaborada pelo Serviço de Catalogação da Universidade Estadual do Piauí - UESPI
Nayla Kedma deTodos os Santos
Carvalho Direitos Reservados
(Bibliotecária) CRB 3ª Região/1188
Dedico este livro a todas as mulheres vítimas
do feminicídio que, em consequência de uma
educação androcêntrica e heteropatriarcal,
foram impedidas de serem livres e felizes.
Dedico, também, a todas as professoras da
Educação Infantil que, quando perceberem seu
potencial transformador, pensarão mais em sua
prática docente. E aos homens que, mesmo com
as resistências às suas presenças, admitem
que aprendem muito na convivência com as
professoras no espaço da EI.
SUMÁRIO
PREFÁCIO...................................................................................................
PREFÁCIO ................................................................................................... 11
APRESENTAÇÃO....................................................................................
APRESENTAÇÃO.................................................................................... 15
INTRODUÇÃO.............................................................................................17
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 17
CAPÍTULO 1 - EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS E A
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO: CONTRIBUIÇÕES PARA
O CONTEXTO DA ESCOLA.................................................................
ESCOLA................................................................. 31
1.1 A crítica feminista pós-colonial e descolonial à ciência moderna
e pós-moderna e a construção das epistemologias feministas.... 32
1.2 O pós-colonialismo e a descolonização do saber e do poder:
contribuições para as epistemologias feministas ............................. 34
1.3 Perspectiva das pesquisas brasileiras, na Educação Infantil,
para a construção de uma epistemologia feminista.......................... 53
1.4 Feminismos, lutas sociais e as discussões sobre as relações de
gênero................................................................................................................... 72
1.5 Educação e feminismos pós-coloniais: contribuições para a
descolonização da escola............................................................................. 85
PREFÁCIO
No campo das relações de gênero o caráter cultural e
historicamente construído das diferenças entre os sexos ressalta
a influência das relações de poder difundidas pelas instituições
sociais (SCOTT, 1988). O conceito de gênero nos permite
problematizar o esquema binário que singulariza e universaliza
o masculino e o feminino como categorias excludentes. Essa
dicotomia evidencia o peso do heteropatriarcado na construção
de concepções que cristalizam e hierarquizam atribuições
masculinas e femininas, dificultando a percepção de outras
maneiras de estabelecer as relações sociais. Criam-se, assim,
vários estereótipos sobre homens e mulheres: agressivos,
militaristas, racionais, para eles; dóceis, relacionais e afetivas,
para elas. Em decorrência, funções como alimentação,
maternidade, preservação, cuidado e educação ficam mais
identificadas com os corpos e as mentes femininas, ganhando,
assim, um lugar inferior na sociedade, quando comparadas às
funções tidas como masculinas.
Nesse sentido, a construção das relações sociais de
gênero faz parte dos processos de socialização simbolicamente
mediados e ritualmente sustentados a respeito das diferenças
entre homens e mulheres, entre meninos e meninas. O gênero
remete, então, à dinâmica de transformação social, aos
significados que vão além dos corpos e do sexo biológico e
que subsidiam noções, ideias e valores nas distintas áreas da
organização social e estende-se para definições do que é ser
professora e professor em nossa sociedade.
Assim, quando pensamos na função social da escola,
enquanto uma das organizações sociais às quais as relações
de gênero remete ressalta-se o fato de que professoras e
professores irão, muitas vezes, reproduzir com alunas e alunos
estratégias de transmissão e interiorização de normas e valores
já apreendidos por elas e eles em seus próprios processos
PREFÁCIO 11
Ana Célia de Sousa Santos
PREFÁCIO 13
Ana Célia de Sousa Santos
Cláudia Vianna
Profa. Associada Sênior
Faculdade de Educação
Universidade de São Paulo
Referências
SCOTT, Joan W. Gender and the Politics of History. New York:
Columbia University Press, 1988.
SETTON, Maria da Graça Jacintho. A socialização como
fato social total: um ensaio sobre a teoria do habitus. Livre
docência (Faculdade de Educação). Universidade de São
Paulo: São Paulo, 2009.
VIANNA, Cláudia. Políticas de Educação, Gênero e Diversidade
Sexual: breve história de lutas, danos e resistências. Belo
Horizonte: Autêntica, 2018.
APRESENTAÇÃO
“Há uma relação entre a alegria necessária à
atividade educativa e a esperança. A esperança
de que professor e aluno juntos podemos
aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e
juntos igualmente resistir aos obstáculos a
nossa alegria.” (Paulo Freire, 1996, p.72)
APRESENTAÇÃO 15
Ana Célia de Sousa Santos
INTRODUÇÃO
As transformações ocorridas nos últimos anos no
Brasil, principalmente dos anos 2003 a 2020, no que tange aos
debates e discussões sobre as mulheres, aos feminismos e às
relações de gênero, por um lado configurou um avanço no que
se refere à implementação de políticas públicas e organismos
direcionados às “mulheres”, à aprovação de leis e ao envolvimento
das universidades com essa temática, por outro, deu lugar a um
retrocesso quando da eleição de um presidente, cuja primeira
medida, entre outras, foi acabar com a Secretaria de Políticas
para as Mulheres, transformando-a em Ministério da Família
e dos Direitos Humanos e, consequentemente, extinguindo
todas as políticas públicas destinadas às classes populares, e
principalmente, aos grupos chamados de minorias que são as
mulheres, as/os negras/os, os grupos LGBT+. Além disso, prega
o ódio e a violência ao invés do respeito e da solidariedade entre
as pessoas, entre “homens” e “mulheres”. O governo que se
instalou, desde 2019, defende a família nuclear e o poder dos
homens sobre a família e a mulher, e ainda, é contra a liberdade
de expressão e da livre orientação sexual, como justifica Louro
(2008, p. 21): “se por um lado, alguns setores sociais passam
a demonstrar uma crescente aceitação da pluralidade sexual
e, até mesmo passam a consumir alguns de seus produtos
culturais, por outro lado, setores tradicionais renovam seus
ataques, realizando desde campanhas de retomada dos valores
tradicionais da família até manifestação de extrema agressão
e violência física”.
Compreendemos que, historicamente, aprendemos a ser,
sentir e estar no mundo a partir de um modelo educacional que
reforçou a educação de natureza biologizante, que privilegiou
as diferenças sexuais, causando as desigualdades que mantêm,
até hoje, a sociedade patriarcal. Esse modelo de educação, não
INTRODUÇÃO 17
Ana Célia de Sousa Santos
INTRODUÇÃO 25
Ana Célia de Sousa Santos
INTRODUÇÃO 29
30
Ana Célia de Sousa Santos
CAPÍTULO 1
EPISTEMOLOGIAS
FEMINISTAS E A CONSTRUÇÃO
DO CONHECIMENTO:
CONTRIBUIÇÕES PARA O
CONTEXTO DA ESCOLA
[...] Pode ir cantando o que bem entender, Grilo.
O que eu sei é que amanhã ao nascer do sol
quero ir embora porque, se ficar, vai acontecer
comigo o que acontece aos outros/as meninos/
as: vão me mandar para a escola e, querendo ou
não, vou ser obrigado a estudar. E, para dizer a
verdade, acho muito mais divertido correr atrás
das borboletas e pegar passarinhos no ninho.
(COLLODI, 2011),
Fonte: http://www.joaoleitao.com/viagens/2008/05/16/mapamundo-
mapa-mundi/, alterador pela autora
Fonte: http://www.joaoleitao.com/viagens/2008/05/16/mapa-
mundo-mapa-mundi/, alterador pela autora.
20 A Teoria das Representações Sociais vai ser melhor discutida nas
seções posteriores.
POR QUE DISCUTIR RELAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA?
68 Representações sociais de professoras/es da educação infantil
Ana Célia de Sousa Santos
CAPÍTULO 2
A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS E SUA RELAÇÃO COM
A EDUCAÇÃO E COM A
DISCUSSÃO DE GÊNERO
As Representações Sociais “circulam nos
discursos, são carregadas pelas palavras,
veiculadas nas mensagens e imagens,
cristalizadas nas condutas e agenciamentos
materiais ou espaciais” (JODELET, 1989)24.
Família
Diferenças de papéis;
Desigualdades nas
relações; Diferenças de
comportamentos para
"mulheres" e
"Homens"
Visão
sexista
Conhecimento
Igrejas s Eurocêntrico;
Escola
Conhecimento
do Senso
Comum
Relações
de Gênero
Representações
Demais instituições
Teoria das
Representações Sociais
Abordagem Societal
Willem Doise Abordagem Dialógica
Genebra/Suiça Ivana Marková
Londres/Inglaterra
CAPÍTULO 3
RELAÇÕES DE GÊNERO NO
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
INFANTIL: IMPLICAÇÕES DA
PRÁTICA DOCENTE
Minha voz tem outra semântica, tem outra
música. Falo da resistência, da indignação, da
“justa ira” dos traídos e dos enganados. Do seu
direito e do seu dever de rebelar-se contra as
transgressões éticas de que são vítimas cada
vez mais sofridas. (FREIRE, 1996).
a) pré-escola;
b) ensino fundamental;
c) ensino médio;
26 Pedagogia entendida como uma prática social e política que organiza/
compreende/transforma as práticas sociais educativas e dá sentido e direção
às práticas educacionais, impondo um filtro de significados às múltiplas
práticas que ocorrem no cotidiano das pessoas, fazendo isto por via da
escola e da família (FRANCO, 2012). Para Souza (2012), a pedagogia é uma
ciência da prática e uma teoria da formação humana do sujeito humano, que
possibilita a transformação das relações sociais.
CAPÍTILO 3 - RELAÇÕES DE GÊNERO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
IMPLICAÇÕES DA PRÁTICA DOCENTE 135
Ana Célia de Sousa Santos
(EI03EO03) Ampliar as
relações interpessoais,
desenvolvendo atitudes de
participação e cooperação;
(EI03EO05) Demonstrar
valorização das características
de seu corpo e respeitar as
características dos outros
(crianças e adultos) com os
quais convive;
(EI03EO06) Manifestar
interesse e respeito por
diferentes culturas e modos de
vida.
Fonte: BNCC/2018.
CAPÍTILO 3 - RELAÇÕES DE GÊNERO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
IMPLICAÇÕES DA PRÁTICA DOCENTE 161
Ana Célia de Sousa Santos
CAPÍTULO 4
ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS
DA PESQUISA
Ninguém caminha sem aprender a caminhar,
sem aprender a fazer o caminho caminhando,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs
a caminhar. (Paulo Freire, 1996, p. 155)
CENTRO DE EDUCAÇÃO
INFANTIL
Representação(13
SocialProfessores/as)
sobre Relação RS e Prática
Relaçãos de Gênero Docente
I Etapa II Etapa
O que 13 professoras/es O que e como
pensam as/os 4 professoras/es
ensinam as/os
professoras/es professoras/es
Questionário Observação
Perfil
Sistemática
Entrevista
Análise de Análise de
Conteúdo Conteúdo
Temática Temática
RS de
relações de
gênero de
professoras/es
Análise das relações entre RS da EI
e as práticas docentes
Fonte: Elaboração da autora.
Idade Frequência
30 a 40 8
40 a 49 3
50 ou mais 2
TOTAL 13
Fonte: Questionário-perfil
CARACTERÍSTICA REGRA
Homogênea - Deve-se obedecer a critérios precisos de escolha e não
apresentar demasiada singularidade fora destes critérios;
Exaustiva - Esgotar a totalidade do texto para ter em conta todos os
elementos do corpus;
Representatividade - A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte
representativa do universo inicial. Nesse caso, os resultados
obtidos para a amostra serão generalizados ao todo;
Exclusiva - Um mesmo elemento do conteúdo, não pode ser classificado
aleatoriamente em duas categorias diferentes;
Objetivas - Codificadores diferentes devem chegar a resultados
diferentes;
Adequadas ou Adaptados ao conteúdo e/ou objetivo.
pertinentes
Fonte: Bardin (1977, p. 36).
- Tratamento e 3. destacar as
interpretação do informações obtidas,
dados interpretando-as
• Interpretação 3. significação às
(última fase) características relacionadas
Conteúdo 3
Representações Sociais
“Ser mulher” “Ser homem
Representações Sociais
Espaço de aprendizagem sobre as relações de gênero
PROFESSORAS CRIANÇAS
Dimensão da família Dimensão da importância da
Dimensão da religião escola
Dimensão da formação Dimensão da relação escola e
continuada e da autoformação família
Dimensão da convivência
profissional
Representações Sociais
Ensino das relações de gênero
Representações Sociais
Influências da prática docente
PROFESSORAS CRIANÇAS
Dimensão da influência Dimensão das atividades didático-
Dimensão da não influência pedagógicas que influenciam
CAPÍTULO 5
EDUCAÇÃO E RELAÇÕES DE
GÊNERO: REPRESENTAÇ
REPRESENTAÇÕESÕES
SOCIAIS E PRÁTICAS DE
PROFESSORAS E PROFESSORES
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
[...] Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
Olhei tudo que aprendi
E um belo dia eu vi...
Que ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
[...] Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia
Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia...
Vou assim todo o tempo
Vivendo e aprendendo [...]
(Pepeu Gomes)29
Representações Sociais
Ser mulher para mim é ser mãe, é poder gerar. Ser mulher é
uma coisa que a gente sempre ouviu dizer: Que mulher é sexo
frágil e realmente é...[...] (profa.4).
[...] é um ser humano que deve ser respeitada. Deve ser tratada
de uma forma positiva em relação à sociedade [...] (profa.6).
O que é ser homem, né?! Ser homem é... é bom ser homem. Eu
acho que a gente não pode ser autossuficiente. A gente precisa
da mulher. Tem que ter o diálogo entre os dois gêneros para se
completar. [...] eu preciso ter paciência também para conviver
com todas elas e compreender que elas são diferentes de mim,
mas elas têm muito a me oferecer também com experiência de
vida, com aprendizagem. É um meio em que é predominante a
mulher, mas eu gosto. É bom ser homem ter esse privilégio de
conviver com as mulheres na educação (Prof.12).
Dimensão cognitiva
Ser mulher é ser um ser que busca ter, trazer à tona o seu lado
feminino, através da sua afetividade. Eu vejo na mulher um lado
bem mais sensível com relação aos homens. [...] mas ela usa
muito do seu lado afetivo e a partir daí ela tem uma forma de
lidar com o ser humano usando um lado assim mais carinhoso.
Eu vejo a mulher dessa forma, mais carinhosa, mais sensível,
mais sensual, por aí (Profa.6).
PROFESSORAS/ES CRIANÇAS
Dimensão da família Dimensão da importância da escola
Dimensão da religião Dimensão da relação escola e família
Dimensão da formação continuada e da
autoformação
Dimensão da convivência profissional
Fonte: Elaborado a partir da análise da entrevista.
31 Entendida como aquilo que diz respeito ao domínio material dos povos
e grupos sociais e ao domínio simbólico, produtora de sentidos e de saberes
como práticas cotidianas, organizadas e vividas e que agem sobre a vida e
sobre os modos de viver, de se tornar o que se é (BERNARDO; GUARESCHI,
2004).
POR QUE DISCUTIR RELAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA?
228 Representações sociais de professoras/es da educação infantil
Ana Célia de Sousa Santos
[...] a criança vai muito pela imitação, pelo convívio. Se ela vir
uma prática de preconceito dentro de casa ou na rua, ela vai
incorporar aquilo. Na escola tem que ensinar o oposto disso,
luta contra isso, ensina o que é o respeito, o que é esperar
sua vez na fila. E se você agredir alguém, você tem que pedir
desculpa. Não pode pegar uma coisa que não lhe pertence.
Se pegou tem que devolver. Não falar com estranhos. Tem que
confiar na família, respeitar o pai e a mãe. A escola influencia a
se tornar uma pessoa melhor.
Representações Sociais
Representações Sociais
Tratamento dado às crianças
Sim, da mesma maneira que eu faço com um, faço com outro,
não tem nenhuma diferença não (profa.8).
Representações Sociais
PROFESSORAS CRIANÇAS
Dimensão da influência Dimensão das atividades didático-
Dimensão da não influência pedagógicas que influenciam
Lúdicas Comportamentais
Dança Jeito de sentar
Brincadeiras Cuidado com o corpo
Histórias Infantis Exemplo da/o
Pintura professora/or
Jogos Rotinas
Festas
Rodas de leituras
Conversas
Acho que sim, que eles se espelham na gente, né?! Eu tento dar
exemplo: o máximo possível, tento tratá-los com carinho com
tudo, não ter distinção de homem/mulher. Tem a questão dos
valores, que eles vêm de casa e muitas vezes não trazem os
“valores” (Prof.10).
Não. Eu acho que hoje não, antes talvez. Mais hoje eu acho que
eles têm uma certa liberdade maior [...] porque eu não vou podar
aquela atitude dela de brincar com aquilo ou da forma como eu
observo alguma coisa. Na sala de aula, eu posso fazer alguma
coisa, intervenção no sentido de favorecer que a criança se
descubra aos poucos (Profa.8).
Não, acho que não. Eu acho que [...] a gente se preocupa mais
com as brincadeiras, com eles se machucarem, [...] terem
cuidados com os outros, [...] além dos conteúdos, né, normais
que têm para ensinar. Mas assim, me preocupo muito com o
cuidado, né. [...], deles terem cuidado com os outros. (Profa.08).
DESCRIÇÃO DESCRIÇÃO
Professor 3 Professor 4
CMEI 3 CMEI 3
2º período 2º período
Crianças de 5 e 6 anos Crianças de 5 e 6 anos
Fonte:http://portaldoprofessor.mec. gov.br/
fichaTecnicaAula.html?aula=20281.
Acesso: 28/03/2019.
27% Prof1C1M
37%
Prof12C2SP
Prof3C3PP
9%
Prof4C4PP
27%
Situação 2:
Situação 4:
Situação 4:
Prof1C1M
Prof2C2PP
Prof3C3SP
Prof4C4SP
Situação 4:
Prof1C1M
Prof2C2PP
Prof3C3SP
Prof4C4SP
Prof1C1M
Prof2C2M
Prof3C3M
Prof4C4M
Situação 2:
Situação 3:
Prof1C1M
Prof2C2PP
Prof3C3SP
Prof4C4M
CMEIs manterem uma lista com nomes das mães e pais, com
suas respectivas profissões e habilidades que, voluntariamente,
realizam, tais como: oficinas de pintura, artesanato, consertos e
uma rede de solidariedade para ajudar as crianças mais carentes,
como, por exemplo, participar das festividades que necessitam
de indumentárias e algumas crianças não podem comprar.
Lima (2002) descreve três relações que podem ocorrer
entre a família e a escola. Na primeira, os responsáveis são “meros
receptores de informação”. Limitam-se a receber e responder
a comunicados e bilhetes da escola, podendo acompanhar
os/as filhos/as também em casa, mas mantendo-se distantes
do estabelecimento escolar e visitando-o somente quando
solicitados ou em ocasiões festivas. A segunda possibilidade
é caracterizada pela participação deles nos órgãos de gestão
escolar (Conselho Escolar, processo eleitoral, etc.), sendo que
os responsáveis são considerados como “parceiros menores
da administração da instituição escolar”. No terceiro modo de
relação, os responsáveis se envolveriam de modo direto na vida
da escola, sendo “encarados como parceiros ativos, participantes
na concepção, planejamento, execução e avaliação do currículo”
(p. 148).
Para Resende e Silva (2016, p. 34-35), a dimensão de
atuação das famílias pode dar-se de duas maneiras:
[...] a individual se refere às atividades
desempenhadas por cada pai, (mãe) educador
escolar ou aluno no âmbito da relação família-
escola e a dimensão coletiva corresponde à atuação
organizada, como a participação dos pais (das
mães) e dos alunos/as em associações ou na
gestão da escola. Em se tratando de legislação, a
dimensão que tende a ser mais regulamentada é
a coletiva, embora a individual também possa ser
contemplada.
Prof1C1M
Prof2C2PP
Prof3C3SP
Prof4C4SP
Situação 2:
Situação 3:
Situação 4
Situação 4:
Situação 3:
Situação 4:
Situação 4:
Situação 4:
Situação 4:
Situação 2:
Situação 3:
Situação 2:
Situação 3:
Situação 2:
Situação 4:
CAPÍTULO 6
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PARA INICIARMOS AS
BUSCAS DE RESPOSTAS
As representações sociais servem para nos ajustar a
um contexto e para conduzir-nos na experiência de viver em
um mundo cheio de possibilidades de relações. É por meio da
RS que compartilhamos com os/as outros/as o nosso modo de
olhar o mundo, as pessoas, a natureza e a existência cotidiana
em que vivemos. A RS nos orienta na resolução dos problemas
cotidianos e nos ajuda a interpretar o contexto no qual estamos
inseridos/as, norteando as posições e posturas de defesa das
nossas ações e atos diante dos fatos e acontecimentos diários.
Nessa relação, produzimos saberes que brotam de um
conhecimento já existente, que estão ligados a um sistema
de pensamento ideológico, cultural ou educacional e que se
relacionam com os conhecimentos científicos produzidos, com
a condição social e à experiência privada e afetiva do indivíduo.
Esses conhecimentos partilhados pelas mesmas pessoas de
um mesmo grupo constroem uma visão consensualizada da
realidade, caracterizando a dinâmica social das representações.
Assim, o estudo das representações sociais permite
entendê-las como processo (aspectos constituintes) e como
produto ou conteúdo (aspectos constituídos) da apropriação da
realidade exterior ao pensamento e como elaboração psicológica
e social da realidade. Como produto ou conteúdo concreto
do ato de pensar, as RS trazem as marcas do sujeito e de sua
atividade, remetendo ao caráter construtivo, criativo, autônomo
da representação. Em sua dinâmica social e psicológica, a
RS considera, tanto o funcionamento cognitivo e psíquico,
REFERÊNCIAS
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela N. Gramática -
Texto: análise e construção de sentido. São Paulo. Moderna,
2008.
ABRAMOWICZ, Anete et al. Alguns apontamentos: a
quem interessa a Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Infantil?. Debates em Educação. V. 8, n. 16, Jul./Dez.
Maceió: 2016.
ABRIC, Jean-Claude. A Abordagem Estrutural das
Representações Sociais, In. MOREIRA, A S. P.; OLIVEIRA, D.
C. (Org.). Estudos Interdisciplinares de Relações Sociais.
Goiânia, Ed. AB, 1998.
ADELMAN, Miriam. A Voz e a Escuta: encontros e
desencontros entre a teoria feminista e a sociologia
contemporânea. Curitiba: Blucher, 2009.
ALMEIDA, Ângela Maria. A pesquisa em representações
sociais: fundamentos teórico-metodológicos. Serviço Social,
n.9. 2001.
ALMEIDA. Sandra Regina Goulart. Intervenções feministas:
póscolonialismo, poder e subalternidade. Revista Estudos
Feministas. v. 21 n.2. Florianópolis: 2013. Disponível em
http://dx.doi.org/10.1590/S0104026X2013000200019.
Acesso em 06 agos. 2018.
ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. Representações sociais:
aspectos teóricos e aplicações à educação. Revista
Múltiplas Leituras, v.1, n. 1, p. 18-43, jan. / jun. 2008
ANYON, Jean. Intersecções de gênero e classe: acomodação
e resistência de mulheres e meninas às ideologias de papéis
sexuais. n. 73, p. 13-25. Caderno de Pesquisa. São Paulo:
Fundação Carlos Chagas, 1990.
ARRUDA, Angela. Teoria das Representações Sociais
e Teorias de Gênero. Cadernos de Pesquisa, n. 117.
Universidade Federal do Rio de Janeiro: 2002a.
______. As representações sociais: desafios de pesquisa.
Revista de Ciências Humanas. EDUFSC. Florianópolis:
2002b.
REFERÊNCIAS
335
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Índice Remissivo
Capitalismo
22,41,42,49,71,
Construção Cultural
24,75,77,113,209,219,
Construção do conhecimento
27,29,95,117,149,
Descolonial
9,30,49,80,341,
Descolonização da escola
9,30,83
Educação Infantil
12,20,51,107,112,118,121,122,123,124,126,128,129,131,136,137,
140,143,144,150,152,153, 154,156,158,159,163,165,166,169,170
,179,193,195,196,237,243, 249,254,256,259,266,267,270, 271
,279,281,283,292,300,321,331,333,
Epistemologia Feminista
28,47,51,79,141,348
Estratégias metodológicas
10,163,331,
Feminismos
9,17,30,35,48,49,51,53,70,73,79,80,83,339
Gênero na educação infantil
10,12,20,23,26,51,56,58,66,144,180,190,300,330,333,339
Heteronormatividade
16,19,85,280,
Heteropatriarcado
11,330,
Justiça Cognitiva
18, 21,32,
Movimento de Mulheres
8,18,22,23,129,
Prática Docente
7,9,23,25,27,67,98,121,131,133,135,136,137,138,141,144,146,
148,165,190,192,194,195,197,246,260,263,264,267,268,272,
284,287,290,292,293,300,301,307,313,325,331,347
Pós-colonial
32,33,339
Relações de gênero
11,12,13,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31,32
, 36,41,46,47,48,50,51,55,56,72,75,86,96,99,114,121,129,135
, 139,140,144,145,150,193,195,197,203,231,237,241,272,274,
277,279, 314,319,326,330,334;
Representações Sociais
24,62,64,69,75,93,94,95,96,98,100,101,107,109,110,112,113,
115,117,142,147,149,163,165,178,181,183,188,193,196,197,202,
211,219,221,235,246,254,271,284,287,300,321,326,329,231,
Resistências
7,14,88,91,143,146,193,196,233,267,268,269,325,326,327
Trabalho docente
67,121,129,132,137,139,267,269,270,239
SOBRE A AUTORA